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] Kant (filosofia
transcendental.)
pensamento a posteriori – empirismo
alguns instintos básicos, dentre eles: fome, rejeição a certas substâncias, curiosidade, fuga, luta,
sexo, instinto maternal/paternal, agregação, auto-afirmação, construção, aquisição, curiosidade,
migração, conforto, etc. Infelizmente a teoria de Mc Dougall, bem como outras teorias do instinto
não apontam como os organismos adquirem os instintos.
Edward Chase Tolman (1886-1959) trata a motivação como comportamento
intencional em direção à uma meta. A base da psicologia de Tolman é a intenção. Tolman concebeu
o comportamentalismo intencional para dar forma empírica aos processos não observáveis que
dirigem o comportamento de um organismo para algum alvo. Ele sugeria que as causas iniciadoras
do comportamento consistem em cinco variáveis independentes: os estímulos ambientais (S), os
impulsos fisiológicos (P), a hereditariedade (H), o treinamento prévio (T) e a idade (A). O
behaviorismo como propósito se assemelha ao behaviorismo watsoniano e analítico-funcional, pois
em todos o objeto de estudo são os organismos, as condições ambientais, o comportamento
manifesto, mas se diferem na maneira de analisar e interpretar os dados. Tolman difere de Watson,
por exemplo, pois o primeiro não se preocupava com unidades elementares de comportamento, as
atividades dos nervos, músculos e glândulas, ou seja, o nível de análise molecular do
comportamento.
Dando continuidade a evolução das várias acepções do conceito de motivação, este
termo foi definido como um impulso (drive) na teoria do behaviorista metodológico Clark Leonard
Hull (1884-1952) na década de 50. Clark Hull talvez seja o psicólogo que mais se dedicou aos
problemas inerentes ao método científico. Estudava o comportamento com cálculos, métodos
matemáticos, lógica formal, tudo em busca da precisão do comportamento. Para Hull, o impulso
(drive) serve para que o organismo busque se adaptar biologicamente a condições ambientais
específicas diminuindo um estado de necessidade. A teoria de Clark Hull é fisiológica e está
relacionada a adaptação do organismo no ambiente (ambientes em condições ótimas = organismo
bem adaptado) e para se engajar em uma adaptação é necessário motivação. Hull citava a força do
hábito como sendo uma persistência do comportamento em função do reforço (condicionamento), e
neste sentido, drive é um motor que impulsiona o hábito. Para ele, o reforço é importante, mas
sozinho ele não é nada, sendo necessário o impulso para energizar o organismo.
Na década de 30, Hull produziu vários artigos sobre o condicionamento. Achava que
a psicologia comportamental deveria descrever as leis que regem o comportamento automático. As
leis estão controladas por princípios e esses são precisos. Criou vários postulados sobre a teoria do
comportamento: conexões de estímulo-resposta não condicionadas, sendo que o indivíduo tem um
preparo orgânico evolutivo para estabelecer essa relação (reflexos), ou seja, tem tendências inatas
(aparato biológico) para estabelecer respostas não aprendidas; a recepção de estímulos depende da
intensidade, do limiar e do tempo deste estímulo; reforço primário; formação de hábito; motivação
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pode-se perceber que as várias acepções que o termo motivação passou, e ainda passa, é um reflexo
da variedade de pensamentos e abordagens sobre o comportamento, um objeto muito complexo,
mas possível de ser estudado.
Por muito tempo, a variável motivacional foi deixada de lado pela Psicologia,
principalmente pelos analistas do comportamento. Ela não foi estudada como uma variável
independente ao longo dos anos, e por isso não há muitos estudos. Um dos fatores que mais
contribuíram para o “adormecimento” da motivação como variável independente foi o fato de que a
análise do comportamento tinha outros interesses, como por exemplo, os esquemas, os quais
possuem um grande corpo de pesquisas.
Diferentemente de modelos mediacionais, a causa do comportamento para os
analistas do comportamento não está no interno da pessoa. As causas do comportamento estão fora
do organismo, mas não significa que o interno não possa ser estudado. Os estímulos ambientais são
importantes pois atuam na conseqüência e evocam respostas que no passado tenham sido
reforçadoras. Para os analistas do comportamento, a propriedade do objeto de ser reforçador não é
perene, a função é momentânea.
Atualmente, a motivação na análise do comportamento é entendida em termos de
operações estabelecedoras (EO). Podemos começar a mencionar sobre EO citando Clark Hull uma
vez que este atentava para a importância de se estudar as variáveis antecedentes (a experiência
passada) e conseqüentes do comportamento. Entretanto, quando Hull mencionou o impulso (drive)
como um constructo teórico para a explicação da motivação, não contribuiu para a análise funcional
da mesma.
Keller e Schoenfeld (1950) não utilizam o termo operações estabelecedoras, mas
assumem que existe uma variável que foi estabelecida como reforço e que evoca comportamentos
antes reforçados. Essa variável deve ser estudada, pois as respostas dos organismo não são
controladas apenas pelo reforçamento. Neste sentido, Keller e Schoenfeld contribuem para a
história do conceito de motivação ao chamar atenção para o estudo deste fenômeno como uma
variável independente e enfatizam que os dados devem ser experimentalmente verificáveis para
explicar as causas do comportamento. Descaracterizam a questão do impulso interno e combatem a
formulação de Hull sobre a variável interveniente. Pelo Zeitgeist da época, ainda falam de
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motivação usando o termo impulso. Para Keller e Schoenfeld, os eventos internos que acompanham
os estímulos externos são estímulos discriminativos (e não impulso como para Clark Hull).
