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1.

INTRODUÇÃO

No começo do século XX, muitas formas de cultivo de peixes foram estabelecidas, como
por exemplo, o policultivo de carpas na China, monocultivo da carpa na Europa, cultivo da
tilápia na África e salmonídeos na América do Norte e Europa Ocidental. Com exceção do
cultivo de salmonídeos, estas formas de aquacultura eram geralmente extensivas, onde os
nutrientes colocados no sistema eram limitados ao uso de fertilizantes e alimentos não
processados, e o rendimento era muito baixo. Os maiores avanços da aquacultura têm ocorrido
no final do século XX, com a exploração comercial de novas espécies e uso de técnicas mais
aprimoradas, principalmente no que diz respeito ao manejo nutricional.
Os peixes precisam consumir proteínas, minerais, vitaminas e uma fonte de energia.
Esses nutrientes podem ser provenientes de outros organismos aquáticos ou alimento natural
ou ainda, de rações preparadas. Se os peixes são mantidos em confinamento (cultivo
intensivo) onde os alimentos naturais não estão presentes ou são pouco abundantes, como por
exemplo, em “raceways” e tanques-rede, a dieta deve ser nutricionalmente adequada.
Entretanto, em ambientes de cultivo onde os peixes têm acesso ao alimento natural, o alimento
usado não precisa, necessariamente, conter todos os nutrientes essenciais.
A produção de uma dieta nutricionalmente balanceada para peixes exige esforços de
pesquisa, controle de qualidade e avaliação biológica. Uma nutrição deficiente prejudica a
produtividade e pode resultar em quadro de debilidade sanitária, resultando em doença. O
problema de um baixo desempenho em estádio inicial, e uma possível correção no programa
nutricional, ficará a cargo da habilidade do piscicultor.
A dieta mal formulada influencia negativamente a saúde do animal pela indução de
deficiências nutricionais, e/ou toxicoses, e por provocar diminuição na eficiência do sistema
imunológico, além de poder prejudicar a qualidade do produto final. Por outro lado, uma dieta
bem balanceada proporciona adequado crescimento e estado sanitário, condições adequadas
para reprodução e capacidade de se adequar às condições adversas do ambiente. Além disso,
os custos relacionados à alimentação são responsáveis por 50 a 70% dos custos totais da
produção, por isso é de fundamental importância que o manejo alimentar e nutricional dos
peixes seja feito de maneira bastante criteriosa.
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2. ANATOMIA E FISIOLOGIA DO APARELHO DIGESTIVO DOS PEIXES

2.1. Anatomia externa


A posição da mandíbula e o tipo de dentes apresentados pelos peixes são bons
indicativos de seu hábito alimentar. Para os peixes, os dentes têm apenas a função de
apreender e segurar o alimento, não ocorrendo mastigação como no caso dos mamíferos.
Assim, os peixes podem ser classificados em:
- Peixes herbívoros: boca de tamanho médio, dentes incisivos (exemplo: ximboré) e
faringeanos (por exemplo, carpa capim);
- Peixes planctófagos: boca de tamanho variado, com dentes rudimentares ou, então, ausentes
(por exemplo, tilápia, carpas prateada e cabeça-grande);
- Peixes iliófagos: boca na posição terminal, de tamanho médio, protáctil e com grande
número de botões gustativos. Podem apresentar ou não pequenos dentes e dependendo da
espécie, apresentar barbilhões gustativos. Exemplos de peixes iliófagos são os curimbatás e os
cascudos;
- Peixes onívoros: boca de tamanho médio. Os dentes, quando presentes, apresentam-se na
forma molariforme (pacu, por exemplo), ou ainda podem ser encontrados dentes faringeanos
(por exemplo, carpa comum);
- Peixes carnívoros: apresentam boca de tamanho grande, com uma mandíbula bastante forte
e dentes pontiagudos e afiados (por exemplo, dourado, peixe cachorro e trairão). Geralmente a
posição da boca é terminal.

2.2. Anatomia interna


O trato gastrointestinal inicia-se no orifício bucal, seguido pela faringe, esôfago,
estômago e intestino. De acordo com o hábito alimentar, o peixe pode apresentar estruturas
conhecidas como cecos pilóricos, tubos sem fundo, conectados com a parte posterior do
estômago e a parte anterior do intestino. Sua função é auxiliar na digestão e absorção do
alimento. Observa-se ainda a presença de um fígado único perfundido pelo pâncreas
(hepatopâncreas), responsável pela digestão protéica; vesícula biliar, onde é armazenada a
bile, substância que auxilia na digestão de gorduras; e baço, que armazena as hemácias
sanguíneas.
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- Peixes herbívoros: os rastros branquiais são medianamente desenvolvidos, podendo ter


função na alimentação. O estômago está ausente na carpa capim, porém o intestino é bastante
longo. A relação trato digestivo (TD)/comprimento padrão do corpo (CP) varia de 2,0 a 5,0.
- Peixes planctófagos: os rastros branquiais são numerosos, bastante desenvolvidos e
delgados, com importante função na alimentação. O estômago é simples e o intestino longo e
enovelado, podendo apresentar cecos pilóricos. A relação TD/CP é igual a 4,0 a 10,0;
- Peixes iliófagos: os rastros branquiais também medianamente desenvolvidos, mas com
importante função na alimentação. O estômago pode apresentar-se na forma de moela (por
exemplo, curimbatá) ou na forma normal. O intestino é de comprimento médio. TD/CP = 3,0 a
4,5;
- Peixes onívoros: estes peixes apresentam rastros branquiais que também podem auxiliar na
alimentação e os cecos pilóricos podem estar presentes. O estômago apresenta forma de bolsa
e áreas musculares de trituração, como no pacu, ou ainda, pode ser ausente, como na carpa.
Nos peixes que não apresentam estômago não ocorre a digestão ácida dos alimentos. O
intestino destes peixes é de tamanho médio. TD/CP = 1,5 a 2,5;
- Peixes carnívoros: os peixes que apresentam este hábito alimentar têm um estômago na
forma de Y, bastante grande e musculoso, com grande capacidade de distensão. Observa-se a
presença de cecos pilóricos, e o intestino é curto e sem diferenciação. TD/CP = 0,6 a 1,0.

3. FATORES QUE INFLUENCIAM OS VALORES DE CONVERSÃO ALIMENTAR

O fator de conversão alimentar relaciona o consumo de alimento com o ganho de peso.


No entanto, este fator indica, na verdade, uma conversão alimentar aparente, pois não
considera a contribuição do alimento natural e pode ser calculado através da fórmula:

Fator de conversão alimentar = consumo de ração (kg) ÷ ganho de peso (kg)

O sucesso de uma criação comercial é medido pelo seu lucro, que por sua vez depende
da produtividade, do preço de mercado e do custo de produção. Estes serão afetados por
inúmeros fatores, os quais os mais importantes estão escritos a seguir.
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3.1. Espécie
Os peixes apresentam respostas diferenciadas quanto aos fatores de desempenho, devido
à habilidade das espécies em aproveitar o alimento fornecido ou existente no meio. Os peixes
que aproveitam alimento natural, as espécies filtradoras (tilápias e carpas chinesas, por
exemplo), podem apresentar melhores respostas de conversão alimentar, quando existe
disponibilidade de alimento natural, comparados com espécies onívoras e carnívoras.
Os valores de conversão alimentar também podem diferir entre espécies em relação à
disponibilidade de nutrientes na ração. As espécies carnívoras, como os salmonídeos, têm
maior dificuldade em aproveitar dietas com elevados níveis de carboidratos na composição da
ração do que as espécies onívoras. Além disso, algumas espécies de peixes têm como
característica não apresentarem estômago, como a carpa comum e, consequentemente, as
respostas em termos de digestibilidade do alimento são inferiores aos peixes que apresentam
estômago funcional, devido à digestão ácida que ocorre nesta porção do trato digestivo.

3.2. Idade/tamanho
Diferentes valores de conversão alimentar podem ser observados dentro de uma mesma
espécie relacionados à idade ou tamanho do peixe. Peixes menores apresentam maior taxa de
crescimento comparado a peixes maiores, além disso, quanto menor o peixe, menor a taxa de
manutenção, o que explica o fato destes apresentarem melhores valores de conversão
alimentar.

3.3. Sexo
Para algumas espécies existem respostas diferenciadas em função da característica
sexual. As tilápias apresentam maturidade sexual antes de atingirem tamanho comercial e,
além disso, têm alta prolificidade, com desovas parciais, por isso os fatores de conversão
alimentar podem ser reduzidos devido à reprodução. No caso das tilápias são as fêmeas que
apresentam o cuidado parental com ovos e larvas, outras espécies não apresentam diferenças
significativas no crescimento e consumo de alimento em função do sexo e, portanto, nos
índices de conversão alimentar.
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3.4. Estado reprodutivo


Como observado no item acima, a fase reprodutiva interfere no crescimento dos peixes,
pois nesta fase as espécies tendem a desviar nutrientes dos tecidos de crescimento para a
formação de gônadas, reduzindo o ganho de peso. As espécies que apresentam maturidade
sexual mais precoce e têm desovas parciais, como tilápias e tucunarés, podem ser mais
afetadas quanto à conversão alimentar, do que outras espécies que alcançam o peso comercial
antes de atingirem a maturidade.

3.5. Densidade de estocagem/biomassa e disponibilidade de alimento natural


Na maioria dos casos a conversão alimentar é calculada ignorando-se o alimento natural
consumido pelo peixe. Portanto, o valor de conversão alimentar é mais um valor aparente que
um valor verdadeiro. Quanto maior for o peixe, maiores quantidades absolutas de alimento
serão exigidas para suportar o potencial de crescimento. Isto também é verdadeiro para
consumo de oxigênio e produção de metabólitos. Porque as exigências para manutenção
devem ser supridas primeiro, com o aumento do peso do peixe, a taxa de crescimento será
menor do que o potencial máximo, e quando o déficit de alimento aumentar, a taxa de
crescimento será reduzida. Esta é a capacidade de suporte crítica (CSC). O crescimento irá
cessar completamente na capacidade de suporte (CC) quando o alimento disponível só é
suficiente para manutenção, mas insuficiente para permitir crescimento, ou seja, o ganho de
peso é igual a zero.
Ambas, capacidade de suporte crítica e capacidade de suporte são expressas como
biomassa em quilogramas por hectare. Porque a biomassa é um produto do peso médio
individual do peixe e números por unidade de área, aumentando cada um destes fatores,
aumentará consumo de alimento da população. O exemplo a seguir é baseado em carpas em
viveiros adubados e alimentadas com grãos de cereais. Se o viveiro é estocado com 2000
carpas/ha, a CSC será alcançada quando os peixes atingirem peso médio de 275 g (0,275 x
2000 = 550 kg/ha). Abaixo deste peso o potencial de crescimento tem sido alcançado, mas
acima de 275 g a taxa de crescimento será menor do que o possível potencial devido à falta de
alimento. Quando o peixe atingir 1 kg (= 2000 kg/ha) eles irão parar de crescer. Se, entretanto,
o mesmo viveiro é estocado com 4000 carpas/ha, elas irão alcançar a CSC com 137 g e param
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de crescer com 500 g. Portanto, a capacidade de suporte deste sistema em especial é de 2000
kg/ha.

