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“A perfeição não é uma coisa pequena, mas está cheia de pequenas coisas”. Pegando na
citação de Miguel Ângelo como mote para a exposição do presente documento, assume-
se desde já a importância da pequenez deste estudo e o seu contributo na busca da
inalcançável perfeição. A evolução do homem progrediu essencialmente através da
experimentação e investigação de diferentes situações resultantes da revelação de
necessidades primárias. Desde a descoberta do fogo, passando pela invenção da roda e
pela descoberta dos números até ao aparecimento do avião e dos computadores,
identifica-se claramente a resposta do homem a algumas necessidades que se lhe
apresentaram ao longo dos tempos. No entanto a evolução e a busca pela perfeição
nunca cessarão em função do desenvolvimento de novas necessidades impostas ao ser
humano pelo ambiente onde coexiste.
Sabendo-se que um dos mais graves problemas dos gestores portugueses é a aversão à
mudança por parte dos colaboradores e, sendo um dos principais objectivos deste
exercício, a identificação de processos antiquados e incapazes de dar resposta às
necessidades actuais do mercado e posteriores propostas de alteração, ocorrerão,
certamente, problemas, ao nível da interpretação dos novos modelos e processos
operacionais propostos. Estes problemas detectam-se facilmente pela propositada falta
de audácia dos colaboradores no sentido da sua apreensão e posterior aplicação. Notam-
se também problemas causados por alterações propositadas para desacreditar os novos
processos propostos pelas mais variadas razões. Seja por desleixo, inaptidão,
inabilidade, teimosia, ou mesmo, incompetência, os novos processos já testados noutras
organizações e aplicados às realidades locais não são implementados se os resultados
dos testes piloto não forem profícuos aos olhos dos responsáveis das empresas. No
entanto, a vontade expressa dos responsáveis das empresas, a necessidade de responder
ao mercado a baixos custos operacionais e a falta de conhecimento a jusante e a
montante da cadeia de abastecimento a partir do comportamento dos fornecedores e
clientes, supera facilmente a pressão relutante dos colaboradores e a sua aversão à
mudança.
2.2. – Objectivos
Toda e qualquer empresa, seja em que sector for, tem preocupações ao nível da gestão
de operações e logística através da importância de um bom desempenho da cadeia de
abastecimento. Nesse sentido, este capítulo enquadra histórica, conceptual, económica e
tecnicamente a importância da logística de uma forma genérica comum à maioria dos
sectores de negócio.
2.4. – Sector da distribuição
2.5. – Metodologia
Objectivos
Metodologia
Projecto-Piloto
Soluções
A conjuntura que se vivia, a alteração do regime jurídico que rege a abertura de novos
espaços comerciais de grande retalho e as constantes mutações nas exigências dos
clientes, obrigavam os responsáveis da empresa a procurar alterações operacionais que
respondessem às circunstâncias. Posto isto, foi dada a conhecer a necessidade de
alterações processuais de fundo, ao nível da cadeia de abastecimento, com o intuito de
“garantir uma maior fluidez no abastecimento de todas as placas de vendas da empresa”.
Definido o principal objectivo e conhecida em pormenor a operação na cadeia de
abastecimento da empresa, definiram-se sub-objectivos que, em conjunto, garantiam o
sucesso no cumprimento do objectivo principal. Apresentam-se seguidamente os sub-
objectivos por ordem de cumprimento, ou seja, só se dá início a determinados trabalhos,
após a concretização de alguns que se lhe precedem.
Toda e qualquer empresa, seja em que sector for, tem preocupações ao nível da gestão
de operações e logística e sente a importância de um bom desempenho da cadeia de
abastecimento. Nesse sentido, este capítulo enquadra histórica, conceptual, económica
e tecnicamente a importância da logística de uma forma genérica comum à maioria dos
sectores de negócio.
4.1. – Introdução
4.2. – História
Ao mesmo tempo que alguns ganhavam batalhas com uma boa exploração da logística,
outros sem imaginar que a filosofia utilizada na guerra servia para calcular custos de
transporte de produtos farmacêuticos (John Crowell, 1891) contribuíram para o que é
hoje uma “quase ciência” que dá apoio a todas organizações que necessitem de
“movimentar” produtos ou serviços.
Em 1892 Fred Clark identificou o papel da logística nos mercados numa publicação da
editora Macmillan de New York, “Principles of Marketing”. Em 1927 aparecia a
definição de logística mais semelhante a actual (Ralph Borsodi “The Distribuition
Age”):
Tal foi o impacto da aludida publicação que, um ano depois, em 1963 é criado o
“United States Council of Logistics Managemnet”, formalmente, “National Council of
Physical Distribuition Management” com o objectivo de desenvolver e melhor
compreender o processo logístico.
Vendo a logística como uma parte significativa do PIB (média de 11.7% do total do PIB
dos países mais industrializados) nota-se a sua afectação na taxa de inflação, taxa de
juro, produtividade e outros indicadores, afectando directamente outros aspectos
económicos a partir deste impacto.
4.7.2. – Descrição
A logística tem um papel chave no esforço das operações de marketing no que concerne
à satisfação do cliente com o mínimo custo para a empresa. Visualizando o conceito de
marketing do ponto de vista logístico, identificam-se três componentes importantes que
contribuem para o sucesso da empresa. Satisfação do cliente, esforço integrado e,
obviamente, o lucro da empresa.
A satisfação do cliente envolve uma optimização de tempo e espaço por toda a cadeia
de abastecimento. A capacidade da logística em fornecer serviço ao cliente, combinada
com a perícia do marketing em gerar e concretizar vendas, cria um nível aceitável de
satisfação de cliente, que pode levar a uma vantagem em relação aos competidores
directos no mercado.
Esse tronco comum pode ser identificado por uma hierarquia descritiva desde a
definição da estratégia logística até às tarefas operacionais. Descrevam-se então as cinco
posições mais significativas desta hierarquia logística.
Considere-se como trabalho base, todo e qualquer trabalho específico desenvolvido nas
actividades para satisfazer os requisitos logísticos. Por exemplo, picking nas unidades
centrais de armazenagem.
4.7.5. – Conclusão
Para Lee e Billington (1993), uma CA representa uma rede de trabalho para as funções
de procura de material, transformação em produtos intermediários e/ou acabados e
distribuição física.
Christopher em 1998 define CA como uma rede de organizações que estão envolvidas
através das ligações a jusante e a montante nos diferentes processos e actividades que
produzem valor na forma de produtos e serviços oferecidos ao cliente final.
Como se pode observar, as definições convergem para um conceito cada vez mais
elaborado, abrangente e completo. Posto isto, a definição mais apropriada foi proferida
por Chopra e Meindel em 2004 e consta no seguinte: “Uma CA consiste em todas as
partes envolvidas, directa ou indirectamente, na satisfação de um pedido do cliente. A
CA não só inclui os fabricantes e os fornecedores, mas também os transportadores,
armazenistas, retalhistas e os próprios clientes. Em cada organização, a CA contempla
todas as funções envolvidas na recepção e satisfação dos pedidos dos clientes. As
funções incluem, mas não se limitam, o desenvolvimento de novos produtos, marketing,
operações, distribuição, gestão financeira e serviços ao cliente”.
De acordo com Slack (1993), a classificação das cadeias de abastecimento são bastante
úteis nas mais diversas situações. Nomeadamente, no desenvolvimento de software à
medida e na gestão de processos quando se pretende planear o funcionamento geral das
operações. Além disso, a classificação garante também a posição da empresa na CA
global.
Cadeia Total Distribuição
Abastecimento
Cadeia Imediata
Cadeia Interna
Cliente
Final
A evolução dos negócios conduziu indubitavelmente à prática cada vez mais frequente
de contratos de parceria entre organizações. Seja ao nível de parcerias com organizações
do mesmo sector ou com fornecedores, objectivando a manutenção de competitividade
no mercado, muitas organizações optaram por reunir esforços e aplicá-los à
reengenharia de processos visando a poupança de custos e a organização interna. Em
simultâneo, criavam uma estrutura para suportar o desenvolvimento de projectos
integrados na cadeia de abastecimento global tanto a montante em parcerias com
fornecedores como a jusante em contratos com clientes. A flexibilidade para passar os
limites da organização deve-se ao facto dos responsáveis da CA conseguirem observar
os processos individualmente e o impacto de cada um deles na operação global. Esses
processos integrados constituem a CA, pelo que se torna mais fácil a análise e tomada
de decisões estratégicas.
Desde que se começou a utilizar o conceito de “Gestão da CA” que se gerou alguma
confusão quando se pretendia escrutinar as diferenças com o conceito de “Logística”.
