You are on page 1of 7

FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA: PROFISSIONALIDADE E SABERES

MARCELO S. DA SILVA1
Porto Alegre/RS/Brasil
marcelao_rs@yahoo.com.br

Assim como falham as palavras


quando querem exprimir qualquer pensamento,
assim falham os pensamentos quando
querem exprimir qualquer realidade
Fernando Pessoa

Breve introdução
Formação Profissional em Educação Física: este é o tema sobre o qual desenvolvemos
algumas reflexões neste texto. Ainda que o título proposto seja bastante abrangente não
pretende se traçar aqui previsões sobre o futuro da Educação Física, mas sim, levantar
algumas contribuições para o debate das condições atuais e os possíveis rumos da Formação
Profissional, tendo em vista o momento político-social em que vivemos, o surgimento de novas
tendências e o fortalecimento de antigas, no campo da Educação Física (EF).
Atualmente no Brasil vivemos um momento de significativas definições e
transformações no campo da formação profissional em Educação Física, principalmente pela
consolidação das novas Diretrizes para formação de professores (Resolução CNE/CP 02 de 19
de fevereiro de 2002), aprovação das Diretrizes para os Cursos de Graduação em Educação
Física (Parecer CNE/CES n. 0058 aprovado em 18 de fevereiro de 2004 e Resolução
CNE/CES n. 07 de 31 de março de 2004) e também pela implementação do sistema
CONFEF/CREF e a Regulamentação da Profissão de Educação Física. Não pretendemos
entrar no mérito de alguns debates já bastante desgastados sobre os caminhos e descaminhos
que estes processos possam ter tomado ao longo de sua constituição, nos referimos a própria
regulamentação e os debates sobre as diretrizes já aprovadas, nosso objetivo é sim trazer
algumas contribuições aos debates que estão ocorrendo por todo o país para definição dos
novos currículos dos cursos de formação, pois corroboramos com as preocupações de NOZAKI
(1998) em relação aos possíveis rumos que a Formação em Educação Física poderá tomar.

A importância dos termos


Inicialmente podemos destacar que, quando tratamos indistintamente do termo
Formação Profissional, estamos pressupondo uma determinada interpretação e compreensão
por parte dos interlocutores, ou leitores, a quem nos dirigimos, como se estes possuíssem uma
idéia única do que é ser profissional e conseqüentemente o que compõe sua formação, isto
nem sempre acontece. Diversos estudos, principalmente dos autores da área da Educação e
da Sociologia da Educação, ENGUITA (1990; 1991); GUERRERO (1996); LAW & OZGA (1991);
CUNHA & LEITE (1995); entre outros, têm demonstrado uma certa distinção nas interpretações
sobre o termo Profissional.
POPKEWITZ (1992a, P. 38) salienta que profissão é uma palavra de construção social,
cujo conceito muda em função das condições sociais em que as pessoas a utilizam, portanto,
ser um profissional nem sempre representa a mesma coisa, dependendo do local e do
momento em que utilizarmos este conceito.
Definimos nossa concepção de profissional de Educação Física como um profissional
crítico, reflexivo na e sobre sua prática, comprometido socialmente e capaz de definir e
defender um saber específico que delimita sua área de atuação. Assim, a formação desse
profissional deve considerar suas vivências pessoais, acadêmicas e profissionais como fonte
1
Professor de Educação Física do Centro Universitário Feevale (www.feevale.br) e da Universidade Luterana do
Brasil (www.ulbra.br), Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal Pelotas.
de elaboração do seu saber-ser e saber-fazer. Ressaltamos que na formação deste
profissional, ao qual estamos nos referindo é fundamental distinguir essas três dimensões,
possibilitando uma real valorização do papel e da importância de cada uma delas na
construção de uma profissionalidade.
Optamos em reconhecer o conceito de profissionalidade e não de profissionalização,
por entendermos como Contreras que o termo profissionalidade pode designar o modo de
resgatar o que de positivo tem a idéia de profissional no contexto das funções inerentes ao
trabalho docente, buscando superar certos valores como, por exemplo, uma descrição
ideologicamente presunçosa de status e dos privilégios sociais e trabalhistas aos quais se
aspira (2002, p. 73).
Nossa argumentação esta embasada na afirmação de Nóvoa em relação à formação
de professores. Este autor pensa a formação de professores como uma construção que
envolve três grandes dimensões e alguns saberes específicos, inclusive os saberes da
experiência.
As dimensões que Nóvoa relaciona para a formação de professores são (1) o
desenvolvimento pessoal (produzir a vida do professor), (2) o desenvolvimento profissional
(produzir a profissão docente) e (3) o desenvolvimento organizacional (produzir a escola)
(1992a, p. 15).
Para o autor,