3.6. Temperatura da água


Os peixes, sendo animais pecilotérmicos, têm seu metabolismo associado com a
temperatura da água. Existe uma faixa de temperatura ótima para as diversas espécies,
consequentemente, as variações de temperatura afetam o crescimento e a conversão alimentar.
Para espécies de águas tropicais, o aumento da temperatura melhora os fatores de
conversão alimentar, devido ao aumento do metabolismo; a taxa de crescimento é aumentada,
enquanto a exigência para manutenção permanece constante. Isto significa que a energia é
mais utilizada para o crescimento do que para manutenção. Para o bagre do canal, por
exemplo, os valores de conversão alimentar diminuem com um aumento na temperatura da
água de 18 para 32°C.

3.7. Nível de arraçoamento


Algumas espécies apresentam melhores índices de conversão alimentar com mais de
uma refeição diária, enquanto outras com apenas uma refeição diária. Isto se deve a diferenças
anatômicas e fisiológicas do trato gastrointestinal. Por exemplo, peixes com estômago
funcional (bagre do canal e salmonídeos) têm capacidade de armazenar maiores quantidades
de alimentos, sendo suficientes duas refeições diárias, por outro lado as tilápias, apesar de
apresentarem um estômago funcional, respondem melhor a três refeições diárias, pois a
capacidade de armazenamento de alimento no estômago é pequena.
Quando a taxa de alimentação está abaixo ou no nível de manutenção, a conversão
alimentar é infinita, visto que não ocorre crescimento. Aumentando o nível de alimentação,
mais energia é direcionada para crescimento, porém, em taxas de alimentação excessivas os
valores de conversão alimentar são prejudicados, pois o alimento é desperdiçado ou a
digestibilidade do material é reduzida, além de prejudicar a qualidade da água.
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3.8. Qualidade do alimento, balanço em nutrientes, palatabilidade e estabilidade na água


O alimento fornecido no cultivo de peixes deve atender às exigências nutricionais dos
peixes, sendo que as dietas não balanceadas afetam negativamente os valores de conversão
alimentar. Os nutrientes em níveis abaixo e até acima dos exigidos para as espécies de peixes
podem interferir na digestibilidade e absorção de outros nutrientes. É importante salientar que
os peixes regulam o consumo de alimento pela quantidade de energia da dieta, portanto, se a
dieta contém altos níveis de energia, a saciedade pode ser obtida antes do animal ter
consumido a quantidade de nutrientes necessária para obtenção de um bom crescimento.
A ração formulada deve apresentar boa palatabilidade e estabilidade na água, pois os
alimentos devem ser imediatamente consumidos logo após o fornecimento, para evitar perdas
por lixiviação de alguns nutrientes, como as vitaminas hidrossolúveis. As perdas devido à
baixa estabilidade da ração interferem no consumo do alimento prejudicando a conversão
alimentar e também a qualidade da água.

3.9. Horário de alimentação


O horário de alimentação é relacionado com a qualidade de água, pois, o arraçoamento
deve ser feito quando o oxigênio dissolvido estiver acima de 60% da saturação, considerando
que o máximo consumo de oxigênio ocorre após 3 a 4 horas da alimentação. Outro fato
importante, também relacionado à qualidade de água, é a quantidade de amônia tóxica na
água. Durante o dia, a ocorrência de fotossíntese é intensa, sendo removido o CO2 livre da
água com consequente elevação do pH.
O excesso de matéria orgânica na água pode acarretar um aumento na quantidade de
amônia (NH3) livre no sistema, que é tóxica para os peixes. A toxidez por amônia se agrava
com a elevação do pH da água ao final da tarde que em concentrações de 1,5 a 2,0 mg de
NH3/L podem causar massiva mortalidade de peixes em função da espécie cultivada. A tabela
1 mostra a relação entre os valores de pH e as quantidades de amônia tóxica presentes.
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Tabela 1. Relação entre os valores de pH e


quantidades de amônia tóxica.
pH da água % de NH3 (tóxica)
7,0 0,7 a 1,0
8,0 7,0 a 10,0
9,0 42,0 a 48,0
10,0 80,0 a 85,0

4. PRINCIPAIS INGREDIENTES USADOS NO PREPARO DE RAÇÕES PARA


PEIXES
Os estudos relacionados à nutrição de peixes, atualmente, têm visado à substituição de
ingredientes mais onerosos por outros de menor custo com o objetivo de tornar a atividade
mais lucrativa. No entanto, uma das dificuldades tem sido o desbalanço em nutrientes,
principalmente aminoácidos e a presença de compostos antinutricionais nos ingredientes de
origem vegetal, que podem comprometer seriamente o desempenho dos peixes. Entre os
ingredientes mais utilizados na formulação de rações para peixes estão:

4.1. Alimentos protéicos de origem animal

4.1.1. Farinha de peixe


A farinha de peixe é um produto resultante da desidratação e moagem dos resíduos de
processamento de diferentes espécies e obtida através da cocção. Quando de boa qualidade,
apresenta níveis de matéria graxa não superior a 3%, e protéicos de 50% a 60%. Porém, a
qualidade depende do processo de secagem, pois a elevação da temperatura pode promover a
degradação do aminoácido triptofano. Para inibir o desenvolvimento de microrganismos
durante o processamento, a farinha de peixe é submetida a uma diminuição de pH mediante a
adição de ácidos orgânicos (pícrico e fórmico) e inorgânicos (clorídrico e sulfúrico), que em
níveis superiores a 0,5%, podem resultar em baixa palatabilidade.
A farinha de peixe, quando utilizada em dietas, não pode conter um teor de sal maior
que 7% e, se este for superior a 3% deve constar do rótulo da embalagem, em função dos
problemas tóxicos que podem causar. Altas quantidades de ossos ou espinhas resultam em
maiores teores de cinzas, que podem significar a adição durante a elaboração das farinhas, de
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sal ou mesmo areia. A maior quantidade das farinhas produzidas no Brasil tem como base os
resíduos do processamento de sardinha.
Farinha de peixe feita a partir de peixe inteiro contém 60 a 80% de PB, a qual 80 a 95%
é digerível pelo peixe. Esta também contém 1 a 2,5% de ácidos graxos do tipo ω3 altamente
insaturadoss, os quais são essenciais na dieta para a maioria das espécies. Farinha de peixe
produzida a partir de subprodutos de processamento apresenta qualidade inferior em relação a
farinha de peixe processada a partir de peixe inteiro em relação ao conteúdo e a qualidade da
proteína. Além disso, pode conter teores de cálcio de até 8,5%, causando problemas, como por
exemplo, inibição da absorção de outros nutrientes como o zinco e fósforo.
O zinco é exigido para crescimento e desenvolvimento. Dietas comerciais contém
ingredientes que são fontes relativamente ricas em zinco. Entretanto, para os peixes, a
biodisponibilidade do zinco nestes ingredientes são geralmente baixas, tornando-se essencial à
suplementação às rações. A biodisponibilidade do zinco em várias farinhas de peixe têm sido
encontradas sendo inversamente relacionada ao conteúdo de fosfato tricálcico e geralmente
menores nas farinhas brancas (comuns no Brasil), as quais contém os maiores níveis de fosfato
tricálcico.

4.1.2. Farinha de carne


A farinha de carne é resultante da cocção sob pressão de resíduos de tecidos cárneos de
animais. Do ponto de vista de componentes nutricionais, a variação existente é muito grande
em função, justamente, da variedade da matéria prima utilizada na elaboração de uma
determinada farinha. O teor de proteína é da ordem de 60%, porém podem ser encontradas
farinhas de carne com até 40% de P.B. e até pouco menos; nestes casos o teor residual de
minerais, principalmente cálcio e fósforo, é elevado, indicando a presença de ossos na matéria-
prima utilizada. A denominação farinha de carne é utilizada quando esta apresentar até 4% de
fósforo e em níveis superiores a isso é chamada farinha de carne e ossos. Em muitas ocasiões,
os elevados teores de proteína estão relacionados com a adição de sangue ou farinha de
sangue, o que reduz a digestibilidade do produto final. Cuidado especial deve ser observado
em relação ao uso de matéria-prima contaminada por bactérias, as quais causam problemas aos
animais que as ingerem. A contribuição desta farinha, quando da formulação de uma ração,
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destaca-se por apresentar altos níveis de Ca e P e bom equilíbrio em aminoácidos essenciais,


principalmente os sulfurados (metionina e cistina).

4.1.3. Farinha de carne e ossos


A farinha de carne e ossos é resultante dos subprodutos de abatedouros de bovinos e
suínos, normalmente não deve conter sangue, pêlos, cascos, unhas, chifres, fezes, ou conteúdo
estomacal ou ruminal e peles. Geralmente contém cerca de 50% de PB, apresentando 80% de
digestibilidade quando de boa qualidade. Esta proteína é de pior qualidade do que a farinha de
peixe e de carne, pois contém menos lisina e a qualidade pode variar de acordo com a
quantidade de ossos. É considerada como uma boa fonte de fósforo, energia e minerais traços.
O alto conteúdo de cinzas limita o seu uso devido a um desbalanço em minerais.

4.1.4. Farinha de sangue


A farinha de sangue é um subproduto resultante do processamento do sangue fresco
(desidratação e moagem), coletado principalmente em abatedouros de bovinos e suínos. A
legislação brasileira e a indústria de rações estabeleceram como padrão mínimo o nível de
80% de proteína bruta (P.B.) para a farinha de sangue, porém níveis de 72%P.B. têm sido
encontrados em produtos disponíveis comercialmente no Brasil.
A farinha de sangue é extremamente rica em proteína (80%) e lisina, porém pobre em
isoleucina, por isso a combinação desta fonte de proteína com farelo de milho, que é pobre em
lisina e rico em isoleucina, podem melhorar a qualidade de ração para peixes.
Este produto resultante de diferentes processos de fabricação varia também nas
características nutritivas das farinhas disponíveis no mercado. Os processos de coagulação
lenta interferem profundamente no aspecto de qualidade e digestibilidade das proteínas devido
às altas temperaturas utilizadas. Já no sistema “spray“, ocorre uma pequena alteração nas
características físico-químicas das proteínas, apresentando também maior digestibilidade.
O limite de utilização em rações foi definido em 20% da fração protéica da dieta, devido
à sua digestibilidade e/ou excesso de ferro. Pouco disponível no mercado nacional, a farinha
de sangue mediante calor de vapor, apresenta alta digestibilidade (± 90%).
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4.1.5. Farinha de penas


As farinhas de penas de aves são obtidas pela digestão sob pressão de vapor indireto,
devem possuir digestibilidade superior a 75% de sua fração protéica. Esta farinha é deficiente
em alguns aminoácidos essenciais, como lisina, triptofano e metionina, sendo uma fonte rica
em cistina. Pode ser utilizada como substitutivo da farinha de peixe em até 30%.

