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FAERJ / SEBRAE
INSTITUiçÕES parceiraS
SENAR-RIO
Maria Cristina Teixeira de Carvalho Tavares - Superintendente
REDETEC - Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro
Paulo Alcantara Gomes - Presidente do Conselho Diretor
Armando Augusto Clemente - Secretário Executivo
Paula Gonzaga - Gerente Geral
Tereza Trinckquel - Resp. por Projeto MPEs
UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - Instituto de Zootecnia
Prof. Dr. Nelson Jorge Moraes Matos - Coordenador Técnico
OUTROS AUTORES
Profª Dra. Elisa Cristina Modesto - UFRRJ
Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima - UFRRJ
Dr. Moacyr Fiorillo Bogado - FAERJ
Prof. Dr. Pedro Paulo de Oliveira e Silva - UFRRJ
Profª Dra. Rosana Colatino Soares Reis - UFRRJ
COLABORADORES
Curt Pinto Cortes, Fernando Silveira Ferolla, Jorge Luiz Teixeira Palmeira, Marcos Alexandre da Silva, Matheus Resende
Oliveira, Mathias Mintelowsky, Plínio Leite Neto, Sandy dos Santos Lima e Tiago Sertã Passos
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Agropecuária Alambari e Rancho Seridó
Programação visual
Raquel Sacramento
REVISÃO
Alexandre Rodrigues Alves
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
D526
Diagnóstico da cadeia produtiva da pecuária de corte do Estado do Rio de Janeiro: relatório de pesquisa / [elaboração Nelson Jorge
Moraes Matos]. - Rio de Janeiro: FAERJ: SEBRAE-RJ, 2010.
il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-87533-11-1
1. Pecuária - Rio de Janeiro (Estado). 2. Bovino de corte - Rio de Janeiro (Estado). 3. Bovino de corte - Aspectos econômicos - Rio
de Janeiro (Estado). I. Matos, Nelson Jorge Moraes. II. Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Estado do Rio de Janeiro. III.
SEBRAE/RJ.
SUMÁRIO
1 Introdução ......................................................................................................................... 07
2 Panorama da pecuária de corte no mundo ................................................................................... 09
2.1 - Rebanho mundial ........................................................................................................... 09
2.2 - Principais países produtores de carne bovina .......................................................................... 10
2.3 - Principais países exportadores de carne bovina ....................................................................... 15
3 Panorama da pecuária de corte no Brasil ..................................................................................... 17
3.1 - Histórico ..................................................................................................................... 17
3.2 - Distribuição geográfica da pecuária de corte no Brasil ............................................................... 17
4 Aspectos econômicos da pecuária de corte brasileira ...................................................................... 21
4.1 - Balança comercial da carne brasileira .................................................................................. 21
4.2 - Mercados de carne Halal .................................................................................................. 26
4.3 - Mercado de carne Kosher .................................................................................................. 28
4.4 - Importações ................................................................................................................. 28
4.5 - Perspectivas ................................................................................................................ 28
4.6 - Ciclo da pecuária bovina de corte no Brasil ............................................................................ 29
4.7 - Principais índices da pecuária de corte brasileira ..................................................................... 31
4.7.1 - Taxa de abate .......................................................................................................... 31
4.7.2 - Consumo per capita de carne bovina .............................................................................. 32
4.7.3 - Custo de produção .................................................................................................... 33
5 Sistemas de Produção ............................................................................................................ 35
5.1 - Fases do sistema de criação .............................................................................................. 35
5.2 - Sistemas de acasalamento ................................................................................................ 37
5.3 - Grupamentos raciais criados no Brasil ................................................................................... 37
6 Boas práticas na bovinocultura de corte ...................................................................................... 39
6.1 - Manejo sanitário ............................................................................................................ 39
6.2 - Manejo nutricional ......................................................................................................... 40
6.3 - Índices zootécnicos ......................................................................................................... 42
6.4 - Cadeia produtiva da carne bovina no Brasil ............................................................................ 48
7 O setor de abate e processamento no Brasil ................................................................................. 51
7.1 - Histórico ..................................................................................................................... 51
8 Inspeção sanitária da cadeia da carne bovina no Brasil .................................................................... 57
9 Evolução e distribuição espacial do abate no Brasil ........................................................................ 63
10 Pesos e rendimentos médios da carcaça e dos subprodutos de bovinos .................................................. 65
10.1 - Padronização dos cortes da carne bovina ............................................................................... 67
10.2 - Subdivisão da meia carcaça em grandes peças e cortes .............................................................. 68
11 Rastreabilidade .................................................................................................................... 75
12 Universo da pesquisa e técnicas utilizadas .................................................................................... 77
13 Diagnóstico da bovinocultura de corte no Estado do Rio de Janeiro ...................................................... 79
14 Perfil do Produtor ................................................................................................................. 89
15 Administração da empresa rural ................................................................................................ 97
16 Assistência técnica e capacitação tecnológica .............................................................................. 103
17 Participação em instituições representativas dos produtores ............................................................ 107
18 Índices de manejo e tecnológico .............................................................................................. 111
19 Avaliação do pesquisador ....................................................................................................... 133
20 Abate e Processamento ......................................................................................................... 135
21 Considerações sobre a atividade de abate de bovinos ....................................................................... 143
21.1 - Concentração do setor .................................................................................................... 144
22 Propostas para o desenvolvimento da pecuária de corte no Estado do Rio de Janeiro ................................ 149
23 Legislação ......................................................................................................................... 151
24 Glossário .......................................................................................................................... 153
25 Bibliografia consultada .......................................................................................................... 157
3
4
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Apresentação
Rodolfo Tavares
Presidente
5
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
1 Introdução
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8
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
2 Panorama da Pecuária
de Corte no Mundo
9
2.2 Principais países
produtores de
carne bovína
Tabela 2 Produção mundial de carne bovina (em mil toneladas equivalente carcaça).
10
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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Figura 2 Projeção da população rural e urbana no mundo.
O consumo de carne tenderá a aumentar onde isso mais ocorrer. Dessa maneira, pode-se esperar
crescimento de consumo em países emergentes, em crescimento e com aumento do percentual
da população que vive nas cidades.
*Renda per capita - Valor em dólar que cada habitante receberia caso o PIB (Produto Interno Bruto**), fosse dividido igualmente por toda a
população.
**Produto Interno Bruto - indicador econômico que representa a soma dos valores de todos os bens produzidos por um país em determinado
período.
Fonte: FAO, 2006, In: ABIEC, 2008 .
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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fortemente influenciado pelo aumento de Estudos publicados pela FAO, em 2009, com
consumo nos países em desenvolvimento: projeção da produção de carne bovina até
3,1% ao ano, contra 0,5% ao ano observado 2050 apresentados na Figura 4 mostram
nos países desenvolvidos. que os países em desenvolvimento deverão
produzir cerca de 70% da produção
No ano de 2008, os principais mercados mundial. O aumento da demanda interna,
consumidores de carne bovina foram os EUA, a limitação de oferta, custo de produção
com a absorção de 22% da produção mundial, maior do que outros países exportadores,
a União Européia, com 14%, seguidos da China
redução no rebanho levarão principalmente
e Brasil, com 13 e 12% respectivamente. Estes
a União Européia, a Rússia e os Estados
países foram responsáveis pelo consumo de
61% da carne produzida. A Figura 5 apresenta, Unidos da América do Norte a aumentar
em valores percentuais, os principais países suas importações de carne bovina nos
consumidores de carne bovina em 2008. próximos anos.
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Os dois grandes aumentos da produção de carne bovina para os próximos 10 anos devem vir da
China e do Brasil. Contudo, a produção chinesa será quase toda voltada para o mercado interno.
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Figura 7 Principais países exportadores de carne bovina em 2009 (valores em percentagem
da quantidade).
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
3 Panorama da Pecuária de
Corte no Brasil
3.1 Histórico
A pecuária foi trazida para o Brasil pelos da fazenda à indústria e ao comércio,
portugueses no século XVI, através da gerando renda e criando empregos em seus
introdução de gado crioulo da Península diversos segmentos (CORRÊA, 2000, in PORTA
Ibérica. Esta introdução foi realizada onde GRÜNDLING, et al. 2009).
hoje se localiza o Estado da Bahia. Já no
século XVII, outros animais teriam chegado à
capitania de São Vicente. 3.2 Distribuição geográfica da
Posteriormente, no início do século XX,
pecuária de corte no Brasil
foram importados animais zebuínos da Índia,
principalmente da raça nelore, que, por suas O Brasil possui o maior rebanho bovino
características adaptativas ao clima tropical, comercial do mundo. Estimados, em 2009, em
dominaram o setor de pecuária de corte 207 milhões de cabeças, as características do
do país. Ainda no século XX, após as duas rebanho são de aproximadamente 75% para
grandes guerras mundiais, muitos programas corte, 20% leiteiro e o restante com dupla
de incentivos, inclusive financeiros, foram aptidão.
criados para levar o gado zebuíno e a
braquiária, numa expansão que se deu A criação de gado de corte, desde o período
nas regiões Norte e Centro-Oeste do país, colonial brasileiro, tem ocupado áreas da
denominadas zonas de expansão da fronteira chamada fronteira agrícola, onde pouca
agropecuária. ou nenhuma tecnologia é adotada. Assim,
criou-se a ideia de que gado de corte deve
A bovinocultura nacional possui relevância ser criado de forma extensiva e sem nenhum
socioeconômica para o Brasil. Além de investimento em equipamentos e insumos. Em
movimentar a indústria e a distribuição termos de localização geográfica, conforme
de uma gama variada de insumos que apresentado na Figura 8, a produção pecuária
utiliza no segmento produtivo, a cadeia da encontra-se distribuída por todas as regiões,
pecuária bovina, incluindo produção, abate, com predominância para o Centro-Oeste,
transformação, transporte e comercialização com 34,8% do rebanho, seguido da região
de produtos e subprodutos fornecidos pela Norte, com 20%, da região Sudeste, com
exploração do rebanho, movimenta um 18,8%, da região Sul, com 13,4%, e da região
grande número de agentes e de estruturas, Nordeste, com13%.
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Figura 8 Distribuição da pecuária de corte por região no Brasil.
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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Figura 9 Distribuição territorial e utilização das terras no Brasil.
De acordo com dados publicados pelo IBGE, Em áreas entre 10 e 100 ha, dispõem-se 24% do
em 2009, a maior parte do rebanho brasileiro rebanho, sendo 34,06% dos estabelecimentos
(38,74%) situa-se em áreas entre 100 e 1.000 responsáveis por esse rebanho. Por último,
ha, categoria em que se encontram apenas estão os estabelecimentos com menos de
9,35% dos estabelecimentos nacionais. 10 ha, que representam somente 8,25% do
rebanho e 43,96% dos estabelecimentos.
Em seguida, destacam-se áreas maiores de Dessa forma, verifica-se que, apesar de a
1.000 ha, que englobam 27,19% do rebanho maior parte dos estabelecimentos encontrar-
nacional, distribuídos em apenas 0,94% dos se em áreas com menos de 100 ha, a maior
estabelecimentos. parte do rebanho bovino encontra-se em
poucas e maiores propriedades.
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Figura 10 Participação dos tipos de corte nas exportações de carne bovina em 2009.
21
Embora o Brasil seja o primeiro em volume exportado, 75% do volume exportado é de carne
fresca ou congelada, com menor valor agregado. A Tabela 4 apresenta o preço médio em dólares
de comercialização da carne bovina brasileira em 2009, de acordo com o processamento.