a formação deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que forneça aos


professores os meios de um pensamento autônomo e que facilite as dinâmicas
de autoformação participativa. Estar em formação implica um investimento
pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projetos próprios,
com vistas à construção de uma identidade, que é também uma identidade
profissional. [...] Urge, por isso, (re)encontrar espaços de interação entre as
dimensões pessoais e profissionais, permitindo aos professores apropriar-se dos
seus processos de formação e dar-lhes um sentido no quadro das suas histórias
de vida.
A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de
técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as
práticas e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é
tão importante investir na pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência
(1992a, p. 25).

Compreendendo, então, o professor – e também o profissional de Educação Física -


como alguém que domina um determinado conhecimento que lhe é próprio e partindo do
pressuposto de que esse conhecimento é construído na sua práxis2, percebe-se que não se
trata de mobilizar a experiência apenas numa dimensão pedagógica, mas também num quadro
conceptual de produção de saberes (NÓVOA, 1992a, p. 25). Esse é um dos argumentos para
iniciarmos a delimitar algumas questões sobre o que deve compor a formação profissional,
como por exemplo, os saberes da experiência.
Para compreendermos melhor essa questão da profissão e os seus saberes
abordaremos um pouco mais cada uma delas a seguir.
Sobre o termo profissão podemos encontrar concepções que diferenciam a atuação de
determinados grupos de trabalhadores de outros, atribuindo um status social diferenciado a
cada um deles - Profissão, Profissão Liberal e Semi-profissão.

2
A práxis é “...a concepção que integra em uma unidade dinâmica e dialética a prática social e sua pertinente
análise e compreensão teórica, a relação entre a prática, a ação e luta transformadoras e a teoria que orienta e
ajuda a conduzir à ação. É a unidade entre pensamento e ação que permite assumir conscientemente o papel
histórico que cada homem está chamado a exercer” (HURTADO, 1992, p. 45).
Profissão, Profissão Liberal e Semi-profissão
Dentre as diversas análises sociológicas sobre as profissões e os grupos profissionais,
utilizamos aqui a conceituação de ENGUITA (1990), que afirma podermos classificar as
Profissões em três categorias: Profissões Liberais, Profissões e Semi-profissões.
Para analisar o conceito de Profissão, ENGUITA (1990) traça cinco características:
competência, vocação, licença, independência e auto regulação. A seguir faremos um rápido
comentário sobres essas características.
Podemos dizer que uma profissão só existe quando possui um saber próprio, e quando
este conhecimento é reconhecido como privilégio de um determinado grupo profissional - é o
que chamamos de Competência e Vocação. Por Licença pode-se entender também este
reconhecimento público acrescido do reconhecimento e regulamentação legal para o exercício
da profissão. Independência e Auto regulação são as características relativas à autonomia do
grupo frente ao seu público - clientela - e às organizações privadas e públicas, além da sua
capacidade de auto regular seus membros, através de um código ético, e sua capacidade de
resolver conflitos internos.
Quanto mais fortes estas características dentro de um grupo profissional, maior será
sua autonomia, seu prestígio e reconhecimento público e, conseqüentemente, maior seu poder
de reivindicação frente ao Estado. As profissões que apresentam tais características são
classificadas de Profissões Liberais.
No magistério, já há algum tempo, sofremos um processo que podemos chamar de
proletarização da profissão. Cada vez mais os professores perdem seu prestígio, sua
autonomia. Suas condições de trabalho são cada vez piores e sua competência contestada.
A partir dessa perspectiva poderíamos dizer que a categoria do magistério encontra-se
então na condição de Semi-profissão, por necessitar do aparato social para desenvolver suas
atividades e por não possuir um conhecimento legitimado, ou reconhecidamente importante e
forte, ao contrário de outras categorias.
Apesar deste quadro depreciativo da carreira docente, é importante salientar que a
assimilação do ideário da profissionalização, ou seja, a busca por uma aproximação da
categoria dos professores ao nível de uma categoria de profissionais liberais, representa
também a identificação de valores e construções históricas que não parecem estar presentes
na atividade docente, mas ao mesmo tempo nos instiga a exigir para a categoria dos
professores uma maior autonomia, integridade e responsabilidade.
Quanto à carreira de Graduado em Educação Física, esta ainda é um vir a ser, cabe as
instituições formadoras e aos futuros graduados definirem os caminhos necessários para sua
consolidação como profissão, algo que se dá no processo histórico, nos enfrentamentos legais
e sócias com diferentes grupos e a partir do reconhecimento público.

