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Adequação ao Uso de Alimentos Volumosos: Custos de Produção e

Desempenho Comparativo

Ricardo Andrade Reis 1, Luis Gustavo Nussio 2, Rogério Marchiori Coan 3, Flávio Dutra de Resende 4,
Ricardo Dias Signoretti 5
1. Introdução
Apesar de o Brasil deter um dos maiores rebanhos bovinos comerciais do mundo,
com aproximadamente 195 milhões de cabeças, observa-se que a taxa de lotação das
áreas de pastagens é muito baixa (0,6 U.A/ha), resultando em produtividade inferior ao
potencial do setor pecuário.
A estacionalidade de produção das plantas forrageiras é reconhecida como um
dos principais fatores responsáveis pelos baixos índices de produtividade da pecuária
nacional, visto que ocorre redução de produção das pastagens em períodos em que há
diminuição da disponibilidade de luz (dias são mais curtos), a temperatura média é
menor e o índice pluviométrico é drasticamente reduzido. Esses três fatores juntos
impedem que a pastagem cresça de uma forma uniforme durante o ano todo. No Brasil
Central, esse período corresponde aos meses de maio a setembro, época em que
ocorre drástica redução no crescimento de gramíneas forrageiras tropicais, resultando
em menor disponibilidade quantitativa e qualitativa de forragem, afetando de maneira
significativa o desempenho dos animais mantidos a pasto. Os principais prejuízos
causados pela estacionalidade na produção de forrageiras são relacionados ao atraso
no crescimento de animais jovens, perda de peso nos machos adultos e
conseqüentemente aumentando a idade de abate dos bovinos, atraso na idade da
primeira parição e baixa fertilidade do rebanho.
De maneira geral, a relação entre a produção de verão e inverno é de
aproximadamente 4:1, ou seja, do total de forragem produzida durante o ano, 80% está
concentrado em aproximadamente 6 meses de verão, enquanto nos demais, apenas

1
Professor do Departamento de Zootecnia – FCAVJ/UNESP. rareis@fcav.unesp.br
2
Professor Associado do Departamento de Zootecnia – ESALQ/USP. nussio@esalq.usp.br
3
Zootecnista – Doutor em Produção Animal – Diretor da COAN Consultoria, Jaboticabal/SP. rogério@coanconsultoria.com.br.
4
Pesquisador Científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios ( APTA) – Colina/SP. flavio@aptaregional.sp.gov.br
5
Pesquisador Científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios ( APTA) – Colina/SP. poloaltamogiana@aptaregional.sp.gov.br
20%. É importante ressaltar que a estacionalidade de produção forrageira é mais
marcante para as espécies de capim pertencentes ao gênero Panicum
(Tanzânia, Mombaça e Colonião), comparativamente àqueles do gênero Brachiaria
(Marandu, Decumbens e Humidicola), que apresentam maior plasticidade de produção e
manejo.
Os efeitos desse fato sobre a pecuária de corte são evidentes, ocorrendo uma
variação acentuada de ganho de peso, provocando um efeito “sanfona” sobre os
animais, e um conseqüente atraso da idade de abate destes. Durante o inverno é
comum que os animais percam peso, enquanto no verão, estes apresentam ganhos
acentuados. A lotação das pastagens sofre redução, já que a oferta de forragem é
reduzida. O preço da arroba de carne oscila durante o ano devido à existência de
períodos de alta e baixa disponibilidade de animais prontos para o abate, bezerros,
vacas, novilhas e bois magros. Para reduzir tais efeitos é necessário a utilização de
volumoso suplementar, o qual pode ser conservado na forma de silagem.
A escolha de alternativas visando minimizar os efeitos da estacionalidade na
produção de plantas forrageiras deve ser coerente com o nível de exploração pecuária,
diferenciando-se, principalmente pela necessidade de intensificação de uso das
pastagens. É nesse sentido, que as técnicas de conservação de forragens têm sido
adotadas como estratégia para manutenção do equilíbrio entre a oferta e demanda de
alimentos nos sistema de produção.
Outra razão para a utilização de técnicas de conservação de forragens é o melhor
uso do solo. É possível o plantio de duas a três culturas em sucessão ou vários cortes
de forrageiras perenes, em contraste com alternativas de produção e estocagem de
“feno-em-pé” ou plantio de lavouras para colheita de grãos, que demandam um período
prolongado de utilização do solo.
Para tentar solucionar ou pelo menos minimizar o problema e estratificar
uniformemente a produção de carne durante o ano, o pecuarista pode adotar inúmeras
estratégias, cada qual mais apropriada às condições do sistema de produção que
estiver sendo utilizado na propriedade. O uso de forragens conservadas, a
suplementação concentrada no pasto e o uso de irrigação são alternativas utilizadas
para contornar a escassez de pasto nesse período do ano.
A conservação de forragens proporciona alimentos de alta qualidade, de maneira
mais uniforme, ao longo do período de suplementação. A silagem e o feno, com
destaque para o primeiro, são as principais formas de uso de forragens conservadas.
A alternativa mais simples para intensificar (aumentar) a produção de carne é a
suplementação (alimentação adequada) durante o período seco. Contudo, com a
globalização das economias que vem ocorrendo, incluindo-se neste contexto a
produção de carnes, há necessidade de aprimorar os sistemas de produção, quer seja
por meio da redução de custos ou aumento da qualidade dos produtos ofertados. Nesse
sentido, do ponto de vista nutricional, a intensificação dos processos de produção de
carne envolve desde o manejo racional das pastagens durante a estação de
crescimento abundante de forragem até a suplementação, o semiconfinamento e o
confinamento dos animais no período de pouca disponibilidade de forragem (Esteves,
1997).
A conservação de forragens surge como alternativa interessante para suprir a
baixa produção de forragens no período seco do ano e de forma a manter o nível de
suprimento de alimentos derivados da bovinocultura para a população.
Existem diversas formas de conservação de alimentos, tanto para uso humano
quanto para uso animal. É pertinente e correta a afirmação de Ashbell (1994) de que
não existe tecnologia de conservação que impeça mudanças na qualidade dos
alimentos ou perdas durante a estocagem; contudo, o uso correto da tecnologia pode
reduzi-las ao mínimo.

2. Alimentos volumosos como fonte suplementar

A utilização da suplementação de bovinos com forragens conservadas depende


dos requerimentos nutricionais da categoria de bovinos de corte e da composição de
nutrientes da forragem.
Segundo o NRC (1996), a máxima eficiência de utilização da dieta resulta do
suprimento de dietas nutricionalmente balanceadas, sendo o desempenho do animal
afetado pelo principal nutriente limitante. Neste sentido, quando a energia é o principal
nutriente limitante, outros nutrientes não serão eficientemente utilizados. Da mesma
forma, se a proteína for o principal nutriente limitante, o suprimento de energia adicional
poderá não otimizar o desempenho animal.
Além das exigências nutricionais dos animais, deve-se conhecer a composição
dos alimentos concentrados ou volumosos para melhor equilibrar a dieta dos animais
em questão. Algumas forragens são pobres em proteína, não atendendo as exigências
de qualquer categoria de bovinos, principalmente aqueles em fase de terminação.
As silagens de milho, sorgo forrageiro, cana-de-açúcar, dentre outras, precisam
ser suplementadas com proteína. Independentemente do tipo de forragem, a
suplementação protéica deve ser calculada com base nas exigências da categoria
animal e no teor de proteína bruta da forragem.
Os compostos nitrogenados não protéicos (NNP), principalmente a uréia, têm
sido amplamente utilizados como fonte de nitrogênio, em dietas para ruminantes. Uma
das razões para o uso de fontes de NNP é o menor custo do quilograma de nitrogênio,
em relação aos concentrados protéicos.
Quando o consumo de energia proveniente da forragem limita o desempenho
animal, será necessária a suplementação com uma fonte rica em energia, como a
silagem de milho, a suplementação energética poderá não ser necessária, a não ser no
caso de bovinos em terminação (Coan et al, 2003).

