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Publicação on-line sobre Crítica de Mídia. Ano I Edição VIII 25 de maio de 2011

A sujeira jogada debaixo do tapete

João Havelange e Ricardo Teixeira. Suspeitos de envolvimento no recebimento de propina.

estrangeiras e mal ter facilidade com que a e de seus comparsas. As

Eugene Francklin
ganho atenção no Globo consegue negociar edições editoriais
noticiário brasileiro. Os diretamente com Ricardo esquecem o bom
Há uma semana
cidadãos brasileiros Teixeira quem será os jornalismo em busca de
das eleições presidências
acostumados aos grandes jogadores da seleção para proteger os interesses
da Fifa, a rede britânica
jornais não viu sequer as suas entrevistas privados de uma
BBC levou ao ar, nesta
menção de um fato exclusivas, as campanhas concessão pública.
segunda, uma reportagem
repercutido mundialmente feitas pela emissora para a A Rede Globo, apesar de
revelando que o presidente
no jornal de maior permanência ou não de alguns tropeços que andou
da CBF, Ricardo Teixeira é
“prestígio”, o Jornal algum técnico na seleção, levando, ainda insiste em
um dos dois dirigentes da
Nacional. O motivo é a dependência de muitos s o b r e s s a i r, c o m s e u
Fifa que foram forçados a
simples: a Rede Globo não clubes, que se mantém jornalismo centralizado, a
devolver dinheiro de
deu a notícia porque não com o pagamento por liberdade de empresa à
propinas em um acordo,no
era de seu interesse. “direitos de transmissão” liberdade de imprensa.
ano passado, para encerrar
Deixando de lado o vindos da rede Marinho Persiste em passar por
uma investigação criminal
interesse público, não são algumas ilustrações cima de qualquer conceito
na Suíça.
relatou o envolvimento de que podemos fazer sobre o de ética, isenção
Estranho ver que um caso
Ricardo Teixeira em casos funcionamento dessa jornalística ou
de corrupção que nos
de troca de favores. política. Para tais compromisso com a
atinge diretamente e
A Globo e o presidente da manobras, a Rede Globo verdade.empresa estaria
denigre a nossa
CBF controlam a política volta seu jornalismo para disposta a oferecer à
democracia tenha sido
futebolística do país. A manter suas prerrogativas cidade, se há no projeto
retratado só em terras
 Jornal Em Foco -
Os jornais precisam esclarecer a sociedade
sobre a reativação da Mina Del Rey
André Luís Mapa
P a r a u m a
cobertura jornalística
cumprir seu papel de
informar a sociedade, ela
deve explicar ao público o
que é o objeto da
informação, quem o faz,
como, quando, onde e por
que o faz, se aproximando
o máximo possível da
realidade dos fatos e
seguindo uma conduta
ética. No caso da possível
reativação da Mina Del
Rey, a cobertura cumpriu
integralmente sua função e
o público está esclarecido
sobre o caso?
A resposta é óbvia:
Não. Até o momento, a
cobertura jornalística traz
críticas e artigos, em geral,
contra a reativação da
mina, mas poucas
informações sobre como
seria a possível re-
exploração, qual o número
de trabalhadores
envolvidos, os impostos
arrecadados, as
contrapartidas que a
empresa estaria disposta a
oferecer à cidade, se há no
projeto ações de
25 de maio de 2011
reestruturação da área
afetada, qual o grau de
interferência a extração
imporia à paisagem,
consequentemente, ao
turismo de Mariana.
Há alguns dias, o
jornal Folha Marianense
publicou um editorial
intitulado “O desabafo de
Bambu”, em referência à
declaração do prefeito de
Mariana,Geraldo Sales, na
qual questiona os
benefícios da mineração
para a cidade. Entretanto, é
fato que boa parte dos
impostos arrecadados pelo
município são
provenientes da atividade
mineradora. Esse é apenas
um exemplo de crítica sem
informação ou sem
responsabilidade.
Por ser uma
atividade invasiva, a
mineração prejudica o
meio ambiente e, devido
ao grande contingente de
pessoas envolvidas nesse
tipo de atividade, a
infraestrutura de uma
cidade como Mariana
pode ter dificuldades
atender à população em
plenitude. Contudo, é
preciso que a imprensa
marianense cumpra seu
papel como fonte de
informação e esclareça à
população como, e se, a
Vale pretende sanar estes
problemas e fornecer
dados aprofundados para
que o público possa, por si
só, avaliar se o
empreendimento é, ou
não, importante para o