Saberes necessários à formação em Educação Física


É importante salientar essa compreensão sobre a condição de proletarização dos
professores, pois este fato fornece uma hipótese explicativa para uma certa negação da
carreira do magistério por parte dos acadêmicos dos cursos de licenciatura em Educação
Física, mas demonstra principalmente, por parte dos cursos de formação, uma concepção
descontextualizada e equivocada, ou, no mínimo, ultrapassada de professor. Algo que pode vir
a se configurar também como uma visão equivocada na formação do futuro graduado de
Educação Física.
É preciso lembrar, contudo, que, além dessa situação existem outras condições
estruturais bem mais amplas que determinam também esse abandono da carreira docente: o
fortalecimento e o aumento da demanda de outros campos de atuação para os profissionais da
área de EF, principalmente aqueles ligados à área da saúde e à qualidade de vida; a
desvalorização dos conhecimentos trabalhados pela escola; Os baixos salários da carreira
docente; o crescimento da indústria do Fitness; e o interesse da iniciativa privada em projetos
de geração de talentos esportivos. Cabe chamar a atenção para o fato de que a existência
destes espaços de atuação profissional, por si só, não garante a consolidação da carreira e seu
reconhecimento, neste sentido é preciso definir que profissional queremos formar para construir
este espaço.
As dificuldades atuais do campo de trabalho, as crises sociais e econômicas parecem
contribuir para um certo esvaziamento do nosso interesse pelas utopias sociais, e para
transfigurar aquilo que entendíamos por emancipação. Cada vez mais evitamos nos envolver
com temas político-sociais, e preferimos acreditar que a solução dos problemas está na busca
individualista do conhecimento como um fim em si.
Esse quadro nos leva a perceber que vivemos aquilo que alguns autores
convencionam chamar de Pós-modernidade, um período de transição, um momento de ruptura
e ao mesmo tempo de continuidade, onde as relações que concebíamos como as mais
concretas parecem desabar sobre nós, e onde a solução que nos resta é agarrarmo-nos nas
poucas possibilidades que ainda temos para construir o nosso futuro.
Como diz SANTOS:

Afirmar que o projeto da modernidade se esgotou significa, antes do mais, que se


cumpriu em excessos e déficits irreparáveis. São eles que constituem a nossa
contemporaneidade e é deles que temos de partir para imaginar o futuro e criar as
necessidades radicais cuja satisfação o tornarão diferente e melhor que o presente. A
relação entre o moderno e o pós-moderno é, pois, uma relação contraditória. Não é de
ruptura total como querem alguns, nem de linear continuidade como querem outros. É
um momento de transição em que há momentos de ruptura e momentos de
continuidade.(1993, p. 199 - 200)

Dentre as características dessa condição pós-moderna, uma que particularmente


chama a atenção é a questão do Consumismo na cultura contemporânea. Ainda segundo
SANTOS:
Tal como para Marx, a alienação assentava sobretudo na “estúpida compulsão do
trabalho”, talvez a nossa assente, mais do que em qualquer inculcação ideológica, “na
estúpida compulsão do consumo”. Alias, as duas estão hoje mais interpenetradas do
que nunca. Dantes, o operário procurava que o seu tempo livre fosse o oposto do
trabalho. Hoje, ele é cada vez mais semelhante ao tempo de trabalho. [...] Refiro-me
ao tempo do cotidiano, ao jogging, ao exercício físico, à maquilagem, à aparência
física cada vez mais importantes como forças produtivas do trabalhador, sobretudo do
trabalhador de serviços, que vende tanto o trabalho da aparência física como qualquer
outro que tem de fazer.(1993. p. 205 - 206)

