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CURSO ON‐LINE – DIREITO PENAL – POLÍCIA FEDERAL 

PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 

Olá amigos

Meu nome é Lúcio Valente. Sou Delegado de Polícia da PCDF, atualmente em

atividade na Coordenação de Crimes Contra a Vida. Ministro aulas de Direito

Penal e de Processo Penal em cursos preparatórios de Brasília-DF.

Minha missão durante nosso curso é trabalhar muito para facilitar a sua

aprovação. Vou ser teu companheiro nessa caminhada e quero que confie em

minha didática e metodologia.

Todas as aulas são preparadas de uma forma em que você tenha a exata

sensação de está-las assistindo pessoalmente. Para isso, eu literalmente

degravei o conteúdo das minhas aulas presenciais. Ou seja, procurei descrever

todos os exemplos de forma muito próxima ao que apresento em sala de aula.

Esse curso foi direcionado para as provas de Agente e Escrivão da Polícia

Federal. Por isso quero que você leia a seguinte notícia do Jornal Folha Dirigida

do dia 22 de abril de 2010:

Polícia Federal

PF quer abrir novo concurso para agente 22/04/2010

Está em análise na Polícia Federal a solicitação de novo concurso para o cargo

de agente. De acordo com informação da Comissão Nacional dos Aprovados do

Concurso para Agente da Polícia Federal (CNAPF), que pleiteia a convocação

dos excedentes da atual seleção, devem ser pedidas 750 vagas. Os

vencimentos iniciais do cargo, que tem como requisito o nível superior completo

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em qualquer área, é de R$7.514,33.

Segundo fontes ligadas à corporação, existe interesse na abertura de uma nova

seleção e vagas disponíveis para isso. Segundo dados levantados pela CNAPF,

atualmente, há 1.705 postos vagos de agente. Apesar da reivindicação dos

excedentes do concurso em andamento, a preferência da PF, ainda segundo

fontes, é pela abertura de nova seleção.

Na entrevista concedida no ano passado à FOLHA DIRIGIDA, o diretor de

Gestão de Pessoal da corporação, delegado Joaquim Mesquita, já havia

afirmado que o número de convocações não deveria ser ampliado. "Nossa

intenção é realizar esse concurso com turma única, para 400 escrivães e 200

agentes. Não temos a intenção de estender o número de vagas, até porque há

uma limitação temporal", disse ele, referindo-se ao prazo de validade do

concurso, que será de um mês, prorrogável por igual período.

(...)

Dando uma olhada no edital da última prova dá até ânimo de estudar!

CARGO: AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL

2.1.1.3 REMUNERAÇÃO: R$ 7.514,33.

Antes de iniciar a aula gostaria de esclarecer algumas coisas:

a. Nosso curso será baseado no último Edital o concurso da Polícia Federal.

(EDITAL Nº 15/2009 – DGP/APF, DE 24 DE JULHO DE 2009);

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VALENTE 

A p
prova foi elaborada
e pelo CESP
PE e apressentarei se
empre o p
posicionam
mento

desssa banca adora.


examina Asssim, não
o vou c
colocar po
osicioname
entos

divergentes. Só
ó vou ensinar como o CESPE cobra,
c o qu
ue eu costu
umo chama
ar de

“jurissprudência
a do CESPE
E”.

Vou priorizar questões


q d CESPE, mas even
do ntualmente
e posso co
olocar quesstões

de outras
o banccas se for interessant
i te didaticamente.

Resssalto que TODAS


T AS
S QUESTÕ
ÕES SERÃO COMEN
NTADAS!

b. O edital passsado trazia


a o seguintte conteúd
do program
mático:

NOÇÕES DEE DIREEITO P PENAL: 1


Infraçãão penal: elementos,
espéciies. 2 Sujeito
S ativo e sujeeito
passivo da infração p penal. 3
Tipicid
dade, ilicitude
e, culpaabilidad
de,
punibiilidade. 4 Imputtabilidaade
penal. 5 Con ncurso de peessoas.. 6
Crimess contrra a peessoa. 7 Crim mes
contraa o patrimô ônio. 8 Crim mes
contraa a adm
ministraação púública.

As a
aulas vão cobrir tod
do o conte
eúdo, mass quero qu
ue fique cciente que
e não

segu
uirei exata e eu ensine a
amente a sequência do edital. É importante que

maté
éria de aco
ordo com a minha did
dática da matéria,
m de
e modo qu
ue você ten
nha o

exatto conhecim
mento para
a gabaritarr os itens de
d Direito Penal.
P Confie em mim
m!

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c. Não administre dúvidas! Claro que pode existir um ponto ou outro da matéria

que não possa ter ficado claro pra você. Por isso, espero que você me

encaminhe todas elas por email.

d. Direito Penal aprende-se pelos exemplos! Preste atenção aos conceitos, mas

guarde os exemplos em seu coração. A alma das minhas aulas está em meus

exemplos!

e. Acompanhe as aulas tendo um Código Penal (CP) em mãos. Não precisa

comprar, basta acessar: http://www.planalto.gov.br/ccivil/Decreto-

Lei/Del2848compilado.htm.

PROGRAMA DAS AULAS

AULA 0: Infração penal - elementos, espécies. Sujeito ativo e sujeito

passivo da infração penal; Fato Típico: Conduta ativa e omissiva;

AULA 1: Fato Típico: Dolo e Culpa; Resultado;

AULA 2: Fato Típico: Nexo de Causalidade e tipicidade em sentido

estrito;

AULA 3: Ilicitude e Culpabilidade (imputabilidade está dentro do

estudo de Culpabilidade);

AULA 4: Concurso de Pessoas e Punibilidade;

AULA 5: Crimes Contra a Pessoa I;

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AULA 6: Crimes Contra a Pessoa II;

AULA 7: Crimes Contra o Patrimônio I;

AULA 8: Crimes Contra o Patrimônio II;

AULA 9: Crimes Contra a Administração Pública I;

AULA 10: Crime Contra a Administração Pública II.

Preparado? Então vamos lá!

AULA 0

O DIREITO PENAL

Dois jovens rapazes saem do local onde moram, na periferia de Brasília. Um

deles, com 19 anos de idade portando uma pistola de calibre .40, o outro, com

16 anos de idade, portando um revólver calibre .38. Ambos se dirigem a um

posto de combustíveis, localizado em Taguatinga-DF, com a intenção de

assaltá-lo. É data próxima ao Natal, e os bandidos querem aproveitar o maior

movimento da data.

Esses fatos ocorrem por volta das 18 horas, e quando chegam ao local, por

fatídica coincidência, ali também chega outro rapaz, a quem vou dar o nome de

JOSÉ.

José estava no Distrito Federal há três anos, e aqui estava a convite de um

primo que era borracheiro nesse mesmo posto. José, assim como seu primo,

veio de outro estado da federação em busca de melhores condições de vida.

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José, já no DF, fez um curso profissionalizante de instalador de sons

automotivos e passou a trabalhar com isso. Como seu trabalho era muito bom e

como José era muito inventivo, começou a prestar serviços para pessoas que

faziam competições de sons automotivos.

José começou a ganhar algum dinheiro, pelo menos o suficiente para que ele

comprasse uma pequena casa em um bairro periférico de Brasília. Pretendia

com isso trazer sua esposa e seu filho pequeno que estavam em seu estado de

origem.

Com o dinheiro que ganhava conseguiu, também, um financiamento de um

carro tipo PICK UP. Nesse carro, José instalou vários acessórios e um

equipamento de som digno de ganhar qualquer competição que eventualmente

participasse.

Por uma dessas coincidências da vida, José estava no posto de combustíveis ao

mesmo tempo em que ali chegavam os dois assaltantes.

José apenas queria mostrar o resultado da instalação dos equipamentos ao

primo borracheiro. Ocorre que, quando os dois assaltantes viram o carro,

mudaram o foco de sua empreitada criminosa. Decidiram, assim, assaltar José

e levar seu carro. É o que os bandidos chamam de “cavalo doido”, quer dizer,

fora do planejamento criminoso.

Ao abordarem a vítima, sem que esta demonstrasse qualquer reação, um dos

rapazes efetuou vários disparos que acabaram por atingi-la e a levar à morte.

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Esse fato verídico tem se tornado comum no dia-a-dia das grandes cidades

brasileiras.

O crime, como se vê, não é primariamente um fenômeno jurídico. É, antes de

tudo, um fenômeno social. O que a ciência do Direito faz é transformar esse

fato social em um fato com relevância jurídica.

