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de conhecer e

Ch ico Sc ien ce é uma oportunidade


A Oc up aç ão tidiano do músico
r no un ive rso cri ativo que rondava o co
mergu lha na mangue. Na
an o, um do s cri adores da chamada ce
perna mb uc uns de seus objetos
est ão su as mú sicas, seus escritos, alg
expo siç ão que gostava de
os e seu s quadrinhos. Os beats
pesso ais , seu s livr amigos e os heróis
lhe ins pir av am , os lugares de afeto, os
ouvir e qu e ncentes à família e
ere nc iad os. Documentos perte
tam bé m são rev bre essa trajetória – e
co mp an he iro s mu sic ais ajudam a refletir so
aos
o.
inspiram esta publicaçã
  queles que, de longe
siç ão , est e fan zine traz textos atuais da
Parte da ex po ção cultural que
tem un ha ram e fizeram ecoar a revolu de
ou de pe rto , tes Science foi uma espécie
nte cia no Re cife na década de 1990. Chico Bra sil no cenário
aco nou o
for ça ma ior de ssa his tória. Sua obra reposicio stic as, na
sol, de nas artes plá
no cinema, no design e
da música e reverberou pe rcalço s do movimento que o
da , na cib ern éti ca. Os caminhos e os
mo uir. 
contados nos textos a seg
músico ajudou a criar são

Instituto Itaú Cultural


Capítulo I

No começo dos anos 1980, época em que a cultura hip hop despontava
no Brasil via videoclipes escassos nos poucos canais de TV que
apresentavam programas musicais, eu frequentava uma associação de
moradores em Rio Doce, em Olinda, onde todos os sábados à noite
rolavam umas rodas de breakdance. Lá, conheci outro maloqueiro
aficionado a batidas electrofunk (Kraftwerk, Afrika Bambaataa,
Neucleus, Zapp, Grand Master Flash...) e soul music, chamado Chico
Vülgo. Na semana seguinte, fui levado por um amigo ao trabalho de
Chico (uma clínica radiológica no centro do Recife, em que numa
Jorge du Peixe sala com apenas um birô ele já tirava algumas batidas e mostrava
uns raps). Amizade selada, passamos a trocar ideias e a mostrar
nossas pequenas coleções de vinis e, na sequência, garimpar sebos
(a intenção era roubar os livros da estante de casa e vender nos
sebos para comprar discos novos ou usados).

Naquele tempo, lançavam-se Duck Rock, de Malcolm McLaren; Electric


Café, do Kraftwerk; e Planet Rock, de Afrika Bambaataa & Soulsonic
Force. O contato com esse tipo de música nos fez passar a frequentar
rodas de break nas ruas do centro do Recife (7 de Setembro, Avenida
Guararapes, Parque 13 de Maio) com gravadores gigantes puxando
energia dos postes com gambiarras – quando não dava para fazer uma
vaquinha para comprar pilhas. Fizemos a “Legião Hip Hop”, uma das
primeiras equipes de b-boys da cidade. O som era à base de fitas
cassete, às vezes tão mal gravadas que só dava para identificar as
batidas, mas era o que importava na ocasião.
residia, com Toca Ogam, Canhoto, Gira e outros batuqueiros) com a
De que lado você samba guitarra de Lúcio e o baixo de Dengue. Aí nascia a formação Chico
Science & Lamento Negro.
Com novas aquisições, tornando a discoteca cada vez maior, vieram
as festas. Franci’s Drinks, Adilia’s Place, Mauritztadt, Galeria ***
Joana d’Arc, Soparia e Oficina Mecânica serviram de palco. E, na base
do faça-você-mesmo, fazíamos os cartazes, os flyers, produzíamos, Mangue. Essa foi a palavra que ouvi de repente quando estava indo
divulgávamos e discotecávamos. Eram os caranguejos com cérebro de Olinda para o Recife dentro de um ônibus com Chico. “Não tem
bombando nas noites. Esse foi o começo da “diversão levada a jazz, mambo, soul? Então vou fazer mangue!!!” Daí para a frente
sério”, frase predileta e mote maior de Chico – por sinal, um a diversão ficou ainda mais séria. E, junto com Fred e Renato,
grande festeiro. fizeram o primeiro manifesto: Chamagnatus granulatus sapiens – ou
Caranguejos com Cérebro.
De 1986 a 1992, trabalhei numa companhia aérea. Morava praticamente
no aeroporto e passeava em casa. Nesse meio tempo vieram filhos, No começo dos anos 1990, numa folga do trampo quase escravo do
responsabilidades e pouco tempo para diversão. aeroporto, fui assistir a um show deles no Teatro do Parque, com a
banda ainda usando o nome Chico Science & Lamento Negro. Vi então
Mas Chico continuou sua peleja sonora. E nessas andanças pelo centro, a ciência evoluindo, os tambores ainda se ajustando, mas dava para
frequentando lojas para atualizar os ouvidos, ele ia conhecendo sentir o que estava por vir. Depois do show, fui ao camarim ainda
uma rapaziada que já tinha banda, como Fred Zeroquatro (a Mundo atordoado pelo que tinha visto. Chico, quase mordendo as orelhas
Livre S/A), Renato L. e Herr Doktor Mabuse, que nos mostrou outras com sua empolgação constante, vibrava. Troquei algumas ideias com
vertentes sonoras de sua coleção de vídeos e vinis. E dessas os caras e fui para casa pensando no que aquilo iria dar.
audiências nasceu o Bom Tom Rádio, com uma bateria eletrônica,
um baixo velho e scratches feitos num “três em um”, com o qual Alguns anos depois, recém-saído do emprego, fui convidado por
Chico já ensaiava suas intenções de futuro malazarte dos palcos. Chico para fazer parte do combo percussivo do que já se chamava
E, entre uma folga e outra, eu pude comparecer a algumas dessas Nação Zumbi, às vésperas de uma viagem para o Sudeste junto com a
jam sessions que adentravam a madruga na residência de Mabuse, em Mundo Livre S/A. Fizemos shows no Recife junto com a Mundo Livre
Casa Caiada, em Olinda. para levantar uma grana, e àquela altura havia umas gravadoras
orbitando a banda que nem mosca. A CSNZ já tinha uma boa projeção
No final dos anos 1980, em Rio Doce ainda, Chico conheceu Lúcio Maia na cidade e contava com apoio da mídia local. Essa empreitada,
e Dengue, que se tornaram parceiros nessas primeiras experiências que chamamos de Caravana da Coragem, foi feita de ônibus de linha
com banda. Nasceu então a Orla Orbe, que depois virou Loustal, até São Paulo – com várias aventuras, programas de TV, hospedagem
com uma formação convencional, tocando covers de soul, ska e rock em albergues, casas de amigos –, regada a galetos, cervejas,
dos anos 1970 e algumas poucas composições próprias. ressacas e muitos PFs.
Daí para a frente, Chico conseguiu um emprego numa empresa de O passo seguinte foi a gravação do Da Lama ao Caos, com contrato
processamento de dados da prefeitura do Recife, e o salário dele assinado e muitos planos. A lama se mexeu... O Recife mudou e a
era praticamente gasto com ensaios e gravações em estúdio. Na ciência de Chico começou a ferver... Até hoje.
mesma instituição, conheceu Gilmar Bolla Oito, que o levou ao Daruê
Malungo, centro de apoio à comunidade carente de Chão de Estrelas, XILA, RELÊ, DOMILINDRÓ!!!
em Peixinhos, entre Recife e Olinda, capitaneado pelo mestre Meia-
Noite. Nesse quilombo, crianças e adolescentes aprendiam capoeira,
música e outras artes. Lá foi feita parte da ciência de Chico:
o encontro dos tambores do Lamento Negro (um bloco afro que ali Jorge du Peixe, grande companheiro de Chico, segurou a onda da
partida do amigo e, a seu modo, com a Nação, deu continuidade,
transformou e ampliou os sonhos do parceiro. Além da música, se
dedica ao design e assina, junto com sua Valentina, a arte de
capas de CDs, cenografias e cartazes.
Mais do que uma sensib
ilidade privilegiada ou um
o Francisco França que eu a espécie de “antena am
conheci era um líder nato, bulante”,
urbano. Pelo que eu pude um entusiasmado ativista
avaliar, acredito que foi ba
convívio intenso com as seado principalmente no
diversas subculturas que
do século XX – na perife coexistiam – nas últimas
ria da capital pernambuc décadas
aquele talento extraordiná ana que ele foi desenvolve
rio para a invenção estéti ndo
no campo da música po ca. E, hoje não há quem
pular o meu parceiro “man duvide,
potencial mobilizador co gueboy” aprendeu a usa
mo poucos nordestinos r esse
de sua geração.

Não é exagero afirmar que sua criação suprema, o frontman Chico Science – um
mix de Flavor Flav (o endiabrado clown do Public Enemy) com caboclo de lança –,
reformulou para sempre, a partir de um diálogo consciente com a grande indústria do
entretenimento planetário, a representação da cultura jovem do Nordeste brasileiro
nas grandes esferas de interlocução globais. E o povo dessas bandas, sempre que
tem oportunidade, faz questão de revalidar o fenômeno. Como aconteceu, de forma
emblemática, poucos dias atrás.
Os ecos daquela quarta-feira, podem acre
ditar, ainda me acompanham. Eis uma data
que milhares de “mangueboys” relembrarã
o por muitos e muitos anos: 9 de dezembr
de 2009. Sim, eu estava lá, fui um dos quas o
e 100 mil privilegiados que participaram,
no Marco Zero do Recife, da gravação do
segundo DVD ao vivo da Nação Zumbi. A
festa não era só para celebrar a abertura de
um histórico e audacioso evento, no caso
a segunda edição da Feira Música Brasil. No
fundo, o que a maioria de nós pretendia
Fred Z naquela noite era compartilhar essa espécie
de orgulho coletivo, como se disséssemos
eroqua a nós mesmos: que outro lugar do mundo
tro pode dizer, com tanta propriedade, que é
o
legítimo depositário desse legado?

