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1.

Resumo

O objectivo deste trabalho foi determinar o teor de cafeína e a sua pureza em folhas de chá
preto. Através da extracção descontínua sólido-líquido, da extracção líquido-líquido e da
determinação do seu ponto de fusão.

Com a extracção descontínua sólido-liquido e líquido-líquido determinou-se o teor de cafeína


nas folhas de chá preto. E a determinação do seu ponto de fusão serviu para comparar o
grau de pureza da cafeína extraída face aos valores padrão.

O teor de cafeína obtida foi de 1,20% e o ponto de fusão determinado foi, 234,5 ºC.

Abstract

The aim of this work was the determination of the caffeine in black tea leaves content and its
purity, through discontinuous solid-liquid and liquid-liquid extraction and the determination of
its melting point.

The caffeine content in black tea leaves was determinated with both extractions. And the
determination of its melting point was used to compare with standard values.

The obtained content in caffeine was 1.20% and the melting point found was 234.5 ºC.
Índice

1. Resumo.......................................................................................................................... 3

Abstract .......................................................................................................................... 3

2. Introdução Teórica ......................................................................................................... 5

3. Parte Experimental ......................................................................................................... 8

3.1. Reagentes............................................................................................................... 8

3.2. Material e Equipamento .......................................................................................... 8

3.3. Procedimento Experimental .................................................................................... 9

3.4. Resultados experimentais ..........................................................................................10

3.4.1. Registo de resultados ..........................................................................................10

3.4.2.Tratamento de resultados .....................................................................................11

4. Discussão e Crítica .......................................................................................................11

5. Bibliografia ....................................................................................................................12
Determinação do Teor de Cafeína no Chá 5

2. Introdução Teórica

A cafeína (1,3,7-trimetilxantina) é uma substância branca, cristalina, sem cheiro e com sabor
amargo. Pertence ao grupo dos alcalóides, substâncias alcalinas, proveniente
principalmente de plantas e que têm a sua estrutura formada por azoto, oxigénio, hidrogénio
[1]
e carbono, mais especificamente das metilxantinas, juntamente com a teofilina (1,3-
[2]
dimetilxantina) e a teobromina (3,7-dimetilxantina). A figura 1 ilustra a estrutura molecular
da cafeína.

Figura 1 – Fórmula estrutural da cafeína

Fonte: http://www.portalmedquimica.com.br/dicas.php?id=79

A sua fórmula molecular é C8H10N4O2 e o seu peso molecular é igual a 194,19 g/mol. Tem o
ponto de fusão igual a 238ºC e o de sublimação igual a 178ºC. É solúvel em água – um
grama da substância dissolve-se em 46mL de água, 5,5mL de água a 80ºC e 1,5mL de água
em ebulição – e em solventes orgânicos – um grama da substância dissolve-se em 66mL de
álcool, 22mL de álcool a 60ºC, 50mL de acetona, 5,5mL de clorofórmio e etc. [3]

[4]
Tem efeitos estimulantes e ainda reforça e mantém o foco de atenção. Tem propriedades
psicoactivas, pois liga-se, no sistema nervoso autónomo, aos receptores de adenosina, um
neurotransmissor natural que diminui a actividade neuronal, dilata os vasos sanguíneos,
reduz a frequência cardíaca, a pressão sanguínea e a temperatura corporal. No entanto, a
cafeína exerce um efeito antagónico ao da adenosina, estimulando a actividade celular sem
que o organismo se aperceba que é a cafeína que está a ocupar o receptor da adenosina. [1]

Quando ingerida em excesso pode causar irritabilidade, dores de cabeça, insónia, diarreia e
[6]
taquicardia. A dose letal de cafeína numa pessoa é de cerca de 150-200mg/kg o que
corresponde à ingestão de 70 a 100 cafés aproximadamente. [1]

A cafeína ocorre naturalmente em cerca de 60 espécies vegetais, espalhadas por regiões de


diferentes climas. Acredita-se que a cafeína actua como um insecticida natural das plantas,
reserva de azoto e ainda agente alopático. [5]