Essa estruturação social em função do consumo produz diversos efeitos na


organização das formas de trabalho e nas relações sociais mais amplas. Nos acostumamos a
adequar nossos hábitos a novos conhecimentos, tendências e modismos na mesma velocidade
em que os descobrimos. Na pós-modernidade, como afirma RASCO (1997, p. 10), os estilos de
vida giram em torno do consumo de massa e da circulação de bens simbólicos e materiais.
O efeito desse novo contexto na formação profissional em EF é o frenético surgimento
de novas tendências, modismos e conhecimentos, e a cobrança para que eles sejam
incorporados aos cursos a fim de torná-los mais “completos” e seus profissionais mais
“competitivos”. Gostaríamos de salientar que essa constante tensão dentro dos cursos não
significa dizer que estes estejam formando profissionais generalistas. Bem pelo contrário, em
geral a perspectiva é exatamente a oposta, os cursos tendem a fragmentar ao máximo todo e
qualquer conhecimento e a formar especialistas nesses diversos fragmentos.
O que estamos sugerindo com isso é uma hipótese para entendermos algumas
mudanças que a EF vem passando. A questão é saber se devemos, e como, reagir a essas
mudanças? Como responder às expectativas e cobranças dos alunos? Ou seja, como deve ser
a formação inicial dos futuros professores/profissionais diante dessa realidade?
Talvez uma saída para essas exigências mercadológicas, que produzem esse efeito de
fragmentação e excessiva especialização, impossibilitando uma visão mais global por parte dos
alunos, seja repensar os saberes que compõem a nossa formação procurando fugir do
conhecimento disciplinar que tende a ser um conhecimento disciplinado, isto é, que segrega
uma organização do saber orientada para policiar fronteiras entre as disciplinas e reprimir os
que quiserem transpor (SANTOS, 1995. p. 46).
O conhecimento construído no campo acadêmico, da formação de professores, precisa
reconhecer a importância da realidade concreta, do dia-a-dia cotidiano do ser-professor, e das
interelações que deve haver entre os diferentes saberes que constituem o saber docente.
A questão não é negar os diversos campos da EF, nem os seus saberes, mas sim,
incentivar os conceitos e as teorias desenvolvidas localmente a migrarem para outros lugares
cognitivos, de modo a poderem ser utilizados fora de seu contexto e origem (SANTOS, 1995. p.
48).
Outra possibilidade que nos parece bastante interessante com relação aos saberes
docentes, e que deveria ser mais explorada nos estudos sobre a formação profissional, é o
resgate e a valorização dos chamados saberes da experiência (TARDIF, 1991). É preciso, como
diz NÓVOA (1992), dar um estatuto ao saber da experiência, é preciso reconhecer o professor
como um produtor de saberes, não um simples repassador de rotinas, mas alguém que possui
um conhecimento próprio e que é capaz de produzir novas teorias e conceitos dentro e fora das
salas de aula.
Segundo TARDIF et al, o saber docente se compõe na verdade de vários saberes
provenientes de diferentes fontes. Esses saberes são: saberes das disciplinas, saberes
curriculares, saberes profissionais e saberes da experiência (TARDIF, 1991, p. 216). A relação
destes dá origem a um saber plural, o saber do professor. O professor, nessa perspectiva, é
visto como um produtor de saberes a partir da tradução e reformulação dos diversos saberes
disponíveis, mediados pelo seu saber da experiência que é, segundo THERRIEN:

O saber próprio da identidade do docente e construído no interstício de sua práxis


social cotidiana como ator social, educador e docente em interação com outros
sujeitos e em relação com a pluralidade dos demais saberes docentes disponíveis. [...]
O saber de experiência do docente ultrapassa o limite dos conhecimentos adquiridos
na prática da profissão e inclui aquilo que alguns autores qualificam de saber cultural.
O saber de experiência do professor se identifica, portanto, com seu saber social
próprio resultante de sua práxis social cotidiana. (1993. p. 411)

O estudo da construção da profissionalidade docente, ou do profissional de EF, a partir


dessa compreensão dos saberes docentes parece possibilitar um verdadeiro aprofundamento
no entendimento da formação do professor, e ainda nos leva a questionar o papel da ciência e
da tecnologia como os únicos meios de produção de saberes socialmente validos.