Quando eu subi no palco para cantar Rios, Pontes e Overdrives com Jorge du Peixe
e os outros parceiros da Nação, senti que a energia de Francisco França não só me
alimentava, mas era combustível de altíssima potência para todos aqueles alucinados
garotos e garotas (de todas as idades) espremidos na praça pública em pleno meio
de semana. E a herança maior que seus versos certeiros, seu carisma e seu senso de
ritmo incomum deixaram é justamente esta: depois de toda a avalanche estética
provocada pela disseminação da envolvente, sinuosa e fluida simbologia mangue bit,
a autoimagem dos pernambucanos jamais será a mesma.

Fred Zeroquatro viu o que era uma brincadeira de mesa de bar


se transformar em algo que mudaria para sempre uma cidade –
e a história da música brasileira. À frente da banda Mundo
Livre S/A, é Fred quem assina o primeiro Manifesto Mangue.
Tem quatro discos aclamados pela crítica, é casado com Maria
Eduarda e pai de dois filhos.
to)
(Manifes
Estuário. Parte terminal
de um rio ou lagoa.
Porção de rio com água sal
obra. Em suas margens
se encontram os manguezai
s, comunidade de plantas
tropicais ou subtropicais
inundada pelos movi-
mentos das marés. Pela tro
ca de matéria orgânica
entre a água doce e a sal
gada, os mangues estão
entre os ecossistemas mai
s produtivos do mundo.
Estima-se que 2 mil espéci
es de micro-organismos
e animais vertebrados e inv
ertebrados estejam
associadas à vegetação do
mangue. Os estuários
fornecem áreas de desova
e criação para dois
quatro terços da produção anual
de pescados do mundo
Zero inteiro. Pelo menos 80 esp
Fred importantes, dependem dos
écies, comercialmente
alagadiços costeiros.
Não é por acaso que os man
gues são considerados
um elo básico da cadeia ali
mentar marinha. Ape-
sar das muriçocas, dos mos
quitos e das mutucas –
inimigos das donas de cas
a –, para os cientistas
os mangues são tidos como
símbolo de fertili-
dade, diversidade e riquez
a.
foi fundada
co st eira onde Recife lsão dos
A planície is ri os. Após a expu
r se cidade
é cortada po lo XV II, a (ex-) custa
holandeses,
no sé cu
ce r de so rd enadamente à
ssou a cres ruição de
“maurícia” pa di sc ri mi na do e da dest
o in
do aterrament
ueza is.
seus mang uma
desv ar io ir resistível de
Em contrapart
ida, o ou a cidade
“p ro gr es so”, que elev ou a
cínica noção
de
” do No rdes te, não tard
“metrópole
ao posto de
fragilidade.
revelar sua ória
no s “v en tos” da hist
quenas muda
nças e econômica
Bastaram pe s si na is de escleros
primei ro . Nos
para que os io do s anos 1960
assem, no in íc aliada à
se manifest ro me da estagnação,
anos a sí nd levado
últimos 30 “m et ró po le”, só tem
do mito da miséria e
permanência el er ad o do quadro de
nto ac
ao agravame
ba no .
caos ur
semprego
ma io r índice de de
m hoje o mora em
Recife deté ta de do s habitantes estudos
is da me instituto de
do país. Ma Se gu nd o um
ta pior
agados. hoje a quar
favelas e al in gt on , é
s de Wash
populacionai viver.
ndo para se
cidade do mu
Os mangueboys e as manguegirls são indivíduos
interessados em quadrinhos, TV interativa, anti-
psiquiatria, Bezerra da Silva, hip hop, midiotia,
artismo, música de rua, John Coltrane, acaso, sexo
não virtual, conflitos étnicos e todos os avanços
cia! da química aplicada no terreno da alteração e
Emergen Um choque rápido ou
Recife morre de
saber que a
expansão da consciência.
iso ser médico para
infarto! Não é prec ra r o coraçã de um
o sujeito
si mp le s de pa
maneira mais pido, também, de
ias. O modo mais rá
é obstruir suas ve de como Recife
ar e es va zi ar a alma de uma cida
en fa rt ios. O que
se us ri os e aterrar seus estuár
é ma ta r a que par-
ra nã o af un da r na depressão crônic
fazer pa deslobot-
ci da dã os ? Co mo devolver o ânimo,
alisa os de? Simples!
as baterias da cida
omizar e recarregar en ergia na lama e es
timular
r um po uc o de
Basta injeta veias de Recife.
de fertilidade nas
o que ainda resta
e articu-
de 19 91 , co meçou a ser gerado
Em me ad os pesquisa
vá ri os po nt os da cidade um núcleo de
lado em rar um
de id ei as po p. O objetivo é engend
e produç ão as vi-
en er gé ti co ”, ca pa z de conectar as bo
“circuito l de circulação
s com a rede mundia
brações dos mangue a antena para-
Imagem símbolo: um
de conceitos pop.
lama.
bólica enfiada na
Hilton Lacerda

portante para
Essa identificação é im
da a uma uco dinheiro.
A cidade de Olinda fica na região mim por ter dado a lar ga Eram anos de muito po Livre S/A) se encontram
. Um vinha com
bastante curta e
frente de ataque cu ltu ral A informação era rasa, sua herança da black
music e do hip
metropolitana do Recife. De tão an os 19 90 no E era ne ss e cenário que hop (junto com seus co
próximas, podemos dizer tratar-s representativa dos conformada.
ra explosiva
mpanheiros
uenciam a
e de Brasil (e seus ecos ain da infl Fred ensaiava sua mistu Jorge du Peixe, Lúcio
Maia, Dengue e
uma cidade dentro da outra. anarquicamente o DJ Aranha). Do outro
cultura contemporâne
a). de mensagem cerebral lado, a herança
Com Jaboatão dos Guararapes com uma busca
não construída em parceria anarcossambista e pu
nk rock dos
é diferente. A primeira fica ao nor ranguejos já os populares. Montenegros e seus se
te Mas antes disso os ca incessante de conceit guidores. O caldo
do Recife, e a segunda, ao sul. s existiam. sempre esteve, principia a engrossar.
estavam soltos. As tra ma A periferia estava onde E aí, num cenário
O mar transforma as três cidades os 1980, o “Rato” ado ainda sem bem diferente, os caran
Desde o início dos an mas mandava seu rec guejos começam
em um lugar único. negro – mais tava chegando. a esboçar um cérebro.
(apelido de Fred Monte canal. Mas o canal es
a colocando mo símbolo de
tarde Zeroquatro) já es tav E a ideia do mangue co
E foi em Olinda, em 1991, que ass scente a em andamento. O início dos anos 1990
à primeira apresentação da banda
isti sua imaginação eferve diversidade já estava trazia uma
da nç a mais radical ressaca sem proporçõ
Chico Science & Lamento Negro serviço de uma mu es. Uma eleição
rnambuco, (o primeiro pleito direto
transformada em Nação Zumbi).
(depois na cultura oficial de Pe para presidente
ce ss os desde o golpe militar
dominada pelos ex de 1964) tinha
O lugar chamava-se Oásis – nom ento armorial. , Recife centraliza levado ao poder o qu
muito apropriado. E o show abria
e tradicionalistas do mo vim No fim dos anos 1980 e considerávamos
embalava, desde o encontro entre os mu
ndos de – pelo menos assim ac
Mundo Livre S/A (Fred Zeroquatro
para a A Mundo Livre S/A já de Olinda. mais conserv redito – a parte
na de fãs. ara rap es e
como 1984, uma pequena fau Jaboatão do s Gu adora de nossa política
.
líder). Naquele momento, na prá r trás daquele ipam desse Mas o que parecia da
o movimento mangue se tornava
tica, Pessoas que estav am po Várias pessoas partic be noso serviu de
ssitando de o Orla Or alimento, a vitamina qu
(público pequeno e interessante).
público cenário magrinho, nece momento. Chico (com ndo e faltava.
go rda r. ) e Fre d (se mp re Mu
vitaminas para en e o Loustal
uma possibilidade, levou ares des
se
Logo depois do Da Lama ao Caos, cosmopolitismo de pobre para o
mundo.
vieram o Samba Esquema Noise (Mundo Claro que isso pipocou, com mai
or
Livre S/A) e Mestre Ambrósio (Mestre ou menor brilhantismo, em várias
cérebros dos carangu partes
ejos desejavam. do planeta. Mas o mangue teve
Fred Zeroquatro, Rena Ambrósio). Esse pequeno panorama já algo
to L. (“ministro muito interessante: o constante
da informação do mang é capaz de descortinar a diversidade do interesse
ue”) e Chico no universo tecnológico como form
Science na vanguarda movimento, que se irmanou com outras a
. Em volta deles de mudança, como instrumento
estavam os diluidores correntes artísticas, como as artes de
do movimento. transformação. Batidas envelhecem
E que uma coisa fique plásticas e o cinema – esse namoro , os
clara: o mangue bits rejuvenescem todos os dias
não é um tipo de músic começou com os curtas-metragens .
a, mas uma
frente que foi capaz de Maracatu, Maracatus (Marcelo Gomes)
abrir brechas de Mas uma coisa que instiga é o pap
A junção dos fatores fortalecia visibilidade, antenar a e Cachaça (Adelina Pontual) e com el da
periferia com o periferia (em todos os níveis de rela
a necessidade de uma alavanca mundo e trazer esse mu o longa Baile Perfumado (Paulo Caldas e ção).
ndo de volta. A vez foi ocupada pela insistência?
que tirasse nosso mundo daquele Lírio Ferreira). E uma manifestação não
estava atrelada à outra: foram circuitos Tem a ver com o momento históric
isolamento. O mundo virtual estava Não só o público come o?
çou a prestar A periferia agora é mercado? Tod
batendo na porta. O bitnet já mostrava atenção naqueles me paralelos que desaguaram no as
ninos, mas as essas questões, e mais algumas
um canal. Faltava isso se alargar. gravadoras se colocara mesmo rio. , juntas?
m à disposição Aí deixo minha dúvida em vez de
Questão de tempo – que não demorou (tudo tem seu ônus). Ch minhas
ico Science & certezas. Há muito cientista social
muito. E foi aí que aconteceu o show Nação Zumbi saem na
frente: em 1994 deitado sobre o tema. Eu fico da
do Oásis. Depois disso... lançam o disco Da La janela,
ma ao Caos (isso ganhou chance la de que rendo fazer parte, e torcendo par
mesmo – disco). Eu e O mangu e bit a
Helder Aragão que os discursos sejam mais
(DJ Dolores) fomos co batida. Sua dimensão alimentou
nvidados pela e mais radicais. E que dos excess
banda para elaborar o discussões apaixonadas. Alguns os
projeto gráfico caminh o, mas o e da banalização possamos descob
O Manifesto Mangue, junto com do disco. Formávamos ficaram pelo rir
uma dupla de
uma viagem para São Paulo, em criação chamada Dolor movimento continuou a influenciar uma um novo mundo, que balança
es & Morales nas pontas para reverberar ali,
1993, catapultou o mangue de uma (e assim o projeto foi gama de acontecimentos culturais
assinado). Um até hoje – seja por bem no centro.
exacerbação local para o patamar trabalho conjunto foi po que reverbe ram
sto em prática. , seja por afirmar
de excelência exigido pela província Muita gente interessan concordância
te em volta e uma Hilton Lacerda é roteirista. Assina
Recife. A recepção mais que positiva resistência constante sua superação. de Baile Perfuma
os roteiros
da gravadora. do (1997), Texas Hotel (1999),
na pauliceia (Xico Sá, Bia Abramo e Mas deu certo. O disco Amarelo Manga (2002) e Baixio das
saiu e até hoje Bestas (2007).
Alex Antunes ajudando a balançar esse está como um dos mais impo Mas o que realmente é importante É o Morales da dupla Dolores &
Morales,
rtantes da aí? Para mim foi o canal aberto na que dirigiu os primeiros clipes da
coreto) abriu as portas da própria casa. música brasileira contemporâ a exemplo de Maracatu de Tiro Cert
cena mangue,
nea. periferia: o alto-falante que, a partir de eiro (Chico
Recife agora era a Manguetown que os Science & Nação Zumbi) e Samba
Esquema Noise
(Mundo Livre S/A).
h.d. mabuse