A cafeína está presente nos grãos de café, nas folhas de chá e no cacau. No entanto, o
consumo de chá é o maior responsável pelo consumo de cafeína, embora o café tenha
Determinação do Teor de Cafeína no Chá 6

cerca de 60 a 70% de cafeína a mais que o chá. Outras fontes de cafeína são os sumos a
base de cola e os alimentos que contenham cacau ou chocolate. [4]

O chá é a segunda bebida mais consumida mundialmente, ficando atrás somente da água.
[4]
É, principalmente, obtido a partir de folhas de Camellia sinensis, que dá origem ao chá
preto, ao chá tipo oolong e ao chá verde, conforme as folhas sejam fermentadas, semi-
fermentadas ou não fermentadas antes de serem disponibilizadas para consumo. [6]

A composição química do chá varia consoante as estações do ano e as condições do clima,


[7,8]
a sua origem e ainda consoante a idade das folhas. Sendo a sua composição de cerca
de 1-5% de cafeína e de 5-27% de taninos, entre outros compostos. [7]

Actualmente, existem diversos métodos para a extracção da cafeína do chá e estudos que
têm por objectivo desenvolver método que aumentem o rendimento da extracção. No
entanto, existe um método, descrito em muitos manuais de química experimental,
largamente utilizado há muitos anos. Este método consiste na extracção da cafeína através
de uma extracção sólido-líquido entre as folhas do chá e água em ebulição, com a adição de
carbonato de cálcio, e uma posterior extracção líquido-líquido entre a solução aquosa,
contendo a cafeína, e diclorometano.

Durante a extracção sólido-líquido, a cafeína, como é solúvel em água, é extraída das


folhas, mas a celulose, um dos principais constituintes de material vegetal, em geral, não é
extraída, devida a sua baixa solubilidade em água. Este factor é benéfico, pois assim sendo,
a celulose não interfere na análise. [9]

Mas existem outros compostos que constituem as folhas de chá que são potencialmente
solúveis em água, como, por exemplo os taninos. Os taninos são compostos fenólicos que
se distinguem em dois grupos: os que são solúveis e os que não são solúveis em água. Os
que estão presentes nas folhas de chá, são os hidrossolúveis, que formam glucose e ácido
gálico na presença de água, tendo portanto um carácter ácido. Adicionando-se uma base à
solução, os produtos da hidrólise dos taninos, convertem-se nos seus sais, tornando-se
mais solúveis em água. [9]

Finalmente, através da extracção líquido-líquido com diclorometano, a cafeína - que é mais


solúvel em diclorometano do que que em água - juntamente com algumas impurezas, serão
extraídos da solução aquosa, onde permanecem os taninos. Como o diclorometano e a
água são imiscíveis, pode-se facilmente separar as duas fases. O diclorometano é então
evaporado, ficando a cafeína extraída. [9]
Determinação do Teor de Cafeína no Chá 7

Como, após a extracção, a cafeína pode apresentar-se com algumas impurezas, um método
de purificação deve ser aplicado. Comummente, a sublimação é utilizada para esse efeito.[9]
A purificação através da sublimação consiste em separar as substâncias sublimáveis de
outras não sublimáveis. Sendo empregue somente quando a temperatura de decomposição
da substância for superior à de sublimação, o que requer por vezes uma sublimação a
vácuo de forma a diminuir a temperatura em que o composto sublima. [10]
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3. Parte Experimental

3.1. Reagentes

Fórmula
Reagente Marca Grau de Pureza
Química
Celite SiO2 Fluka (545) Coarse -
Carbonato de Cálcio CaCO3 Panreac -
Diclorometano CH2Cl2 José Manuel Gomes dos Santos Lda 99%
Sulfato de Sódio
Na2SO4 Panreac -
Anidro
Amostra analisada: Chá Preto, da marca Mini-Preço.