Em 1998, o “Council of Logistics Management” (actual “Council of Supply Chain
Management Professionals”) modificou a definição de “Logística” com o objectivo de
dissipar a confusão, assumindo-a como sendo um subconjunto da CA, afirmando que os
dois conceitos não são unívocos. Posto isto, o então, “Council of Logistics
Management”, estabeleceu que; “Logística é o processo estratégico de planeamento,
implementação e controlo de fluxos de bens, serviços e informação desde o ponto de
origem até ao ponto de consumo, com o objectivo de servir os elementos dependentes
do sistema em causa”. Esta definição ainda hoje prevalece, tal como se pode ler no
capítulo 4.3. Por seu turno, o “Global Supply Chain Fórum” assumiu que a Gestão da
CA é “… a integração dos processos de negócios desde os fornecedores primários que
providenciam produtos, serviços e informações que adicionam valor ao sistema e que
permitem que as necessidades dos clientes finais sejam satisfeitas”.
• Gestão de stocks;
• Gestão da operação logística;
• Parcerias com fornecedores (inbound);
• Gestão de armazéns;
• Gestão da distribuição;
• Sistemas de informação;
• Gestão do fluxo logístico de produtos e/ou materiais;
• Gestão da compra e procurement;
• Desenvolvimento de novas tecnologias.
Quantidade
Encomendada
Comportamento da procura
Como se denotou na descrição das causas que geram o efeito de bullwhip, a evolução
dos sistemas logísticos operacionais proporcionou um incremento significativo no
desempenho geral das cadeias de abastecimento. No entanto, a facilidade na gestão das
operações implica a consideração de mais parâmetros nos modelos de gestão e,
consequentemente, uma maior variação nos seus comportamentos. Posto isto, essas
variações, sendo resultantes da evolução dos sistemas modernos, deverão ser
minimizadas, indiscutivelmente, com evoluções tecnológicas que se deverão integrar
nesses sistemas. Aliás, as soluções não deverão ser implementadas apenas parcialmente.
Dever-se-á, sim, pensar, em soluções integradas, não apenas na implementação de
alguns módulos que supostamente oferecem flexibilidade operacional mas, em
simultâneo, geram problemas estruturais na gestão global da cadeia de abastecimento.
No próximo capítulo apresentam-se algumas evoluções para a gestão da CA que
minimizam a importância das causas aqui referenciadas.
Vantagens Desvantagens
• Melhor comunicação e precisão • Necessidade de padronização dos
dos dados partilhados; documentos;
• Maior rapidez no acesso à
• Elevados custos de implementação;
informação;
• Maior produtividade nas • Utilização de software e hardware
transacções de dados; apropriados;
• Diminuição dos custos
• Consciencialização dos utilizadores;
administrativos e de transacções;
• Baixa flexibilidade do sistema de
• Redução dos tempos de entrega;
comunicação de dados;
• Dependência permanente dos
• Redução de stocks; prestadores do serviço de
comunicações;
• Maior agilidade nas tomadas de • Dependência da qualidade dos
decisão. sistemas de comunicação.
Adaptada de Mackey e Rosier (1996)
Reposição de stocks – Partilha da informação sobre a procura real nos pontos de venda
com os fornecedores directos de forma a minimizar as quantidades em stock nas
unidades centrais (entrepostos, armazéns, etc.);
Fornecedor Retalhista
• Menor custo de stocks e de
• Melhor atendimento e maior
capital circulante;
fidelização dos clientes;
• Melhor serviço do
Vantagens • Melhor gestão da procura;
fornecedor;
• Melhor conhecimento do
• Simplificação da gestão de
mercado.
stocks e compras.
• Maior dependência do
• Custo do stock imputado ao
fornecedor;
Desvantagens cliente;
• Perda de controlo sobre o
• Custo de gestão do sistema.
abastecimento.
Fonte: Pires; Gestão da Cadeia de Suprimentos; 2004
Num estudo de simulação sobre o impacto do VMI no efeito bullwhip, Disney e Towil
(2003) ressalvam alguns aspectos que deverão ser considerados quando se pensa na
implementação de um sistema VMI.
• Conhecer a procura nos pontos de venda porque será a fonte de dados que
alimentará o sistema VMI;
Num estudo recente, McCarthy e Golic (2002) afirmam que, apesar das perspectivas
iniciais geradas por via das capacidades deste sistema, foram constituídas algumas
barreiras para a sua implementação.
Além do processo de compra, a gestão de stocks e a garantia que não se criam monos
nem lixo (principalmente quando há produtos com tempo de validade limitado) também
são da responsabilidade dos gestores de compras. Estas situações podem ser claramente
evitadas se houver um planeamento estruturado para produção de previsões da procura.
Desta forma, ao gerar-se previsões de qualidade, minimizam-se os excessos de stock e
reduz-se a frequência de ocorrência de roturas.
O último objectivo consiste na criação de ligações internas com a intenção de criar uma
rede interna com os restantes departamentos da organização. A actividade das compras
será, provavelmente, aquela que implica o maior número de ligações directas
permanentes com outros departamentos. As tarefas e decisões dos responsáveis das
compras têm influência directa na produção pela selecção e compra de matéria-prima;
na área financeira devido aos pagamentos e controlo de capitais; na auditoria através da
análise da qualidade do processo de negócio; no desenvolvimento através do design,
tipo de materiais ou produtos e reengenharia de processos; na área comercial através da
qualidade dos produtos vendidos e das estratégias de definição de preços e vendas e na
contabilidade através do controlo de receitas e pagamentos. Na busca pela eficiência, a
actividade da compra deverá beneficiar do respeito e cooperação dos departamentos
internos devido ao seu poder de decisão e à sua importância em relação à exportação da
imagem e respeitabilidade da empresa no mercado. Em suma, um dos principais
objectivos da actividade da compra é a obtenção do respeito da gestão de topo através
de decisões acertadas que potenciem e concretizem positivamente o seu contributo nos
lucros da organização.
PROCESSO DE COMPRA
Análise de
Qualificação Analisar previsões
Definir Métricas
Controlo de Dados
Descrever falta
Análise de Definir quantidade
Criar Mapas
Desempenho Arquivo de
TAREFAS Identificar itens (tableaux-de-bord,
Confirmar Documentos
níveis de serviço)
Condições encomendas
Observar stocks
Operacionais Gestão da BD
Criar ranking
(serviço, preço, etc.) Planear entregas
Conhecer em
Identificar Encomendar a Constituir uma base
Escolher o melhor pormenor o
OBJECTIVOS potenciais quantidade correcta de informação
fornecedor comportamento dos
compras no tempo certo credível
fornecedores
• Custos de rotura – Custos associados com o risco de ter stock insuficiente para
satisfazer a procura. Estes custos podem estar relacionados com as quantidades
de matéria-prima insuficientes provocando paragens nas linhas de produção ou
com a falta de mercadoria para entregar aos clientes, não gerando facturação e
conduzindo o cliente a procurar o produto na concorrência. Estes custos podem
também ser provocados pelo excessivo cuidado com as compras para não gerar
custos de armazenagem, provocando indisciplinadamente roturas desnecessárias.
A solução passará pela colocação de encomendas mais pequenas mas com maior
frequência de entrega, mantendo níveis de stock permanentemente mais baixos e
transferindo parte do custo de encomenda para o fornecedor.
O principal objectivo destes modelos consiste em saber quando se deve proceder a uma
encomenda, que quantidade encomendar ao menor custo possível. A maior dificuldade
das organizações passa pela falta de preparação para efectuar previsões de qualidade
devido às indefinições provocadas pelos departamentos que gerem o percurso dos
produtos ao longo da cadeia de abastecimento. No entanto, não se deve dar tanta
importância aos aspectos burocráticos, mas sim, efectuar previsões a partir da análise
directa da procura verificada no ponto de venda, que constitui a variável mais fidedigna
no que concerne à descrição da procura. Neste sentido, toda a operação comercial
deverá basear-se na análise da procura, definindo estratégias de forma que a empresa
responda coerentemente às necessidades identificadas através dos comportamentos de
procura. Sendo as decisões tomadas em função da procura e a partir da informação que
a análise do seu comportamento fornece, constituir-se-á um conhecimento profundo das
necessidades reais, podendo melhorar-se significativamente o serviço ao cliente final.
Ora, será neste ambiente que os modelos de gestão de stocks e apoio à decisão têm um
papel chave. A integração destes modelos com planeamentos de aquisição, produção,
armazenagem e distribuição faculta uma fluidez permanente da cadeia de abastecimento
e uma elevada flexibilidade para responder a alterações espontâneas da procura.
D – Procura anual;
c – Custo unitário;
C 2 – Custo de encomenda (prospecção, consulta, negociação, emissão da encomenda e
D
recepção da mercadoria): C 2 = S × Q ;
Q
imobilizados e obsolescência): C3 = i × ×c ;
2
i – Taxa de posse anual de stock (%);
D
Q
– Número de encomendas anuais;
S
Q
– Custo de colocação da encomenda por unidade encomendada;
D Q
K t = ( D ×c ) +
S × Q
+ i × 2 × c
A partir do seguinte gráfico observa-se a evolução dos custos variáveis quando se varia
a dimensão da quantidade a encomendar.