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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Para a Oceania, o Brasil exporta um volume deste volume comercializados no leste da
muito pequeno, 0,1% do total, pulverizado Ásia com Hong Kong; no Oriente Médio, os
pelos países daquele continente. Para o maiores volumes exportados foram para o
continente asiático, o volume das exportações Irã, com 7,1%, e o Egito com 6,5%.
de carnes e derivados foi de 36,9%, com 45%
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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Figura 13 Principais importadores de miúdos, tripas frescas e salgadas do Brasil, em
2009.
De acordo com a Associação Brasileira das pelo Alcorão Sagrado e pela Jurisprudência
Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), Islâmica. Esses alimentos não podem
esse mercado é composto, potencialmente, conter ingredientes proibidos, tampouco
por cerca de 1,5 bilhão de muçulmanos parte deles. De acordo com as exigências
que existem no mundo. O crescimento das das embaixadas dos países islâmicos, o
importações de carne brasileira pelo Egito, abate Halal deve ser realizado em separado
Irã, Argélia e Indonésia, atesta esse potencial.
do não-Halal, sendo executado por um
A Figura 14 apresenta a localização geográfica
mulçumano mentalmente sadio, conhecedor
dos principais países importadores de carne
Halal e potenciais mercados formados por dos fundamentos do abate de animais no Islã.
países onde mais de 50% da população é
muçulmana. As normas básicas a serem seguidas para o
Figura 14 abate Halal, de acordo com a ABIEC, são:
Segundo o Alcorão, livro sagrado da religião
• Serão abatidos somente animais
islâmica, o alimento é considerado Halal
saudáveis, aprovados pelas autoridades
(permitido para consumo) quando obtido de sanitárias e que estejam em perfeitas
acordo com os preceitos e as normas ditadas condições físicas;
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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O rótulo deve conter o nome do produto, importado ao longo dos últimos anos tem
número do SIF, nome e endereço do sido inexpressivos; em 2009 os valores foram
fabricante, do importador e do distribuidor, de 1% em relação às exportações brasileiras.
marca de fábrica, ingredientes, código
numérico identificador de data, carimbo ou
etiqueta para identificação Halal e país de 4.5 Perspectivas
origem.
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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Figura 16 Evolução da produção de bezerros.
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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4.7.2 - Consumo per capita de carne bovina
A Argentina e o Uruguai são os países que apresentam maior consumo per capita
de carne bovina, com valores de 70 e 53 kg/habitante/ano, respectivamente. O
consumo no Canadá e na Austrália tem permanecido estável nos últimos anos,
com valores médios de 45 kg/habitante/ano. No mercado brasileiro, o consumo
ficou em 37,4 quilos no ano de 2009. A Figura 18 apresenta o comportamento
do consumo de carne bovina por habitante no período de 2003 a 2009.
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Entende-se por custo de produção a soma estratégias que nos próximos anos
dos valores de todos os recursos (insumos) venham aumentar a rentabilidade da
e operações (serviços) utilizados no sua atividade (COELHO et al, 2008).
processo produtivo de uma atividade
agrícola (COELHO et al, 2008). A Figura 19 apresenta os principais
componentes que representam o custo
Como medida para aumentar a margem para a produção do boi gordo no Brasil.
de lucro na pecuária, pode-se contar com
o aumento na produtividade ou redução Na média nacional, os custos com mão
dos custos. Para ambos os casos é preciso de obra representam 22% dos custos de
que se tenha o valor de quanto custa produção. Os custos da alimentação,
produzir o quilo de carne na propriedade incluindo os preços do sal mineral e
e, com base nesse dado, através de pastagens, representam 41% do custo
simulações e comparações, definir total de produção.
33
A Tabela 8 apresenta uma síntese dos custos de produção dos principais países exportadores
de carne; Austrália e EUA apresentam custos de produção de 80 a 90% maiores em relação aos
obtidos no Brasil. Isto se deve principalmente aos elevados custos da alimentação, naqueles
países, onde predominam dietas ricas em grãos.
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
5 Sistema de Produção
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Recria: esta fase é caracterizada por que alcancem peso próximo a 16 arrobas. A
propriedades que adquirem animais terminação de bovinos no Brasil é realizada
desmamados e permanecem com eles criados quase que exclusivamente a pasto, sendo
a pasto com ou sem suplementação até que que 95% dos animais destinados ao abate
alcancem o peso próximo a 12 arrobas, anualmente são terminados desta forma.
quando são comercializados.
No Brasil, a distribuição das propriedades de
acordo com a fase do sistema de exploração
Terminação ou engorda: são propriedades adotado é mostrada na Figura 20; 24% das
que têm como atividade a aquisição de propriedades realizam a fase de cria, 21%
animais com peso próximo a 12 arrobas e cria e recria e 18% o ciclo completo (cria,
que a pasto ou confinados são mantidos até recria e engorda).
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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intermediário. No Brasil, as mais criadas as características de qualidade de carne,
são: Aberdeen Angus, Red Angus e Hereford, incluindo a maciez, estão mais próximas
Devon, Red Poll e Shortorn. daquelas das raças Européias do que das
raças indianas.
Taurinos Europeus de Origem Continental
Raças mais usadas no Brasil:
As raças deste ramo foram selecionadas
originalmente para tração na Europa 1. Bonsmara e Senepol.
Continental. Essa seleção com menor ênfase 2. Bonsmara - Africander + Hereford +
em outras características de produção Shorthorn
provocou o aumento da massa muscular e 3. Senepol - N’Dama + Red Poll
do peso adulto. As raças continentais são
conhecidas pelo elevado peso ao nascimento, Raças sintéticas
grande potencial de crescimento (ganho
de peso), alto rendimento de carcaça com São formadas por duas ou mais raças com
menor porcentagem de gordura. As principais grau de sangue fixado, visando manter
raças criadas no Brasil são: bons níveis de heterose e adaptabilidade.
Exemplos de raças sintéticas no Brasil são:
• De origem francesa: Limousin, Charolês Canchim, Simbrasil, Stabilizer, Beefmaster e
e Blonde d’Aquitaine; Montana. Nos EUA, Brangus, Braford e Santa
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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• Carbúnculo sintomático e gangrena internacional é a questão sanitária, ainda
gasosa: aplica-se a vacina polivalente não plenamente equacionada. A erradicação
de seis em seis meses da desmama aos da febre aftosa é um grande desafio para o
dois anos de idade. Brasil. Dados atualizados pelo MAPA mostram
• Botulismo: proceder a vacinações que 90% do rebanho brasileiro encontram-se
quando ocorrer surto da doença. Aplica- em áreas livre de febre aftosa.
se a vacina, anualmente, em todos os
animais com idade acima de um ano.
• Raiva bovina: vacinar todo o rebanho, 6.2 Manejo nutricional
nas regiões endêmicas, uma vez por
ano. Nas regiões livres, somente quando O clima tropical, com elevada quantidade
determinado pelas secretarias de de iluminação solar e pluviosidade, é ideal
agricultura. para a produtividade vegetal; por isso o
• Leptospirose: vacinar os animais de 4 Brasil é abundante em pastagens naturais e
a 6 meses de idade, com reforço quatro possui características ideais para pastagens
semanas após. Vacinação em todo o cultivadas. Estas características climáticas
rebanho semestralmente. proporcionam o desenvolvimento da pecuária
• Tuberculose: fazer o teste de brasileira baseada na criação extensiva,
tuberculinização, seguindo orientação isto é, o gado é criado solto em pastagens,
do PNCEBT (Programa Nacional de alimentando-se apenas de capim, com
Controle e Erradicação da Brucelose e suplementação de sal mineral.
da Tuberculose).
• Desverminação: Controlar os vermes A base de qualquer sistema de produção
gastrintestinais, com produtos começa pela eficiente exploração das
específicos e na dose recomendada pastagens. Do nascimento até a terminação,
pelo fabricante, do desmame até os a dieta predominante é a forragem, sendo
dois anos e meio de vida, aplicando esta responsável por grande parte do ganho
vermífugos nos meses de maio, julho de peso obtido até o abate. A terminação
e setembro. As vacas prenhes devem de bovinos no Brasil é realizada quase que
ser dosificadas em julho ou agosto e os exclusivamente a pasto, sendo que 85% dos
animais em terminação, antes de entrar animais destinados ao abate anualmente são
na pastagem vedada para engorda ou no terminados desta forma.
confinamento.
• Controle de ectoparasitos: é adotado O problema da sazonalidade da produção
o controle estratégico da mosca-dos- forrageira é conhecido e intensificado pelo
chifres. fato das forrageiras tropicais, mesmo no
período das chuvas, não serem capazes de
O berne e o carrapato devem ser controlados produzir, por muito tempo, alimento com
quando o nível de infestação exigir. qualidade que possibilite o atendimento das
exigências para crescimento dos animais, em
Um aspecto importante para o melhor especial aqueles de alto potencial genético.
posicionamento da carne bovina no mercado Assim, as gramíneas mais cultivadas, apesar
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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de abate, carcaças mais pesadas, com mais destacando-se a alimentação, do que pela
qualidade de acabamento na entressafra herança genética.
e maior produção de carne por unidade de
área. A infertilidade ou a subfertilidade das
matrizes afeta diretamente a eficiência
O atendimento dessa demanda ampla de reprodutiva do rebanho. A seguir serão
melhoria de eficiência será alcançado apresentados os parâmetros zootécnicos
pelos sistemas de produção de gado de reprodutivos de importância para a pecuária
corte de diversas maneiras, dentre elas o de corte.
desenvolvimento de sistemas especializados
nas diferentes fases até a produção de Índice de natalidade
carne, passando pelo uso de animais de
alto potencial genético em sistemas, É a forma de medir o resultado das fêmeas
envolvendo pastagens adubadas com pastejo em cobertura; pode ser calculado pela
rotacionado, suplementação alimentar em seguinte fórmula:
pasto e confinamento.
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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Intervalo entre partos (IEP): Período compreendido entre dois partos consecutivos de uma
vaca.
Índices produtivos
São índices que afetam a estrutura do rebanho; dentre eles os mais importantes são:
Mortalidades
A mortalidade traduz a relação entre o número de mortes e o total do rebanho. Destaca-se que,
devido à suscetibilidade a agentes patogênicos e predadores, deve-se avaliar a mortalidade
separadamente para bezerros, animais jovens (desmame há 24 meses) e animais adultos (acima
de 24 meses).
Mortalidade em bezerros
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Taxa de vendas: Mede a percentagem de animais vendidos dentro do período determinado (ano
agrícola ou civil):
Taxa de desfrute: Este índice representa a produção do rebanho dentro do período avaliado.
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Dentre os fatores que contribuem para o As novilhas que concebem cedo na estação
baixo desfrute da bovinocultura de corte de monta desmamam bezerros maiores e têm
no Brasil, destaca-se a idade elevada de maior produtividade durante a vida.
acasalamento das novilhas. Essa idade está
associada com a fase de recria, que envolve A Tabela 12 apresenta os valores da taxa de
o desenvolvimento do animal da desmama desfrute média observada nos EUA, com 37%,
ao início do processo produtivo, ou seja, o Austrália, com 32%, Argentina, com 26% e
estágio em que este atinge o peso ideal para Brasil com 22%. Os valores baixos da pecuária
brasileira são quando comparados com os
manifestar a puberdade. A puberdade e,
demais países, como consequência da idade
consequentemente, a idade ao primeiro parto
tardia com que os animais são abatidos,
são reflexo direto da taxa de crescimento, que em razão do sistema extensivo de criação
é determinada pelo consumo de alimentos. predominante no Brasil.
