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FACULDADE DE DIREITO
DIREITO CIVIL VI
1
SUMÁRIO
Introdução
.........................................................................................................................................
03
3 . Regularização Fundiária
.........................................................................................................................................
06
7.1 . 1ª Análise
.............................................................................................................................
17
7.2 . 2ª Análise
.............................................................................................................................
19
Conclusão
.........................................................................................................................................
22
Referências Bibliográficas
.........................................................................................................................................
24
Anexos
.........................................................................................................................................
26
Introdução
4
A legitimidade ativa para a propositura da ação civil publica é
dada pelo artigo 5º da LACP e pelo artigo 82 do Código de Defesa do
Consumidor. Assim, são legitimados o Ministério Publico, a União, os Estados,
os Municípios e o Distrito Federal, as autarquias, as empresas públicas, as
fundações e as sociedades de economia mistas, as associações civis
constituídas há pelo menos um ano que tenham finalidades institucionais
compatíveis com o interesse que se visa a defender e as entidades e órgãos da
administração pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica,
especificamente destinados à defesa dos interesses e direito protegidos pelo
Código de Defesa do Consumidor. Igualmente, estão legitimados para propor a
ação civil pública os sindicatos (art. 8º, III, CF) e as comunidades indígenas
(art. 232, CF).
Os bens jurídicos passíveis de ser tutelados pela ação civil
pública estão elencados no art. 129, III, da CF, complementado pelo art. 1º da
LACP, permitindo a defesa de direitos trans-individuais relacionados com o
meio ambiente; o consumidor; os bens de valor artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico (constituem o patrimônio cultural); as infrações à ordem
econômica e à economia popular; infrações à ordem urbanística; qualquer
outro interesse difuso ou coletivo.
1
BRAGA, Verusca Citrini. Direito Urbanístico. Regularização de ocupações. Loteamentos irregulares ou
clandestinos. Áreas públicas ou particulares. In: Revista Interesse Público, nº 46, ano IX-2007, p. 259.
6
habitantes”. O cerne do dispositivo constitucional está exatamente em “garantir
o bem-estar de seus habitantes”.
3. Regularização fundiária
2
MORETTO, Simone Santos; SOMENSI,Simone. Loteamentos irregulares e clandestinos..., In:
Revista Interesse Público, nº 45, ano IX – 2007, P. 225
7
adequações jurídicas. Como se vê, a regularização fundiária se dá em duas
dimensões3:
3
Ibidem, p.226.
8
propriedade à realidade fática, dando inicio à política de legalização das áreas
e dos lotes ocupados, gerando segurança jurídica aos moradores.
O Estatuto da Cidade, neste aspecto, também auxilia, trazendo
inúmeros instrumentos jurídicos e principalmente traçando as diretrizes básicas
de utilização ordenada do solo urbano, cujo centro é a preocupação constante
com a função social da propriedade.
De acordo com o tipo de propriedade (pública ou privada) e a
forma de ocupação do solo (assentamento autoproduzido, invasão,
loteamentos irregulares ou clandestinos) é possível utilizar institutos como a
concessão especial para fins de moradia, usucapião individual ou coletiva e
ação de registro para transferir a titularidade do imóvel a quem de direito.
Importante destacar que a dimensão jurídica somente estará completa quando
finalizada a etapa registral, ou seja, quando disponibilizado ao morador o seu
titulo de posse ou propriedade devidamente registrado no cartório imobiliário4.
4
Ibidem, 227.
5
Ibidem, p. 228.
9
Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental do Município de Porto Alegre
(PDDUA) são assentamentos autoproduzidos;
(b) Loteamentos, é uma das formas de parcelamento do solo
urbano, com desmembramento da área em lotes e abertura de novas vias de
circulação. Segundo estabelece o § 1º, do art. 2º, da Lei nº 6.766/79, que
dispõe sobre o parcelamento do solo urbano, “considera-se loteamento a
subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com cobertura de novas
vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, modificação ou
ampliação das vias existentes”. Ou seja, dá-se o loteamento sempre que
houver abertura de novas ruas. Pela Lei Federal 6.766/79, o loteador é
obrigado a elaborar projeto e loteamento, aprová-lo perante os órgãos
municipais e depois registrá-lo no cartório imobiliário, alem de ser obrigado a
realizar obras de infra-estruturas (arts. 6º, 12º, 18º). Somente após o
cumprimento destas etapas é possível iniciar a comercialização dos lotes. A
referida lei define lote como terreno servido de infra-estrutura básica cujas
dimensões atendam aos índices urbanísticos definidos pelo plano diretor (art.
