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Entre o BOM e o BEM na Maçonaria

Mauro Antonio Britta*

“Oh, quão bom e suave que os irmãos vivam em união...” e em nome disso, para que se mantenha a
“harmonia e a boa ‘egrégora’ faz-se silêncio nos templos. O pior nisso é que esse silêncio é
estimulado por mestres de altos “graus” como se a sabedoria não fosse dali do Templo, mas de um
lugar celestial, onde somente os iluminados podem ascender!

Existe, sem que nos apercebamos claramente do instante, um momento crucial na prática da
maçonaria, a transição de alguns irmãos da dimensão do Bom para a dimensão do Bem.

Existem várias maçonarias, cujos estilos são lubrificados pela jactância falaciosa ou lábia profícua,
discursos rebuscados que arregimentam mais e mais seguidores.

Essa maçonaria que parece ser a dominante faz apoteótico estilo, pois as coisas que para a
verdadeira maçonaria podem provocar verdadeiros conflitos, para eles que não sabem e que não
querem mesmo saber de que se trata, são contadas como coisas especialmente destinadas a fazer
caminho, acesso, passeio, ostentando lustrosas medalhas.

A moral schopenhaureana, mãe de todas as morais, nos destina a uma dimensão além do bem e do
mal, uma compaixão tanto para com o mal como para com o bem.

Em minha particular visão, não existe o mal, apenas o bem mal praticado por ignorância ou por
falta de nivelamento dos conceitos.

A moral de Schopenhauer é a própria personificação do Dragão de Nietzsche, impossível de ser


morto pela mordida da víbora. A víbora é a própria representação do saber do campo do bem, e aí
mesmo limitada por essas amarras, circunscrita a esse mundo finito a esse círculo fechado do bem.

Vemos aí o ser limitado e estagnado que é essa víbora, representação da verdade científica enrolada
nos bastões dos Mestres da Universidade... a serpente da sabedoria.

No caduceu as serpentes lutam equilibrando-se as tendências contrárias em torno do bastão ou eixo


do mundo. E por isso mesmo o caduceu é um símbolo de paz.

A serpente possui um duplo aspecto simbólico  um deles, benéfico, o outro, maléfico , dos quais
possivelmente o caduceu apresenta o antagonismo e o equilíbrio; esse equilíbrio e essa polaridade
são, sobretudo, os das correntes cósmicas, representadas de maneira mais geral pela dupla espiral.

No entanto pela semi[ótica universal negada pela do Pensamento Puro, toda sabedoria dos homens é
loucura para Deus e toda sabedoria de Deus é loucura para os homens.

Jesus, o Dragão personificado, 100% homem e 100% Deus garantiu-nos que temos de amar o
inimigo! Esquisito isso, muito esquisito mesmo...! Como posso amar e perdoar o meu inimigo,
aquele que me destruirá na primeira possibilidade? Mesmo que a destruição advenha do inimigo,
assim mesmo temos de perdoá-lo e amá-lo pois ele não sabe o que faz e também, principalmente
pelo fato de que o pensamento só apreende o corpo do pensador, nada mais.
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Todo amor e todo ódio, o campo do bem e do mal estão limitados ao pensador. Se o pensador
apreende somente o próprio corpo então devolverá a si mesmo o afeto positivo ou negativo.

O mal só se fará incidir sobre nós mesmos. Está aí a base, a principiologia do Renôvo, a nova Lei
trazida por Jesus, não um 11° mandamento, mas um que engloba todos os outros e os substitui:
“Amar a Deus sobre todas as coisas e com toda a força de teu coração e todo o teu entendimento e
amar ao próximo como a ti mesmo!” Essa é a marca do prumo, esse é o dístico, a senha do prumo
colocado no meio de nosso povo maçônico. É a mais legítima representação do “Além do bem e do
mal”, daquilo que pregou Schopenhauer como a matriz das diversos sistemas filosóficos e ou de
moral criados pela sabedoria humana. Uma moral compassiva, compaixão tanto para com o mal
quanto para com o bem, dois lados da mesma moeda, o sentido diacrítico ou antitético do
significante vida  pensamento surgido da fala na materialidade!

Vejo a Maçonaria de hoje como um modelo similar ao da Universidade. É raríssimo ver que uma
coisa feita por lá possa ter conseqüências, surtir efeitos no mundo profano.Temos mesmo a
impressão que a Universidade foi criada para que o pensamento lá nunca tenha conseqüências. Isso
é típico de uma universidade colonizada, ideologizada de fora para dentro desde a Idade Média
onde vicejou a venenosa flor escolástica.

