Matéria de Direito Municipal (Optativa) - preparada por Fernando Furlani [6º T] com base nas aulas do 6º Semestre de Direito
(Mackenzie) em 2006 1
DIREITO MUNICIPAL
ou
DIREITO URBANÍSTICO
(Disciplina Optativa da Faculdade de Direito da UPM)
2006
Anotada por Fernando Furlani
com base nas aulas do 6º semestre em 2006
Mackenzie
SUMÁRIO DA MATÉRIA:
DIREITO URBANÍSTICO........................................................... 4
1. Noções Fundamentais ......................................................... 4
BENS E SERVIÇOS PÚBLICOS MUNICIPAIS......................... 6
BENS E SERVIÇOS PÚBLICOS MUNICIPAIS......................... 6
POLÍTICA URBANA .................................................................. 7
POLÍTICA URBANA .................................................................. 7
PLANEJAMENTO URBANÍSTICO............................................ 8
INFRA-ESTRUTURA URBANA ................................................ 9
PLANO DIRETOR - Lei 13.430/02 ............................................ 9
exercícios para a primeira prova .......................................... 10
O Direito de Construir............................................................ 10
Princípios informadores das licenças urbanísticas ........... 11
Espécies de Licenças Edilícias............................................. 11
Controle POSTERIOR ............................................................ 12
Prazos das Licenças: validade e caducidade...................... 12
ORDENAÇÃO DO SOLO ........................................................ 12
Finalidade................................................................................ 12
Solo Urbano ............................................................................ 12
Solo Rural ............................................................................... 13
Aproveitamento Compulsório do Solo Urbano ................... 13
Desapropriação ...................................................................... 14
===============================================
FURLANI TRADUÇÕES
Traduções juramentadas em todas as línguas
Fernando Furlani
Tel.: (11) 9770-6800
furlani.tradutor@gmail.com
===============================================
Veremos em nosso curso os direitos e deveres inerentes aos
Municípios, como eles estão organizados, e finalmente
veremos a questão da política urbana, que é a maior parte
deste curso.
Trata-se de um conceito de interpretação sistemática da CF,
posto que a base do sistema jurídico é a CF.
Dentro do conceito de Estado brasileiro, temos alguns
princípios que estão na constituição.
O Brasil é uma federação, e essa federação implica em
algumas características, quais sejam:
- Separação em Estados da Federação
- Descentralização de poder e governo
- Capacidade de os Estados Federados se autogovernarem,
mas sempre subordinados à centralização do Governo como
um todo
- A capacidade de governar depende de dinheiro, a ser
arrecadado, portanto: Repartição das Competências
Tributárias
- Repartição das receitas arrecadadas pelo poder central
- Entes federados: União, Estados, Municípios, e Distrito
Federal.
Território é "ente descentralizado da União"; não é ente
federado.
Município sim, é ente federado.
Na repartição de competências, está o conceito de que o
poder não se subdivide, posto que ele é único; o que se
subdividem são as competências, numa "distribuição de
competências" ou "separação de funções".
No âmbito dos Municípios, só não temos o Poder Judiciário,
já que Poder Executivo e Legislativo temos. Significa que os
municípios não têm uma estrutura de Poder Judiciário.
Os Municípios também se diferenciam da estrutura da União
porque eles não contam com representação no Congresso
Nacional, onde o Senado por exemplo é formado pelos
representantes dos Estados da Federação.
Os Municípios são constituídos como? Pela Lei Orgânica
Municipal (Art. 29 CF), que é de fato como se fosse a
"Constituição" de cada município - é apenas outro nome para
a mesma coisa.
As constituições dos Estados têm uma linha muito
semelhante, de atribuições de competências, com a
Constituição Federal. As competências que a CF atribui aos
Estados deve constar nos textos das respectivas
constituições estaduais.
Temos de ter a CF atualizada, porque para o nosso curso é
muito importante. A emenda 50 de 2006, altera o Art. 57. A
EC 49/2006 altera o Art. 21, e a EC 51/2006 altera o Art. 198.
Leitura do Art. 29 CF.
CF de 1988 - CAPÍTULO IV - Dos Municípios
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada
em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e
aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal,
que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos
Matéria de Direito Municipal (Optativa) - preparada por Fernando Furlani [6º T] com base nas aulas do 6º Semestre de Direito (Mackenzie) em 2006
nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os
seguintes preceitos:
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores,
para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e
simultâneo realizado em todo o País;
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no
primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do
mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art.
77, no caso de Municípios com mais de duzentos mil
eleitores;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16,
de1997)
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de
janeiro do ano subseqüente ao da eleição;
IV - número de Vereadores proporcional à população do
Município, observados os seguintes limites:
a) mínimo de nove e máximo de vinte e um nos
Municípios de até um milhão de habitantes;
b) mínimo de trinta e três e máximo de quarenta e um nos
Municípios de mais de um milhão e menos de cinco milhões
de habitantes;
c) mínimo de quarenta e dois e máximo de cinqüenta e
cinco nos Municípios de mais de cinco milhões de habitantes;
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos
Secretários Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara
Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º,
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda
constitucional nº 19, de 1998)
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas
respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a
subseqüente, observado o que dispõe esta Constituição,
observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei
Orgânica e os seguintes limites máximos: (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio
máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do
subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 25, de 2000)
b) em Municípios de dez mil e um a cinqüenta mil
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
a trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
c) em Municípios de cinqüenta mil e um a cem mil
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
a cinqüenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o
subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e
cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
VII - o total da despesa com a remuneração dos
Vereadores não poderá ultrapassar o montante de cinco por
cento da receita do Município; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 1, de 1992)
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões,
palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição
2
do Município; (Renumerado do inciso VI, pela Emenda
Constitucional nº 1, de 1992)
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da
vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta
Constituição para os membros do Congresso Nacional e na
Constituição do respectivo Estado para os membros da
Assembléia Legislativa; (Renumerado do inciso VII, pela
Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
(Renumerado do inciso VIII, pela Emenda Constitucional nº 1,
de 1992)
XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras
da Câmara Municipal; (Renumerado do inciso IX, pela
Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
XII - cooperação das associações representativas no
planejamento municipal; (Renumerado do inciso X, pela
Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse
específico do Município, da cidade ou de bairros, através de
manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado;
(Renumerado do inciso XI, pela Emenda Constitucional nº 1,
de 1992)
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art.
28, parágrafo único. (Renumerado do inciso XII, pela Emenda
Constitucional nº 1, de 1992)