2.1. Opções de volumosos suplementares

As principais opções de volumosos suplementares a serem utilizados na forma de


silagem são: silagens de sorgo, girassol, milho, cana de açúcar e capim.
A escolha do tipo de volumoso a ser utilizado deve levar em consideração
aspectos técnicos e econômicos. Neste sentido, Nussio et al. (2003) avaliou diferentes
fontes de volumosos suplementares (silagens de sorgo, girassol, milho, milho safrinha e
capineira de cana-de-açúcar sob colheita manual e mecanizada) para ganhos de peso
de 0,85 e 1,25 kg/dia, sob regime de confinamento. Nesta avaliação foram considerados
os parâmetros nutricionais médios baseados no NRC (1996) e os custos de produção
estimados pelo CEPEA/ESALQ de abril de 2003. Os autores concluíram que o custo
total médio das culturas anuais (sorgo, girassol e milho) foram inferiores ao das culturas
perenes (capim tanzânia e cana picada). O custo total considerou etapas desde o
cultivo, colheita e oferta de volumosos aos animais, considerando perdas inerentes aos
processos. Dos principais componentes do custo de produção, evidenciam-se aqueles
relativos aos insumos (fertilizantes, inseticidas, herbicidas, combustível, lona plástica,
etc) os quais corresponderam a 57,1% do custo total de produção e 29% na opção
relativa à capineira de cana-de-açúcar, justificado pela sua não conservação na forma
de silagem. Para a silagem de milho produzida na safra convencional (set/out) e durante
o período de safrinha (fev/mar), Nussio et al. (2003) ponderou sobre a menor
produtividade e o valor nutritivo inferior característico dessas culturas cultivadas na
safrinha o que pode representar fontes de nutrientes menos competitivos na
composição de rações para bovinos em engorda. No caso da silagem de capim
tanzânia, Nussio et al (2003) observou que apesar de gerar um baixo custo por tonelada
de massa verde em função da grande produção de biomassa, esta apresentou custo
elevado por tonelada de matéria seca, assemelhando-se ao custo da silagem de
culturas anuais, constituindo-se assim numa fonte de nutrientes de custo elevado. Além
disso o manejo insatisfatório que normalmente é utilizado no processo de ensilagem
dessas plantas, tem como agravantes perdas totais estimadas superiores a 40% da
matéria seca (MS) em silos de grande porte (Nussio et al, 2003).
Quando se pensa nas culturas anuais, dos custos totais de produção de silagem,
cerca de 50% são representados por fertilizantes e custos associados com o processo
de ensilagem (colheita, transporte e lona plástica) o que indica a importância da
profissionalização na compra desses insumos e serviços visando buscar a redução no
custo unitário desses volumosos (Nussio et al, 2003).
A segui será apresentada uma discussão sobre os principais volumosos
suplementares na forma de silagem.

a) Cana-de-Açúcar
Cada vez mais a cana-de-açúcar tem sido utilizada como volumoso suplementar
para terminação de bovinos, em virtude dos seus atributos positivos: cultura de fácil
implantação, requerendo poucos tratos culturais; elevada produtividade (ao redor de 90
t./ha) em uma única colheita, melhor qualidade no período de escassez das pastagens;
bem consumida pelos animais.
Apesar de todos os atributos positivos, a mecanização do corte, em algumas
situações, é problemática. As máquinas forrageiras utilizadas para essa finalidade são
pouco eficientes, apresentam baixo rendimento, necessidade freqüente de manutenção
e principalmente o tamanho de corte das partículas o qual, muitas vezes, não é
adequado para potencializar o consumo e consequentemente o desempenho animal.
Para o corte mecanizado, muitas propriedades têm utilizado máquinas forrageiras
inicialmente utilizadas para ensilagem de milho e sorgo. Problemas de manutenção,
longevidade e rendimento dessas máquinas sempre se apresentaram como limitantes
ao desenvolvimento e à evolução de grandes sistemas de produção baseados na
utilização da cana-de-açúcar como recurso forrageiro.
No que diz respeito ao valor alimentício da cana-de-açúcar, esta ao contrário da
maioria das plantas forrageiras, apresenta melhora da digestibilidade da MS com o
avanço da maturidade fisiológica em função do aumento dos teores de carboidratos
solúveis. Dependendo da idade fisiológica no momento do corte, o teor de FDN pode
variar de 40 a 65%, porém próximo da idade ideal de corte essa variação é menor.
Oliveira (1996), citado por Coan et al. (2003) em uma avaliação de 16 variedades,
sendo 15 originárias do Centro de Ciências Agrárias da UFSCAR (RB) e a CO 413,
observou que a proporção de FDN variou de 45,1 a 58,0% da MS, enquanto que o teor
de FDA, variou de 25,9 a 37,5% na MS. A cana-de-açúcar integral é uma forragem rica
em energia (aproximadamente 60% NDT na MS), mas apresenta baixos teores de
proteína bruta (2 a 3% na MS), enxofre, fósforo, zinco e manganês.

a. 1- Utilização da cana-de-açúcar para produção de silagem


Durante o período das chuvas, não só a confecção de silagem é mais
problemática, como também, ao optar-se pelo fornecimento da cana fresca, reduz-se a
capacidade de mecanização das operações de campo, dificultando o corte diário e
conduzindo a irregularidades no fornecimento do alimento.
Tendo em vista esta constatação, muito se tem discutido sobre a ensilagem da
cana-de-açúcar. O que se pode afirmar é que atualmente se faz necessário o
desenvolvimento de trabalhos de pesquisa na área de conservação da cana na forma
de silagem, levantando problemas com o processo fermentativo (principalmente
produção de álcool), colheita, armazenamento e desempenho animal (consumo de
matéria seca, digestibilidade e produção de carne e leite). Momentaneamente os
resultados de desempenho animal com uso da silagem de cana são inferiores aos
encontrados para a cana-de-açúcar in natura. Isso ocorre principalmente pela maior
produção de ácido acético e álcool, fatores esses que limitam sobremaneira o consumo
do material, por apresentarem influência direta sobre os receptores bioquímicos ligados
à saciedade.
O uso de aditivos microbiológicos à base de bactérias lácticas pode ser uma
alternativa para limitar o crescimento de leveduras, e consequentemente o aumento da
produção de álcool e redução de consumo, digestibilidade e desempenho animal com o
uso dessa silagem. Devido ao alto custo desse aditivo e da falta de garantia de retorno
financeiro, a recomendação do seu uso é questionável, porém, à medida que estes
produtos sofrerem melhoria de qualidade e redução de preço e o processo de produção
de silagem (todo o sistema, desde o plantio da cana até o manejo da desensilagem e
alimentação) esteja otimizado.
Uma visão mais ampla de negócio, ou seja, a visão de um sistema de produção
de carne ou leite, ao invés de simplesmente avaliar o alimento volumoso
individualmente, permitirá ao produtor decidir pela utilização da cana-de-açúcar na
forma de silagem ou in natura, concluindo-se que a decisão pode ser mais acertada com
qualquer uma, desde que outros parâmetros do sistema indiquem isso, principalmente
com relação à disponibilidade da cana (excesso), disponibilidade e custo de mão-de-
obra, disponibilidade de silos para armazenamento, disponibilidade de máquinas para
colheita e ou picagem e até a terceirização da colheita. O que atualmente se constata é
que a qualidade da silagem é menor do que a cana in natura, tanto do ponto de vista de
ingestão de matéria seca como da sua digestibilidade, porém ganhos em outros
segmentos do sistema de produção podem compensar essa perda e até aumentar a
lucratividade do produtor.