Mede a carga animal que a fazenda mantém por unidade de área em hectare durante o ano.
Deve ser avaliada em Unidade Animal (UA).
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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6.4 Cadeia produtiva da carne qualidade superior, e pequenos produtores
que não dispõem de recursos para a
bovina no Brasil implantação de melhorias na propriedade,
como melhoramento genético, manejo
A cadeia produtiva da pecuária de corte sanitário adequado, técnicas de manejo
no Brasil compreende um conjunto de nutricional durante o período de seca, entre
agentes interativos, que são os fornecedores outras que levam a colocar no mercado
de insumos, os sistemas produtivos, as animais muitas vezes fora dos padrões de
indústrias de transformação, a distribuição qualidade.
e comercialização e os consumidores finais.
Na outra ponta, o país dispõe de um parque
A cadeia produtiva da pecuária de corte industrial com frigoríficos modernos e
apresenta características particulares que bem equipados que atendem à legislação
envolvem um reduzido nível de integração internacional. Contudo, ainda há uma
dos agentes, o que leva a uma deficiência parcela significativa de abates realizados
na elaboração de estratégias entre os sem fiscalização pelo serviço de inspeção
agentes da cadeia. Esta desorganização tem sanitária. A literatura apresenta números
interferido no seu desempenho e faz com que que apontam que de 45 até 60% da carne
normalmente as transações sejam orientadas consumida no mercado interno sejam
pelo preço. Ela é composta por uma série de originários de abate clandestino, que, além
elos que podem ser agrupados, segundo a da sonegação de taxas e impostos, expõe
atividade que executam, em: a população aos riscos de doenças, muitas
delas graves, como a neurocisticercose,
1 - Produção, distribuição e comercialização toxoplasmose e tuberculose.
de insumos;
2 - Produção de animais para abate A competitividade da cadeia da carne bovina
(pecuarista); depende crucialmente do estabelecimento
3 - Abate, processamento de carnes e de uma nova forma de coordenação, onde
subprodutos (frigoríficos); as tradicionais relações de mercado sejam
4 - Transporte de animais, carcaças e de substituídas ou, no mínimo, complementadas
carne; por relações cooperativas, que garantam a
5 - Armazenamento e comercialização; rastreabilidade dos produtos e assegurem seu
6 - Consumidor final. fornecimento nas quantidades e qualidades
requeridas pelos consumidores.
O principal elo da cadeia é a produção de
animais para abate, que é caracterizada A Figura 21 apresenta uma configuração da
por apresentar produtores capitalizados que inter-relação dos diferentes segmentos que
adotam conceitos tecnológicos avançados compõem a cadeia produtiva da bovinocultura
de produção animal, produzindo animais de de corte no Brasil.
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
7 O Setor de Abate e
Processamento no Brasil
7.1 Histórico
O setor de abate no Brasil passou por verda- sanitárias internacionais. Desse modo, em
deira revolução durante o século XX. A indús- 27 de janeiro de 1915, por meio do Decreto
tria frigorífica, que no início do século ape- n. 11.460, entrou em operação o Serviço de
nas fabricava charque, atualmente exporta Inspeção Federal (SIF).
carnes in natura e processada para vários
países do mundo, estando tecnologicamente Com a nova legislação, predominaram os
tão avançada quanto às indústrias instaladas objetivos de produção voltados ao exterior,
nos países desenvolvidos. em detrimento dos objetivos voltados ao
mercado interno. Assim, o país, que até 1914
O setor de abate iniciou suas atividades não lograva penetrar no mercado externo, a
no Brasil no começo do século XX, com partir de 1915 consegue exportar quantidades
a entrada de grandes grupos econômicos substanciais tanto de carne, quanto de banha.
multinacionais, os quais exerceram a Em 1920, esses dois produtos igualam-se,
liderança no mercado nacional até meados praticamente, em valor ao açúcar, principal
da década de 1970. A partir desse período, produto na pauta das exportações brasileiras
o entusiasmo exportador estimulou as desde os primeiros anos do século XX.
empresas nacionais à modernização e à
expansão da capacidade instalada. O desenvolvimento dos processos de
conservação a frio e o transporte marítimo
A indústria frigorífica nacional teve seu refrigerado impulsionaram o mercado
início com a produção de carnes congeladas internacional de carnes congeladas e
e enlatadas, por meio de investimentos processadas. As grandes unidades industriais
de origens norte-americana e inglesa. de abate passaram a incluir todas as fases
Esses investidores queriam tornar o País a do processo produtivo, desde o abate até
base fornecedora de produtos de origem o congelamento e enlatamento das carnes,
animal para o mundo, atendendo à grande com produção diversificada destinada
demanda do mercado internacional durante principalmente à exportação. Os maiores
e após a Primeira Guerra Mundial. A vinda grupos produtores de carne voltados à
dos frigoríficos estrangeiros para o Brasil, exportação de carnes congeladas e enlatadas
com o objetivo de exportar, impunha a do Brasil estavam sob o controle de quatro
necessidade de atender às exigências grupos internacionais.
51
A multinacional norte-americana pioneira Brasil, o segmento da indústria voltado para
a se instalar no Brasil foi a Wilson & Co., o abastecimento de carne fresca no mercado
cujas operações iniciaram-se em 1914. Em local teve sua produção consideravelmente
seguida, instalou-se a Swift & Co., em 1917, ampliada. Ocorreram, então, alterações
localizando sua planta industrial na cidade na indústria frigorífica, com o crescimento
de Rio Grande (RS), enquanto a Armour & dos frigoríficos de médio porte, dotados de
Co. optou por instalar-se em Santana do tecnologia de refrigeração e equipamentos
Livramento (RS). Além disso, esses grupos mais eficientes para o abate, demonstrando
multinacionais trouxeram dos seus países uma diferenciação tecnológica, se
de origem o know-how, a tecnologia e as comparados aos antigos matadouros.
políticas de higiene e controle de carnes.
Desse modo, os anos 1920 se caracterizaram Na década de 60, o setor industrial de carnes
como um período de predomínio de capitais voltado para o mercado interno desenvolveu-
de origem externa, com plantas industriais se, passando a conviver com os já existentes
com elevada capacidade produtiva, produção frigoríficos exportadores e os matadouros
de carnes bovinas congeladas e processadas de pequeno porte. Esses estabelecimentos
com equipamentos de nível tecnológico produziam, além de carnes frescas,
semelhante aos de uso internacional e refrigeradas e congeladas, embutidos e,
produção voltada para a exportação. posteriormente, enlatados.
52
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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Frigoríficos frigoríficos ou como uma unidade de negócio
independente.
São unidades industriais que podem ser
divididas em dois tipos: os que abatem os A Figura 22 apresenta o fluxograma de abate
animais e realizam todas as atividades dos de bovinos.
abatedouros e industrializam a carne e os
que não abatem animais e compram produtos
Mais da metade do mercado mundial de
de abatedouros e outros frigoríficos para
carne bovina, que movimenta 7 milhões
industrializar.
de toneladas por ano entre exportações e
Graxaria importações, está nas mãos de empresas
brasileiras.
São unidades onde ocorre o processamento
dos subprodutos e resíduos dos abatedouros, A Tabela 14 apresenta o volume médio de
frigoríficos e açougues. Esta unidade abate de bovinos efetuados pelos maiores
pode funcionar anexa aos abatedouros e grupos de frigoríficos brasileiros em 2005.
54
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Em 03/12/1971 foi criada a Lei de Fede- tos, por não atenderem às novas exigências,
ralização da Inspeção (Lei nº 5.760), que tiveram encerradas suas atividades.
estabeleceu que todos os frigoríficos paulati-
namente passariam a ter fiscalização federal. No entanto, no final da década de 80, por
Assim, os serviços de inspeção federal foram meio da Lei nº. 7.889, de 23/11/1989, rever-
estendidos aos estabelecimentos voltados te-se a obrigatoriedade da inspeção federal
em todos os níveis de comercialização (mu-
ao comércio municipal e interestadual, de
nicipal, estadual e federal), de modo que o
forma mais rigorosa e estruturada, fiscali-
sistema de inspeção sanitária para carnes no
zando os aspectos higiênicos e sanitários do Brasil passou a contemplar três diferentes ní-
processo de produção da carne bovina. veis da administração pública, de acordo com
Consequentemente, muitos estabelecimen- o tipo de comércio realizado (Tabela 15).
57
O abate e o processamento em frigoríficos prestados pelos SIE. Na maioria das vezes, o
com SIF devem ser acompanhados SIM se limita a exercer algum controle nos
permanentemente por um fiscal sanitário chamados abatedouros municipais.
federal, sob pena de a produção ser
paralisada. O selo do SIF passou a ser uma No Brasil existem 1,6 mil frigoríficos com al-
referência de qualidade para o consumidor gum tipo de inspeção (municipal, estadual ou
brasileiro. federal). Entretanto, apenas 18 respondem
por aproximadamente 98% das exportações.
Estima-se que os cinco maiores frigoríficos
No Sistema de Inspeção Estadual, ao contrá-
são responsáveis por 65% das exportações de
rio do que ocorre com o SIF, não há necessi- carne bovina brasileira, sendo que os dois
dade da presença permanente de um fiscal maiores têm cerca de 40% de participação
externo ao frigorífico na linha de abate. Em nesse mercado. Desse modo, evidencia-se
alguns casos, os funcionários que fazem a elevado grau de concentração no setor de
inspeção pertencem aos próprios quadros dos abate voltado à exportação.
frigoríficos.
A Tabela 16 apresenta a relação dos
Os serviços prestados pelos SIM são ainda mais frigoríficos com Sistema de Inspeção Federal
heterogêneos em qualidade do que aqueles por estado e município.
58
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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60
Fonte: ABIEC, 2010.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
No mercado interno, embora açougues e pequenos varejistas ainda sejam capazes de competir
localmente, eles tendem a ser substituídos por grandes cadeias de supermercados, onde 70% da
carne bovina é comercializada.
Nos supermercados, a carne bovina responde por 67% da comercialização de carnes realizada
nos açougues, como visto na Figura 24.
61
Figura 24 Participação nos açougues dos supermercados na comercialização de
carnes bovinas.
62
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
9 Evolução e distribuição
espacial de abate no Brasil
63
os consumidores domésticos tornam-se mais nacional, o setor industrial de carnes investe
exigentes, a indústria da carne bovina tende visando melhorar o processo produtivo e o
a convergir para o modelo adotado para o atendimento das exigências ambientais e
mercado externo. Assim, à medida que os sanitárias dos mercados externos.
problemas de ordem logística e sanitários
vão sendo resolvidos, a cadeia agroindustrial Entretanto, o setor de abate no Brasil
da carne bovina brasileira tornar-se-á ainda apresenta uma situação bastante diversificada
mais competitiva. em termos de estrutura das indústrias, de
localização geográfica e de nível tecnológico
Diante da demanda externa pela carne Desse modo, existe uma dicotomia no setor:
bovina brasileira e do potencial de de um lado, indústrias modernas utilizando
crescimento do setor, levando em conta as tecnologia de ponta; de outro, abatedouros
vantagens inerentes à pecuária de corte clandestinos sem fiscalização.
64
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Na Tabela 19 são apresentados para efeitos ilustrativos os rendimentos médios das partes da
carcaça e cortes de açougue de bovinos.
65
Tabela 19 Rendimentos médios das partes da carcaça e cortes de açougue.