Uma metáfora foi criada em mea


dos
de 1991, representando a relação ,
direta entre a riqueza do ecossis Acreditamos, caro leitor
as coisas
dos manguezais recifenses e a cen
tema que não é assim que
ia direta
a acontecem. A influênc
pop que na época florescia entre ue pode ser
cidades de Olinda, Recife e Jaboatã
as da metáfora do mang
de ações
o observada como motor
dos Guararapes. Muito foi escrito à sua influência,
o assunto, mas a crença de que
sobre das pessoas expostas
am ento
faltam alguns pontos importantes
ainda direcionando o comport
mi os
nh
a ser explorados e o entendimento dos indivíduos e os ca
r grupos
de sua centralidade no que que foram tomados po
se desenrolou desde então levaram sociais e instituições. Assim como existe um
a conjunção
a constelação
à criação do presente texto.  do mangue? de circunstâncias e um
E do que fala a metáfora ibilitam a explosão
nid ades de influências que poss contemporânea. Essa
De água salobra, comu de vida nos estuários do
Recife, também combinação levou
Neste momento, antes de continu su btr opicais a uma modificação do
nossa viagem ao centro do man
armos de plantas tropicais ou s marés, uma diversidade de fat
ores, por meio de eixo da indústria
en to da fonográfica de então, ab
gue, inundadas pelo movim vários professores,
cabe alinhar os entendimentos sob e riq ue za. várias tradições pop e para a produção não só
rindo caminho
metáforas: somos levados, como
re fertilidade, diversidade estudantes e amigos, alim
entou o do Recife, mas
sa io, de todo o Norte e o No
que Para nosso pequeno en caldo cultural enormem
en te complexo rdeste, não apenas
por hábito, a considerar o uso dela nto de partida na música, mas em for
s vamos tomar como po que permitiu uma tão im
pro vável mas de expressão
na poesia ou na retórica, ou seja ora o papel artística tão diversas co
no exercício exclusivo da linguag
, sempre da análise dessa metáf combinação na produçã
o mu sical mo moda, cinema,
ss o. literatura e software.
em. do acaso nesse proce
uma comunidade de software livre
militante no melhor estilo punk
do Recife, recebi um telefonema
músicas como A Cidade e intenções do faça-você-mesmo e uma indú
anunciando que mais uma vez o acaso stria
que deram no coletivo de criação pautada diretamente pelas ideias
(na forma da troca de um carro ou de
Re:combo foram gestadas). No início do mangue, com o entendimento
um cinto de segurança quebrado) tinha
dos anos 1990, um salto: depois de nos de que, se foi possível promover
interrompido, de forma brutal
mudarmos para o Edifício Capibaribe, essa mudança cultural e de negócio
e precoce, a vida de um amigo s
na Rua da Aurora, e com o convívio na indústria fonográfica, o mesmo
e seu fluxo vertiginoso de produção,
diário, pude presenciar sua capacidade é possível na indústria do softwar
que mal tinha começado. e.
de construção de complexas redes de
significados. Se o conhecimento dos As mudanças produzidas pelas idei
Neste momento peço que o leitor volte à as
aspectos biológicos dos manguezais e pelos conceitos tecidos por Chi
metáfora do mangue: o ciclo co
estava mais aprofundado em Fred, o e outros, depois de tanto tempo,
Em um dos vários centros desse de transformações da vida que borbulha
batismo do que ainda era entendido já chegam a nos passar
ecossistema em forma de rede estava nos manguezais, os processos químicos
como apenas um ritmo foi de Chico. despercebidas. Mas elas continu
Chico. Encontramo-nos a primeira vez que ocorrem nos líquidos viscosos, am
mudando a nossa realidade, a cad
pelo capricho do acaso, em uma das grãos sólidos e bolhas gasosas, a
Com uma velocidade que nos passou dia e em várias proporções, é só
gravações de um programa de rádio a contínua transformação líquida. dar
despercebida, por estarmos no mesmo mais um passo à frente e ter sem
produzido por Fred Zeroquatro. Um pre a
movimento, todo o tecido de sentidos mente na imensidão.
Chico que ainda assinava como Vülgo Agora, com um distanciamento de mais
tomou forma. E assim as conexões
apareceu com discos de Biz Markie, de uma década dos fatos ocorridos,
entre teoria do caos, funk, Josué de
Afrika Bambaata & Soulsonic Force podemos dimensionar os efeitos Herr Doktor Mabuse é o codinom
Castro, samba, guitarras pesadas, punk,
e a trilha de Beat Street (1984) embaixo desse processo: a produção musical Carlos Arcoverde, webdesigner pern
e de José
faça-você-mesmo, hacking, subversão ambucano
do braço. O interesse pela música negra, pernambucana continua uma das mais e “ministro da tecnologia” do mov
no entretenimento, maracatu, internet, imento mangue.
e pela eletrônica alemã e a proximidade ricas do país, no momento enfrentando Foi Mabuse quem apresentou a turm
a de Rio
psicodelia, ficção científica e estados Doce (Olinda), Jorge du Peixe, Chic
geográfica (ele morava em Rio Doce (e aproveitando) os novos desafios o Science e
alterados estavam informadas na música. Lúcio Maia, àquela de Candeias (Jab
e eu em Casa Caiada, bairros de Olinda) de uma mudança radical na indústria Guararapes), Fred Zeroquatro e Rena
oatão dos
to L. (o
nos uniram e pavimentaram o caminho fonográfica. O cinema ganhou uma força “ministro da comunicação” do mov
Naquele momento, vários motivos imento).
para a amizade. que não se via desde o início do século
acabaram me afastando do convívio
passado. Novas praias e portos surgiram
de Chico e de muitos outros amigos
Em meados de 1987, junto com Jorge para reforçar as conexões entre arte
queridos. Então, em fevereiro de 1997,
du Peixe, em tardes com pouco dinheiro e tecnologia. Da produção de games
a mais de 3 mil quilômetros de distância
e muita vontade, montamos o Bom aos softwares, vimos o surgimento de
Tom Rádio (espécie de laboratório onde dois grandes fenômenos:
A BECA
DJ Dolores

Me encantam os nomes das


ruas, dos bairros e das
favelas do Recife: Linha do
Tiro, Planeta dos Macacos,
Entra a Pulso, Roda de Fogo,
Rua da Harmonia, da Amizade,
das Flores ou simplesmente
– não estou inventando, é
verdade! – Rua da Merda.

Eu morava na Rua da Aurora,


de frente para a Rua do
Sol, separadas pelo Rio
Capibaribe, que, reza a mania
de grandeza do recifense, se
junta ao Beberibe para formar
o Oceano Atlântico.

