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O CUIDADO HUMANIZADO PARA PACIENTES

PSIQUIÁTRICOS EM HOSPITAL GERAL

THE HUMANIZED CARE OF PSYCHIATRIC PATIENTS


IN GENERAL HOSPITALS

Jacqueline Fátima Trevisan


Psicóloga
Eugélia Wolmann
Enfermeira
Edmundo Berni Reategui
Médico Clínico Geral

Instituição: Hospital dos Trabalhadores de Ronda Alta


Fone: (54) 364 14 96
E-mail: atra@mksnet.com.br

RESUMO ABSTRACT
O projeto de humanização do Hospital dos Trabalhadores de The humanization project of the Hospital dos
Ronda Alta - RS teve início em outubro de 2003, e visa a atender Trabalhadores, from Ronda Alta - RS, began in October
diversos tipos de transtornos psíquicos, como esquizofrenia, 2003 and it aims at caring many kinds of psychic disorder,
retardo mental, depressão, dependência alcoólica e química, as schizophrenia, mental retardation, depression, alcohol
entre outros. O motivo para desenvolvermos este trabalho é and drug addiction, among others. This work aims at
amenizar o sofrimento psíquico dos pacientes através da mitigating the patients' psychic suffering by associating
associação de procedimentos, que envolvem, de um lado, a procedures, which involve on one side, the medication
ação medicamentosa, a fim de modular certas respostas, e, de action in order to modulate certain responses, and on the
outro, a psicoterápica que procura orientar os pacientes sobre other, the psychotherapy which aims at orientating the
como lidar com seu "problema". Além disso, através da patients on how to treat his/her "problem". Besides,
psicoterapia e dinâmicas de grupo, procuramos indagar o por through the psychotherapy and group dynamics, we try
que das respostas diferentes, dos medos, angústias, sentimentos to ask the reason of different responses, the fears; anxiety,
negativos e relacioná-los com o mundo externo. Entendemos negative feelings and relate them with the external world.
que o tratamento deve contribuir para o bem-estar físico e We know that the treatment shall contribute to the
psicológico do paciente - espírito e corpo, inteligência, patient's physical and psychological well-being - spirit and
sensibilidade, responsabilidade pessoal, entre outros. body, intelligence, sensibility, personal responsibility, among
Acreditamos que todo ser humano deve ser preparado para others. We believe that every human being shall be
elaborar pensamentos autônomos e críticos, como também prepared to have autonomous and critical thoughts, as well
formular os seus próprios juízos de falar, decidir por si mesmo, as to formulate his own speaking judgments , to make his
bem como o seu modo de agir nas diferentes circunstâncias own decisions, as well as his way of acting in the different
de vida. Podemos dizer que já estamos colhendo "bons frutos" life circumstances. We can say that we have already been
através do nosso trabalho e empenho com estes pacientes, taking the credits with our work and pledge with these
pois obtivemos um resultado satisfatório, com um índice de patient, because we have already obtained a satisfactory
82,99% de êxito nos tratamentos, mostrando que, por ser result -a rate of 82.99% of success with the treatments,
uma idéia nova, tem dado resultados positivos. showing that as new idea, it has been giving positive results.

PALAVRAS-CHAVE KEY WORDS


Humanização, assistência ao paciente, saúde mental. Humanization, patient care, mental health.
106| JACQUELINE TREVISAN; EUGÉLIA W OLMANN; EDMUNDO R EATEGUI

INTRODUÇÃO sociadas ao tratamento do paciente psiquiátri-


co, já estão revelando resultados positivos, pro-
Sabemos que se faz necessário, em nosso porcionando suporte essencial para o alcance
meio, romper paradigmas em “saúde mental”, eficaz do tratamento.
criar uma nova cultura, sem utopias, minimizan- A nossa idéia de cuidado humanizado tem
do a exclusão decorrente das desigualdades so- como base, estabelecer, com o paciente, uma
ciais e econômicas e, desta forma, buscar a rein- relação pessoal e subjetividade na hora do aten-
serção do indivíduo na sociedade. dimento individual, sendo que estes pacientes são
O Hospital dos Trabalhadores de Ronda encaminhados/estimulados tanto para trabalhos
Alta – RS, construído na década de 90, após individuais quanto em grupos, que são geralmen-
um incêndio, atua a nível municipal e regional, te formados por pessoas com patologias e expe-
e, preocupa-se com a socialização dos pacien- riências de vida semelhantes, o que facilita a tro-
tes, fazendo, deste município, referência em tra- ca de idéias e o fortalecimento da auto-estima.
tamento psiquiátrico. Essa instituição vem de- Para isso, disponibilizamos, aos nossos pacientes,
senvolvendo, desde outubro de 2003, uma rela- um centro de diagnóstico moderno e uma equi-
ção de troca de experiências e serviços a paci- pe de profissionais preparados.
entes psiquiátricos, sendo pioneira neste tipo de Através desta estratégia, foi possível perce-
prática. Por meio do projeto de humanização, o ber uma melhora significativa no que tange ao
Hospital vem ampliando o atendimento a diver- cuidado com o usuário, bem como demonstrar
sos tipos de transtornos psíquicos, como esqui- que “ainda” podemos oferecer serviço público
zofrenia, retardo mental, dependência alcoólica e gratuito, com qualidade e eficiência, uma vez
e química, entre outros. Graças a uma parceria que o atendimento se dá pelo SUS. Esperamos
com as Secretarias de Saúde e do Sistema Único que a implementação dos resultados possa con-
de Saúde (SUS), os pacientes recebem atendi- tribuir para ajudar no tratamento e no futuro
mento exclusivo e gratuito. Essa parceria possi- destes pacientes.
bilita um novo modelo de “saúde mental”, com Diante disso, acreditamos que nós, profis-
ênfase no ato de humanizar. Pequenos agricul- sionais de saúde, possamos contribuir para a
tores, com baixa escolaridade e baixíssimo po- promoção do cuidado humanizado. Porém, te-
der aquisitivo, na faixa etária de 20 a 60 anos, mos que ter domínio teórico e prático, a fim de
são o público alvo. desenvolvermos um trabalho construtivo, no
Neste contexto, ações, que envolvem cui- sentido de proporcionar às pessoas bem-estar
dado médico, de enfermagem e psicológico as- e qualidade de vida.