66
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Carcaça: Entende-se por carcaça o bovino abatido, sangrado, esfolado, eviscerado, desprovido
de cabeça, patas, rabada, glândula mamária (na fêmea), verga, exceto suas raízes, e testículos
(no macho). Após a sua divisão em meias carcaças, retiram-se ainda os rins, gorduras perirrenal
e inguinal, “ferida-
de-sangria”, medula
espinhal, diafragma
e seus pilares.
A cabeça é separada
da carcaça entre o
osso occipital e a
primeira vértebra cervical (atlas). As patas dianteiras são seccionadas à altura da articulação
carpometacarpiana e as traseiras na tarsometatarsiana.
67
Quartos: Resulta da subdivisão da
meiacarcaça em traseiro e dianteiro,
por separação entre a quinta e a sexta
costelas. A incisão deverá ser feita a
igual distância das referidas costelas,
alcançando as regiões esternal (peito)
e da coluna vertebral, à altura do
quinto espaço intervertebral. O quarto
dianteiro corresponde à porção anterior
(cranial) da meia carcaça e o quarto
traseiro à posterior (caudal).
68
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
O dianteiro sem paleta é dividido em:
69
Peito: também conhecido como granito, podendo ainda ser
chamado de pecho (espanhol), poitrine (francês) ou brisket
(inglês).
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Filé-de-lombo: é o corte
constituído das massas
musculares compreendidas entre o filé de costela e a alcatra.
71
Coxão: também chamado de coxão completo e toco.
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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11 Rastreabilidade
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
12 Universo da pesquisa e
técnicas utilizadas
Esses valores foram tabulados a fim de estabelecer a amostra para a aplicação dos 200
questionários.
3ª Fase: Uma segunda tabela foi elaborada a fim de acumular os valores totais de cada
município, formando intervalos.
4ª Fase: O número de amostras para cada intervalo foi determinado com base na tabela de
números aleatórios para 200 formulários em um total de 41.559 propriedades.
7º Fase: A distribuição da amostragem por região foi a seguinte: região Norte Fluminense,
29; Noroeste, 36; Serrana, 22; Baixadas Litorâneas, 34; Médio Paraíba, 28; Centro-Sul
Fluminense, 15; Metropolitana, 30 e Costa Verde, 6 questionários.
77
78
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
13 Diagnóstico da bovinocultura de
corte no Estado do Rio de Janeiro
O Estado do Rio de Janeiro, tem 43.766,6km² , distribuídos por 92 municípios agrupados em oito
regiões, conforme apresentado na Figura 25.
Seu território é constituído de terras altas (planaltos) e baixas (baixadas) que dispõem de
aproximadamente 2.600.000 hectares utilizados na agropecuária, dos quais um milhão e
seiscentos mil hectares são de pastagens naturais ou cultivadas que são utilizadas por atividade
pecuária, conforme apresentado na Figura 26 a seguir.
79
Figura 26 Percentual da área dos estabelecimentos agropecuários, por utilização
das terras em 2006.
Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - Censo Agropecuário, 2006.
Notas:
1 - Os municípios sem informação para pelo menos um efetivo de rebanho não aparecem nas listas.
2 - Efetivos dos rebanhos em 31/12/2009.
Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal, 2009.
80
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Dentre as regiões, a Norte Fluminense é a que apresenta o maior número de bovinos do estado,
com 31,24% do rebanho total, seguido da região Noroeste, com 23,37%, da região do Médio
Paraíba, com 12,60%, região das Baixadas Litorâneas, com 10,90%, região Serrana, com 10,71%,
região Centro - Sul Fluminense, com 6,30%, região Metropolitana, com 3,26% e região da Costa
Verde, com 1,62%.
81
A Região Norte Fluminense é a que apresenta o maior rebanho bovino do estado, com 557.281
cabeças de bovinos. O município de Campos dos Goytacazes é o que apresenta o maior rebanho
da região e do estado, com 192 mil cabeças, seguido de Macaé,com 91 mil cabeças. Nesta
região, os demais municípios, com exceção, Carapebus, com rebanho bovino estimado em 22
mil cabeças, apresentam rebanhos com mais de 25 mil cabeças.
82
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
A região Noroeste é a que apresenta o segundo maior rebanho de bovinos do estado, com
470.998 cabeças. Nesta região, o município de Itaperuna é o que concentra o maior número de
cabeças de bovinos, com 16,5% do rebanho da região.
83
Terceiro maior rebanho bovino do estado é a região do Médio Paraíba, com 274.672 bovinos. O
município de Valença tem o maior rebanho da região, com aproximadamente 64 mil cabeças,
representando 23% do rebanho regional. Nesta região, destacam-se, também, os rebanhos dos
municípios de Barra Mansa, Rio Claro, Piraí, Resende e Barra do Piraí.
84
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Nesta região, o município de Silva Jardim, com cerca de 52.324 cabeças, Araruama, com
41.738 cabeças, Cachoeira de Macacu, com 30.072, e Casimiro de Abreu, com 27.031 cabeças,
representam a localização de cerca de 60% do rebanho regional.
85
Na região Serrana, os maiores rebanhos se encontram nos municípios de Cantagalo, com 16,27%,
Santa Maria Madalena, 12,35% , e São Sebastião do Alto, com 12,04%.
Nesta região, os destaques são para os rebanhos encontrados nos municípios de Vassouras,
Paraíba do Sul e Sapucaia.
86
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
87
A Figura 34 apresenta a participação estadual, a participação regional, o número de rebanho e
a distribuição do rebanho nos municípios que compõem a região Costa Verde.
Nesta região, no município de Itaguaí são encontrados aproximadamente 46% do rebanho bovino.
88
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
14 Perfil do Produtor
Os dados da pesquisa evidenciam que, na média do estado, 33,4% dos criadores têm formação
em nível superior, 27,8% têm o segundo grau completo, 21,5% apresentam o primeiro grau
completo e 9% o primeiro grau incompleto.
A Tabela 23 apresenta a frequência referente à maneira pela qual o produtor iniciou suas
atividades na pecuária de corte.
89
Os dados da pesquisa mostram que, nas propriedades com rebanhos acima de 501 cabeças,
os produtores tiveram acesso à sua propriedade de terra através de herança familiar,
correspondendo neste caso a 83,3% dos rebanhos pesquisados. Por outro lado, as aquisições de
propriedades foram maiores onde são encontrados rebanhos menores que 500 cabeças.
90
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Os dados da pesquisa mostram que 78% dos produtores possuem renda externa à fazenda. A
Tabela 26 apresenta a frequência das atividades que compõem as fontes de renda externa dos
produtores.
De acordo com os dados levantados pela pesquisa de campo, 52,4% dos produtores têm como
origem da sua renda externa o desenvolvimento de negócios próprios (comércio, indústrias
etc.).
A Tabela 27 apresenta a frequência das principais opções de investimento dos produtores com
recursos não orçamentários.
91
De acordo com a pesquisa, em todos os extratos pesquisados a tendência observada foi a de
que os criadores aplicariam os recursos ‘extraorçamentários’ em melhorias nas propriedades
(62,9%) e como segunda opção a compra de animais (23,2%). Estas observações indicam o
comprometimento dos produtores com a atividade desenvolvida.
De acordo com os dados da pesquisa, 44,8% das propriedades pesquisadas no estado são
administradas pelo proprietário e pelo administrador contratado. Contudo, nas propriedades
com menores rebanhos a tendência observada foi de uma participação maior na gestão da
propriedade apenas do proprietário.
92
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
De acordo com os dados, 69,9% das esposas não participam nas atividades de gestão das
fazendas. Esta tendência foi observada nos diferentes extratos pesquisados e nas diferentes
regiões administrativas.
93
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Os resultados mostraram que nos diferentes extratos a tendência observada foi pela não
realização de parcerias.
Os resultados mostraram que a grande maioria das propriedades paga o ITR. Entretanto,
no extrato de criadores de até 250 cabeças foi observado que não há registro de 18,9% das
propriedades na Receita Federal. Estas propriedades estão localizadas nas regiões administrativas
Sul Fluminense, Baixadas Litorâneas e Metropolitana.
94
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Os resultados mostraram que 76,4% acreditam possuir áreas florestadas a serem destinadas
para reserva legal. Entretanto, foi observado que 20,5% das propriedades não apresentam
áreas destinadas para reserva legal. Estas propriedades estão localizadas em todas as regiões
administrativas.
95
96
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
A Tabela 31 apresenta a frequência dos principais índices zootécnicos realizados nas propriedades.
De acordo com os resultados da pesquisa, menos de 30% dos criadores das diferentes regiões e
nos diferentes extratos realizam escrituração zootécnica. Esta falta de hábito do produtor em
gerar relatórios que comprovam o desempenho dos animais, auxiliando, portanto, na escolha
dos melhores animais do rebanho, pode comprometer a eficiência produtiva e reprodutiva das
propriedades.
97
Tabela 32 Frequência do tipo de mão de obra utilizada em propriedades das
diferentes regiões administrativas do estado.
De maneira geral, os resultados indicam que a mão de obra contratada foi considerada boa
em todas as regiões. Entretanto, nas propriedades com até 250 cabeças a pesquisa indicou a
predominância de avaliação regular. Embora a pesquisa não tenha identificado as razões, é
possível que este resultado seja consequência dos níveis educacional e salarial dos contratados
deste extrato de rebanho.
98
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
99
A Tabela 36 apresenta a frequência de participação das entidades que promovem mais
frequentemente programas de capacitação, segundo estratos de produção.
A pesquisa mostrou que, dentre as opções, o SENAR foi à entidade que mais promoveu programas
de capacitação para 46,4% dos entrevistados. Contudo, na análise individual por região
administrativa, foi observado que nas regiões Metropolitana e Costa Verde há necessidade de
uma maior ação das entidades na realização de programas de capacitação para os produtores
e colaboradores.
A Tabela 37 apresenta a frequência das avaliações das entidades que promoveram mais
frequentemente programas de capacitação, segundo estratos de produção.
100
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Na avaliação dos produtores, o SENAR, dentre as entidades, foi a mais bem avaliada pelos
produtores consultados, tendo obtido na avaliação muito boa e boa 61,6% de média nos
diferentes estratos conforme dados da Tabela 37.
101
102
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
De acordo com os dados, 68,6% das propriedades pesquisadas recebem assistência técnica,
sendo 31,4% particular, 28,9% pública e 14,1% de outras entidades.
103
Tabela 38 Frequência no recebimento de assistência técnica durante o ano (dias).
De acordo com o resultado da pesquisa, em todos os estratos estudados, 44,6% das propriedades
receberam visita técnica mais de cinco vezes durante o ano.
Os programas de rádio e televisão com 30,8% e jornais e revistas com 31,4% foram os meios de comunicação
que mais se destacaram no fornecimento de informações acerca de assuntos ligados à pecuária de corte
aos produtores dos diferentes estratos pesquisados. Os dados também evidenciaram que os produtores,
independentemente dos estratos, já utilizam a internet como meio de comunicação.
105
Dentre as opções oferecidas aos produtores, informações relacionadas às áreas de manejo
nutricional e manejo reprodutivo foram identificadas por 30,8% e 21,1%, respectivamente,
como sendo as áreas do conhecimento que os produtores mais necessitam de informações.
Contudo, a pesquisa revelou, também, que no estrato acima de 501 cabeças foi identificada
por 20,5% dos produtores entrevistados a necessidade de informações na área de planejamento
da propriedade agropecuária.
106
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
17 Participação em instituições
representativas dos produtores
Os dados da pesquisa identificaram que 65,6% dos produtores participam das instituições
representativas. As frequências referentes à identificação das instituições às quais os produtores
são vinculados e o grau de envolvimento são apresentados nas Tabelas 42 e 43.
