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“Língua Portuguesa e Integração”: Convergências

Elisabete Afonso
E. S. Dr. Jaime Magalhães Lima – Aveiro/Portugal

Cabe-me, neste momento, traçar em linhas muito gerais uma síntese dos trabalhos
apresentados durante este seminário.

Tivemos, neste dia, uma pluralidade de enfoques convergindo para uma mesma
problemática: LÍNGUA PORTUGUESA E INTEGRAÇÃO.
Aqui se convocaram diferentes ângulos de abordagem – das ciências às vivências –, modos
de pensar uma realidade complexa e de encontrar fundamentos em que assente uma intervenção
educativa no domínio do Português Língua Não Materna.
Pudemos compreender, com a síntese apresentada pelo Prof. Jorge Arroteia, a vertente
sociológica do problema, acompanhando a dinâmica das migrações internacionais e as
particularidades de que este fenómeno se reveste, no contexto português.
Da caracterização sociológica de um país que só recentemente se (re)descobre destino de
imigração partiu-se para um novo enfoque.
Desta vez, com a intervenção da Prof.ª Maria José Grosso, a atenção centrou-se nas
populações imigradas enquanto falantes da língua do país de acolhimento e pudemos acompanhar a
sua reflexão sobre as competências desses ‘utilizadores elementares’, aprendentes da LP, cuja
Didáctica actualmente se questiona e se constrói.
A sistematização da investigação sobre representações de Aprendentes de três das
comunidades imigrantes de maior relevância no nosso país (as comunidades ucraniana, chinesa e
cabo-verdiana) foi apresentada por um grupo de investigadoras da UA: Ana Amaral, Ana Luísa
Oliveira, Rosa Faneca, Teresa Ferreira e Zilda Paiva.
Para a caracterização destes novos públicos de aprendentes de Português Língua Não
Materna, identificaram estratégias de aprendizagem a que mais frequentemente recorrem e
correlacionaram a importância por eles atribuída à LP e os seus percursos de integração.
Evidenciaram, também, as principais dificuldades linguísticas sentidas por estes falantes: a
concordância das formas verbais e formação dos tempos dos verbos, a utilização da preposição, a

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estrutura da frase e a pronúncia – aspectos relativamente aos quais os professores de Português (em
contexto formal e não formal) devem estar atentos.
Também a comunicação de Iana Pliássova nos trouxe um contributo importante, analisando
o domínio da Língua Portuguesa por parte de alguns dos imigrantes ucranianos e apontando razões
para os principais obstáculos que surgem a essa aquisição/aprendizagem.
Passámos, depois, à escuta de discursos na 1ª pessoa – os testemunhos de Mai Ran e Vilena
Yehorova que nos trouxeram, nos seus distintos percursos de aprendizagem da LP, o seu saber de
‘vivências’ feito.
Das reflexões sobre formas de aprendizagem da LP por não nativos, passou-se, por último,
na intervenção da Profª Maria do Socorro Pessoa, à consideração de políticas linguístico-culturais,
temática de importância central face ao acentuado plurilinguismo existente, ressaltando-se nessa sua
intervenção, quer a importância da Educação Linguística na Formação de Professores, quer a
responsabilidade que à Escola cabe, enquanto espaço privilegiado de construção da integração
social.
Finalmente, julgo oportuna uma palavra de agradecimento à coordenadora do Projecto
Aproximações à Língua Portuguesa: atitudes e discursos de não nativos residentes em Portugal, a
Profª Maria Helena Ançã, pelo contributo trazido para a compreensão de uma realidade que nos
interpela enquanto cidadãos e nos exige, enquanto professores, a procura de formas de agir que
possibilitem caminhos (mais felizes) de integração.

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