BOLETIM DA SAÚDE | PORTO ALEGRE | VOLUME 18 |NÚMERO 2 | JUL./DEZ. | 2004


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OBJETIVOS Convém lembrar que as ações desenvolvi-


das visam a manter os pacientes informados no
Objetivo geral que diz respeito às novidades que surgem na área
de dependência e/ou algum transtorno psíqui-
Reinserção e socialização do paciente psi- co, apoio e acompanhamento que fazem parte
quiátrico na família e na sociedade. do processo de humanização com familiares
orientando sobre diagnóstico, tratamento e
Objetivos específicos prognóstico. A realização de encontros de pre-
venção, diálogo com resgate de valores e de in-
– Proporcionar tratamento eficiente de clusão social, bem como a criação de um nível
transtornos psíquicos com técnicas e de consciência exata de suas posições na socie-
métodos alternativos; dade, constituindo-se em uma etapa crítico-re-
– Proporcionar ao paciente a oportuni- flexiva da proposta.
dade de se integrar em um ambiente Após a alta hospitalar, os pacientes são en-
acolhedor e familiar; caminhados com seus respectivos pedidos de aju-
– Promover diálogos que possibilitem to- da (pessoais, por correspondência, telefone, e-mail)
mada de decisões e atitudes positivas; para seus devidos municípios, que normalmente
– Oportunizar a auto-avaliação e a me- se responsabilizam e se comprometem com os
lhora da auto-estima. usuários, apoiando seu tratamento. Desta forma,
trabalhamos a contra referência na alta hospitalar,
com o propósito de dar continuidade ao tratamen-
METODOLOGIA to dos pacientes em suas comunidades/cidades.

A metodologia utilizada baseou-se em


práticas alternativas como leituras, reflexões, RESULTADOS
encontros e discussões, trabalhos com jornais
e revistas, filmes educativos, a fim de viabili- O público, que já foi, ou está sendo atendi-
zar e proporcionar um tratamento humaniza- do, corresponde a um total de 241 pacientes,
do e diferenciado aos pacientes. sendo que, 82,99% destes tiveram uma reso-
Além destas atividades, os pacientes par- lutividade positiva no seu prognóstico. Estes dados
ticipam de atividades sociais, como
participação nas missas da comuni-
dade, práticas esportivas com pro-
fissionais voluntários da área de
educação física, atividades de mani-
cure, pedicure, cabelereiro, realiza-
das por profissionais voluntários,
normalmente uma vez por semana.
Além disso, os pacientes dispõem
de um pátio, onde podem dialogar,
jogar, “matear”, entre outras ativi- FIGURA 1: ÍNDICE DE RESOLUTIVIDADE DOS TRATAMENTOS REALIZADOS NESTA
INSTITUIÇÃO
dades.

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foram conseguidos através de informações sobre


as internações e reinternações, sendo estas feitas
por telefone aos seus respectivos municípios.

CONCLUSÃO

Esperamos que este projeto e a imple-


mentação de seus resultados possam contri-
buir para ajudar no tratamento e no futuro
destes pacientes.
Diante disso, acreditamos que nós, profis-
sionais da saúde, possamos contribuir para a pro-
moção do cuidado humanizado. Porém, temos
que ter domínio teórico e prático, a fim de de-
senvolvermos um trabalho construtivo, no sen-
tido de proporcionar às pessoas bem-estar e
qualidade de vida.

REFERÊNCIAS

FRILLEN, Silvino José. Exercícios práticos de dinâmica de


grupo. 24.ed. Petrópolis: Vozes, 1997.
. Exercícios práticos de dinâmica de grupo.
25.ed. Petrópolis: Vozes,1997.
. Janela de Johari: exercícios, vivências de dinâ-
mica de grupo, relações humanas. 19. ed. Vozes, 2002.
MENEZES, Mara Silvia Carvalho. O que é o amor exi-
gente. 21. ed. São Paulo: Loyola, 1999.
ROBERTO, Clarice Sampaio et al. Drogas e trabalho: uma
proposta de intervenção nas organizações. Psicologia:
Ciência e Profissão. Brasília, v.22, n.1, p.18-29, 2002.
ROSSI, Ana Maria. Estressado, eu? Porto Alegre: RBS,
2004.
SILVEIRA, Dartiu Xavier. Um guia para família. Brasília:
Secretaria Nacional Antidrogas, 2000. 36 p.

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