107
Tabela 43 Participação dos produtores em instituições representativas.
Os dados da pesquisa evidenciaram que a maioria dos produtores (64,6%) está vinculada aos
sindicatos rurais (FAERJ). No entanto, a pesquisa revela, também, que 64,7%, dos produtores
pesquisados nos diferentes estratos afirmaram que são pouco participativos nas atividades
desenvolvidas pelas instituições representativas.
108
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
A pesquisa de campo mostrou que, no estrato 37,5%, bons para 31,2% e regulares para 26%
de criadores com até 250 cabeças, 25,5% dos dos produtores entrevistados. Os serviços
produtores classificam os serviços prestados prestados pelas associações de criadores
pela FAERJ como muito bons, como bons os foram avaliados com muito bons por 10,5%,
valores observados foram de 37,4%, e para e bons por 24,1% e regulares para 26,0% dos
13,5% dos produtores os serviços foram
criadores.
considerados como regulares.
109
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
111
Os dados da pesquisa evidenciaram que 28,6%, dos produtores desenvolvem as três fases de
criação. As fases de recria e engorda são desenvolvidas por 17,7% das propriedades. As fases
de cria e recria são realizadas por 17,3% dos entrevistados. A fase de cria é desenvolvida por
16,5% dos produtores. A fase de engorda, por 16,2%, e somente 3,6% dos produtores realizam
a fase de recria.
A Tabela 47 apresenta o local de aquisição de animais pelos produtores que realizam em suas
propriedades as fases de recria e engorda.
De acordo com os resultados, 80,8% dos animais são adquiridos de produtores da própria região
onde estão localizadas as propriedades e 16,1% nas diferentes regiões do estado.
A Tabela 48 apresenta o sistema de criação adotado pelas diferentes propriedades nos diferentes
estratos de criação.
112
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Tabela 49 Procedência dos animais para criadores com até 250 cabeças.
De acordo com o resultado da pesquisa de campo, para este estrato de produção os animais
para reposição e terminação são adquiridos de pequenos produtores. Os touros para reprodução
têm sua aquisição realizada preferencialmente nos médios produtores.
113
Tabela 50 Procedência dos animais para criadores com até 500 cabeças.
Para criadores com até 500 cabeças, a aquisição de animais de reposição são adquiridos de
pequenos e médios produtores. As matrizes e touros são comprados de grandes produtores.
Neste estrato os produtores adquirem os animais para reposição em maior percentual dos
pequenos e médios criadores. Os produtores que realizam a fase de engorda adquirem os bois
de grandes produtores.
114
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
A prática do fornecimento de sal proteinado é adotada por 40,1% dos criadores pesquisados nos
diferentes estratos. O fornecimento de ureia, concentrado, sal proteinado e ureia é realizado
por menos de 7% dos produtores. A pesquisa mostra, também, que 43,1% dos produtores não
fornecem nenhuma suplementação adicional ao rebanho.
115
Os dados da pesquisa de campo revelam que 39,7% dos entrevistados fornecem suplementação
alimentar aos animais com o objetivo de evitar perda de peso. Para 35,4% dos produtores, a
razão para fornecimento do suplemento é a melhora do desempenho reprodutivo, e 24,9% dos
entrevistados apontam que o fornecimento da suplementação tem como objetivo aumentar o
ganho de peso.
De acordo com os resultados, 82,8% das pastagens são formadas e 17,2% das áreas de pastos são
constituídas de pastagens naturais.
116
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Segundo dados da Tabela 56, as forrageiras do gênero Brachiaria são as que predominam nos
diferentes estratos. Neste estudo, foi constatada em várias propriedades, além dos citados
anteriormente, a presença dos capins colonião (Panicum máximum), pangola (Digitária
decumbens) e jaraguá (Hiparrhenia rufa).
O sistema de pastejo adotado pelas diferentes propriedades nos estratos selecionados são
apresentados na Tabela 56.
De acordo com os resultados, 59,5% das propriedades estudadas adotam o sistema rotacionado
de pastejo, evidenciando a preocupação do produtor em melhorar a eficiência de pastejo em
suas áreas. Contudo, um número significativo de produtores, 40,5% dos entrevistados, adota
como sistema o pastejo contínuo.
117
Os dados da pesquisa evidenciam que a baixa intensidade de uso de forrageiras para corte (79,9%
das observações) ocorre como consequência do sistema extensivo de criação adotada pelos
criadores de bovinos para corte. O uso de forrageiras para corte é adotado nas propriedades
que, além da produção de bovinos e corte exploram, também, a produção de leite.
De acordo com os resultados, 63,7% dos produtores pesquisados informaram que na sua
propriedade há infestação de pragas nas pastagens. A principal praga das pastagens identificada
pela pesquisa foi a de cigarrinhas, que são insetos que infestam as pastagens comprometendo
sua produção e qualidade. Contudo, foi também citada pelos produtores a infestação das
pastagens por lagartas, que é considerada uma praga ocasional.
A Tabela 59 apresenta a frequência das respostas dos produtores quando questionados a respeito
da(s) ação(ões) que são realizadas na propriedade em relação ao excesso de forragem durante
a estação chuvosa.
118
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Os resultados obtidos mostram que 65,4% dos produtores pesquisados não adotam nenhuma
ação especifica durante o período de excesso de produção de forragens. Para 17,4% a adoção da
prática de diferimento de pastagens ou vedação das pastagens tem sido uma alternativa para
a oferta de forragem durante o período da seca e 13,5% adotam a prática de comprar gado ou
alugar o pasto excedente.
119
De acordo com os resultados, 74,2% dos produtores afirmam conhecer a taxa de suporte das
pastagens de sua propriedade e 56,6% usam com estratégia de lotação a colocação de animais na
capacidade de suporte estabelecida para as pastagens. Para 81,5% dos produtores, o principal
fator a ser levado em consideração no estabelecimento da taxa de lotação das pastagens é o
estado das pastagens por ocasião da tomada de decisão.
Nos diferentes estratos estudados, os produtores têm como prática a aplicação de calcário e
semeadura após a aplicação de fertilizantes. No entanto, 50,1% dos produtores com até 250
cabeças utilizam como prática somente o preparo do solo; a mesma estratégia é utilizada por
39,2% dos criadores com até 500 cabeças e por 35,8% dos produtores acima de 501 cabeças.
120
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Nas propriedades pesquisadas 70,7% têm tratores, 45% dispõem de roçadeiras, 50,9% possuem
grade e 58,5%, arado.
A Tabela 64 apresenta a composição racial dos rebanhos das propriedades pesquisadas nos
diferentes estratos.
121
Tabela 65 Evolução do rebanho.
Os dados levantados na pesquisa mostram que em 44,7% das propriedades avaliadas os rebanhos
foram considerados estabilizados. No entanto, a pesquisa mostrou que em 42% das propriedades
o rebanho tem aumentado. Esse aumento no rebanho pode ser creditado a melhorias no manejo
adotado, o que tem proporcionado aos produtores a aquisição de animais.
A Tabela 66 mostra a frequência das respostas dos produtores dos estratos selecionados sobre
se estariam dispostos a aumentar o rebanho no caso de aumento das vendas ou do preço dos
animais e como este aumento poderia ser feito.
De acordo com os resultados, 76,4% afirmam que estariam dispostos a aumentar o rebanho,
como consequência do aumento nas vendas. Para implementar o aumento do rebanho, de acordo
com 44,5% dos entrevistados, há necessidade de aquisição de novas áreas, principalmente nas
propriedades com rebanhos acima de 501 cabeças, em que 72,8% dos produtores entrevistados
manifestaram esta opção.
122
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Esta tendência mostra que as propriedades com maiores rebanhos evidenciam que o produtor
deste estrato pesquisado opta pela compra de terra ao invés de melhorar os índices de sua
propriedade. Nos demais estratos pesquisados, a tendência observada foi de que o aumento do
rebanho pode ser feito dentro da própria propriedade, contudo com recuperação das pastagens
degradadas.
O método do cruzamento industrial é conhecido por 73,5% dos produtores entrevistados; 28,1%
afirmam que realizam esta técnica em suas propriedades, com maior frequência nos produtores
com rebanhos com mais de 501 cabeças. Para 78,2% dos produtores entrevistados a aplicação
desta técnica agrega maior valor à produção de bovinos de corte.
123
Cerca de 25% dos pecuaristas entrevistados conhecem a existência de propriedades, em suas
regiões, que praticam a técnica de confinamento de bovinos; 63,9% afirmam que aceitam
participar de parcerias com frigoríficos no estabelecimento de confinamentos.
Em 77,7% das propriedades é realizada a prática da castração dos machos criados para a
produção de carne. A média da idade em que são realizadas as castrações variou de 2 anos,
com 50,5% das frequências, e 1,5 ano com 46,5% das propriedades avaliadas.
124
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Para 99,4% dos produtores entrevistados é cobrado deságio no preço da arroba de bovinos
não castrados. Os valores médios de deságio nas diferentes regiões estudadas variaram de 5%
para 65,9% dos entrevistados, 8% para 4,2% dos criadores e 10% de desconto para 26,4% dos
produtores.
A Tabela 72 identifica a opinião dos produtores, de acordo com os diferentes estratos pesquisados
em relação aos motivos que dificultam a implantação da rastreabilidade no rebanho.
125
Dentre as razões apresentadas aos produtores, 78,7% atribuíram ao custo da implantação uma
das razões para a não implantação. A falta de técnicos no assunto na região foi apontada por
93,4% dos produtores. Para 95,4% dos entrevistados, a falta de informação sobre o assunto
também contribui para a não implantação da rastreabilidade e a falta de diferencial no preço
do bovino rastreado no Estado do Rio de Janeiro é indicada por 95,4% como a razão para a não
aplicação desta técnica nos rebanhos.
A Tabela 73 apresenta os valores médios das frequências de respostas dos produtores acerca da
variação para menos no preço do boi em relação a outras regiões do país e no estado.
Para 92,4% dos produtores entrevistados, os preços da arroba do boi praticados no Rio de
Janeiro são inferiores aos praticados em outras regiões do País. Por outro lado, somente 16,4%
apontaram diferenças regionais nos preços praticados no Estado do Rio de Janeiro.
126
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
A Tabela 75 expressa a preferência do produtor para a aquisição de insumos para sua propriedade.
As casas de produtos agropecuários foram o local onde 30,8% dos produtores adquiriram seus
insumos. Entretanto, as compras de insumos nas cooperativas foram realizadas por 28% dos
produtores, já a aquisição diretamente dos representantes atendeu a 8,9% criadores.
127
Tabela 77 Fatores que limitaram a aquisição de insumos.
As relações entre pecuaristas e fornecedores foram consideradas muito boas por 47% dos
criadores nas diferentes regiões pesquisadas. Para 44,1%, são consideradas como regulares e
excelentes para 8,8% dos entrevistados.
Os principais fatores apontados que limitaram a aquisição de insumos foram os preços dos
produtos, para 46,6% dos produtores, as condições de pagamento com 39,6% das respostas,
11,8% e 2,1% para prazo de entrega e estocagem, respectivamente.
128
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
129
Neste segmento os frigoríficos foram os responsáveis pela aquisição de praticamente a metade
do volume comercializado pelos produtores, com valores correspondentes a 49,4%, seguido
dos marchantes, com 25,7%. O açougue, neste segmento de produtor, teve sua atuação mais
destacada na aquisição de vacas e novilhas.
