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A situação do Nordeste brasileiro, no final do século XIX, era muito precária. Fome, seca,
miséria, violência e abandono político afetavam os nordestinos, principalmente a população
mais carente. Toda essa situação, em conjunto com o fanatismo religioso, desencadeou um
grave problema social. Em novembro de 1896, no sertão da Bahia, foi iniciado este conflito
civil. Esta durou por quase um ano, até 05 de outubro de 1897, e, devido à força adquirida, o
governo da Bahia pediu o apoio da República para conter este movimento formado por
fanáticos, jagunços e sertanejos sem emprego.

O beato Conselheiro, homem que passou a ser conhecido logo depois da Proclamação da
República, era quem liderava este movimento. Ele acreditava que havia sido enviado por Deus
para acabar com as diferenças sociais e também com os pecados republicanos, entre estes,
estavam o casamento civil e a cobrança de impostos. Com estas ideias em mente, ele
conseguiu reunir um grande número de adeptos que acreditavam que seu líder realmente
poderia libertá-los da situação de extrema pobreza na qual se encontravam.

Com o passar do tempo, as ideias iniciais difundiram-se de tal forma que jagunços passaram a
utilizar-se das mesmas para justificar seus roubos e suas atitudes que em nada condiziam com
nenhum tipo de ensinamento religioso; este fato tirou por completo a tranquilidade na qual os
sertanejos daquela região estavam acostumados a viver.

Devido a enorme proporção que este movimento adquiriu o governo da Bahia não conseguiu
por si só segurar a grande revolta que acontecia em seu Estado, por esta razão, pediu a
interferência da República. Esta, por sua vez, também encontrou muitas dificuldades para
conter os fanáticos. Somente no quarto combate, onde as forças da República já estavam mais
bem equipadas e organizadas, os incansáveis guerreiros foram vencidos pelo cerco que os
impediam de sair do local no qual se encontravam para buscar qualquer tipo de alimento e
muitos morreram de fome. O massacre foi tamanho que não escaparam idosos, mulheres e
crianças.

Pode-se dizer que este acontecimento histórico representou a luta pela libertação dos pobres
que viviam na zona rural, e, também, que a resistência mostrada durante todas as batalhas
ressaltou o potencial do sertanejo na luta por seus ideais. Euclides da Cunha, em seu livro Os
Sertões, eternizou este movimento que evidenciou a importância da luta social na história de
nosso país.



: Esta revolta, ocorrida nos primeiros tempos da República, mostra o descaso dos
governantes com relação aos grandes problemas sociais do Brasil. Assim como as greves, as
revoltas que reivindicavam melhores condições de vida (mais empregos, justiça social,
liberdade, educação etc.), foram tratadas como "casos de polícia" pelo governo republicano. A
violência oficial foi usada, muitas vezes em exagero, na tentativa de calar aqueles que lutavam
por direitos sociais e melhores condições de vida.


Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904, a cidade do Rio de Janeiro viveu o que a imprensa
chamou de a mais terrível das revoltas populares da República. O cenário era desolador:
bondes tombados, trilhos arrancados, calçamentos destruídos tudo feito por uma massa de 3
000 revoltosos. A causa foi a lei que tornava obrigatória a vacina contra a varíola. E o
personagem principal, o jovem médico sanitarista Oswaldo Cruz.

A oposição política, ao sentir a insatisfação popular, tratou de canalizá-la para um plano


arquitetado tempos antes: a derrubada do presidente da República Rodrigues Alves. Mas os
próprios insufladores da revolta perderam a liderança dos rebeldes e o movimento tomou
rumos próprios. Em meio a todo o conflito, com saldo de 30 mortos, 110 feridos, cerca de 1
000 detidos e centenas de deportados, aconteceu um golpe de Estado, cujo objetivo era
restaurar as bases militares dos primeiros anos da República.

A revolta foi sufocada e a cidade, remodelada, como queria Rodrigues Alves. Poucos anos
depois, o Rio de Janeiro perderia o título de túmulo dos estrangeiros. Hoje, a varíola está
extinta no mundo todo.

Rodrigues Alves assumiu a presidência da República em 1902, no Rio de Janeiro, sob um clima
de desconfiança e com um programa de governo que consistia basicamente de dois pontos:
modernizar o porto e remodelar a cidade. Isso exigia atacar o maior mal da capital: doenças
como peste bubônica, febre amarela e varíola.