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo
Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos
os gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes
percentuais, relativos ao somatório da receita tributária e das
transferências previstas no § 5o do art. 153 e nos arts. 158 e
159, efetivamente realizado no exercício anterior: (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
I - oito por cento para Municípios com população de até
cem mil habitantes; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
25, de 2000)
II - sete por cento para Municípios com população entre
cem mil e um e trezentos mil habitantes; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
III - seis por cento para Municípios com população entre
trezentos mil e um e quinhentos mil habitantes; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
IV - cinco por cento para Municípios com população
acima de quinhentos mil habitantes. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 25, de 2000)
§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por
cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o
gasto com o subsídio de seus Vereadores. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
§ 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito
Municipal: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de
2000)
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste
artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na
Lei Orçamentária. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
25, de 2000)
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do Presidente da
Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo.(Incluído
pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
Matéria de Direito Municipal (Optativa) - preparada por Fernando Furlani [6º T] com base nas aulas do 6º Semestre de Direito (Mackenzie) em 2006
A própria CF estabelece o que as Leis Orgânicas dos
Municípios devem conter.
Em questão do Poder Legislativo, existem as chamadas
“votação direta” e por “proporcionalidade”. A CF estabelece
detalhadamente como deve ser isso.
No Art. 18, Par. 4, tem-se as normas para a criação dos
municípios: lei estadual, com base na lei federal, com a
aprovação dos municípios envolvidos, com consulta às
populações dos municípios envolvidos, por plebiscito, após
apresentação dos estudos de viabilidade.
TÍTULO III - Da Organização do Estado
CAPÍTULO I - DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-
ADMINISTRATIVA
Art. 18. A organização político-administrativa da
República Federativa do Brasil compreende a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos,
nos termos desta Constituição.
§ 1º - Brasília é a Capital Federal.
§ 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação,
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão
reguladas em lei complementar.
§ 3º - Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou
Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente
interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei
complementar.
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o
desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei
estadual, dentro do período determinado por Lei
Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia,
mediante plebiscito, às populações dos Municípios
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade
Municipal, apresentados e publicados na forma da
lei.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de
1996)
Os requisitos acima são "cumulativos", e não "alternativos".
Dentre todos os requisitos do Par. 4, ... se houver lei
favorável, mas se o plebiscito for DESFAVORÁVEL, o
município não será criado.
A lei estadual pode convocar um plebiscito, e a aprovação da
lei pode ocorrer depois.
Sobre as competências dos municípios: onde elas estão?
Art. 23 da CF - leitura.
Art. 23 – CF 1988. É competência comum da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
instituições democráticas e conservar o patrimônio público;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e
garantia das pessoas portadoras de deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de
valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização
de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico
ou cultural;
3
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à
educação e à ciência;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em
qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o
abastecimento alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e a
melhoria das condições habitacionais e de saneamento
básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de
marginalização, promovendo a integração social dos setores
desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e
minerais em seus territórios;
XII - estabelecer e implantar política de educação para a
segurança do trânsito.
Parágrafo único. Lei complementar fixará normas para a
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento
e do bem-estar em âmbito nacional.
Que tipo de competências são essas? Competência
COMUM, também chamada de MATERIAL, mas só no que
diz respeito aos interesses de cada município.
Temos a competência MATERIAL, e competência
LEGISLATIVA.
Art. 21: Competência da União Federal, sendo competência
exclusiva, e material.
Art. 22: competência "privativa". Significa: uma lei
complementar pode autorizar os Estados a terem estas
competências, que são: legislar.
Art. 23: União Federal, Estados, DF e Municípios:
competência comum, e material.
Art. 24: União Federal (UF), Estados, DF - competência
LEGISLATIVA.
A CF se refere a "União", ora querendo dizer uma coisa, ora
outra: ou um dos Entes da Federação, ou o Estado brasileiro.
Quando a CF se refere a "União Federal e Municípios", ela
está focando o âmbito territorial, e, portanto, o "interesse
geral".
- UF: federal - interesse geral
- Estados e DF: Art. 25 da CF: competência RESIDUAL, ou
seja: pode fazer o que não estiver proibido.
- Municípios: interesse "local": Art. 30. A competência dos
municípios é extraída do Art. 30.
Os Estados têm competência "plena", mas os municípios não
terão, pois têm somente "interesse LOCAL.
A competência legislativa do município existe:extraída do Art.
30 - leitura.
Matéria de Direito Municipal (Optativa) - preparada por Fernando Furlani [6º T] com base nas aulas do 6º Semestre de Direito (Mackenzie) em 2006
Obviamente, o fato de o município poder inovar no âmbito
legislativo pressupõe o fato de que essa legislação é
"municipal”.
ATENÇÃO: A COMPETÊNCIA CONCORRENTE
ESTABELECIDA NA CF NÃO INCLUI O MUNICÍPIO!!
O conceito acima cai em provas e concursos.
Estas são as competências que devem constar na Lei
Orgânica Municipal.
E quanto à repartição das receitas? Além do ISS, IPTU, IPI,
existem os "repasses", considerados nos Arts. 157 a 159 da
CF.
Uma das funções do Poder Legislativo, no âmbito federal, e a
função legislativa, claro. E além disso, ele tem a FUNÇÃO
FISCALIZADORA, através de um de seus órgãos, o Tribunal
de Contas. O Par. 4 do Art. 31 da CF estabelece que os
Tribunais de Contas estaduais é que exercem a fiscalização,
e que não haverá mais Tribunais de Contas "Municipais";
mas, onde já havia Tribunais de Contas Municipais, estes
foram mantidos. Entretanto, essa função fiscalizatória pode
ser exercida de outros modos, nos âmbitos federais ou
municipais.
Leitura dos Arts. 30 e 31 CF.
Os integrantes das Câmaras Municipais têm alguns
privilégios, que dizem respeito à garantia do exercício da
função, independência, e certa imunidade, etc.
Art. 35 CF: intervenção dos Estados nos Municípios.
Quanto às ações movidas contra os municípios: se da União
já nunca se ganha nada, muito menos dos municípios. Se
alguém ganhar, não vai "levar".
Aula do dia 8/3/2006
DIREITO URBANÍSTICO
1. Noções Fundamentais
Precisamos entender de onde vem a idéia de direito
urbanístico, e quem pela primeira vez propôs este estudo. O
termo "urbanístico" vem da noção originária de "cidade",
"urbis", que deve ser analisado em cada momento histórico
peculiar, desde a Antiguidade, o que era considerado o
núcleo de habitantes "urbano" ou "do campo", e o que
caracterizava essa associação.
Para nós, o que interessa é entender o que, hoje, significa a
idéia de "cidade". Ainda assim, dependerá do critério de
análise: pelo critério econômico, ou pelo critério social,
teremos conceitos diferentes.
Ser "cidade", no Brasil, não é "ter um determinado número de
habitantes". Para nós, interessa toda aglomeração de
4
pessoas reunidas com uma administração, com um governo,