Para os três segmentos a forma de pagamento predominante foi a prazo. Foram apontados,
também, pelos produtores como os três principais fatores que mais influenciaram a venda dos
animais: o preço do boi gordo, a relação de troca ou reposição (boi vendido versus bezerro
adquirido) e a necessidade de fluxo de caixa.
130
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
As relações entre pecuarista e compradores dos animais foram consideradas como excelentes
por 10,7% dos produtores, muito boas por 58,4% e regulares para 29,2% dos entrevistados.
Quanto aos níveis de inadimplência, os açougueiros, com 55%, são os agentes que mais
foram citados pelos produtores, seguidos dos atravessadores ou marchantes com 27,3% e os
frigoríficos com 17,7%. No entanto, estes dois agentes de comercialização atuaram fortemente
na comercialização da produção.
A Tabela 83 apresenta os valores percentuais das respostas negativas dos produtores em relação
à disponibilidade de crédito.
De acordo com os resultados, 85,8% dos produtores declararam que não há disponibilidade de
créditos para a atividade de pecuária de corte. Dentre os principais problemas relacionados
ao crédito rural para a bovinocultura de corte foram citados: a burocracia enfrentada pelos
pecuaristas na obtenção dos recursos, dificuldades na prorrogação das dívidas quando o setor
passa por dificuldade de liquidez e recursos disponibilizados não suficientes.
131
132
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
19 Avaliação do pesquisador
Nesta seção, o pesquisador de campo assinalou na planilha o grau de confiança das respostas
que obteve junto ao pesquisado. Considerou aspectos como a empatia que foi estabelecida
com o respondente, contradições identificadas ao longo da entrevista, tempo e atenção que o
mesmo disponibilizou, entre outros.
De acordo com os relatórios apresentados pelos pesquisadores de campo, 47,2% dos entrevistados
foram avaliados como muito bons, 39,8% como bons e 12,9% como regulares.
133
134
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
20 Abate e processamento
De acordo com dados fornecidos pela Secretaria de Estado de Agricultura no Rio de Janeiro, são
cadastrados no Serviço de Inspeção Estadual os seguintes frigoríficos (Tabela 85):
De acordo com a Tabela 85, as regiões do Médio Paraíba e Norte Fluminense, com quatro
frigoríficos cada, são as que concentram mais da metade dos estabelecimentos, seguidos da
região Centro-Sul com dois estabelecimentos e Noroeste e Serrana com um frigorífico cada.
135
Esta concentração de estabelecimentos de abate de bovinos em algumas regiões foi motivo de
críticas dos produtores das regiões Metropolitana, Baixadas Litorâneas e Costa Verde, que têm
dificuldades para negociar seus animais diretamente com os frigoríficos em razão das distâncias.
Para apresentação do diagnóstico do setor de abate e processamento, foi realizada uma pesquisa
consultiva a todos os estabelecimentos, cujos resultados serão apresentados a seguir.
De acordo com as informações coletadas nas entrevistas, todos os frigoríficos do estado têm na
sua constituição 100% de capital social nacional.
A Tabela 86 apresenta as atividades das empresas em relação a espécies abatidas nas regiões
administrativas do Estado do Rio de Janeiro.
136
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Dos estabelecimentos que apenas abatem e resfriam, três deles têm suas operações 100%
voltadas para atendimento a terceiros; os demais têm suas atividades direcionadas para abate
de animais próprios e de terceiros.
Daqueles estabelecimentos que abatem, resfriam e desossam, um tem suas atividades totalmente
voltadas para atendimento próprio; os demais, além de atendimento a sua demanda, atendem
a terceiros. Nos estabelecimentos com o setor de graxaria, os principais subprodutos são sebo
e farinha de carne e ossos. O sebo é o subproduto mais importante para dois estabelecimentos,
enquanto a farinha de carne e ossos é o principal subproduto para um deles.
Três graxarias autônomas inspecionadas pelo SIF, uma na Baixada Fluminense, outra na região
Serrana e uma terceira na região Norte Fluminense, realizam o processamento de resíduos
oriundos dos abatedouros que não possuem graxaria ativada e os ossos e sebos recolhidos de
açougues e supermercados.
Os dados revelam que aproximadamente 47% dos frigoríficos apresentam a capacidade instalada
para abate de pouco mais de 100 animais por dia, aproximadamente 13% dos estabelecimentos
apresentam capacidade de abate para até 5.000 cabeças/mês e 40% capacidade de abate acima
de 5.000 cabeças/mês. As três plantas com capacidade acima de 10.000 cabeças/mês foram
construídas na década de 70 durante a campanha de federalização, que pretendia que todo
produto de origem animal processado no Brasil ocorresse em plantas com Serviço de Inspeção
Federal (SIF).
137
Tabela 89 Número de colaboradores das empresas.
Na avaliação de desempenho da mão de obra contratada, 46,2% consideraram como boa, 38,5%
como regular e 7,7% como excelente e o mesmo percentual considerou a mão de obra ruim.
Os resultados confirmam que no mercado de boi a prevalência é pela aquisição a prazo. Contudo,
nas transações realizadas à vista é realizado um desconto entre 2 a 3%. O sexo, a raça do animal
e a idade, por ordem de influência, foram os fatores apontados como sendo os que mais afetam
a composição do preço final do animal. De acordo com a oferta, tanto machos como fêmeas são
adquiridos na balança e no gancho.
138
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Tabela 91 Frequência dos locais de procedência dos animais adquiridos para abate
e processamento.
Os resultados da pesquisa demonstraram que as aquisições dos animais para abate são feitas
com maior frequência nos produtores localizados na região onde estão situadas as empresas e
são realizadas por compradores dos próprios frigoríficos em maior escala e por terceiros.
Aproximadamente 70% dos frigoríficos pesquisados não adotam programas que tenham como
objetivo a melhoria da qualidade do animal abatido, bem como programas para melhoria da
carne que sai da linha de produção.
De acordo com as informações fornecidas pelas empresas, 77% dos produtos são direcionados ao
mercado regional e 23% ao local. Os principais compradores são supermercados e atacadistas,
que representam aproximadamente 70% da comercialização, e em menor escala os açougues e
empresas voltadas para o ramo de cozinha industrial. Em todos os segmentos, de acordo com os
dados da pesquisa, 80% das vendas são realizadas a prazo.
139
Tabela 92 Remuneração, processamento e venda do couro.
A Tabela 93 apresenta a opinião dos dirigentes dos frigoríficos sobre o efeito do abate clandestino
de bovinos nos negócios da empresa.
140
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
De acordo com os frigoríficos, a prática do abate clandestino afeta seus negócios diretamente
na redução da oferta de animais e na composição do preço.
De acordo com dados fornecidos pela Secretaria de Agricultura do Estado do Rio de Janeiro, já
foram identificados 79 locais em todo o estado onde são realizados abates clandestinos.
Recentes ações de repressão ao abate clandestino efetuados pelo Batalhão Florestal têm
produzido uma corrida aos estabelecimentos oficiais na busca da legalização do abate. Ainda é
cedo para concluir se este tipo de ação, como seria desejado, terá continuidade.
Para 80% das empresas, não há acesso a crédito bancário, o que tem provocado dificuldades na
expansão e modernização das instalações, principalmente das câmaras frias e na renovação da
frota de caminhões frigorificados.
141
142
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
143
vulneráveis e, em parte, explica o grande Na insuficiência de respostas conclusivas,
número de tropeços no ramo. fomos buscar opiniões em outros agentes
da cadeia, entrevistando distribuidores
21.1 Concentração do setor e donos de supermercados do RJ que
adquirem carne de outros estados e,
O surgimento de um mega grupo nacional, com sem pretender ter esgotado o assunto,
aquisições e incorporações internacionais, apresentamos algumas informações que,
estendendo suas atividades a outros ramos de forma qualitativa, acrescentam algumas
da economia, que vai da liderança de pistas para a compreensão do fenômeno.
consórcio de engenharia de construção de A definitiva compreensão do mesmo
hidroelétricas a privatização de rodovias, necessitaria aprofundada pesquisa de
tendo como parceiro o BNDES, tem causado mercado, com coleta de dados de difícil
apreensão nos produtores. Pecuarista de acesso que conseguissem abordar aspectos
estados grandes produtores têm assistido a quantitativos, o que excede as possibilidades
um espetacular estreitamento de opções para deste diagnóstico. A seguir apresento alguns
comercializar sua produção. As atividades aspectos levantados.
dos grandes frigoríficos têm se verticalizado,
sendo hoje os grandes confinadores do país. A cotação do boi vivo x Qualidade do boi
As consequências deste processo só serão
digeridas com o tempo. As cotações do boi em pé apresentadas por
vários informativos apresentam, de um modo
Junte-se a isso a recentíssima revolução geral, valores mais próximos do topo que
que a cadeia da carne vem observando no da média, o que acentua a diferença. O boi
setor intermediário, o dos frigoríficos, já comercializado no RJ, na média inferior ao
citada, e as peculiaridades do mercado
que foi cotado em outro estado, aparece
fluminense, para tecer um quadro de causas
valendo menos, arrastando a cotação
multifatoriais que compõem a realidade de
mercado da pecuária fluminense e que vão daqueles de qualidade que produzimos.
além das possibilidades de investigação
deste trabalho. A logística
144
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
145
corretores de frigoríficos de outros estados, de certa forma único, com aspectos peculiares
e só aí sairá às compras, já tendo balizado o capazes de influir na comercialização da
que irá pagar. Não comprar carne do RJ em carne nacional e consequentemente na
nada afetará seu negócio, uma vez que este produção dos estados exportadores.
possui massa crítica para comprar no atacado
carne de qualquer lugar que lhe é ofertada. Plantas exportadoras dos principais estados
Já o mesmo não acontece com o pecuarista produtores conseguem preços diferenciados
fluminense, que acabará tendo que vender em cortes especiais, obtidos de animais com
por aqui mesmo. padrão de acabamento, peso de carcaça
e idade bem definidos, tendo no mercado
A mágica da multiplicação da carne fluminense a principal opção de escoamento
de tudo o que não consegue ser exportado,
A aquisição pode ser com osso (meia carcaça, ou por não atender o padrão exigido ou
dianteiro, traseiro ou costela), geralmente por qualquer contratempo comercial. A
de bois não castrados com baixa cobertura colocação dessa carne no mercado paulista
de tecido adiposo na carcaça (acabamento), deterioraria o seu principal mercado
poderá também ser de cortes embalados, nacional; a preferência é, se necessário,
de machos ou de fêmeas. A prática de se contaminar o mercado do RJ. Segundo
injetar os cortes, recentemente proibida atacadistas esta seria a principal razão para
na cadeia do frango, chega a incorporar até a carne ser sistematicamente mais barata no
20% de umidade ao corte, com produtos que RJ que em SP.
nem sempre podem ser detectados pelas
análises atuais. Evidentemente que isto Alcatra e maminha sem picanha
concorre para diminuir a competitividade de
quem não assumir esta prática. Indagando Outro aspecto que nos diferencia do mercado
aos empresários pesquisados a razão de paulista, é a prática de os frigoríficos
colocarem no RJ a alcatra com a maminha
não investir na desossa como forma de
sem a picanha. De um lado, facilita ao
agregação de valor ao produto processado,
exportador apurar o máximo neste corte
uma das alegações seria a impossibilidade de
(picanha), escoando o restante (alcatra
concorrer com a carne injetada. e maminha) para o fluminense; de outro,
permite às redes de supermercado fazer
Baixar o preço no mercado do vizinho ou o constantes promoções de carne de primeira,
descarrego já que conseguem adquirir estes cortes por
preços menores.