A nossa maçonaria está no mesmo patamar e nem se apercebeu que é quedada na armadilha
aristotélica e herdeira de Thomaz... Razão... Justiça... Moral... Progresso... Ciência..., todos nomes
positivistas típicos desse movimento que manda no ocidente até hoje, menos mal são os filhos disso
ou daquilo, cavaleiros disso ou daquilo!

Parodiando... parece-me que os pensamentos dentro da maçonaria não podem surtir efeitos algum
fora dela. Se alguém pensa lá dentro, é melhor que só pensem e que não se passe ao ato de falar
sobre isso, muito menos escrever. Escrever seria muito pior! Podemos só pensar egoisticamente, só
para nós mesmos, para dentro. Da boca para dentro sem emitir sons! O silêncio é a melhor saída
para os pensamentos, na maçonaria que conheço.

A esmagadora maioria dos avanços científicos, as grandes descobertas, essas que produzem efeitos
sobre os homens e as coisas se dão fora da Universidade, é uma pena!

Mas não poderia deixa de ser, pois o desejo na Universidade e o desejo na Maçonaria que vejo hoje
é fruto do liberalismo econômico.

Temos que retomar a prática conspiratória em favor de nosso povo. Temos de deixar de lado a
prática política partidária dentro dos Templos para estudarmos a grande política, a Ciência Política.
É preciso trazermos mestres em ciência política e montarmos cursos para todos indistintamente.

Vejo a maçonaria de forma muito simples, vejo-a somente como linguagem. A linguagem nasce
com o tempo e na dimensão do tempo e não no espaço, mas necessita a priori, do orgânico para
subsistir. O orgânico só pode subsistir na dimensão espacial ou material.

Duas coisas posso dizer com segurança: a primeira é que a família é a celula-mater, ou mãe da
sociedade e segunda é que o cimento para a união ou para uma forte coesão familiar não é só o
amor, mas também a Lei ou religiosidade.

Famílias que têm só amor podem produzir filhos narcisistas que amam somente a eles próprios,
verdadeiros bichinhos egoístas que colocamos no mundo a conviver com as outras pessoas. Esses
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certamente serão excelentes políticos nos moldes atuais. Famílias que não tem noção da
existência de um ser supremo criador do universo, sempre produzirão filhos que se espalharão
pelo mundo sem direção certa, sem sentido.

Prova disso foi o que disse uma das mais inteligentes mulheres que o mundo produziu, a cientista
Camille Paglia, que mesmo sendo atéia ou descrente da existência de Deus assegurou a
necessidade da religiosidade para resolvermos o grande impasse social e a miséria material
existente.

Das duas uma, ou se vai a Deus pela fé ou pela ciência A saída é necessariamente a religiosidade,
tais as palavras de uma pessoa estudiosa do cerne do ser humano como Camille, uma autora
polemista que defende o ensino da Religião às nossas crianças. Camille é uma feminista odiada
pelas feministas, apareceu há dois anos em 20° lugar na lista dos intelectuais mais influentes
vivos feita pela revista inglesa “Prospect”. Professora da University of the Arts, na Filadélfia, Paglia
se tomou internacionalmente conhecida em 1990, com o livro “Personas sexuais”.

Eis um fragmento de seu pensamento, numa entrevista concedida a Uirá Machado e publicada na
Folha de são Paulo, num domingo, dia 21 de outubro de 2007, in verbis: “Minha opinião é que a
religião não deveria ter influência na política, mas ela é absolutamente central para a cultura e a
experiência humana. Ainda que eu não acredite em Deus, considero as grandes religiões do
mundo sistemas que de fato ajudam a entender os mistérios do universo e da vida humana.
Quando intelectuais tomam a posição de que as pessoas inteligentes não crêem em Deus e que
apenas os fracos ou os tolos acreditam no que diz a religião, é um desastre para os mais jovens.
Não dá para entender o mundo e sua história sem conhecer as grandes religiões.” (Grifos nossos).

O desejo é o mito principal de nosso intelecto, da estrutura psíquica humana.

Sabemos com o auxílio de Freud e Lacan que a linguagem cria a pulsão de vida, diferente de
instinto e que a pulsão de vida funda o desejo, que o desejo funda a fala e a fala funda o
pensamento.

