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Sexualidade masculina e saúde do homem:

OPINIÃO OPINION
proposta para uma discussão

A discussion about masculine


sexuality and men’s health

Romeu Gomes 1

Abstract The present study aims to discuss Resumo O presente estudo objetiva pro-
aspects of the masculine sexuality that, if not blematizar aspectos da sexualidade masculi-
properly approached, they can commit the na que, se não devidamente abordados, po-
man's health. In terms of method, the essay is derão comprometer a saúde do homem. Em
used, understanding such a modality as a crit- termos de método, emprega-se o desenho de
ical exercise of search, of exploratory charac- ensaio, entendendo tal modalidade como um
ter, concerning a theme or meditation object. exercício crítico de procura, de caráter explo-
The discussion begins with the question: what ratório, acerca de um tema ou objeto de me-
is the reason of speaking of masculine sexual- ditação. A discussão é iniciada por uma re-
ity and the man's health? Soon after, sexuali- flexão em torno da questão por que falar de
ty, manliness and crisis are put in debate. In sexualidade masculina e saúde do homem? Em
that debate, the tensions that appear between seguida, sexualidade, masculinidade e crise são
traditional patterns of the masculine identity postas em debate. Nesse debate, destacam-se
and the possibility of living new forms of be- as tensões que surgem entre padrões tradi-
ing man are pointed out. In the third part of cionais da identidade masculina e a possibi-
the study, it focus the prevention of the prostate lidade de se viver novas formas de ser homem.
cancer as space in that are reflected subjects re- Na terceira parte do estudo, focaliza-se a pre-
lated to the masculine sexuality. Social reflex- venção do câncer de próstata como espaço em
es of the imaginary concerning the masculine que se refletem questões relacionadas à sexua-
sexual identity can do of the rectal touch, pre- lidade masculina. Reflexos do imaginário social
ventive measure of that cancer type, a situa- acerca da identidade sexual masculina podem
tion, at least, constraining. In the conclusion, fazer do toque retal, medida preventiva desse
it is aimed for the need of promoting more tipo de câncer, uma situação, no mínimo, cons-
studies with men of different social and pro- trangedora. Na conclusão, aponta-se para a
fessional of health to contribute to the prac- necessidade de se promover mais estudos com
1 Coordenação de tices of health. homens de diferentes estratos sociais e profis-
Pós-Graduação em Saúde
da Criança e da Mulher
Key words Masculine sexuality, Man's health, sionais de saúde e, a partir daí, caminhar na
do Instituto Fernandes Essay produção de conhecimentos que possam ins-
Figueira, Fiocruz. trumentalizar as práticas de saúde.
Av. Rui Barbosa, 716
Flamengo, 22250-020,
Palavras-chave Sexualidade masculina,
Rio de Janeiro RJ. Saúde do homem, Ensaio
romeu@iff.fiocruz.br
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Gomes, R.