Ainda que em linhas gerais a concentração
do varejo tenha ocorrido em todo o Brasil, o Qualidade do processamento
tamanho do nosso mercado, o segundo maior
do país, e a importância que este representa Também foi detectado existir, independente
para os demais estados produtores o tornam da qualidade do animal abatido, notada
146
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
147
concentração de plantas em determinados exclusiva responsabilidade dos empresários,
municípios, como Campos, Itaperuna e transbordando para a sociedade, pela
Três Rios, e um enorme vazio na região importância que o serviço de abate
que vai da Baixadas Litorâneas, passando inspecionado representa na preservação
pela Metropolitana até a Costa Verde. A do meio ambiente, no fechamento da
inexistência de abatedouro inspecionado atividade econômica pecuária de corte e,
nessas regiões dificulta o combate ao abate sobretudo, pelo fundamental aspecto de que
clandestino. esta é responsável, qual seja, a segurança
alimentar.
Quanto ao estado de funcionamento
das plantas existentes, na sua maioria A grande complexidade e o enorme montante
construídas há mais de 20 anos, muito se tem que envolve a cadeia de processamento e
a fazer para melhorá-las. Foi uma constante comercialização de carne afastam qualquer
no levantamento de campo as referências pretensão de soluções simples que possam
positivas ao Serviço de Inspeção Estadual, alterá-la. Porém, a ação polititica dos agentes
sendo atribuída à ação propositiva dele, foi capaz de sensibilizar os governos e
as significativas melhoras efetuadas pelos conseguir a desoneração do setor tanto
empresários nos últimos anos, mediante em âmbito federal (PIS e COFINS) como no
compromissos firmados com este Serviço. estadual, a já citada isenção do ICMS, em
Ainda há um longo caminho a ser percorrido flagrante beneficio para a sociedade. Outras
para que se atinja um nível de excelência ações poderão ser deflagradas.
desejado.
Ações propositivas para o setor de abate e
Melhoria e aumento das câmaras frias, comercialização
modernização da frota de distribuição,
dentre outros, foram os pontos mais citados Convocação de uma conferência do setor,
como aqueles que merecem investimento.
onde todos os elos envolvidos, setor público,
produtores, empresários do abate, da
Uma questão recorrente, que de alguma
forma atinge todas as plantas, é a relação distribuição, varejistas, debatam ações
conflituosa com os órgãos de fiscalização como:
e normatização ambiental. As queixas vão
desde a ausência de respostas a pedidos • Solução definitiva para o passivo
de licenças protocoladas há muitos anos, ambiental da atividade, definindo o que
passando pela indefinição das atribuições fazer, como fazer e as fontes de recursos.
de competências, a imprecisão das medidas • Articulação dos pecuaristas que produzem
exigidas etc. gado com padrão de excelência, na busca
de obtenção de escala para um abate
A definitiva solução do problema, dado o diferenciado.
vultoso custo que a solução demandará, • Erradicação do abate clandestino.
merece ser considerada pelo governo
• Fomento à instalação de plantas no vazio
como um problema que vai além da
detectado.
148
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
149
• Implementar campanhas
publicitárias visando o
aumento do consumo da
carne bovina produzida no
Estado;
• Incentivar a adoção do
sistema de manejo intensivo
e rotacionado de pastagens
e a suplementação a pasto
no período de escassez de
forragens;
• Incentivar a implantação
de projetos para produção
de carne com qualidade
assegurada, ou seja, em
que todos as fases da
produção são certificadas,
agregando desta maneira
valor e levando ao mercado
fluminense carne de melhor
qualidade;
• Implementar programas de
incentivo à recuperação das
pastagens com a utilização
de corretivos e fertilizantes
de maneira correta;
• Estimular a utilização do
cruzamento industrial com
a escolha das raças mais
apropriadas, objetivando o
melhor aproveitamento da
heterose ou vigor híbrido;
• Implementar programas de
assistência técnica para os
produtores;
• Incentivar a realização de
seminários para discutir
questões ambientais e o
bem-estar animal.
150
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
23 Legislação
Tabela 95 Legislação.
151
Fonte: ABIEC, 2010.
152
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
24 Glossário
Aftosa – enfermidade causada pelo aflovírus que pode ser transmitida de um animal para outro pelo leite, carne e saliva.
A doença também é transmissível para animais pela água, ar e objetos e locais sujos. Caracteriza-se pelo aparecimento
de aftas na boca e na gengiva e feridas nas patas e mamas. O animal doente também fica febril, com dificuldade para
pastar, perde peso e produz menos leite. As espécies mais atacadas são bovinos, suínos, caprinos e ovinos.
Agronegócio – relações comerciais efetuadas com produtos agrícolas através de atividades de compra e venda.
Animal inteiro – termo utilizado para identificar machos não castrados de uma espécie, portando todos os órgãos do
aparelho reprodutor.
Arroba – antiga unidade de medida de peso equivalente a 32 arráteis, ou seja, 14,689 kg. No Brasil é utilizada como
medida de peso de produtos agropecuários e equivale a 15 kg.
Barreira sanitária – mecanismo legal utilizado por autoridades governamentais de um país ou região que impede ou
restringe a circulação de organismos vivos, parte deles ou seus derivados. Este mecanismo tem por objetivo evitar ou
prevenir riscos de contaminação e disseminação de pragas e doenças ou a introdução de espécies que possam ameaçar
a saúde de seres humanos, animais e vegetais que vivam nesses locais ou ainda comprometer o equilíbrio ecológico.
Normalmente este termo é usado no caso de animais e seus derivados, enquanto o termo barreira fitossanitária é usado
para vegetais e seus derivados. O termo genérico mais usado é barreira de biossegurança.
Barrigada – vísceras de animais abatidos; conjunto de filhotes nascidos de um parto do animal.
Bebedouro – implemento ou local utilizado para fornecimento de água aos animais.
Bezerro ou terneiro – bovino jovem entre o nascimento e o desmame, geralmente até sete meses de idade. Para
algumas espécies esse período vai até 12 meses.
Boi – macho castrado das espécies taurinas ou zebuínas com idade acima de 30 meses, geralmente destinado ao abate,
serviço no campo ou como meio de transporte.
Boi de pé – bovino de corte ainda vivo no pasto ou galpão de confinamento.
Bovinocultura – atividade pecuária destinada à criação de gado bovino. Divida em bovinocultura de corte, para
produção de carnes e peles, e bovinocultura de leite.
Brete – local de contenção ou imobilização de animais com objetivo de alguma prática de manejo como selação e
aplicação de vacinas e medicamentos.
Brinco – objeto pendente fixado no lóbulo da orelha de animais com a finalidade de identificá-lo.
Bubalino – relativo a búfalo.
Cadeia produtiva – conjunto formado por todas as ações e agentes interligados entre si (elos) que estão relacionados
com a produção e distribuição de um bem ou serviço, desde a produção da matéria-prima até a comercialização do
produto final.
Câmara fria ou câmara frigorífica – compartimento de temperatura mantida artificialmente baixa, para armazenamento
e conservação de gêneros perecíveis.
Capacidade de suporte – a máxima taxa de lotação que proporciona determinado nível de desempenho animal, dentro
de um sistema de pastejo, e que pode ser aplicada por determinado período de tempo sem causar a deterioração do
sistema.
Carcaça – parte comestível da carne bovina, ainda com osso, obtida após os procedimentos de abate.
Carne – qualquer tecido animal utilizado para alimentação, seja in natura ou processado.
CIF – o CIF (Cost Insurance Freight) - Custo, seguro e frete - o fornecedor se responsabiliza pelo frete, cabendo a este
fornecer uma guia para que o comprador possa resgatar o produto perante o courrier. Este custo consta no orçamento
do fornecedor. No CIF, toda a logística, desembaraços etc. ficam a encargo do fornecedor, que apenas deve fornecer a
guia de retirada para o cliente, a fim de que este possa retirar a encomenda junto ao courrier em questão.
Cobertura – cópula ou coito entre animais em que, ocorrendo no período de fertilidade da fêmea, acontece a
fecundação; também chamado de monta.
Cocho – equipamento muito utilizado para fornecer alimento a animais, podendo ser de vários tipos, dependendo do
animal que será alimentado e do alimento que será oferecido.
Confinamento – sistema de produção intensivo utilizado para criação de aves, bovinos, suínos, ovinos, caprinos e outras
espécies, no qual os animais são criados em galpões fechados e alimentados com ração e/ou material volumoso no
cocho.
Congelamento – técnica que consiste em submeter alimentos, organismos vivos ou parte de organismos vivos a
temperatura muito baixa em congelador a fim de conservá-lo em bom estado até sua utilização; método de conservação
de alimentos que utiliza temperaturas mais baixas que a refrigeração e, por isso, inibe o crescimento microbiano e
retarda praticamente todo o processo metabólico.
153
Controle de pragas – conjunto de ações tomadas com o objetivo de manter em níveis satisfatórios ou erradicar por
razões de sanidade as pragas que atacam culturas vegetais ou a criação de animais.
Conversão alimentar – medida de eficiência do processo de ganho de peso (crescimento, engorda), em termos de
quilograma de matéria seca de alimentos ingeridos por quilograma de ganho de peso.
Conversão de tonelada líquida para tonelada equivalente carcaça
Carne industrializada: O total processado deve ser multiplicado pelo fator 2,5.
Carne in natura:
• Carnes com osso: deve ser multiplicada pelo fator 1.
• Carnes desossadas: deve ser multiplicada pelo fator “1,4706”.
• Total equivalente carcaça = Carne desossada + Carne com osso.
Cota Hilton – A cota Hilton é constituída de cortes especiais do quarto traseiro de novilhos precoces, e seu preço no
mercado internacional corresponde de três a quatro vezes o preço da carne comum. A cota anual, de 34.000ton, é fixa,
e a ela somente têm acesso os países credenciados. Eventualmente, pode ser suplementada por uma cota variável, que
pode ser atendida por outros fornecedores, devidamente credenciados, inclusive pelo Brasil. Essas cotas possuem uma
taxa de importação de 20% ad valorem. A cota brasileira é de 5 mil toneladas anuais.
Couro – pele de animais curtida, imputrescível e utilizada como matéria-prima para diversos usos e finalidades.
Couro cru – couro sem tratamento, não curtido.
Creep feeding – suplementação com concentrado, em cocho privativo, para os bezerros durante a fase de amamentação.
Creep grazing – utilização de uma área de pasto de acesso exclusivo pelos bezerros, enquanto estão na fase de
amamentação.
Criadouro – área delimitada, preparada e dotada de instalações capazes de possibilitar a reprodução, cria e recria de
espécies da fauna silvestre.
Cruzamento rotacionado: sistema de cruzamento em que as fêmeas cruzadas de reposição são produzidas no próprio
sistema de produção.
Cruzamento terminal (cruzamento industrial): sistema de cruzamento em que todos os animais cruzados produzidos
são comercializados para abate.
Cruzamento: sistema de acasalamento entre animais de raças ou grupos genéticos diferentes.
Curral – instalação ou local fechado, geralmente coberto, onde se aloja e reúne o gado para uma série de operações
de manejo como apartação, marcação, pesagem, castração, inseminação, medicação, vacinação e embarque. Deve
ser construído de forma a permitir que essas operações sejam feitas de maneira tranquila e segura e com o mínimo de
esforço e estresse para os animais e o tratador.
Desinfecção – atividades que visam à eliminação ou ao controle de agentes patógenos que possam causar infecções
em seres vivos.
Desmamar – fazer perder o costume de mamar; apartar do leite; desleitar.
Desossar – atividade que consiste na retirada dos ossos de partes específicas de animais abatidos ou de carcaças
inteiras.
