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Organizando Sua Prática:

Estruturando um Sistema para Melhoria

Ao poeta romano Virgílio é atribuída a frase “Laboar omnia vicit;”- “O


trabalho conquista todas as coisas “. Embora muito trabalho duro normalmente
seja exigido para se alcançar resultados prósperos na maioria de nossos
empenhos, apenas trabalho duro normalmente não é o bastante para atingirmos
metas eficazmente - da maneira mais rápida possível. Um exemplo perfeito é a
demolição de um edifício comercial grande. Um modo para demolir o edifício
seria martelá-lo com um guindaste e uma grande bola de ferro durante semanas
ou até mesmo meses. Porém um modo muito mais rápido e inteligente, é estudar
sua estrutura e local cuidadosamente, colocando uma quantidade suficiente de
explosivos para implodí-lo; isto fará com que o edifício desmorone em si
mesmo e apenas restara uma pilha agradável de escombro num curto espaço de
tempo. A obtenção de um avanço técnico e musical num instrumento é bem
parecida ao enredo da demolição do edifício. Nós podemos ficar martelando
pôr horas, semanas, e meses no quarto de prática, sem nenhuma melhora
satisfatória porque as mensagens corretas não foram endereçadas a nossa
maneira de tocar.

Para a obtenção de um bom e efetivo resultado de nosso precioso tempo de


prática, razões específicas para prática precisam ser enfocadas. Nós temos
que partir e aderir a metas preestabelecidas. Algumas destas metas deveriam
ser distantes, visões de longo alcance. Exemplos deste tipo de meta incluem o
desejo de tocar em uma grande orquestra, ser o solista de uma boa banda
militar, viajar e fazer gravações com um grande conjunto de câmara, ou obter
uma posição pedagógica numa instituição prestigiosa. Além de se esforçar para
realizar nossos sonhos, praticidade e metas de dia-para-dia precisam estar
prontamente à mão. Estas metas imediatas e funcionais devem ser deduzidas
pela consideração de todos os aspectos do desempenho do indivíduo. Isto nos
conduz ao primeiro passo de organizar tempo - avaliação de prática.

Existem várias áreas que incluem critério para avaliação de desempenho,


inclusive “técnica”, “musicalidade”, e “outros fatores de desempenho”. Itens
específicos que precisam ser observados incluem:
‰ postura e relaxamento
‰ hábitos respiratórios
‰ tom
‰ articulação (claridade, colocação de língua, etc.)
‰ habilidade com ligaduras
‰ extensão
‰ controle dinâmico
‰ flexibilidade
‰ variedade e controle de estilos de articulação
‰ vibrato
- etc.
Existem também vários elementos musicais que precisam ser avaliados
regularmente pôr todo artista. Estes incluem:

‰ conceitos de frase
‰ habilidade expressiva básica
‰ entendimento e habilidade para executar todos os estilos e gêneros
musicais incluindo:
- conjuntos (banda, orquestra, música de câmara, etc.)
- períodos históricos (o Renascimento, Barroco, Clássico, Romântico,
Contemporâneo)
- estilos específicos (lírico, jazz, etc.)

Há ainda “outros fatores de desempenho” que apesar de não serem diretamente


relacionados à técnica ou musicalidade, estão intimamente relacionados à
habilidade de cada músico para apresentar um desempenho satisfatório. Estes
incluem:

‰ preparação mental e controle (nervos)


‰ reconhecimento e correção da afinação
‰ presença de palco

Para avançarmos como músicos, nós temos que conhecer nossas qualidades e
fraquezas. Este conhecimento é obtido pela avaliação completa dos elementos
acima. Para começar este procedimento, desenvolva uma lista que inclua todos
os fatores importantes de performance e faça uma avaliação (1-10 ou A-B-C-D-
E) que melhor demostre o estado atual de cada área sua tocando. Seja honesto!
Se você não admitir suas fraquezas ao tocar, elas provavelmente nunca
poderão ser melhoradas ou corrigidas. Igualmente, se áreas onde você toca bem
receberem a maior parte de sua atenção, quando praticando, as áreas fracas
serão negligenciadas e serão deixados “ fantasmas “ que inevitavelmente
voltarão a assombrá-lo, freqüentemente na hora menos oportuna.

Depois que forças e fraquezas forem avaliadas, podem ser estabelecidas metas
bastante razoáveis. Procurar pôr melhoria em música sem metas claras é
literalmente como ser um barco no mar sem leme. Neste barco é possível
descobrir vários lugares maravilhosos, mas também haverão longos períodos de
navegação à esmo – sem chegar a lugar nenhum. Tendo o controle do leme, a
pessoa poderá chegar aos lugares desejados muito mais depressa. O mesmo pode
ser dito para o uso de metas definidas e organização do tempo de prática.

