As estacas pre-moldadas caracterizam-se por serem cravadas
no terreno por percussão, prensagem ou vibração e por fazerem parte do grupo denominado estacas de deslocamento. As estacas pre-moldadas podem ser constituídas por um único elemento estrutural ( madeira, aço, concreto armado ou protendido) ou pela associação de dois desses elementos ( e não mais do que dois), quando será denominada estaca mista. O tipo de estaca pre-moldada mista mais encontrada , e o tipo concreto mais aço , o segmento metálico possui duas finalidades: a – permitir a cravação em argilas medias a duras sem provocar o fenômeno de levantamento decorrente da cravação de estacas próximas. b – permitir que a estaca mista possa ser cravada , ate atingir a rocha, sem romper o segmento de concreto, pois o perfil metálico e um material mais dúctil. Entretanto, quando a superfície da rocha e muito íngreme esta solução não e a mais adequada pois o perfil metálico ao atingi-la pode escorregar quebrando a estaca pôr flexão. Uma solução que tem sido usada consiste em se cravar uma estaca de concreto vazada ate as proximidades da cota da rocha e pôr dentro do furo da estaca executar uma outra, do tipo raiz, embutida na rocha. Quando as estacas pre-moldadas necessitam emendas, estas devem ser projetadas e executadas de modo a impedir a separação entre os elementos emendados bem como manter o alinhamento e suportar as cargas que ocorrem durante a cravação e o trabalho da estaca. Com respeito ao espaçamento entre as estacas pre-moldadas a NBR 6122 não fixa valores embora seja pratica adotar um espaçamento mínimo de duas vezes e meia o seu diâmetro ( ou o lado), porem nunca inferior a 60 cm. Com respeito ao afastamento ate a divisa, o mesmo varia com o tipo de equipamento utilizado na cravação da estaca . No caso das estacas metálicas os bate- estacas permitem crava-las praticamente junto a divisa, ao contrario das estacas de concreto, onde estas distancias variam de 30 a 60 cm.
Estacas de Madeira
As estacas de madeira sempre foram empregadas desde os
primórdios da historia da construção civil . Atualmente, diante das dificuldades de obter madeiras de boa qualidade e do incremento das cargas das estruturas sua utilização se tornou bem mais reduzida. As estacas de madeira nada mais são do que troncos de arvores, os mais retos possíveis, cravados normalmente pôr percussão, utilizando –se pilões de queda livre. No Brasil a madeira mais empregada e o eucalipto, principalmente como fundação de obras provisórias ( pôr exemplo cimbramento de pontes). Para obras definitivas tem-se usado as denominadas madeiras de lei, como pôr exemplo a peroba, a aroeira, a mocaranduba, o ipê e outras. A madeira tem duração praticamente ilimitada quando mantida permanentemente submersa. Entretanto, quando submetida a variação de nível de água apodrece pôr ação de fungos aeróbios que se desenvolvem no ambiente agua-ar . Pôr isso a durabilidade das estacas de madeira esta condicionada a priva-la de um desses fatores. Como no solo e praticamente impossível obter um meio completamente seco, o fator a eliminar e o ar. Para se garantir a durabilidade da estaca quando ocorre a variação do nível de água costuma-se fazer o tratamento das madeira com sais tóxicos a base de zinco, cobre , mercúrio etc.. Entretanto, tem se observado que esses sais se dissolvem na água com o decorrer do tempo. Pôr isso tem se tentado o tratamento com o creosoto, substancia proveniente da destilação do carvão ou do asfalto, que se tem mostrado mais eficiente. Neste tipo de tratamento o consumo recomendado pela literatura brasileira e de aproximadamente 30 Kg de creosoto pôr m3 de madeira tratada quando as estacas forem cravadas no mar, e cerca da metade desse consumo quando as estacas forem cravadas em terra. Para evitar danos a estaca durante a cravação, a cabeça desta deve ser munida de um anel de aço, destinado a evitar que ela se rompa pôr fendilhamento. Alem do mais, quando a estaca tiver que penetrar ou atravessar camadas resistentes, as pontas devem ser protegidas pôr ponteira de aço. Quanto as emendas, podem ser feitas pôr sambladura, pôr talas de junção ou pôr anel metálico. A carga admissível das estacas de madeira , do ponto de vista estrutural, depende do diâmetro da seção media da estaca, bem como do tipo de madeira empregada. Entretanto, costuma-se adotar como ordem de grandeza os valores apresentados na seguinte tabela.