Da mesma forma, o casamento é um fato da vida real, mas que o Direito

regula, transformando aquilo que é apenas um fato social em um fato jurídico.

O crime é, enfim, um fenômeno social que o Direito tratou de regular, ou seja,

tratou de estabelecer regras e normas.

Isso nem sempre foi assim. Até a primeira teoria jurídica do crime, surgida por

volta de 1900 na Alemanha, não existiam métodos jurídicos para correta análise

de um fato social danoso como esse que relatei acima. Então, o Juiz “A”

poderia ter um entendimento sobre o caso completamente diferente de um Juiz

“B”. Isso dependeria das convicções de cada um deles.

O que vamos estudar são justamente as etapas que devem ser analisadas para

que, ao final, possa-se afirmar que fulano cometeu uma infração penal.

Antes de adentrarmos na teoria do crime, preciso que você entenda o que

estamos estudando. Ou melhor, qual é o objeto do nosso estudo?

Bom, nos propusemos a estudar o DIREITO PENAL. O que seria isso então?

O DIREITO PENAL É A CIÊNCIA JURÍDICA QUE ESTUDA AS

“INFRAÇÕES PENAIS”.

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O qu
ue significa
a o termo INFRAÇÃO
I PENAL?

CON
NCEITO DE
D INFRAÇ
ÇÃO PENA
AL

No B
Brasil, exisstem duas
s maneirass de se infringir uma
a lei penal.. Digo, existem

duas maneira
as de se co
ometer um
ma “infraçã
ão penal”. A primeirra forma de
d se

ngir a lei penal é co


infrin ometendo um CRIME (ou DELLITO); a o
outra form
ma de

infra
ação penal é cometen
ndo uma C
CONTRAVENÇÃO PEN
NAL.

Resu
umindo, po
odemos dizzer que Crrime e Con
ntravenção
o são espé
écies do gê
ênero

Infra
ação Penal.

C
Crimes
Infrações 
Pen
nais
Con
ntraveçções 
Penaiss

DIFERENÇAS
S ENTRE CRIME
C (O
OU DELITO
O) E CON
NTRAVENÇ
ÇÃO PENA
AL

Não há como saber se uma conduta é crimino


osa ou ccontravenccional

(con
ntravenção penal) sem conhece
er a letra da
d lei. A decisão sob
bre um fato
o ser

conssiderado crrime ou con


ntravenção
o é de que
em fez a leii, ou seja, do legislad
dor.

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Explico: a primeira grande diferença entre as duas infrações penais é o

local onde estão escritas. Como assim?

É fácil, olha só!

Os CRIMES estão previstos no Código Penal (DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE

DEZEMBRO DE 1940.), bem como nas Leis Penais Especiais ( também

chamadas de Leis Penais Extravagantes). Como exemplos dessas últimas

temos: o crimes de drogas (Lei 11.343/2006); os crimes de arma de fogo (Lei

10.826/03); os crimes ambientais (Lei 9.605/98); os crimes de trânsito ( Lei

9.503/98), entre muitos outros.

As CONTRAVENÇÕES estão previstas em uma lei específica, o DECRETO-LEI

Nº 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941. Essa lei tem o nome de Lei de

Contravenções Penais.

Existem situações que antes eram consideradas contravenções, mas por

decisão do legislador passou a ser crime. O porte de arma de fogo, por

exemplo, era considerada contravenção e hoje pelo Estatuto do Desarmamento

é considerado crime. Quero dizer com isso que não existe uma diferença

conceitual entre crime e contravenção.

Interessante que, falando da Lei de Contravenções, ela costuma tratar de

situações muito menos graves do que o Código Penal, por exemplo. É por isso

que o grande penalista brasileiro Nelson Hungria chamava a Contravenção

Penal de “crime anão”.

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CR
RIMES CONTRA
C AVENÇÕ
ÕES

Uma
a segund
da diferen
nça, entã
ão, entre crime e contrave
enção serria o

fato
o de que
e os crimes cos
stumam ser mais
s graves do que
e as

conttravençõe
es e até por
p isso a
as penas dos
d crime
es são, em
m regra, mais
m

grav
ves.

Imag
gine que você este
eja assistindo uma peça de
e teatro, uma peça
a de

mplo. No meio do espetáculo


Shakkespeare, por exem eito começa a
o um suje

convversar ao celular atrrapalhando


o a interp os atores. Acreditem
pretação do m ou

não,, mas existte uma con


ntravenção
o penal nesssa conduta
a. Veja só!!

Art. 40. Pro


ovocar tu
umulto ou
u portar-sse de modo
m inco
onvenientee ou

desrrespeitoso, em solen
nidade ou ato oficia
al, em asssembléia o
ou espetá
áculo

púb
blico, se o fato não constitui
c inffração pen
nal mais gra
rave;(grifei)
i)

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Pena – prisão
p simp
ples, de qui
uinze dias a seis mesees, ou mult
lta, de duzeentos

mil rréis a dois contos dee réis.

Outra difere
ença, a terceira, refere-s
se às pe
enas do crime e da

conttravenção
o.

Os ccrimes são
o apenados com recclusão, dettenção e multa.
m As Contraven
nções

com prisão sim


mples e mu
ulta. [M1] Comen ntário: ( FCC - 2007 -
TJ-PE - Téc cnico Judiciáário -
Área Admiinistrativa)Às
contravençõ ões é cominadda, pela
lei, a pena d
de reclusão ouu de
detenção e multa, esta última
ú
sempre alteernativa ou cuumulativa
CRIM
MES CON
NTRAVEENÇÕES com aquela.
 
 

Qua
al a difere
ença entre
e eles?

Reclusão: o agente pode inic


a. R ciar o cu
umprimen
nto da pena em re
egime

fechado, semi--aberto ou aberto, de


ependendo
o da pena concreta;
c

b. D
Detenção: o agente pode
p iniciar o cum
mprimento
o em regim
me semi-ab
berto

ou a
aberto. Casso descum
mpra as reg
gras de taiis regimes,, pode regredir pa
ara o

regiime fecha
ado, mas nunca
n inicia
ar nesse re
egime;

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c. Prisão Simples: Prisão simples é a pena cumprida sem rigor penitenciário

em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime

aberto ou semi-aberto. Trata-se de pena aplicada em face de contravenção

penal (Lei das Contravenções Penais - Decreto Lei nº3.688/1941). Somente são

admitidos os regimes aberto e semi-aberto. É vedado o emprego do regime

fechado para o cumprimento de pena por contravenção penal, mesmo

em caso de regressão.

A quarta diferença é que os crimes podem admitir tentativa, as contravenções

nunca admitem tentativa.

Eu digo que os crimes podem admitir tentativa porque existem situações que

não se admite tentativa em crime. Vamos ter uma aula específica sobre

tentativa, então vou deixar para me aprofundar nesse assunto na aula

respectiva. Por enquanto é suficiente que você saiba que as contravenções

penais NUNCA admitem tentativa, pois a Lei de Contravenções expressamente

a proíbe (art. 4º).

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CR
RIMES CONTTRAVENÇÕES

PEG
GANDO O FIO DA MEADA
M

1. N
No Brasil há duas espécies
s de infração pena
al: crime (ou delitto) e

conttravenção
o;

2. O
Os crime
es estão previstos
s no Cód
digo Pena
al e nas
s Leis Pe
enais

Espe
eciais, como na Le
ei de Drog
gas (Lei 11.343/20
006);

3. A
As contrav
venções estão
e prev
vistas na Lei de Co
ontravenções Penais;

ão mais graves que


4. Em regra, crimes sã e contrav
venções;

5. O crime ad
dmite recllusão, dettenção e multa;

6. A contrave
enção só admite
a prrisão simp
ples e mu
ulta;

7. N
Não existe
e possibiliidade de ttentativa em contrravenção penal.

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O CRIME

FATO TÍPICO I

A teoria do delito é uma construção teórica, que nos proporciona o caminho

lógico para averiguar se há delito em cada caso concreto.

Quando o operador do Direito (o Delegado, o Juiz, o Promotor, o Advogado,

etc) se depara com um fato, quais são as etapas que ele deve seguir para

constatar a realização de um ilícito com relevância penal?

Essa resposta nos é dada pela Teoria Geral do Crime, que se ocupa,

justamente, da exposição sistemática dos requisitos (fundamentos) necessários

para a configuração do crime.