O pensamento só pode apreender o corpo do pensador e não o dos outros. Por isso de nada
adiante odiar ou amar o outro, o amor e o ódio voltarão para nós mesmos. O melhor então é que
volte o amor, numa ação de efeito de ação afetiva sobre os outros. O melhor mesmo é seguir os
passos do Mestre e amar o inimigo. O melhor é perdoar o inimigo e dessa forma o ódio não
voltará para nós mesmo fazendo-nos tanto mal que nos faz. Só que para entender a profundidade
dessas palavras é preciso uma certa consciência e isso só pode ser transmitido por um contrato
sério entre as gerações.

Nós sustentamos ou não a maçonaria que resta na simbologia, nos mitos, nas metáforas. A
maçonaria é toda uma metonímia. Um pedacinho dela fala do todo! Fala do Grande Arquiteto do
Universo! O Grande Arquiteto não está no espaço, está no tempo... numa malha, numa tecitura
urdida, filigranada por sons que não soam, num tempo perfeitamente homeostático ‒ antítese do
próprio tempo.

Essa dimensão é para nós, pelo nosso sistema semiótico, impossível de ser apreendida. Essa
dimensão é para nós inconsciente porquanto nada podemos falar dele... suas pistas e indicadores
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estão por toda a parte, especialmente no chão, nas paredes e abóbada da Loja que representa o
Templo Universal de Salomão, de todos os povos e de todas as crenças ali representados.

O Templo maçônico, esse Templo de Salomão é muito diferente de uma Sinagoga que é
propriedade particular do povo “eleito” de Deus, o único que “merece” ir para o céu!

É nesse locus, nesse tempo aí, que reside o princípio do qual tanto Nietzsche falou, o princípio do
“Além do bem e do mal”. Essa é a negação da qual sempre falamos. A negação que funda o juízo
de existência a priori, mas que só pode ser apreendida a posteriori, como queria Kant em sua
Crítica da razão pura.

A percepção a priori é para os pós-estruturalistas o sentido do significante dos estóicos... o sentido


do significante, aquilo mesmo que o significante, somatória do bem e do mal não diz por ele
mesmo. O inconsciente reside aí, no sentido do dignificante. É esse o derradeiro objeto de estudo da
maçonaria, aquilo mesmo que o significante não diz. Aquilo que solve et coagula os milhões de
cosmos no Universo, um a um a seu tempo... tempo de inspirar e tempo de expirar!

Para o Grande Arquiteto do Universo a relação tempo/espaço não importa, ele dobra ou anula o
tempo e dissolve o espaço, pois nos vê no futuro aquilo que já fomos, e no passado remoto, já nos
viu no futuro, e sabe onde estamos. Estamos lá com ele onde sempre estivemos, agora apenas
tomando consciência.

Como deixou Kant na primeira página do primeiro capítulo da sua “Crítica da razão pura” in verbis:
“Mas se é verdade que os conhecimentos derivam da experiência, alguns há, no entanto, que não
têm essa origem exclusiva, pois poderemos admitir que o nosso conhecimento empírico seja um
composto daquilo que recebemos das impressões e daquilo que a nossa faculdade cognoscitiva lhe
adiciona [ressignifica per se - estimulada somente pelas impressões dos sentidos (Grifos nossos)];
aditamento que propriamente não distinguimos senão mediante uma longa prática que nos habilite a
separar esses dois elementos. Surge desse modo uma questão que não se pode resolver à primeira
vista: será possível um conhecimento independente da experiência e das impressões dos
sentidos? Tais conhecimentos são denominados a priori, e distintos dos empíricos, cuja origem é a
posteriori, isto é, da experiência. Aquela expressão, no entanto, não abrange todo o significado da
questão proposta, porquanto há conhecimentos que derivam indiretamente da experiência, isto é,
de uma regra geral obtida pela experiência e que, no entanto não podem ser tachados de
conhecimentos a priori. Assim, se alguém escava os alicerces de uma casa, a priori poderá esperar
que ela desabe, sem precisar observar a experiência da sua queda, pois, praticamente, já sabe que
todo corpo abandonado no ar sem sustentação cai ao impulso da gravidade. Assim esse
conhecimento é nitidamente empírico. Consideraremos, portanto, conhecimento a priori, todo
aquele que seja adquirido independentemente de qualquer experiência. A ele se opõem os opostos
aos empíricos, isto é, àqueles que só o são a posteriori, quer dizer, por meio da experiência (dos
sentidos). Entenderemos, pois, daqui por diante, por conhecimento a priori, todos aqueles que são
absolutamente independentes da experiência; eles são opostos aos empíricos, isto é, àqueles que só
são possíveis mediante a experiência. Os conhecimentos a priori ainda podem dividir-se em puros
e impuros. Denomina-se conhecimento a priori puro ao que carece completamente de qualquer
empirismo. (Campo de discurso da mãe – ventre materno). Assim, p. ex., “toda mudança tem uma
causa”, é um princípio a priori, mas impuro, porque o conceito de mudança só pode formar-se
extraído da experiência (o pós-estruturalismo é isso!).” (Grifos nossos).”