]
b. Silagem de milho
O milho é a mais popular cultura utilizada no processo de ensilagem, e extensas
áreas são cultivadas em diferentes partes do mundo.
Esta opção permite que a semeadura possa ser realizada entre os meses de
agosto e janeiro, com ciclo de 110 a 180 dias, de acordo com o híbrido utilizado. Nos
cálculos é considerado o plantio no mês de novembro. Recomenda-se o uso de 27 a 32
kg de sementes viáveis por ha, com espaçamento de 0,7 a 1,0 m entre linhas. O ponto
de colheita do material é caracterizado pelo estado farináceo-duro do seu grão, com
matéria seca variando entre 30 e 35%. A produção média estimada e usada para os
cálculos apresentados para a cultura é de 15 t de MS por ha; o teor de PB é
aproximadamente 6 a 8%, e de NDT, de 65 a 75%. A maior quantidade de grãos no
material ensilado poderá representar economia em ingredientes concentrados, sendo
assim, a escolha dos materiais genéticos para produção de silagens deve recair não só
sob o fato do mesmo ser adaptado à determinada região geográfica e ser mais
produtivo, mas sim sob o aspecto de minimizar o custo da ração total a ser fornecida
aos animais (Coan et al, 2003).

c. Silagem de sorgo

A semeadura do sorgo pode ser realizada na mesma época da semeadura do


milho ou, alternativamente, no final de janeiro ou início de fevereiro. Esta opção é dada
pela maior resistência a déficits hídricos desta cultura. Este fato está associado a
características da planta, como serosidade foliar e sistema radicular mais profundo.
Recomenda-se que o plantio seja realizado com espaçamento de 0,5 a 0,7 m entre
linhas, utilizando-se de 8 a 10 kg de sementes por ha. A profundidade ideal de
semeadura é de, no máximo, três cm, e o ciclo da cultura pode ser de 100 a 210 dias,
de acordo com o híbrido.
A produção esperada para o material é de 18 toneladas de matéria seca por
hectare, com teores aproximados de 6% de proteína bruta e 60% de NDT.
O sorgo tem como característica favorável uma maior flexibilidade no momento
da ensilagem, mantendo-se por mais tempo no ponto adequado de colheita, quando
comparado ao milho. As silagens obtidas apresentam entre 85 a 90% do valor
nutricional do milho. Este fato é devido a uma menor digestibilidade em decorrência de
tanino, menor digestibilidade do amido e a presença do tegumento do grão.
O conteúdo de matéria seca desempenha papel importante na confecção da
silagem, quer aumentando a proporção de nutrientes e facilitando os processos
fermentativos, quer diminuindo a ação de microrganismos do gênero Clostridium,
responsáveis pela produção de ácido butírico e degradação da fração protéica, com
conseqüente redução do valor nutricional da silagem. Quanto maior a umidade, menor
será o pH limite para inibir o crescimento, mesmo com níveis adequados de
carboidratos solúveis para promover fermentação lática, silagens muito úmidas, são
pouco desejáveis devido ao menor consumo voluntário, reduzindo o desempenho
animal. Além disso, silagens com menores teores de umidade possuem menor custo de
transporte, pois cada vagão leva maior quantidade de matéria seca. Silagens com maior
teor de água produzem maior quantidade de efluentes, responsáveis por perdas de
nutrientes de alta digestibilidade.
Por outro lado, silagens com alto teor de matéria seca têm grande tendência à
produção de calor e crescimento de fungos devido à dificuldade de compactação e
exclusão do oxigênio, promovendo assim a perda do valor nutritivo do material final.
Dados de Andrade & Carvalho (1992), citados por Coan et al (2003) mostra resultados
de diferentes ensaios onde foram comparados diferentes teores de MS e estágios de
maturação (Tabela 01). De um modo geral, híbridos de sorgo em estágio de grãos
leitosos normalmente apresentam maiores coeficientes de digestibilidade da porção
fibrosa. No entanto o rápido aumento da proporção de grãos e consequentemente de
amido altamente digestível que ocorre com o amadurecimento, compensam a
diminuição da digestibilidade da fração fibrosa, mantendo inalterada a digestibilidade da
MS.
Tabela 01- Média dos teores de matéria seca (MS), fibra bruta (FB), proteína bruta (PB),
digestibilidade aparente da matéria seca (DMS) e da fibra bruta das silagens de
sorgo AG-2002 e BR-506.
Estágios de AG - 2002 BR-506
maturação (grãos)
MS FB PB DMS DFB MS FB PB DMS DFB
Leitoso 23,2 33,5 5,3 57,3 51,2 26,6 31,4 6,1 61,4 54,2
Farinácio 30,3 24,3 5,9 61,7 42,2 28,2 25,8 5,0 63,7 52,2
Duro 31,0 28,7 5,5 59,0 43,5 29,2 28,0 5,4 62,0 44,1
Fonte: Adaptado de Andrade & Carvalho (1992), citado por Coan et al. (2003)

d. Silagem de girassol

De forma semelhante ao sorgo, o girassol pode ser cultivado no mesmo período


que o milho, isto é, com semeadura entre os meses de setembro e dezembro, ou para a
safrinha, de janeiro a março. O girassol possui elevada capacidade de adaptação,
desenvolvendo-se bem em climas temperados, subtropicais e tropicais. As vantagens
mais nítidas de sua utilização estão relacionadas à sua maior produção de massa verde
por unidade de área e maior resistência à falta de chuvas e às baixas temperaturas.
Existem restrições, associadas há alguns cultivares e efeitos residuais de herbicidas ou
presença de nematóides, sob a emergência de plântulas de girassol.
A semeadura deve ser realizada numa profundidade de 3 a 5 cm, deve utilizar 3 a
6 kg de sementes por ha, com espaçamento de 0,65 a 0,90 m entre linhas e 0,25 a 0,30
m entre plantas. A produção estimada é de 15 t de MS por ha, com teores de 64% de
NDT e 10,5% de PB.