município.
Algumas das
situações questionadas
pela população, pouco
informada devido à
cobertura incompleta do
fato, envolvem o
acréscimo populacional
decorrente das expansões
das empresas mineradoras
que atuam na cidade. Mas
esse questionamento se
torna relativo se
compararmos a Samarco,
que inicia uma expansão e
prevê a contratação de
cerca de 600 pessoas como
mão-de-obra fixa após a
expansão, segundo dados
, da empresa; e a UFOP
- Página 2
Instituto de Ciências
Sociais Aplicadas, que
promoveu a chegada de
1.100 alunos à cidade nos
últimos três anos.
Contra essa
comparação pode-se
argumentar parte dos
alunos residem em Ouro
Preto. No entanto, é
ingenuidade pensar que
todos os trabalhadores das
mineradoras morem em
Mariana. Portanto, é
necessário que a sociedade
tenha conhecimento
amplo dos fatos, com
i n f o r m a ç õ e s
aprofundadas, para que
possa refletir acerca das
situações que nela
ocorrem e julgar os
argumentos das partes
envolvidas. Caso
contrário, as pessoas, que
são a parte mais
importante de qualquer
cidade, continuarão tendo
suas opiniões moldadas
por uma série de opiniões
sem fundamentos e dados
concretos.
 Jornal Em Foco -
O fim ou o começo de um mistério em Itajubá?
Allan Almeida
Na semana
passada surgiu na internet
um vídeo mostrando o
momento exato em que
Michelle Bittencourt de 16
anos e Vanessa Moreira de
17 se afogam em um rio
em Itajubá- MG. Nas
imagens, fica nítida a
presença de o que seria um
animal não identificado a
olho nu. Segundo relatos
d e p o p u l a r e s ,
reproduzidos pela maioria
dos veículos de
comunicação, sem
perspicácia, o animal
seria uma cobra. Em torno
dessa suspeita giraram
discussões ao longo da
semana, aumentando a
tensão sobre o caso.
Alguns noticiários
chegaram a atribuir a
causa da morte das garotas
ao ataque do animal. Blogs
sensacionalistas, e nem
tanto jornalísticos
apontaram para este lado,
como o “Curto e
Grosso.net” que estampa a
manchete “Cobra Sucuri
mata meninas afogadas em
Itajubá”. Equívocos de
todas as espécies podem
ser apontados nesse título,
a começar pelo fato de que
cobra não matar ninguém
afogado. O jornal “O Dia”
Jornal Em Foco. Publicação de alunos de Comunicação Social / Jornalismo da Universidade Federal
de Ouro Preto. Redatores: Allan Almeida, Alyson Soares, André Luís Mapa, Eugene Francklin e
Flávia Pupo. Diagramação: Allan Almeida. Disciplina: Crítica da Mídia. Coordenador: Ricardo Lima.
25 de maio de 2011
Recorte do jornal ‘O Dia’ destacando o animal misterioso na água
traz em sua versa on-line o
título “Vídeo mostra
jovens sendo atacadas por
ser não identificado”. A
cobra era de outro planeta?
E onde o vídeo mostra esse
ataque?
Enquanto os
principais noticiários
fechavam-se no “ser não
identificado”, resenhando
em cima dele, o programa
Fantástico procurou
esclarecer o que realmente
aconteceu no rio. O período dos cursos de
programa apresentou no
último domingo uma
reportagem especial ,
confrontando duas
opiniões. Enquanto
populares destacavam a
presença do animal e sua
relevância para o
incidente, especialistas
falavam da incoerência
dessa opinião. O legista e o
- Página 3
biólogo entrevistados
disseram que em um Globo não sentiu que iria
ataque as vítimas teriam se excluir dos
ficado com marcas, o que “dominantes” quando
investigou a fundo o caso.
não ocorreu. Já o sargento
do Corpo de Bombeiros Procurou tirar seu público
focou na possibilidade das da escuridão, iluminando-
meninas terem afundado o com a luz correta, saindo
do comodismo em que as
em algum buraco do
coberturas tinham se
irregular rio Sapucaí.
prendido.
É passível de se
A espiral do
aproximar a cobertura
silêncio continua
dessa tragédia a uma teoria
operando. Logo após a
estudada nos primeiro
matéria exibida pelo
Fantástico o foco dos
Comunicação Social: a
noticiários começaram a
Espiral do Silêncio. Em
mudar. A EPTV
resumo, essa teoria mostra
apresentou o título “Cobra
como grande parte dos
pode não ter causado a
indivíduos guia-se por
morte de adolescentes”. O
uma opinião dita como
Globo, Jornal do Brasil,
dominante. Com medo de
Band, dentre outros
se sentirem excluídos,
veículos, passaram a focar
esses indivíduos adotam o
nas investigações
posicionamento voltado
policiais.
ao senso-comum. A Rede
reestruturação da área