Vemos a intenção de Kant aqui, em marcar indelevelmente um divisor de águas entre o platonismo
e o aristotelismo... esse momento mágico que deixou as estradas filosóficas terraplanadas à espera
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de uma nova conjunção dos tempos que nos conduz até aqui no pós-estruturalismo anunciado por
Kant, avalizado por Saussure, comprovado pela antropologia estrutural de Lévi-Strauss nas nossas
matas e bem explicadinho por Freud e Lacan.

Percebe-se então que a noção desse campo kantiano de percepção a priori se faz presente em Hegel,
em Freud (Lacan), na física quântica, na lógica paraconsistente, na lingüística estrutural, na
Teologia Védica de onde deriva a esmagadora maioria das teologias, na Teologia ou Teosofia
maçônica em especial, na semiótica pela desmontagem do significante... em tudo que nos cerca...!

Quem tem olhos para ver que veja... quem tem ouvidos para ouvir que ouça... o som das esferas, e
aí mesmo fala o som que não soa, dando o seu sentido, a priori, mas um sentido puro!

Deixando o melodrama de lado... não vejo o fim da maçonaria!

Isso não quer dizer que torço para seu fim, não é desse fim que quero falar, mas de thelos, ou “para
que é feita” a maçonaria! Para mim, o fim da maçonaria é produzir sujeitos da maçonaria, ou seja,
produzir maçons à altura dessa função.

Essa é a função do sujeito maçom, reproduzir a verdadeira maçonaria e seu fim colimado. O modo
ideal de se produzir maçonaria e maçons é que se tem de perseguir observando o foco, a visão, seu
escopo científica e corretamente levantado.

Estamos bailando entre o Bem e o Mal como desejou Agostinho nas “Confissões”: “Escuta-me, ó
meu Deus! Ai dos pecados dos homens! E quem isto te diz é um homem, e tu te compadeces dele
porque o criaste, e não foste autor do pecado que nele existe. (...) Certa vez, vi e observei um
menino invejoso. Ainda não falava, e já olhava pálido e com rosto amargurado para o
irmãozinho caçula.” (Grifos nossos).

Aí mesmo em Agostinho já estava presente a visão aristotélica do UM, como origem de todas as
coisas, resultante da somatória do Bem e do Mal, sentido diacrítico desse significante, sentido
antitético um do outro.

A caolhice escolastica nasce com Agostinho e é sedimentado com Thomaz de Aquino, diligentes
professadores do grande equívoco, origem de todo o verdadeiro mal que assola o ocidente neo-
liberal. Verdadeiros anti-cristo é o que são!

O mundo ocidental ainda insiste em condenar culturas que pensam diferente por não estarem
impregnadas dessa visão caolha.

Agostinho viu o mal latente no coração de uma criança, onde só há o desejo pelo seio da mãe, nada
mais! Nem ódio do irmãozinho havia ali, muito menos inveja, pois esses sentimentos não são ainda
significados nos coraçõezinhos inocentes. Havia ali apenas desejo pelo objeto perdido, a têta nutriz
da mãe.

A agressividade é resultante da não satisfação de nossos desejos. E nem de agressividade se tratava


pelo relato, apenas uma lividez de morte, de castração, da perda extremamente dolorida da fonte de
vida, o seio materno. Além da perda da têta ainda se lhe impuseram a perda do colo. O Complexo
de Intrusão é só isso, não pode haver coisa mais dolorida para uma criança.
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Somos todos assim, forjados no cadinho dos significantes que não passaram ao ato, dos
recalcamentos, das coisas que nos forama arrancadas. É preciso ver os fenômenos que nos cercam
com o óculo de Platão, criado aos pés de Sócrates!