4.1.6. Farinha de abatedouro de aves


É obtida através da autoclavagem, secagem e moagem da cabeça, pescoço, sangue e
vísceras, livres do conteúdo fecal, além de aves e pedaços de carcaça condenadas pela
inspeção e de aves mortas durante o transporte. Este ingrediente possui de 55 a 65% de P.B.,
podendo substituir a farinha de peixe em até 75%. Como aminoácidos limitantes estão a
metionina, lisina e triptofano.

4.2. Alimentos protéicos de origem vegetal

4.2.1. Farelo de soja


O farelo de soja é um subproduto resultante da extração do óleo de grão de soja (Glycine
max) e é a fonte protéica vegetal mais estudada para alimentação de peixes, podendo ser
extraído por solvente, de sementes descorticadas, preparado através da moagem dos flocos,
após a remoção do óleo. Contendo 48% de proteína bruta, a qual tem digestibilidade de 80 a
90%, é altamente palatável, porém, menos para truta do que para peixes de água quente. O
farelo de soja tostado integral, o qual contém menor nível de proteína bruta (39%) e maior teor
de gordura (18%) pode ter seu emprego limitado em dietas para bagre do canal, por exemplo,
que não devem conter mais do que 6% de extrato etéreo. Apresenta razoável balanço de
aminoácidos essenciais, podendo substituir em até 50% a farinha de peixe em dietas para
trutas e 94% para espécies onívoras. Em relação às demais fontes protéicas vegetais, o farelo
de soja contém alto teor de lisina, bons níveis de vitaminas do complexo B e minerais (Ca e P)
para as espécies tropicais. Apresenta como composto antinutricional o inibidor de tripsina ou
fator anti-tríptico, o qual pode ser eliminado pelo processamento térmico do farelo de grão de
soja.
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4.2.2. Farelo de algodão


O farelo de algodão, subproduto da moagem do algodão (Gossypyum sp.), é uma fonte
protéica de boa qualidade e baixo custo. Apresenta valor nutricional inferior ao farelo de soja,
devido ao seu baixo nível de lisina disponível e a presença do composto antinutricional
gossipol, o qual pode ser destruído pelo calor. Com razoável palatabilidade, seu emprego em
dietas para peixes tropicais é possível em níveis superiores que para os demais monogástricos.
Pode conter, ainda, ácidos ciclopropenóicos que são compostos tóxicos para peixes e
monogástricos, além da aflatoxina B1. O farelo de algodão, por apresentar elevado teor de
fibra bruta, diminui a velocidade de extrusão da mistura, quando incluído em quantidades que
excedam 15 a 20%, devido à sua maior abrasividade em relação a outros ingredientes.

4.2.3. Protenose (farelo de glúten de milho)


O glúten de milho, subproduto da extração do amido do milho (Zea mayz), apresenta
alto teor protéico (60%). Não apresenta restrições antinutricionais, embora sua proteína seja de
baixo valor biológico, devido às deficiências em aminoácidos como lisina e arginina. Durante
seu processamento são removidos amido, farelo e germe, e dependendo do processo usado,
pode conter 42 ou 60% de PB. O farelo de glúten de milho não deve ser usado em níveis
superiores a 6% em rações para bagre do canal ou tilápia na fase de recria e engorda por conter
níveis relativamente altos de xantofilas (200-350 mg/kg), o que resulta em excessiva
pigmentação amarelada na carne destes peixes.

4.2.4. Farelo de amendoim


O farelo de amendoim, por sua vez, é o subproduto da moagem das sementes de
amendoim (Arachis hipogea), e apresenta nível protéico ao redor de 46,4%. Durante o
processamento do amendoim, o óleo é removido mecanicamente ou por solvente. O farelo de
amendoim tratado com solvente apresenta 48% de P.B., e em produtos extraídos
mecanicamente, contém 45% de P.B., no entanto, é deficiente em lisina e metionina.
O amendoim, sob condições adversas de colheita e armazenamento, pode desenvolver
fungos, como o Aspergillus flavus que produz a aflatoxina. Esta apresenta grande ação
carcinogênica sobre os peixes.
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4.3. Alimentos energéticos

4.3.1. Milho
O milho é um ingrediente altamente difundido na formulação de rações, possuindo de 8
a 9% de P.B. É importante fonte de vitamina A, porém apresenta deficiência em triptofano e
lisina, e quando administrado como única fonte na dieta pode acarretar excesso de gordura e
piora nas características organolépticas. O grão de milho destinado ao consumo animal deve
ser isento de fungos, micotoxinas, sementes tóxicas e resíduos de pesticidas.

4.3.2. Sorgo
O sorgo com baixo teor de tanino (0,1%) pode substituir em até 90% o milho na
formulação de rações para peixes. O sorgo pode ser cultivado em solos mais fracos e possui
8,5 a 9% de P.B., é pobre em vitamina A e deficiente em lisina e metionina. O grão de sorgo
destinado ao consumo animal também deve ser isento de fungos, micotoxinas, sementes
tóxicas e resíduos de pesticidas, contendo no máximo 1,0% de taninos, expresso em ácido
tânico.

4.3.3. Farelo de arroz


O farelo de arroz apresenta de 11 a 14% de proteína bruta, mas é pobre na maioria dos
aminoácidos essenciais para peixes, entre os quais metionina, fenilalanina, treonina, lisina e
histidina. Contém 12 a 18% de gordura e 12% de fibra, o que limita sua utilização nas dietas
de peixes tropicais ao redor de 5 a 10%. Porém, o farelo de arroz desengordurado pode ser
usado em níveis mais altos, de 10 a 15% do alimento.
A gordura é altamente inssaturada e facilmente peroxidável, por este motivo aconselha-
se que este farelo não deva ser armazenado, e sim utilizado fresco, entretanto o uso de
antioxidantes, como etoxiquim e BHT, preserva a qualidade do ingrediente. A palatabilidade
do farelo de arroz é bastante razoável quando fresco, entretanto se ocorrer rancificação esta
palatabilidade é prejudicada. Os grãos com casca, além de apresentarem fibras duras, contêm
cristais que podem lesionar a mucosa da cavidade bucal e do aparelho digestivo.
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4.3.4. Farelo de trigo


Possui valor semelhante ao do milho, porém é mais rico em proteína, tendo em média
16%, além de 4,5% de gordura e 10% de fibra. É cerca de duas vezes mais volumoso que a
aveia e determina ligeiro efeito laxativo. É um alimento rico em fósforo e niacina, porém é
pobre em cálcio e riboflavina. Não apresenta, praticamente, vitamina A e vitamina D, mas
revela-se como ótima fonte energética para peixes, podendo ser empregado em níveis de 25%
da dieta. Apresenta problemas relacionados a higroscopicidade (absorção de água) no seu
armazenamento, mas sua utilização pode auxiliar na boa expansão do pelete durante o
processamento.

4.4 Alimentos não convencionais


Em certas regiões existem ingredientes que podem vir a compor as dietas para peixes,
devido à grande disponibilidade e baixo custo, entretanto, tais ingredientes devem ser
analisados no sentido de se observar sua eficiência nutricional e a possível presença de fatores
antinutricionais. Como exemplo podemos citar: farelo de coco, farelo de dendê, farelo de
cacau, farinha de pupunha, leveduras de cerveja e álcool, farinha de leucena, feno de alfafa e
farelo de guandu.
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Tabela 2. Composição e valor nutritivo de ingredientes para formulação de rações de peixes (expressos em porcentagem da proteína).
Ingredientes vegetais Ingredientes animais
Nutriente Milho Sorgo Arroz Trigo Soja Algodão Protenose Amendoim Peixe Carne e ossos Sangue Vísceras Penas
P.B. 8,5 8,8 12,8 16,0 45,0 38,0 58,0 48,0 55,0 40,0 72,0 59,0 82,0
ED(kcal/kg) 2200 2200 2500 2700 3010 3100 4260 3370 4100 3000 3200 3500 3200
Arg 5,06 3,73 4,92 5,76 7,57 9,64 3,33 12,25 5,92 6,74 4,20 6,80 6,78
Hys 3,06 2,22 1,33 2,41 2,66 2,02 2,16 2,77 2,25 1,92 5,76 1,83 0,74
Iso 4,12 4,76 2,73 3,94 4,53 2,79 4,18 3,66 4,12 2,86 1,09 3,85 4,38
Leu 14,24 12,92 5,47 6,35 7,79 4,37 16,80 6,92 6,95 6,00 13,13 6,88 7,97
Lys 2,94 2,83 4,06 3,94 6,36 4,59 1,83 3,56 7,32 5,34 8,35 5,13 2,20
Met 2,00 2,42 1,56 1,06 1,27 1,21 2,69 1,02 2,71 1,30 1,21 1,84 0,66
Phe 5,65 4,85 3,36 3,77 4,96 5,10 6,52 5,18 4,20 3,40 6,64 3,52 4,54
Thr 4,12 3,43 2,66 3,18 3,97 2,48 3,41 3,47 4,50 3,30 4,22 1,57 4,55
Trp 0,94 1,01 0,78 1,18 1,43 1,02 0,71 1,00 1,19 0,60 1,17 0,77 0,62
Val 5,18 5,25 5,63 4,41 4,51 4,08 5,09 3,91 6,67 4,90 8,39 4,79 7,78