Conclusões e outras questões


A medida em que vamos chegando ao final desse texto reafirmamos a nossa convicção
de que muitas vezes há algo muito mais importante no caminho que tomamos do que no
próprio lugar em que chegamos. O que acabamos de relatar não são nada mais do que
algumas hipóteses para os problemas da formação profissional. Além destas que levantamos,
muitas outras poderiam ser destacadas.
Nossa única pretensão aqui foi pincelar, ainda que de forma inicial, alguns temas que
acreditamos serem de fundamental importância para o debate da formação profissional.
Portanto, primeiramente procuramos identificar de qual profissional estamos falando, e
que profissional queremos; segundo quais são os contextos que vivem e como eles influenciam
nessa formação, e, terceiro, quais as perspectivas e possibilidades que vemos para essa
formação.
Em síntese o que propomos é uma reflexão sobre que profissional de EF queremos
formar, independente de sua área de atuação. Nosso objetivo será a formação de cidadãos
críticos e reflexivos, ou meros repassadores de conhecimentos, treinadores, instrutores de
corpos? E ainda, se nossa opção é não perder a utopia das transformações radicais da
sociedade na perspectiva da construção de um conhecimento prudente para uma vida
descente (Santos, 1995), que saberes são necessários à formação profissional? Defendemos o
reconhecimento dos diferentes saberes profissionais docentes, em especial o resgate dos
saberes da experiência tanto para formação do professor como do graduado em EF.
Com isso esperamos ter fornecido subsídios para o estudo e o debate sobre o tema
proposto. Infelizmente escrever sobre formação profissional, um tema tão amplo, impõe a
necessidade de fazermos algumas escolhas sobre o que analisar e o que não analisar. Sem
dúvida a delimitação desse recorte está permeada pela nossa história, que é diferente da
história de outras pessoas, portanto, cada um terá que (re)interpretar o que foi dito aqui a partir
da sua própria experiência e conhecimentos.

Referências bibliográficas
CABRERA, B.; JAÉN, M. J. Quem são e o que fazem os docentes? Sobre o “conhecimento”
sociológico do professorado. Teoria & Educação, Porto Alegre, n.º 4, p. 190 - 214, 1991.
CONTRERAS, J. Autonomia de Professores: os valores da profissionalização e a
profissionalidade docente. São Paulo, SP: Cortez, 2002.
CUNHA, M. I. & LEITE, D. B. C. Estrutura Social, Profissionalização e Formação Docente.
Cadernos de Educação. FaE/UFPel, Pelotas, n.º 5, p. 131 - 148, Ago./Dez. 1995.
ENGUITA, M. F. La Escuela a Examen. Madrid: Eudema, 1990.
ENGUITA, M. F. A Ambigüidade da Docência: entre o profissionalismo e a proletarização. Teoria
& Educação, Porto Alegre, n.º 4, p. 41 - 61, 1991.
GUERRERO SERÓN, A. Manual de Sociologia de la Educación. Madrid: Síntesis, S.A., 1996.
LAWN, Martin & OZGA, Jenny. O Trabalho docente: interpretando o processo de trabalho do
ensino. Teoria & Educação, Porto Alegre, n.º 4, p. 140 - 158, 1991.
NÓVOA, António.(org.) Formação de professores e profissão docente. In: NÓVOA, António.(org.)
Os professores e sua formação. Lisboa: D. Quixote, 1992a. p. 15 - 34.
NOZAKI, Hajime T. Pós-Regulamentação da Profissão: Para Além do Contra e do a Favor -
Reflexões no Campo da Formação Profissional. Juiz de Fora: 1998. Disponível em:
www.boletimef.org. Acessado em 10 de outubro de 2004.
POPKEWITZ, T. Profissionalização e Formação de professores: algumas notas sobre a sua
história, ideologia e potencial. In: NÓVOA, António (org.) Os professores e sua formação.
Lisboa: D. Quixote, 1992a. p. 35 - 50.
RASCO, José F. A. Reconsiderando el proyecto de la modernidad en educación. Lección
innaugural. Curso de Doctorado del Departamento de Didáctica y Organización Escolar.
Universidad de Barcelona, 1997. (Digitado)
REPPOLD FILHO, A. R. As diretrizes curriculares nacionais e a formação profissional em
educação física. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, 54.,
2002. Goiânia. Ciência e Universidade Rompendo Fronteiras. Anais/Resumos... Goiânia:
SBPC, 2002.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Um Discurso sobre as Ciências. 7. ed. Porto: Edições
Afrontamentos, 1995.
SANTOS, Boaventura de Sousa. O social e o político na transição pós-moderna. Lua Nova,
Revista de cultura e política, n. 31, 1993, São Paulo.
SOUZA NETO, Samuel de. A formação do profissional de educação física no Brasil: uma história
sob a perspectiva da Legislação Federal no século XX. In: Congresso Brasileiro de História da
Educação Física, Esporte, Lazer e Dança, VIII., 2002, Ponta Grossa, PR. As ciências sociais e
a história da Educação Física, esporte, lazer e dança. Anais... Ponta Grossa, PR: UEPG, 2002.
SOUZA NETO, Samuel de; COSTA, Áurea de Carvalho. Imagens e projetos na formação de
professores: em questão a identidade profissional docente. Congresso Estadual Paulista sobre
Formação de Educadores, 7., 2003, Águas de Lindóia. Teorias e Práticas, Imagens e Projetos.
Anais... Águas de Lindóia: UEP, 2003.
TARDIF, M. et al. Os Professores Face ao Saber: esboço de uma problemática do saber
docente. Teoria & Educação, Porto Alegre, n.º 4, p. 215 - 233, 1991.
THERRIEN, Jacques O saber social da prática docente. Educação & Sociedade, n.º 46, p. 408 -
418, dezembro - 1993.