Palavras iniciais mulheres. Não defendemos a pertinência da


saúde do homem porque acreditamos que os
Por que discutir, especificamente, sexualidade homens estão perdendo seus direitos. Não esta-
masculina e saúde do homem? Um argumento mos tratando de recaídas machistas.
que, de uma certa forma, podemos utilizar pa- Mas, antes de anunciarmos qual é o nosso
ra responder a pergunta pode se voltar para o propósito, gostaríamos ainda de fazer uma ob-
posicionamento de que os sujeitos – homens e servação sobre gênero. O termo gênero passou a
mulheres – necessitam ser vistos tanto singu- ser utilizado pelas feministas para traduzir as
larmente quanto no âmbito das relações e no diversas formas de interação humana, buscan-
campo mais amplo de sua cultura. Nesse senti- do conceituar o gênero como forma de legiti-
do, enfocar a singularidade do homem não nos mar e construir as relações sociais. Sabemos que
leva, necessariamente, a perda da dimensão re- tanto o movimento feminista quanto a deno-
lacional que a expressão gênero indica. minação de gênero cunhada por esse movimen-
Outro argumento para sustentarmos o nos- to tiveram e têm um importância fundamental
so tema surge do alerta de que não podemos para se pensar a relação entre homens e mulhe-
desconsiderar que os avanços na forma de con- res. Mas também sabemos que grande parte da
ceber o que é ser feminino, conseguido pelo produção dos estudos denominada de gênero
movimento feminista, demandou deslocamen- ainda analisa suas questões em mão única. Al-
tos no campo dos papéis masculinos. Isso se guns desses estudos reduzem a discussão ao
explica pelo fato de a sexualidade se constituir campo do feminino (Gomes, 1998).
por referência (Damatta, 1997), em outras pala- Nessas considerações iniciais, queremos su-
vras, sendo demarcadas por uma profunda re- blinhar que o nosso propósito não é caminhar
flexividade. Assim, seja por causa da desestabili- na direção oposta de se pensar a relação, privi-
zação ou pela necessidade de se rever os papéis legiando um gênero em detrimento de outro.
sexuais no cenário atual, a discussão sobre mas- Acreditamos que são igualmente válidos os po-
culinidade já é um movimento que vem preen- sicionamentos que enfocam a saúde da mulher
chendo diferentes espaços (Gomes, 1998). e a saúde do homem, desde que tais posiciona-
Ainda voltando ao título de nossa discus- mentos não percam a perspectiva relacional
são, outra expressão nele usada pode causar entre os gêneros e não se distanciem da promo-
questionamentos. Trata-se de saúde do homem. ção da saúde voltada para as necessidades hu-
Essa expressão, à primeira vista, pode vir de en- manas em geral. Pensar sobre a relação não sig-
contro a uma política que preconiza a supera- nifica desconsiderar demandas específicas de
ção do modelo de mulher e saúde para o de gê- cada gênero.
nero e saúde. A proposta de programas de saú- A partir dessa perspectiva, objetivamos no
de voltados para gênero busca sair de um enfo- presente estudo problematizar aspectos da se-
que do risco e do dano da saúde da mulher pa- xualidade masculina que, se não devidamente
ra o da saúde como satisfação das necessidades abordados, poderão comprometer a saúde do
humanas (Rios, 1993). Nessa proposta também homem.
está presente a idéia de que, para se chegar a Em termos de método de estudo, emprega-
um programa de saúde, a mulher como sujeito mos o desenho de ensaio, entendendo tal mo-
de direitos deve ser fortalecida. Destacar os di- dalidade como um exercício crítico de procura,
reitos das mulheres contraria a dimensão rela- de caráter exploratório, acerca de um tema ou
cional entre os gêneros? Necessariamente não objeto de meditação, buscando uma nova for-
porque para que se chegue à eqüidade deve-se, ma de olhar o assunto (Tobar e Yalour, 2001).
antes, combater as assimetrias. Fortalecendo Seguindo esse desenho metodológico, pre-
um gênero em desvantagem poderia se promo- tendemos inicialmente trazer algumas conclu-
ver uma melhor distribuição de poder entre os sões de estudos no campo das ciências sociais
gêneros. sobre a crise da masculinidade e a sexualidade
Nesse sentido, assim como a ênfase dos di- do homem em geral. Em seguida, tentaremos
reitos das mulheres numa proposta de saúde estabelecer implicações desses aspectos no cam-
com o enfoque de gênero é pertinente, uma pro- po da saúde pública. Por último, em nossas
posta de se focalizar a saúde do homem também considerações finais, formularemos questões
pode ser válida. É claro que essa proposta se sus- para que novas discussões sejam promovidas
tenta a partir de outros propósitos, diferentes no sentido de buscarmos abordagens adequa-
daqueles que visam fortalecer os direitos das das para a promoção da saúde do homem.
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Sexualidade, masculinidade e crise relacionamento igualitário com a parceira amo-