Tabela 3. Composição mineral e valor nutritivo de ingredientes para formulação de rações de peixes.
Ingredientes vegetais Ingredientes animais
Nutriente Unidades Milho Sorgo Arroz Trigo Soja Algodão Protenose Amendoim Peixe Carne e ossos Sangue Vísceras Penas
P disp. (%) 0,07 0,07 0,07 0,33 0,19 0,35 0,11 0,18 1,73 3,21 0,30 1,28 0,46
Ca (%) 0,03 0,03 0,03 0,13 0,30 0,17 0,07 0,27 5,20 9,40 0,41 3,51 0,25
Mg (%) 0,11 0,13 0,11 0,57 0,29 0,41 0,07 0,27 0,15 1,13 0,15 0,18 0,20
Cu (mg/kg) 3,50 10,00 13,00 11,00 23,00 19,00 26,00 15,00 5,90 1,50 8,20 14,10 6,40
Fe (mg/kg) 33 48,00 - 145,00 140,00 208,00 229,00 142,00 181,00 508,00 2769,00 442,00 74,00
I (mg/kg) 0,05 0,02 0,04 0,08 0,15 0,10 0,80 0,40 2,00 - 0,80 - -
Mn (mg/kg) 5,7 15,80 18,00 115,00 31,00 21,00 6,30 26,70 12,40 12,50 6,40 11,00 12,50
Se (mg/kg) 0,07 0,20 0,27 0,64 0,10 0,06 0,83 - 1,62 0,25 - 0,78 0,82
Zn (mg/kg) 19,00 17,00 17,00 95,00 52,00 61,00 31,00 20,00 120,00 89,00 306,00 121,00 68,00
16

Tabela 4. Composição vitamínica e valor nutritivo de ingredientes para formulação de rações de peixes.
Ingredientes vegetais Ingredientes animais
Nutriente Unidades Milho Sorgo Arroz Trigo Soja Algodão Protenose Amendoim Peixe Carne e ossos Sangue Vísceras Penas
Tiamina (mg/kg) 3,70 4,10 1,40 14,20 6,00 6,60 0,30 5,70 1,70 0,20 0,30 0,20 0,10
Riboflavina (mg/kg) 1,10 1,10 0,40 2,00 2,90 3,30 2,00 9,10 9,10 4,50 2,90 10,50 20,00
Piridoxina (mg/kg) 4,69 4,70 - 8,00 6,00 7,00 6,90 6,38 5,92 8,74 4,45 4,41 2,98
Vit. B12 (mg/kg) - - - - - - 123,00 217,00 13,00 301,20 83,30
Ác. pantotênico (mg/kg) 5,10 11,00 3,30 17,80 16,30 13,70 3,50 46,60 9,90 4,40 3,20 11,10 8,90
Niacina (mg/kg) 23,00 37,00 23,00 95,00 28,00 41,00 60,00 178,00 59,00 51,00 22,00 47,00 21,00
Colina (mg/kg) 504,00 638,00 878,00 1247,00 2609,0 2764,00 352,00 1896,00 3112,0 2,136 600,00 6029,00 895,00
0 0
Biotina (mg/kg) 0,07 0,23 0,08 0,24 0,32 0,97 0,19 0,33 0,08 0,14 0,28 0,09 0,04
Ác. fólico (mg/kg) 0,30 0,20 0,20 1,20 0,60 1,40 0,30 0,70 0,35 0,50 0,40 0,51 0,22
Mioinositol (mg/kg)
Vit. C (mg/kg)
Vit. A U.I. 5000 616,00 385,00 374,00 330,00 330,00
Vit. D U.I.
Vit. E (mg/kg) 20,90 12,10 14,50 23,90 2,40 16,00 23,40 2,90 89,00 1,10 2,20
Vit. K (mg/kg)
Fonte: NRC (1993)
17

5. EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS

5.1. Proteína
Os peixes exigem maiores porcentagens de proteína dietética do que outros animais,
como mostra a tabela 2. Rações completas para peixes devem conter entre 28 a 50% de
proteína bruta, em função da fase de desenvolvimento, do ambiente e da espécie cultivada.
Rações de frangos e suínos contêm 18 a 23%, ou 14 a 16%, respectivamente. Esta aparente
maior exigência de proteína na dieta é explicada pelo fato dos peixes demandarem menor
consumo de energia, principalmente pelo fato de não precisarem regular a temperatura
corporal, como no caso de aves e mamíferos. Além disso, excreção e locomoção em
ambiente aquático demandam menor gasto de energia.

Tabela 5. Comparação do consumo diário de alimento/kg de peso vivo, proteína, energia


metabolizável entre frangos (0,8 kg) e bagre do canal (1,0 kg).

Animal Ração (g) EM (kcal) Proteína (g) Relação EM/proteína


(kcal/g)
Frango 89 (10% do PV) 284 17,8 16,0
Bagre do canal 30 (3% do PV) 83 10,8 7,7
Relação frango/ bagre do canal 3:1 3,4:1 1,6:1 2,08:1
Fonte: NRC (1983, 1986).

A porcentagem de proteína na ração é influenciada por vários fatores, tais como:


tamanho do animal, função fisiológica, qualidade da proteína e fatores econômicos. Se os
organismos do alimento natural apresentam boa contribuição no montante de alimento
ingerido diariamente, o nível de proteína na dieta pode ser menor. Outro fator importante é
a taxa de alimentação diária, visto que, os peixes não são alimentados à vontade como aves
e bovinos, mas alimentados em relação à porcentagem de peso vivo.
Exceto arginina, a qual os peixes sintetizam muito pouco, as exigências em
aminoácidos essenciais pelos peixes é similar a de outros animais. Os peixes exigem
arginina, histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina, triptofano e
valina, nas quantidades mostradas pela Tabela 6.
18

Tabela 6. Exigências de aminoácidos essencias para o crescimento de peixes (% da


proteína)*.

Aminoácidos Unidade Truta Carpa comum Bagre do canal Tilápia


Arg % 3,95 3,74 3,75 3,69
Hys % 1,84 1,83 1,31 1,50
Iso % 2,37 2,17 2,28 2,72
Leu % 3,68 2,86 3,06 2,97
Lys % 4,74 4,97 4,47 4,47
Met % 2,63 2,69 2,00 2,81
Phe % 4,74 5,66 4,38 4,84
Thr % 2,11 3,40 1,75 3,28
Trp % 0,53 0,69 0,44 0,88
Val % 3,16 3,14 2,63 2,44

* E = estimado.
Fonte: N.R.C. (1993).

A deficiência de aminoácidos essenciais (AAEs) em peixes provoca redução na


utilização da proteína e por isso retarda o crescimento, diminui o ganho de peso e a
eficiência alimentar e, em casos mais severos, reduz a resistência a doenças e diminui os
mecanismos de resposta imunológica.

5.2. Energia
A energia exigida pelos peixes é menor que a exigida por animais de sangue quente,
porque os peixes não necessitam manter a temperatura corporal constante, despendendo
menos energia para a atividade muscular e para manter a posição na água do que os animais
na terra, bem como gastam menos energia para excretar produtos nitrogenados do que
animais homeotérmicos. Cerca de 90% do nitrogênio excretado pelos peixes está na forma
de amônia, demandando um gasto de energia muito pequeno em relação à excreção de uréia
ou ácido úrico em animais homeotérmicos.
Para salmonídeos, proteínas e lipídeos são os principais combustíveis, enquanto
carboidratos, principalmente amido de plantas, são pouco utilizados como fonte de energia.
Peixes de água quente, como bagre do canal, carpa e tilápia, podem utilizar amido melhor
do que peixes de água fria, pois o calor aumenta a digestão do amido pelo peixe.
A quantidade ótima de energia metabolizável por grama de proteína é de 6 a 8 kcal.
Para bagre do canal em crescimento, a relação adequada entre energia digestível e proteína
19

está em torno de 9,6. Já para carpa, o valor ótimo encontrado foi de 8 kcal/g e para tilápia
do Nilo, o valor é de 8,3 kcal/g, com 36% de proteína na dieta.

5.3. Ácidos graxos essenciais


Os sinais de deficiência encontrados em peixes alimentados com dietas deficientes
em ácidos linoléico e linolênico são diminuição do apetite, crescimento lento, nervosismo
(síndrome de choque) e fígado gordo. Salmonídeos requerem aproximadamente 1% de
ácido linolênico para máximo crescimento, enquanto bagre do canal ,apesar de necessitar o
ácido linolênico, parece ser menos sensível à deficiência do que as espécies de água fria.
Uma possível razão para as espécies de água fria exigirem ácido linolênico ao invés do
linoléico, é que a estrutura do primeiro permite um melhor grau de inssaturação, conferindo
melhor flexibilidade e permeabilidade da membrana celular mesmo em baixa temperatura.

5.4. Vitaminas
Em ambiente natural, os peixes, raramente, mostram sinais de deficiências
nutricionais, principalmente vitamínicas, porque o alimento natural contém teores razoáveis
destes nutrientes. Os peixes exigem 15 vitaminas essenciais, sendo quatro lipossolúveis e
11 hidrossolúveis: vitamina A, D, E (alfa-tocoferol), K, colina, niacina, riboflavina,
piridoxina, tiamina, ácido pantotênico, ácido fólico, vitamina C (ácido ascórbico), biotina,
cobalamina e inositol. As quantidades mínimas necessárias estão presentes na tabela 7,
entretanto, nem todas são exigidas por todos os peixes. Por exemplo, trutas exigem todas as
vitaminas, mas o bagre do canal não exige inositol. Em adição, algumas vitaminas do
complexo B são sintetizadas por bactérias intestinais em peixes de água quente, como em
carpa e tilápia.
Rações comerciais para o cultivo intensivo são suplementadas com todas as vitaminas
exceto inositol e biotina, os quais são usualmente encontrados em quantidades suficientes
nos ingredientes da ração. As bactérias intestinais de bagre do canal alimentados com dietas
que contenham cobalto podem sintetizar quantidades significantes de vitamina B12. A
exigência da tilápia do Nilo é diferente porque o trato digestivo é mais longo que o do
bagre do canal, e assim há uma taxa maior de síntese intestinal. Com isso, a suplementação
20

desta vitamina se torna desnecessária, pois é sintetizada em quantidades suficientes para


crescimento, hematopoiese e manutenção de uma concentração constante no fígado.

Tabela 7. Exigências de vitaminas para o crescimento de peixes (por kg de ração)*.

Vitaminas Unidades Truta Carpa comum Bagre do canal Tilápia


Tiamina mg 1,0 0,5 1 -
Riboflavina mg 4 7 9 6
Piridoxina mg 3 - 3 -
B12 mg 0,01E - - -
Ácido mg 20 30 15 10
pantotênico
Niacina mg 10 28 14 -
Colina mg 1000 500 400 -
Biotina mg 0,15 1 - -
Ácido fólico mg 1,0 - 1,5 -
Inositol mg 300 440 - -
Ácido ascórbico mg 5050 - 25-50 50
A U.I. 2500 400 1000-2000 -
D U.I. 2400 - 500 -
E U.I. 50 100 50 50
K mg - - - -

* E = estimado.
Fonte: N.R.C. (1993).