A futura Cidade Maravilhosa era, então, pestilenta. A situação era tão crítica que, durante o
verão, os diplomatas estrangeiros se refugiavam em Petrópolis, para se livrar do contágio. Em
1895, ao atracar no Rio, o contratorpedeiro italiano Lombardia perdeu 234 de seus 337
tripulantes por febre amarela.

Segundo a oligarquia paulista do café, de quem Rodrigues Alves era representante, além de
vergonha nacional, as condições sanitárias do Rio impediam a chegada de investimentos,
maquinaria e mão-de-obra estrangeira.

O projeto sanitário deveria ser executado a qualquer preço. Rodrigues Alves nomeia, então,
dois assistentes, com poderes quase ditatoriais: o engenheiro Pereira Passos, como prefeito, e
o médico sanitarista Oswaldo Cruz, como chefe da Diretoria de Saúde Pública. Cruz assume o
cargo em março de 1903: Deem-me liberdade de ação e eu exterminarei a febre amarela
dentro de três anos. O sanitarista cumpriu o prometido.

Em nove meses, a reforma urbana derruba cerca de 600 edifícios e casas, para abrir a avenida
Central (hoje, Rio Branco). A ação, conhecida como bota abaixo, obriga parte da população
mais pobre a se mudar para os morros e a periferia.

A campanha de Oswaldo Cruz contra a peste bubônica correu bem. Mas o método de combate
à febre amarela, que invadiu os lares, interditou, despejou e internou à força, não foi bem
sucedida. Batizadas pela imprensa de Código de Torturas, as medidas desagradaram também
alguns positivistas, que reclamavam da quebra dos direitos individuais. Eles sequer
acreditavam que as doenças fossem provocadas por micróbios.
1.Jacobinos e florianistas.1, que já articulavam um golpe contra o presidente Rodrigues Alves,
perceberam que poderiam canalizar a insatisfação popular em favor de sua causa: a derrubada
do governo, acusado de privilegiar os fazendeiros e cafeicultores paulistas.

Dia 31 de outubro, o governo consegue aprovar a lei da vacinação. Preparado pelo próprio
Oswaldo Cruz que tinha pouquíssima sensibilidade política, o projeto de regulamentação sai
cheio de medidas autoritárias. O texto vaza para um jornal. No dia seguinte à sua publicação,
começam as agitações no centro da cidade.

Financiados pelos monarquistas que apostavam na desordem como um meio de voltar à cena
política, jacobinos e florianistas usam os jornais para passar à população suas idéias
conspiradoras, por artigos e charges. Armam um golpe de Estado, a ser desencadeado durante
o desfile militar de 15 de novembro. Era uma tentativa de retornar aos militares o papel que
desempenharam no início da República. Mas, com a cidade em clima de terror, a parada
militar foi cancelada. Lauro Sodré e outros golpistas conseguem, então, tirar da Escola Militar
cerca de 300 cadetes que marcham armados, para o palácio do Catete.

O confronto com as tropas governamentais resulta em baixas dos dois lados, sem vencedores.
O governo reforça a guarda do palácio. No dia seguinte, os cadetes se rendem depois que a
Marinha bombardeara a Escola Militar, na madrugada anterior. No dia 16, o governo revoga a
obrigatoriedade da vacina, mas continuam os conflitos isolados, nos bairros da Gamboa e da
Saúde. Dia 20, a rebelião está esmagada e a tentativa de golpe, frustrada. Começa na cidade a
operação limpeza, com cerca de 1 000 detidos e 460 deportados.

Mesmo com a revogação da obrigatoriedade da vacina, permanece válida a exigência do


atestado de vacinação para trabalho, viagem, casamento, alistamento militar, matrícula em
escolas públicas, hospedagem em hotéis.

Em 1904, cerca de 3 500 pessoas morreram de varíola. Dois anos depois, esse número caía
para nove. Em 1908, uma nova epidemia eleva os óbitos para cerca de 6 550 casos, mas, em
1910, é registrada uma única vítima. A cidade estava enfim reformada e livre do nome de
túmulo dos estrangeiros.