Tenha calma!Vou tentar ser mais claro sobre o que falei acima! Respire fundo,

vá tomar um café, molhar o rosto e vamos lá!

O que eu quis dizer é que existe um processo, passo-a-passo, para se

determinar se uma determinada conduta humana pode ou não ser considerada

crime. “Matar Alguém” só será considerado crime, por exemplo, se todas as

etapas forem preenchidas. E quais seriam essas etapas (ou requisitos)? É isso

que vamos estudar a partir de agora.

Considerando o estágio atual da Teoria do Delito, teremos como base de

estudo a Teoria Finalista Tripartida de Welzel. Teoria “tripartida” porque é

divida em três partes - o crime como um fato típico, antijurídico e

culpável.

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Conceito analítico (segundo a teoria finalista- tripartida, adotada pelo

CESPE)

CRIME = FATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPÁVEL.

Lembro que nas aulas de biologia do primário estudamos o corpo humano.

Lembro que a professora Mariquinha dividiu o corpo humano em três partes:

cabeça, tronco e membros.

Será que podemos dividir o corpo humano de fato? Claro que não! O corpo

humano é um todo indivisível.

Existe corpo humano perfeito sem cabeça, tronco ou membros? Claro que não!

O que a professora Mariquinha fez foi dividir o nosso estudo em partes. E para

que ela fez isso? Para facilitar a abordagem da matéria.

Assim como o corpo humano deve ser dividido pelo anatomista para seu

estudo, assim o faremos com os elementos do crime. Para nós, o crime é um

fato típico (cabeça), ilícito ( tronco) e culpável (membros). Observe o quadro a

seguir:

Crime é fato típico + antijurídico + culpável.

Cabeça tronco membros

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O qu
ue vou te apresentarr agora é a estrutura
a de toda a teoria do
o crime. Quero
Q

que você mem


morize essas informaçções, tudo bem?

Esqu
ueleto do crime:
c [M2] Comen ntário:
(CESPE/ESC CRIVÃO E AGE ENTE DPF
2009) São e elementos do fatto típico:
conduta, resuultado, nexo de
causalidade, tipicidade e culp
pabilidade,
fato
co
típic
ilicitu
ude culpa
abilidad
de de forma que e, ausente qualq
quer dos
elementos, a conduta será atípica
a para
o direito pena
al, mas poderá ser
valorada peloos outros ramoss do direito,
podendo conffigurar, por exeemplo, ilícito
es
stado de administrativoo.
cond
duta imputabilidad
de GABARITO: VEER QUESTÃO 01.
nec
cessidade
[M3] Comen ntário: ( CESSPE -
2010 - TRE E-BA - Analissta
Judiciário - Área
legíttima po
otencial con nsciência Administra ativa) A
resu
ultado imputabilidaade penal é um dos
deffesa da ilicitu
ude
elementos q que constituemma
culpabilidadde e não integ
gra a
tipicidade.
GABARITO: VER QUESTÃ ÃO 14.
es
stado de ex
xigibilidade de
nexo causal
c  
nec
cessidade conduta diverrsa

e
estrito
tipiciidade cump
primento doo
dev
ver legal

Os m
mnemônico
os para lem
mbrar o esq
queleto do crime são
o:

Fato
o típico: CO.RE.NE.
C .TI – CONDUTA, RESULTA
ADO, NEX
XO CAUSA
AL E

TIPIICIDADE

Ilicitude: Calça
a L.E.E.E - LEGÍTIMA DEFESA, ESTA
ADO DE NE
ECESSIDA
ADE,

ESTRITO CUM
MPRIMEN
NTO DE UM DEVER
R LEGAL E EXERCÍC
CIO REGU
ULAR

DO DIREITO
O, (além do
d Conse
entimento
o do ofen
ndido: o “C” da calça
c

LEEE.);

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Culpabilidade: I.P.E – IMPUTABILIDADE, POTENCIAL CONSCIÊNCIA E

EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA (basta se lembrar da árvore Ipê).

Atenção! Quero que você memorize o esquema acima, pois ele vai ser nosso

guia para o estudo da teoria do crime. Você vai perceber que a abordagem que

faço da matéria é de conteúdo suficiente para fazê-lo fazer uma excelente

prova. Para isso primo pelo didatismo. Contudo, preciso muito que você faça

sua parte. Passar em concurso é uma maratona, mas as pernas são tuas e não

minhas.

Se você conhece a estrutura da teoria tripartida do crime (cabeça, tronco e

membros), vai ficar muito mais fácil caminhar em terreno firme.

Pois então, já memorizou os elementos do crime? Não? Então, retorne e gaste

alguns minutos lendo a tabela acima antes de continuar.

O PRIMEIRO ELEMENTO DO FATO TÍPICO – A CONDUTA

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fato
o iliciitude culpab
bilidade
e
típico
o

condutta

Lembre-se que
e o Direito
o Penal é uma ciênccia e, por isso, tem
m seus pró
óprios

concceitos. Precciso dizer isso porqu


ue é muito
o importan
nte que vo
ocê entend
da as

conccepções co
orretas para
a os termo
os que utilizzaremos.

Com
mo o Direito ncebe o termo “conduta”?
o Penal con

duta para o Direito Penal é a ação ou omissão


Cond o humana
a conscien
nte e

volu
untária vo
oltada parra uma fin
inalidade.

Tem
mos, então, os seguintes elemen
ntos dentro
o desse conceito apre
esentado:

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AÇÃO OU
U
OMISSÃO
O
HUMANAA

VONT
TADE CONDUTA
A CON
NSCIENTE

FINALIDAD
DE

a. aç
ção ou om
missão de
eve ser humana (p
praticada por ser h
humano)

Som
mente o se
er human a conduta.
no pratica

n têm cconduta. Animais não


Nessse sentido,, animais não o “agridem
m”, mas po
odem

ser u
utilizados como
c verda
adeiras arm
mas por se
eus donos. A “condutta” do cach
horro

de m
morder alg
guém só te
erá relevância para o Direito Penal se por trás desse
d

ataq
que houverr um ser humano
h qu
ue, por exxemplo, o provocou ou o esqu
ueceu

solto
o. A condutta foi do homem e não do anim
mal.

Repito: somente ser hum


mano praticca conduta
a!

Mas,, Valente, se o crime


e exige um
ma conduta
a de ser humano,
h co
omo pode uma

pesssoa jurídica
a (criada pelo
p direito
o, como um
ma empressa, por exe
emplo) com
meter

crimes?

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Vamos fazer igual ao esquartejador. Vamos por partes!

É verdade sim que a pessoa jurídica não pode praticar condutas, mas pode

responder criminalmente por um fato.

Como isso é possível? Calma, eu explico. Mas para isso vamos nos lembrar das

aulas de Direito Constitucional.

Como vimos, somente o ser humano pode praticar condutas com relevância

para o Direito Penal. Pessoa Jurídica não é ser humano (óbvio), mas responde

por crime porque a Constituição Federal assim permite.

Não entendeu? Tudo bem, olha só!

Lembra-se do conceito de “Poder Constituinte Originário”?

O poder constituinte originário é aquele que tem a prerrogativa de criar uma

nova Constituição de um Estado. Quando a Assembleia Nacional Constituinte

promulgou a nossa Constituição de 1988, achou por bem colocar ali duas

situações em que pessoas jurídicas poderiam responder criminalmente por um

determinado fato.

E o constituinte poderia ter feito isso?

Poderia sim, uma vez que uma das características do poder que elabora uma

nova constituição é a liberdade total para fazê-lo. Lembre-se que o poder

constituinte é “originário, “incondicionado” e “ilimitado”.

Então, hoje, temos a seguinte situação:

Pessoa Jurídica pratica crime?

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Resposta: para a Teoria do Crime, não. Para a nossa Constituição da República

de 1988, sim.

E o que você vai marcar na prova?

Ora, o que está na Constituição Federal, pois é assim que o CESPE, por

exemplo, tem cobrado.

Como vimos, então, pessoa jurídica pratica crime, uma vez que a Constituição

assim permite. Essa permissão ocorre em duas situações:

1ª hipótese: artigo 173, § 5º, CR.

“173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de

atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos

imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme

definidos em lei.”

(...)

“§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos

dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta,

sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos

praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a

economia popular.”