5.5. Minerais
Minerais são exigidos pelos peixes para várias funções de osmorregulação e
metabolismo. As necessidades minerais dos peixes são difíceis de serem estudadas, porque
muitos são exigidos em quantidades reduzidas e, além disso, os peixes podem absorver os
minerais tanto do alimento como da água, através das brânquias. Na maioria das dietas para
salmonídeos, os minerais são fornecidos pela farinha de peixe, a qual é também a maior
fonte de proteína. Entretanto, dietas que contêm proteína de origem vegetal devem ser
suplementadas cuidadosamente com uma mistura balanceada de macro e microminerais. Os
minerais exigidos são cálcio, fósforo, sódio, potássio, magnésio, ferro, cobre, zinco,
manganês, cobalto, selênio, iodo e flúor, nas quantidades indicadas na Tabela 8.
21

Tabela 8. Exigências de minerais para o crescimento de peixes (por kg de ração)*.

Minerais Unidades Truta Carpa comum Bagre do canal Tilápia


P disp. (%) 0,6 0,6 0,45 0,5
Ca (%) - - - -
Mg (%) 0,05 0,05 0,04 0,06
Cu mg 3 3 5 -
Fe mg 60 150 30 -
I mg 1,1 - 1,1 -
Mn mg 13 13 2,4 -
Se mg 0,3 0,25 - -
Zn mg 30 30 20 20

* E = estimado.
Fonte: N.R.C. (1993).

6. IMPORTÂNCIA DO ALIMENTO NATURAL

O alimento natural, constituído pelo plâncton (fito - protozoários, bactérias e


microalgas, e zooplâncton - microcrustáceos), que vive na coluna d’água e não apresenta
movimento capaz de vencer a corrente da água, além de organismos bentônicos (larvas de
insetos, moluscos e crustáceos) contribui efetivamente com o fornecimento de nutrientes
para os peixes. Peixes criados em sistemas onde a disponibilidade deste alimento é
limitada, como por exemplo, tanques-rede, que impossibilitam o acesso ao alimento
natural, devido às altas densidades de estocagem e limitação de deslocamento, e tanques
circulares ou “race-ways”, que são caracterizados por alto fluxo de água, exigem uma
suplementação mineral e vitamínica na dieta.
Ao contrário, peixes criados em viveiros em baixa densidade (menor do que 4.000
kg/ha), menos intensificados, que possibilitam a proliferação de plâncton e o acesso a estes
organismos, não necessitam de suplementação, pois o alimento natural pode corrigir
qualquer deficiência em micronutrientes na dieta artificial. Estudos com bagre do canal,
espécie onívora mostraram que o alimento natural pode ser responsável por 8,3 a 9,0% do
crescimento, porém sabe-se que esta é uma espécie que tem pouca habilidade no
aproveitamento da produtividade primária do tanque, principalmente se pensarmos em
sistemas de criação intensiva.
As tilápias apresentam grande capacidade de aproveitamento destes organismos, pois
apresentam intensa secreção das glândulas mucosas na boca e/ou pela filtração através dos
22

micro-rastros branquiais. Algumas carpas também apresentam esta habilidade devido à


presença de barbilhões gustativos, que auxiliam na localização e captura de bentos. Sabe-se
que em sistemas extensivos de policultivo de carpas com tilápias, o alimento natural pode
ser responsável por 50 a 70% do seu crescimento, em viveiros recebendo adubo orgânico e
alimentação suplementar, e em sistemas intensivamente alimentados, análises do conteúdo
estomacal de tilápias demonstraram que até 50% era constituído por alimento natural. A
Tabela 9 mostra a composição de organismos constituintes do alimento natural.

Tabela 9. Composição em matéria seca de alguns organismos do alimento natural.


Composição da M.S. (%)
Organismos M.S.a P.B.b E.N.N.c E.E.d M.M.e E.B.f (kcal/kg)
Algas
Clorofíceas (verdes) 16,8 17,6 - 3,7 26,9 3.773
Cianofíceas (azuis-esverdeadas) - 31,3 - - 46,7 2.213
Protozoários - - - - - 5.938
Insetos
Odonata 21,1 51,9 - - 5,8 4.985
Hemiptera 26,0 68,8 - - - 5.150
Diptera
Quironomídeos (larvas) 19,1 59,0 22,5 4,9 5,8 5.034
Rotíferos 11,2 64,3 - 20,3 6,2 4.866
Crustáceos
Artemia salina 11,0 61,6 - 19,5 10,1 5.835
Cladóceros 9,8 56,5 28,2 19,3 7,7 4.800
Copépodos 10,3 52,3 9,2 26,4 7,1 5.445
Moluscos 32,2 39,5 7,5 7,8 32,9 3.889
a
Matéria seca, b Proteína bruta, c Extrativos não-nitrogenados, d Extrato etéreo, e Material mineral, f Energia bruta.
Fonte: modificado de Hepher (1988).

A calagem seguida de fertilização dos tanques, com adubos orgânicos (estercos de


gado, suínos ou aves) e/ou inorgânicos (à base de nitrogênio e fósforo, principalmente)
contribui para a proliferação de organismos planctônicos, incrementando a produtividade
primária. No entanto, esta prática deve ser feita de maneira cautelosa, de modo a evitar
grandes prejuízos à qualidade de água devido à excessiva proliferação de algas, além da
elevada D.B.O. (demanda bioquímica de oxigênio) dos estercos orgânicos, que produz
aumento no consumo de oxigênio, reduzindo a disponibilidade deste gás para os peixes.
O controle desta prática pode ser feito através da utilização de disco de Secchi, que
indica a transparência da água, devido à quantidade de partículas em suspensão, e que deve
estar em torno de 0,40 a 0,60 m de profundidade. Em sistemas intensivos, as próprias fezes
23

dos peixes arraçoados promoverão o desenvolvimento do plâncton. Aplicações adicionais


de fertilizantes ou adubos orgânicos são desnecessárias, pois podem levar a uma precoce
deterioração da qualidade da água.

7. MANEJO DA ALIMENTAÇÃO

7.1. Reprodutores
Assim como em aves e mamíferos, a nutrição e alimentação dos reprodutores de
peixes afetam o desempenho reprodutivo, no que se refere à fecundidade, taxa de eclosão e
sobrevivência das larvas. Por isso, o manejo alimentar e nutricional de reprodutores deve
ser cuidadoso, de modo a se obter produção contínua de larvas e alevinos além de altas
taxas de sobrevivência e crescimento das larvas.
O manejo de reprodutores deve ser diferenciado de acordo com a duração do ciclo
reprodutivo de cada espécie. Assim, reprodutores com ciclo de duração anual, como pacu,
tambaqui, truta arco-íris, matrinxã entre outros, podem receber dietas com maiores
quantidades de energia e menores níveis de proteína que as rações convencionais usadas na
alevinagem e engorda. No entanto, espécies com mais de um ciclo de reprodução durante o
ano, como a tilápia, devem receber rações com maiores teores de proteína (entre 28 e 35%)
e energia na dieta, de modo a restabelecer seu estado nutricional a tempo para início do
ciclo subsequente.
Além disso, as dietas de reprodutores podem conter maior nível de carboidrato, já que
com a aproximação do período reprodutivo, o consumo de alimento e o crescimento
praticamente cessam. Por outro lado, deficiências em ácidos graxos essenciais podem
prejudicar a performance reprodutiva, as quais podem ser corrigidas com adição de ácido
linoléico, para espécies como pacu e tilápias, ou de ácidos graxos essenciais altamente
insaturadoss da série ω3, por exemplo, para truta arco-íris.
As vitaminas são importantes na nutrição de reprodutores. O ácido ascórbico
(vitamina C) é transferido para as larvas através do vitelo e desempenha importante papel
fisiológico no desenvolvimento embrionário e larval. A suplementação de dietas para
reprodutores de tilápia, por exemplo, aumentou a viabilidade do esperma de machos e
melhorou a taxa de eclosão e reduziu a ocorrência de deformidades nas larvas. Do mesmo
24

modo, a nutrição mineral de reprodutores é importante, principalmente no que diz respeito


a elementos como fósforo, manganês e zinco, para uma boa performance reprodutiva.
O papel dos pigmentos carotenóides na nutrição de reprodutores ainda encontra-se
indefinido, podendo participar, possivelmente da respiração dos ovos, efeito de proteção
dos ovos contra a luz etc. Além disso, dietas de reprodutores devem ser isentas de fatores
antinutricionais como mimosina e gossipol, pois podem prejudicar a viabilidade dos
gametas.
A taxa de alimentação de reprodutores deve ser de 1 a 1,5% da biomassa diária nos
primeiros três meses do ciclo reprodutivo anual, porém nos nove meses seguintes, pode ser
reduzida de 0,4 a 0,75% do P.V. por dia, nas espécies de ciclo reprodutivo anual. Para
outras espécies, pode-se fornecer alimento à vontade em uma ou duas vezes ao dia.

7.2. Pós-larvas
A nutrição e alimentação nas primeiras fases de vida da larva são essenciais para
obtenção de alevinos saudáveis, com crescimento rápido e boas taxas de sobrevivência.
Nesta fase de vida o peixe é bastante suscetível às condições adversas do meio. A primeira
alimentação deve acontecer logo após a abertura da boca e enchimento da bexiga natatória,
fase em que as reservas vitelínicas estão praticamente esgotadas.
Larvas de bagre do canal, tilápia, truta e salmão aceitam arraçoamento na primeira
alimentação e o alimento artificial deve ser de alta palatabilidade, com altos níveis de
proteína bruta (40 a 50%) e com 8 a 9 kcal de energia digestível para cada grama de
proteína bruta. As suplementações vitamínica e mineral devem ser reforçadas, em torno de
quatro a cinco vezes as quantidades usuais, para compensar as perdas de nutrientes por
lixiviação na água.
As taxas de alimentação devem variar de 20 a 30% da biomassa diária, distribuídas
em quatro a seis refeições por dia, tornando o arraçoamento trabalhoso e oneroso, o que
justificaria a utilização de alimentadores automáticos. No arraçoamento manual, a ração
farelada pode ser despejada em anéis flutuantes, que impossibilitem a dispersão da ração,
os quais devem ocupar uma área mínima de 20% da superfície total do tanque de
larvicultura.
25