e. Silagem de capim

A produção de silagens de capins vem sendo utilizada como uma alternativa às


culturas tradicionais, apresentando como vantagens as características de serem
perenes, além da possibilidade do aproveitamento do excedente de produção das águas
(Nussio et al., 2000). Esta prática que vem sendo adotada com freqüência no Sudeste e
Centro-Oeste do Brasil, em substituição a fenação que, invariavelmente, é prejudicada
pelas condições climáticas predominantes na época chuvosa do ano (outubro a março).
No entanto, para obtenção de silagem de alta qualidade, faz-se necessário que
alguns fatores sejam considerados, como por exemplo, os teores de matéria seca (MS),
que devem estar entre 28,0 e 35,0%, a riqueza em carboidratos solúveis (CS) e o baixo
teor tampão (PT), que não deve oferecer resistência à redução do pH para valores entre
3,8 e 4,2 (Mccullough, 1977). Esses parâmetros influem, de maneira decisiva, na
natureza da fermentação e na conservação da massa ensilada. Woolford (1984), relata
que os teores de MS, de carboidratos solúveis e a capacidade tampão, são fatores
importantes no que diz respeito à ensilagem de uma planta forrageira. O autor sugeriu
que os teores de MS devem ser no mínimo de 25% e a relação entre carboidratos
solúveis/capacidade tampão, sendo inferior a 3,0 de forma a possibilitar a obtenção de
silagem de qualidade satisfatória (Figura 01).

Figura 01. Relação entre conteúdo de matéria seca e proporção açúcar:capacidade tampão e
seus efeitos na qualidade final das silagens.
Fonte: Weissbach et al., citado por Woolford, 1984.

A essência do processo de ensilagem é promover rápida fermentação lática


oriunda de bactérias predominantemente homofermentativas sob condições
anaeróbicas, as quais ocorrem naturalmente, porém, as bactérias láticas não são as
únicas que ocorrem nas silagens. Inúmeros microorganismos indesejáveis, como
enterobactérias e Clostridium, os quais podem concorrer com as bactérias láticas pelos
mesmos substratos, dependendo das condições encontradas no silo.
Diversos capins tropicais têm sido estudados no sentido de encontrar alternativas
para conservação na forma de silagem e entre eles, destacam-se: tanzânia, mombaça e
tobiatã (gênero Panicum), braquiarão, decumbens (gênero Brachiaria) e Napier (gênero
Penissetum). Estas plantas apresentam limitações ao processo de ensilagem devido ao
fato de apresentarem baixo teor de MS no estádio de maior valor nutritivo, elevado
poder tampão e baixo conteúdo de carboidratos solúveis. Esses fatores associados
prejudicam o processo de fermentação, além de promover perdas de nutrientes
(proteína, açúcares, vitaminas, etc.) no efluente produzido (Ashbell (1994)) (Tabela 2).
Além disso a silagem produzida, apresentam médio valor nutritivo, apresentando ao
redor de 53-55% de NDT e 6 a 8% de PB, na MS.

Tabela 2 – Produção de efluentes e perda de matéria seca (MS) em silos tipo trincheira
Conteúdo de MS Produção de efluentes Perdas de MS
(%) (litros por t. de silagem) (%)
30 0 0,0
25 20 0,4
20 60 1,6
15 200 7,2
Fonte: Ashbell (1994)

Diante das limitações dos capins tropicais para serem ensilados, justifica-se o uso
de aditivos que favoreçam o processo fermentativo de forma a melhorar a qualidade da
fermentação no silo, reduzirem perdas de nutrientes e aumentar a ingestão e o
desempenho animal (Wilkinson, 1983). Os aditivos podem ser divididos em substratos
ou fontes de nutrientes, tais como melaço, polpa cítrica, rolão de milho, etc. e os
estimulantes de fermentação, tais como enzimas e inoculantes bacterianos. Alguns
substratos podem estar associados a mais de um efeito, como os que estimulam a
fermentação, têm capacidade absorvente e também são fontes de nutrientes (Coan,
2003)

3. Utilização de volumosos conservados no confinamento


O sistema de produção, como parte integrante de uma cadeia produtiva eficiente
de carne, terá de fazer inserções diversas, especialmente tecnológicas, visando
promover a intensificação do sistema e objetivando maximização da produção e da
competitividade (Euclides et al., 2000).
O confinamento de bovinos na fase de terminação tem se revelando como
alternativa tecnológica importante na intensificação de sistemas de produção de bovinos
de corte buscando atender o exigente mercado consumidor interno, e principalmente
externo.
O confinamento, bem planejado, tem possibilitado o aumento do ganho de peso
diário dos animais e notável redução da idade de abate, com reflexos positivos na taxa
de desfrute, na obtenção de carcaças de melhor qualidade e no maior giro de capital.
Para tanto, é fundamental a utilização de forragens conservadas de qualidade
superior, associadas a alimentos concentrados, utilizando-se ingredientes disponíveis
na região a baixo custo. Desta maneira, podem-se garantir ganhos de peso e o uso de
animais de alto potencial genético, normalmente mestiços ou provenientes de
cruzamentos industriais entre raças zebuínas (Nelore) e européias, cuja heterose
proporciona maior velocidade de crescimento e melhor qualidade de carcaça, em
relação aos de algumas raças puras.
O consumo de matéria seca é uma das variáveis mais importantes que afetam o
desempenho animal, sendo influenciado por características do animal, do alimento e
das condições do manejo alimentar.
O consumo é inversamente correlacionado ao teor de parede celular, quando
este se situa acima de 55 – 65%. E, quando a densidade energética da dieta é alta, em
relação às exigências do animal, e, se a dieta apresenta baixa densidade energética, o
consumo será limitado pelo efeito de enchimento físico (Mertens, 1992).
O estádio de maturidade da planta à colheita influencia seu valor nutritivo mais do
que qualquer outro fator, notadamente, em gramíneas e leguminosas forrageiras,
quando colhidas para feno ou silagem. Neste sentido, é fundamental o conhecimento do
momento da colheita, pois a forragem de melhor qualidade com certeza será aquela que
promoverá maiores consumos e, conseqüentemente melhor desempenho animal.
Para se conseguir maximizar o consumo de energia deve-se manipular de
maneira eficiente a proporção de volumoso:concentrado na dieta. Desta maneira, no
balanceamento de dietas, devem-se suplementar os volumosos disponíveis com
concentrados, procurando corrigir suas deficiências de nutrientes, seja em virtude a
mais baixa qualidade da forragem ou à impossibilidade de atendimento das exigências
nutricionais de categorias de animais de desempenho mais elevado.
Como a alimentação representa o maior componente do custo operacional nos
confinamentos, deve-se escolher criteriosamente o programa de alimentação a ser
adotado, o qual deve ser técnica e economicamente viável.
O confinamento de bovinos no período seco pode ser uma estratégia
interessante, quando utilizado de maneira integrada com a atividade de cria e/ou recria
e com o sistema intensivo de utilização das pastagens no período das “águas”. Isto
porque, como menciona Esteves (1997), o custo total por arroba produzida no
confinamento pode ser até maior que a cotação de mercado do boi, devido à elevação
nos custos de produção, em termos de animais de reposição, alimentação, mão-de-
obra, produtos veterinários, amortização de instalações.
Dentre os vários sistemas de produção de bovinos, o confinamento é aquele com
maior potencial para reduzir a idade de abate, embora o custo de produção possa ser
mais elevado que nos sistemas à base de pastagens. Contudo, quando se levam em
conta outras vantagens da técnica do confinamento, como por exemplo: 1) o aumento
da taxa de desfrute, 2) o retorno mais rápido do capital, 3) a produção de carcaças mais
pesadas que nos sistemas em pastagens, 4) a liberação de áreas de pastagens para
outras categorias animais durante o período seco, 5) a maior produção de carne por
unidade de área, é provável que o retorno sobre o capital investido seja mais elevado.
Até a alguns anos, a prática de confinamento de bovinos de corte, no Brasil, tinha
como principal premissa a possibilidade de aproveitar o diferencial de preços da arroba
do boi gordo, entre a safra e a entressafra. Este fato possibilitava o recebimento de um
valor da arroba pelo menos 30% mais alto que o praticado na safra, além de permitir
que o pecuarista produzisse animais mais jovens, com melhor acabamento de carcaça e
com custo relativamente baixo da arroba engordada.
Entretanto, observa-se que essa atividade tem apresentado rentabilidade
reduzida, e as justificativas para sua adoção não são mais preponderadamente de
ordem econômica e sim de ordem estratégica, uma vez que permite solucionar o
problema da estacionalidade de produção forrageira através da utilização de volumosos
conservados na forma de silagem.
Nos dias atuais tem ocorrido a tendência dos confinamentos com maior escala de
produção serem implantados no Centro-Oeste e Norte do País, acompanhando o
deslocamento da produção de grãos e rebanhos bovinos (na fronteira agrícola), onde os
custos destes insumos (animais de reposição e ingredientes para ração) para os
confinadores são mais baixos. O custo da terra nas regiões de fronteira agrícola
também é mais baixo que nas regiões de agricultura e pecuária tradicional, o que
favorece o produtor que deseja realizar todo o ciclo de produção de maneira eficiente
com a ajuda do confinamento.