Custo Anual
4000
l
ot a
3000 st oT
Cu
tock
ão de s
ç
u ten
2000 de man
o
Cu st
1000
Custo de Encomenda
Nível Stock
Tempo
T
KR 2
C 4 – Custo de rotura: C 4 = com K – custo unitário por unidade em falta e
2Q
D
K t = ( D × c ) + S × + i × c ×
(Q − R) 2 KR 2
+
Q 2Q 2Q
2 SD i ×c
Qe = 1+
i ×c K
A simulação da evolução dos níveis de stock para um modelo determinístico com rotura
permitida pode observar-se na figura seguinte.
Nível Stock
Q-S
Q
Tempo
S
T1 T2
Figura 7 – Modelo de gestão de stocks determinístico com rotura permitida e reposição
instantânea
4.10.2.4. – Modelo Determinístico com Reposição não Instantânea e Rotura
não Permitida
Nível Stock
Q
Qm
Tp Tempo
Tc
Tp – Tempo de produção;
Tc – Tempo de consumo;
2 × S ′× D P
Qf =
i ×c P−D
2 × S ′ × D ×i P
Q fr =
(i + k ) × K P −D
Nível Stock
Q
Qm
Tempo
Tp Tc Tcr Tpr
T
P2
P3
Q1 Q* Q2 Q
Numa interpretação da figura anterior atente-se às limitações das quantidades para cada
um dos preços. No primeiro cenário para uma quantidade menor ou igual a Q1 o preço
de custo por unidade será P1 . Como se pode notar pela evolução do comportamento
associado ao P1 que ao encomendar-se quantidades inferiores, o custo total da
encomenda será proporcionalmente superior. No segundo cenário, considerando uma
encomenda cuja quantidade está compreendida entre Q1 e Q2 o preço será mais
baixo, o comportamento da função é idêntico e o custo é significativamente mais baixo.
No último cenário, o preço é realmente bastante mais baixo, a quantidade a encomendar
deverá ser superior a Q2 mas o custo proporcionalmente mais elevado. Estas situações
funcionam como um impulso à venda de mercadoria e, no caso do comprador ter em
sua posse um estudo descritivo destes comportamentos beneficia de um aumento do
poder negocial porque consegue interpretar e quantificar os ganhos em comparação com
os custos de manutenção de stock.
Nível Stock
M Q
Q
L SS
L SS
SS
L
LC1 LC 2
Tempo
Colocação da encomenda Recepção da mercadoria
A partir da interpretação da figura anterior nota-se que sempre que os níveis de stock
atingem o ponto de encomenda é despoletado um pedido ao fornecedor que chega L
unidades de tempo depois. A evolução da procura apenas determina a frequência com
que as encomendas são colocadas, já que o pedido efectuado ao fornecedor é sempre na
mesma quantidade (Q). Atente-se às diferenças entre os períodos correspondentes ao
primeiro e segundo ciclos de encomenda retratados a figura anterior. No primeiro ciclo
observa-se um tempo de ciclo de LC 1 com a procura que se pode observar. No
entanto, no segundo ciclo, a procura é atenuada por razões desconhecidas e a posição de
stock atinge o ponto de encomenda mais tarde que no ciclo anterior, aumentando o
tempo de ciclo porque a quantidade a encomendar é a mesma.
A definição da função de custos dos modelos estocásticos difere dos determinísticos por
via da aleatoriedade da procura e do tempo de entrega.
0 s e x≤ M
η ( x, M ) =
x− M s e x> M
em que x representa a procura durante o tempo de reposição e M o ponto de encomenda.
Assim, a quantidade em falta durante o tempo de entrega é dada por:
+∞
η ( M ) = ∫ η ( x, M ) h( x ) dx
0
= ∫ 0h( x ) dx + ∫ ( x − M ) h( x ) dx
M +∞
0 M
+∞
=∫
M
( x − M ) h( x ) dx
+∞
α = P ( x > M ) = ∫ h( x ) dx
M
M = SS + µ
SS = M − µ
+∞
h( x ) = ∫ f ( x,τ ) g (τ ) dτ
0
L
x = ∑ Di
i =1
e, consequentemente,
L
µ = ∑D = L× D
i =1
L L
σ 2 = ∑V ( ri ) = ∑ σ r2 = L × σ r2
i =1 i =1
µ =τ × r
σ 2 = τ × σ r2 + σ τ2 × r 2
Não se conhecendo a distribuição estatística do tempo de entrega, assume-se que seja
suficientemente longo para se poder evocar o Teorema do Limite Central e garantir que
a procura tende para a distribuição Normal. Nesse sentido, assumindo a normalidade da
procura, o stock de segurança representa-se da seguinte forma:
S = Z α ×σ
M −µ
α = 1 − Φ = 1 − Φ( Z α )
σ
+∞ M −µ
∫ ( x − M ) × h( x ) dx = σ ×ξ σ = σ ×ξ ( Zα )
M
Custos de encomenda: S + ( D ×c )
+∞
K ′ ×∫
M
( x − M ) ×h( x )dx
Custo total por ciclo de encomenda: Somatório dos custos descritos anteriormente,
representado por:
S Q K ′ +∞
Ct = + ( D × c ) + C3 × + M − µ + × ∫ ( x − M ) × h( x ) dx
T 2 T M
S ×D Q K ′× D
+ ( D × c ) + C3 × + M − µ +
+∞
Kt = × ∫ ( x − M ) × h( x ) dx
Q 2 Q M
Tal como nos modelos determinísticos, também nos modelos que prevêem a
aleatoriedade da procura e do tempo de entrega, a optimização das quantidades a
encomendar passa pela derivação da função de custos em ordem ao parâmetro Q
(quantidade a encomendar). Deste modo, o cálculo da quantidade óptima a encomendar
é dado pela seguinte expressão:
2× D × S + K′ × ∫ ( x − M *) × h( x)
+ ∞
Q* = M*
C3
onde Q* e M* representam respectivamente o valor optimizado para a quantidade a
encomendar e para o ponto de encomenda calculados com recurso a um método
iterativo.
M´
. .
. . .
Q4
SS
Q3
Q5
Q1
Q2 SS SS
L L L
SS LC LC LC
LC + L
SS
Tempo
Como se pode observar pela figura e como já tinha sido referido anteriormente, o tempo
entre encomendas permanece fixo e a quantidade a encomendar varia consoante a
evolução da procura. Note-se que, nos pontos de revisão definidos para a verificação do
stock, a encomenda colocada depende directamente do valor definido previamente para
o nível de enchimento e para a procura esperada, ou seja, no ponto de revisão, o stock
verificado somado à quantidade encomendada deverá ser igual ao nível de enchimento.
O nível de stock nesse instante (nível de enchimento – M ′ ) deverá ser suficiente para
responder à procura até à chegada da encomenda colocada no ciclo seguinte.
Num modelo com estas características, a ocorrência de roturas ocorre quando a procura
verificada entre o ponto de revisão do primeiro ciclo e a chegada da encomenda do ciclo
seguinte (LC + L) for superior ao valor definido para o nível de enchimento – M ′ .
Desta forma, tal como no modelo de ponto de encomenda, a ocorrência de roturas está
directamente relacionada com o comportamento da procura durante o tempo de ciclo
mais o tempo de entrega. Posto isto, defina-se h(x) como a variável que representa o
comportamento da procura durante o tempo de ciclo mais o tempo de entrega – (LC +
L). Para o modelo de revisão cíclica, a média e variância da procura durante LC + L são
dadas pelas seguintes equações:
µ = ( L + LC ) × D
σ 2 = ( L + LC ) × σ D2 + σ L2 × D 2
+∞
α = ∫ h( x ) dx
M
+∞
α = ∑h( x )
x =M
Refira-se ainda que a definição dos custos da operação é igual aquela desenvolvida para
o modelo do ponto de encomenda com as devidas alterações no cálculo dos parâmetros
correspondentes descritas anteriormente.
Quantidade entregue
Nível de serviço =
Quantidade encomendad a
Outro indicador que também pode denominar-se nível de serviço consiste na medição
da percentagem da procura satisfeita sem atrasos. Este indicador considera o número
médio de unidades em falta por ciclo – η e com o número de ciclos de encomenda por
ano – D Q. Dessa forma o indicador é dado por:
D
D− ×η
Q η
Nível de Serviço = =1 −
D Q
onde a multiplicação do número médio de unidades em falta por ciclo pelo número de
D
ciclos por ano Q ×η traduz a quantidade de procura não satisfeita. Este indicador
3º Sector
1400
2º Sector
1000
1º Sector
715
570
500
79 84 90
67 98 100
94 99,9
Base de dados: A base de dados alimenta o sistema de geração de previsões com dados
relativos às vendas de mercadoria acabada, encomendas efectuadas aos fornecedores,
informação relativa às campanhas promocionais ou quaisquer outras acções comerciais
com peso na operação da organização, previsões geradas anteriormente e respectivos
erros. A informação presente na base de dados deverá ser flexível, fidedigna, acessível e
actualizada.