Essa situação ainda não pode ser aplicada porque, apesar de estar previsto na

CR que pessoa jurídica pode responder por crimes contra a ordem

econômica e financeira e contra a economia popular, ainda não existe

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uma lei que tenha complementado essa possibilidade na prática. Quero dizer

que tem que existir uma lei infraconstitucional (inferior à Constituição) que

instrumentalize essa hipótese prevista na Constituição Federal.

2ª hipótese: art. 225, § 3º, CR.


Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem

de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao

Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as

presentes e futuras gerações.”

(...)

“§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio

ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a

sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação

de reparar os danos causados.”

Ao contrário da primeira hipótese, o art. 225§ 3º da CR foi regulamentado pela

Lei de Crimes Ambientais (Lei 9605/98).

No Brasil, portanto, pessoas jurídicas podem responder criminalmente por

crimes contra o meio-ambiente, senão vejamos:

“(Art. 3º, Lei 93605/98) As pessoas jurídicas serão responsabilizadas

administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos

em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal

ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da

sua entidade.”
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“Pará
rágrafo úniico. A resp
sponsabilid
idade dass pessoass jurídicass não exc
clui a

dass pessoas físicas,


f au
utoras, co
oautoras ou
o partíci
cipes do m
mesmo fatto.”

Muitto importante esse parágrafo


p único. Parra solucion
nar o que eu falei acima
a

sobrre a impo
ossibilidade
e da pesso
oa jurídica
a praticar conduta foi que a Lei

Amb
biental detterminou que as p
pessoas fíísicas resp
ponsáveis pela pes
ssoa

juríd
dica em questão responde
erão em coautoria
c a ou participação pelo

crim
me desta última.
ú

A Le
ei sabe qu
ue quem praticou,
p e fato, a conduta criminosa ffoi uma pe
de essoa

física
a ou um
m grupo de
d pessoa
as físicas em nom
me da pe
essoa juríídica,

simp
plesmente porque pessoas
p jurídicas não
n praticam condu
utas, com
mo já

disse plico, foi um funcioná


emos. Exp ário da em
mpresa que
e determin
nou que fosssem

jogados resídu
uos em um rio, agindo
o em nome
e da empresa e em sseu benefíccio.

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Quem
m praticou
u o crime ambiental?? O Funcio
onário em coautoria com a pe
essoa

juríd
dica. É o qu
ue a doutriina denomina de TEO
ORIA DA DUPLA IM
MPUTAÇÃ
ÃO.

Por essa teoria, sempre


re que um
ma pessoa jurídica responder
r por um crime
c

amb
biental, com
m ela respo
onderá um
ma pessoa física.
f [M4] Comen ntário: (CESPE E/ESCRIV
ÃO E AGENT TE DPF 2009) Com
relação à resp ponsabilidade penal
p da
pessoa jurídicca, tem-se adottado a
teoria da duppla imputação, segundo
s a
Essa
a teoria se
e justifica porque, muitas ve
ezes, as decisões
d de
e uma pe
essoa qual se respoonsabiliza não soomente a
pessoa jurídicca, mas também m a pessoa
física que ag u em nome do ente
juríd
dica são im
mpessoais,, depende
endo do ta
amanho da
d empressa. É por esse coletivo, ou sseja, há a possib
bilidade de
se responsab bilizar simultaneaamente a
pessoa física e a jurídica.
motiivo que a lei diz qu
ue a resp
ponsabilidade da pesssoa jurídiica vai occorrer GABARITO: Q QUESTÃO 03
[M5] Comen ntário: (CESPE E_Procura
etida por decisão de
sempre que a infração for come d seu representa
r tante dor do MP_T TC_GO_2007)) A pessoa
jurídica pode ser sujeito ativvo de crime,
dependendo da sua responsabilização
lega
al ou con
ontratual, ou de sseu órgã
ão colegia
iado, no interesse
e ou penal, consoaante entendime ento do STJ,
da existência da intervenção o de uma
pessoa física que atue em no ome e em
ben
nefício da sua entid
dade. benefício do e
ente moral.
GABARITO: QU UESTÃO 06 

b. co
onsciente
e;

Não existe con


nduta e, em
e conseq
quência criime, para quem está
á inconscie
ente.

Por e
exemplo, em
e estado de sonambulismo, hipnose,
h co
oma, sono profundo.

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Eu assisti nos noticiáriios que u


um sujeito
o na Ingllaterra hip
pnotizava uma

funccionária de um superrmercado p
para fazer com que ela
e lhe enttregasse to
odo o

dinheiro de seu caixa. Pe


erceba que f verdade mesmo, ela não possui
e, se isso for

duta algum
cond ma, mas é um merro instrum
mento nas mãos do ladrão. Quem
Q

pratiica a condu
uta é ele ( o ladrão) e não a ca
aixa.

Cuid
dado só co
om uma co
oisa! Caso
o a pessoa
a se colo
oque em u
uma situa
ação

de iinconsciê
ência sabe
endo que
e pode ca
ausar um
m resultad
do crimin
noso,

pode respond
der por es
sse resulttado a títu
ulo de Do
olo ou Culpa.

É o exemplo do
d caminh
honeiro que em dormirr faz 18 horas.
e está na estrada se

Mesm
mo sabend
do que pode causar um acide
ente, contin
nua a viag
gem. Se do
ormir

ao vvolante, atrravessar a pista conttrária e ma


atar uma fa
amília inteiira que vem
m no

sentido contrá
ário em outro
o carrro, vai ressponder criminalme
c nte por essas
e

morttes. É o qu
ue a doutrin O LIBERA IN CAUSA
na chama de ACTIO A.

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A teoria da actio libera in causa ( a ação é livre na causa) ensina que a conduta

do caminhoneiro deve ser analisada na causa inicial, ou seja, antes de dormir e

causar o acidente. É como se perguntássemos: o motorista tem dolo ou culpa

por ter dormido ao volante? A resposta é sim. Então ele é culpado pelo acidente

que decorreu de seu sono. Ele era livre para continuar a viagem ou não,

mesmo sabendo que seria perigosa essa conduta.

É muito parecido com o que ocorre com aquele sujeito que vai ao bar com os

amigos, enche a cara de cachaça, fica completamente embriagado e volta

dirigindo para casa. Se ele dormir ao volante, deve responder por um eventual

acidente uma vez que a AÇÃO ERA LIVRE NA CAUSA, quer dizer, ele era livre

para escolher entre dirigir ou não naquelas situações.

É diferente da situação daquela pessoa que, dirigindo o carro, tem repentino e

inesperado desmaio. Caso atropele uma pessoa, deverá responder por esse

resultado? Agora não, porque em estado de inconsciência não há crime por não

haver conduta.

Repito: não se pune a conduta de quem está inconsciente, exceto se o sujeito

se colocou nessa situação querendo ou sabendo que poderia praticar um crime!

c. voluntária;

Conduta requer vontade. O que significa “vontade”? Significa que o ânimo que

está em minha mente permanece íntegro quando eu o transfiro para meu

corpo.

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Imagine que você deseje beber água para matar a sede. Para tanto, você pega

um copo com água e passa a bebê-la. Veja que sua VONTADE foi a de beber

água, mas a sua FINALIDADE foi de matar a sede. São duas coisas

completamente diferentes. Já falaremos da finalidade no próximo tópico.

Importante que eu fale agora de uma situação que se pode afastar a vontade

livre de uma conduta.

Como eu afasto a vontade livre de alguém praticar uma conduta? Posso fazer

isso através de coação, mais especificamente através da COAÇÃO FÍSICA

IRRESISTÍVEL.

A coação física irresistível ( vis corporalis ou vis absoluta) [M6] Comentário: ( CESPE - 2010
- TRE-BA - Analista Judiciário -
Área Administrativa / Direito
Penal / Crime; )A coação física
A coação física ocorre quando a força física de alguém se sobrepõe à força irresistível afasta a tipicidade,
excluindo o crime.
GABARITO: VER QUESTÃO 15 
física de outra pessoa. Veja o exemplo: [M7] Comentário: (CESPE – Agente
de Polícia Federal 2004) A coação
física e a coação moral irresistíveis
afastam a própria ação, não
Dagmar diz para seu esposo Alceu que vai para a casa de uma amiga estudar. respondendo o agente pelo crime. Em
tais casos, responderá pelo crime o
coator.
Por volta das 23 horas, Alceu recebe uma ligação de um conhecido: GABARITO: QUESTÃO 12

- Alceu, cadê você?

- Uai, to aqui assistindo ao jogo do Vasco!

