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no Idoso [1]
Adriana Romeiro de Almeida Prado[2]
Jan/2005
É papel do planejador intervir nos espaços para criar ambientes que desafiam e para
eliminar ambientes que intimidam.
As pessoas suportam níveis baixos de conforto até a idade adulta, porém, quando
envelhecem, passam a não suportá-los mais. As disfunções orgânicas inerentes ao
envelhecimento prejudicam a capacidade de se adaptarem ao espaço, conforme sempre
fizeram. (ALMEIDA PRADO, A R., 2003)
Os ambientes devem ser planejados para promover e encorajar a independência e a
autonomia, de forma que uma boa qualidade de vida possa ser proporcionada a todos os
indivíduos. (PERRACINI, M. In Freitas, 2002)
É necessário criar espaços onde todas as pessoas sintam-se incluídas, que permitam a
adaptação de qualquer indivíduo, até mesmo aqueles que apresentam perdas funcionais –
espaços acessíveis que atendam aos princípios do desenho universal.
Um ambiente com acessibilidade atende, diferentemente, uma variedade de
necessidades dos usuários, tornando possível uma maior autonomia e independência.
Entendendo autonomia, aí, como a capacidade do indivíduo de desfrutar dos espaços e
elementos espontaneamente, segundo sua vontade. E independência como a capacidade de
usufruir os ambientes, sem precisar de ajuda. (GUIMARÃES, 1999)
Para alcançar essa acessibilidade, devem ser considerados alguns elementos
importantes, como a provisão de alternativas para uso pleno do ambiente construído, a
adequação e adaptabilidade da estrutura, das instalações e dos maciços e o estímulo à
percepção intuitiva das funções ambientais. (GUIMARÃES, 1999)
Para se chegar a uma sociedade inclusiva, e atingir uma acessibilidade plena, é
imprescindível que qualquer objeto, ou espaço desenvolvido, contenha o conceito de desenho
universal.
Desenho Universal
Significa o desenho de produtos e ambientes para serem utilizáveis por todas as
pessoas, no limite do possível, sem a necessidade de adaptação ou desenho especializado.
(WRIGHT, 2001:55)
Segundo o Centro para Desenho Universal da Universidade do Estado de Carolina do
Norte, são sete os princípios do desenho universal:
· Desenho eqüitativo - pode ser utilizado por pessoas com habilidades diversas; evita
segregar ou estigmatizar quaisquer usuários e possui um desenho atraente para todos.
· Flexibilidade de uso - acomodando uma gama ampla de preferências individuais e
habilidades, permite que canhotos e destros o utilizem; facilita a acuidade e a precisão do
usuário; como também adapta-se ao ritmo de qualquer pessoa.
· Uso intuitivo e simples – de fácil entendimento, independentemente da experiência do
usuário ou seu conhecimento, proficiência lingüística, ou nível atual de concentração.
· Informação perceptível - comunica eficazmente a informação necessária ao usuário,
independentemente das condições do ambiente ou das habilidades sensoriais do mesmo.
· Tolerante a erros - contém elementos que diminuem o perigo de engano.
· Exige pouco esforço físico - pode ser usado eficiente e confortavelmente, com o
dispêndio mínimo de energia.
· Tamanho e espaço adequados para aproximação, alcance, manipulação e uso –
são garantidos, independentemente do porte do usuário, sua postura (sentado e em pé) ou sua
mobilidade.
O conceito de desenho universal em ambientes urbanos inclusivos terá sido totalmente
absorvido quando qualquer pessoa, idosa ou não, com perdas funcionais, puder transitar pela
cidade, deslocar-se pelas calçadas, atravessar ruas, desfrutar das praças, acessar os edifícios
e utilizar-se de transporte público com autonomia e independência.
Cidade Acessível
Uma cidade acessível é aquela que mantém e exige de seus munícipes calçadas com o piso
com superfície firme, regular, estável e antiderrapante (NBR 9050:1994, ABNT), com uma faixa
livre de obstáculos de 1,50m de largura para circulação dos pedestres.
A velocidade média da marcha de um idoso, para atravessar uma rua, é de 0,4m/s e a adotada
na maioria das cidades, ao calcular o tempo do semáforo, é de 1,2m/s. (BONI, F., ALMEIDA
PRADO, A.R. In KAIROS).
Por isso, é necessário, para a travessia das ruas, o rebaixamento da calçada, associado à faixa
de pedestres, para permitir um deslocamento mais rápido e seguro.
A cidade deve dispor de abrigo de ônibus, com assento e cobertura, para garantir o
conforto das pessoas enquanto aguardam seu transporte chegar.
Nos veículos de transporte coletivo, não basta ter assentos reservados aos idosos é
necessário que também possibilitem o embarque ou o desembarque em nível, sem a grande
barreira dos degraus.
Alguns idosos sofrem de distúrbios gastrointestinais ou genitourinários e, por isso, não
saem de casa tolhidos pela inexistência de sanitários públicos, notada na maioria das cidades
brasileiras.
Vasos sanitários com barras de apoio podem facilitar bastante o uso pelos idosos,
como também a elevação do vaso sanitário para que a altura seja definida entre 0,42m e 0,45
m do chão.
É importante a instalação de barra de apoio na frente dos lavatórios de forma a evitar a
queda daqueles que se atordoam ao abaixar a cabeça para lavar o rosto ou escovar os dentes.
Ainda quanto à adequação de sanitários para os idosos que já estão apresentando
diminuição na elasticidade, com dificuldade em fazer movimentos amplos, em curvar-se ou
levantar-se, aconselha-se a colocação de barras de apoio e assentos nos boxes dos chuveiros
a fim de evitar acidentes.
Para aqueles que apresentam fadiga em atividades que consomem energia, dificuldade
em percorrer trajetos longos, por conta de perdas no sistema cardiopulmonar, é indispensável
que os edifícios disponham de rampas ou de elevadores, além de escadas com corrimãos em
ambos os lados.
Para possibilitar a circulação com cadeira de rodas, por todos os ambientes de uma
edificação, o vão das portas deve ser de, no mínimo, 0,80m e, para facilitar o acionamento das
portas pelos idosos evitando que fiquem presos, é preciso utilizar maçanetas em forma de
alavanca.
O número de idosos, no Brasil, já passa de 14 milhões, devendo atingir 30 milhões nos
próximos 20 anos. Em 2050, segundo estimativas do IBGE a proporção, no mundo, será de um
idoso para cada cinco pessoas. Se nossas cidades não se prepararem para essa mudança do
perfil de sua população, provavelmente esse contingente de idosos ficará preso em sua
residência, para não dizer enclausurado em seus quartos.
É imprescindível que medidas de acessibilidade sejam adotadas para evitar este futuro,
e garantir que as pessoas idosas possam desfrutar dos prazeres de nossas cidades.
Bibliografia
LICHT, Flávia Boni, ALMEIDA PRADO, Adriana Romeiro de. Idosos, cidade e moradia:
acolhimento ou confinamento?. In: Revista Kairós: gerontologia/ Núcleo de Estudos Pós-
Graduados em Gerontologia – PUC – SP, v.5, nº2, dez, 2002.
NERI, Anita Liberalesco (org.). Qualidade de vida e idade madura. Campinas, SP: Papirus,
2002.
Perfil dos Idosos Responsáveis pelos Edifícios no Brasil, Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE, Rio de Janeiro, 2002