Cargas admissíveis normalmente usadas em estacas de
As estacas metálicas são constituídas pôr peças de aço
laminado ou soldado tais como perfis de seção I e H, chapas dobradas de seção circular ( tubos) , quadrada e retangular bem como os trilhos, estes geralmente reaproveitados após sua remoção de linhas férreas, quando perdem a sua utilização pôr desgaste. Tanto os perfis quanto os trilhos podem ser empregados como estacas em sua forma simples, ou como composição paralela de vários elementos. Embora entre nos ainda seja relativamente elevado o custo das estacas metálicas comparada com outro tipo de estaca ( não só pelo custo do próprio material como pela diferença de comprimentos necessários para transferir a carga ao solo), em varias situações a utilização das mesmas se torna economicamente viável, pois podem atender a varias fases de construção da obra alem de permitir uma cravação fácil, provida de baixa vibração, trabalhando bem a flexão e não tendo maiores problemas quanto a manipulação, transporte, emendas ou cortes. Alem disso, podem ser cravadas através de terrenos resistentes sem o risco de provocar levantamento de estacas vizinhas, mesmo com grande densidade de estacas, nem risco de quebra. Sua associação com estacas pre-moldadas em diversas situações e uma solução bastante econômica e eficiente. Hoje em dia já não mais se questiona o problema de corrosão das estacas metálicas quando permanecem inteira e totalmente enterradas em solo natural, isto porque a quantidade de oxigênio que ocorre nos solos naturais e tão pequena que a reação química tão logo começa já esgota completamente pela falta de oxigênio. No caso de trilhos velhos os mesmos só deverão ser utilizados como estacas quando a redução de peso não ultrapassar 20% do teórico e nenhuma seção tenha área inferior a 40% da área do trilho novo. As emendas das estacas metálicas são feitas pôr solda com utilização de telas, também soldadas. Os eletrodos normalmente utilizados são do tipo OK 46 E OK 48. Um assunto bastante polemico refere-se a ligação da estaca metálica com o bloco de coroamento quando só existem cargas de compressão. A ligação mais eficiente consiste em se embutir 20 cm da estaca no bloco, fazendo-se eventualmente uma fretagem através de espiral posicionada pôr cima da armadura de flexão. Quando o perfil metálico tem dimensões transversais significativas em relação ao espaçamento da armadura principal do bloco, esta deve ser complementada com outra secundaria para combater a fissuracao. Um problema que ocorre com freqüência durante a cravação, pôr percussão, de estacas metálicas através de solos de baixa resistência e o encurvamento de seu eixo mesmo quando se tomam todos os cuidados para apruma-las, fenômeno decorrente da instabilidade dinâmica direcional ( também denominado drapejamento ) que se manifesta durante a cravação. Estacas pre-moldadas de Concreto
De todos os materiais de construção, o concreto e um dos que
melhor se presta a confecção de estacas e em particular das pre- moldadas pelo controle da qualidade que se pode exercer tanto na confecção quanto na cravação. Estas estacas podem ser confeccionadas em concreto armado ou protendido adensado pôr centrifugação ou pôr vibração, este de uso mais corrente. Tanto nas estacas vibradas quanto nas centrifugadas a cura do concreto e feita a vapor, de modo a permitir a desforma e o estoque das mesmas no menor tempo possível . Cabe lembrar que a cura a vapor só acelera o ganho de resistência nas primeiras horas mas não diminui o tempo total necessário para que o concreto atinja a resistência final. Pôr isso as estacas devem permanecer no estoque um período que independe de serem ou não inicialmente curadas a vapor. Para o levantamento de estacas de concreto devem ser selecionados pontos de modo a obter a igualdade dos módulos dos momentos fletores máximos positivo e negativo. Se a estaca for levantada pôr um ponto este ponto deve ser no terço dela, se for levantada pôr dois pontos estes pontos devem ser o quinto dela. No caso de emenda de estacas de concreto recomenda-se que a emenda seja do tipo soldável, só tolerando emendas pôr anel ou luva de encaixe quando não haja esforços de tração tanto na cravação como na utilização. A carga máxima estrutural das estacas pre-moldadas e comumente indicada nos catálogos técnicos das firmas fabricantes. E importante lembrar