Sistema de suporte à previsão: este sistema tem como principal objectivo, garantir a
manipulação de dados e a comunicação dos resultados de previsão para todos os
utilizadores que delas necessitem.
Os modelos de médias móveis não são sensíveis a alterações de nível nem à existência
de comportamentos tendenciosos ou sazonais. No entanto, a inexistência de
comportamentos de tendência ou sazonalidade garante bons desempenhos mesmo com
variâncias elevadas quando comparados com os resultados dos métodos mais
complexos.
Modelo de Holt: tal como no modelo anterior, também este apenas necessita dos
últimos valores previstos e observados. No entanto, tendo como principal objectivo a
modelação da tendência, introduz-se uma nova constante de alisamento que a
quantifica. Esta solução é utilizada normalmente em séries cuja tendência é marcada,
caso contrário a variância gerada pelo novo parâmetro deturpa os resultados das
previsões aumentando o erro que lhes está associado. Refira-se também a existência de
uma alternativa a este modelo que apenas supõe a utilização da constante de alisamento
do nível da série. Trata-se do modelo de Brown. Segundo DeLurgio (1998), a vantagem
da utilização do modelo de Holt consiste na flexibilidade gerada pela determinação
isolada dos pesos atribuídos a cada parâmetro.
Modelo de Holt-Winters: este modelo pressupõe a existência de tendência e
sazonalidade nas séries cronológicas. Além de modelar o nível e a tendência, o modelo
de Holt-Winters tem um parâmetro que garante a quantificação de um índice atribuído a
cada um dos elementos do ciclo sazonal. Esta solução prevê a modelação
individualizada dos parâmetros que compõem o modelo e, consequentemente, a geração
de previsões bastante mais afinadas nos instantes em que se verificam as alterações de
comportamento da procura (picos sazonais). Podendo ser utilizado em séries
cronológicas que não apresentem tendência nem sazonalidade por uma questão de
poupança de recursos informáticos (utilizar o modelo mais completo para gerar
previsões para todas as séries cronológicas), não se revela uma boa política devido ao
aumento da variância resultante do maior número de parâmetros envolvidos.
Por sua vez, Schwarz em 1978 propôs uma solução semelhante à qual foi dado o nome
de BIC (Bayesian Information Criterion) e cuja equação é dada por:
BIC = nLog ( EQM ) + kLog ( n )
O processo consiste na geração de previsões para todas as séries cronológicas com todos
os modelos considerados, calculando-se de seguida o erro quadrático médio e da
determinação do indicador. Por último, comparam-se os valores do indicador para os
diferentes modelos aplicados e escolhe-se o modelo que apresentar o valor que traduza
o melhor ajustamento. Nestes termos, não há dúvida que o modelo escolhido é o que, na
realidade, melhor se ajusta à série analisada.
5. – O sector da Distribuição
Perante estas circunstâncias, será bastante benéfica a constituição de uma boa relação
empresa ↔ cliente, tanto para o cliente que disporá de um serviço de melhor qualidade,
como para a empresa, garantindo, de certa forma, a fidelização do cliente. De qualquer
forma, a empresa dever-se-á adaptar aos enquadramentos impostos pela mesma
sociedade que se assume como cliente.
O rosto das empresas do sector é quase da total responsabilidade dos pontos de venda,
visto constituírem o elo de ligação ao cliente final. Toda a estrutura operacional da
empresa trabalha em função do destino a jusante – o cliente. Neste sentido, a evolução
dos conceitos de loja depende das alterações no comportamento da procura e da
necessidade da empresa dar resposta às solicitações dos clientes. Actualmente existem
alguns conceitos conhecidos do público em geral e direccionados aos diferentes
mercados alvo que se foram formando ao longo dos tempos. Apresentam-se
seguidamente os conceitos mais comuns em Portugal e o seu posicionamento em termos
de produto, preço e nível de serviço.
A tabela anterior pode ser interpretada como a descrição dos segmentos da oferta do
mercado do retalho alimentar. Nesse sentido, para uma melhor compreensão do
posicionamento dos tipos de loja apresenta-se seguidamente um esquema representativo
desses segmentos.
Grande
Hipermercado
Supermercado Grossista
Grande Supermercado
Gama de Discount
Pequeno
Hard Discount
Produtos Category Killer Loja de
Coveniência
Mercearia
Pequena
As tarefas do retalho moderno passam pela resposta a todas as solicitações dos clientes
ao menor custo operacional. A preocupação associada à qualidade da resposta
proporcionada pelas empresas depende do desempenho verificado nas funções chave do
negócio buscando a melhoria do serviço ao cliente. Nesse sentido, definem-se as
seguintes funções que devem ser controladas permanentemente com o objectivo de
facilitar o acesso dos consumidores aos produtos que procuram.
Função do financiamento – possibilitar aos clientes o acesso a produtos que não possam
adquirir de imediato através de diferentes soluções de pagamento;
Como se pode verificar através da leitura das funções, o seu objectivo traduz-se
claramente no incremento de valor aos produtos e serviços comercializados, oferecendo
aos clientes um índice de informação que retira dúvidas em relação à sua aquisição.
Produto Preço
Satisfação
dos
Consumidores
Promoção Distribuição
Publicidade
Logística
Vendas Promocionais
Localização das Lojas
Merchandising
Layout
Relações Públicas
100% 9% 9%
12% 10%
90% 15%
18%
80% Drogarias
18% 22% 23% 24%
70% 13%
17% Outros
60% Mercearias
14% 19% 23% 24%
50% 24% 24% Livre Serviço
40% Super Pequenos
30% Super Grandes
41% 37% 36%
20% 35% 34% 33% Hipermercados
10%
0%
1995 1997 1999 2001 2002 2002
4000
Hipermercados
3000 Super Grandes
milhões €
Super Pequenos
2000 Livre Serviço
Mercearias
1000 Outros
Drogarias
0
1995 1997 1999 2001 2002 2003
O maior desafio das empresas deste sector passa pela manutenção das quotas de
mercado, dado que a tendência assume-se negativa por via da conjuntura económica que
se vive a nível mundial, prejudicando o poder de compra das famílias. A evolução
negativa do dólar em relação ao euro e o aumento do preço do barril de petróleo
condicionaram a procura provocando um crescimento económico de apenas 0,4% na
zona euro contra o crescimento de 0,9% do ano anterior. Dependente da conjuntura
internacional, a economia portuguesa sofreu uma retracção traduzida pelo decréscimo
do PIB em 1,2% contra o crescimento de 0,5% verificado no ano anterior.
Consequentemente, a taxa de desemprego passa de 5,1% em 2002 para 6,4% da
população activa em 2003; o endividamento das famílias passa de 103% para 110% do
rendimento disponível, traduzindo uma taxa que deverá controlar-se o mais depressa
possível e o consumo privado decresce 0,5%.
14%
15%
10%
10%
6%
5%
2%
0%
1995 --> 1997 1997 --> 1999 1999 --> 2001 2001 --> 2002 2002 --> 2003
Este gráfico ilustra nitidamente as dificuldades que o sector irá enfrentar em tempos
vindouros. Note-se que o crescimento verificado entre o ano de 1995 e 1997 foi de 16%,
sendo o crescimento verificado de 2002 para 2003 de 2%, tendo baixado
consecutivamente nos últimos 8 anos. Naturalmente que a procura apresenta problemas
por via dos factores mencionados anteriormente, aos quais a oferta terá que se adaptar
da melhor forma possível indo ao encontro das necessidades dos consumidores com
mais agressividade, coerência e qualidade.
Quota Mercado(%)
E-Leclerc; 3,5%
Jumbo/Pão de Açucar;
14,4% Alisuper; 0,7%
Ulmar; 0,5%
Pluricoop; 0,5%
Deste grupo de empresas destaca-se a Modelo/Continente por via dos 31% da quota de
mercado, deixando a concorrência mais directa a cerca de 15 pontos percentuais. De
qualquer forma, todas estas empresas apresentam capacidades para evoluir no mercado
nacional devido ao know-how adquirido através das casas mãe onde estão inseridas e
pela larga experiência neste sector de negócio.
O segundo grupo (Grupo II) consiste em micro empresas do sector da Distribuição que
assumem relevância regional através de lojas de proximidade e alguns supermercados.
Apresenta-se seguidamente o quadro das características dessas unidades empresariais.
Área Vendas
Empresas VV Quota Nº Trabalhadores
(m )
2
Ao juntar-se os dois grupos torna-se notória a diferença entre os dois grupos aqui
definidos. Apresenta-se seguidamente um gráfico descritivo do ranking das empresas de
retalho alimentar em Portugal.