rosa, têm sido um dos motivos para se falar de
Afinal o que é ser homem? Segundo Nolasco uma crise masculina.
(1997), tomando como base uma sociedade pa- Ramos (2000) observa que, na década de
triarcal, uma resposta para essa indagação po- 1980 nos EUA e nos últimos anos da década de
deria convergir para a representação do homem 1990 no Brasil, surgiu uma discussão acerca da
de verdade. Meninos e meninas crescem sob a crise da masculinidade. Mas que crise é essa? Se-
crença de que mulher e homem são o que são gundo o autor, com base em Trevisan, o mas-
por natureza. No modelo de masculinidade a culino não está em crise, uma vez que ele, em
ser seguido, ressaltam-se as idéias de que o ho- si, é um gênero que vive em estado de crise per-
mem de verdade é solitário e reservado no que manente e endêmica na sociedade patriarcal.
se refere às suas experiências pessoais, ou, Nesse sentido, a masculinidade não é algo da-
quando muito superficial e prático, direciona- do, mas algo que constantemente se procura
do para agir e realizar atividades. Por outro la- conquistar. Para o autor, as conquistas do femi-
do, espera-se que o homem compreenda de- nismo não determinaram a crise, mas a tor-
mandas emocionais de suas parceiras e de seus naram mais visível.
filhos, sendo cúmplice e sensível. Seguindo a sua discussão, Ramos (2000)
Giddens (1993) observa que a sexualidade considera, baseado em Foucault, que falar a-
masculina tende a expressar mais inquietação tualmente de um novo homem e de uma nova
do que a feminina porque os homens separam mulher significa ordenar o que parece confuso.
a sua atividade sexual das outras atividades da Quando não se pode mais falar de um único mo-
vida, onde são capazes de encontrar um direcio- delo hegemônico de ser homem e de ser mulher,
namento estável e integral. Essas inquietações do qual uma simples classificação binária (mas-
cada vez mais vêm deixando de ser encobertas. culino versus feminino) dava conta, essa parece
No final do século 20, ainda eram percebi- ser uma boa “técnica” para “restaurar” a classifi-
das tensões na construção da identidade sexual cação de gênero, mesmo que às avessas.
masculina. Estudos realizados com homens das Damatta (1997) não aborda especificamente
camadas médias urbanas e intelectualizados a crise da masculinidade, mas nos fala das inse-
(Goldenberg, 1991) apontam para tensões mas- guranças do ser homem. Para ele, num cenário
culinas diante de padrões tradicionalmente em que se prega que a sexualidade se efetiva pela
construídos. Os homens estudados expressa- atração pelos opostos, a construção da masculi-
ram a existência de alguns marcos vigentes pa- nidade é atravessada por pontos de insegurança
ra a afirmação da identidade masculina: a ini- traduzidos principalmente pelo medo do ho-
ciação sexual com prostitutas; a negação do ho- mossexualismo e da impotência. Assim, dentre
mossexualismo; a referência constante a um cer- outros aspectos, os comportamentos masculi-
to padrão de comportamento sexual masculino nos apontam para o fato de que para que uma
(mesmo quando para rejeitá-lo); o desejo de cor- pessoa pudesse ser um homem, deveria primeiro
responder às expectativas sociais (em especial dos sentir-se ameaçada de virar mulher.
amigos e das mulheres). Esses homens expressa- Junto a esses medos, o homem também po-
vam medo de serem questionados na sua mas- de concentrar a sua preocupação de, mesmo
culinidade por se afastarem dos padrões tradi- sendo equipado para funcionar como macho,
cionais, por eles rejeitados. falhar na hora H. Nesse sentido, mais do que
Embora sabendo que há diferenças do que ter um pênis é saber se relacionar. Relacionar,
é ser homem e ser mulher no tempo, no espaço para Damatta, consiste basicamente em desco-
e, em específico, no interior das classes sociais brir que “ser homem” não é o mesmo que “sen-
(Jablonski, 1995), com base em Nolasco (1995), tir-se como homem”. Ser homem [é] receber de
podemos observar que ainda há homens que uma mulher o atestado ou a prova de que se [é]
utilizam padrões tradicionais – poder, agressi- verdadeiramente “homem”.
vidade, iniciativa e sexualidade incontrolada – A crise da masculinidade, para Nolasco
para construir a sua identidade sexual. (1997), em parte está associada a valores sociais
As tensões que surgem entre a manutenção que transcendem a dimensão do indivíduo; ca-
do poder do macho nas relações íntimas entre racteriza-se pela tentativa de homens se dife-
os gêneros e a possibilidade de se viver novos renciarem do padrão de masculinidade social-
modelos de masculinidade, em que se contem- mente para eles estabelecido. Para o autor essa
plam a associação entre sexo e afetividade e um crise representa a quebra do cinismo a respeito
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Gomes, R.