e que seja a sede do governo municipal.
Além disso, o que efetivamente faz com que pessoas se
reúnam em certo lugar, afastadas do campo; elas procuram,
basicamente: condições de produzir, de consumir, de
trabalhar, de estudar, de ter um lazer, "dentro de uma
proximidade", ou seja, onde tudo isso esteja relativamente
próximo.
Se enxergarmos isso, ou seja, o fato de que pessoas saem
do campo e se estabelecem nas cidades, encontramos duas
situações: ou construções ou edificações de particulares, e as
edificações públicas/bens públicos. "Edificação" se entende
no sentido mais amplo: edificação destinada ao lazer, à
saúde, à administração, etc. O atendimento das
necessidades pode partir da iniciativa privada ou do Estado,
que costuma atender às necessidades básicas da população.
O fato de existir fora do campo a necessidade de
"concentração", nas cidades, explica-se porque nos centros
urbanos os habitantes têm tudo localizado proximamente.
O chamado êxodo rural é denominado "fenômeno da
urbanização", o que acontece depois da Revolução Industrial.
Quando isto ocorre, historicamente não se dá de forma
organizada; assim, a concentração dessas pessoas ocasiona
uma total falta de condições para receber essas pessoas,
acarretando problemas de concentração: problemas de
locomoção, de moradia, de saúde, etc. - chama-se problema
de desorganização urbana.
O fenômeno da urbanização, ensejando problemas de faltas
de condições em geral, acarretando mais problemas do que
soluções, tem de ser reprimido. Surge a necessidade de
tomar medidas para minimizar o problema, para que eles
cessem e não aumentem. Essas medidas vêm nas NORMAS,
e aqui é que chegamos no tópico que nos interessa.
A) Cidade:
- Conceito
- Elementos
B) Urbanização:
- Conceito
- Elementos
Daquela necessidade de se tomar medidas surgem o
Urbanismo e o Direito Urbanístico - devido à necessidade da
regulação por meio de normas.
C) Urbanismo
- Conceito
É uma arte, e técnica que venha a regular as necessidades
urbanas para propiciar o bem-estar almejado por todos.
O conceito de Urbanismo passa pelo Urbanismo Natural - do
meio ambiente. Exemplo: onde devem ser localizadas as
Matéria de Direito Municipal (Optativa) - preparada por Fernando Furlani [6º T] com base nas aulas do 6º Semestre de Direito (Mackenzie) em 2006
indústrias, e as moradias, se umas podem ser situadas
próximas às outras, ou será que há uma forma de regular a
poluição gerada pelas indústrias, etc. Pois, nem sempre o
bem que se busca nas cidades é de fato encontrado. Até
mesmo os crimes têm elevados níveis nos centros urbanos -
outro problema típico.
Funções / finalidades:
- Habilitação
- Trabalho
- Recreação
Objeto
- Ocupação do Solo
- Organização da Circulação
- Legislação
2. DIREITO URBANÍSTICO / ATIVIDADE URBANÍSTICA
O ideal seria, primeiramente, fazer estudos de viabilidade
para se desenvolver um centro urbano, para depois ele ser
ocupado. Nos Estados Unidos isso é bastante comum, mas
no Brasil infelizmente essa idéia "não pegou" - com exceção
de Brasília. Primeiro há a ocupação dos lugares pelas
pessoas, e depois os grandes centros vão sendo formados
aos poucos, e só quando surgem os problemas do
crescimento não-planejado é que se tenta controlar.
Mas, se não houver normas objetivas, obrigações a serem
cumpridas pelas pessoas, com as devidas sanções, para que
determinadas regras sejam observadas.
Hoje, com a legislação cada vez maior nesta área, o Dir.
urbanístico, como conjunto de normas que visa regular essa
área visando o bem-estar das comunidades, vem crescendo
muito o número de normas. Na própria ideologia da
Constituição, que é Social, e garante direitos difusos e
coletivos, está em conformidade com a filosofia do
Urbanismo. Apesar disso tudo, infelizmente há muito
descumprimento pelas pessoas, físicas ou jurídicas, e as leis
acabam não surtindo seu efeito - é o famoso "a lei não
pegou".
Quando falamos em regulação e normas, que normas são
essas? O Direito Urbanístico é decorrente de uma função
pública; o Urbanismo é decorrente de uma função pública -
que é exercida debaixo das leis - portanto, somente o Poder
Público poderá fazer determinadas regras. A interferência do
Poder Público se faz dentro de determinados limites, porém.
É dessa interferência do Poder Público, que, para cumprir sua
função, irá interferir na propriedade privada, às vezes até
mesmo tomando atitudes repressivas.
É necessário que as normas urbanísticas respeite os
princípios constitucionais de: impessoalidade, moralidade,
publicidade, e, ainda, que as interferências sejam feitas de
modo responsável.
Existe o poder, e até o dever de interferir. É um "poder-dever"
de interferir, sempre tendo em vista a supremacia do
interesse público sobre o particular, MAIS indisponibilidade do
interesse público - somente isto justifica a intervenção.
5
Por isso leis são necessárias, sempre de modo a buscar o
interesse coletivo, que prevalece sobre o do particular.
Qual o limite entre a atuação dessas regras entre a
propriedade pública e a privada? O Estado, mais do que
atender ao interesse público, visa ao cumprimento do
INTERESSE SOCIAL.
Entretanto, discute-se se há ou não "autonomia" do Direito
Urbanístico. Para ter autonomia, tem que ter princípios
próprios, conceitos próprios, etc. Ainda não há autonomia do
Dir. urbanístico, ficando entendido que é parte importante do
Dir. Administrativo.
No Dir. Urbanístico, não se encontra uma sistematização de
princípios tão grande. Ao se analisar a legislação de Dir.
Urbanístico - Estatuto das Cidades, por exemplo - pode-se
extrair alguns princípios, mas ainda não há um
sistematização.
O trabalho da Lúcia Figueiredo, que agora já foi atualizado, já
tinha uma visão de vanguarda.
A) Conceito
- Direito Positivo
- Ramo da Ciência do Direito
B) Finalidade: Ordenação
C) Princípios
Estamos à beira da admissão da autonomia do Direito
Urbanístico.
Há, porém, alguns princípios que são reconhecidos - e são
extraídos de uma legislação urbanística espanhola, antiga, de
1956, que regula o parcelamento do solo, onde constam uma
série de princípios.
- Função Pública
O Poder Público é o único que pode interferir, porque ele é
que faz a representação da coletividade.
- Conformação da Propriedade Urbana
Significa a necessidade de que o Dir. Urbanístico se volte à
elaboração de normas coesas e sistematicamente
organizadas, para dar à propriedade urbana um caráter de
organização - que é o fundamento e objeto da necessidade
urbana.
- Coesão Dinâmica das Normas Urbanísticas
"Coesão" significa que as normas de Dir. Urbanístico é o
estabelecimento de procedimentos das próprias normas, para
estabelecer o objetivo das normas de direito urbanístico.
- Afetação das Mais-Valias ao Custo da Urbanização
Imaginemos o exemplo de se reservar, dentro de
determinada área urbana, uma área verde reservada ao lazer
- e isso é necessário. Isso acaba valorizando as propriedades
nos terrenos circunvizinhos. Essa valorização deve reverter-
se em benefício daqueles que ali moram - e o respectivo
Matéria de Direito Municipal (Optativa) - preparada por Fernando Furlani [6º T] com base nas aulas do 6º Semestre de Direito (Mackenzie) em 2006
custo maior gerado por isso também será arcado por aquelas
pessoas.
- Justa Distribuição dos Benefícios e Ônus da
Atividade Urbanística
Se há valorização, haverá justificativa para um custo maior
não só da propriedade, como de tributos mais elevados, etc.
Se, por outro lado, ocorre uma desvalorização, isso deverá
ser compensado pelo Poder Público.
D) Relação com outros ramos
3. FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS
Na CF é que encontramos fundamento para as interferências
do Estado enquanto poder público.
Leitura dos artigos abaixo:
A) Art. 21, inc. IX e XX CF
Competência exclusiva e de origem "material". O caput
compete à União.
Aquele conceito de meio ambiente bem amplo, em
"todas as esferas das necessidades humanas", está aqui no
inc. XX.
B) Art. 23, inc. III, IV, VI e VII
Que espécie de competência temos aqui? Competência
COMUM, e MATERIAL. Ela é comum à União, Estados e
Municípios - inciso III. Novamente, aqui no Inc. III temos um
conceito bem amplo de meio ambiente.
Aqui, por ser competência comum, aos Municípios
caberá "no âmbito do interesse local".
C) Art. 24, inc. I, VII e VIII
Aqui, temos a competência "legislativa" concorrente:
União, Estados e DF - NÃO tem Município. A competência da
União, em matéria de Dir. Urbanístico, é legislar sobre
NORMAS GERAIS - a partir destas, os Estados terão de as
obedecer.
Toda competência em relação ao meio ambiente, diz