Disponibilidade de forragens - Porção da massa de forragem, expressa como massa por unidade de área, que está
acessível aos animais para consumo.
Disseminação – ato ou efeito de espalhar, difundir ou propagar em um meio uma doença ou praga através de um veículo
que pode ser vegetal, animal ou um meio físico.
Divisa – traço ou linha divisória entre estados; limite entre duas unidades da Federação. O termo também é utilizado
para designar a marca feita no gado a ferro quente para identificar propriedade.
Doença – denominação genérica dada a qualquer desvio do estado normal de saúde causada por um patógeno em
animais ou vegetais e que se manifesta por meio do funcionamento anormal de células e tecidos através de um
conjunto de sinais e/ou sintomas que têm uma só causa.
Ectoparasitos – parasitos externos.
Endoparasitos – parasitos internos.
Entressafra – período das secas (outono e inverno) no ano.
Equivalente carcaça – Tem como referência a venda de carne com osso. (carcaça)
Equivalente desossa – Se considerarmos a margem de comercialização dos frigoríficos que vendem os cortes de carne
sem osso, mais derivados e subprodutos, a diferença entre o preço recebido pelo pecuarista e o apurado pela indústria
é bem maior.
Erradicação – eliminação de animais, plantas ou outros organismos considerados patógenos em uma área ou região.
FAERJ - Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Estado do Rio de Janeiro.
FOB (Free On Board) – o fornecedor se responsabiliza (contratualmente) pela mercadoria até a hora em que ela é
entregue, na data e hora, ao courrier escolhido pelo comprador. Este preço não faz parte do orçamento do fornecedor,
deverá ser calculado pelo comprador de acordo com o serviço de frete que escolheu. No FOB, todos os custos e
desembaraços legais da carga são de responsabilidade do fornecedor, que cessa assim que o mesmo entregue a
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
mercadoria à empresa de courrier contratado pelo comprador, na hora e local combinados, em contrato. Veja, se o
fornecedor perder o prazo de entrega ao courrier, este prejuízo não é de responsabilidade do comprador. O custo FOB
não consta em orçamentos de fornecimento da mercadoria; este custo deve ser calculado à parte, pelo cliente.
Forrageira – qualquer espécie de vegetação, natural ou plantada, que cobre uma área e é utilizada para alimentação
de animais, seja ela formada por espécies de gramíneas, leguminosas ou plantas produtoras de grãos.
Frigorífico – denominação dada aos estabelecimentos destinados ao abate de gado, à desossa das carcaças e à
conservação do bom estado dos cortes de carne em câmaras frias; câmara fria.
Gado – denominação genérica dada aos animais domésticos que formam rebanhos e são explorados economicamente.
GATT – A Cota GATT é também uma cota de carne especial, estabelecida pelo GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio),
destinada à União Européia. Inclui outros cortes do quarto traseiro de qualidade não tão alta quanto os da cota Hilton,
e é menos valorizada do que aquela.
Heterose (vigor híbrido) – superioridade dos animais da primeira geração de cruzamento em relação à média das raças
paternas.
Imunidade – resistência que um organismo vivo apresenta às pragas e doenças, geralmente adquiridas após o
estabelecimento de uma infecção causada por microorganismo infeccioso ou após a inoculação de vacinas.
Indivíduo – exemplar representante de uma determinada espécie; ao seu conjunto denomina-se população.
Infecção – ataque agressivo a um ser vivo por agente patogênico. É o princípio ou origem de uma enfermidade ou
doença.
Infestação – ataque violento por um organismo de forma ampla e mais ou menos uniforme sobre uma área ou indivíduo.
Mal da vaca louca – cientificamente denominada Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE), é uma doença que atinge
principalmente o gado bovino, mas já há registro de ocorrência em outras espécies como gato doméstico, pumas,
avestruzes, leopardos e antílopes. É uma doença de difícil diagnóstico, de longo período de incubação e que não tem
tratamento. É contraída pela ingestão de alimento contaminado. Caracteriza-se por infecção generalizada do cérebro
decorrente da multiplicação de infecções em outras partes do organismo causada por uma partícula protéica infecciosa
denominada príon, que faz com que o animal perca o controle dos movimentos e apresente hipersensibilidade ao toque
e ao som. Nas ovelhas a doença é chamada scrapie. É inexistente no Brasil e não tem nenhuma semelhança ou ligação
com a aftosa.
Manejo de animais – são operações e técnicas utilizadas no trato de animais que se evidenciam no tipo e na forma
de fornecimento de alimentação, na movimentação, nos tratamentos preventivos e terapêuticos de doenças, nas
instalações para permanência ou repousos, dentre outros.
Market share - (termo mais comum no Brasil) pela tradução literal do inglês, “quota de mercado”.
Medida protecionista – procedimento adotado pelos governos com o objetivo de favorecer a produção interna frente
à concorrência com outros países. As principais medidas protecionistas são as barreiras tarifárias e as não tarifárias.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – pasta do governo brasileiro responsável pela gestão política das
áreas de agricultura, pecuária e abastecimento.
Monitoramento – acompanhamento, avaliação e controle das condições ou de fenômenos, naturais ou artificiais, com o
objetivo de obter dados quantitativos e qualitativos que possibilitem maior conhecimento sobre eles, identificando assim
possíveis riscos ou oportunidades que possam ser controlados ou aproveitados para minimizar eventos indesejáveis.
NDT (nutrientes digestíveis totais) – medida do valor energético de determinado alimento ou dieta, geralmente
utilizada para definir a qualidade dos alimentos e adequá-los às exigências dos animais.
Nova raça – raça formada por meio de cruzamento entre animais de duas ou mais raças já existentes e reconhecida
pelos órgãos oficiais do país de origem.
Novilho ou garrote – macho dos bovinos com idade entre um e três anos.
Novilho precoce – macho dos bovinos com idade entre dois anos e dois anos e meio e que por meio de técnicas de
melhoramento genético, de manejo e de alimentação apresenta desenvolvimento de carcaça e pesos adequados para
abate. Nas espécies taurinas o animal geralmente está pronto para o abate em até 24 meses; nas zebuínas, em até 30
meses.
Oferta de forragem – relação entre a quantidade de forragem por unidade de área e o número de unidades animais.
Pastagem – vegetação própria para alimentação do gado, podendo ser natural ou plantada com espécies perenes ou
de ciclo anual.
Pastejo rotacionado – condução dos animais de forma a pastejar a forrageira por um a três dias, deixando a forrageira
recuperar suas raízes e folhas num período de 20 a 36 dias, conforme a forrageira e seu vigor de desenvolvimento.
Pasto – área ao ar livre, normalmente cercada, podendo ser plana ou acidentada, natural ou plantada, na qual existe
uma cobertura vegetal formada geralmente por espécies de gramíneas e/ou leguminosas que servem de alimento ao
gado.
Pecuária – atividade agrícola que tem por finalidade a criação de gado.
Pedilúvio – tanque raso que contém água ou substâncias terapêuticas e/ou curativas, geralmente construído na entrada
ou na saída dos currais e salas de ordenha com o objetivo de efetuar a higiene e/ou tratamento dos cascos dos animais;
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pode ser usado em aeroportos, estradas e outros locais em caso de doenças provocadas por agentes patógenos que
podem ser carregados nos pés e patas de animais; o tanque utilizado para a desinfecção de veículos recebe o nome de
rodolúvio.
PIB (produto interno bruto) – expressão do total dos bens e serviços finais produzidos dentro do território econômico
da nação, independentemente de quais sejam os proprietários dos recursos empregados.
Piquete – subdivisão do pasto normalmente por cerca destinada ao pastoreio ou separação de animais que necessitam
tratamentos ou cuidados especiais.
Plantel – conjunto de animais que formam um rebanho.
Política agrícola – conjunto de ações do governo destinado a influir nas decisões dos agentes responsáveis por
atividades agrícolas, visando à consecução de determinados objetivos como produção, comercialização e armazenagem
de produtos agrícolas através de mecanismos como fornecimento de infraestrutura, créditos, mecanismos fiscais,
armazenagem etc.
Probabilidade – medida baseada na relação entre o número de casos favoráveis e o número total dos casos possíveis.
Número positivo e menor que a unidade, que se associa a um evento aleatório, e que se mede pela frequência relativa
da sua ocorrência numa longa sucessão de eventos.
Produtividade – relação entre a quantidade ou valor produzido e a quantidade ou valor dos insumos aplicados à
produção; eficiência produtiva.
Profilaxia – parte da medicina que trata das medidas preventivas contra as enfermidades. Emprego dos meios para
evitar as doenças.
Programa sanitário – conjunto de medidas para prevenir e controlar as principais doenças dos animais.
Propagação – multiplicação dos seres vivos por meio de reprodução sexuada ou assexuada; proliferação.
Raça exótica – raça de bovinos originária de outro país.
Rastreabilidade – é a possibilidade de registrar, através de um conjunto de instrumentos, o caminho percorrido por um
indivíduo (animal ou vegetal) ou produto processado desde sua origem até sua colocação para o consumo final.
Rebanho – conjunto de animais.
Rês – qualquer quadrúpede utilizado na alimentação humana.
SEAPPA-RJ – Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro.
Segurança e qualidade dos alimentos – atributos referentes à inocuidade dos alimentos e seu valor nutritivo; garantir
a segurança e qualidade dos alimentos é atribuição da Vigilância Sanitária.
Seleção – escolha dos pais da próxima geração.
Semiconfinamento – método de engorda de bovinos, em área de pastagens, com suplementação de mistura de
concentrados.
SIE – Serviço de Inspeção Estadual.
SIF – serviço de Inspeção Federal.
SIM – Serviço de Inspeção Municipal.
SISBOV – O SISBOV é o serviço de rastreabilidade da cadeia produtiva de bovinos e bubalinos. É o conjunto de ações,
medidas e procedimentos adotados para caracterizar a origem, o estado sanitário, a produção e a produtividade da
pecuária nacional e a segurança dos alimentos provenientes dessa exploração econômica. Seu objetivo é identificar,
registrar e monitorar, individualmente, todos os bovinos e bubalinos nascidos no Brasil ou importados. Os procedimentos
adotados nesse sentido devem ser previamente aprovados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento –
MAPA.
Tatuagem – marca ou sinal feita geralmente a fogo na pele de um animal com a finalidade de identificá-lo.
Tratamento preventivo – conjunto de medidas adotadas antes do aparecimento ou constatação de uma doença, praga
ou deficiência que tem por objetivo impedir que um organismo seja atacado por seus agentes causadores.
Úbere – órgão formado pelo conjunto de glândula mamária, quartos mamários, tetas e pele das fêmeas.
Unidade animal (UA) - equivalente ao peso de um animal com 450 kg.
Vacina – substância de origem microbiana (micróbios mortos ou de virulência abrandada) que se ministra a um indivíduo
com fim preventivo, curativo ou paliativo. Qualquer espécie de vírus atenuado que, introduzido no organismo, determina
certas reações e a formação de anticorpos capazes de tornar esse organismo imune ao germe utilizado.
Virose – enfermidade causada por vírus.
Vírus – agente infeccioso microscópico que não tem capacidade metabólica autônoma e apenas se reproduz no interior
de células vivas. Assim como outros organismos, pode multiplicar-se com continuidade genética e é passível de mutação,
podendo apresentar formas diversas.
Zebu – grupo de raças de bovinos de origem indiana, cuja principal característica é apresentar giba ou cupim. Também
é afetado pela aftosa.
Zoonose – doença transmitida dos animais para o homem.
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