Larvas que ainda não apresentam o trato digestivo completamente formado, como no
caso do matrinxã, piracanjuba, pacu, tambaqui, curimbatá, entre outros, bem como larvas
de peixes carnívoros como o pintado, tucunaré, “black bass”, que apresentam o trato
digestivo bem formado, devem ser alimentadas com organismos naturais, constituintes do
plâncton. Atualmente, conhece-se o processo de cultivo artificial de rotíferos, cladóceros e
copépodos, os quais têm alto valor nutricional para larvas de peixes dependendo do local
em que foi cultivado. Náuplios de Artemia salina também podem ser produzidos em larga
escala para alimentação de larvas de algumas espécies.
O sucesso da larvicultura, fase que apresenta duração de 20 a 30 dias, irá depender de
fatores como, tipo, quantidade e manutenção do zooplâncton disponível nos viveiros, da
densidade de larvas estocadas e de parâmetros da qualidade da água, como pH, amônia,
alcalinidade e dureza total e oxigênio dissolvido. A eliminação de insetos (ninfas de
odonata, remadores e baratas d’água) e peixes indesejáveis (permanecem nos viveiros após
a despesca) é de fundamental importância para a sobrevivência das pós-larvas. Para tanto,
faz-se necessário a utilização de cal sobre toda a superfície das poças no fundo dos viveiros,
na concentração de 200 g de cal/m2. Águas que apresentam valores superiores a 30 mg de
CaCO3/L dispensam a aplicação de calcário, o que resulta em economia de tempo de
dinheiro para o produtor de alevinos. A calagem melhora a disponibilidade de nutrientes
para o fitoplâncton, ajuda a manter o pH da água mais estável e fornece cálcio para o
desenvolvimento normal do zooplâncton. A aplicação do calcário deve ser feita no fundo e
nas laterais do tanque quando este está seco ou pode ser aplicado com o viveiro já sendo
enchido. O mais recomendado é a utilização do calcário dolomítico (contém cálcio e
magnésio), com granulometria fina (PRNT acima de 90% conforme indicado na
embalagem). A aplicação de cal hidratada e cal virgem faz o pH da água subir rapidamente
para níveis letais para as pós-larvas e alevinos. Pós larvas são extremamente sensíveis a pH
acima de 9 nos primeiros dias de vida.
As larvas de matrinxã e piracanjuba tem demonstrado preferência alimentar por
crustáceos zooplanctônicos, principalmente os cladóceros, além de larvas de insetos
aquáticos. Após 7 a 10 dias do abastecimento dos viveiros e estes terem sido adubados,
ocorre pico de alimentos adequados, ou seja, os cladóceros, este momento é o ideal para a
estocagem das larvas. Em seguida, é muito importante manter um programa de fertilização
26

orgânica e inorgânica, com intervalos de no máximo uma semana, objetivando a


manutenção de pico de zooplâncton. Recomenda-se iniciar o enchimento dos viveiros até
no máximo 2 a 3 dias antes da estocagem das pós-larvas. A estocagem inicial de larvas está
em torno de 100 larvas/m2, mas este número pode variar de acordo com a produtividade dos
viveiros e o tipo de adubo, inóculo de zooplâncton e alimentação artificial utilizada. Após 3
a 5 dias da estocagem inicial das larvas nos viveiros, já pode ser fornecido uma alimentação
artificial, à vontade de 3 a 5 vezes ao dia.
Durante a larvicultura o plâncton é de fundamental importância, pois produz
oxigênio e remove a amônia da água, favorecendo um rápido crescimento dos peixes. Além
disso, o plancton sombreia o fundo dos viveiros, impedindo a entrada de luz e o
desenvolvimento de algas filamentosas e plantas submersas. O excesso de troca de água
nesta fase prejudica o desenvolvimento do plâncton, facilitando desenvolvimento de algas
filamentosas e plantas aquáticas no fundo dos viveiros, devido a alta transparência da água,
além de dificultar as operações de despesca. Uma outra sugestão que favorece o
desenvolvimento do plâncton é a utilização de 2 a 3 kg de uréia/1.000 m2/semana e 4 a 6 kg
de farelos vegetais/1.000 m2/dia. Farelos de arroz, trigo ou algodão, por exemplo, podem
ser usados e também servirão de alimento para os peixes estocados. Um parâmetro que
pode ser utilizado para se medir a necessidade de adubação é o disco de Secchi (ideal é
manter a transparência em 50 cm). Atingida está transparência, pode-se interroper o uso de
uréias e farelos. Da mesma forma, caso a transparência da água for se aproximando de 30
cm, deve-se aumentar a renovação de água de forma a manter a transparência em 50 cm.
Os salmonídeos são exemplos de peixes mais estudados no mundo, e por isso seu
manejo de alimentação é bastante conhecido. As dietas devem ser constituídas de 48 a 50%
de P.B. com 10 a 20% de extrato etéreo e o tamanho de partículas deve ser ajustado de
acordo com a Tabela 10:
27

Tabela 10: Ajuste de tamanho de partícula para salmonídeos.

Peso do peixe (g) Diâmetro de partícula (mm)


< 0,5 < 0,6 (pulverizada)
0,5 - 2 0,6 - 0,85 (triturada)
2-5 0,85 - 1,20 (triturada)
5 - 10 1,20 - 2,00 (triturada)
10 - 20 2,00 - 3,20 (triturada)
20 - 100 3,20 (pelete)
100 - 500 4,80 (pelete)
> 500 6,50 (pelete)

É preciso atentar para o fato de que esta Tabela não é válida para outras espécies cuja
abertura de boca é menor, e consequentemente, necessitariam de tamanho de partícula
menor do que o referido a salmonídeos.
A intensa lixiviação dos nutrientes das rações na água pode ser reduzida pela
microencapsulação, que consiste no recobrimento das partículas da ração para diminuir a
segregação. Para microencapsulação pode-se utilizar gelatina, carboximetilcelulose ou
carragena, sendo que esta última deve ser evitada devido aos problemas de digestão. A
gelatina pode ser preparada normalmente, misturada na ração e após deve-se realizar a
secagem e trituração, podendo promover maior flutuabilidade da ração na água.

7.3. Recria e engorda


O tipo de ração utilizada nesta fase de criação pode ser extrusada ou peletizada,
nutricionalmente completa, ou ainda, uma combinação entre os dois tipos de ração, 75 a
85% peletizada e 25 a 15% extrusada, pois a ração extrusada tem um custo mais elevado
que a ração peletizada, mas permite a observação do consumo pelos peixes. Espécies como
bagre do canal e tilápia aceitam bem esta combinação.
O local de alimentação em viveiros de cultivo é muito importante, devendo-se evitar
locais com o fundo desestruturado, pois pode haver a suspensão do material do fundo do
viveiro e prejudicar a qualidade da água e localização do alimento fornecido. Alguns peixes
não conseguem aproveitar o alimento que se deposita no fundo do viveiro, o que torna a
ração extrusada ainda mais importante. Áreas ocupadas por vegetação devem ser evitadas,
pois podem prejudicar os peixes na captura do alimento. As rações do tipo extrusada devem
ser fornecidas em locais de profundidade razoável, pois em dias de vento, a ração pode
28

derivar para as margens dos viveiros, em locais de difícil acesso. Algumas espécies
apresentam distinta hierarquia populacional, onde os peixes maiores impedem o acesso dos
menores ao alimento. Por isso, a distribuição do alimento deve ser feita em toda a
superfície do viveiro, a fim de proporcionar que os peixes dominados também tenham
acesso ao alimento, reduzindo o problema de heterogeneidade no crescimento,
característico de algumas espécies como pac, tambaqui e catfish americano.
A frequência de alimentação é importante. O bagre do canal cresce bem com uma a
duas refeições por dia, enquanto que as tilápias necessitam de duas a três refeições diárias.
Peixes alimentados sete dias por semana, apresentam crescimento adicional de 19% e um
consumo de ração 17% superior aos peixes recebendo arraçoamento seis dias por semana.
O horário de alimentação é baseado na atividade metabólica do peixe e nos níveis de
oxigênio da água. Os peixes apresentam maior consumo nos horários mais quentes do dia.
O fornecimento de alimento deve ser feito quando a saturação de oxigênio dissolvido na
água for maior que 60%, como citado anteriormente, pois, abaixo deste valor o peixe pode
estar desperdiçando alimento ou ter um consumo reduzido e, em condições extremas a
qualidade da água pode ser bastante prejudicada. O pico de consumo de oxigênio ocorre
duas a três horas após a alimentação, por isso o fornecimento de alimento ao anoitecer pode
ser prejudicial, salvo quando as condições de oxigênio dissolvido são adequadas.
No verão, logo pela manhã, os viveiros apresentam baixos níveis de oxigênio
dissolvido e ao final da tarde a água apresenta níveis de pH e temperatura mais elevados,
potencializando os problemas de toxidez por amônia, o que pode reduzir o consumo dos
peixes. Sob tais condições, os peixes se alimentam melhor nos períodos diurnos. Durante as
outras estações do ano deve-se realizar o arraçoamento dos peixes nos períodos mais
quentes do dia, ou seja, no meio do dia ou ao final da tarde.
Os níveis de proteína exigidos pelas tilápias, bagre do canal e carpas variam de 28 a
32%. Em sistemas de cultivo menos intensivos pode-se fornecer dietas com níveis de 28%
de proteína bruta, já que os peixes poderão aproveitar o alimento natural presente nos
viveiros. Em sistemas intensificados o nível de proteína bruta deve ser de no mínimo 32%.
Níveis superiores a este não têm apresentado resultados para bagre do canal, tilápias e
carpas. Já para peixes carnívoros, os níveis de PB devem ser de no mínimo 40% e a relação
energia digestível:proteína deve ser de 9 a 11 kcal/g de proteína.
29

A forma de arraçoamento pode ser manual onde o produtor pode verificar o consumo
alimentar, a sanidade e eventuais problemas que possam vir a ocorrer com os peixes. Outra
forma de arraçoamento é a utilização de alimentadores mecânicos, que podem ser montados
sobre “traillers” ou caminhonetes, e lançam a ração para o interior do tanque. Existem ainda
os alimentadores automáticos que funcionam através de um dispositivo de tempo
fornecendo ração em intervalos regulares, e os alimentadores por demanda, onde os
próprios peixes acionam o sistema, fazendo com que o alimento seja despejado no tanque.
A desvantagem do uso destes tipos de alimentadores envolve a impossibilidade de
observação dos peixes, podendo, muitas vezes causar desperdício de alimento.

8. DOENÇAS E DISTÚRBIOS LIGADOS À NUTRIÇÃO

No cultivo de peixes em cativeiro a ocorrência de deficiências nutricionais é mais comum


do que no ambiente natural, já que na natureza os peixes têm acesso a uma gama maior de
alimentos. Porém, podem ocorrer períodos em que, mesmo na natureza, as espécies percam
peso. Já no ambiente de cultivo, se o alimento fornecido for deficiente em algum nutriente,
ou desbalanceado, ou mesmo utilizar ingredientes de baixa qualidade os sinais de
deficiência podem aparecer.