Naquele dia Chico vinha


de Rio Doce, um bairro
culo
popular de Olinda. Para chegar ao meu minús
andav a uns
apartamento, ele descia na Cabunga e
matad or que
quatro quarteirões embaixo desse sol
pensa r nesse
nos torra diariamente. é importante
a pé,
trajeto longo, primeiro de ônibus e depois
fanta siado,
porque o sujeito estava completamente
eu chama ria
usando um figurino que, bondosamente,
apenas de maluco.
va
Recife, “a maior cidade pequena do mundo”, culti
seus doidos de rua com pão, cachaça e pedras;
o
portanto, é espantoso que ele tenha sobrevivid
limpo e sem
sem um galo na testa, impecavelmente
rasgões na roupa.
e
Deixe-me descrever o que vi: na cabeça, aquel
enormes com
chapeuzinho de palha sem aba e óculos
de conta s
pinta de brechó; no pescoço, um colar
meio com sabor de candomblé; a camiseta, uma
Hering branca, contrastava, por ser discreta,
se
com uma calça folgada de chita florida, que
um meião
encerrava no meio das canelas, mostrando
que descia até um tênis conga.
o de pulso e, O objetivo daquele encontro era a primeira
Bom, havia os anéis, o relógi
de b-boy, suingada entrevista para a MTV, a mais importante
para completar, a munganga
fonte de informação musical naquele Brasil
e flutuante.
sem internet, alimentado por revistas
issível ver amadoras e jornalistas picaretas.
Hoje seria completamente adm
tura de
alguém vestido com aquela mis
ar/b-boy do Parque A roupa de Chico contrariava e,
trabalhador da cana-de-açúc
endam, era o consequentemente, inovava um estilo de se
13 de Maio, mas, amigos, ent
pela primeira vez vestir dentro da cultura da música pop
começo da década de 1990, e
personagem que o brasileira. Especialmente pela ocasião,
vimos Science encarnando o
havia uma forte ironia, pois a MTV chegou
consagraria.
formatando, ensinando a molecada como se
o, cantor vestir de roqueiro, clubber ou b-boy, e a
Estavam comigo Fred Zeroquatr
L., também roupa de Chico rompia com os parâmetros
da Mundo Livre S/A, e Renato
da informação trazidos por quem ia entrevistá-lo. Seu
conhecido como o “ministro
geral, assim como forte senso de comunicação impunha um
do mangue”. A surpresa foi
oquatro também conceito baseado no maracatu rural com o
a galhofa. E verdade que Zer
na roupa, como background de dançarino de break beat.
usava uns adereços bizarros
eno rme chapéu Estava lá um manifesto inteligente e
chips e botons, além de um
se perto da original, dialogando com a essência do pop
de palha, mas nada que chegas
internacional ao mesmo tempo que falava com
excentricidade de Science.
o povão castigado do interior.

Os ecos da nossa “greia” – assim a chacota


é chamada no Recife – se perderam no tempo,
mas aquela roupa insólita vai ficar na cabeça
das pessoas até um futuro que a vista não
alcança.

Dj Dolores é o nome de Helder Aragão,


sergipano que chegou ao Recife na década de
1980 e se tornou ativista da cena mangue.
Elaborou cartazes e panfletos de festas
sensacionais, dirigiu com Morales (Hilton
Lacerda) os primeiros clipes da época e
concebeu a capa do primeiro disco de CSNZ.
Renata Pinheiro é artista contemporânea, diretora de arte e cineasta. Dirigiu o premiado Superbarroco (2009), com várias participações em festivais internacionais
como a Quinzena dos Realizadores, em Cannes, e o Festival de Havana. Com Chico Science, aprendeu que basta um passo para sair para o mundo.
O cotidiano do Recife segundo a utopia mangue, representado graficamente por Dolores & Morales.
HQ feita sob encomenda para o encarte do disco Da Lama ao Caos
estética no mínimo repetitiva, qua
ndo
não simplesmente patética. De out
ro,
nossa geração, para o bem e par
a
o mal, era mais internacionalizada
Bia Abramo do que a anterior, o que significa
va,
nos anos 1980, que sentíamos
o nacionalismo estreito como uma
prisão. Queríamos estar onde a
juventude do mundo estava – e um
desses lugares era o rock e a mús
ica
pop revoltas depois do punk ingl
ês;
outro era o cinema de Martin Sco
vez No front cultural, os anos 1990 tam rsese,
Não me lembro bem da primeira bém Francis Ford Coppola e Wim
Wenders; e
nce . representavam uma espécie
em que vi ou ouvi Chico Scie um terceiro era toda a literatura nor
de contrafluxo. Para minha turm te-
Lá se vai algo entre 15 e 20 anos. a, americana e inglesa que a Brasilie
certa pelo menos. Na década anterior, nse
É fácil, entretanto, reconstituir com começava a editar.
riss aram tínhamos tentado construir uma
precisão em que mundo ater síntese
e S/A entre as diversas forças históricas
Chico e Nação Zumbi, Mundo Livr Ou seja, queríamos ouvir rock
turm a que nos formaram.
e Fred Zeroquatro e toda a aparentado com o pós-punk ingl
uida. ês
pernambucana que veio em seg (sabíamos que punk, punk mesmo,
não
dava para ser, inclusive por uma
o. questão
O início dos anos 1990 foi estranh de classe), mais intelectualizado
tas em do que
Tínhamos tido eleições dire aquele pop que já começava
sido De um lado, havia o compromisso
1989, finalmente, mas tínhamos (não a tocar no rádio, mas que
, de certa
ro, filho escrito, é claro, mas profundame
derrotados: o eleito era o out nte forma, fizesse a crítica da música
arraigado) de continuar sendo de
da elite mais atrasada, arrogante, brasileira e, por fim, que ainda foss
oposição, do contra, de esquerd e
cheirador, provinciano. Em 1992, a. de esquerda. O projeto parecia
tra Mas as alternativas formuladas pela
a aposta do centro e da direita con complicado, mas os mais habilido
r águ a, cultura brasileira dos anos 1960/1 sos
PT e Lula começava a faze 970, e corajosos entre nós esta
vam
a tanto em sua vertente mais naciona
e já, de novo, voltávamos à rua par lista inspirados e embalados pela
palavra
nan do e de resistência como em sua vert
pedir o impeachment de Fer ente de ordem punk – faça-vo
cê-mesmo –
mais hedonista, hippie, patinavam
Collor de Mello. e, portanto, parecia possível.
numa espécie de autocondescen
dência
fez uma
E foi, de certa forma. São Paulo combativo, mas profundamente
ligado uma enorme admiração pelo
oun d dive rtid a, cria tiva, à questão racial.
cena undergr que eles haviam feito – e como
e resp eitá vel. Ten tou criar,
“de oposição” gostaríamos que alguém conseg
tory,
espelhado na experiência da Fac Só que aí vieram Chico e Zero, com uisse
atar as pontas entre a tal linha evo
, um circ uito alte rna tivo um manifesto a tiracolo. Ficamos lutiva
em Manchester proposta pelos tropicalistas,
os; tom ou de ass alto eufóricos. Eles tinham um manifes
de shows e disc to e interrompida, de alguma forma,
o
a revista de uma grande corporaçã de verdade, tinham armado uma
cena em algum momento da década
com o se esti ves se num que não era limitada à música (tinh
e fez política a de 1970, e os novos tempos. A ger
ável.
fanzine; provocou um barulho razo cinema, moda e cibercultura), fala
vam paulistana dos anos 1980 era de
ação
os
Éramos, entretanto, muito precári em computadores ainda na auro
ra da combate e de negação, o mangue
diante da máq uina da indú stria internet, faziam pop brasileiro de beat,
te ares uma retomada mais invocada
fonográfica e muito arrogantes dian cosmopolitas, tinham uma percus
são do tropicalismo, e Chico, seu hom
do público, que pre ferir ia a vers ão que, aqui no Sudeste, soava nov em
a de frente e capaz de peitar o long
s teen
mais salerosa (Paralamas) ou mai e vibrante e, ainda por cima, tinh
am reinado de Caetano & Gil,
o
) ou mai s qua dra da (Titãs) sido influenciados por aquela mes
(Legião Urbana ma Chico & Milton na MPB.
dessa inquietação. cena que, anos atrás, minha turm
a tinha
inventado. Eles eram inteligentes
O diabo é que Chico se foi cedo
e articulavam muito astutamente demais,
e não deu tempo para tudo isso.
sua intervenção na imprensa.
Nem sei nem temos como saber
Eram de esquerda.
se esse nosso plano para ele bat
ia
com os dele. Desconfio que pelo
Nos anos 1990, todo esse cenário Era como se aquele esforço de sínt
ese menos parcialmente sim.
estava sendo desmontado. Várias de alguns anos antes tivesse dad
o frutos
burros
das bandas tinham dado com os de uma maneira inesperada e mui
to,
fora m par a gra vad oras. mas muito, melhorada.
n’água quando Bia Abramo é jornalista e professor
dade.
Outras tinham cansado da obscuri
a
das Faculdades de Campinas (Fac
amp).
o.
A entrada da MTV iria mudar tud E Chico era, digamos assim, o cara Nos anos 1980, trabalhou na revis
ta Bizz
cria tivo do rock que vinha da cena roqueira, pop e, na década de 1990, foi editora
E mesmo o eixo , dos cadernos
Folhateen e Ilustrada, da Folha de
e do pop tinha se deslocado da que mais tinha condições de tran
sitar Junto com os jornalistas Alex Antu
S.Paulo.
, nes e Xico Sá,
Inglaterra para os Estados Unidos no coronelato da MPB. Apesar representa a recepção mais do que
positiva
cia do gru nge , anti - de nossa postura crítica em relação da pauliceia à cena mangue.
com a emergên
exc elên cia, e do hip hop, à geração dos 1960/1970, tínhamo
intelectual por s
(Com base nas músicas Amor de Muito e Risoflora,
de Chico Science & Nação Zumbi)

A ferrugem da espera nos olhos da mulher feita.


E agora?
O que sobrou para dizer um ao outro?
Só areia e lonjura.
Nem as tentações e as vagabundagens foram submetidas, o que daria algum Ele pensou “dois perdidos no paraíso”, mas nada disse, de tão besta e óbvio que seria
suspense na história. Foi uma ausência engolida a seco. E pronto.
quebrar o silêncio com uma loa tão morna.
Se olharam, se olharam.
Será que havia jeito?
Cada qual com seus “lá dentros” pedrados de arrecifes.
Ele pensou em outra coisa:
Ela ainda tentou achar no corpo dele um cravo que só ela – e mais nenhuma rapariga –
“Eu sou um caranguejo e estou de andada. Só por sua causa”.
conseguia espremer em suas tardes de calma e ternura.
Já era algo, mas ela não sabia mais ler os seus pensamentos.
Ele não se moveu do canto e parecia afundar em suas movedices de criança.
Aí uma brisa intriguenta bafejou nos seus cangotes uma pergunta: Coisa triste, repita comigo.
— Por amor ou por besteira? Ele pensou melhor: "Quem sabe molhando as ideias com uma cerveja".
Ele só quer escutar o que ela quer dizer. Não havia um mascate da espumosa a léguas.
Ele tem uma tatuagem de Corto Maltese no lado esquerdo do peito. Teria magoado a moça ao ponto?
Balada do Mar Salgado, ela decifra. Lembrou que havia um samba de regeneração batucando na cabeça. Aí tem coisa, suspeitara.
Seu coraçãozinho de maria-farinha à milanesa não sentia amor nem cócegas de tanto aperto. Havia feito sim uma promessa.
DE MUDAR DE VIDA.
Mas como todo homem: memória gasta pela ferrugem do desleixo.
Flores apenas para enfeitar o pós-barraco.
Movediço na frouxa areia da sabotagem.
Chega.
Tramela nos ares, som forte de batida de porta.