-Cara, cadê tua mulher, a Dagmar?

-Uai, tá na casa de uma amiga estudando! Por que quer saber?

-Deixa de ser trouxa, Alceu! A Dagmar tá aqui no Forró no maior assanhamento

com um sujeito!

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Alceu inconformado com a possível traição de Dagmar vai até o forró dirigindo

sua caminhonete. Ao chegar ao local, o segurança não deixa Alceu entrar

prevendo uma confusão no recinto. Então, Alceu invade o bar utilizando sua

caminhonete.

Um sujeito que não tinha nada a ver com a estória, é atingido pelo impacto do

veículo e acaba por acertar um golpe no rosto de uma moça, uma vez que ele

segurava um copo de cerveja em uma das mãos. A moça fica gravemente

ferida pela “copada” dada por esse rapaz.

Pergunto: de quem é a conduta? Do Alceu (coator) ou do rapaz (coagido)?

Claro que do Alceu. O rapaz estava sob coação física irresistível. Sobre ele foi

exercida uma força física superior as suas próprias forças.

Quem deve responder pela lesão corporal causada? O Alceu, por ter praticado a

conduta criminosa e não o rapaz que estava sob coação física irresistível.

Guarde uma coisa: TODA CONDUTA TEM VONTADE. NÃO EXISTE

CONDUTA SEM VONTADE!

Por fim, deve esclarecer que existe outro tipo de coação, a “coação moral”, que

será estudada mais a frente em momento próprio. Portanto, não se preocupe

agora.

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d. co
om finalid
dade.

Cond
duta requ
uer vonta
ade, cons
sciência e finalid
dade. Ato
os sem estes
e

elem
mentos não
o podem se
er considerados cond
dutas pena
almente re
elevantes. Toda
T

a açção human
na é eivada
a da capa
acidade de
d ação final,
f ou sseja, toda ação

tem uma FINA


ALIDADE.

Isso quer dize


er que toda
a conduta está direccionada pa
ara um de
eterminado
o fim.

Lembre-se que
e quando você
v bebe água, você
ê tem a fin
nalidade de
e matar a sede.
s

Isso ocorre porque você tem sede, ou tem a idéia, de que


q a senssação de se
ede é

uma forma de
e o corpo te avisar que você precisa de ão. Como você
e hidrataçã

e que o melhor
sabe m líquido para e
esse fim é a água, a ingere em
e quantidade

suficciente para
a matá-la.

Querro dizer com


c isso que você sabe qua esso para atingir a sua
al o proce

finalidade, a sua
s vontade final. Então, um
m dado muito imporrtante sob
bre a

finalidade hum
mana é qu
ue a possibilidade de
d realizar uma ação determinada

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requer o conhecimento (ou a possibilidade de conhecimento) da

realização fática, o que Zaffaroni denominou de “antecipação biocibernética”.

Exemplificando, a conduta de efetuar o disparo de arma de fogo em direção a

uma determinada pessoa está contaminada pela antecipação mental das

consequências deste ato (ferimento por munição de arma de fogo). Está

contida na conduta, também, a previsibilidade do resultado morte da vítima.

Ocorre que, caso a mãe da vítima venha a morrer ao ter notícia da trágica

morte de seu filho, não podemos atribuir essa morte ao agente, uma vez que

extrapolou o limite do curso causal hipotético (relação de causas e

consequências).

Puxa, compliquei um pouco agora? Deixa-me tentar ser mais claro.

Vamos supor que Dicró queira matar Bezerra. Dicró, sabe que as pessoas

respiram para viver, e que se houver impedimento das vias áreas de uma

pessoa isso levará à morte. Então, Dicró aperta o pescoço da vítima até que

esta não consiga respirar.

Pois bem, a finalidade de Dicró por ser a de matar, dirige a sua vontade livre

para essa finalidade, conhecendo o processo de causa e efeito de sua conduta

(esganar e matar).

É por isso que a teoria adotada pelo código pena é a TEORIA FINALISTA DA

AÇÃO, pois se entende que toda a conduta tem vontade livre e dirigida a uma

finalidade.

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Com
mo último exemplo, podemos citar a sittuação do sujeito q
que sai de
e seu

traba
alho apresssado para
a assistir a
ao jogo de
e futebol. Para tanto
o, dirige a sua

e: chegar a casa ma
vonttade livre para essa finalidade ais cedo p
para assisttir ao

jogo
o. Ocorre que
q nesse
e processo ele acaba
a aceleran
ndo o carrro muito acima
a

daqu
uela de segurança
s da via e acaba por atro
opelar e matar alg
guém

osamente (por impru


culpo Veja que a conduta dele teve vontade livvre e
udência). V

finalidade.

Esse ara confirmar que


e último exemplo serve pa e em tod
da a cond
duta,

seja
a ela dolo
osa ou culposa,
c p
por ação ou omis
ssão, pos
ssui todos os

elem
mentos ac
cima estu
udados:

AÇÃO OU
OMISSÃO
HUMANA

VONT
TADE CONDUTA
A CONS
SCIENTE

F
FINALIDAD
DE

Form
mas de co
onduta – ação
a e om
missão.

Conduta Com
missiva (p
por ação).

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A conduta pode ser exteriorizada por um ato positivo (um fazer). Por

exemplo, desferir facadas, falsificar um cheque, tomar um remédio abortivo,

subtrair um objeto.

A essas condutas realizadas por um fazer, dá-se o nome de condutas

comissivas. É, inclusive, a forma com que a grande maioria dos crimes são

praticados. A lei, em geral, descreve condutas que nos levam à ideia de ação,

um fazer, um ato comissivo.

Que ideia te dá a frase “matar alguém”, descrita no artigo 121 do Código

Penal? Ao ler essa frase você pensa em uma conduta por ação ou por omissão

(não fazer)? Claro que por fazer, por comissão. Então, em regra, mata-se

alguém através de um ato positivo, um fazer (desferir facadas, tiros, ministrar

veneno, por exemplo).

Conduta Omissiva (por omissão)

As infrações penais também podem ser praticadas por um “não fazer”. Nesse

caso, podem ocorrer duas situações:

a. Omissão Própria (pura) – a omissão própria gera os “crimes omissivos

próprios”;

b. omissão imprópria (impura ou comissiva por omissão) – a omissão

imprópria gera “ os crimes omissivos impróprios, também chamados de crime

comissivos por omissão.

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Não gaste seuss neurônio


os para memorizar issso. Pense assim:
a

a. Nos crimess omissivoss próprios


s ou puross( omissão própria),, a PRÓPRIIA lei

já de
escreve um
m não fazer (uma om
missão).

Com
mo eu disse
e antes, a maioria do
os tipos pe
enais descrreve uma cconduta qu
ue dá

a ide
eia de açã
ão (homicíd
dio, furto, falsificação
o). Ocorre
e que algun
ns tipos pe
enais

nos trazem a ideia de uma cond


duta omissiva. Querro dizer, e
existem allguns

crimes que a omissão


o esttá descrita
a na própria
a lei. Querr ver um exxemplo?

“De
eixar de prestar
p ass
ssistência, q
quando po
ossível fazê
zê-lo sem rrisco pesso
oal, à

crian
nça aband
donada ou
u extraviaada, ou à pessoa inválida ou ferida
a, ao

desaamparo ou
u em gravve e imineente perigo
go; ou não
o pedir, ne
nesses caso
os, o

soco
orro da auttoridade pú
ública.” (Ar
Art. 135 do CPB,
C Omisssão de Soc
ocorro).

A exxpressão “d
deixar de” do crime de omissão de socorrro no trazz ideia de fazer

ou n
não fazer?

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Não fazer.

Então, como o crime de omissão de socorro já nos dá a ideia de “não fazer”,

dissemos que esse crime é OMISSIVO PRÓPRIO (ou puro).

Resumindo: NOS CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS, A PRÓPRIA LEI DESCREVE

UMA OMISSÃO.

Observe, por fim, que nos tipos omissivos próprios, como a omissão de socorro,

a lei não proíbe uma determinada conduta. Na verdade, ela exige que o sujeito

pratique aquela conduta. Explico: o art. 121 (homicídio) descreve uma conduta

proibida. A norma, então, é dita “proibitiva”. O art. 135 ( omissão de socorro),

ao contrário, exige que o agente preste socorro. A lei não proíbe, ela manda.