Uma vez mais, nossas metas musicais deveriam ser divididas em duas áreas - a
primeira deveria consistir de uma honesta medida de suas forças e fraquezas,
e a segunda área consistindo de sonhos pessoais e visões. Estas metas
precisam ser escritas e estarem num lugar ao qual você possa recorrer
freqüentemente. Ao organizar seu tempo de prática, suas metas podem ser
divididas em 3 estágios:

‰ Metas imediatas, de curto prazo – dias ou semanas


‰ Metas intermediárias – um mês, vários meses até vários anos
‰ Metas de longo alcance – anos, carreira, objetivo de vida
Um exemplo de um grupo de metas imediatas (a curto prazo) poderia consistir
na melhora de um problema de claridade de articulação numa determinada oitava
do instrumento; aprender uma passagem especialmente difícil de um estudo ou
solo; tocar mais expressivamente. Estes são alguns exemplos que poderiam ser
alcançados possivelmente em alguns dias ou semanas. Depois que metas
imediatas para melhoria musical forem estabelecidas, podem ser determinadas
metas intermediárias. Estas poderiam incluir o aprendizado completo de um
trecho novo de uma música ao final de um mês; em dois meses ter o trecho
memorizado; em três meses estender o seu alcance pôr mais meia oitava. Nas
metas de longo alcance podem estar incluídos itens como estudar com um
determinado professor; fazer o curso superior de música – aí incluídas a
possibilidade de um mestrado ou doutorado -; vencer uma audição ou concurso;
gravar um disco; etc.

Todas as metas deveriam ser escritas e mantidas num lugar de fácil acesso
pelo Estudante sério. Todo músico experimentou horas difíceis no quarto de
prática quando, fora a frustração, o propósito do trabalho duro deles fica
obscuro. Mantendo algumas metas escritas sempre à mão, o seu sonho poderá ser
mantido vivo mais facilmente. De posse de metas bem estabelecidas, o músico
pode programar melhor suas prioridades de estudo.

Existem três áreas básicas que devem ser consideradas quando um músico inicia
a estruturação do seu sistema de melhoria - som, técnica, e musicalidade. A
maior parte do nosso tempo de estudo será usada no esforço de melhorar estas
três áreas, cada uma consistindo de vários componentes individuais. Para a
obtenção de uma melhora no som, devemos enfocar os seguintes itens:

‰ Relaxamento e postura apropriada


‰ Hábitos respiratórios – garganta e cavidade oral abertas, grande volume de
ar, etc.
‰ Notas longas – cada nota bem centralizada com grande projeção

Alguns estudos específicos para melhoria da qualidade do som incluem:

‰ Schlossberg – Daily Drills & Tecnical Studies for Trumpet


‰ Kuehn – 60 Musical Studies (Tuba)
‰ Fink – Studies in Legato (Tuba & Euphonium)
‰ Bordogni – 43 Bel Canto Studies (Tuba)
‰ Bordogni/Rochut – Melodious Etudes for Trombone

Os estudos do Schlossberg listados acima devem ser tocados na altura


conveniente para tuba ou euphonium; existe também uma edição para trombone em
clave de fá, porém esta edição não é recomendada pôr não ser tão completa
como a de trompete.

A próxima área que precisa ser observada durante sua prática diária é a
melhoria da técnica. Material essencial para este fim inclui:

‰ Prática diária de escalas e arpejos


‰ Todos os fundamentos referentes ao som, articulação, flexibilidade, forte,
piano, etc.
‰ Prática de diferentes tipos de articulação – estacatto, ligado, pesante,
estacatto duplo e triplo.
Material de estudo recomendado para reforço diário e desenvolvimento da
técnica incluem:

‰ Arban – Complete Famous Method


‰ Tyrrell – Advanced Studies for B-flat bass (Tuba) and 40 Progressive
Studies for Trombone (Euphonium)
‰ Blazhevich – 70 Studies (Tuba) and Clef Studies and Sequences (Euphonium)
‰ Kopprasch – 60 Selected Studies (Tuba and Euphonium editions)

O método Arban é considerado pela maioria dos instrumentistas de metal como o


principal material para prática diária. A edição de trombone disponível em
clave de fá não só é muito utilizável pelos tubistas tocando uma oitava
abaixo, mas também pôr quem é maluco para desenvolver o registro agudo.