respeito ao meio ambiente urbano, nas cidades; embora
tenhamos obviamente o meio ambiente no campo. Sem violar
a norma Estadual e Federal, o Município pode legislar sobre
tudo o que seja de interesse "local" - mas isso acaba sendo
muito limitado.
D) Art. 30, inc. VIII
E) Art. 182
F) Art. 183
G) Art. 225
Percebemos que há uma proximidade muito grande entre
o Dir. Urbanístico e o Direito Ambiental, embora sejam
duas disciplinas.
Temos de estudar neste semestre exatamente o tipo das
normas urbanísticas, e quais são essas normas.
6
Primeiro iremos analisar as edificações públicas e serviços
públicos, e depois as edificações privadas.
Aula do dia 15/3/2006
BENS E SERVIÇOS PÚBLICOS MUNICIPAIS
A) BENS PÚBLICOS
Todos os bens públicos estão atrelados ao atendimento do
interesse público; mas, dentre as espécies de bens, alguns
estão muito mais vinculados ao interesse público de modo a
serem imprescindíveis, e outras espécies são passíveis de
desafetação, ou desvinculação - uso particular.
1) Espécies
(Arts. 98 e 99 CC)
- Bem de Uso Comum
- Bem de Uso Especial: está atrelado a uma
FINALIDADE. Exemplo: as repartições públicas.
- Dominicais: pertencem ao domínio público, e são
imóveis; em primeiro lugar, o interesse público deve ser
atendido mas, no momento em que o interesse público
desaparece, é possível a "desafetação" (autorização
legislativa) ou desvinculação, com o uso particular do bem.
Exemplo: prédio de biblioteca pública, todos os
prédios. Um rio, por exemplo, não pode ser desafetado.
2) Regime Jurídico: Arts. 100 a 103 CC
- Afetação
- Inalienabilidade
Os bens públicos, em regra, não podem ser alienados,
exceto os bens dominicais, nos casos abaixo.
- Impenhorabilidade
Nenhum bem público pode ser objeto de penhora. Por
quê? Porque é público, e também porque não pode ser
alienado.
Há uma discussão se é ou não possível a penhora e
alienação quando se trata de uma "sociedade de economia
mista" que explora atividade "econômica" exclusivamente.
- Imprescritibilidade
havendo a desafetação, sendo possível a alienação,
procede-se, em regra, por LICITAÇÃO, aplicando-se as leis
da matéria.
Ao falar de uso de bens públicos, é possível que a Adm.
Pública conceda ao particular (para atender ao interesse
público, ou seja, o interesse "adjacente" da Administração
Pública) o uso do bem público, sujeito a duas regras. Tratam-
se de espécies de "atos administrativos" em que se confere a
possibilidade de bem público. São elas:
1) Autorização - Ato Administrativo. É um ato que
avalia a conveniência e oportunidade de dar ao particular o
uso do bem. Essa autorização é concedida a título
PRECÁRIO, pois se e quando o Poder Público considerar
Matéria de Direito Municipal (Optativa) - preparada por Fernando Furlani [6º T] com base nas aulas do 6º Semestre de Direito (Mackenzie) em 2006
que acabaram a "conveniência e oportunidade", ela pode
retomar para si o uso do bem.
Exemplo: o uso de uma praça pública para uma festa de
uma empresa privada, ou o uso do espaço da Câmara
Municipal para fazer uma festa privada, etc.
2) Permissão - Ato Administrativo
Também é precária e ato discricionário, mas o que a
distingue da "Autorização"? A diferença reside na
FINALIDADE. Enquanto a Autorização é dada no "interesse
do particular", a título oneroso ou gratuito, na Permissão, dá-
se permissão ao particular para que este o utilize "no
interesse do Poder Público".
Exemplo: banca de jornal - o interesse "público" é o
direito a informação, mas o interesse, de fato, é "misto".
A banca no Mercado Municipal também é Permissão,
pois é um espaço reservado à venda de alimentos, que é
interesse público.
3) Concessão: é ato administrativo, em regra por meio
de licitação.
A concessão é o caso da concessão de manutenção das
estradas, por exemplo. Não é de "uso" das estradas, é
apenas de conservação e manutenção.
- Cont.
- Adm.
Permissão e Concessão, para fins de serviço público, é
SEMPRE ATRAVÉS DE LICITAÇÃO.
No Art. 20 a CF identifica os bens públicos da União. Há
terras devolutas municipais (devolutas: depois de fazer a
divisão territorial política, o que sobrar, agora é bem público)?
Ao envolver a segurança nacional, há os bens da União.
Resposta: SIM, dentro do território do município há a
possibilidade de haver terras devolutas. A Lei Orgânica
Municipal no Art. 110 - leitura.
O que é Ato Administrativo Vinculado? É o submetido à
lei.
No Ato Administrativo Discricionário, há uma margem de
"avaliação" da viabilidade daquele ato face ao poder público
atual (é "poder político", no fundo, esclarece o sábio Marco
Raduan).
- Bens Municipais
Arts. 110 a 114 da Lei Orgânica (LOM) - leitura
Trazer nas aulas a LOM de hoje em diante.
B) SERVIÇOS PÚBLICOS
1) Conceito
O interesse público tem alguns aspectos de
"essencialidade", e outros em que a essencialidade não é
prioritária. As prioridades estão na Constituição Federal. Os
deveres de responsabilidade do Estado, são serviços
públicos: saúde, educação, transporte, alimentação, lazer,
segurança, moradia - habitação. Assim, mesmo que a CF
preveja que o particular pode prestar algum serviço desses, é
dever do Estado, e não tira a responsabilidade do Estado - na
idéia que já vimos de que o Estado é TITULAR desses
serviços, NÃO perdendo essa titularidade.
7
2) Regime Jurídico
É o regime jurídico público: impessoalidade, moralidade,
eficiência, etc. A CF no Art. 175 - leitura - "diretamente ou sob
regime de Concessão ou Permissão" (e, aqui, não há
"precariedade"). Lembremos:a finalidade da licitação é a
contratação; termina em um "contrato administrativo". Quem
vence a licitação tem o direito de ser contratado, e o dever de
cumprir o contrato nos moldes preestabelecidos. E a
possibilidade de rescisão unilateral enseja indenização, e a
preservação do equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
O transporte coletivo, por exemplo, é objeto de
"Permissão", pois a permissão é usada em contratos
envolvendo valores não muito elevados.
Existe o caso das antenas instaladas pelas operadores de
telefonia celular, que agora é concessão de uso, pois ocupam
o solo, o subsolo, e o espaço aéreo até. Ocorre também
problemas nas áreas limítrofes entre duas cidades, como
entre São Paulo e Santo André por exemplo. Há a idéia de
que existe uma reciprocidade entre os entes da federação.
3) Serviços Públicos Municipais: Art. 30, inc. V da CF +
Arts. 123-129 da LOM.
São três, expressos: coleta de lixo e limpeza pública
(que são coisas diferentes), CEMITÉRIOS E FUNERÁRIAS.
=======================
Aula do dia 22/3/2006
POLÍTICA URBANA
Veremos a organização do município, por exemplo o Plano
Diretor.
Art. 182 CF - leitura
CAPÍTULO II - DA POLÍTICA URBANA
Art. 182 – CF 1988. A política de desenvolvimento
urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
garantir o bem- estar de seus habitantes.
§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal,
obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o
instrumento básico da política de desenvolvimento e de
expansão urbana.
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social
quando atende às exigências fundamentais de ordenação da
cidade expressas no plano diretor.
§ 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão
feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante
lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos
termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não
edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu
adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial
urbana progressivo no tempo;
Matéria de Direito Municipal (Optativa) - preparada por Fernando Furlani [6º T] com base nas aulas do 6º Semestre de Direito (Mackenzie) em 2006
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da
dívida pública de emissão previamente aprovada pelo
Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor
real da indenização e os juros legais.
Este artigo trata de uma “FUNÇÃO EXECUTIVA". O Poder
Executivo Municipal deverá cumprir o que está especificado
na CF. A execução da política urbana é totalmente delineada
pela Constituição. Sempre devemos nos lembrar que tudo
provém da Constituição, seus princípios: da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência,
responsabilidade, motivação das decisões (não significa
motivação "legal", e sim na prática).
Art. 132 - para o Art. 37,que é mais amplo, para todos os
níveis.
O art. 132 diz que se tratam de "diretrizes gerais", significa
que, pensando no conceito de FEDERAÇÃO, os Municípios
integram a Federação - ou seja, o Poder Público é UNO e