da existência de um homem de verdade em torno população masculina, sendo superado apenas


do qual todo menino é socializado. Por seu inter- pelo câncer de pele não-melanoma. A estimati-
médio, temos acesso a uma reflexão em face da va do INCA, para 2002, é de que haja 25.600
inclusão de seus sonhos e sentimentos como um novos casos desse câncer. As 7.223 mortes ocor-
valor pertencente ao cotidiano masculino. ridas em 1999 fizeram desse tipo de câncer o
Para ele, frente a esse cenário, abrem-se pos- quarto tipo mais mortal, nesse período (www.
sibilidades relacionadas à transformação da in- inca.gov.br).
timidade, terreno tenso e confuso para o ho- Ainda segundo o INCA, a detecção precoce
mem devido ao fato de os homens comumente do câncer de próstata é de fundamental impor-
pouco conhecerem as dimensões do contato, tância para que se aumentem as possibilidades
da proximidade, da troca, da solidariedade e da de cura. Entre as medidas preventivas, ressalta-
cumplicidade. se o toque retal realizado por profissionais de
Goldenberg (2000), de certa forma, ques- medicina.
tiona a existência da crise do macho: Talvez o O toque retal é, relativamente, uma medida
machão esteja realmente em crise, mas é possível preventiva de baixo custo. No entanto, é um
que até ele consiga sobreviver, só que será obriga- procedimento que mexe com o imaginário mas-
do a coexistir com outras formas de ser homem. culino, a ponto de afastar inúmeros homens da
O que não sobrevive mais é um modelo hegemô- prevenção do câncer de próstata. Essa recusa
nico de masculinidade com base na força, poder não ocorre, necessariamente, por conta da falta
e virilidade, embora homens (e mulheres!) conti- de informações acerca da efetividade dessa me-
nuem alimentando esse ideal. dida preventiva. Quando arrebatados pelo senso
Assim, independentemente de existir ou comum, homens bem informados, no mínimo,
não a crise da masculinidade, o fato é que, pa- resistem a se prevenirem dessa forma.
ralelamente aos resquícios dos padrões patriar- Não precisamos raciocinar muito para des-
cais para uns e a vigência desses padrões para cobrirmos que o toque retal mexe com caracte-
outros, experimentamos atualmente a possibi- rísticas identitárias masculinas. Damatta (1997)
lidade de construirmos a sexualidade masculi- observa que a parte da frente do homem o di-
na a partir de outros referenciais. Há momentos ferencia da mulher, enquanto a sua traseira a
em que conseguimos mais dar voz à nossa forma ela o iguala. Assim, se o falo é a marca registra-
de ser e, em outras vezes, reproduzimos os mode- da do ser masculino, a nádega representa o ou-
los, ficando até mesmo na caricatura desses mo- tro lado da medalha.
delos (Gomes, 1998). Fazer o toque retal é uma prática que pode
suscitar no homem o medo de ser tocado na
sua parte “inferior”. Esse medo pode se desdo-
Reflexos da discussão da sexualidade brar em inúmeros outros. O medo da dor, tan-
masculina na saúde do homem to física como simbólica, pode estar presente
no imaginário masculino. O toque, que envol-
Aspectos relacionados à percepção ou não da ve penetração, pode ser lido como violação e
crise da masculinidade, em específico, e aos sen- isso quase sempre se associa à dor. Mesmo que
tidos atribuídos à sexualidade masculina, em ge- o homem não sinta a dor, no mínimo, experi-
ral, produzem reflexos no campo da saúde, reve- menta o desconforto físico e psicológico de es-
lando dificuldades, principalmente, no que se tar sendo tocado, numa parte interdita.
refere à promoção de medidas preventivas. Ter ereção frente ao toque é outro medo. Ter
Poderíamos citar vários exemplos para pro- ereção, que é uma possibilidade, pode fazer com