Ilustração: a partir de desenho assinado por


Renata Pinheiro para este fanzine
Ele afundava com seus pés de pato movediços. Ela ainda tentou dizer coisas.
Mas ele não estava mais à sua altura.

A menina que esperava o seu homem chegar havia perdido as graças do mar.
Aí ela disse ao vento: "Por que ele está aqui mesmo?".
Deu vontade (nela) de escrever no balãozinho tatuado do Corto Maltese: A menina que esperava o seu homem chegar havia perdido as graças do mar.
"Eu sou um marinheiro fuleiro!". A menina que esperava o seu homem chegar havia perdido as graças do mar.
O mar devolvia à praia esculturas do acaso, como em uma antiga exposição
do artista Paulo Bruscky. Ela gostava.
(Repete até o completo entendimento do sujeito!)
A tarde mais longa do século.
Quem sabe a breguice de um belo pôr-do-sol nos tire dessa,
ela em raro tic-tac de esperança.

Uma romântica?
"Antigamente", ela respondeu ao seu próprio desconfiômetro.

A menina que esperava o seu homem chegar havia perdido as graças do mar.
Eduardo BiD

Conheci o Ch
ico em um ôn
ainda tocava ibus, em 1995,
na banda Prof quando eu
era o Sesc Ba es sor An tena. O destino
uru, no interi
longa viagem or de São Pa
de ida e volt ulo, uma
Não conhecia a, partindo da
o som deles, capital.
só tinha ouvi
O percurso no do falar.
s permitiu um
e planos musi papo sobre mú
cais. Ali nasc sica
resultou na ia a parceria qu
produção do e
tão especial
disco da Naçã segu ndo
o Zumbi, o Af
rociberdelia
.
Chico continuou firme em tra
balhar comigo, e para nossa
a gravadora terminou compra felicidade
ndo a ideia. Rapidamente, est
estúdio Nas Nuvens, no Rio áva mos no
de Janeiro.

Para engordar o som, chamei o


G-Spot, um engenheiro de som ame
trabalhou com grandes nomes ricano que
do hip hop e do rock no estúdio
ro, Chico e Jorge du Peixe Battery, em
Um mês depois desse encont Nova York. E, com meu computado
r, samplers e toca-discos unidos
toriais de
para umas sessões labora à incrível
passaram no meu estúdio eitura de
musicalidade e ao conceito da
Nação Zumbi, mergulhamos fun
ros nasceram Macô e a rel do, com liberdade
novos sons. Desses encont e expressão, no universo do Afr
la Caju Castanha.
& ociberdelia.
Roda Rodete Rodeano, da dup
Os três tambores receberam o
rs, os tratamento merecido: três mic
clara: os beats, os sample rofones para
Ali, uma coisa já estava bem orçari am
cada um, sendo um colado no
corpo do tambor, um captando
es se encontrariam e ref a pele bem de
scratches e os sintetizador magia
perto e o outro afastado, peg
ando a sala. O peso dos tambor
Bolla 8 e do Toca Ogan, a es do “ao vivo”
a força rítmica do Gilmar Den gue.
finalmente estava ali, sendo
gravado. Chico ficou vibrante.
a e a solidez do bai xista
da guitarra de Lúcio Mai a
codelia se uniriam para
Maracatu, África, rock e psi Os metais de Tiquinho, Hugo
Hori, Bidinho e Serginho Tro
Asimov
estaria por vir. Até Isaac mbone
nova etapa do grupo que no céu.
entraram em faixas como Pei
Santos Dum ont xinhos e Amor de Muito. Outra
mudança
marcaria um encontro com significativa: o rufar da cai
xa tocada pelo virtuoso Pup
ocupou o lugar do Canhoto ilo , que
duzir o um pouco antes do início das
convite do Chico para pro gravações e
Fiquei muito feliz com o mus ical
passou a ter a companhia de
um Hi-Hat e um bumbo.
Vivíamos em um universo
segundo disco da banda. Jorge
do os mesmos sons. Era só
muito semelhante, curtin Tri cky,
Lembro-me bem da rapaziada leva
ndo gelo no término das sessões
o, KRS-1, Sugarhill Gan g, de
Ben das antigas, Willy Bob dei ras.
gravação para tomarem água
fresca no casarão de Santa Tere
ango e outras doi sa ond e
Goldie, Kraftwerk, Mano Dib Chico e Nação estavam hosped
ados. Lá, a falta de uma geladeir
viria um disco porrada. a
Estávamos certos de que e colchões bem distribuídos no
chão ilustravam um clima de
acampamento de refugiados, ond
Sony e nem uma tevezinha rolava.
ido nenhum disco antes, a
Como eu não havia produz Lembro-me ainda que chovia mui
to, e a luz acabava quase
dutor, me
ter me escolhido como pro
Music, surpresa por Chico em que a
que diariamente no estúdio, inte
rrompendo as sessões,
ia era preparar uma demo
mandou para o Recife. A ide o gravar.
cortando o barato e atrasando
um pouco a entrega
o que estávamos planejand
gravadora pudesse ouvir do disco para a gravadora. Tal
vez a força e a
re elas Cidadão do Mundo,
Samba
Voltei com sete músicas, ent sões de
energia que apareceram no disc
o venham desses
foi criada durante as ses
do Lado e Peixinhos, que walkman
perrengues que rolaram durant
e a gravação.
da polícia – que levou o
gravação e após uma dura de compra.
não estar com a nota
do Gilmar Bolla 8 por ele
Acervo Soulcity:photos
Nesse dia maluco, quem caiu de paraquedas no estúdio foi o produtor Mário
Caldato Jr. (do Beastie Boys e do Jack Johnson), que, de férias no Brasil,
acabou passando o resto daqueles dias com a gente. Ele pirou no Chico.

Quando terminamos a mixagem, foi uma festa. Fizemos uma audição e


celebramos o resultado. A missão estava cumprida. Comprei uma “champa”
Dom Perignon e brindamos todos na cozinha da Soul City, minha produtora,
com copinhos na mão e em pequenas doses, já que éramos nove. Saúde!

Com o disco nas mãos, viajei com Chico para Los Angeles e Nova York,
onde mostramos pessoalmente as músicas ao David Byrne, na gravadora
Luaka Bop. Recebemos os aplausos e o convite para lançarmos o disco
na Europa, no Japão e nos Estados Unidos. Infelizmente, a gravadora
nacional, que tinha prioridade nesses territórios, cresceu o olho. O
lançamento de Afrociberdelia aconteceu ao lado de artistas como
Julio Iglesias e Gloria Estefan. Foi um grande erro.

Coloquei o CD Afrociberdelia para ouvir enquanto escrevia este texto


e fiquei emocionado por me lembrar das gravações, dos sentimentos e
Acervo Soulcity:photos
da coragem que tivemos no processo todo desse trabalho. Como o disco
ainda é atual e à frente de seu tempo! Escuto vários detalhes nos
e eu morando arranjos e nos interlúdios, com experimentações e muita viagem. E a
rugadas adentro em estúdio,
Terminada a temporada de mad s de um mês, pura verdade acima de tudo.
ação de Copacabana por mai
em um hotel meio zoado no cor o disco.
fomos para São Paulo mixar
Hoje, recordo bem minhas conversas com o Chico sobre como preparar
s ele tinha de a molecada, a geração interessada em música e que estava por vir,
seria feita pelo G-Spot, poi
Para ganhar tempo, metade pelo Luís
ras músicas seriam mixadas para o que vinha por aí. Tenho certeza de que, de alguma forma,
retornar a Nova York. As out h.
Paulo Serafim, do estúdio Mos conseguimos, com o poderoso e atemporal Afrociberdelia.

a gravar
no Mosh, fomos convencidos Obrigado, Chico, pela oportunidade, pela amizade e pela confiança.
No primeiro dia de mixagem tínhamos
ca. Já E por ter aberto essa porta que é hoje minha vida e meu trabalho,
y achava que era radiofôni
Maracatu Atômico, pois a Son porque o
Mautner, mas a descartamos com muito amor e orgulho.
tentado gravar a música de Air, dos
rodução, I Am the Sun I Am the
sampler que usaríamos na int em uma
al das contas, eu mixava Man
guetow n
Smiths, não ficou bom. No fin tu Atômico em
mo tempo que gravava Maraca
sala, com o Luís Paulo, ao mes
outra, com o G-Spot.
Eduardo BiD é músico, produtor musical e pai de família. Trabalha em sua
produtora, a Soul City (www.soulcity.com.br), e vive em São Paulo. Produziu
o CD Afrociberdelia, um desafio na tentativa de captar o som das alfaias. A
experiência foi considerada “incrível” por aqueles que a viveram.
ILHO
MEND ONÇA F
KLEBER