2º, § 4º). Infra-estrutura básica, por sua vez, são os equipamentos urbanos de
escoamento das águas pluviais, redes de esgoto sanitário e abastecimento de
água potável, energia elétrica pública e domiciliar e vias de circulação (art. 2º, §
5º). Neste contexto, quando o loteamento não atende aos preceitos legais,
torna-se irregular ou clandestino. Ambos são parcelamentos ilegais. De outro
lado, necessário fazer a sua distinção:
(a) Loteamento irregular é aquele que possui algum tipo de
registro no Município. O responsável pode ter dado entrada com a
documentação, mas não chegou a aprovar o projeto. Ou, aprovado, mas não
executado ou executado em desconformidade com o ato de aprovação ou
legislação vigente. O loteador pode ter deixado de atender as outras etapas
previstas na Lei 6.766/79, como a realização de obras de infra-estrutura ou
registro do loteamento no cartório de imóveis.
(b) Loteamento clandestino é aquele realizado sem nenhum tipo
de projeto ou intervenção pública, ou seja, nenhuma norma foi respeitada6. É
6
Ibidem, p. 229.
10
um loteamento sem aprovação. O poder público não tem conhecimento de sua
existência ou, quando levado a seu conhecimento, não lhe dá aprovação7.
Os parcelamentos ilegais (clandestinos ou irregulares) podem
trazer problemas de ordem social e urbanística. No que se refere à ordem
social, os prejudicados são os adquirentes dos lotes, na maioria pessoas
simples que não tem conhecimento de quais são as exigências mínimas e
necessárias de um parcelamento legal. Em relação ao problemas de ordem
urbanística, o maior prejudicado vai ser o Poder Público, uma vez que não são
cumpridas as exigências mínimas e necessárias ao bem-estar da comunidade
e, por conseguinte, lhe cabe a maior parte da responsabilidade. Com efeito, é
da competência do Poder Público Municipal a atividade fiscalizadora,
impedindo o início da implantação do parcelamento ilegal e a adoção de
medidas administrativas e judiciais com o intuito de coibir o prosseguimento da
implantação irregular ou clandestina. Caso não adote medidas de prevenção e
repressão dos parcelamentos ilegais, deverá assumir o ônus de promover a
regularização.
7
Op. cit., p.261.
8
Op. cit., p. 229.
11
Municipal de Coordenação Política e Governança Local e Departamento
Municipal de Habitação9.
Este grupo de trabalho tem por objetivo elaborar diretrizes
urbanísticas para a regularização dos loteamentos irregulares e clandestinos, o
que acarreta na agilização do processo de regularização.
São algumas competência da Gerência de Regularização de
Loteamentos:
(a) análise de expedientes administrativos cujo objeto seja
loteamentos clandestinos ou irregulares, abrangendo os procedimentos
necessários à etapa da regularização urbanística através da instituição de Área
Especial de Interesse Social (AEIS) ou aplicação da Lei Complementar nº 140,
de 22.07.1986 (para loteamentos implantados antes de 1979);
(b) ajuizamento de ações competentes para responsabilização
civil e penal dos loteadores irregulares e clandestinos;
(c) execução de levantamentos topográficos e projetos
urbanísticos em situações submetidas à análise e consideração da Gerência de
Regularização de Loteamentos;
(d) ajuizamento de ações de registro com base no Provimento nº
28/2004 da Corregedoria-Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do Estado do
Rio Grande do Sul, denominado “Projeto More Legal”.
O trabalho para regularização da Gerência de Regularização de
Loteamentos começa em razão de uma denúncia de loteamento irregular ou
clandestino ou devido a um pedido de regularização por parte da comunidade,
momento em que será adotados os seguintes procedimentos:
(a) Identificação da titularidade junto aos cartórios imobiliários da
matrícula atualizada visando identificar se a área é pública ou privada
e se o proprietário foi o loteador;
(b) Avaliação da existência de loteamento e da época de sua
implantação.