Cerca de quinze tipos de moléstia faziam vítimas no Rio do início do século. As principais, que
já atingiam proporções epidêmicas, eram a peste bubônica, a febre amarela e a varíola. Mas
havia também sarampo, tuberculose, escarlatina, difteria, coqueluche, tifo, lepra, entre outras.

Para combater a peste bubônica, Oswaldo Cruz formou um esquadrão especial, de 50 homens
vacinados, que percorriam a cidade espalhando raticida e mandando recolher o lixo. Criou o
cargo de comprador de ratos, funcionário que recolhia os ratos mortos, pagando 300 réis por
animal. Já se sabia que eram as pulgas desses animais as transmissoras da doença.

Em 1881, o médico cubano Carlos Finlay havia identificado o mosquito Stegomyiafasciata


como o transmissor da febre amarela. Cruz, então, criou as chamadas brigadas mata-
mosquitos, que invadiam as casas para desinfecção com gases de piretro e enxofre. No
primeiro semestre de 1904, foram feitas cerca de 110 000 visitas domiciliares e interditados
626 edifícios e casas. A população contaminada era internada em hospitais.
Mesmo sob insatisfação popular, a campanha deu bons resultados. As mortes, que em 1902
chegavam a cerca de 1 000, baixaram para 48. Cinco anos depois, em 1909, não era registrada,
na cidade do Rio de Janeiro, mais nenhuma vítima da febre amarela.

Apesar de todos os incidentes, foi com a mesma firmeza que Oswaldo Cruz bancou a
campanha contra a varíola. Na noite de 14 para 15 de novembro, enviou a mulher e os filhos
para a casa do amigo Sales Guerra e seguiu, ele mesmo, para a casa do cientista Carlos Chagas,
que mais tarde descobriria a causa do mal de Chagas.

Em 1907, de volta de uma exposição na Alemanha, onde fora premiado por sua obra de
combate às doenças, Cruz sente os primeiros sintomas da sífilis. Envelheceu rapidamente: aos
30 anos, tinha já cabelos brancos. A sífilis causou-lhe insuficiência renal. Mais tarde, surgiram
problemas psíquicos. Os delírios se intensificaram e conta-se que muitas vezes foi visto à noite,
vagando solitariamente pelas dependências do Instituto Manguinhos, que ele próprio ajudara
a projetar, em 1903, e que receberia o nome de Instituto Oswaldo Cruz, em 1908.

Em 1916, foi nomeado prefeito de Petrópolis. A cidade, envolvida em disputas políticas, não
recebe bem a nomeação. Oswaldo Cruz morreu, em 11 de fevereiro de 1917, com uma
passeata de protesto em frente à sua casa.

O mês de novembro de 1904 pôs fogo no Rio de Janeiro

Dia 9: O jornal carioca A Notícia publica o projeto de regulamentação da lei de vacinação


obrigatória. Os termos são considerados autoritários e começa a indignação popular. No dia
10, o povo se aglomera no largo de São Francisco. Morra a polícia. Abaixo a vacina, gritam os
oradores. A multidão desce a rua do Ouvidor e, na praça Tiradentes, encontra policiais. Ao
final, quinze presos.

Dia 11: A Liga Contra a Vacina Obrigatória marca um comício no largo de São Francisco. Seus
líderes não comparecem. Mas, exaltada, a multidão recebe a polícia com pedras, paus e
pedaços de ferro da construção da avenida Central (hoje, Rio Branco). À noite, cerca de 3 000
pessoas marcham contra o Palácio do Catete, sede do governo, já cercado por tropas. Na volta,
pela Lapa, há novos confrontos. Tiros. Morre o primeiro popular.

Dia 12:Nos três dias seguintes, a cidade se transforma num campo de batalha, com barricadas
em diversos pontos. Bondes e postes são depredados. Trilhos e calçamentos, arrancados.