Modelo Continente - 1
Intermarché/Ecomarché - 2
Jumbo/Pão de Açucar - 3
Pingo Doce - 4
Feira Nova - 5
Dia/Minipreço - 6
Carrefour - 7
E-Leclerc - 8
Alisuper - 9
Ulmar - 10
Pluricoop - 11
Super Desconto - 12
Novo Mundo - 13
Geneco - 14
Como se pode observar pela tabela, existe uma grande discrepância no ranking nacional
das empresas retalhistas. Refira-se por último que as empresas que todas as primeiras
seis classificadas operam com mais de uma insígnia, revelando uma necessidade de
adaptação ao mercado para, dessa forma, evoluírem em consonância com as alterações
proteladas pela procura.
O progresso dos trabalhos desta dissertação baseia-se na investigação aplicada por via
dos desenvolvimentos teóricos já efectuados e da disponibilidade dos objectos de estudo
(elementos da cadeia de abastecimento de uma empresa de distribuição). Nesse sentido,
desenvolveu-se inicialmente um processo de investigação que consiste em duas etapas
distintas descritas no seguinte esquema.
Análise de Diagnóstico
Identificação de Problemas
Comparação de
Acompanhamento e controlo resultados
Serviço ao cliente
4º Nível Parcerias estratégicas
Decisões e planeamentos estratégicos
Desenvolvimento e inovação
Identificação de oportunidades
1º Nível
Ligações internas à cadeia de Fluxos fisícos e informacionais
abastecimento e desta com o
Garantia da utilização dos fluxos por parte dos elementos da empresa
ambiente exterior
Refira-se por último que esta metodologia não contempla as considerações teóricas e
metodológicas particulares a cada um dos problemas, mas sim, a metodologia de
abordagem a qualquer cadeia de abastecimento com o intento de avaliar o seu
desempenho e a sua capacidade de evolução e desenvolvimento e, consequentemente
identificar e posicionar os problemas detectados.
8 – Estudo de caso
8.1. – A empresa
Neste capítulo começa-se por descrever a empresa que dá suporte à resolução do estudo
de caso sendo apontados os problemas que possibilitaram a realização deste trabalho.
Seguidamente, são propostas as metodologias de resolução desses problemas e testados
os modelos através de um projecto-piloto. Por último, apresentam-se os dados referentes
à aplicação dos modelos desenvolvidos e propõem-se as alterações de fundo a efectuar a
partir da comparação com a realidade anterior à realização deste trabalho.
Empresa
Fornecedores Clientes
8.2.1. – Compras
Fornecedor
Encomenda
Procurement
Análise de mercado
Selecção de fornecedores
Departamento Gestão de Inventário
Compras Controlo stocks
Gestão da gama
Negociação
Ordem Compra Estabelecimento de descontos
A cções promocionais
Entrada e saída de novos produtos
A rmazém
8.2.2. – Armazém
Compras
Distribuição
Departamento
Lojas Estabelecimento de rotas
Financeiro
Lojas
8.2.3. – Lojas
As lojas caracterizam-se como o ponto de fecho do ciclo da cadeia de abastecimento
interna. Sendo a cara da empresa e o foco de medição de resultados que fazem
movimentar o negócio, dever-se-á oferecer uma atenção redobrada a este sector e o
apoio de toda a estrutura operacional dever-lhes-á ser direccionado.
A rmazém
Armazém
M ercadoria
Facturas
Recepção
Descarga de mercadoria
Lojas
Conferência
Arrumação
Validação da documentação
A rrumação
ClienteFinal
Não sendo o objectivo deste capítulo a descrição da operação das lojas, apenas se
abordará a sua componente logística. A recepção de mercadoria é efectuada pelo
responsável da loja ou por um colaborador por este designado. Em algumas lojas a
Direcção Comercial da empresa formou um grupo de colaboradores que apenas
assumem a responsabilidade de efectuar as operações de recepção e reposição da
mercadoria em várias lojas, deslocando-se entre elas conforme as janelas de entrega
definidas previamente, descurando, de alguma forma, o controlo da recepção. No
entanto, esta solução tem outras vantagens ao nível dos custos e da rapidez de execução.
Nas lojas em que estas tarefas são efectuadas por colaboradores da loja o trabalho é
mais moroso, notando-se um maior custo operacional, mas também, uma maior
fiabilidade nos acertos de stock e na detecção de erros de facturação ou picking.
M ERCA DO
Encomendas
Compras Produtos novos
Resultados
Salários
Comunicações Estratégia
Suporte Pricing
Ordem deCompra
Devoluções Guia remessa Merchandising M arketing
Vasilhame
Direcção
Financeira
Encomendas Compras
Ordem
de Mercadoria
Fornecedores Compra Lojas Clientes
Mercadoria Armazém
Pedidos
Guias
Devoluções
Vasilhame Mercadoria
Facturas
6000
5000
4000
Vendas (unid)
3000
2000
1000
0
1/2/2003 2/2/2003 3/2/2003 4/2/2003 5/2/2003 6/2/2003 7/2/2003 8/2/2003 9/2/2003 10/2/2003 11/2/2003 12/ 2/2003
Tempo (dias)
Encomendas
1980 unidades
5000
4500
4000
3500
Quantidade
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
02- 08- 14- 20- 26- 01- 07- 13- 19- 25- 03- 09- 15- 21- 27- 02- 08- 14- 20- 26- 02- 08- 14- 20- 26- 01- 07- 13- 19- 25-
01- 01- 01- 01- 01- 02- 02- 02- 02- 02- 03- 03- 03- 03- 03- 04- 04- 04- 04- 04- 05- 05- 05- 05- 05- 06- 06- 06- 06- 06-
03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03
Data
Figura 7 – Posição de stock de um item de alta rotação – Leite Gordo UHT Mimosa Lt
140
120
100
Quantidade
80
60
40
20
0
02- 08- 14- 20- 26- 01- 07- 13- 19- 25- 03- 09- 15- 21- 27- 02- 08- 14- 20- 26- 02- 08- 14- 20- 26- 01- 07- 13- 19- 25-
01- 01- 01- 01- 01- 02- 02- 02- 02- 02- 03- 03- 03- 03- 03- 04- 04- 04- 04- 04- 05- 05- 05- 05- 05- 06- 06- 06- 06- 06-
03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03
Data
Figura 8 – Vendas diárias de um item de alta rotação – Leite Gordo UHT Mimosa Lt
A quantidade média diária vendida deste item durante o primeiro semestre de 2003 é de
61 unidades no conjunto das 21 lojas em operação, sendo o seu stock médio diário de
2185 unidades, o que revela uma perfeita disparidade na gestão de stocks. Estes níveis
de stock são suficientes para responder à procura de 36 dias para todas as lojas, sendo a
entrega de mercadoria efectuada todos os 7 dias. Ora, naturalmente que este
comportamento multiplicado por vários artigos de alta rotação gera custos de
aprovisionamento desnecessários à empresa e problemas ao nível da gestão de espaço
no armazém.
2500
2000
Quantidade
1500
1000
500
0
02- 08- 14- 20- 26- 01- 07- 13- 19- 25- 03- 09- 15- 21- 27- 02- 08- 14- 20- 26- 02- 08- 14- 20- 26- 01- 07- 13- 19- 25-
01- 01- 01- 01- 01- 02- 02- 02- 02- 02- 03- 03- 03- 03- 03- 04- 04- 04- 04- 04- 05- 05- 05- 05- 05- 06- 06- 06- 06- 06-
03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03 03
Data
Nos primeiros seis meses do ano 2003 foram identificadas quatro ocorrências de rotura
que podem ter causado uma perca de vendas de cerca de 1242 unidades deste produto
(18 dias em que o sistema esteve em rotura com uma venda média diária de 69
unidades). Multiplicando-se esta situação por vários itens com o mesmo problema ao
nível da gestão de stocks, a satisfação da procura e o número de clientes baixam
substancialmente. Ora, com a concorrência agressiva que se revela cada vez mais
intensa, a preocupação dos gestores em diminuir custos com recursos humanos e com
despesas inerentes à operação, este desperdício da procura resultante da inépcia e do
mau funcionamento de alguns sectores da empresa paga-se bastante caro e gera a
necessidade de redução de colaboradores quando o que deve ser alterado são os
processos de trabalho a nível central. Em suma, a situação é tanto grave que num
sistema em rotura, como é o caso, os níveis de stock são claramente exagerados. Para
uma venda média diária de 69 unidades há, em média, 630 unidades disponíveis
diariamente em armazém (stock médio diário).