CENTRALIZADO. Portanto, a lei que trata de diretrizes gerais
é AMPLA, e isso é atribuído ao próprio PLANO DIRETOR.
Pergunta: o que é "função social da cidade"? Qual o
conteúdo que as leis devem ter para cumprir a função social?
Em primeiro lugar, a lei deverá se dirigir aos limites
territoriais do município. A seguir, a lei deverá atender
aos interesses essenciais: educação, saúde,
saneamento, lazer, transporte, locomoção, segurança,
etc.
Ao falarmos em "função social" na nossa CF, temos de ver os
vários "momentos" de aplicação da CF. O atual Código Civil
acabou absorvendo os conceitos da CF de função social.
Pensemos no rodízio municipal de veículos: será que meu
direito de locomoção garantido pela CF não está violado por
ele? Não, porque é um bem "coletivo" que está prevalecendo,
e esse bem coletivo é o MEIO AMBIENTE. Estas são normas
que vieram pelo Poder Constituinte Originário.
A solução para a "limitação" do direito, é fornecer meios de
transporte coletivo de forma suficiente para atender às
necessidades do município. Para isso, deve-se demonstrar a
devida razoabilidade desse tipo de medida.
O Marco Raduan está defendendo a idéia de que, no caso do
rodízio municipal de veículos, uma solução viável seria
aumentar o preço da gasolina dentro de São Paulo e em um
perímetro de cerca de 100 km de SP; assim, ao cabo de certo
tempo essa medida iria acabar reduzindo o número de
veículos rodando na cidade. Essa sugestão acabou gerando
muita polêmica dentre todos os alunos. A professora alertou
ainda para que isso acabaria gerando um problema de
isonomia, ao que o Marco apontou que em nível mundial as
cidades grandes, como São Paulo, são caras mesmo.
O Furlani lembrou que, embora estejamos todos estudando
as normas jurídicas positivadas, aprendendo o “dever-ser”,
em última instância as decisões de natureza política acabam
prevalecendo sempre, desrespeitando descaradamente as
normas jurídicas positivadas; a conseqüência é que “só o que
8
dá voto” é efetivamente proposto e implantado pelos
governantes, em detrimento de idéias excelentes mas que
não dão nenhum voto por serem impopulares, como essa
idéia do Marco Raduan de aumentar o combustível nas
grandes metrópoles.
Agora, voltando ao objetivo direto da aula:
Leitura do Art. 182
O que é o "pleno desenvolvimento social"?
Parágrafo 1 - leitura
A função social é uma diretriz CONSTITUCIONAL, e o Plano
Diretor deve estabelecer normas para cumprir a função
social. O que vem primeiro, é o valor da função social.
Temos que buscar compreender os chamados "CONCEITOS
INDETERMINADOS", em que parece caber "qualquer coisa".
O detalhe é que cabe "muita coisa", mas dentro de um
contexto.
Temos que entender o CONTEXTO no qual o Plano Diretor
está inserido. Que tipo de norma deve estar no Plano Diretor,
para saber qual é o limite e qual a diretriz do Plano Diretor.
Para resumir, temos que resumir SEMPRE no INTERESSE
PÚBLICO LOCAL: tudo o que visa atender às necessidades
básicas da população local, do município.
Podemos ter licenças e autorizações não concedidas, regras
de construção, etc.
Quando a CF fala em "planejamento", qualquer planejamento
público implica RESPONSABILIDADE - é importante. O
planejamento é COERCITIVO, IMPOSITIVO, obrigatório para
o Poder Público. Uma vez definido que determinada ação
deve ser feita, O Poder Público "deverá" observar essa
determinação.
Quando o Poder Municipal delineia um planejamento, deve
segui-lo; qualquer alteração desse planejamento deve ser
JUSTIFICADO.
O Plano Diretor tem natureza de LEI. É uma LEI DE
DIRETRIZES, e isso significa que se pode ter outra lei ou
outras leis, mas que não podem extrapolar o âmbito próprio.
Uma coisa é a Lei Orgânica do Município; outra coisa é o
Plano Diretor.
Aula do dia 29/3/2006
(início da aula gentilmente cedido pela Camila Holmos)
PLANEJAMENTO URBANÍSTICO
A prof. entregou uma folha com um resumo da aula.
Aula:
Município – Lei orgânica – Constituição do Município.
A política urbana: Plano Diretor
Matéria de Direito Municipal (Optativa) - preparada por Fernando Furlani [6º T] com base nas aulas do 6º Semestre de Direito (Mackenzie) em 2006
Leitura do Art. 24 da CF – Competência concorrente
Em matéria de Direito Urbanístico, a regra geral é: a União é
quem legisla.
Lei 10.257/01 – Direciona o Plano Diretor
natureza jurídica : norma geral
É uma norma cogente, até para o legislador fiscal.
Art. 1º - finalidades da norma
Art. 2º - Função social da propriedade na Política Urbana
Cidade sustentável – aquela que funciona, que proporciona
oportunidades
Instrumentalidade urbana – inclui até meio ambiente (art. 225
CF).
Dentro de um contexto normativo, a professora continua
sendo uma defensora das normas, no sentido de que o valor
que elas contêm são muito importantes. Da mesma forma, as
normas que contrariam normas devem ser extirpadas do
sistema.
INFRA-ESTRUTURA URBANA
Aqui entram as questões de meio ambiente e uso do solo,
entre outras coisas: transporte, serviços públicos, trabalho e
lazer, para as gerações presentes e futuras.
Se falamos de "cidades sustentáveis", temos deveres e
obrigações.
Princípios Básicos do Planejamento Urbanístico
Estes princípios são um grande resumo dos 16 princípios,
para que possamos entender.
Por exemplo, temos de partir do Plano Diretor e executar
suas determinações. Em cidades grandes como São Paulo,
as regras de zoneamento devem ser observadas
rigorosamente, em primeiro lugar, para partir para a
observância de outras regras.
O Poder Legislativo é uma composição heterogênea dos
representantes da comunidade.
A metodologia serve para instrumentalizar o município para
possibilitar a organização do Município, pelo Poder Executivo.
2. Adequação à Realidade e às Necessidades Locais
O estudo deve observar o quê? A necessidade de focar no
interesse local.
Mas não adianta traçar planos e fazer leis que não possam
ser implementados.
O Plano Diretor vem por lei, que traça uma regra. Se essa
regra for inexeqüível, haverá um problema: vício de uma lei.
Isso pode acontecer, se um vereador simplesmente levar
adiante uma "boa idéia" aprovada pela população, mas sem a
devida análise por técnicos e comissões específicas para a
9
matéria. Antes de um Projeto de Lei ser votado, ele passa por
comissões especializadas, muitas vezes até criadas
especialmente para analisar determinadas questão.
5. Integração com planos e programas setoriais
Existe realmente um espaço necessário para o crescimento
da cidade em questão? O crescimento irá reduzir a área rural
da cidade, ou simplesmente não existe mais espaço? Até que
ponto o crescimento urbano chegará?
Se pensarmos em comércio, setorizado somente no centro da
cidade? É viável? Claro que não - é necessário criar pólos
descentralizados, para atender melhor à população.
7. Publicidade
Serve para propiciar um controle e um conhecimento dos
planos e regras da cidade, para os cidadãos poderem
acompanhar e se manifestar.
Por exemplo, se o zoneamento da cidade mudar, os cidadãos
devem saber disso, porque isso pode gerar muitos
problemas.
Digamos que uma empresa está desenvolvendo um plano
para incorporar um loteamento de chácaras em determinada
área X da cidade, onde isso é permitido. Entretanto, é
possível que ao mesmo tempo os representantes estejam
querendo mudar o Plano Diretor para que, aquela área X,
deixe de ser rural e passe a ser "industrial".
Até aqui, vimos o ESTATUTO DA CIDADE.
Daqui em diante, veremos o PLANO DIRETOR.
PLANO DIRETOR - Lei 13.430/02
Esta lei prevê a organização do solo, a parte urbanística, e
tudo o que for necessário para a implementação do
planejamento sobre essas matérias.
As etapas do Plano Diretor (J.A.S. - José Afonso da Silva).
O plano diretor deverá passar por etapas mínimas:
1. Estudos Preliminares, e por pessoas habilitadas para isso.
Devem-se analisar quais são os problemas, se as instalações
são adequadas, e finalmente estudar como fazer para
executar o que se considerou ideal.
Deve-se entender bem as regras, os critérios para a função
social da propriedade, direito à desapropriação, etc.
Só se muda um planejamento no Plano Diretor, se houver
efetivamente um evidente, inquestionável INTERESSE
PÚBLICO - o que não havia, no caso, na última elaboração
do Plano Diretor feito na gestão da Martha Suplicy. Ela
queria, inicialmente, mudar as regras "no meio do jogo", o
que iria prejudicar todo o setor da construção civil, mas afinal
de contas acabou mudando de idéia.
Aula do dia 19/4/2006
Matéria de Direito Municipal (Optativa) - preparada por Fernando Furlani [6º T] com base nas aulas do 6º Semestre de Direito (Mackenzie) em 2006 10