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Introdução
A região denominada "Contestado" abrangia cerca de 40.000 Km2 entre os atuais estados de
Santa Catarina e Paraná, disputada por ambos, uma vez que até o início deste século a
fronteira não havia sido demarcada. As cidades desta região foram palco de um dos mais
importantes movimentos sociais do país.
A formação da Região
A região do interior de Santa Catarina e Paraná desenvolveu-se muito lentamente a partir do
século XVIII, como rota de tropeiros que partiam do Rio Grande do Sul em direção à São Paulo.
No século XIX algumas poucas cidades haviam se desenvolvido, principalmente por grupos
provenientes do Rio Grande, após a Guerra dos Farrapos, dando origem a uma sociedade
baseada no latifúndio, no apadrinhamento e na violência. Após a Proclamação da República,
com a maior autonomia dos estados, desenvolveu-se o coronelismo, cada cidade possuía seu
chefe local, grande proprietário, que utilizava-se de jagunços e agregados para manter e
ampliar seus "currais eleitorais", influenciando a vida política estadual. Havia ainda as disputas
entre os coronéis, envolvendo as disputas por terras ou pelo controle político no estado.
Em 1908 a empresa norte americana Brazil Railway Company recebeu do governo federal uma
faixa de terra de 30Km de largura, cortando os 4 estados do sul do país, para a construção de
uma ferrovia que ligaria o Rio Grande do Sul a São Paulo e ao mesmo tempo, a outra empresa
coligada passaria a explorar e comercializar a madeira da região, com o direito de revender as
terras desapropriadas ao longo da ferrovia.

A Situação Social
Enquanto os latifundiários e as empresas norte americanas passaram a controlar a economia
local, formou-se uma camada composta por trabalhadores braçais, caracterizada pela extrema
pobreza, agravada ainda mais com o final da construção da ferrovia em 1910, elevando o nível
de desemprego e de marginalidade social. Essa camada prendia-se cada vez mais ao
mandonismo dos coronéis e da rígida estrutura fundiária, que não alimentava nenhuma
perspectiva de alteração da situação vigente. Esses elementos, somados a ignorância,
determinaram o desenvolvimento de grande religiosidade, misticismo e messianismo.

O Messianismo na Região
Os movimentos messiânicos são aqueles que se apegam a um líder religioso ou espiritual, um
messias, que passa a ser considerado "aquele que guia em direção à salvação". Os "líderes
messiânicos" conquistam prestígio dando conselhos, ajudando necessitados e curando
doentes, sem nenhuma pretensão material, identificando-se do ponto de vista sócio
econômico com as camadas populares. Na região sul, a ação dos "monges" caracterizou o
messianismo, sendo que o mais importante foi o monge João Maria, que teve importante
presença no final do século passado, época da Revolução Federalista (1893-95).

Durante muitos anos apareceram e desapareceram diversos "monges", confundidos com o


próprio João Maria. Em 1912 surgiu na cidade de Campos Novos, no interior de Santa Catarina,
o monge José Maria. Aconselhando e curando doentes a fama domonge cresceu, a ponto de
receber a proteção de um dos mais importantes coronéis da região, Francisco de Almeida.
Vivendo em terras do coronel, o monge recebia a visita de dezenas de pessoas diariamente,
provenientes de diversas cidades do interior. Proteger o monge passou a ser sinal de prestígio
político, por isso, a transferência de José Maria para a cidade de Taquaruçu, em terras do
coronel Henrique de Almeida, agudizou as disputas políticas na região, levando seu adversário,
o coronel Francisco de Albuquerque, a alertar as autoridades estaduais sobre o
desenvolvimento de uma "comunidade de fanáticos" na região.
Durante sua estada em Taquaruçu, José Maria organizou uma comunidade denominada
"Quadro Santo", liderada por um grupo chamado "Os Doze pares de França", numa alusãoà
cavalaria de Carlos Magno na Idade Média, e posteriormente fundou a "Monarquia Celestial".

O Confronto (1912-16)
Ao iniciar a Segunda década do século, o país era governado pelo Marechal Hermes da
Fonseca, responsável pela "Política das Salvações", caracterizada pelas intervenções político-
militares em diversos estados do país, pretendendo eliminar seus adversários políticos. Além
da postura autoritária e repressiva do Estado, encontramos outros elementos contrários ao
messianismo, como os interesses locais dos coronéis e a postura da Igreja Católica no sentido
de combater os líderes "fanáticos".
O primeiro conflito armado ocorreu na região de Irani, ao sul de Palmas, quando foi morto
José Maria, apesar de as tropas estaduais terem sido derrotadas pelos caboclos. Os seguidores
do monge, incluindo alguns fazendeiros reorganizaram o "Quadro Santo" e a Monarquia
Celestial; acreditavam que o líder ressuscitaria e o misticismo expandiu-se com grande rapidez.
Os caboclos condenavam a república, associando-a ao poder dos coronéis e ao poder da Brazil
Railway.