Além das dificuldades notórias ao nível da gestão de stocks, notou-se também a falta de
preocupação no que concerne às datas de colocação de encomendas. Havendo condições
contratuais que definem as regras de pagamento de mercadoria, seja por calendário de
pagamento do fornecedor ou por prazo de pagamento mutuamente acordado, as
encomendas deveriam ser colocadas ao fornecedor a partir de um planeamento
estruturado que oferecesse estabilidade e organização à actividade da compra. Nestas
circunstâncias, a falta de conhecimento do desempenho dos fornecedores aumenta o
risco de rotura no caso da mercadoria ser entregue parcialmente e aumenta
substancialmente o número de ocorrências de rotura nas lojas.
Serviço ao cliente
Parcerias estratégicas
Desenvolvimento e inovação
Identificação de oportunidades
Custos da cadeia de abastecimento
Gestão dos activos Fiabilidade do serviço
Capacidade de resposta Flexibilidade
Fluidez de informação
Serviço ao cliente
Parcerias estratégicas
Desenvolvimento e inovação
Identificação de oportunidades
Planeamento de compras
Fluidez de informação
A repercussão de uma gestão ineficiente por parte dos outros departamentos da empresa
é inequivocamente sentida na operação do armazém. As compras não planeadas e
efectuadas pela Direcção de Compras geram problemas ao nível da recepção,
conferência e arrumação da mercadoria e os pedidos exagerados das lojas para
preenchimento de topos conduzem à rotura desnecessária da mercadoria. Naturalmente
que estes problemas não são da responsabilidade do armazém, mas, na maioria das
vezes, é neste sector que são identificados, medidos e ao qual é atribuída a
responsabilidade.
A capacidade de recepção do armazém não é ilimitada, bastando o aumento do número
de paletes a entregar sem aviso prévio por parte da Direcção de Compras para que a
zona de conferência fique preenchida com a mercadoria deste e dos restantes
fornecedores que entreguem até ao fim do dia de operação. Esta situação conduz à falta
de mercadoria para se proceder ao picking (visto que se encontra à espera de
conferência) e, consequentemente, à rotura da mercadoria nas lojas, gerando, pelo
menos, um dia de rotura. Não havendo controlo operacional por parte do responsável do
armazém, os colaboradores, num esforço para satisfazer os pedidos das lojas, efectuam,
por vezes, a operação de picking, a partir da zona de conferência, sem confirmar o
código dos produtos. Esta situação gera erros de preparação das encomendas
provocando desníveis de stock de dois produtos; o produto que foi solicitado e o que foi
entregue por engano.
Fazendo parte de uma central de compras, em conjunto com várias empresas do sector
da distribuição, a empresa vê-se obrigada a cumprir determinadas regras comuns a todos
os associados dessa associação. Uma dessas condições consiste na realização simultânea
de acções promocionais cujo planeamento é conhecido antes do início de cada ano
comercial. Essas acções implicam um reforço da capacidade logística que, ao ser
conhecido previamente, não gera qualquer tipo de problema na operação do armazém.
No entanto, estas iniciativas implicam a ocupação de topos e ilhas nas lojas, ficando a
descoberto nos intervalos entre campanhas. Ora, representando os topos e ilhas, uma
mais valia para a operação comercial das lojas, os gerentes não podem deixar estas
zonas sem mercadoria e, cada um por si, efectuam pedidos de artigos sem aviso prévio
ao armazém nem controlo por parte da Direcção Comercial. Sabendo-se que as lojas
têm um horário estipulado para enviar os pedidos ao armazém, gerando uma prioridade
na sua preparação e, sabendo que o sistema satisfaz os pedidos até esgotar o stock;
chegando o pedido de uma loja que esgote o stock, todas as restantes ficam em rotura.
Este comportamento revela-se bastante grave em termos comerciais, quando se sabe que
a mercadoria ficará numa loja a preencher um espaço e as restantes lojas entram em
rotura de stock até à chegada da encomenda colocada ao fornecedor, que, por sua vez,
não contempla a quantidade para fazer face à rotura já existente.
Para melhor ilustrar este tipo de situações passa-se seguidamente a apresentar um caso
real acontecido com um pedido esporádico de um artigo de média rotação para cobrir
um topo numa loja com vendas baixas em relação à média. Considere-se a tabela de
dados abaixo e atente-se à situação de rotura que foi criada com a satisfação do pedido
da loja.
Parâmetros Quantidade
Venda média diária do grupo (unid) 23
Stock actual em armazém (unid) 296
Quantidade por palete (unid) 400
Pedido habitual da loja (unid/sem) 40
Pedido esporádico da loja (unid) 400
Tempo entre encomendas (dias) 16
Tempo de entrega (dias) 4
Stock
450 296 Unid
350
Pedido esporádico
1 palete = 400 unidades
250
150
50
4 8 12 16 20 24 28 32 36 Tempo
(dias)
Período de rotura
7 + 4 = 11 dias 11 x 23 = 253 unidades
Serviço ao cliente
Parcerias estratégicas
Desenvolvimento e inovação
Identificação de oportunidades
Custos da cadeia de abastecimento
Gestão dos activos Fiabilidade do serviço
Capacidade de resposta Flexibilidade
Fluidez de informação
Figura 10 – Posicionamento do problema da ausência de planeamento de pedidos de
mercadoria para ocupar as posições livres fora dos períodos de campanha
8.4. – Projecto-piloto
O objectivo deste capítulo consiste na apresentação das soluções propostas para resolver
os problemas identificados e descritos anteriormente. Inicialmente são descritos
pormenorizadamente os dados recolhidos e a respectiva amostra.
O sistema de gestão de stocks não invalida, nem refuta, por si só, a possibilidade de
práticas desajustadas na cadeia de abastecimento. Desta forma, tornou-se necessário
compreender os erros mais comuns que provocavam as roturas no armazém central. Tal
como foi descrito no capítulo 8.3.2. essas roturas deviam-se, essencialmente, a pedidos
esporádicos de grandes quantidades de mercadoria por parte dos pontos de venda, que,
sendo satisfeitos, geravam graves problemas de abastecimento. Nesse sentido, criou-se
uma solução genérica e aplicável ao problema em causa que consiste num planeamento
anual de acções promocionais e respectivo planeamento de tarefas. Formalizado o
planeamento, define-se uma variável dummy que permite quantificar os crescimentos da
procura durante o período das acções promocionais e, simultaneamente, gerar disciplina
nas tarefas associadas à gestão de alterações periódicas da procura.
A recolha de dados não foi uma tarefa difícil devido à excelente organização do sistema
de informação da empresa que suportou o estudo de caso. O objectivo da recolha de
dados é a simulação dos vários modelos de gestão de stocks disponíveis para que se
possam recolher resultados sobre a aplicação antes da implementação do sistema. Nesse
sentido, o processo a seguir passou pela recolha e arrumação dos dados relativos às
vendas, quantidades encomendadas aos fornecedores, recepção das respectivas
encomendas, pedidos dos pontos de venda ao armazém e respectivas quantidades
entregues durante todo o ano de 2003. Todos os dados são relativos a quantidades
diárias e por produto e são passíveis de se agregar em tempo ou em estrutura de
mercado, ou seja, é possível agregar as vendas à semana e/ou por tipo de produto (soma
das vendas em capital da família dos leites), fornecedor ou ponto de venda. Além destes
dados, recolheu-se também a informação relativa ao inventário efectuado no dia 30 de
Dezembro de 2002. Não sendo importante a estrutura inicial dos dados recolhidos
directamente das bases de dados, apresentam-se seguidamente algumas tabelas que
traduzem os tipos de dados com os quais se efectuaram as análises estatística e se
definiram os modelos de gestão de stocks, previsão e desempenho que constituem o
projecto piloto.
Código Artigo – Código interno da empresa atribuído a todos os artigos que entram em
linha na operação da empresa.
Valor Venda – Valor monetário relativo à venda do referido artigo na respectiva data.
As três primeiras variáveis são idênticas aos dados relativos às vendas. A Data Pedido
corresponde à data na qual foi colocada a encomenda ao fornecedor.
Data Entrega – Dia em que foi entregue a encomenda colocada em Data Pedido.
Valor Stock – Valor de aquisição referente à Quantidade Stock no dia Data Inventário.
Tendo-se efectuado uma análise para verificar quais os fornecedores que representavam
maior peso comercial no negócio, notou-se que quinze dos seiscentos fornecedores com
produtos em linha representavam cerca de 40% do movimento financeiro total. Neste
sentido, considerando a sua importância estratégica, optou-se por estudar em pormenor
o comportamento destes fornecedores. Ora, recaindo a análise inicial na análise
estatística das séries cronológicas das vendas totais dos produtos e na simulação dos
modelos de gestão de stocks, foram seleccionados diversos artigos de cada um dos
fornecedores considerados.