O Plano Diretor é exigido com municípios com no mínimo

A professora nos passou alguns exercícios para a primeira 20.000 habitantes.
prova, da forma que serão exigidos em PROVA.
Resposta:
À luz do Art. 30, inciso I da CF, se os municípios podem, por Não pode, porque além de não ser competência residual, a
lei, legislar sobre o direito de utilização da propriedade, com Constituição traz, para o âmbito local, uma regra clara e
relação aos alvarás de licença e funcionamento dos expressa sobre a obrigatoriedade para municípios com mais
estabelecimentos comerciais, por exemplo, sobre os de 20.000 habitantes. Além disso, os municípios que têm
HORÁRIOS de funcionamento. menos do que 20.000 não estão proibidos de ter um Plano
Diretor, mas não estão (nem podem ser) obrigados a tê-lo, no
1) À luz do disposto no Art. 30, inciso I da CF, podem os sentido da pergunta feita.
municípios legislar sobre o horário de funcionamento
dos estabelecimentos comerciais? 3) Em relação à assertiva “Os bens públicos municipais
são inalienáveis”. É possível afirmar que:
Resposta:
A princípio podem, sim legislar, mas existe uma divergência (a) está inteiramente correta
muito grande acerca dos horários de funcionamento dos (b) está parcialmente correta
bancos. O STF tem decisões no sentido de que PODE, por (c) não está correta.
ser sim de interesse do município, de âmbito local, etc.
Por exemplo, em uma cidade balneário ou de campo, em que Justifique sua resposta
o grande movimento do comércio ocorre nos fins de semana
e feriados, e se o comércio não puder funcionar regularmente Resposta:
nesses dias, todos perderão: a população e os comerciantes. Qual é a "classificação" de bens públicos? Quantas espécies
Em relação à legislação municipal sobre a atividade bancária, existem?
determinados municípios estão muito atuantes acerca da Um museu é um bem dominical: de domínio público, de uso
legislação sobre bancos: porta giratória, acesso para especial.
portadores de deficiência física, etc. O que é bem de uso comum? Um parque, praça, etc.

A Febraban também está muito atuante. Mas o pior aspecto Os bens públicos de uso comum NÃO podem ser alienados.
diz respeito ao TEMPO DE ESPERA nas FILAS do banco. Os bens dominiais NEM SEMPRE podem. Sendo público,
Tem municípios em que o fiscal fica na fila, e, passado dois está atrelado a uma finalidade pública.
minutos do limite, já aplica a multa. A professora acha que é O uso "especial" prende mais o bem.
um exagero isso, enquanto que os alunos em geral parecem
achar a coisa certa a ser feita - talvez seja pelo fato de que os Um computador, por exemplo, é bem dominial.
bancos são atualmente merecedores dos maiores privilégios
jamais concedidos pelo governo, em que já se chama de Resposta: eles podem ser alienados se puderem ser
"Bolsa Banco", em que os bancos são beneficiados desafetados da finalidade pública, etc.
diretamente pelo governo Lula da forma mais descarada
possível, não se sujeitando sequer ao Código de Defesa do
Consumidor, para termos um exemplo dentre centenas. 4) Da análise sistemática do diploma constitucional,
quais os limites que devem ser observados pelo Plano
Na prova, se o aluno fundamentar devidamente que não é Diretor?
competente, e óbvio que a professora irá avaliar a
fundamentação. Resposta:
Interesse público, cumprimento da função social, etc.
Art. 182, Par. 4 CF
2) Considerando-se o princípio da parametricidade, pode
a Constituição Estadual estabelecer que, para os PRIMEIRA PROVA:
municípios com mais de cinco mil habitantes, é Próxima semana, com consulta à Constituição.
obrigatória a instituição de plano diretor nos termos da
CF? Aula do dia 3/5/2006