blematizar a dificuldade de promovermos me- que o homem pense que quem toca pode inter-
didas preventivas que demandem a discussão pretar o fato como indicador de prazer. Em seu
da representação da sexualidade masculina. imaginário, a ereção pode estar associada tão
Entre eles, podemos focalizar a nossa atenção fortemente ao prazer que não se consegue ima-
para a prevenção do câncer de próstata. giná-la apenas como uma reação fisiológica.
No Brasil, o câncer de próstata é, sabida- Ficar descontraído, a pedido de quem faz o
mente, um grave problema de saúde públi- toque, para que o processo seja menos evasivo
ca. Segundo o Instituto Nacional de Câncer também pode trazer receios. O homem pode
(INCA), as altas taxas de incidência e a morta- pensar que a sua descontração pode ser inter-
lidade dessa neoplasia fazem com que o câncer pretada como sinal de que o toque nessa parte
de próstata seja o segundo mais comum entre a é algo comum e/ou prazeroso.
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Sabemos que esses medos, dentre outros, das discussões voltadas para os sentidos atri-
podem aflorar no imaginário dos homens imer- buídos à sexualidade masculina para que não
sos no senso comum. Mesmo para aqueles ho- só a prevenção do câncer de próstata como ou-
mens que conseguem imprimir uma racionali- tras ações tangenciadas por tais sentidos atri-
dade frente ao toque retal, não podemos des- buídos possam ser melhor abordadas.
cartar a possibilidade de a situação trazer cons-
trangimentos que não são conscientes para es-
ses homens. Considerações finais
Para o profissional de medicina, investido
numa racionalidade que a clínica demanda, Neste ensaio apenas pontuamos possíveis ques-
não cabe a possibilidade de que o toque tenha tões ligadas à saúde do homem que, para serem
essas interpretações. Mas não podemos des- devidamente abordadas, devem ser examinadas
considerar que tal profissional também sofra à luz de referências da sexualidade feminina que
influências de aspectos que circulam no imagi- integram o imaginário social. No entanto, a dis-
nário social ligados a questões da sexualidade cussão precisa ser mais amadurecida. Falta-nos
masculina. Também não podemos descartar a ainda desvendar mais esse imaginário, tentando
possibilidade desse profissional ter um certo compreender os conteúdos e a construção dos
constrangimento em prever a existência dos discursos que fala de tais questões.
medos que podem ser suscitados pelo seu to- Se desejarmos caminhar no enfrentamento
que ou não saber lidar com as possíveis fanta- de impasses que configuram a partir da dimen-
sias que podem ser provocadas pelo procedi- são simbólica, torna-se necessário que descu-
mento. bramos as imagens e os significados atribuídos
Nesse sentido, mesmo tendo consciência pelos sujeitos, a partir de permanências cultu-
dos possíveis problemas, nem sempre, os pro- rais que se estruturam em torno da sexualida-
fissionais de saúde que se voltam para a pre- de masculina.
venção do câncer de próstata estão devidamen- Para isso, estudos com homens de diferen-
te preparados para lidar com os aspectos sim- tes estratos sociais e profissionais de saúde pre-
bólicos envolvidos nessa prevenção. Podemos cisam ser desenvolvidos para que possamos an-
dizer isso não só para aqueles que realizam o corar o debate num campo empírico e, a partir
toque retal, mas também para aqueles que pla- daí, caminharmos na produção de conheci-
nejam as campanhas de prevenção. mentos que possam instrumentalizar as práti-
Assim, no campo da saúde pública é de cas de saúde.
fundamental importância que sejam promovi- Assim, a discussão apenas começou.

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