σ
do quociente entre o desvio padrão e a média, ou seja, Var = µ em que σ é o desvio
padrão e µ a média da série cronológica em estudo, estabelecendo-se três diferentes
patamares característicos dos artigos analisados. São eles; baixa variabilidade, em que o
valor do quociente não será superior a 30%, média variabilidade para valores
compreendidos entre 30% e 60% e variabilidade elevada para valores superiores a 60%.
A tendência foi quantificada a partir da correlação entre os valores que constituem a
série cronológica e a variável tempo e pode representar-se por:
∑( x i − x )( yi − y )
ρ XY = i =1
σ XσY
em que a variável X representa os valores observados e Y a representa o tempo. A
sazonalidade foi quantificada a partir da correlação entre a série de dados original e a
mesma série desfasada de n observações. Trata-se do cálculo da auto-correlação de
séries cronológicas. Assim, ao verificar-se uma correlação forte entre as séries em
estudo sendo o desfasamento de n observações, poder-se-á afirmar que se detecta
sazonalidade de período n.
As séries analisadas conduziram à observação de vários tipos de comportamentos mas
diferenciados principalmente pela variabilidade. A tendência não apresenta qualquer
expressão sendo praticamente nula na maioria das séries. Sabendo-se que os dados das
vendas são medidos em dias, a sazonalidade, a existir, apresenta período sete, ou seja,
há uma sazonalidade semanal vincada com pico nos Sábados. Apresenta-se
seguidamente uma tabela que traduz os grupos de artigos que apresentam as mesmas
características.
Sazonalidade
Sim Não
Elevada ( Var> 0,6 ) 39% 6%
Variabilidade Média ( 0,3 < Var < 0,6 ) 36% 3%
Baixa ( Var < 0,3 ) 15% 1%
Como se pode observar pela tabela anterior, apenas 10% das séries cronológicas de
vendas não apresentam sazonalidade marcada. As restantes 90%, sendo a inexpressiva
tendência comum em todas as séries analisadas, formam diferentes patamares de
variabilidade mas com a característica da sazonalidade semanal presente em todas elas.
Em suma, apenas se podem recolher séries com e sem sazonalidade e com diferentes
patamares de variabilidade. Assim, a amostra a considerar não será tão abrangente
quanto se pretendia. No entanto, poder-se-ão testar os modelos com os comportamentos
amostrados neste estudo de caso sem que não se possa provar a robustez dos modelos
testados.
A amostra foi então recolhida dos fornecedores que têm maior peso comercial na
operação da empresa. Foi escolhido um artigo sem sazonalidade de cada fornecedor e
três artigos com sazonalidade mas com características comerciais distintas. Sendo
assim, a amostra consiste em 60 séries cronológicas analisadas em pormenor e cujos
resultados dessas análises aparecerão em tabelas reduzidas dada a elevada quantidade de
informação tratada. No entanto, proceder-se-á a um acompanhamento de todos os
passos conducentes à proposta do modelo de gestão de stocks com uma série
cronológica para que se clarifique pormenorizadamente o processo inerente à escolha do
modelo sugerido.
8.4.3. – Modelo de gestão de stocks – Modelo Misto de Dupla Verificação
(MMDV)
Nível Stock
Max
Min
Tempo
Este modelo apenas obtinha resultados razoáveis para séries de vendas correspondentes
a artigos de baixa rotação, não considerando a sazonalidade nem qualquer outro
parâmetro a não ser o valor médio das vendas do último mês. O modelo evoluiu para a
consideração do limite mínimo de stock como stock de segurança e o limite máximo
como nível máximo de stock que definia a quantidade a encomendar em períodos de
tempo predeterminados, sendo alimentado pelas previsões de vendas provenientes de
um sistema de geração de previsão e selecção do melhor modelo. A qualidade das
previsões incrementou a flexibilidade do modelo devido à possibilidade de definir os
parâmetros do modelo (nível máximo de stock e stock de segurança) através de
previsões com erros baixos e bastante próximas da realidade.
Nível Stock
Stock Segurança
Tempo
Perante uma análise pormenorizada aos custos da operação logística, notou-se que os
custos que lhe estão associados não representam um peso significativo no total do
movimento financeiro do negócio. Note-se que a mercadoria movimentada
internamente que supõe custos logísticos traduz-se numa facturação de cerca de 30
milhões de euros por ano, sendo o custo logístico total anual da operação de cerca de
500 000 euros, perfazendo uma taxa logística de 1,7% na operação. Tendo-se produzido
um relatório desta análise e apresentado pormenorizadamente à administração da
empresa, foi decidido em consonância, não entrar com os custos da operação logística,
dando-se prioridade absoluta ao serviço ao cliente, ou seja, construir um modelo que
minimize as ocorrências de rotura tanto quanto possível. No entanto, a prioridade
oferecida às roturas podia, eventualmente, gerar elevados níveis de stock e aumentar os
custos de manutenção de stock (custos de imobilização não contemplados no custo da
operação). Prevendo essa situação, assumiu-se desde o início que o modelo foi
construído prevendo a minimização dos níveis de stock e das ocorrências de rotura em
simultâneo, sendo os resultados do modelo medidos através do stock médio diário
(valor médio diário da quantidade, ou valor do stock em determinado período de tempo)
e do número médio de ocorrência de roturas por período de tempo.
d
dia i e d o número de dias associados ao período analisado.
médio de roturas por unidade de tempo. Por exemplo, a evolução do número médio de
roturas por fornecedor ou artigo por mês ou por ano.
Nomenclatura
σ
NSP L = PL ×K × em que PL representa a procura durante o tempo de entrega, K o
µ
σ
factor de segurança e µ a variabilidade da procura.
Vendas Perdidas (VP) – Este parâmetro quantifica as vendas que se poderiam efectuar
em casos de ocorrência de roturas durante o tempo de entrega. O parâmetro é
determinado através da previsão de vendas durante o tempo de entrega da mercadoria.
Ao comparar-se o nível de stock verificado no instante da colocação da encomenda com
a previsão de vendas durante o tempo de entrega, se este for inferior ao valor previsto,
corre-se então o risco de entrar em rotura antes da entrega da mercadoria. Posto isto,
para fazer face à quantidade que fica em falta, adiciona-se à encomenda o valor de VP
compensando a possibilidade de ocorrência de rotura no ciclo seguinte. Por outro lado,
se o valor previsto for inferior ou igual ao nível de stock, em princípio, não haverá
rotura porque a quantidade em stock é suficiente para responder à procura prevista.
PL − N d S s e PL > N d S
V L P=
0 s e PL ≤ N d S
em que PL representa a previsão da procura durante o tempo de entrega e NS d o
instante em que é verificado o stock para colocação de encomenda ao fornecedor.
1
( ( N Md −EN dS) + V LP+ PL ) × s e N Md >EN dS
Q dE= SL
0 s e N Md ≤EN dS
1
( ( NME d − NS d ) + VPL + PL ) × se NME d > NS d
QE d = SL
0 se NME d ≤ NS d
( PL +C − NS d ) se PL +C > NS d
QE d′ =
0 se PL +C ≤ NS d
Assim, caso a previsão de vendas para o período (L+C) seja superior ao nível de stock
no dia da verificação, há a possibilidade do sistema entrar em rotura antes da próxima
entrega de mercadoria. Logo, ao quantificar-se a diferença entre a previsão e o nível de
stock, efectua-se uma encomenda que responderá à procura no período de tempo onde,
supostamente, o sistema entraria em rotura. Apresentar-se-á um exemplo ilustrativo
mais à frente.
Tempo de ciclo – média da diferença entre os dias compreendidos entre duas entregas
consecutivas desde o início do ano comercial;
Média diária da procura – calcula-se a partir das vendas diárias nos pontos de venda
desde o início do ano comercial;
Desvio padrão da procura – calcula-se também a partir das vendas diárias nos pontos
de venda desde o início do ano comercial;
Para que melhor se entenda a aplicação do modelo, optou-se por criar um esquema onde
se descrevem os cálculos associados à determinação da quantidade de encomenda QE.
A seguinte figura ilustra claramente os cálculos efectuados pelo sistema até estabelecer
a QE.
INPUTS
σ 556 ,5
Nível Serviço (SL) = 0,95
1 NSPL = PL × K ×
µ
= 2170 × 2 ×
1050
= 2300 Unid
2 P
U
K=2
T 3 Como PL > NS d → VPL = PL − NS d = 2170 − 1829 = 341
S µ = 1050
O
σ = 556,5
U QE = ( NME d − NS d ) + VPl + PL
4 Como NME d > NS d ⇔ 9921 > 1829 T
P = ( 9921 − 1829 ) + 341 + 2170
U = 10603 Unid
T
INPUTS
O MMDV apresenta-se na figura anterior com várias entradas de dados designadas como
inputs. O primeiro input consiste no nível de stock verificado no instante em que se
pretende colocar a encomenda. O segundo fornece ao modelo os dados relativos ao
desempenho do fornecedor (nível de serviço, tempo de entrega, tempo de ciclo e factor
de segurança) e a média e desvio padrão das vendas até ao dia anterior à colocação da
encomenda. O terceiro input provém do sistema de geração de previsões e garante a
previsão de vendas para o tempo de entrega e tempo de ciclo.