Resposta:
Nos assuntos de interesse local, a Lei Orgânica não pode [no retroprojetor]
extrapolar a CF.
Quando a CF fala em "poder legislativo", a Lei Orgânica deve O Direito de Construir
ater-se, dentro do processo legislativo, às normas que a
Constituição prevê.
Atividade edilícia: planos urbanísticos e regras de uso e
Quanto à pergunta: se a Constituição Estadual pode ocupação do solo.
estabelecer para os municípios com mais de 5 mil habitantes,
a obrigatoriedade de um Plano Diretor?
Matéria de Direito Municipal (Optativa) - preparada por Fernando Furlani [6º T] com base nas aulas do 6º Semestre de Direito (Mackenzie) em 2006
As principais regras que normatizam a atividade edilícia são
de direito público. Mas no Código Civil, ao tratar de direito de
vizinhança, há regramentos sobre atividade edilícia - o limite
de onde começa o direito do outro.
Aqui, tratamos o "direito de construir" em sentido amplo:
construir hospitais, etc.
Aqui, o Direito Administrativo está muito próximo ao Direito
Urbanístico. Quem é responsável por autorizar, e por
controlar se as normas de Dir. Urbanístico serão aplicadas,
virão do Dir. Administrativo.
Sobre a competência do Município: sua competência não se
pode contrapor à competência Estadual nem Federal. Deve-
se avaliar quais são os limites do exercício dessa
competência. Ver o Art. 30 "legislar sobre assuntos de
interesse local", além do Art. 24 (onde o município não
consta, mas se deve interpretar juntamente com o Art. 30).
Ou seja: município tem competência, mas focada nos
interesses locais - exemplo: Plano Diretor.
Quando alguém vai fazer uso de seu direito de propriedade e
queira erguer uma edificação, para qualquer que seja a
finalidade, ele precisará submeter seu projeto a uma
aprovação prévia, tendo que possuir a concordância da
administração pública municipal para erguer sua edificação. A
Administração deverá olhar o projeto de acordo com a LEI;
estando em conformidade com as regras LEGAIS, ela não
poderá negar sua autorização.
Em outras situações, o particular pode não querer construir, e
sim reformar ou modificar uma parte, ou então demolir e
construir outra coisa. Tudo isto deve obedecer a regras, que
regem o Dir. Urbanístico mas dependem de um confronto da
Adm. Pública com as leis para se obter a LICENÇA
necessária.
No caso de reformas ou modificações, ou colocar um cartaz
ou publicidade qualquer. Será que o dono de um prédio
autorizar alguém a colocar um cartaz em uma das laterais do
prédio.
Essa publicidade deverá obedecer a determinadas regras,
sobre altura, e outros critérios como iluminação, impacto
visual, etc. Isto significa que NÃO necessariamente tenho um
"direito" de propriedade individual. Devem-se observar
determinadas regras para exercer com plenitude o direito de
propriedade. NO exemplo daquela publicidade, se as normas
não autorizarem, NÃO haverá violação do direito de
propriedade individual.
É a diferença entre a AUTORIZAÇÃO e a LICENÇA. Ambas
são ATOS ADMINISTRATIVOS, por serem no momento
FINAL de uma avaliação feita no âmbito da Administração
Pública.
A LICENÇA é "ato vinculado": a Adm. Pública não tem a
menor margem de liberalidade. Se estiver em conformidade
com a lei, a Administração DEVERÁ conceder a licença.
A Licença é "definitiva" e "irrevogável", com a permanência
dos requisitos.
11
A AUTORIZAÇÃO: não há o direito subjetivo, sendo por
motivos de conveniência de oportunidade, interesse público,
e não "arbitrariedade".
É precária (não definitiva, como a licença), e revogável.
Exemplos: colocação de andaimes em uma obra ou reforma,
publicidade em locais específicos, etc.
A manifestação da Administração acerca de uma Autorização
ou Licença se chama CONTROLE PRÉVIO, feito "antes" de
se iniciar a construção ou reforma.
Uma vez concedida a Licença ou Autorização, a
Administração Pública irá examinar de tempos a tempos se
os requisitos exigidos estão de fato sendo observados pelo
solicitante da autorização ou licença. É preciso um controle
"concomitante" com a construção, feita por inspeções. Se o
construtor não obedecer às intervenções do inspetor, ele
estará sujeito a multas ou interdições, conforme o caso.
Outro controle: Controle POSTERIOR, ou FINAL - que visa a
atestar se efetivamente tudo foi feito em conformidade com a
licença ou autorização, valendo como atestado de que tudo
está em ordem. No caso de uma construção, chama-se
HABITE-SE, ou na reforma, ATO DE VISTORIA. Quando se
verifica uma IRREGULARIDADE, o inspetor emite um
documento que se chama "COMUNIQUE-SE",
Princípios informadores das licenças urbanísticas:
- Necessidade ou indispensabilidade
- Caráter vinculado: é o fato de ser decorrente do controle
de legalidade - vinculado à LEI
- Transferibilidade: significa - sou proprietário de um
projeto, entro com ele formalmente, e recebo a licença, mas
antes de eu a utilizar resolvo vender o terreno. O comprador,
se quiser se utilizar do mesmo projeto, dentro do prazo de
validade da licença, poderá sim fazê-lo. A licença
acompanha a propriedade e o projeto. Se o comprador quiser
fazer OUTRO projeto, deverá submetê-lo à Administração
Pública. Sobre o prazo, se nada for feito dentro do prazo de
DOIS anos, a licença caducará.
- Autonomia:
- Definitividade: uma vez concedida, iniciada a obra, terá
validade e não será revogada
Espécies de Licenças Edilícias:
- Construção:
- Reforma: mantém-se a estrutura, fazendo meramente
uma adaptação, "maquiagem", não se podendo mexer na
construção original;
- Reconstrução: mexe-se na estrutura da construção
- Demolição:
Por que chamamos de "procedimento" para a obtenção de
licença, e não de "processo"?
Há uma corrente doutrinária - a Professora acha correta - que
diz que o procedimento se diferencia do processo com base
Matéria de Direito Municipal (Optativa) - preparada por Fernando Furlani [6º T] com base nas aulas do 6º Semestre de Direito (Mackenzie) em 2006
na existência ou não de uma lide, de um conflito judicial. Ao
se ingressar em juízo, já há um conflito. Nem sempre na
Administração Pública temos uma situação prévia de conflito -
vai-se fazer meramente um "pleito" de uma licença. Daí
porque chamamos de PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO.
Por outro lado, diante de um indeferimento de uma licença, o
requerente poderá recorrer dessa decisão, dentro do "devido
processo legal", que presume o "duplo grau", dependendo da
organização estrutural do órgão em questão.
Por isso, a licitação é também chamada de "procedimento",
não de processo.
O procedimento de Controle POSTERIOR tem TRÊS fases:
1) Introdutória: faz-se o PEDIDO, com um projeto técnico
assinado por um profissional habilitado (arquiteto ou
engenheiro), com um cronograma, enfim, documentos que a
lei prevê.
2) Segunda fase: a Administração Pública vai analisar o
pedido e os documentos. Vício de competência, por exemplo,
é vício de nulidade. Competência relativa: pode-se convalidar.
Competência absoluta: não se pode convalidar.
3) Fase Decisória: se não cumprir os requisitos legais,
"deverá" ser negada a licença ou autorização.
Pedir para a professora o conteúdo que foi passado para os
alunos no retroprojetor.
Prazos das Licenças: validade e caducidade
Alterações das Licenças:
- Substituição: alteração do projeto
- Anulação da licença: nas hipóteses de ilegalidade (vícios)
- Revogação: conveniência e oportunidade (alterações de
circunstâncias de fato)
- Cassação: por ilegalidade por descumprimento do usuário
No caso do espigão que ficou embargado na Marginal
Pinheiros, é exemplo do controle REPRESSIVO da
Prefeitura: embarga, multa e manda fazer alterações para
obedecer às normas legais.
Aula do dia 17/5/2006
ORDENAÇÃO DO SOLO
Conjunto de normas/regras destinadas à regulamentação,
controle e implementação do plano urbanístico (habitação,
trabalho, recreação e circulação).
Diz respeito à repartição de um território em um município.
Existem normas extraídas da CF, e outras específicas de
cada município.
A questão que se coloca é: a Ordenação do Solo visa
implementar o ordenamento urbanístico, repartindo o solo de
12
um município de forma adequada para propiciar tudo o que
for necessário para as pessoas que vivem em certo
município.
Finalidade:
- Espaços para o desenvolvimento de
cidades
- Concentração equilibrada
- Orientação e organização para
desenvolvimento urbano
O que é necessário, por que é necessário ordenar o solo? Há
lugares que devem estar adequado para o uso específico.
Por exemplo, há que se evitar a todo custo misturar áreas
industriais com residenciais, por motivos de poluição do ar, do
solo, sonora, etc.
Trata-se da imposição de LIMITES para a utilização da
propriedade.
A idéia é sempre atingir as quatro finalidades básicas (abaixo)
de modo que as pessoas morem bem, trabalhem bem,
circulem bem, e façam atividades de lazer em espaços
adequados.
Obviamente, em primeiro lugar as pessoas vão chegando,
vão se aglomerando, e vivem em uma situação não-ideal,
não-planejada. EM um segundo momento é que os
governantes vão "acordar" para os problemas que foram
surgindo, e vão tentando fazer um planejamento e a
respectiva regulamentação, para conseguir implementar o
que foi planejado.
Solo Urbano
O solo urbano é dividido em ZONAS, que tem denominações
como "zona urbana", "zona de expansão urbana", e "zona de
uso especial".
No Plano Diretor, veremos, por exemplo, as chamadas Z1,
Z2, etc. como subdivisões da "Zona Urbana".
- DIVISÕES:
- Zonas:
- Urbana
Ver explicações abaixo, no item "legislação"
- De Expansão Urbana
Ver abaixo
- Uso Especial
Uso "especial" diz respeito a questões de caráter
CULTURAL, ARTÍSTICO, ATÔMICO, etc. Leitura do Art. 29
do CTN.
O Plano Diretor, a partir do Art. 146, começa com várias
definições, que são muito extensas. Quem tiver interesse ou
necessidade, sabe onde encontrar essas definições e
características, mas isso não iremos neste curso estudar em
profundidade porque foge do nosso propósito.
Matéria de Direito Municipal (Optativa) - preparada por Fernando Furlani [6º T] com base nas aulas do 6º Semestre de Direito (Mackenzie) em 2006
A Lei 6766 prevê uma série de requisitos. Quando uma
propriedade grande vai fazer um loteamento, por exemplo,
para residências, há certos requisitos: em primeiro lugar, o
Estudo de Impacto Ambiental (EIA), através de um Relatório
de Impacto Ambiental (RIMA), que se chama, pelas duas
siglas, de EIA-RIMA, onde há entre outras coisas um
percentual da área que deverá ser preservada. Outras regras:
a questão das ruas, o que é considerado área útil e área
construída.
Uma vez obtida a autorização do meio ambiente, as regras
deverão ser observadas quanto ao parcelamento do solo:
cada lote deverá ter a metragem adequada para o respectivo
tipo de residência - casas luxuosas, casas populares, etc. - e
cada construção deverá obedecer às regras peculiares sobre
recuo mínimo, altura máxima, etc.
Agora, quando se fala já no projeto sobre parcelamento para
construção de casa, sobre portões, e o entorno do terreno,
este tipo de loteamento é regido por uma outra lei, a Lei de
Condomínios, cujas regras são diferentes. Pois o
"parcelamento do solo" (solo rural é regido pela Lei 6766/79)
é uma coisa, e outra coisa é a construção em si.
Atentem para o fato de que "meio ambiente" não se resume a
"cortar árvores". O EIA-RIMA é muito amplo.
Solo Rural
- Zona Rural
Legislação:
CTN, Art. 29 e 32
O CTN visa enquadrar a situação de cada imóvel
para determinar sua competência tributária. Se irá ser o IPTU
(município), ou o tributo estadual. O CTN é que dá os
critérios.
O CTN, no Art. 32 - leitura - definição de "Zona
Urbana".
O CTN está dizendo o seguinte: pode ser
considerado imóvel da zona urbana aquele que tiver pelo
menos DOIS dos requisitos ali listados, sendo requisitos
indispensáveis dois desses melhoramentos. Agora, se a lei
municipal irá ou não adotar esse critério, é outra questão,
pois pode adotá-los na íntegra, e pode também estender os
requisitos, ampliar.
O CTN está dando a possibilidade de que o
município se estenda, pela expansão dos loteamentos, que
podem ser residenciais, industriais ou comerciais. Hoje, o que
vale é a Lei 6766, para fins de FRACIONAMENTO DO SOLO,
apesar de não ser tão adequada.
Assim, a diferença entre zona "urbana" e de
"expansão urbana", e que esta é passível de urbanização.
Plano Diretor, Arts. 146 a 181
Aula do dia 24/5/2006
Aproveitamento Compulsório do Solo Urbano
Trata-se da hipótese em que o proprietário deixa de fazer o
uso adequado do solo, deixando de fazer a utilização da
13
propriedade em conformidade com o uso social, em cujo caso
há algumas limitações ao direito da propriedade.
CF, Art. 182, Par. 4 - leitura
- Aproveitamento adequado:
- Conceito
O uso adequado da propriedade ocorre na hipótese
em que o proprietário faz o exercício da FUNÇÃO SOCIAL na
propriedade em questão, determinada pela legislação.
A idéia é atender aos pressupostos de uso da propriedade
para moradia, trabalho, lazer, circulação.
Se o proprietário não der o aproveitamento adequado -
SUBUTILIZAÇÃO (não atender aos pressupostos de
parcelamento), estará sujeito ao IPTU Progressivo, e, se não
se enquadrar nos requisitos depois de uma notificação
registrada (em cartório de registro de imóveis), estará sujeito
a desapropriação.
- Estatuto da Cidade: Art. 4 - leitura
- Pressupostos do parcelamento, edificação e utilização
compulsórios - Par. 4, Art. 182 CF - leitura.
Aqui, temos os PRESSUPOSTOS, dados pela lei, que, se
observados, a função social será exercida.
"... seu adequado parcelamento...". "Não-edificado,
subutilizado, ..."
Quando a lei fala em "...", ela está dando os pressupostos,
que devem ser observados.
O que significa "Subutilizado"? A resposta está no Estatuto da
Cidade, que traz esse conceito mínimo de uma legislação
municipal.
O legislador constituinte fala "nos termos de Lei Federal", isso
significa o Estatuto da Cidade, que é a lei federal. O Plano
Diretor é do município.
Em havendo a subutilização, ou não-aproveitamento
adequado, existe uma graduação, que deve ser
necessariamente observada.
Solo subutilizado - Art. 5, Par. 1, I, Estatuto das Cidades
Procedimento: notificação registrada em cartório de registro
de imóveis.
Isso se faz necessário porque o proprietário do imóvel que
estiver em subutilização da propriedade, recebe uma
NOTIFICAÇÃO sobre isso, e passa a pagar IPTU
progressivo. Um promitente comprador desse imóvel deverá
ficar ciente de que aquele imóvel está gravado com o IPTU
progressivo porque está subutilizado, por isso há a exigência
de registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Matéria de Direito Municipal (Optativa) - preparada por Fernando Furlani [6º T] com base nas aulas do 6º Semestre de Direito (Mackenzie) em 2006 14