3.2. Material e Equipamento

Equipamento Marca Modelo


Aparelho de medição do Ponto de Fusão BI Barnstead/Electrothermal -
Balança Precisa 400 M
B490 – Banho
V500 - Bomba de
Evaporador Rotativo Buchi
vácuo
R205 - Rota vapor
Hotte Industrial Caborun -
Placa de Aquecimento Labinco 132

Capacidade
Material
(mL)
Ampola de decantação -
Balão de fundo redondo -
Copo de precipitação 80; 250
Erlenmeyer 150
Funil de líquidos -
Funil de Büchner -
Proveta 25; 25
Kitasato 250
Vareta -
Determinação do Teor de Cafeína no Chá 9

3.3. Procedimento Experimental

Primeiramente fez-se a extracção da cafeína da amostra, aproveitando as diferenças de


solubilidade, em água e em diclorometano, das substâncias que compõem o chá.

Para isolar os componentes solúveis em água, num copo de precipitação, foram


adicionadas, 7g de carbonato de cálcio, 10g da nossa amostra e 150mL de água, tendo sido
esta mistura submetida a ebulição durante 15 – 20 minutos e arrefecida posteriormente à
temperatura ambiente.

Foi preparado um funil de Büchner com um manto de Celite de modo a promover a eficácia
da filtração da mistura anterior.

Para extrair a cafeína da solução aquosa, o filtrado foi transferido para uma ampola de
decantação e adicionaram-se 40 mL de diclorometano, sendo promovida uma agitação
suave.

Após a separação de fases, recolheu-se num Erlenmeyer a fase mais densa (orgânica) e
esta foi lavada com sucessivas porções de 50mL de água.

Adicionaram-se aproximadamente 3g de sulfato de sódio anidro para retirar as moléculas de


água que poderiam estar presentes na amostra e filtrou-se com um filtro de pregas.

Num balão de fundo redondo, previamente tarado, adicionou-se o filtrado anterior e


evaporou-se o diclorometano no evaporador rotativo, sendo o balão pesado posteriormente.

A segunda fase do trabalho experimental pressupõe a purificação da cafeína, por


sublimação. A respectiva etapa não foi realizada pelo grupo, mas segue o seguinte
procedimento:

A cafeína impura foi colocada no fundo do sublimador, tendo sido adaptado o dedo frio e as
mangueiras.

Algum tempo após a ligação da manta de aquecimento, verificou-se a solidificação da


cafeína pura no dedo frio.

Depois do processo concluído deixou-se arrefecer o equipamento e pesaram-se os cristais


numa balança analítica.
Determinação do Teor de Cafeína no Chá 10

Num terceiro momento verificámos a pureza da amostra de cafeína extraída, através da


determinação do seu ponto de fusão:

A amostra foi reduzida a pó e introduzida num tubo capilar.

Foi determinado o ponto de fusão da amostra, registando a temperatura a que a cafeína


começou a fundir, assim como, aquela a que a fusão terminou – determinação da gama de
fusão.

Foram realizadas três determinações até a obtenção de resultados concordantes. [11]

3.4. Resultados experimentais

3.4.1. Registo de resultados

• Chá: 10,019 g massa pesada da amostra


• Peso do balão vazio: 107,629 g (t).
• Peso do balão com cafeína: 107.749 g (a)

PONTO DE FUSÃO DA CAFEINA

CAPILARES Início da fusão Final da fusão

1º 233,1 ºC 235,1 ºC

2º 230,8 ºC 234,3ºC

3º 231,7 ºC 234,1ºC

Média 231,9 ºC 234,5 ºC

Tabela 1 – Resultados experimentais do ponto de fusão da cafeína


Determinação do Teor de Cafeína no Chá 11

3.4.2.Tratamento de resultados

• Peso da cafeína impura: 107,749 g – 107,629 g = 0,120 g

0,120g
• Percentagem de cafeína impura: 10,019g
× 100 = 1,20%

4. Discussão e Crítica

Inicialmente este trabalho era composto por três etapas (extracções; sublimação e
determinação do ponto de fusão). No entanto, a sublimação não foi realizada pois não se fez
necessária.