Resumo: Formação Profissional em Educação Física: este é o tema sobre o qual


desenvolvemos algumas reflexões neste artigo. Não pretendemos traçar previsões sobre o
futuro da Educação Física, mas sim, destacar algumas contribuições para o debate das
condições atuais e os possíveis rumos que a formação possa tomar, em especial a formação
dos professores de Educação Física. Para tanto, abordamos de forma sucinta a questão da
profissionalização e da proletarização docente a partir do referencial da sociologia das
profissões através dos seguintes autores: ENGUITA (1990; 1991); GUERRERO (1996); LAW &
OZGA (1991); CUNHA & LEITE (1995); POPKEWITZ (1992a) entre outros, e apontamos também
algumas possibilidades no campo da formação inicial dos profissionais de Educação Física a
partir do conceito de Saberes Profissionais Docentes desenvolvido por Tardif (1999; 2002),
GAUTHIER, Clermont et alii (1998), Borges et Desbiens (2003), todos autores importantes para
compreensão da formação e da prática docente. Buscamos ainda através das afirmações de
Boaventura de Souza Santos (1993) reforçar uma preocupação em resgatar o papel crítico da
formação profissional no contexto sócial atual. O debate, ainda que centrado na formação dos
professores, torna-se significativo também para problematização de questões pertinentes à
formação do profissional de Educação Física de uma maneira geral.
Palavras-Chave: Formação Profissional; Saberes Profissionais Docentes; Trabalho Docente.

PROFESSIONAL FORMATION IN PHYSICAL EDUCATION: PROFESSIONALITY AND


KNOWLEDGE
Abstract: Professional formation in physical education: that’s the subject we are going to
develop some reflections about in this article. We do not intend to estimate predictions about the
future of physical education, but to point out some contributions to the discussion of the present
conditions and the possible routes that formation may take. Thus, we approach in a brief way
the issue of the professionalization and proletarization of teachers from the references of
Sociology of Professions through: ENGUITA (1990; 1991); GUERRERO (1996); LAW & OZGA
(1991); CUNHA & LEITE (1995); POPKEWITZ (1992a) and others, and we also point out some
possibilities in the field of initial formation of physical education professionals from the concept
of Professional Teaching Knowledge developed by Tardif (1999; 2002), GAUTHIER, Clermont et
alii (1998), Borges et Desbiens (2003), all of them important authors for the comprehension of
formation and teaching practice. We tried through Boaventura de Souza Santos (1993)’s
assertions to reinforce a concern about conserving the critical role of professional formation in
the present social context. The debate, though centered in formation of teachers, becomes
meaningful also for pointing questions out as problems regarding the professional formation in
physical education in a general way.
Key words: Professional formation, Professional Teaching Knowledge, Teaching Work.

Email: marcelao_rs@yahoo.com.br

Como citar este artigo:


SILVA, Marcelo Silva da. Professioanl Formation in Physical Education: professionality and
knowledge. FIEP BULLETIN, Foz do Iguaçu-PR/Brasil, Volume 75, Special Edition, Article II,
p. 22 - 25.

You might also like