Após, o próximo passo será identificar o loteador e, neste caso é
de grande importância a cooperação da comunidade, pois são os compradores
dos lotes que fornecem a documentação necessária para tanto, ou seja, os
contratos de compra e venda.
9
Op. cit., p. 229.
12
Ao ser identificado o proprietário e o loteador, nos termos do art.
49 da Lei nº 6.7666/7910 e do art. 218 da Lei Orgânica do Município de Porto
Alegre11, são notificados, sendo que a responsabilidade pela regularização é
decorrente do ônus de sua atividade.
Havendo acordo para proceder a regularização é firmado termo
de ajustamento de conduta, como dispõe o § 6º do art. 5º da Lei nº 7.347/85
(LACP), estabelecendo prazos para cumprimento das etapas de regularização
mediante cominações, que terá eficácia de titulo executivo extrajudicial em
caso de não cumprimento.
Resultando impossível ajustar um procedimento junto ao loteador
e/ou proprietário para obter a regularização, o Município poderá assumir,
juntamente com os moradores, a regularização, sem prejuízo das ações
punitivas cíveis e penais cabíveis contra loteadores, nos termos do art. 228 da
Lei Orgânica Municipal.
A regularização propriamente dita inicia após a avaliação e
enquadramento da gleba nas hipóteses de regularização, com enquadramento
na Lei Complementar Municipal nº 140/86 ou no Plano Direto, Lei
Complementar Municipal nº 434/99.
A Lei Complementar Municipal nº 140/86 é aplicada como
instrumento jurídico urbanístico para a regularização dos parcelamentos do
solo implantados irregular ou clandestinamente anteriormente à Lei Federal
6.766/79, independentemente da observância dos padrões urbanísticos
definidos no Plano Diretor. Para tanto, deve ser analisada a situação do
loteamento no que concerne ao sistema viário, aos equipamentos urbanos e
comunitários e aos aspetos jurídicos ligados ao domínio da gleba. O artigo 178
da Lei Complementar Municipal nº43/79, veda o parcelamento em terrenos
alagadiços ou que tenham sido aterrados com materiais nocivos à saúde
pública, em terrenos com declividade igual ou superior a 30%, em terrenos
10
Art. 49 - As informações e notificações previstas nesta Lei deverão ser feitas pessoalmente ao intimado
ou notificado, que assinará o comprovante do recebimento, e poderão igualmente ser promovidas por
meio dos Cartórios de Registros de Títulos de Documentos da Comarca da situação do imóvel ou do
domicílio de quem deva recebê-las.
11
Art. 218 – O Município deverá notificar os parceladores para que regularizem, nos termos da legislação
federal, os loteamentos clandestinos, podendo, em caso de recusa, assumir, juntamente com os
moradores, a regularização, sem prejuízo das ações punitivas cabíveis contra os loteadores.
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onde as condições biológicas não aconselham edificação, nas reservas
ecológicas e biológicas e em imóveis dos quais resultem terrenos encravados.
A Lei Complementar Municipal nº 140/86 ainda exige, para a
efetivação da regularização, que os loteamentos apresentem a existência de
vias de comunicação, lotes demarcados, equipamentos urbanos de
abastecimento de água e energia elétrica e condições de escoamento das
águas pluviais.
Os demais casos devem atender o Plano Diretor ou, se for
necessário, prever a instituição de Áreas Especiais de Interesse Social (AEIS),
que é o instrumento urbanístico previsto no art. 79 da Lei Complementar
Municipal nº 434/99, o qual viabiliza a produção e manutenção de habitação de
interesse social através da adoção de padrões especiais de parcelamento e
uso do solo e da permissão de normas construtivas especificas para núcleos
habitacionais consolidados e novas áreas destinados a programas
habitacionais de interesse social. Os loteamentos irregulares enquadram-se no
art. 76, inciso II, da Lei Complementar Municipal nº 434/99.