3.1 Suplementação com silagem

A maioria dos estudos desenvolvidos com silagens tem avaliado diferentes níveis
de suplementação de concentrados sobre o desempenho dos animais.
Em estudo conduzido por Steen & Kilppatrick (2000), os autores avaliaram níveis
crescentes de concentrados, em dietas á base de silagens de gramíneas, fornecidas ad
libitum e restrita, a novilhos mestiços Simental x Holandês, verificaram que com o
aumento na proporção do concentrado na dieta houve uma redução no consumo de
silagem em 0,56 kg de matéria seca/kg de matéria seca de concentrado (Tabela 3).
Portanto, ocorreu um típico efeito associativo substitutivo, condição que foi
caracterizada pela substituição no consumo de silagens de gramíneas por alimentos
concentrados de alta digestibilidade. Vale ressaltar, que a resposta à suplementação
com concentrado depende da qualidade da silagem e do potencial de ganho do animal.
A produção animal a partir de silagens depende de características inerentes das
silagens (teor de matéria seca, estágio de maturidade, tipo de fermentação, entre outros
fatores) e do animal que influenciam o nível de consumo de matéria seca, a
digestibilidade dos nutrientes, nível nutricional anterior, e de outros fatores tais como:
potencial genético do animal, idade, estágio de produção e/ou reprodução.
Tabela 3 - Consumo, desempenho animal e rendimento de carcaça1
Níveis de concentrado na dieta (g/kg)
Parâmetros 0 120 240 360 0/360 3602
Consumo
MS da silagem (kg/dia) 7,0a 6,6b 5,7d 5,2e 6,3c 4,1f
MS total (kg/dia) 7,0d 7,5bc 7,7b 8,4a 7,4c 6,6e
Desempenho animal
a b
Período de confinamento (dias) 298 247 207c 165d 247b 263b
Peso da carcaça (kg) 298 298 301 298 298 301
Ganho de peso vivo (kg/dia) 0,56a 0,69b 0,84c 1,04d 0,70b 0,67b
Rendimento de carcaça 532 532 542 531 532 538
a b c d b
Ganho de carcaça (kg/dia) 0,34 0,41 0,53 0,61 0,42 0,42b
1
Adaptado de Steen e Kilppatrick (2000)
2
80% do consumo ad libitum

A colheita de plantas para ensilagem no ótimo estádio de maturidade, para


máximo rendimento de nutrientes digestíveis, necessariamente não resulta em elevados
consumos de forragem e altas taxas de desempenho animal, dado que o processo de
ensilagem resulta em perdas na colheita e no armazenamento, bem como no consumo
potencial da forragem ensilada, em comparação ao mesmo material, na forma fresca.
Erdman (1993) verificou redução no consumo potencial de silagem variando de 30 a 40
%. As maiores reduções no consumo de silagem estão associadas com aquelas
forrageiras de alta umidade ou colhidas diretamente, sem pré-secagem prévia. Estas
silagens sofrem fermentação mais intensa, resultando em maiores perdas e aumentos
na produção de ácidos acético e butírico.
O pH da silagem é outro fator que pode afetar o consumo. Trabalhos de pesquisa
verificaram que o ótimo consumo de silagem, ocorreu a um pH de 5,6. Entretanto, a
faixa de pH da silagem que resultou em redução mínima do consumo variou de 4,5 a
7,0. Se o pH estiver fora dessa faixa, o consumo pode ser reduzido de 5 a 15%
(Erdman,1993).
Outro aspecto negativo de silagens com baixo teor de matéria seca é a produção
de efluentes (perdas por lixiviação), conforme pode ser observado na Tabela 2, citado
por Ashbell (1994). Efluentes contêm elevadas concentrações de carboidratos solúveis,
ácidos orgânicos, macro e microelementos minerais, nitrogênio não-protéico, que
constituem perdas de nutrientes altamente digestíveis, restando no silo um produto de
qualidade inferior ao material original.