Numa misteriosa ação de expressão


artística não coordenada e não planejad
a
(se assim fosse, certamente não teria
valor nem teria ido para lugar nenhum),
surgia, paralelamente ao mangue beat
, um novo
espasmo de cinema em Pernambuco,
um novo ciclo. Esse
fenômeno ainda aguarda estudo do porq
uê e do como ter
ocorrido, embora teorias sejam abundant
es, uma delas creditada
à quantidade de coentro usada na cozin
ha local.
O acadêmico e crítico pernambucan
o Alexandre Figueiroa havia definido
bem que o cinema feito no estado pare muito
cia existir em fases. Esses ciclos de
produção surgiam e logo morriam, com
o o Ciclo do Recife, nos anos 1920,
ou o Ciclo de Cinema Super-8, nos anos
1970.
A minha versão, que provavelmente
não sustenta fortes argumentações
científicas, é de que a geração de 1990
, tanto na música como nas imagens,
viu-se livre num Pernambuco onde o
estado de espírito histórico e sociocultu
é o da monocultura açucareira. Essa ral
é a fonte de muitas desgraças, mas tamb
creio eu, de fagulhas brilhantes de insat ém,
isfação e rebeldia que geraram e gera
m
pensamento artístico.
Tudo isso com a chegada gradual de
novas tecnologias que anunciavam liber
dos meios pesados e burocráticos de dade
produção. De repente, a promessa de
interligado que estava para acontece um mundo
r (e a gravação e a captação de imag
Chico Science o mais destacado entu ens) viu em
siasta desse estado de coisas.
Popularmente reconhecido como um
cara iluminado, a casa de força que foi Chic
e seus amigos, colaboradores e comparsa o iluminou a todos,
s devolveram à altura o tipo de energia
que ele gerava.
Fome de tudo
No cinema, essa nova geração se alimentava naturalmente da música, e surgia
não apenas do cinema 35 mm, mas também do vídeo. Aquele impacto inicial
Curiosamente, quando as bandas assinaram com as gravadoras, os primeiros
de ouvir Da Lama ao Caos em 1993 trouxe uma vontade enorme de imagens,
clipes “oficiais” foram realizados por equipes de grifes publicitárias do Sudeste.
certamente em mim.
Sem brodagem, com orçamentos finalmente adequados, os resultados
pasteurizados pareciam buscar certo padrão MTV, mesmo que a banda sonora fosse
Essencial deixar claro um aspecto de Da Lama ao Caos naquele momento
diferente de tudo o que a MTV tocava.
em específico. O disco, sua cadência narrativa, me sugeria estar vendo
um filme. Num cinema pernambucano que, naquele ano, começava
Enfim, víamos naqueles clipes “profissa” produtos que não pareciam entender muito bem aquilo
a engatinhar mais uma vez, o primeiro disco de Chico Science &
que nós tínhamos ouvido no vinil e no CD no Recife.
Nação Zumbi preenchia a lacuna de algum grande filme que,
na época, nós ainda não tínhamos.
Ao checarmos a linha do tempo dessa misteriosa ação não coordenada entre música e
cinema no Recife dos anos 1990, vemos que realizadores como Marcelo Gomes, Lírio Ferreira
Havia uma força inspiradora inicial naquele disco, um
e Paulo Caldas não perderam tempo, incorporando em seus filmes da hora aquela música que
universo visual que começava no encarte e seguia intacto
parecia casar tão naturalmente com suas imagens.
nas letras de imagens ricas e férteis. E ainda veio Samba
Esquema Noise, da Mundo Livre S/A, para confirmar a nossa
No curta Maracatu, Maracatus (1994) e no longa Baile Perfumado (1996), temos a versão sala
nouvelle vague pernambucana audiovisual.
de cinema, e em som Dolby Stereo, daquilo que definira o mangue inicialmente, puxando
muita coisa boa que também surgia na chamada cena musical pernambucana, como Mestre
Diferentemente de alguns movimentos que só fizeram
Ambrósio e Stela Campos, paulistana exilada no Recife.
sentido numa visão retrospectiva, aquilo era algo sentido
na hora, a cada disco, show, festa e lote de imagens que
No centro de tudo estava Chico. Suas imagens espetaculares já reconfirmadas em Afrociberdelia
nasciam. Falo de uma reação em cadeia, que puxou
(1995) e nas suas mungangas de palco nos garantiam um artista que sugeria algo muito forte de
mais bandas, mais músicas, mais desejo de imagem
um roteirista dotado de um senso especial de mise-en-scène.
gravada, filmada, editada.
Curioso que o termo “cena musical”, usado para descrever o que acontecia no Recife da época
– provavelmente trazido do inglês music scene –, soa perfeitamente cinematográfico para
intermediar música e imagem. Chico foi o elemento catalisador de tudo isso, e é lindo ver que
ainda ilumina procedimentos atuais.

Naquela época, por exemplo, ele viajou o mundo com sua música da mesma forma que, ao
Na época, havia um estímulo claro (e único, anos
longo da década de 2000, o cinema pernambucano tem viajado o mundo de Cannes, Veneza,
antes de a internet se firmar), representado pela então
Berlim, Locarno e Roterdã. Cada novo festival parece lembrar os festivais internacionais de
jovem MTV Brasil, espelho pop universal abrasileirado que
música dos anos 1990, que nos mostraram, à época, que “falar de onde você vive é o que há
validava o que estava acontecendo na música do Recife.
de mais importante e verdadeiro, e que, por mais que se viaje, as cidades são todas parecidas
com a sua”. As palavras são dele, mas já são minhas também há algum tempo.
Videoclipes eram imaginados em mesas de bar com
produções executivas da mais pura “brodagem” e
orçamento zero. E geraram alguns dos momentos mais
felizes (quase esquecidos, perdidos na nossa crônica
incompetência de arquivar) da imagem pernambucana,
como os promos feitos por Dolores & Morales (Hilton
Lacerda e Helder Aragão, o DJ Dolores) para a Nação Kleber Mendonça Filho é crítico de cinema e cineasta. Em 1997, dirigiu O Enjaulado, filme
Zumbi e a Mundo Livre S/A. cuja trilha sonora resultou na primeira coletânea de músicas da cena mangue recifense.
Seus filmes Vinil Verde (2004), Eletrodoméstica (2005) e Noite de Sexta Manhã de Sábado
(2007) viajaram o mundo. O trabalho mais recente, Recife Frio (2009), ganhou o prêmio
de melhor filme na opinião da crítica na última edição do Festival de Cinema de Brasília.
Em meados de julho de 2009, a
equipe do Itaú Cultural iniciou Ana de Fáti
a discussão da programação ma Sousa
deste ano. Quando começamos a
levantar os possíveis artistas em que não existe
a imposição de
a ser homenageados pelo projeto conceito. Pensam
os em tudo juntos
Ocupação e surgiu o nome de e as boas ideias
são executadas,
Chico Science, veio-me uma melhoradas, ampl
iadas, mudadas
deliciosa sensação de poder e vão gerando algo
, de fato,
voltar a trabalhar com um universo novo, relevante,
bonito. E
que faz parte de minha vida. talvez mais próx
imo de Chico, que
Intensamente. Topamos todos, tinha esse espíri
to de criação
então, nos debruçar em torno da compartilhada, de
colaboração, de
obra de Chico. coletividade, de
parceria.
Entramos em contato com a família Partimos para o Re
cife para
do artista, representada pela irmã, arredondar o conc
eito da exposição
Goretti, e pela filha, Louise, e entrar em contat
o com os acervos
com o músico Jorge du Peixe e com de dona Rita (mãe
de Chico) e de
o produtor Paulo André. A reação Paulo André (pro
dutor da banda
de todos foi encantadoramente nos anos 1990). Fo
i na casa de
positiva. Além destes, pensamos em dona Rita que me
deparei com
trazer para perto outras pessoas outro brilho do ar
tista – o filho
que pudessem nos ajudar a conceber querido, o irmão
carinhoso, a
a exposição. Foi natural pensar em pessoa que deixou
uma saudade
rejuntar a dupla Dolores e Morales sem fim, um ser no
rmal que viram
– que havia sido muito importante nascer, crescer e
prematuramente
para a construção da estética partir. Cada obje
to dele tinha
mangue dos anos 1990. uma história, e Go
retti foi quem
as contou para nó
s. Foi ela quem
Com este projeto, estávamos nos emocionou a ca
da novo relato
descobrindo um formato de e a cada lágrima
que insistia em
trabalho coletivo muito saboroso, tentar controlar.
Ainda lhe dói
algo muito
maior. E f
quem nos m oi Chico ico;
lembrar. E ela lembra diariamente. ostrou iss presença de Ch
show no co o. Com um música e pela or tu ni da de
Faz esforços para não esquecer meço da ta uma op
abril, ab rde de 25
de por ter agora r te r mu da do
nenhum detalhe, porque sabe que rindo a pr tudo. E eles nos contaram e aind -lo po
festival, ogramação a de reverenciá a
a memória do irmão precisa ser o artista do estão nos contando a história do (e na cultur
com aquele se aprese tudo na música
preservada, cuidada e relatada. jeitão de ntou artista e do movimento que ajud po r ter feito de
de pop sta frontman, ou da cidade); ico
r. Não hav a criar. Vários desses nomes estã e algo histór
Recife. C
hico toco
ia isso no o minha juventud dade , pa ra
Paulo André também parecia saber nas páginas deste fanzine; outr ra a ci
era o novo u o terror os (para mim, pa r ter
disso desde o primeiro dia em . E na seq . Ele estão na exposição – como é o caso nalmente, po
uma Mundo uência ve
io o país); e, fi nt ar e
Livre com dos fotógrafos Fred Jordão e Gil , rir, ca
que trabalhou com Chico. Ele diferente pletamente me feito dançar me u tr ab al ho
guardou cuidadosamente cada da que con Vicente, dos artistas Félix Farf de que
desde os a hecíamos an ter a certeza ma r
crachá usado, todos os cartazes nos 1980 n e Evêncio, e dos amigos do músi tentar aproxi
undergrou os festiva
is
co seria sempre Ap ro xi mem-
nd. Não er Fred Zeroquatro, Renata Pinheiro oa s.
de shows (pequenos e grandiosos), rock... E am
ra samba es ais punk
, a arte das pess o do
playlists, fotos, documentos, Sonally, Roger de Renor, Renato ximem-se) entã
Gravamos
tudo e con
quema noi
se!!! se (ou reapro de Ch ic o! Pois
cartas, objetos, rascunhos. L., Stella Campos... Uma lista stico
acompanha tinuamos que universo artí “[ ...]
ndo a cena não se encerra enquanto escrevo, vociferava:
Em seus manuscritos de 1996, anos que s durante o
s como ele mesmo co me ça r,
Paulo já fazia propostas de uma e seguira e que não vai se encerrar depois. dessa roda
Rock, Pok m – Abril
Pro chegou a hora , va mo s
oloko, So Muitos já deram depoimentos, da pesada
exposição com tudo o que havia Mangue Fe
liz, Fran
paria, Re
cbeat, samba makossa
juntado. Achei muito bacana poder ci’s Drin disponibilizados no site do le br ar !”.
Adília’s
Place,Gale ks, todos ce
ajudá-lo a fazer com que parte ria Joana projeto (www.itaucultural.org.
d’Arc, MT
de suas ideias se concretizasse, V... br/ocupacao), e outros ainda vão
14 anos depois. As conversas com fazê-lo. Porque o legado de Chic
o
o produtor renderam dezenas de Science vai permanecer.
sugestões para a exposição e me Ana de Fátima Sousa é conhecida por todos
Sabíamos q
levaram de volta para o início dos ue, para f
azer a Sinto-me premiada por vários como Aninha. Recifense que mora há 13 anos
Ocupação
anos 1990, quando nos conhecemos. Chico Scie
nce aconte motivos: por trabalhar numa em São Paulo, trabalha no Itaú Cultural (é gerente
precisarí
Ele já era produtor, e eu, uma amos envol
ver os
cer, instituição que apoia a do Núcleo de Comunicação). Produziu algumas
personage
estudante obcecada pela cena ns centra
is para re construção e a preservação de das primeiras imagens em vídeo da cena
musical recifense.
contar obras e o legado de artistas mangue. Observando tudo de perto, dedicou-se
brasileiros; por ter visto de a duas pesquisas acadêmicas sobre o assunto:
Eu pesquisava e catalogava tudo o perto o impacto causado pela Movimento Rock em Recife nos Anos 90 (1993)
que tinha acontecido musicalmente e Recife Jam (1996). Aninha faz parte da equipe
na cidade. Dividia meus que concebeu a Ocupação Chico Science.
levantamentos com o jornalista e
amigo Marcos Toledo; falávamos,
respirávamos e ouvíamos uma
produção que começava nos anos
1970 (com Ave Sangria, Lula
Cortes, Alceu Valença, movimento
armorial) e tentávamos compilar
entrevistas, histórias e sons
para entender o que seria o
”novo“ na cidade duas décadas
depois. Foi no primeiro Abril
Pro Rock, em 1993, que entendemos
que estávamos testemunhando
visitação exposição