Estamos à deriva, não sabemos mais o que reproduzir, a não ser aquilo que está aí nos sendo
imposto. Irmãos cujo senso crítico não transcende os grandes jornais ou a Mídia Grande brasileira,
propriedade particular de famílias trans-nacionais a serviço do Império USA/UK/Israel. Irmãos que
vivem na prática do que é BOM, que por seu turno é seguramente muito menos que o BEM,
dimensão aristotélica, herança maldita do escolasticismo eivado por Thomaz de Aquino.

Thomaz instalou no pensamento científico ocidental uma lupa opaca da qual nos servimos para
avaliarmos o cenário nacional, nossa responsabilidade. É BOM olhar o mundo por essa lupa, assim
estamos como sempre num conforto e numa tranqüilidade pessoal e assim nesse ponto de conforto,
num silêncio profundamente harmônico, disseminamos o: “Oh, quão BOM e suave que os irmãos
vivam em harmonia...!”
Nas Lojas não há mais pontos de capton, ou pontos de estofo em nossas almofadas. As pérolas
caem dos colares rompidos e se perdem às centenas de pulinhos nervosos pelo piso sólido e liso,
aconchegando-se nos cantinhos mais sombrios e inacessíveis do Templo.

Pérolas perdidas?

Há que se desmontar esse pífio paralelismo entre o físico e o psíquico que vige
pseudoconcretamente nas instituições de um modo geral. Esse paralelismo entre a Universidade e a
Maçonaria é fútil e inconsistente, de há muito demonstrado e provado.

O novo caminho schröderiano está aqui para propiciar um caminhar diferente, o caminhar no
sentido (sul/norte) de um corte não apenas nesse paralelismo, mas principalmente entre o psíquico e
o lógico.

A lógica que vige na verdadeira maçonaria é a lógica dos conjuntos de Cantor, a lógica
paraconsistente, uma lógica paralela a essa aristotélica que nos conduziu aonde estamos, onde
personificamos o próprio Touro com as patas traseiras presas no atoleiro do obscurantismo. Daqui
podemos ver Rama pelas costas, o clã do carneiro deixando o norte da gelada Europa em busca do
fim ou thelos.

Temos de varrer o templo! As chibatas estão prontas para o lombo dos vendilhões!

Prepare-se o bálsamo para as costas dos vendedores, dos agiotas, dos Vendilhões de sentenças... dos
que usam a maçonaria para locupletarem suas bolsas... eles não tem compromisso social... não tem
vocação social, muito menos para a prática da verdadeira maçonaria! Buscam apenas o Poder pelo
próprio poder... crêem que o fim justifica os meios... vendem a alma para lubrificar a vida de suas
gerações... no entanto, isso nada garante que poderão desfrutar do acumulado. Os seus descendentes
terão de agregar valores... que valores? O mito será reproduzido e aí mesmo fadados à
deteriorização!

E na prática como é que fica?

Fica que a Maçonaria é definitivamente uma grande metonímia, pois uma parte fala do todo! Cada
lenda, cada símbolo nos remete ao Grande Arquiteto do Universo seu conceito superdeterminante.
Se os iniciados não reconhecem as partes não reconhecem a Maçonaria!
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A Maçonaria é um todo numa percepção a priori, que nos coloca Além do Bem e do Mal. Numa
posição neutra para além desta dimensão temporal pode-se observar os fenômenos. A partir desse
ponto, isentados, poderemos planejar o resgate de nosso povo dessa armadilha aristotélica tão bem
urdida, engendrada.

Amparada sutilmente por uma superestrutura que lhes dá legitimidade essa elite trans-nacional
detém o monopólio da universidade no Brasil, (especialmetne a USP) perversamente engajada a
serviço do neo-liberalismo e do capitalismo selvagem!

Falar sobre isso não nos coloca entre o bem e o mal e muito menos nos liberta do BOM e do BEM,
mas certamente nos coloca num clichê pedagógico, isso sim, o que considero também pouco
recomendável. Em todo caso, o que não podemos é pecar pela omissão.

Como estamos longe de sermos os donos da verdade, e temos telhado de vidro passamos a usar
capacete, mesmo dentro de casa e da oficina!

