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Educar em Revista
ISSN (Versión impresa): 0104-4060
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Sociedade Brasileira de Zootecnia
Brasil
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Proyecto académico sin fines de lucro, desarrollado bajo la iniciativa de acceso abierto
Tensões, contradições e avanços: a
educação de jovens e adultos em uma
escola municipal de Belo Horizonte
Tensions, contradictions and
developments: youth and adult education in
a municipal school of Belo Horizonte
Leôncio Soares*
Ana Rosa Venâncio**
RESUMO
ABSTRACT
This article presents the actions aimed at the adult and young people education
of the Municipal School Aurélio Pires, in Belo Horizonte. The school has an
EJA project that struggles to understand and to work the specific of their
citizens, and even with all the difficulties, tries to develop a work that takes
care of the young and adults in their diversities and characteristics.
Key-words: youth and adult education; municipal school.
PROBIC/FAPEMIG.
Introdução
3
1 Frase dita pelo Sr. João, 73 anos, aluno da EMAP em uma conversa com o grupo
focal.
2
Belo Horizonte, Ibirité, Contagem, Sabará, Santa Luzia, Caeté, Itaúna, Lagoa Santa,
Nova Lima, Ribeirão das Neves, Sete Lagoas.
3
O Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais de Educação, – CAPE, é um órgão
da SMED, criado em 1991, responsável pela construção da política da formação dos educa-
dores, norteando suas ações em consonância com o Programa Escola Plural. Desde sua
criação, tem atuado no sentido de se tornar uma instância de promoção da formação conti-
nuada e em serviço.
4
A Escola Plural foi implantada em 1995 nas escolas municipais de Belo Horizonte.
O ensino é organizado em ciclos de idade de formação.
5
Tal política vem se mantendo pelo fato de que, desde a implantação do projeto
Escola Plural, em 1995, até o presente governo, 2005, a prefeitura de BH ser administrada
por prefeitos do PSB e do Partido dos Trabalhadores.
6
A Emenda Constitucional nº 14, por exemplo, suprimiu a obrigatoriedade do ensino
fundamental de jovens e adultos, excluindo as matrículas do ensino supletivo da base de
cálculo para a distribuição das verbas do FUNDEF, mantendo apenas a garantia de sua oferta
gratuita.
“já fui cego muito tempo, sabia andar, mas não sabia ler,... ia na
cidade e não sabia pegar o bonde,... se não perguntasse alguma
pessoa pegava o bonde errado.”7
A – Contexto histórico
7
Frase dita pelo Sr. João, 73 anos, aluno da EMAP.
espalhados por todo Estado de Minas, não fugindo à regra de ter como
propósito político-pedagógico a recuperação do tempo perdido.
O trabalho desenvolvido até então estava focado no conteúdo acadê-
mico a ser ensinado de forma rápida e eficaz e não tinha o aluno como sua
centralidade. Em 1997, a EMAP passou a atender o ensino fundamental
completo, o que serviu também para aumentar o tempo de permanência
dos alunos de EJA na escola. Como a escola só tinha autorização para
funcionamento da suplência até a 4ª série, aqueles alunos adolescentes da
EJA que não trabalhavam eram matriculados, se quisessem, no 3º ciclo
diurno da escola para prosseguirem com os estudos.
A Escola Aurélio Pires foi uma das escolas da RME que assumiu a
Escola Plural como um desafio e, daí por diante, de acordo com professo-
res da escola, construiu processos pedagógicos que a tornaram vanguarda
no movimento de renovação pedagógica pelo qual passou a rede municipal
na década de 90.
8
A proposta político pedagógica da Escola Plural estipulava que as sexta-feiras se-
riam dedicadas a momentos de formação dos professores.
C – A juventude
E – Interrupções
O mês de maio de 2005 foi marcado pela greve das escolas munici-
pais da capital mineira, o que trouxe alguns impactos do ponto de vista dos
alunos matriculados na EJA, pois muitos não retornaram à escola. De acor-
do com Sheila, a greve levou a escola a perder um número considerável de
alunos: a freqüência na época estava boa, as salas estavam cheias, muito
cheias mesmo, depois nós perdemos quase 50% dos nossos alunos. A greve
faz com que o aluno interrompa sua freqüência à escola. Como, para os
alunos da EJA, dirigir-se todos os dias à escola significa um sobreesforço
depois de uma jornada de trabalho, outros apelos, como ir para casa descan-
sar, namorar, sair com os amigos, passam a desestimular o retorno à escola.
Nesse período, também foi lançada pelo Governo Federal a proposta
do Pró–Jovem e alguns alunos migraram da escola. Um dos atrativos do
programa é a bolsa oferecida. Segundo Sheila, é a questão financeira, pois
a maior parte dos jovens está à procura do primeiro emprego e precisa
ajudar a família. Um outro atrativo é a formação técnica que o projeto se
propõe a oferecer.
Quanto aos alunos que pertencem à sala da juventude, segundo a
direção da escola, a evasão para o Pró–Jovem não foi muito grande, uma
vez que o núcleo que atendia àquele projeto estava muito distante, reque-
rendo dos alunos gastar o dinheiro da bolsa para pagar a condução. De
acordo com as professoras, essa é uma turma em que os cuidados são
maiores e que os alunos demonstraram bastante interesse e gostam da esco-
la, como até então não gostavam, ou sempre gostaram só que nunca tive-
ram certeza. As professoras procuraram esclarecer aos alunos o que signi-
fica um projeto, visto que o Governo Federal lançou uma série de projetos
nos últimos meses.
Considerações finais
9
Proposta político pedagógica da EMAP, 2004, p 13.
10
Frase dita por uma aluna de 60 anos da EMAP.
REFERÊNCIAS
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