Essa norma é dita “mandamental”. Não se exige o resultado, basta a mera

inatividade. [M8] Comentário: (CESPE_Procura


dor do MP_TC_GO_2007) No crime
omissivo próprio, a consumação se
verifica com a produção do resultado.
Resumindo: na norma proibitiva, o sujeito faz o que a norma proíbe; na norma GABARITO: QUESTÃO 07
 

mandamental, o sujeito não faz o que ela manda que ele faça.

Veja mais dois exemplos de crimes omissivos próprios:

“ Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho

menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente

inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos

necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente

acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer

descendente ou ascendente, gravemente enfermo.” Abandono material, art.

244 do CPB.

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“Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é

compulsória”. Omissão de notificação de doença, art. 269 do CPB.

b. Omissão Impura (imprópria ou crime comissivo por omissão) é quando a

lei descreve um fazer, mas o sujeito atinge o resultado por um não fazer.

Exemplo: mãe, com vontade de dar fim ao seu filho neonato, deixa de

alimentá-lo, levando-o à morte. Matou (“matar” traz a idéia de ação) por um

não fazer (não dar alimentos).

Perceba que o tipo de homicídio traz-nos à mente uma idéia de fazer.

Pensamos no verbo “matar” como algo que se faz por ação (desferir tiros,

facadas, pauladas, etc.). Ocorre que a lei admite que o verbo “matar” seja

atingido por um “não fazer”, como no exemplo dado. [M9] Comentário: (CESPE/ESCRIV
ÃO E AGENTE DPF 2009) Os crimes
comissivos por omissão — também
chamados de crimes omissivos
Pense na seguinte proposição: É possível o sujeito responder pelo crime de impróprios — são aqueles para os quais
o tipo penal descreve uma ação, mas o
resultado é obtido por inação.
estupro por um “não fazer”, aplicando-se o mesmo raciocínio utilizado no GABARITO: VER QUESTÃO 02 

exemplo anterior?

Agora a situação fica mais estranha, não é?

Preste atenção no seguinte exemplo.

Uma professora de educação primária percebe que sua aluna Ana, com doze

anos de idade, está triste e cabisbaixa, atitude incomum para ela. A professora

passa a conversar com a criança, quando ouve desta uma revelação terrível.

Seu padrasto, Jorge, de 35 anos de idade, pediu que Ana praticasse sexo oral

nele, no que foi atendido.

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Ana morava em um pequeno barraco em uma favela de Brasília, juntamente

com seu irmão ainda bebê, além de sua mãe Socorro.

Durante as investigações, constatou-se que Jorge praticara tal ato diversas

vezes com Ana, sendo que Socorro, mesmo consciente do que ocorria, nada

fazia para evitar a violência sexual. Também se verificou que Jorge contava

tudo a um amigo e vizinho seu de nome Carlos. Este, da mesma forma, nada

fez em socorro à criança.

Qual a situação jurídica de Jorge, Ana e Carlos?

Jorge, sem dúvida, responderá pelo tipo hoje descrito como “estupro de

vulneráveis" (art. 217-A do CPB), provavelmente em continuidade delitiva.

Como eu expliquei, Socorro, mesmo sabendo dos atos praticados por seu

companheiro, nada fez para evitar o resultado. Então, deverá ela responder

como partícipe dos estupros de Jorge.

Mas por quê?

Porque Socorro tinha em relação à Ana, por ser sua mãe, um dever especial

de proteção ou de garantia. Socorro, mais do que qualquer outra pessoa,

tinha o dever de evitar que sua filha sofresse tal violência. Tem ela, portanto, o

dever legal de agir.

Perceba que o tipo de estupro nos traz a ideia de “fazer” (comissivo), mas

Socorro responde não por ter praticado a violência, mas por não tê-la evitado

quando devia e poderia fazê-lo (omissão imprópria). Por isso que a doutrina

denomina essa espécie de crime de “comissivo por omissão”. Só quem pode

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cometer o crime é quem tem o dever legal de agir, chamado garante ou

garantidor da não ocorrência do resultado (art. 13, parágrafo 2º,

CPB).

Por fim, Carlos, apesar de tomar consciência da violência, não tinha nenhuma

relação de especial dever de proteção em relação à Ana, motivo pelo qual

deverá responder pela mera omissão (omissão de socorro, art. 135 do CPB).

Dever legal (garantes)

Os crimes omissivos impróprios exigem do sujeito ativo certa qualidade, qual

seja, uma especial relação de proteção com o bem juridicamente tutelado.

Deve ele estar enquadrado em uma das hipóteses de omissão penalmente

relevante descritas no CPB (art. 13, § 2º), quais sejam:

a) quem tem o dever de cuidado, proteção e vigilância

ex.: pais, médico, policiais, filhos em relação aos pais idosos, tutor, etc.

Imagine o exemplo de um delegado de polícia que tem conhecimento de que

um preso recolhido na delegacia está para ser estuprado por outros internos,

nada faz para evitar essa conduta. Como o delegado é garante ( ou seja, tem

por lei o dever de cuidado proteção e vigilância ) do preso, caso não haja

com possibilidade de ter agido para evitar o resultado, responde por

estupro por omissão.

Lembre-se do exemplo do estupro acima. A mãe era GARANTE da filha. Por

esse motivo, caso não haja em condição de fazê-lo, deverá responder pelo

resultado.

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b) quem com sua conduta anterior causou o perigo. Chamado de

ingerência. [M10] Comentário: (Delegado de


Polícia/NCE-UFRJ/PCDF/2005) No
direito penal entende-se como
ingerência :
Ex.: Alpinista que leva um grupo para explorar uma montanha sem os devidos a) o comportamento anterior que cria o
risco da ocorrência do resultado,
gerando o dever de agir, que torna a
preparos e equipamentos de segurança. omissão penalmente relevante;
b) a participação de menor importância,
que importa em causa de diminuição de
pena;
Ocorreu um fato em Brasília que se enquadra nessa hipótese: c) o arrependimento que, nos crimes
sem violência ou grave ameaça à
pessoa, motiva o agente a reparar o
dano ou restituir a coisa até o
recebimento da denúncia ou da queixa;
Um grupo de escoteiros foi fazer uma atividade em um parque de Brasília. d) a utilização de agente sem
culpabilidade para a realização de um
crime, importando em autoria mediata;
Nessa ocasião, o chefe dos escoteiros determinou que os garotos, todos e) a obediência por subalterno à ordem
não manifestamente ilegal emanada de
superior hierárquico.
menores, fizessem uma competição no lago. Ocorre que um dos escoteiros não GABARITO: QUESTÃO 09 

sabia nadar muito bem, tendo comentado tal fato ao chefe deles.

O tal chefe determinou que ele pulasse no lago mesmo assim, pois era a forma

que aprenderia a nadar. O garoto acabou se afogando, sem ser salvo pelo

chefe dos escoteiros.

Perceba que ao determinar que o garoto pulasse no lago, o sujeito criou um

risco para a vítima. Ao fazer isso, tornou-se seu garante.

c) de qualquer forma, se comprometeu a evitar o resultado

Imagine que você seja aprovado no concurso dos seus sonhos. Já no primeiro

mês usa a grana para dar uma viajada e espairecer.

Então, compra um pacote pra passar o fim de semana em Caldas Novas.

Durante o banho do sol (parece coisa de presidiário, né?), é interrompida por

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um moleque correndo de um lado para o outro, gritando, fazendo bagunça e

comendo “cheetos bolinha”. Que beleza!

Quem é esse moleque? Ele mesmo. O Alceu Júnior, filho da Dagmar com o

Alceu (supostamente).

Alceu tinha saído para jogar bola com os amigos e Dagmar foi ao clube com o

Alceuzinho. Mas como Dagmar, você sabe, era muito danadinha, começou a

dar mole para o salva-vidas do clube.

Dagmar pede, então, que você fique de olho no moleque por dez minutinhos

para que ela vá comprar um refrigerante pra ele (Goianinho Cola, hehe). Na

verdade ela foi paquerar o tal salva-vidas.

Você aceitou?

Parabéns! Agora você é garante do Alceuzinho, porque você se

comprometeu a evitar qualquer dano ao diabinho. Sacou?

Se ele cair na piscina, meu amigo, minha amiga, trate de pular para salvá-lo.

Caso contrário, você poderá responder por homicídio por omissão.

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ANDO O FIIO DA MEA


PEGA ADA!