A partir destes inputs são determinados os parâmetros através das equações descritas
anteriormente que conduzem às decisões sequenciais no modelo e que geram uma
quantidade a encomendar.
Os artigos de alta rotação representam cerca de 80% das vendas da empresa e são cerca
de 16% dos artigos comercializados. Nesse sentido, deu-se a maior importância a estes
artigos estudando em pormenor o seu comportamento de vendas de forma que a
respectiva gestão de stocks e compras respondesse convenientemente à procura evitando
a ocorrência de rotura e minimizando, quanto possível, os níveis de stock nas unidades
de centralização de mercadoria. A simulação que se apresenta seguidamente caracteriza
o comportamento dos níveis de stock de um artigo de alta rotação perante a utilização
do MMDV. Refira-se que cerca de 90% dos artigos de alta rotação apresentam este
comportamento de vendas. A simulação iniciar-se-á pela caracterização da série
cronológica das vendas deste artigo durante os primeiros dois meses de 2003.
Vendas Diárias Leite UHT Meio Gordo Gresso (Produto de Alta Rotação)
1700
01/02/03 (Sáb) 22/02/03 (Sáb) 29/03/03 (Sáb)
11/01/20 (Sáb) 18/01/03 (Sáb) 01/03/03 (Sáb)
08/02/03 (Sáb)
1500 25/01/03 (Sáb) 22/03/03 (Sáb)
04/01/03 (Sáb)
15/02/03 (Sáb)
15/03/03 (Sáb)
1300
1100
900
700
500
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
1-
1-
2-
3-
3-
1-
1-
1-
2-
2-
2-
3-
3-
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
02
09
16
23
30
06
13
20
27
06
13
20
27
1700
1500
1300
1100
900
700
500
02- 09- 16- 23- 30- 06- 13- 20- 27- 06- 13- 20- 27- 03- 10-
01- 01- 01- 01- 01- 02- 02- 02- 02- 03- 03- 03- 03- 04- 04-
2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003
1500
1400
1300
1200
1100
1000
900
800
700
600
500
21- 22- 23- 24- 25- 26- 27- 28- 29- 30- 31- 01- 02- 03- 04- 05- 06- 07- 08- 09- 10- 11- 12- 13- 14- 15-
03- 03- 03- 03- 03- 03- 03- 03- 03- 03- 03- 04- 04- 04- 04- 04- 04- 04- 04- 04- 04- 04- 04- 04- 04- 04-
2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003
12500
10500
8500
6500
4500
2500
500
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
3-
3-
3-
3-
3-
3-
3-
3-
3-
3-
3-
3-
3-
3-
3-
3-
4-
4-
4-
4-
4-
4-
4-
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
03
05
07
09
11
17
21
23
25
27
29
31
02
04
06
08
10
12
14
01
13
15
19
Posição Stock Stock Segurança Ponto encomenda Posição Stock (Prev) SS (Prev) PE (Prev)
Este modelo será aplicado aos artigos de alta rotação que representam cerca de 80% do
negócio, mas os restantes 20% constituem cerca de 84% da quantidade de artigos
comercializados. Nesse sentido, passa-se seguidamente, mas de uma forma mais
resumida a apresentar uma simulação de um artigo de baixa/média rotação.
Refira-se inicialmente que esta tabela é um excerto de uma tabela com catorze artigos e
três meses de vendas. No entanto, pode claramente compreender-se a agregação dos
dados de vendas. Neste caso existem três artigos com vendas muito baixas que são
somadas e dão origem a uma nova série que denuncia imediatamente um pico sazonal
(valor 11 referente às vendas totais desta família de artigos no dia 04-01-2003
(sábado)). Os valores percentuais traduzem o peso de cada artigo no valor total da série
(e.g.: o artigo 232 016 vendeu 4 unidades no dia 02-01-2003 e representa 57% do total
dos artigos da família que são 7 unidades vendidas) sendo posteriormente utilizados
para “distribuir” o valor das previsões por todos os artigos que deram origem à série das
vendas totais da família. O próximo passo será a geração de previsões apresentada no
seguinte gráfico.
60
50
40
30
20
10
0
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
03
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
1-
2-
3-
4-
1-
1-
1-
1-
2-
2-
2-
3-
3-
3-
4-
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
02
09
16
23
30
06
13
27
06
13
27
03
10
20
20
O MMDV não se apresenta como uma boa solução para itens de baixa rotação, como se
pode verificar pelo seguinte gráfico.
50
40
30
20
10
0
02- 09- 16- 23- 30- 06- 13- 20- 27- 06- 13- 20- 27-
01- 01- 01- 01- 01- 02- 02- 02- 02- 03- 03- 03- 03-
2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003
Perante esta situação tornou-se necessário procurar uma alternativa. Essa alternativa
consiste num modelo designado por MIN/MAX onde se definem um limite mínimo e
outro máximo a partir das previsões de vendas e do tempo de entrega do fornecedor. A
encomenda só se coloca ao fornecedor quando o nível de stock ultrapassa
descendentemente o limite mínimo, sendo a quantidade a encomendar definida pela
diferença entre o limite máximo e o nível de stock nesse instante. Apresenta-se
seguidamente uma simulação do modelo com os mesmos dados utilizados na simulação
do modelo MMDV.
Exemplo gráfico com um artigo de baixa rotação para modelo min/max
8.4.3.3. – Conclusão
Fase 2 – Definição dos produtos a operar – Dever-se-á produzir uma listagem dos
produtos a operar, respectivos preços e localização dos produtos nas lojas. Esta fase
deverá estar terminada seis semanas antes do início da acção;
Objectivos da acção
N egociações com fornecedores Direcção Comercial Outputs
Tendências de mercado
Painel N ielsen L istagem de produtos da acção
Definição dos produtos a
Estudos demercado L ocalização do produto na loja
operar na acção
Aposta num determinado produto Previsões de pricing
L ançamentos no mercado
Recuperação devendas
Iniciação de vendas
Inputs
Outputs
Comportamento de compra do cliente Loja
Parecer sobre os produtos definidos
N ível de destaque do produto Análisedos produtos definidos Parecer sobre o local do produto na loja
H istórico de outras acções Definição da quantidade de abertura Quantidade de abertura da acção
Tipo de publicidade da acção Previsão de vendas durante a acção Previsão vendas durante a acção
Experiência adquirida Definição das datas de entrega Datas de entrega de mercadoria
H istórico de vendas Comunicação de preços Previsão do material merchandising
Janelas entrega da loja
Fase 4 – Avaliação dos trabalhos – Análise das previsões dos pontos de venda e
reavaliação das propostas dos responsáveis das lojas para a entrada de mais produtos na
acção e/ou remoção de outros. Esta fase deverá estar concluída quatro semanas antes do
início da acção;
Inputs
Outputs
Direcção Comercial
L imitações das posições dentro da loja
Análise da série cronológica de vendas Quantidades totais para a acção
A nálise dos pareceres das lojas
Análise da tendência de vendas da loja Timings de entrega nas lojas
Reavaliação dos produtos definidos
H istórico de outras acções Timings de negociação com fornecedores
A valiação das quantidades de abertura
Análise de vendas por família Timings de entrega no armazém
A valiação das previsões devendas
N íveis de publicidade da loja Objectivos de pricing para negociação
Dimensão da loja
Inputs Outputs
Direcção Compras
Quantidades totais definidas pela DC Quantidades acordadas com fornecedores
Timings de entrega no armazém Planeamento de entrega no armazém
N egociação com fornecedores
Produtos alternativos Preços finais negociados
Objectivos de pricing Volume de mercadoria (nº paletes)
Outputs
Inputs Direcção Comercial
Quantidades de abertura atribuidas a cada loja
Definição da quantidade de abertura
Quantidades totais a entregar Quantidades limite para cada loja pedir
L imitações de stock por loja
Planeamento de entrega no armazém (conforme as previsões)
Definição de datas e horas de recepção
Janelas de entrega nas lojas Comunicação do volume de mercadoria
Comunicação do volume de mercadoria
Preços finais negociados Tabela de preços da acção
Elaboração de material de merchandising
V olume de mercadoria (nº paletes) Confirmação das janelas de entrega
M odelos dos cartazes a utilizar
Inputs A rmazém
Nota: Para uma melhor percepção do modelo como um todo apresenta-se um esquema
em formato A3 no anexo I.
Por último, resta mencionar que a implementação deste modelo reduziu quase para
valores nulos a ocorrência de roturas causadas por pedidos esporádicos das lojas para
preencher os espaços deixados livres depois das campanhas promocionais efectuadas no
âmbito da central de compras da qual a empresa é associada.