No final de 1913 um novo ataque foi realizado, contando com tropas federais e estaduais que,
derrotadas, deixaram para trás armas e munição. Em fevereiro do ano seguinte, mais de 700
soldados atacaram o arraial de Taquaruçu, matando dezenas de pessoas. De março a maio
outras expedições foram realizadas, porém sem sucesso.
A organização das Irmandades continuou a se desenvolver e os sertanejos passaram a Ter uma
atitude mais ofensiva. Sua principal líder era uma jovem de 15 anos, Maria Rosa, que dizia
receber ordens de José Maria. Em 1° de setembro foi lançado o Manifesto Monarquista e a
partir de então iniciou-se a "Guerra Santa", caracterizada por saques e invasões de
propriedades e por um discurso que vinculava pobreza e exploração à República.
A partir de dezembro de 1914 iniciou-se o ataque final, comandado pelo General Setembrino
de Carvalho, mandado do Rio de Janeiro a frente das tropas federais, ampliada por soldados
do Paraná e de Santa Catarina. O cerco à região de Santa Maria determinou grande
mortalidade causada pela fome e pela epidemia de tifo, forçando parte dos sertanejos a
renderem-se, sendo que os redutos "monarquistas" foram sucessivamente arrasados.
O último líder do Contestado foi Deodato Manuel Ramos foi preso e condenado a 30 anos de
prisão, tendo morrido em uma tentativa de fuga.
Depois de 4 anos de perseguições e de grande mortalidade, o movimento da região do
Contestado foi desfeito, a fronteira entre os estados foi demarcada e consolidou-se o poder
dos latifundiários no interior.


A Revolta da Chibata foi um importante movimento social ocorrido, no início do século XX, na
cidade do Rio de Janeiro. Começou no dia 22 de novembro de 1910.

Neste período, os marinheiros brasileiros eram punidos com castigos físicos. As faltas graves
eram punidas com 25 chibatadas (chicotadas). Esta situação gerou uma intensa revolta entre
os marinheiros.

Causas da revolta

O estopim da revolta ocorreu quando o marinheiro Marcelino Rodrigues foi castigado com 250
chibatadas, por ter ferido um colega da Marinha, dentro do encouraçado Minas Gerais. O
navio de guerra estava indo para o Rio de Janeiro e a punição, que ocorreu na presença dos
outros marinheiros, desencadeou a revolta.

O motim se agravou e os revoltosos chegaram a matar o comandante do navio e mais três


oficiais. Já na Baia da Guanabara, os revoltosos conseguiram o apoio dos marinheiros do
encouraçado São Paulo. O clima ficou tenso e perigoso.

Reivindicações

O líder da revolta, João Cândido (conhecido como o Almirante Negro), redigiu a carta
reivindicando o fim dos castigos físicos, melhorias na alimentação e anistia para todos que
participaram da revolta. Caso não fossem cumpridas as reivindicações, os revoltosos
ameaçavam bombardear a cidade do Rio de Janeiro (então capital do Brasil).

Segunda revolta

Diante da grave situação, o presidente Hermes da Fonseca resolveu aceitar o ultimato dos
revoltosos. Porém, após os marinheiros terem entregues as armas e embarcações, o
presidente solicitou a expulsão de alguns revoltosos. A insatisfação retornou e, no começo de
dezembro, os marinheiros fizeram outra revolta na Ilha das Cobras. Esta segunda revolta foi
fortemente reprimida pelo governo, sendo que vários marinheiros foram presos em celas
subterrâneas da Fortaleza da Ilha das Cobras. Neste local, onde as condições de vida eram
desumanas, alguns prisioneiros faleceram. Outros revoltosos presos foram enviados para a
Amazônia, onde deveriam prestar trabalhos forçados na produção de borracha.

O líder da revolta João Cândido foi expulso da Marinha e internado como louco no Hospital de
Alienados. No ano de 1912, foi absolvido das acusações junto com outros marinheiros que
participaram da revolta.