1. Dividimos
s o Crim
me em três parrtes: fatto típico,, ilicitud
de e

culp
pabilidade
e;

1. Estamos estudando
o o FATO T
TÍPICO;

2. D
Dentro do Fato Típico
T estudamos a COND
DUTA e d
dois de seus
s

elem
mentos (a
ação e om
missão);

3. A omissão
o pode ser
s própria (crime
e omissiv
vo próprio
o), quand
do a

próp
pria lei de
escreve um não faz
zer;

4. A omissã
ão pode ser imprrópria (crrime com
missivo p
por omiss
são),

quando a lei descreve


e um faze
er, mas o agente atinge
a o rresultado
o por

uma
a “não - fa
azer”;

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5. Somente os garantes respondem por omissão imprópria;

6. os garantes são: a. quem tem, por lei, obrigação de cuidado

proteção e vigilância; b. quem criou o risco do resultado; c. quem se

comprometeu a evitar o resultado.

Para terminar a primeira aula, me deixa falar só de mais uma coisa que é

muito importante, até porque consta do edital. Tratam-se dos sujeitos do crime.

Todo crime possui sujeitos ativos e passivos.

Sujeitos do Crime

1. Sujeito Ativo

O sujeito ativo do crime é tanto aquele que pratica a conduta descrita no verbo

do tipo penal (matar, subtrair, falsificar), como aquele que, mesmo não

praticando o verbo o auxilia, instiga ou induz. [M11] Comentário: ( CESPE –


Agente de Polícia Federal 2004)
Sujeito ativo do crime é aquele que
realiza total ou parcialmente a conduta
2. Sujeito Passivo Direto, constante ou material descrita na norma penal incriminadora,
tendo de realizar materialmente o ato
correspondente ao tipo para ser
considerado autor ou partícipe.
Sujeito passivo eventual ou material é aquele que tem seu bem jurídico GABARITO: QUESTÃO 11
 

prejudicado. Bem jurídico é a vida, a liberdade, o patrimônio, etc.

O sujeito passivo pode ser o homem, como no Homicídio, art. 121; a pessoa

jurídica como na Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro,

art. 171, § 2º, V; o Estado (crimes contra a Administração Pública) e uma

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coletividade destituída de personalidade jurídica, como no Vilipêndio a

cadáver, art. 212, estes últimos são chamados crimes vagos. “Entidade sem

personalidade jurídica” é, por exemplo, a família, a coletividade, a sociedade,

etc.

Nem sempre o sujeito passivo é a vítima. Se eu empresto meu celular para um

amigo, o qual é vítima de furto, continuo sendo o sujeito passivo. Isso porque

foi meu bem jurídico (patrimônio) que foi atacado. Bem jurídico é tudo que tem

relevância para o direito, como a vida, patrimônio, honra, etc.

3. Sujeito passivo constante ou formal: é o Estado.

Sempre que alguém comete um crime, acaba por desrespeitar uma lei criada

pelo Estado. Por esse motivo, diz-se que o Estado sempre é vítima

indiretamente.

Pode ocorrer de o Estado ser sujeito passivo direito. Lembra-se do furto que

ocorreu no Banco Central de Fortaleza? Quem era o sujeito passivo? O Estado

(pessoa jurídica).

4. Não pode ser sujeito passivo de crime: O cadáver. [M12] Comentário:


CESPE_Procurador do
MP_TC_GO_2007) Relativamente
ao sujeito ativo e ao sujeito
No delito de vilipêndio à cadáver, art. 212 CP, o sujeito passivo é a passivo do crime, à tentativa e ao
crime consumado, julgue os itens:
De acordo com o ordenamento penal
coletividade; e no crime de calúnia contra os mortos ,art. 138, § 2º, do CP, sua vigente, o homem morto pode ser
sujeito passivo de crime.
GABARITO: QUESTÃO 05
família. São os crimes vagos de que falei acima.  

5. Observações:

a. Civilmente incapaz – pode ser sujeito passivo de crime;

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b. Re
ecém-Nasccido - pode
e ser sujeitto passivo de crime (art.
( 123, in
nfanticídio);

Feto m pode serr, como no aborto.


o – também

c. A
Animais- não
n podem eitos passivvos de criime. Os crimes conttra a
m ser suje

faun
na (Lei 9.60
05.98) são crime con
ntra a humanidade.

PER
RGUNTA IMPORTA
I NTE: Pode
e uma pesssoa ser, ao
a mesmo tempo, su
ujeito

ativo
o e passivo
o de crime?? [M13] Come entário: ( MPE
E-MG -
2010 - MPE-MG – PROMO OTOR DE
JUSTIÇA ) A pessoa pode e ser, ao
mesmo tem mpo, sujeito attivo e
R. R
Regra gerall, não. Excceção é o ccrime de Rixa
R (art. 137
1 CP). N
Nesse crim
me há passivo de um delito em face de
sua própria conduta.
GABARITO: VER QUESTÃ ÃO 13
uma briga generalizada onde
o todo mundo bate em todo
o mundo.  

Suje
eito Passsivo

QUE
ESTÕES

1. (C
CESPE/ES
SCRIVÃO E AGENT
TE DPF 20
009) São elementos
e s do fato tíípico:

cond
duta, resultado, nexo
o de causa
alidade, tipicidade e culpabilid
dade, de fo
orma

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que, ausente qualquer dos elementos, a conduta será atípica para o direito

penal, mas poderá ser valorada pelos outros ramos do direito, podendo

configurar, por exemplo, ilícito administrativo.

2. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) Os crimes comissivos por

omissão — também chamados de crimes omissivos impróprios — são aqueles

para os quais o tipo penal descreve uma ação, mas o resultado é obtido por

inação.

3. (CEPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) Com relação à responsabilidade

penal da pessoa jurídica, tem-se adotado a teoria da dupla imputação, segundo

a qual se responsabiliza não somente a pessoa jurídica, mas também a pessoa

física que agiu em nome do ente coletivo, ou seja, há a possibilidade de se

responsabilizar simultaneamente a pessoa física e a jurídica.

4. (CESPE_Analista Judiciário _Execução de Mandados_TJDFT_2008)

Com relação a elementos e espécies da infração penal, julgue os itens

subseqüentes.

Se o sujeito ativo do delito, ao praticar o crime, não quer diretamente o

resultado, mas assume o risco de produzi-lo, o crime será culposo, na

modalidade culpa consciente.

5. CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) Relativamente ao sujeito

ativo e ao sujeito passivo do crime, à tentativa e ao crime consumado,

julgue os itens:

De acordo com o ordenamento penal vigente, o homem morto pode ser sujeito

passivo de crime.

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6. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) A pessoa jurídica pode ser

sujeito ativo de crime, dependendo da sua responsabilização penal, consoante

entendimento do STJ, da existência da intervenção de uma pessoa física que

atue em nome e em benefício do ente moral.

7. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) No crime omissivo próprio, a

consumação se verifica com a produção do resultado.

8. (CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS – TCE-ES_2009) São

elementos do fato típico culposo: conduta humana voluntária (ação/omissão),

inobservância do cuidado objetivo (imprudência/negligência/imperícia),

previsibilidade objetiva, ausência de previsão, resultado involuntário, nexo de

causalidade e tipicidade.

9. (Delegado de Polícia/NCE-UFRJ/PCDF/2005) No direito penal

entende-se como ingerência :

a) o comportamento anterior que cria o risco da ocorrência do resultado,

gerando o dever de agir, que torna a omissão penalmente relevante;

b) a participação de menor importância, que importa em causa de diminuição

de pena;

c) o arrependimento que, nos crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa,

motiva o agente a reparar o dano ou restituir a coisa até o recebimento da

denúncia ou da queixa;

d) a utilização de agente sem culpabilidade para a realização de um crime,

importando em autoria mediata;

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e) a obediência por subalterno à ordem não manifestamente ilegal emanada de

superior hierárquico.

11. ( CESPE – Agente de Polícia Federal 2004) Sujeito ativo do crime é

aquele que realiza total ou parcialmente a conduta descrita na norma penal

incriminadora, tendo de realizar materialmente o ato correspondente ao tipo

para ser considerado autor ou partícipe.

12. (CESPE – Agente de Polícia Federal 2004) A coação física e a coação

moral irresistíveis afastam a própria ação, não respondendo o agente pelo

crime. Em tais casos, responderá pelo crime o coator.