O tipo de amostra de chá preto utilizado foi determinante no decorrer de todo o processo,
porque após a extracção da cafeína impura das folhas de chá preto, verificamos que não
apresentava coloração verde amorfa ou qualquer tipo de coloração que evidenciasse um
teor elevado de impurezas (pigmentos), até pelo contrário apresentava-se branca e
cristalina. Assim sendo, suprimimos a etapa de sublimação e assumimos que a cafeína
extraída encontrava-se pura.

Na determinação do ponto de fusão efectuaram-se três ensaios onde a média dos valores
obtidos foi igual a 234,5 ºC, valor próximo do padrão (238 ºC), ainda assim distam deste
cerca de 3,5 ºC. Os dados mencionados fazem-nos concluir que a amostra resultante da
extracção encontrava-se impura, visto que o intervalo de fusão aumentou e o ponto de fusão
diminuiu, face aos dados padrão.

Alguns dos aspectos que justificam a obtenção deste resultado devem-se ao facto de haver
uma dificuldade associada à percepção da gama de fusão e da purificação da amostra
através da sublimação não ter sido efectuada.

Através dos cálculos chegámos ao valor final de 1,20% de cafeína na nossa amostra inicial.

Podemos assim concluir, que a percentagem de cafeína na amostra seria eventualmente


inferior ao valor calculado, tendo em vista que para este estamos a considerar a massa das
impurezas que a cafeína extraída continha. No entanto, dados teóricos indicam que o teor
de cafeína em folhas de chá está entre 1 e 5%, valores concordantes com o resultado.
Determinação do Teor de Cafeína no Chá 12

5. Bibliografia

[1] Fonseca, B., Soares, A., Cafeína, Laboratório de Toxicologia, Faculdade de Farmácia da
Universidade do Porto, 2004/2005.
[2] http://pt.wikipedia.org/wiki/Alcaloide, página consultada em 05/Dez/2010.
[3] O'Neil, M. J., Heckelman, P. E., Koch, C. B., Roman, K. J., Kenny, C. M., D’Arecca, M.
R., The Merck Index - An Encyclopedia of Chemicals, Drugs and Biologicals, 14ª edição,
Merck Research Laboratories – Merck & Co., Inc., Nova Jérsia, E.U.A., 2006.
[4] Spiller, A. G., Caffeine, CRC Press LLC, Florida, E.U.A., 2000.
[5] Mazzafera, P., Yamaoka-Yano, D. M., Vitória A. P., Para que serve a cafeína em
plantas?, R. Bras. Fisiol. Veg., 8 (1) (1996) p.67-74.
[6] Lima, J. D., Mazzafera, P., Moraes, W. S., Silva, R. B., Chá: aspectos relacionados à
qualidade e perspectivas, Ciência Rural, 39 (4) (2009) p.1270-1278.
[7] Perva-Uzunalic, A., Skerget, M., Knez, Z., Weinreich, B., Otto, F., Gruner, S., Extraction
of active ingredients from green tea (Camellia Sinensis): Extraction efficiency of major
catechins and caffeine, Food Chemistry, 96 (2006) p.597-605
[8] Belitz, H.-D., Grosch, W., Schieberle, P., Food Chemistry, 4ª ed. Revista, Springer-
Verlag, Berlim, Alemanha,2009.
[9] Pavia, D. L., Lampman, G. M., Kriz, G. S., Engel, R. G., Introduction to Organic
Laboratory Techniques – A Small Scale Approach, 2ª edição, Books/Cole – Thomson
Learning, Califórnia - E.U.A., 2005.
[10] Pombeiro, A. J. L., Técnicas e Operações Unitárias em Química Laboratorial, 4ª ed.,
Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2003.
[11] Robalo, P., Martins, L., Alegria, E., Travassos, C., Laboratórios Integrados 1 – Protocolo
de Trabalhos Práticos, Módulo de Química 1, Instituto Superior de Engenharia de
Lisboa, 2010.

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