Conclusão: podemos considerar a Revolta da Chibata como mais uma manifestação de


insatisfação ocorrida no início da República. Embora pretendessem implantar um sistema
político-econômico moderno no país, os republicanos trataram os problemas sociais como
͞casos de polícia͟. Não havia negociação ou busca de soluções com entendimento.
c 

Na história dos trabalhadores brasileiros um movimento ocorrido em São Paulo no ano de


1917 foi fundamental para que conquistassem um mínimo de respeito dentro das fábricas. A
c!c  representou toda a insatisfação acumulada dos trabalhadores nas
primeiras décadas da república brasileira, guiados inicialmente pela ideologia anarquista,
mostraram-se capazes de se organizarem em prol das suas vontades.

Nas primeiras décadas do século XX o Brasil aumentou suas exportações. Em decorrência


especialmente da Primeira Grande Guerra Mundial, o país passou a exportar grande parte dos
alimentos produzidos para os países da Tríplice Entente. A partir de 1915 a ocorrência dessas
exportações afetou o abastecimento interno de alimentos, causando elevação dos preços da
pequena quantidade de produtos disponíveis no mercado. Embora o salário subisse, o custo de
vida aumentava de forma desproporcional, deixando os trabalhadores em más condiçõespara
sustentar suas famílias e fazendo com que as crianças precisassem trabalhar para
complementar as rendas domésticas.

Em 1906 os trabalhadores já haviam se organizado para fundar a


"#
$%&
& & por iniciativa dos sindicatos do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul,
Pernambuco e Bahia. Era então um dos marcos mais importantes dos trabalhadores, mas a
conjuntura vivida em 1917 geraria um movimento muito mais amplo. O primeiro grande
movimento grevista da história sindical brasileira teve início na cidade de São Paulo nas
fábricas têxteis. Iniciado no mês de junho nos bairros da Moca e Ipiranga, a greve estourou nas
fábricas têxteis do Contonificio Rodolfo Crespi. Rapidamente a adesão foi aumentando
passando pelos estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, pelos servidores públicos e
diversos órgãos que congregavam os trabalhadores. Devido a grande presença de imigrantes,
sobretudo os italianos, a ideologia anarquista marcou o tom inicial das reivindicações, que de
modo geral exigiam melhores salários e condições de trabalho.

Por toda a República Velha os governos oligárquicos lidavam com as questões sociais como
casos de polícia, tomando medidas arbitrárias que envolviam prisões, torturas e expulsão dos
estrangeiros do Brasil. Foi o que aconteceu. Em meio a uma manifestação no dia 9 de julho a
repressão da polícia acabou causando a morte de um jovem anarquista espanhol chamado
'
()& *. A indignação de sua morte fez com que o velório do jovem assassinado fosse
acompanhado por uma multidão e ampliasse o movimento dos trabalhadores. Os
trabalhadores entraram em greve, mais de 70 mil pessoas aderiram ao movimento
transformando São Paulo em um campo de batalha, com armazéns saqueados, veículos e
bondes incendiados e até barricadas nas ruas.

Foi organizado o 
+&,"
%& para defender a greve, tendo - 
.
como um de sues principais líderes. O Comitê juntamente com ligas e corporações operárias
apresentou no dia 11 de julho suas reivindicações: liberdade aos presos em decorrência da
greve; direito de associações para os trabalhadores; que os trabalhadores não fossem
demitidos por envolvimento com a greve; abolição do trabalho para menores de 14 anos; sem
trabalho noturno para os menores de 18 anos; abolição do trabalho noturno feminino;
aumento entre 25% e 35% nos salários; pagamento dos salários a cada 15 dias; garantia de
trabalho permanente; jornada de oito horas e semana inglesa e aumento de 50% em todo
trabalho extraordinário.

Desesperados, os patrões concederam o aumento imediato aos seus funcionários e se


comprometeram a estudar as demais exigências. Os patrões passaram a ter que levar em
consideração a decisão dos empregados, o que consagrou a grande vitória do movimento
grevista. Mesmo assim, alguns movimentos permaneceram espalhados pelo Brasil até 1919.

Até a Greve de 1917 a ideologia anarquista dominava o pensamento dos trabalhadores no


Brasil, o movimento foi importante também para causar a migração da ideologia anarquista
para a socialista, além de amadurecer o movimento sindical. Logo após a greve, em 1921, foi
criado o  

+ &
&
' &
que deu as bases para a fundação do &


+ && &
em 1922.

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