13. ( MPE-MG - 2010 - MPE-MG – PROMOTOR DE JUSTIÇA ) A pessoa


pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo de um delito em face de sua
própria conduta.

14. (CESPE - 2010 - TRE-BA - Analista Judiciário) A imputabilidade penal


é um dos elementos que constituem a culpabilidade e não integra a tipicidade.

15.( CESPE - 2010 - TRE-BA - Analista Judiciário - Área


Administrativa) A coação física irresistível afasta a tipicidade, excluindo o
crime.

COMENTÁRIOS

1. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) São elementos do fato típico:

conduta, resultado, nexo de causalidade, tipicidade e culpabilidade, de forma

que, ausente qualquer dos elementos, a conduta será atípica para o direito

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penal, mas poderá ser valorada pelos outros ramos do direito, podendo

configurar, por exemplo, ilícito administrativo.

Comentário: Os elementos do fato típico são: CO.RE.NE.TI. CONDUTA,

RESULTADO, NEXO CAUSAL e TIPICIDADE.

GABARITO: ERRADO.

2. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) Os crimes comissivos por

omissão — também chamados de crimes omissivos impróprios — são aqueles

para os quais o tipo penal descreve uma ação, mas o resultado é obtido por

inação.

Comentário: Perfeito! O exemplo clássico seria o da mãe que mata o próprio

filho recém nascido por negar-lhe o peito. Lembre-se que só responde por esse

crime quem estiver na posição de “garante”.

GABARITO: CORRETO

3. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) Com relação à

responsabilidade penal da pessoa jurídica, tem-se adotado a teoria da dupla

imputação, segundo a qual se responsabiliza não somente a pessoa jurídica,

mas também a pessoa física que agiu em nome do ente coletivo, ou seja, há a

possibilidade de se responsabilizar simultaneamente a pessoa física e a jurídica.

Comentário: Para essa teoria, sempre que uma pessoa jurídica responder por

um crime ambiental, com ela responderá uma pessoa física.

GABARITO: CORRETO

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4. (CESPE_Analista Judiciário _Execução de Mandados_TJDFT_2008)

Com relação a elementos e espécies da infração penal, julgue os itens

subseqüentes.

Se o sujeito ativo do delito, ao praticar o crime, não quer diretamente o

resultado, mas assume o risco de produzi-lo, o crime será culposo, na

modalidade culpa consciente.

Comentário: Se o sujeito não quer o resultado, mas assume o risco de

produzi-lo, estamos falando de um crime doloso (dolo eventual).

Culpa consciente é a aquela em que o sujeito causa o resultado por

imprudência, negligência ou imperícia, tendo previsto o resultado mais gravoso.

GABARITO: ERRADO

5. CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) Relativamente ao sujeito

ativo e ao sujeito passivo do crime, à tentativa e ao crime consumado,

julgue os itens:

De acordo com o ordenamento penal vigente, o homem morto pode ser sujeito

passivo de crime.

Comentário: Só quem pode ser sujeito passivo de crime é a pessoa viva ou o

feto vivo. No delito de vilipêndio à cadáver, por exemplo, art. 212 CP, o sujeito

passivo é a coletividade ou a família do morto.

“Vilipendiar cadáver ou suas cinzas” (art. 212 do Código Penal).

Exemplo: escarrar sobre o cadáver.

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GABARITO: ERRADO

6. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) A pessoa jurídica pode ser

sujeito ativo de crime, dependendo da sua responsabilização penal, consoante

entendimento do STJ, da existência da intervenção de uma pessoa física que

atue em nome e em benefício do ente moral.

Comentário: Para essa teoria, sempre que uma pessoa jurídica responder por

um crime ambiental, com ela responderá uma pessoa física.

GABARITO: CERTO

7. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) No crime omissivo próprio, a

consumação se verifica com a produção do resultado.

Comentário: Nos crimes omissivos próprio, aqueles em que a própria lei

descreve um “não-fazer”, a consumação se verifica no momento da conduta

omissiva. Exemplo: O sujeito vê uma pessoa acidentada e, podendo, não a

ajuda. O crime está consumado, independentemente de a vítima vir a falecer

ou não.

GABARITO: ERRADO

8. (CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS – TCE-ES_2009) São

elementos do fato típico culposo: conduta humana voluntária (ação/omissão),

inobservância do cuidado objetivo (imprudência/negligência/imperícia),

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previsibilidade objetiva, ausência de previsão, resultado involuntário, nexo de

causalidade e tipicidade.

Comentário: A previsibilidade ou evitabilidade do resultado: todo crime

culposo tem previsibilidade (a capacidade ou possibilidade de previsão). Se não

há previsibilidade de ocorrer um crime não haverá culpa. Cumpre-nos observar

a definição de Carrara de que a culpa é a voluntária omissão de diligência em

calcular as conseqüências possíveis e PREVISÍVEIS do próprio fato.

9. (Delegado de Polícia/NCE-UFRJ/PCDF/2005) No direito penal

entende-se como ingerência :

a) o comportamento anterior que cria o risco da ocorrência do resultado,

gerando o dever de agir, que torna a omissão penalmente relevante;

b) a participação de menor importância, que importa em causa de diminuição

de pena;

c) o arrependimento que, nos crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa,

motiva o agente a reparar o dano ou restituir a coisa até o recebimento da

denúncia ou da queixa;

d) a utilização de agente sem culpabilidade para a realização de um crime,

importando em autoria mediata;

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superior hierárquico.

Comentário: Crimes omissivos impróprios, também chamados comissivos por

omissão, ocorrem quando o tipo descreve uma ação e o resultado é atingido

por uma inação, por exemplo, a mãe que mata o filho neonato por não

fornecer-lhe o peito.

Para ser responsabilizado pelo resultado, o agente deve estar em uma das

situações previstas no art. 13, § 2º do CPB, ocasião em que será garante da

não ocorrência do resultado. Uma dessas situações previstas no citado artigo é

justamente o que a doutrina convencionou chamar de “ingerência”, ou seja,

quando o dever de agir incumbe a quem com seu comportamento anterior,

criou o risco da ocorrência do resultado.

GABARITO: A

11. ( CESPE – Agente de Polícia Federal 2004) Sujeito ativo do crime é

aquele que realiza total ou parcialmente a conduta descrita na norma penal

incriminadora, tendo de realizar materialmente o ato correspondente ao tipo

para ser considerado autor ou partícipe.

Comentário: O sujeito ativo pode cometer o crime como autor, coautor ou

partícipe, conforme veremos em aula específica. Mas, não é necessário que o

sujeito ativo pratique o verbo do tipo penal. Lembra-se do crime omissivo

impróprio ou comissivo por omissão? Pois então.

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GABARITO: ERRADO

12. (CESPE – Agente de Polícia Federal 2004) A coação física e a coação

moral irresistíveis afastam a própria ação, não respondendo o agente pelo

crime. Em tais casos, responderá pelo crime o coator.

Comentário: A COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL, conforme estudamos, afasta a

própria conduta, pois é elemento desta. A COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL, por

sua vez, afasta a EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA, elemento do

Culpabilidade. Estudaremos esta última em aula posterior deste curso.

GABARITO: ERRADO

13. ( MPE-MG - 2010 - MPE-MG – PROMOTOR DE JUSTIÇA ) A pessoa

pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo de um delito em face de sua

própria conduta.

Comentário: Excepcionalmente, a pessoa pode ser sujeito ativo e passivo do

crime, como ocorre no crime de Rixa (Participar de rixa, salvo para separar os

contendores. Art. 137 do CPB). Neste caso, os participantes agridem-se

mutuamente, sendo todos, ao mesmo tempo, agressores e agredidos.

GABARITO: CERTO

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14. (CESPE - 2010 - TRE-BA - Analista Judiciário) A imputabilidade penal

é um dos elementos que constituem a culpabilidade e não integra a tipicidade.

Comentário: Com uma rápida análise na estrutura do crime ( veja o esqueleto

do crime) percebe-se que a imputabilidade é elemento da culpabilidade.

Estudaremos profundamente a imputabilidade em aula específica.

GABARITO: CERTO

15.( CESPE - 2010 - TRE-BA - Analista Judiciário - Área

Administrativa) A coação física irresistível afasta a tipicidade, excluindo o

crime.

Comentário: A coação física irresistível afasta a voluntariedade da conduta.

Conduta só existe se possuir vontade. Como a conduta é elemento do fato

típico (tipicidade em sentido amplo), está ficará afastada sem esse elemento.

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