Os que se colocam no campo da VIRTUDE, aqueles que se identificam como VIRTUOSOS estão
envernizados de uma virtude BOA, passaporte para um estamento social mais elevado, para um
grupo especial que se coloca acima dos outros, exigindo a virtude do silêncio conivente e a
capacidade de guardar segredos.

Inseridos narcisisticamente entre o BOM e o MAU, entre o BEM e o MAL, necessariamente estão
colabados a uma consciência judicante, a pior delas!

As nossas Lojas Maçônicas devem obedecer à Carta Política da nação brasileira e isso tem sido
colocado de forma valente e bem clara por irmãos especiais. Mesmo assim existem maçons
julgando que irmãos tem uma consciência judicante e virtuosa particular, nada disso...!

Eles tem uma virtude verdadeira a de se preocuparem com o que é bom para todos... os
brasileiros! Depois nos preocuparemos com os irmãos carentes de outros países!

O termo português “virtude” quer significar veri tutis, do latim... A virtude na maçonaria tem a ver
com isso... nos diz que devemos procurar ver tudo, todos os ângulos, todas as variáveis mais
importantes do cenário para, a partir disso fazer um detour pelo fenômeno maçonaria.

Exemplo dessa cegueira é pensar e o pior, fazer os neófitos pensarem que o objeto da maçonaria é o
homem...

O objeto da maçonaria é a caridade, por isso somos instituição sem fins lucrativos. Fora disso o que
existe é corrupção dos princípios mais sagrados da Arte Real! Sectaristas, enviesados na escada de
Jacó tendo o homem como referência no topo da escada. O Ôlho-que-Tudo-Vê engastado no centro
e acima do altar do Venerável, e no último degrau da escada da evolução espiritual, para essa gente,
foi relegado propositalmente a mero enfeite.

Fazer crer aos neófitos que o objetivo maior da maçonaria, seus intuitos todos estejam fixados no
ser humano é terrível equívoco ou materialismo dissimulado que leva ao um fatídico neo-
liberalismo!
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O pior é isso está acontecendo diuturnamente. A maioria inocente nem se apercebe que a ideologia
escolástica impregnou a própria maçonaria universal de um positivismo nefasto.

Não conseguimos nos libertar até hoje dessa corrente filosófica e a esmagadora maioria nem se
apercebe disso, dessas sutilezas filosóficas que tornaram manipuláveis os maçons brasileiros pelo
neo-liberalismo e pela Mídia Grande propriedade particular de famiglias trans-nacionais. É só
observar os nomes das Lojas como testemunho do discurso do mestre da Universidade permeando a
instituição que deveria ter a negação como fundadora de seu próprio juízo de existência: Loja Razão
e Justiça... Loja Ciência e Razão... Loja Moral e Progresso... etc.

Estamos sempre pagando, pagamos pelo ar que respiramos, pelos fósforos que acendemos, pela
água que bebemos, e pagamos caríssimo. Que caridade é essa para com nosso povo? E o que a
Maçonaria fez além de implantar o famigerado presidencialismo? Modelo americano de dominação
pelo capitalismo selvagem.
Estamos sempre pagando... pagando pela fala, porção mais importante da linguagem... pagamos
pelo nosso discurso, pagamos com o nosso corpo presente, especialmente dentro de Loja, objetos
avassalados do Ôlho-que-Tudo-Vê .

Pagamos sempre pelo nosso discurso, com, nosso discurso próprio, com nossa presença, nosso
corpo e finalmente, com nosso estilo.

É uma pena, mas a instituição está à mercê do estilo neoliberal vigente senhora soberana do
escolasticismo que permeia o mundo ocidental.

Somos verdadeiramente os filhos da viúva. Nunca nos esqueçamos no entanto que um prumo foi
colocado no meio de nosso povo e que o GADU nunca o desconsiderará ou passará por ele,
desconsiderando-o.

Tal é em cima como embaixo!

O microcosmos é semelhante ao macrocosmos!

Por isso creio que fomos criados à Imagem e semelhança do GADU, o único e possível conceito
superdeterminante da maravilhosa e milenar instituição Maçonaria.

Mauro Antonio Britta, maçom há 29 anos


27 de dezembro de 2009

Selva!

* Jornalista, Psicanalista do Campo Freudiano (Lacan), formado em Direito, Pós-Graduação em


Direito e Gestão Ambiental.

www.blogdobritta.com.br
mabritta@terra.com.br
acb.phoenix@hotmail.com

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