4. Manejo do fornecimento de silagens

Diversos fatores limitam o desempenho dos animais mantidos em regime de


confinamento, e o manejo da alimentação no cocho destaca-se, principalmente por
influenciar as taxas de ganho de peso diário e a eficiência alimentar, condição essa que
pode definir o sucesso ou o fracasso na adoção da tecnologia.
Oscilações no comportamento ingestivo dos animais ruminantes, alimentados
com dietas contendo média a alta quantidade de concentrado (% da matéria seca)
podem afetar negativamente seu desempenho, causando desordens metabólicas e
comprometendo toda a economicidade da operação.
A terminologia "manejo de cocho" refere-se à técnica de manejo alimentar
utilizada em confinamentos com o intuito de se reduzir variações no consumo, mediante
o planejamento e controle sistemático do fornecimento da dieta aos animais.
De maneira geral, observa-se nos confinamentos comerciais que o fornecimento
ininterrupto da dieta é realizado com o objetivo de se maximizar o consumo. Também é
de conhecimento geral, que as taxas de ganho de peso diário apresentam elevadas
correlações com a ingestão de MS, embora, animais que recebem ração à vontade ou
em excesso geralmente desenvolvem comportamento “vicioso”, sendo caracterizado por
elevados e baixos consumos.
Dessa forma, pode-se concluir que o manejo alimentar correto não é aquele que
oferta o máximo e sim àquele que oferta o necessário para o ótimo desempenho animal.
A oferta contínua e abundante de alimento pode até fazer com que animais consumam
mais inicialmente, mas eles possivelmente perderão o apetite e não irão consumir bem
nos dois ou três dias seguintes.
O manejo de cocho é um processo dinâmico, que sofre variação em função de
fatores como: tipo de alimento volumoso, relação volumoso/concentrado, densidade
energética da dieta, animais, raça, sexo, clima e espaço de cocho disponível. Esse
manejo é aplicado aos currais, mesmo considerando que podem ocorrer diferenças
marcantes entre animais do mesmo grupo em termos de características ruminais
(Pritchard and Bruns, 2003).
O comportamento dos animais em confinamento deve ser monitorado
constantemente, de forma a minimizar os problemas decorrentes de falhas de manejo
da alimentação. Nesse sentido, se os cochos estão completamente vazios e os animais
apresentam-se tranqüilos e descansando, significa que a quantidade de ração fornecida
está provavelmente dimensionada ao sistema. No entanto, se no período que antecede
o fornecimento, os cochos encontram-se vazios a ponto de serem visíveis as marcas de
saliva, e os animais aparentam estar estressados e famintos, a quantidade de ração
provavelmente precisa ser aumentada. O "ideal" para quando o vagão forrageiro ou
caminhão tratador chegar, é que 25% dos animais do curral estejam no cochos
alinhados e esperando o trato, que 50% estejam em pé e já se encaminhando para o
cocho e que 25% estejam se levantando (Horton, 1990).

4.1. Cana-de-açúcar “in natura” e silagem


O manejo da alimentação em sistemas de produção que fazem uso da cana-de-
açúcar, como fonte de alimento volumoso, deve ser coerente com as características e
limitações desse tipo de alimento.
De maneira geral observa-se que a cana-de-açúcar sofre rápido aquecimento no
cocho, principalmente quando associada à presença de fontes de carboidratos
altamente fermentescíveis, como milho moído, farelo de soja, polpa cítrica peletizada,
embora, a mesma seja rica em sacarose, fornecendo hidratos de carbono em teores
suficientemente elevados para manutenção do processo oxidativo pelos microrganismos
aeróbios. Dentre os microrganismos aeróbios, as leveduras, os fungos filamentosos e as
enterobactérias são os principais responsáveis pelo inicio do processo de deterioração.
As leveduras apresentam desenvolvimento mais acelerado, utilizando a sacarose e os
demais carboidratos para a síntese de etanol, condição essa que impõe restrições ao
consumo dos animais confinados e, consequentemente no desempenho dos mesmos.
Diante dessa condição, recomenda-se o fracionamento da ração total em
3 a 5 vezes ao longo do dia e, de preferência em intervalos semelhantes. É importante
lembrar, no entanto, que os animais apresentam pico de consumo da dieta logo no
amanhecer do dia (6 horas), logo após o almoço (13:00 hs) e ao entardecer (17:00 hs),
sendo tal condição de fundamental importância para o planejamento do fornecimento da
dieta, uma vez que a quantidade disponibiliza para os animais logo após o almoço, não
será a mesma que aquela fornecida ao entardecer, uma vez que os animais terão um
intervalo entre o final da tarde e início da manhã de 13 horas.
O processo de obtenção da silagem de cana-de-açúcar implica na fermentação
por leveduras epífitas, que convertem a sacarose a CO2, etanol e água. Essa conversão
acarreta redução drástica no valor nutritivo e elevadas perdas durante a estocagem do
material e fornecimento aos animais. As principais perdas, quando do fornecimento aos
animais, referem-se à baixa estabilidade aeróbia no pós-abertura dos silos, bem como
no cocho, em detrimento da elevada concentração de etanol.
Apesar de potencialmente aproveitável como substrato energético para os
ruminantes, através da conversão a acetato no rúmen, grande parte do etanol produzido
nas silagens é perdido por volatização, durante a estocagem nos silos, retirada e
fornecimento da silagem no cocho.
Além do efeito deletério do etanol sobre o consumo de matéria seca, observa-se
também, em condições práticas, que a silagem de cana-de-açúcar apresenta baixa “vida
de cocho”, uma vez que em curto espaço de tempo, o material apresenta-se seco, em
decorrência da volatização do álcool e dos efeitos da radiação solar incidente,
principalmente se o tamanho das partículas for reduzido. Observa-se, portanto, um
contra-senso técnico, pois se reduzimos o tamanho de partícula do material visando
beneficiar o processo de compactação, fermentação no silo e metabolismo animal, há a
agravante do efeito de altas taxas de secagem quando do fornecimento no cocho.
Recomenda-se, também, para este tipo de volumoso, o mesmo manejo adotado para a
cana-de-açúcar “in natura”.

4.2. Silagem de Milho e Sorgo


O milho e o sorgo são as culturas mais utilizadas no processo de produção de
silagens, e grandes áreas são cultivadas em diferentes partes do mundo. No entanto,
essas silagens apresentam baixa estabilidade aeróbia quando da abertura dos silos.
A estabilidade aeróbia das silagens é determinada pela fermentação aeróbia
(pós-fermentação) que ocorre após a abertura. A pós-fermentação será mais intensa
quanto melhor for a qualidade da silagem, em função dos maiores teores de
carboidratos solúveis e de ácido lático residuais. Os principais substratos utilizados
pelos microrganismos envolvidos no processo fermentativo são o ácido lático, o etanol e
os açúcares solúveis, resultando em aumento do pH e redução na digestibilidade e no
conteúdo de energia.
De acordo com Pitt et al.(1991) a temperatura, a concentração de carboidratos
solúveis, a população de fungos e a concentração de ácidos orgânicos em interação
com o pH são os parâmetros que mais afetam a estabilidade das silagens. O aumento
do pH após a exposição da silagem ao ar, queda no teor de carboidratos solúveis e
baixa concentração de ácido lático são importantes indicadores da deterioração da
massa ensilada. Em temperaturas inferiores a 10 ºC e superior a 40 ºC, a silagem
poderá apresentar maior estabilidade pela inibição no crescimento de fungos.
Todavia, as temperaturas intermediárias favorecem uma alta taxa de crescimento dos
fungos.
A deterioração aeróbia da silagem está associada principalmente, com o
desenvolvimento de fungos e leveduras. Segundo Muck et al.(1991) e Ruiz e Munari
(1992) o processo inicia-se com leveduras, que transformam os açúcares em álcool.
Esses microrganismos apresentam alta resistência às variações do pH e sobrevivem em
meio anaeróbio.
6
Silagens, que na abertura do silo, apresentam contagem de 10 UFC (Unidade
Formadora de Colônia) de leveduras/grama de silagem, podem atingirem dois a três

9
dias 10 UFC/grama, sendo consideradas de baixa estabilidade (Pitt et al., 1991).

No cocho as silagens de milho e sorgo apresentam comportamento semelhante,


sendo agravado ainda o quadro, em decorrência da presença de outras substâncias
fermentescíveis, advindas dos alimentos concentrados utilizados. A principal limitação
dessas silagens refere-se à elevada capacidade de produção de amônia no material
presente no cocho, em virtude da ocorrência de proteólise da fração protéica, pela
atuação de enterobactérias, leveduras e bacilos. A amônia produzida acarreta perda de
valor nutritivo da dieta como um todo, além de promover diminuição acentuada no
consumo de matéria seca da dieta, justificando, dessa forma, práticas de manejo que
venham a contornar esse problema.
Como forma de solucionar esse questão, recomenda-se o fracionamento da dieta
de 3 a 6 vezes ao dia. Com isso, haverá a formação de uma pequena “lâmina” dos
alimentos no cocho, sendo insuficiente, por questões cronológicas, para que ocorram
atuação e degradação dos nutrientes pelos microrganismos aeróbios.