que as cargas indicadas nesses catálogos devem ser entendidas como máximo maximorum que somente poderão ser adotadas se as estacas puderem ser cravadas ate comprimentos compatíveis com a transferencia de carga para o solo que lhe da suporte. Como rarissimas vezes isto ocorre, a carga admissível costuma ser inferior aos valores indicados nos catálogos. Um problema que freqüentemente ocorre nas estacas pre- moldadas de concreto, principalmente se forem vazadas e não protendidas, diz respeito as fissuras ( aberturas inferior a 1 mm) e as trincas ( abertura superior a 1 mm) bem como aos critérios que devem ser adotados para aceitar ou rejeitar estas estacas. Como a NBR 6122/96 não aborda este assunto, volta e meia surgem discussões entre o proprietário, o projetista e o fornecedor de estacas que pôr falta de limites normalizados são de difícil consenso. Um método empírico consiste em rejeitar estacas que contenham trincas ( transversais ou longitudinais) ou fissuras longitudinais, ficando assim sujeito a estudos técnicos as estacas que tiverem fissuras transversais. Cravação das Estacas
As estacas pre-moldadas podem ser cravadas pôr prensagem,
pôr vibração ou pôr percussão. A cravação através de terrenos resistentes pode ser auxiliada pôr perfuração previa, a seco ou com uso de lamas estabilizastes. Neste ultimo caso, se a estaca for vazada, deve-se fechar a ponta para evitar ruptura. No caso da cravação através de areias compactas pode-se utilizar jato de água ou ar, processo denominado lancagem.
Cravação por Prensagem
A cravação de estacas pôr prensagem, inicialmente idealizada
para reforço de fundações, tem sido utilizada para as fundações normais onde há necessidade de evitar vibrações, barulho, ou mesmo os inconvenientes decorrentes da a retirada de detritos de estacas executadas pôr perfuração. Alem disso este processo executivo tem uma importante vantagem sobre todos os outros: a de que em toda estaca cravada se realiza uma prova de carga ate 1,5 vezes a carga de trabalho. Isto confere ao estanqueamento um controle da qualidade ainda não atingido pôr qualquer outro tipo de fundação. Para a cravação pôr prensagem utilizam-se macacos hidráulicos que reagem contra uma plataforma com sobrecarga ou contra a própria estrutura.
Cravação por Vibração
Para cravar estacas metálicas com melhor eficiência foi
desenvolvido na antiga União Soviética um processo de cravação por vibração utilizando um martelo, dotado de garras para fixação a estaca, com massas excêntricas que ao girarem rapidamente produzem uma vibração de alta freqüência que e transmitida a estaca. Este martelo tem seu campo de aplicação não só na cravação de estacas metálicas, como também na sua remoção, quando são usadas em escoramentos provisórios. Entretanto, diante das vibrações transmitidas ao solo e as obras próximas bem como de alguns problemas operacionais, hoje em dia seu uso e bem restrito, razão pela qual se deixa de entrar em maiores detalhes deste processo de cravação.
Cravação por Percussão
Este e o processo mais utilizado para a instalação de estacas
pre-moldadas. Para tanto utilizam-se pilões de queda livre ou automáticos também denominados martelos diesel. Para amortecer os golpes do pilão e uniformizar as tensões por ele aplicadas a estaca, instala-se no topo desta um capacete dotado de cepo e coxim. Nos martelos automáticos , ao contrario dos martelos de queda livre, não e possível medir, de maneira direta, a altura de queda do pistao. Esta e estimada em função da parte visível do mesmo em relação a camisa externa em cada impulsionamento, para cima , do pistao. A cravação com os martelos automáticos e mais eficiente que a cravação com martelos de queda livre em virtude de maior freqüência de golpes aplicados a estaca, o que faz com que a mesma esteja em continuo movimento durante a cravação. Entretanto, apresenta como principais desvantagens o barulho e a liberação de gases misturados com óleo diesel queimado, que são carreados pelo vento atingindo pessoas e bens na vizinhança da obra. As tentativas de se envolver o martelo com uma proteção para resolver este problema em obras urbanas não tem apresentado resultados satisfatórios e hoje a tendência e só utilizalos em obras industriais fora das cidades. Bibliografia:
Livro Fundações Teoria e Pratica – 2 º Edição
Editores: Waldemar Hachich, Frederico F. Falconi e outros.