Desenvolvimento de musicalidade e expressão provavelmente levam a maior parte


do tempo embora, talvez, sejam mais fáceis de entender e adquirir. Tudo que
um músico precisa fazer para aprender sobre musicalidade é simplesmente
escutar um desempenho musical. Um antigo provérbio diz que “nada pode sair do
artista que não esteja no homem“. Um músico literalmente aprende mais sobre
fazer música indo a concertos e escutando a gravações, digerindo os vários
aspectos dos desempenhos, e alegremente incorporando os elementos positivos
na sua própria maneira de tocar. Um conceito prático que é muito útil no
desenvolvimento e refinamento da expressividade é “tentar tocar musicalmente
a toda hora“. Quando praticando notas longas, escalas, ou outros “exercícios
puramente técnicos“, seja o mais expressivo (emotivo) possível de forma que
aqueles pontos pretos escritos na partitura se transformem em sons que
possuam algum significado. A principal razão para a felicidade dos músicos é
que eles tenham muito prazer expressando idéias e sentimentos através da
música para os ouvintes. Tentando tocar expressivamente durante todo momento
de nosso tempo de prática, nós nos tornamos não só músicos mais eloqüentes,
mas nossas muitas horas de prática se tornam muito mais agradáveis.

Depois que exercícios específicos, estudos, e outras músicas forem


selecionados, baseado em uma avaliação das forças e fraquezas do indivíduo,
podem ser nomeadas partilhas de tempo relativas a cada área para maximizar a
eficiência de cada período de prática. Pôr exemplo, se uma pessoa em
particular possui uma hora e meia para praticar, ele pode após considerar
seus objetivos, optar pelo seguinte plano de estudo:
Seção de Prática de 80 minutos:
‰ 10 minutos – exercícios para sonoridade e ar (notas longas, etc.)
‰ 10 minutos – exercícios de ligaduras e flexibilidade
‰ 10 minutos – estudos melódicos para o desenvolvimento da expressão
‰ 20 minutos – exercícios para técnica (escalas, diferentes articulações)
‰ 15 minutos – exercícios que enfoquem especificamente nossas fraquezas
‰ 15 minutos – Músicas ( conjuntos, solos, etc.)

O tempo deste horário pode ser modificado de diversas maneiras de acordo com
às necessidades individuais de cada um. A importância de formular uma
estrutura firme para um período de prática é assegurar que todos os aspectos
importantes de desempenho, forças e fraquezas, recebam a devida atenção. A
intenção principal sempre deveria ser fazer o melhor uso do tempo de prática
possível.
Depois de cada sessão de prática, a avaliação - definição de metas -
organização de prática – o ciclo de prática deverá começar novamente. A
avaliação e metas provavelmente não mudarão muito, talvez nada, num curto
prazo. A organização atual de prática deve ser flexível e pode ser ajustada
freqüentemente com o intuito de atingir metas musicais mais eficazmente.
Além de estruturar um sistema para melhoria, há outros dispositivos que
completam e aumentam esta organização. Uma recomendação útil é manter um
Diário de Prática. Um pequeno caderno espiral serve muito bem para este
propósito e pode ser facilmente levado consigo. O Diário de Prática é um
excelente local para manter nossas metas musicais (descritas acima) sempre à
mão. Nele devem ser anotadas descrições muito breves de cada sessão de
prática que incluam o que foi estudado, quantidade de tempo gasto em cada
tópico, e uma graduação do período de prática (A-B-C-D-E). Os poucos segundos
gastos para registrar esta informação pode ser inestimável na avaliação da
eficiência de nossa prática e pode ajudar a desenvolver uma compreensão
pessoal do progresso alcançado, além de nortear uma mudança de curso para que
alcancemos nossas metas pessoais mais rapidamente.
Outro dispositivo muito eficiente e que proporciona ótimos resultados é ter
um tempo preestabelecido para a prática. Muitas vezes nossos horários se
tornam muito apertados e quase não sobra tempo para praticar. Em outras
ocasiões nós temos tempo demais e acabamos deixando para estudar mais tarde,
o que muitas vezes acaba não ocorrendo. Em ambos os casos, o estabelecimento
de um período preestabelecido para prática, não importando o que aconteça, é
essencial para o avanço e desenvolvimento musical.
Ao se referir às suas realizações, Thomas Edison afirmou, “eu nunca fiz
qualquer coisa que valesse a pena acidentalmente; nem qualquer de minhas
invenções foram obra do acaso; elas vieram do trabalho duro.” Para atingirmos
nossos objetivos pessoais como músicos, nós precisamos não só de muito
estudo, mas também de uma ótima organização do nosso tempo de prática de
forma que cada hora renderá na maior melhora possível. Boa Sorte e não
desanime!

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