quinta 4 fevereiro a domingo 4 abril 2010


terça a sexta 10h às 21h
sábado domingo feriado 10h às 19h

sexta
Mangue no Cinema 20h

quinta 25 a domingo 28 março 2010 Programa 2 (100 min)


sala itaú cultural
Texas Hotel
Cláudio Assis, PE, 1999, 14 min
quinta Roteiro: Hilton Lacerda; fotografia: Walter Carvalho; direção de arte: Renata Pinheiro; elenco:
20h Jeison Wallace, Jonas Bloch, Conceição Camarotti, Jones Mello e Fernando Peres
Este curta-metragem é um curioso estudo de linguagem para a construção narrativa do
Programa 1 (93 min) longa Amarelo-Manga. Tendo um hotel como personagem, o filme inventa tipos que
formam a fauna urbana de um imaginado Recife. A frase “O que acontece enquanto a
Baile Perfumado vaca vai e vem” foi a provocativa sinopse usada durante seu lançamento. Aqui, o mangue
Paulo Caldas e Lírio Ferreira, PE, 1997, 93 min beat está presente na música e na interpretação – que conta com a participação de
Roteiro: Hilton Lacerda; fotografia: Paulo Jacinto dos Reis (Feijão); direção de arte: Adão Gilmar Bolla Oito e Otto no elenco.
Pinheiro; música: Fred Zeroquatro, Lúcio Maia e Siba; elenco: Jofre Soares, Duda Mamberti e
Luís Carlos Vasconcelos O Mundo é uma Cabeça
Este filme, que cria um making of das filmagens realizadas por Benjamin Abrahão com o bando Bidu Queiroz e Cláudio Barroso, PE, 2004, 17 min
de Lampião em plena caatinga nordestina, é um dos mais instigantes retratos do cangaço no Roteiro: Cláudio Barroso e Bidu Queiroz; fotografia: Paulo Jacinto dos Reis (Feijão)
cinema nacional. Apoiado num rico acervo de pesquisa, Baile Perfumado traz para a sombra do Por meio de depoimentos do próprio Chico Science e de outros integrantes do
mundo pop o personagem do Capitão Virgulino Ferreira (vulgo Lampião). Importante ponto movimento mangue beat, o filme revela-nos de maneira muito próxima o pensamento
de convergência entre o cinema pernambucano e o movimento mangue beat. Interessante de Science. Interessante a participação de Roger de Renor como guia em partes do
a presença de Roger de Renor e Ortinho como cangaceiros, além da participação de toda a depoimento. Filme-chave.
banda Mestre Ambrósio durante uma festa no filme. 14 “Não recomendado para menores de 14 anos”
A Perna Cabiluda  
Marcelo Gomes, Beto Normal, Gil Vicente e João Vieira de Melo Veira Júnior, PE, 1997, 19 min O Rap do Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas
Elenco: Chico Science, Fred Zeroquatro e Danuza Leão Paulo Caldas e Marcelo Luna, PE, 2000, 75 min
Uma das lendas urbanas mais surrealistas observada pelos olhos atentos, divertidos Roteiro: Paulo Caldas, Marcelo Luna e Fred Jordão; fotografia: André Horta; direção de arte:
e inteligentes dos realizadores. Para uma pessoa distante, o documentário parece Cláudio Amaral; trilha sonora: DJ Dolores e Garnizé
uma ficção.  Celebridades locais e nacionais, misturadas ao relato e às lembranças de
populares, transformam A Perna Cabiluda num dos filmes mais interessantes da cena Dois personagens reais, Helinho e Garnizé, formam o eixo do documentário. Helinho,
audiovisual pernambucana.  justiceiro, 21 anos, conhecido como ”pequeno príncipe“, é acusado de matar 65 bandidos
de bairros da periferia recifense. Garnizé, músico, 26 anos, componente da banda de rap
Um Passo à Frente e Você Está Mais no Mesmo Lugar Faces do Subúrbio, militante político e líder comunitário em Camaragide, usa a cultura
Cláudio Assis, PE, 50 min para enfrentar a difícil sobrevivência na periferia. Os dois são opostos e ao mesmo tempo
A partir de uma montagem inteligente, este documentário feito para a TV é uma das iguais na condição de filhos de uma guerra social silenciosa, travada diariamente nos
referências mais interessantes sobre Science, em que o cineasta Cláudio Assis não se subúrbios das grandes cidades brasileiras.
contenta em se dobrar diante do artista, mas, sim, em revitalizá-lo por meio da memória 14 “Não recomendado para menores de 14 anos”
visual e oral de toda uma geração.

sábado
sábado 20h
18h
Programa 4 (87 min)
Programa 3 (89 min)
Cachaça
Maracatu, Maracatus   Adelina Pontual, PE, 1995, 13 min
Marcelo Gomes, PE, 1995, 14 min Roteiro: Adelina Pontual; fotografia: Jane Malaquias; trilha sonora: Fred Zeroquatro e Otto;
Roteiro: Marcelo Gomes; fotografia: Jane Malaquias; trilha sonora: Chico Science e Antônio direção de arte: Cláudio Cruz e Péricles Duarte; elenco: Chico Diaz, Edmilson Barros e Jones Mello
Carlos Nóbrega; elenco: Jofre Soares e Meia-Noite Num bar no centro da cidade, dois homens fazem uma aposta: ver quem aguenta tomar
Misturando documentário e ficção, este filme fala sobre o choque entre as gerações que mais cachaça. A noite transcorre com suas revelações e seus personagens. Os primeiros
fazem parte de um grupo maracatu. A história dessa manifestação observada com um raios de sol revelarão o vencedor.
olhar agudo, colocando em confronto a tradição e a modernidade ao revelar de que 14 “Não recomendado para menores de 14 anos”
maneira as manifestações se revitalizam. Participação importante de Mestre Salustiano,
uma das principais referências da cultura popular para Chico Science.
Se Liga na Parada... Ou um Abraço
14 “Não recomendado para menores de 14 anos” Michelle Assumpção, PE, 1997, 22 min
O vídeo dá uma geral no movimento hip hop do Recife dos anos 1990. Ao som da banda
Faces do Subúrbio, o maior nome do rap pernambucano daqueles anos, as imagens e
as falas resumem ideias e articulações dos jovens suburbanos que faziam da dança, do
grafite e da atitude hip hop sua principal ferramenta de expressão social.
Josué de Castro – Cidadão do Mundo Maracatu Atômico
Silvio Tendler, RJ, 1995, 52 min Videoclipe, RJ, 1996
Locução: José Wilker; entrevistas: Jorge Amado, Betinho, Dom Helder Câmara, Milton Santos, Banda: Chico Science & Nação Zumbi
Chico Science Direção: Raul Machado; produção: Chaos/Sony Music
Inspiração para o movimento mangue, a vida e a obra do geógrafo e humanista Josué Imagens marcantes da versão explosiva feita por Chico Science & Nação Zumbi para a
de Castro guiam este documentário. Indicado ao Prêmio Nobel da Paz, Josué de Castro lendária música de Jorge Mautner.
morreu no exílio, em Paris, em 1973. Ele é o autor de Geografia da Fome e de Homens e
Caranguejos, livros referenciais para o mangue beat. Manguetown 
Videoclipe, RJ, 1996
Banda: Chico Science & Nação Zumbi
domingo Direção: Gringo Cárdia; produção: Chaos/Sony Music
15h O clipe segue a explosão da banda após o lançamento de seu segundo CD, Afrociberdelia.
A foto que compõe a entrada na exposição Ocupação Chico Science foi feita por Roberto
Programa 5 (87 min) Amadeo, fotógrafo deste filme.