Prazos:
1 ano, da notificação: protocolo do projeto
2 anos: da aprovação do projeto (com o devido
cronograma) - início das obras
Grande parte: permitida conclusão em etapas

IPTU Progressivo: Art. 7 do Estatuto das Cidades.

Digamos que o proprietário não fez nada: não concluiu nada

nem iniciou nenhuma obra, ele será penalizado por
descumprir a função social da propriedade. Embora o tributo
não seja pena, neste caso acaba sim funcionando para punir
o proprietário que não observar estas regras. Isso está
previsto no Estatuto da Cidade, mas não no CTN. O IPTU
Progressivo está na CF, como forma de coibir o mau uso da
propriedade.

O proprietário terá CINCO anos para pagar o IPTU

progressivo e providenciar, dentro desses cinco anos, o uso
adequado. Se ele não der o uso adequado, será
desapropriado. E, se o ente público que desapropriar não
tomar nenhuma providencia para dar o uso adequado, isso
será improbidade administrativa, e deverá ser tomada uma
providencia contra isto, o que se deve fazer por AÇÃO
POPULAR. Aliás, a ação popular é instituto mal utilizado,
chegando até a ser instrumento de partidos políticos, que
querem derrubar os partidos rivais.

Tudo o que diz respeito a DIREITOS DO CIDADÃO

VIOLADOS, deve ser objeto de AÇÃO POPULAR.

Desapropriação

Município: deve fazer o uso adequado - 5 anos

A regra da Desapropriação: tira-se a propriedade, mas se

garante o direito a ela, mediante indenização, prévia, e em
dinheiro.

===============================================

FURLANI TRADUÇÕES
Traduções juramentadas em todas as línguas
Fernando Furlani
Tel.: (11) 9770-6800
furlani.tradutor@gmail.com

===============================================