8.1. Fatores que influenciam a estabilidade de vitaminas


A estabilidade das vitaminas nas dietas preparadas pode ser afetada por alguns fatores
como:
- Os raios ultravioletas prejudicam a estabilidade da riboflavina, piridoxina, ácido fólico,
B12, ácido ascórbico e menadiona (vitamina K);
- A presença de lipídios oxidados afeta a estabilidade de ácido ascórbico, retinol e
tocoferol;
- Alta temperatura prejudica a estabilidade da vitamina B12, ácido ascórbico, retinol e
tocoferol, além de várias outras vitaminas, meio ácido: vitamina B12;
- A presença de oxigênioafeta o ácido ascórbico;
- A presença de microminerais prejudica a estabilidade da menadiona (vitamina K), assim
como cobre e ferro podem afetar a estabilidade do ácido ascórbico.
30

Estas perdas podem ser diminuídas através da utilização de formas protegidas de


algumas vitaminas (microencapsulada) como no caso do ácido ascórbico, ou de técnicas
adequadas de processamento e armazenamento de rações.
Sinais de deficiência vitamínicas estão enumerados na Tabela 11.
31

Tabela 11. Sintomas de deficiência de vitaminas hidrossolúveis em peixes de água doce.


Vitamina Função Sinais de deficiência
B1 Atua no metabolismo de carboidratos, é ativadora de enzimas e Perda de apetite, crescimento reduzido, atrofia muscular, despigmentação, anemia, hemorragia
essencial para ao sistema nervoso. na pele e nadadeiras, exoftalmia, torção opercular.
B2 Atua no metabolismo energético, no transporte do íon Perda de apetite, crescimento reduzido, distúrbios nervosos, hemorragia na pele, olhos e
Hidrogênio e em processos de oxidação e redução. nadadeiras, necrose das brânquias, cataratas, fotofobia, alta mortalidade, curvatura espinal.
B6 Atua no metabolismo de proteínas, na descarboxilação e Perda de apetite, crescimento reduzido, distúrbios nervosos (espasmos), natação errática,
utilização dos aminoácidos e na síntese do mRNA e da acetil- anemia, alta mortalidade, rápido estabelecimento do "rigor mortis", exoftalmia e ascite.
CoA.
B12 Atua na formação das hemácias (células vermelhas) sanguíneas, Anemia (diminuição do nível de proteína sérica), crescimento reduzido, baixa utilização do
na manutenção do tecido nervoso, na síntese dos ácidos alimento e escurecimento.
nucléicos, metabolismo do colesterol e síntese de purinas e
pirimidinas.
Ácido Atua no metabolismo de proteínas, lipídios e carboidratos, na Perda de apetite, crescimento reduzido, alta mortalidade, fígado gorduroso, anemia, dificuldade
Pantotênico síntese de fosfolipídios, ácidos graxos, hemoglobina, colesterol respiratória (adesão dos filamentos branquiais), exoftalmia, baixa utilização do alimento,
e hormônios esteróides. natação errática.
Niacina Atua no metabolismo de proteínas, lipídios e carboidratos e na Perda de apetite, crescimento reduzido, piora na conversão alimentar, inflamação das
liberação de energia da maioria dos nutrientes. brânquias, desprendimento do opérculo, hemorragia, alta mortalidade, anemia, exoftalmia,
natação errática, lesão no reto e coloração escura.
Biotina Tem papel importante na síntese de ácidos graxos e da niacina e Perda de apetite, crescimento reduzido, atrofia muscular, diminuição da atividade, natação
na ativação dos lisossomos. errática e coloração escura.
Ácido Fólico Atua no metabolismo de proteínas sendo necessário para a Anemia, crescimento reduzido, perda da nadadeira caudal, fígado com peso relativo alto, perda
formação das hemácias e síntese e metabolismo de de apetite, letargia, coloração escura e anemia eritrocítica.
aminoácidos.
Colina É um componente essencial da acetil-CoA, tendo importância Crescimento reduzido, deposição de gordura no fígado, hemorragia nos rins e intestinos,
vital na manutenção da estrutura celular e transmissão do coloração branco-acinzentada dos intestinos, distensão da cavidade abdominal, anemia,
impulso nervoso. É também um doador de metil na síntese de exoftalmia, alta mortalidade, perda de apetite e despigmentação.
metionina.
Inositol Importante componente do tecido esquelético, cerebral e Perda de apetite, crescimento reduzido, piora na conversão alimentar, comportamento apático,
cardíaco, possivelmente envolvido no transporte de colesterol, quebra das nadadeiras e perda da nadadeira caudal, necrose, deposição de gordura no fígado e
síntese de RNA e crescimento das células. dilatação gástrica.
Vitamina C É cofator de numerosas reações de hidroxilação, sendo Crescimento reduzido, perda de apetite, piora na conversão alimentar, deformidades
importante na manutenção do tecido conectivo, vascular e esqueléticas (lordose e escoliose), deformidade do opérculo e cartilagens, anemia, hemorragia
ósseo, juntamente com a vitamina E, previne a oxidação dos de vários órgãos, demora ou diminuição da cicatrização de feridas (deficiência de colágeno),
lipídeos da dieta e dos tecidos corporais. redução da performance reprodutiva e coloração escura.

Modificado de Steffens (1989).


32

Tabela 12. Sintomas de deficiência de vitaminas lipossolúveis em peixes de água doce.

Vitami Função Sinais de deficiência


na
A Importante na manutenção da resistência à Crescimento reduzido, perda de apetite, redução do peso relativo do
infecções, essencial para a visão normal, sendo fígado, despigmentação, hemorragia dos olhos, rins, pele e base das
um componente dos pigmentos visuais, atua na nadadeiras, edema, queratinização do tecido epitelial, degeneração da
manutenção da secreção do muco pelos tecidos retina, catarata, ascite, torção do opérculo, exoftalmia e aumento da
epiteliais. mortalidade.
D Importante no metabolismo de cálcio e fósforo, Piora na conversão alimentar, redução do crescimento, possivelmente
manutenção dos níveis de cálcio no sangue e diminuição do total de células sanguíneas, redução do conteúdo de
conversão do fósforo orgânico em inorgânico nos cinzas, cálcio e fósforo, escurecimento, letargia e tetania.
ossos.
E Atua com antioxidante, juntamente com a Redução do crescimento, anemia, ascite, distrofia muscular,
vitamina C e o selênio, protegendo as vitaminas e degeneração do fígado, aumento da mortalidade, hemólise, falta de
os ácidos graxos insaturados de se oxidarem, apetite, piora na conversão alimentar, deficiência reprodutiva, letargia,
inibindo os radicais livres; é responsável também despigmentação e exoftalmia.
pela manutenção da permeabilidade dos capilares
e músculos cardíacos. Parece estar envolvida com
a respiração celular e a biossíntese de DNA.
K Essencial para a manutenção da coagulação Redução do peso relativo do fígado, anemia, hemorragia nas brânquias,
normal do sangue, graças a produção e liberação olhos, pele e tecido vascular e aumento do tempo de coagulação
de protrombina e tromboplastina. sanguínea.
Modificado de Steffens (1989).
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8.2. Antagonistas de vitaminas e sintomas de toxidez


Algumas vitaminas apresentam substâncias antagonistas que prejudicam sua
utilização pelos peixes. Entre estes compostos podemos citar:
- tiaminase: presente em alguns peixes, crustáceos, grãos de mostarda e linhaça, atua
como um fator antitiamina, podendo ser degradada pelo calor.
- galactoflavina: antagonista da riboflavina causando diminuição do crescimento em ratos
alimentados com rações que continham esse composto.
- deoxipiridoxina: fator antipiridoxina, que compete pelo sítio ativo, está presente no
farelo de linhaça, podendo ser destruído pelo calor.
- 6-mercaptopurina, 2,6-diaminopurina e 8-azaguanina: antagônicos do ácido pantotênico.
- 3-acetilpiridina: antimetabólico da niacina, porém um aumento da quantidade de niacina
fornecida é capaz de superar essa ação.
- avidin: presente em ovos crus é um agente antibiotina, porém pode ser destruído pelo
calor.
Algumas vitaminas, geralmente as lipossolúveis, quando adicionadas em excesso às
dietas podem ocasionar sintomas de toxidez, como pode ser observado na Tabela 13.

Tabela 13. Níveis e sintomas de toxidez de algumas vitaminas.


Vitaminas Nïvel de toxidez (U.I./kg da dieta) Sintomas de toxidez
A 2.200.000 - 2.700.000 redução no crescimento, severa
necrose/erosão das nadadeiras anal,
caudal, pélvica e peitoral, escoliose,
lordose, mortalidade, fígado amarelo
D nenhum efeito tóxico encontrado crescimento reduzido, letargia, coloração
até 1.000.000 escura, piora da conversão alimentar
E 5.000 mg de dl-α-tocoferol/kg redução da concentração de eritrócitos
dieta sanguíneos
Fonte: Modificado de Tacon (1991).
34

Tabela 14. Funções e sinais de deficiência de macro e microminerais.