Maracatu de Tiro Certeiro Samydarsh – Os Artistas da Rua


Videoclipe, PE, 1993, 4 min Adelina Pontual, Cláudio Assis e Marcelo Gomes, PE, 1993, 12 min
Banda: Chico Science & Nação Zumbi Recife, uma capital deteriorada. Ruas, becos e mercados do centro estão apinhados de
Direção: Dolores & Morales; produção: X-Filmes vendedores, pedintes, pregoeiros. No meio dessa Babel com sotaque latino, os cantadores
Ainda na fase pré-Sony, Chico Science & Nação Zumbi rodaram esta experiência de rua, ou, como se intitulam, os músicos populares, cumprem seu ritual de cantoria.
imperdível em vídeo Hi8. Contém alguns dos elementos recorrentes da mitologia
Science: citações à violência urbana, lama e deboche. Punk Rock Hard Core – Alto José do Pinho – É do Caralho!
Marcelo Gomes, Adelina Pontual e Cláudio Assis, PE, 1995, 13 min
Samba Esquema Noise Uma comunidade considerada carente está totalmente integrada ao mundo por meio
Videoclipe, PE, 1995, 5 min de seus jovens, que passam a impor respeito não pelo calibre da arma que carregam, mas
Banda: Mundo Livre S/A pela voltagem do amplificador que usam para suas guitarras. Dentro do documentário
Direção: Dolores & Morales; produção: Etapas Vídeo há o clipe da música Punk Rock Hard Core, do Devotos do Ódio (hoje apenas Devotos),
Quatro amigos se encontram numa praia deserta. Sob efeito de aditivos químicos, todo realizado em 35 mm, com os restos dos negativos do filme Maracatu, Maracatus,
começam um delírio lisérgico. Todo filmado em preto e branco, é um dos clipes de Marcelo Gomes.
mais radicais da Mundo Livre S/A. Seu formato e sua narrativa terminaram por exilá-
lo dos programas de TV especializados em música. Sua realização foi completamente De Malungo pra Malungo
independente, o que lhe dá completa liberdade. Um clipe para revelar a banda, não para Alexandre Alencar, PE, 1999, 42 min
vender o disco. O documentário registra a chamada ”cena musical pernambucana“. Narrado por seus
53 entrevistados, o vídeo apresenta uma espécie de ”versão oficial“ de como funciona a
A Cidade cena, não apenas na área musical, mas também na moda, no cinema e nas artes plásticas.
Videoclipe, PE, 1993, 4 min
Banda: Chico Science & Nação Zumbi
Direção e produção: TV Viva
A versão demo de um dos maiores sucessos de Chico Science & Nação Zumbi, realizada
pela TV Viva, nas ruas do Recife. Trata-se do primeiro clipe realizado para a banda. Nesse
caso, precisa ser relevado o papel da produtora (TV Viva), uma das principais parceiras do
movimento mangue nos anos 1990.
domingo Bill Bragin
17h Diretor de programação do Lincoln Center, em Nova York, onde supervisiona os festivais
de verão Midsummer Night Swing e Lincoln Center Out of Doors. É também cofundador
Programa 6 (100 min) e produtor do evento anual Global Fest, em sua sétima edição. Velho fã da música
brasileira, abriu espaço internacional para artistas pioneiros do movimento mangue
Amarelo-Manga beat, incluindo o lançamento nos Estados Unidos de Chico Science & Nação Zumbi, no
Cláudio Assis, PE, 2003, 100 min SummerStage, em 1995.
Roteiro: Hilton Lacerda; fotografia: Walter Carvalho; direção de arte: Renata Pinheiro; música:
Jorge du Peixe e Lúcio Maia; elenco: Matheus Naschtergaele, Dira Paes, Conceição Camarotti, Paulo André Pires
Chico Diaz e Leona Cavalli Parceiro, amigo e produtor musical de Chico Science, Paulo André criou, em Recife,
Guiados pela paixão, os personagens de Amarelo-Manga vão penetrando num universo um dos mais importantes festivais alternativos de música do país: o Abril Pro Rock. Sua
feito de armadilhas e vinganças, de desejos irrealizáveis, da busca incessante da felicidade. primeira edição foi em 1993 e teve papel fundamental para que o movimento mangue
O universo aqui é o da vida-satélite e dos tipos que giram em torno de órbitas próprias, fosse catapultado ao resto do país. Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A
colorindo a vida de um amarelo hepático e pulsante. Não o amarelo do ouro, do brilho fizeram apresentações memoráveis no festival.
e das riquezas, mas o amarelo do embaçamento do dia a dia e do envelhecimento das
coisas postas. Um amarelo-manga, farto. Carlos Eduardo Miranda
18 “Não recomendado para menores de 18 anos” Entusiasta da cena mangue, o produtor de Porto Alegre esteve presente nas primeiras
edições do festival pernambucano Abril Pro Rock. Fundou o Banguela Records,
importante selo brasileiro de música independente e responsável pelo lançamento
nacional da Mundo Livre S/A.

Conversa de Mangue

domingo 28 março 2010 Mangue Shows


19h
sala itaú cultural quinta 1 a domingo 4 abril 2010
sala itaú cultural
Especialistas musicais e protagonistas do movimento mangue debatem os ecos da cena
no Brasil e no mundo.
quinta
Beco Dranoff 20h
Produtor musical brasileiro que vive em Nova York, Dranoff criou a Ziriguiboom, Coletivo Instituto
produtora e selo musical responsável pelo lançamento internacional de artistas como
Suba, DJ Dolores, Trio Mocotó e Bebel Gilberto. sexta
Mundo Livre S/A e convidados
Borkowski Akbar
Um dos fundadores da Womex, uma das mais importantes feiras de negócios da música sábado
alternativa no mundo. Produtor do festival alemão Heimatklange, que significa “sons da terra”, Mundo Livre S/A e convidados
e também do Piranha Records, selo de Berlim pioneiro em lançar a world music na Europa.

Fred Zeroquatro
domingo
Orquestra Popular da Bomba do Hemetério
Líder da banda Mundo Livre S/A, amigo de Chico Science e protagonista do movimento
mangue beat, Fred é também o autor do manifesto Caranguejos com Cérebro, marco na
criação da cena. pação
saiba mais em itaucultural.org.br/ocu
Expediente Fanzine Comunicação visual e produção gráfica
Ocupação Chico Science Núcleo de Comunicação do Itaú Cultural
Videoinstalação Landau
O fanzine da Ocupação Chico Science Marcelo Pedroso/Símio Filmes (Recife)
 
é uma experiência editorial de Mariana
Grafite
Lacerda (edição, com o auxílio de Marco Derlon Almeida
Aurélio Fiochi), Liane Tiemi Iwahashi
(direção de arte), Estevan Pelli e Jader Acervos
Rosa (ideias e ilustrações), Rodrigo Silveira Família França, Paulo André Pires, h. d. mabuse,
(arte dos textos assinados por Bia Abramo, TV Viva, Videoteipe e Marcos Toledo (imagens)
Mabuse e Hilton Lacerda), Laura Daviña
(arte dos textos assinados por Xico Sá, Fotografias do acervo
Dolores e du Peixe) e Renata Pinheiro Fred Jordão, Gil Vicente, Família França, Paulo
André Pires e Roberto Amadeo
(ilustração encartada). Participam Jorge
du Peixe, Fred Zeroquatro, h. d. mabuse, Fotografias do Espaço Sósias de Chico
Kleber Mendonça Filho, Bia Abramo, Xico Cia de Foto (São Paulo e Rio de Janeiro) e
Sá, Eduardo BiD, Aninha de Fátima Sousa, Projeto Lambe-Lambe (Recife)
Hilton Lacerda e Helder Aragão (com
textos), além de Caio Camargo (produção Captação de depoimentos
editorial), Rachel Reis e Polyana Lima Marcelo Pedroso/Símio Filmes (Recife), Guga
(revisão). A fonte dos títulos foi feita por Gordilho (São Paulo e Rio de Janeiro) e Cia de
Fernando Peres. Foto (São Paulo)

Produção do site
Agradecimentos: Marcelo Calheiros, Núcleo de Comunicação do Itaú Cultural
Patrícia Cornils, Hilton Lacerda, Helder
Aragão, Jorge du Peixe, Carlinha Sarmento, Produção da mostra de filmes
h. d. mabuse, Fred Zeroquatro, BiD, Luciana Núcleo de Audiovisual do Itaú Cultural
Veras, Joana Amador e Denis Russo
Agradecimentos
Dona Rita, Goretti, Janusse, Louise e Família
Ficha Técnica Ocupação Chico Science França. Sonaly Macêdo Cavalcanti, Paulo
André Pires, Jorge du Peixe e Nação Zumbi.
A exposição Ocupação Chico Science é Dolores & Morales, Amanda Barroso, Sonally
resultado da curadoria coletiva de Helder Pires, Marcelo Pedroso, Fred Jordão, Gil Vicente,
Aragão e Hilton Lacerda (Dolores & Morales), Roberto Amadeo, Evêncio, h. d. mabuse, TV
Goretti e Louise França, Paulo André Pires Viva, Fred Zeroquatro, Videoteipe, Projeto
e Núcleo de Música, de Comunicação e de Lambe-Lambe, Félix Farfan, Roger de Renor,
Produção do Itaú Cultural Marcos Toledo, Melina Hickson, Adriana Vaz,
Maria Duda e Renato L.
Curadoria musical dos shows
Jorge du Peixe e Núcleo de Música do Itaú Cultural

Projeto expográfico
Helder Aragão e Hilton Lacerda (Dolores &
Morales) e Equipe Itaú Cultural

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