4.3. Silagem de capim

Diversas propriedades rurais têm produzido silagens de capim de elevada


qualidade devido aos cuidados tomados durante todo o processo de ensilagem (corte,
colheita, picagem, compactação, vedação e uso de aditivos), porém, com alta
freqüência, têm ocorrido erros no manejo da retirada do material dos silos, provocando
grandes perdas de matéria seca durante o fornecimento da silagem aos animais. Além
disso, outro fator que merece destaque refere-se à elevada taxa de desidratação desses
materiais no cocho, que associada ao elevado tamanho de partícula (fibra longa) e
presença de concentrações significativas de ácido acético na silagem, em decorrência
do processo fermentativo por bactéria heterofermentativas, acabam por limitar o
consumo da dieta total e, consequentemente o desempenho animal.
Vale ressaltar, ainda, que o elevado tamanho de partícula, juntamente com a
formação de “placas de silagem” são fatores limitantes para a efetiva mistura com os
alimentos concentrados, condição essa que favorece a seleção animal, além de muitas
vezes repercutir em quadros de acidose metabólica e laminite, pelo consumo excessivo
desses alimentos.
Com vistas a contornar essa problemática, recomenda-se que o manejo da
retirada da silagem do silo seja realizada de forma lenta e com equipamentos que
promovam a ruptura das placas de silagem. Para tanto, diversas propriedades têm
utilizado o sistema de “concha de garfos”, que permite a retirada e revolvimento do
material antes de ser colocado no vagão ou caminhão misturador.
Quanto ao fornecimento da dieta, recomenda-se o fracionamento de 4 a 8 vezes
ao longo do dia, com o objetivo de minimizar os problemas supracitados e de forma a
potencializar o consumo e, conseqüentemente o desempenho dos animais.

Figura 3. Concha de garfos para retirada de silagem.

5 - Simulações sobre desempenho econômico de animais alimentados com


volumosos conservados

A qualidade da forragem é adequadamente avaliada através do desempenho


animal, contudo estas informações são escassas na literatura, principalmente quando se
avalia as silagens de gramíneas forrageiras tropicais, notadamente aquelas dos gêneros
Brachiaria, Cynodon, Panicum e Pennisetum.
Em relação ao ganho de peso de novilhos, Ferreira et al. (1995) avaliando o
efeito de silagens de milho, de sorgo e de capim elefante no desempenho de novilhos
confinados, verificaram que a compra dos animais no início das águas (Sistema 1-S1), e
a recria dos mesmos no pasto, o custo final do novilho confinado variou de U$ 18,48 a
U$ 20,64/arroba. No caso da compra do novilho no início do confinamento (Sistema 2-
S2), o custo final variou de U$ 21,72 a U$ 23,98 por arroba do novilho confinado.
Verificaram, ainda, que a silagem de capim proporcionou baixo ganho de peso (0,791
kg/dia), e mesmo com baixo custo por tonelada dessa silagem (US$ 7,56/t), o custo por
arroba ganha foi alto (US$ 19,06/@ para o S1 e de US$ 22,55/@ no S2) e que o menor
ganho de peso dos novilhos alimentos com silagem de capim elefante esteve associado
ao menor consumo dessa silagem (7,93 kg/dia) e pior conversão alimentar.
O balanceamento de dietas dos confinamentos realizados no Brasil, na sua
grande maioria utiliza-se dos dados de NRC (1996), os quais estão mais adequados às
nossas raças e condições, porém precisam de alguns ajustes.
Os ajustes mais importantes referem-se aos teores de proteína e energia na
dieta. As pesquisas que geram os dados para as tabelas do NRC são baseadas em
dietas de alto grão, balanceadas para levar os animais a um grau avançado de
terminação, com elevado teor de gordura na carcaça. Nas dietas à base de volumosos e
destinadas a bovinos com mais de 50 % de sangue zebuíno, deve existir a preocupação
de proporcionar melhor digestão de fibra no rúmen. Para tanto, é necessário utilizar nas
dietas, níveis de proteína mais elevados, garantindo um teor de proteína degradável no
rúmen que proporcione nitrogênio suficiente para manutenção de uma intensa atividade
microbiana.
Com relação á exigência de energia dos bovinos confinados no Brasil, o mercado
demanda carcaças com muito menos gordura do que o mercado americano, de modo
que se pode utilizar dietas menos energéticas, obtendo resultados equivalentes de
ganho de peso.

5.1 Escolha do volumoso


A pergunta mais freqüente feita por pecuaristas aos nutricionistas é sobre qual
tipo de volumoso utilizar para confinamento de bovinos de corte. A seguir foram
simulados os resultados de desempenho utilizando silagem de milho (Tabela 4)
variando a concentração energética (baixa, média e alta), demonstrado a necessidade
de concentrado a ser utilizado, buscando reduzir o custo de produção, com as mesmas
exigências para ganho de 1.000 g/dia em bovinos zebuínos com 400 quilos (Tabela 5).
Com essa simulação verificou-se que para bovinos de raças zebuínas com
consumo de matéria seca de 2,2 % em relação ao seu peso vivo, ocorreu maior
utilização da silagem de milho, com maior nível energético, e conseqüentemente menor
aporte de concentrado resultando em menor custo de produção de arrobas em
confinamento, mostrando sua melhor viabilidade econômica em relação a dietas com
silagem de milho com níveis médio e baixo de energia, demonstrando assim a
importância de se produzir uma silagem de alta qualidade. Vale ressaltar que os custos
operacionais para produção de silagem independem da sua qualidade, são os mesmos
(Tabela 4).

Tabela 4 - Composição e preços dos alimentos


Composição** e preço dos alimentos concentrados
Ingredientes MS NDT PB Degr. PB PDR Ca P Preço *
(%) (% da MS) (% da MS) (% da MS) (% da MS) (% MS) (% MS) (R$/kg)
Silagem de capim tropical 22,00 54,00 8,00 65,00 5,20 0,56 0,42 0,042
Silagem de sorgo 30,00 60,00 7,50 75,00 5,63 0,35 0,21 0,054
Cana-de-açúcar 30,00 58,00 2,50 65,00 1,63 0,23 0,06 0,032
Silagem de milho (baixa energia) 33,00 55,00 7,00 75,00 5,25 0,31 0,22 0,060
Silagem de milho (média 33,00 62,00 7,00 75,00 5,25 0,31 0,22 0,060
energia)
Silagem de milho (alta energia) 33,00 69,00 7,00 75,00 5,25 0,31 0,22 0,060
Composição** e preço dos alimentos concentrados
Milho, grão 88,00 85,00 9,50 45,00 4,28 0,03 0,30 0,292
Algodão, farelo 91,00 68,50 31,00 56,00 17,36 0,22 0,76 0,230
Uréia + sulfato de amônio* 99,00 0,00 260,00 80,00 208,00 0,00 0,00 1,075
Suplemento mineral 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00 12,00 8,00 0,900
Polpa cítrica 91,00 79,00 6,50 65,00 4,23 1,90 0,12 0,175
* Dados obtidos da Scot consultoria (Setembro/2005)
** Dados adaptados do NRC (1996)