Minerais Funções Sintomas
Cálcio e Desenvolvimento e manutenção do sistema esquelético, o cálcio está ligado com a contração Redução no crescimento, anorexia, piora na conversão alimentar, diminuição na mineralização,
fósforo muscular, transmissão do neuroimpulso, manutenção da integridade da membrana celular e deformidades esqueléticas, deformidade cranial, diminuição nos níveis de fosfato no sangue,
ativação enzimática. O fósforo é constituinte dos ácidos nucléicos, da membrana celular, do aumento no conteúdo de gordura na carcaça e conseqüente diminuição do teor de água
processo de reação de produção de energia, do metabolismo de carboidratos, lipídios e (nefrocalcinoses quando sob condições de alto teor de CO2 na água e presença de uma
aminoácidos e metabolismo dos tecidos musculares. micotoxina).
Magnésio Manutenção da homeostase intra e extracelular, respiração celular, cofator para reações Redução no crescimento, anorexia, inércia, letargia, convulsões, cataratas, degeneração das
enzimáticas como aquelas que transferem grupos fosfatos (fosfoquinase), hidrolisam fosfatos fibras musculares e células epiteliais dos cecos pilóricos e filamentos branquiais, deformidade
e pirofosfatos (fosfoquinase e pirofosfatase) e acetil coenzima A (tioquinase), na oxidação dos esquelética e diminuição nos níveis de magnésio corporal.
ácidos graxos, ativam a síntese de aminoácidos (aminoácido sintetase), metabolismo do tecido
esquelético e transmissão neuromuscular, respiração celular e reações de transferência de
fosfato sendo complexado com ATP, ADP e AMP. Ativador para todas reações de tiamina
pirofosfato, metabolismo de gorduras, carboidratos e proteínas.
Sódio, Sódio e cloreto são os principais cátions e ânions, respectivamente, dos fluidos extracelulares Sinais de deficiência nesse elementos são difíceis de serem produzidos, pois os peixes
potássio e do corpo e o potássio é um dos principais cátions intracelulares. Têm função vital no controle conseguem retirar esses elementos do ambiente aquático.
cloreto da pressão osmótica e no equilíbrio ácido-base.
Ferro Participa do processo de respiração celular através da sua atividade de óxido-redução e Redução no crescimento, piora na conversão alimentar, anemia microcítica hipocrômica,
transporte de elétrons, produção e funcionamento da hemoglobina, mioglobina, citocromos e redução nos níveis de hematócritos e hemoglobina, redução na saturação de ferro no plasma e
outros sistemas enzimáticos. na transferrina.
Cobre Constituinte de várias enzimas como o citocromo C oxidase, superóxido dismutase, lisil Redução no crescimento, cataratas, redução na atividade da emzima superóxido dismutase no
oxidase, dopamina beta-hidroxilase, tirosinase, oxidase triptofano. fígado e redução da atividade da citocromo C oxidase no coração.
Manganês Cofator em diversos sistemas enzimáticos, como na síntese de uréia em amônia, metabolismo Redução no crescimento, anomalias esqueléticas, alta mortalidade de embriões, perda de
de aminoácidos, metabolismo ácido de gorduras e oxidação da glucose, ativação de quinases, equilíbrio, baixas taxas de incubação e crescimento anormal da nadadeira caudal.
transferases, hidrolases e decarboxilases e metaloenzimas como a arginase, a piruvato
carboxilase e a superóxido dismutase.
Zinco Cofator em sistemas enzimáticos e componente de metaloenzimas, como anidrase carbônica, Anorexia, redução no crescimento, cataratas, erosão nas nadadeiras, redução do teor de zinco e
fosfatase alcalina, álcool desidrogenase, corboxipeptidades A e B, desidrogenase glutâmica, cálcio nos ossos, nanismo e redução no apetite.
D-glicerol-3-fosfato desidrogenase, desidrogenase lactato, desidrogenase málica, aldose,
superóxido dismutase, ribonuclease e DNA polimerase. Regulador de vários processos do
metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas.
Iodo Biossíntese dos hormônios da tiróide, como tiroxina e triiodotironina, que controlam a Hiperplasia da tireóide.
oxidação celular e influem no crescimento. Atua em outras glândulas endócrinas e possui
funções neuromusculares, dinâmica circulatória e metabolismo de nutrientes.
Selênio Cofator da enzima glutationa peroxidase, protege células e membranas dos danos causados Anemia, redução no crescimento, cataratas, distrofia muscular, redução na atividade da
pelos peróxidos. Atua em conjunto com a vitamina E como antioxidante biológico. glutationa peroxidase..
35

8.3. Outros micronutrientes


O cobalto é componente da vitamina B12, e quando adicionado em rações para peixes
melhora o desempenho dos mesmos. O cromio é importante no metabolismo de
carboidratos e lipídios, tendo sua função biológica estreitamente ligada à insulina. Não
foram notados sinais de deficiência em peixes alimentados com rações contendo baixas
quantidades de cromio e também não foram observados sinais de toxidez, quando
alimentados com rações contendo alta quantidade deste elemento. A suplementação com
boro e molibdênio resultou em resposta positiva no crescimento de carpas, porém sinais de
deficiência e exigências nutricionais não foram determinadas.

8.4. Componentes tóxicos e antinutricionais


Micotoxinas são produtos metabólicos dos fungos e contaminantes dos ingredientes
da ração. Destacam-se as aflatoxinas, substâncias produzidas pelo Aspergillus flavus, que
têm efeito cancerígeno, sendo responsável pelo aparecimento do hepatocarcinoma em
peixes. Outras micotoxinas, produzidas pelo Fusarium, são as zearalenonas e os
tricotescenos, cujos sinais de toxidez são: redução no crescimento, redução na formação
das células vermelhas do sangue, diminuição na resposta imunológica e morte. Porém esses
sinais não foram ainda demonstrados em peixes. As ocratoxinas, produzidas pelos fungos
Aspergillus e Penicillium, causam necrose do fígado e rim, descoloração do rim e inchaço
do fígado.
O gossipol é um produto das glândulas de pigmentos presentes em plantas como o
algodão. Causa redução no crescimento, anorexia e deposição de lipídios no fígado,
podendo também produzir uma nefrite glomerular e necrose tubular. Os ácidos graxos
ciclopropenóicos podem causar danos ao fígado, aumento da deposição de glicogênio e
elevação dos níveis de ácidos graxos saturados, além da redução da proteína hepática e da
atividade das enzimas glucose-6-fosfato desidrogenase, NADP-isocitrato desidrogenase
ligada, lactato desidrogenase e malato desidrogenase.
Os inibidores de tripsina, presentes no farelo de soja cru, causam redução no
crescimento, pois formam complexos irreversíveis com a tripsina, podendo ser inativados
pelo calor. A mimosina, presente na leucena, leguminosa muito utilizada na alimentação de
peixes em países em desenvolvimento, pode causar redução no crescimento e diminuição
36

do apetite. O ácido tânico, presente no sorgo, pode diminuir a palatabilidade das rações
quando na formulação da mesma é utilizada variedade de sorgo com alto tanino.
Os resíduos de pesticidas: quando presentes nos ingredientes da ração, podem causar
necrose e hemorragia do fígado e rim, ocasionando rápida mortalidade dos peixes. Alguns
antibióticos e quimioterápicos, quando incorporados a ração e em dosagens exageradas,
podem promover efeitos patológicos, como degeneração do tubo renal proximal, além de
necrose hepática.

9. EFEITO DO MANEJO DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO SOBRE A


QUALIDADE DE CARCAÇA

Geralmente, são as gorduras ou materiais lipossolúveis que afetam o sabor, a


aparência, ou a qualidade de peixes armazenados congelados. As rações comerciais
existentes no mercado têm muito pouca influência no sabor do peixe. Peixes com muita
gordura são indesejáveis. Os peixes em ambiente natural são mais magros do que os
cultivados em sistema intensivo, pois em criações comerciais as taxas de alimentação e a
relação energia:proteína dos alimentos são mais altas do que no ambiente natural (8 a 10
kcal de ED/g de proteína nas rações comerciais contra 5 a 6 kcal de ED/ g de proteína na
fauna aquática - insetos, larvas, crustáceos etc.).

9.1. Temperatura
Em altas temperaturas, quando a exigência em energia para manutenção é maior, os
peixes não são capazes de consumir níveis de energia suficientes para acumular lipídio no
corpo. Por isso peixes com altos níveis de lipídio no corpo são aqueles alimentados à
vontade em baixas temperaturas. Conforme aumenta a temperatura, a taxa metabólica
padrão, medida pelo consumo de oxigênio (mg de O2/kg/h), também aumenta, levando a
um incremento proporcional da dieta a ser utilizada para manutenção.

9.2. Composição da dieta


O principal fator que influencia a qualidade da carcaça é a relação energia:proteína,
que nas rações comerciais está em torno de 8 a 10 kcal de energia digestível/g de proteína
37

bruta. As principais fontes de energia em dietas para peixes são carboidratos, lipídios e
proteínas. Os carboidratos são importantes na alimentação de carpas, devido a excelente
digestibilidade do amido por esta espécie (não apresenta digestão ácida). Já em dietas de
peixes carnívoros, as principais fontes de energia são os lipídios e proteínas.
Altos níveis de gordura na dieta, especialmente na ausência de adequado conteúdo de
proteína, produzem quantidades maiores de gordura abdominal e muscular, ou seja, os
peixes usam a energia adicional para acúmulo de gordura ao invés de ganho de proteína. Se
rendimento e qualidade do produto final forem considerados, níveis maiores de proteína na
ração e portanto, menor relação ED/proteína seriam recomendados.

9.3. Níveis de arraçoamento


O nível de alimentação depende de inúmeros fatores, incluindo frequência de
alimentação, conteúdo de energia na dieta, habilidade do alimentador, e as condições do
ambiente nos tanques de criação. Outros fatores importantes a serem considerados são os
métodos de alimentação, já que antigamente, os peixes eram alimentados com quantidades
restritas de alimento, ao contrário das práticas atuais que oferecem alimento em níveis
próximos a saciedade. A razão para esta mudança é que hoje, os viveiros são aerados
diariamente, e o tipo de ração que é fornecida (extrusada flutuante) permite ao tratador
completo controle da alimentação. Deste modo a deterioração da qualidade da água é
menor.
Conforme aumenta o nível de alimentação, os peixes acumulam mais gordura, os
valores de rendimento de carcaça diminuem, e aumenta o tamanho do fígado em relação ao
peso do corpo. Uma provável razão para este aumento pode ser devido ao aumento das
quantidades de carboidratos e proteínas a serem metabolizados. Resultados de máximo
crescimento e boa produção podem ser obtidos usando menos do que 1,0 kg de matéria seca
de ração por kg de peixe.
Entretanto, mesmo com uma constante relação proteína:energia na dieta a
composição da carcaça pode ser variável se a intensidade de alimentação for alterada.
Alguns experimentos mostram que o conteúdo de gordura em carpas (matéria seca)
aumentou com o aumento no nível de alimentação, enquanto que o conteúdo de proteína
38

diminuiu. O conteúdo de proteína na carcaça também aumentou e de gordura diminuiu em


sistema de alimentação restrita em trutas.

9.4. Frequência de alimentação


Frequência e hora de alimentação parecem afetar indiretamente o nível de lipídio
corporal em truta arco-íris. Quando os peixes são alimentados até a saciedade, aumentando
o número de refeições por dia, aumenta-se o consumo de alimento, levando a um maior
acúmulo de lipídio corporal. Quando os peixes são alimentados diariamente com similar
taxa de arraçoamento, aumentando-se o número de refeições, a composição corporal não é
afetada.
O horário de alimentação parece afetar o destino dos nutrientes. Peixes alimentados
pela manhã usam a proteína para crescimento, enquanto peixes alimentados a noite crescem
mais devagar e armazenam mais lipídio. As alimentações frequentes aumentam a
velocidade de passagem no trato gastrointestinal, diminuindo a digestibilidade do alimento.

10. LITERATURA CONSULTADA


Akiyama, D. M. 1991. The use of soy products and other plant protein supplements in aquaculture feeds. In:
Proceedings of the aquaculture feed processing and nutrition workshop. A. S. A. 199 - 206.
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Andrews, C.; A. Exell and N. Carrington 1988. The manual of fish health. Tetra Press 208 p.
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