Skinner (1953) contribui muito para o método e, conseqüentemente para a análise
experimental do comportamento. Não define psicologia como ciência que estuda o comportamento,
mas sim que estuda relações funcionais. Para ele, o que é importante é descrever o comportamento,
as circunstâncias nas quais o comportamento ocorre. Também usa o termo impulso (drive). Para
Skinner, o estímulo discriminativo eram estímulos antecedentes e não impulso.
Millenson (1967) identifica o conceito de drive como um meio para se falar de certas
operações de impulso que estabelecem o reforço. As operações que estabelecem reforçadores
(drives operations) são a saciação, que reduz ou elimina o valor reforçador, e a privação, que
aumenta o valor reforçador. Vale frisar que, para Millenson, o impulso é a relação entre uma
operação de estabelecimento do reforçamento e o valor reforçador de uma classe de estímulos. Não
é causa de comportamento. A mensuração dos impulsos será realizada pela medida dos efeitos
comportamentais dos estímulos quando contingentes a respostas operantes.
Jack Michael (1982, 1993, 2000) recupera o conceito apresentado por Keller e
Schoenfeld, e inclui um tipo de variável motivacional que é a condicionada. Michael define
operações estabelecedoras como sendo mudanças em um evento ambiental ou condição de
estímulos que afetam o organismo alterando momentaneamente a efetividade de algum objeto ou
evento como reforçador, e simultaneamente altera a freqüência da ocorrência de parte do repertório
do organismo relevante a esses eventos. Neste sentido, Michael categoriza as operações em função
do seu efeito: efeito estabelecedor do reforço e efeito evocativo da resposta. Essa definição foi
refinada em 2000, e neste mesmo ano, Michael aponta o amplo campo das aplicações das EOs.
Jack Michael (1963) categoriza nove tipos de EOs: aumento e diminuição da
temperatura ambiental abaixo de condições adaptativas e aumento ou diminuição da privação ou
saciação de estimulação aversiva, atividade sexual, água, alimento, atividade, oxigênio e sono.
Jack Michael classifica as EOs em dois tipos: incondicionada e condicionada. As
incondicionadas variam de espécie para espécie e são determinadas filogeneticamente. As
condicionadas variam de acordo com a história ontogenética de cada organismo. Vale ressaltar que
ambos os tipos são aprendidos.
As operações condicionadas se dividem em:
a) substitutas, nas quais eventos neutros antecedem operações estabelecedoras
incondicionadas ou condicionadas, e assim, esse estímulo neutro adquire uma
função motivacional. Esta ainda não foi comprovada de forma empírica.
b) reflexivas, nas quais um estímulo neutro é emparelhado com um estímulo
aversivo. A remoção da própria operação é reforçadora.
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o segundo efeito das EOs que é evocar respostas eficazes em obter o objeto reforçador. O efeito
evocativo, efeito que altera a freqüência da resposta, evoca comportamentos que foram reforçados
pela diminuição ou eliminação do calor: tomar banho, tomar água, ir ao clube tomar banho de
piscina, tomar um picolé, ficar à sombra de uma árvore, ‘tirar a roupa’, dentre outros
comportamentos que dependem da história de vida de cada organismo.
No experimento clássico do medo como impulso aprendido realizado por Neal Miller
(1948) um rato é colocado em uma caixa com dois compartimentos, um claro e outro escuro. Para o
rato, fugir do compartimento claro, que dá choque, para o compartimento escuro no qual o rato não
leva choque é reforçador. Ser colocado no compartimento claro, após este lugar ter sido
emparelhado com o choque, elicia respostas de medo no rato. Logo, qualquer sugestão, qualquer
dica do ambiente (compartimento escuro), que adquira a propriedade de parar a resposta de medo, e
consequentemente reduzir ou eliminar o forte estímulo que produz medo (choque no compartimento
claro), servirá como reforço para o organismo amedrontado.
No experimento acima explicitado, Miller demonstra a resposta de esquiva
condicionada; qualquer resposta antecipatória que cesse, que termine a estimulação aversiva é
reforçadora. Essa resposta antecipatória é diferente da resposta que evocou o estímulo aversivo. No
experimento de Miller, as dicas no compartimento branco evocam respostas para evitar o medo. O
compartimento preto reduz as respostas de medo.
Os estudos de Miller sobre o medo condicionado estão relacionados a operação
estabelecedora condicionada reflexiva. Conforme foi descrito na questão 2.1., as EOC reflexivas,
são àquelas nas quais um estímulo neutro é emparelhado com um estímulo aversivo e a remoção da
própria operação é reforçadora.
Nas EOCs reflexivas é importante conhecer as dicas que o meio proporciona e
aprender a tatear essas dicas é mais importante ainda. Quando a situação é bem definida, a
organismo aprende a resposta para sair da situação e, assim, remover, fugir ou minimizar a situação
aversiva. Entretanto quando as dicas são difusas acontecem a ansiedade e os medos irracionais.