Tabela 5 - Comparação entre dietas com silagens de milho com qualidade variável
(teores de energia).
Silagem de milho
Baixo Médio Alto
Volumoso (kg/animal/dia) 9,553 13,556 19,543
Concentrado (kg/animal/dia)
Polpa Cítrica 4,890 3,353 1,012
Farelo de Algodão 1,908 2,006 2,201
Uréia 0,065 0,053 0,030
Mistura Mineral 0,057 0,057 0,057
Total 6,920 5,470 3,300
Relação volumoso:concentrado 34:66 48:52 68:32
PVE (kg) 400 400 400
PVE (@) 13,33 13,33 13,33
Custo cabeça comprada (R$/cab) 666,50 666,50 666,50
GPD (g/dia) 0,980 0,986 1,042
PVS (kg) 498,00 498,60 504,2
PVS (@) 17,93 17,95 18,15
Tempo confinado (dias) 100 100 100
Custo dia (R$/animal/dia) 1,99 1,97 1,94
Custo total (R$) 199,00 197,00 194,00
@ ganha 4,60 4,62 4,82
Rendimento de carcaça (%) 54 54 54
Custo do ganho (R$/@)* 43,26 42,64 40,25
Preço da @ vendida (R$) 50,00 50,00 50,00
Recebido por cabeça vendida (R$) 896,50 897,50 907,50
Lucro total (R$) 31,00 34,00 47,00
Lucro Confinamento (R$) 31,00 34,00 47,00
PVE - Peso Vivo de Entrada; 1@ = 30 kg = R$ 50,00 para animais zebuínos.
PVS - Peso Vivo de Saída; GPD - Ganho de Peso Diário.
*Somente ingredientes da ração.

Por outro lado, quando foram simuladas dietas contendo diferentes volumosos
suplementares para bovinos, com as mesmas características citadas acima, verificou-se
que o menor custo por ganho em arrobas foi quando se utilizou a cana-de-açúcar nas
dietas, seguida pela silagem de sorgo, de milho e de capim tropical (Tabela 6).

Tabela 6 - Comparação entre dietas com diferentes volumosos


Volumosos
Silagem de Silagem de Silagem de Cana-de-açúcar
milho** sorgo capim
Volumoso (kg/animal/dia) 13,556 13,454 17,114 12,533
Concentrado (kg/animal/dia)
Milho Grão Moído 0,000 0,000 1,963 1,368
Polpa Cítrica 3,353 3,898 4,083 3,015
Farelo de Algodão 2,006 1,943 0,000 1,707
Uréia 0,053 0,51 0,197 0,142
Mistura Mineral 0,057 0,058 0,057 0,058
Total 5,470 6,930 6,300 6,290
Relação volumoso:concentrado 34:66 43:57 40:60 40:60
PVE (kg) 400 400 400 400
PVE (@) 13,33 13,33 13,33 13,33
Custo cabeça comprada (R$/cab) 666,50 666,50 666,50 666,50
GPD (g/dia) 0,986 0,983 0,987 0,990
PVS (kg) 498,6 498,3 498,7 499,0
PVS (@) 17,95 17,94 17,95 17,96
Tempo confinado (dias) 100 100 100 100
Custo dia (R$/animal/dia) 1,97 1,96 2,27 1,93
Custo total (R$) 197,00 196,00 227,00 193,00
@ ganha (@) 4,62 4,61 4,62 4,63
Rendimento de carcaça (%) 54 54 54 54
Custo do ganho (R$/@)* 42,64 42,52 49,13 41,68
Preço da @ vendida (R$) 50,00 50,00 50,00 50,00
Recebido por cabeça vendida (R$) 897,50 897,00 897,50 898,00
Lucro total (R$) 34,00 34,50 4,00 38,50
Lucro Confinamento (R$) 34,00 34,50 4,00 38,50
PVE - Peso Vivo de Entrada; 1@ = 30 kg = R$ 50,00 para animais zebuínos.
PVS - Peso Vivo de Saída; GPD - Ganho de Peso Diário.
*Somente ingredientes da ração.
** Teor energético médio

Observa-se na Tabela 6, que a menor rentabilidade foi obtida quando se utilizou a


silagem de capim. Tal resultado, provavelmente, foi devido ao alto custo da silagem
(Tabela 4) e do menor aporte de energia fornecida por esta, o que levou a maior
utilização de alimentos energéticos (milho e polpa cítrica) na dieta refletindo num maior
custo por animal por dia.
Dentro deste contexto, a escolha dos alimentos concentrados deve ser avaliada
com critério, principalmente do custo/kg de MS e NDT, possibilitando a redução do custo
do concentrado e conseqüentemente da arroba produzida.
As dietas com elevada proporção de volumosos, normalmente são mais
econômicas para terminação de bovinos de corte em confinamento no Brasil, tirando
maior proveito da habilidade de animais ruminantes para digestão de fibras. Porém,
exige um planejamento do pecuarista no que diz respeito à qualidade do volumoso e a
sua produtividade por área para minimizar o custo de produção por arroba.

6. Considerações finais
Apesar do seu reconhecido valor como recurso forrageiro para o período de
escassez de pastagens, a cana-de-açúcar ainda está longe de atingir níveis de
utilização compatíveis com o seu potencial. Os sistemas de produção de carne que
requeiram suplementação volumosa podem recorrer à cana e obter excelentes ganhos
de peso por animal e principalmente por área. O que é absolutamente necessário é que
o pecuarista tenha uma visão ampla da ração ou dieta utilizada e que a mesma procure
atender adequadamente as exigências nutricionais dos animais, o que garantirá que
todas as deficiências da cana sejam solucionadas. Apesar da qualidade da cana-de-
açúcar ser inferior a muitos outros volumosos, a sua produtividade por área e o seu
baixo custo podem trazer ao pecuarista retornos econômicos satisfatórios quando
passamos a avaliar a produtividade animal não mais individualmente (kg / animal / dia),
mas por área (kg de carne ou leite / hectare).
Na avaliação do custo benefício da utilização das silagens de capins e cana-de-
açúcar é de suma importância observar os custos do concentrado, pois em função do
valor nutricional, é imprescindível a correção das deficiências nutricionais deste
volumoso. Assim, os resultados estão diretamente relacionados ao custo da silagem e
dos ingredientes utilizados na formulação dos concentrados. Todavia, há que se
considerar que para se corrigir a deficiência de NDT da silagem de capim sempre
haverá necessidade de se adicionar uma fonte energética, e o custo desta prática
determinará a eficiência econômica do uso deste volumoso a despeito do menor custo
de produção comparado à silagem de milho.
Dessa forma, constata-se que antes de se decidir sobre a utilização das
diferentes fontes volumosas, deve-se considerar o beneficio potencial e a possível
relação custo/benefício da utilização das diferentes forrageiras no processo de
ensilagem, considerando sempre o custo do concentrado a ser utilizado.

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