As Áreas Especiais de Interesse Social (AEIS), denominadas de
ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social) no Estatuto das Cidades, permitem
que os loteamentos irregulares ou clandestinos sejam integrados à cidade
formal. Ao gravar uma área como AEIS, permite-se que esta seja regularizada
no próprio local com regras diferenciadas do Plano Diretor. Tais áreas poderão
ser urbanizadas considerando, sempre que possível, a forma como o núcleo
está organizado12.
O próximo passo é a apresentação do projeto urbanístico e sua
aprovação perante os órgãos técnicos. Em sendo o projeto aprovado e o
loteamento inserido na cidade formal, encerram-se os procedimentos
urbanísticos e inicia a fase jurídica da regularização do loteamento, com vistas
á retificação e ratificação da matrícula (se necessário) e registro do loteamento
perante o Registro de Imóveis, com abertura de matricula dos lotes e
equipamentos públicos.
Para que isto ocorra, “geralmente é necessário o ingresso de
ação de registro com base no Provimento nº 28/2004 da Corregedoria-Geral de
Justiça do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, pois na maioria
12
Op. cit., p.239.
14
dos casos não é possível atender os requisitos previstos na Lei Federal nº
6.766/69/”. Este Provimento, denominado de Projeto More Legal, estabelece
padrões diferenciados e flexibilização na documentação a ser apresentada
para registro do loteamento e individualização das matriculas por lote.
15
Caso as medidas administrativas não sejam suficientes para
impedir a formação do loteamento clandestino, necessário o ajuizamento de
ações judiciais. Nesse aspecto, sem dúvida, o melhor instrumento à disposição
do Município é a ação civil pública, regulamentada pela Lei nº 7.347/85. O
pedido principal da ação civil pública será a condenação dos responsáveis pela
tentativa de implantação de loteamento à obrigação de não fazer, consistente
na vedação de execução de loteamento e de venda de lotes. A legitimidade
ativa do Município na ação civil pública tem previsão no art. 5º c/c art. 1º, inc.
VI, da LACP, na defesa da ordem urbanística.
16
aprovação na execução do loteamento13. Por fim considera-se também
irregular loteamento aprovado pelo poder público em área considerada
inapropriada pela lei.
7.1. 1ª Análise
13
NOGUEIRA, Wagner Rodolfo Faria. Parcelamento do solo . Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 84, 25
set. 2003. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4349>. Acesso em: 25 jun. 2009.
14
PAIXÃO, Renata da Fonseca. A ação Civil Pública como Instrumento de Acesso à Justiça.
Monografia. Porto Alegre, 2006. p. 17.
17
II – interesses ou direitos coletivos, assim
entendidos, para efeito deste código, os
transindividuais de natureza indivisível de
que seja titular grupo, categoria ou classe
de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma ligação jurídica base.
15
Ibidem. p. 31.
18
estatuto das cidades, desrespeitando o disposto nas diretrizes gerais da
referida lei, mais especificamente seu art. 2°:
7.2. 2ª Análise
21
Conclusão
22
Os trabalhos especiais para regularização de loteamentos, como
formação de um grupo especial de trabalho vista em Porto Alegre são medidas
de suma importância para a regularidade dos loteamentos. Aliadas as
introduções legislativas introduzidas nos últimos anos podem dar em pouco
tempo os frutos não produzidos ao longo de muitos anos. A preocupação do
município com a situação dos loteamentos evita que o ministério público
precise fazer uso de ações civis públicas que muitas vezes, como já visto,
podem ser infrutíferas.
Por fim somente com a cooperação entre administrações, poder
judiciário e ministério e a prática de novas políticas públicas é que o problema
dos loteamentos irregulares poderá ser resolvido. Não acredita-se na utopia
que não mais existirão loteamentos irregulares, porém acredita-se com um
trabalho sério e pontual a quantidade de loteamentos em situação de
irregularidade pode ser reduzido drasticamente.
23
Referencias Bibliográficas.
BARREIRA, Isaura Cristina. Ação Civil Pública. In; Revista Direito Público, nº
97, janeiro-março, ano 24, 1991.
24
PAIXÃO, Renata da Fonseca. A ação Civil Pública como Instrumento de
Acesso à Justiça. Monografia. Porto Alegre, 2006.
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