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CURSO DE EXTENSÃO

Gestão da Escola: princípios e práticas

MÓDULO III
Duração: 08 horas
O Professor Coordenador Pedagógico:
identidade, atribuições e cotidiano

Professora Responsável
Profª Ms. Maria Inês Miqueleto

Junho/ 2011
O Professor Coordenador Pedagógico: identidade, atribuições e cotidiano
Objetivo
Reconhecer as funções do Professor Coordenador Pedagógico e compreender o seu papel frente à
qualidade do ensino e da aprendizagem.

Programa
I- Identidade
1- A constituição da profissão/ função do Professor Coordenador Pedagógico.
2- O processo de profissionalidade do Professor Coordenador Pedagógico começa antes dos bancos
escolares.

II- As atribuições do Professor Coordenador Pedagógico


1- As atribuições do Professor Coordenador Pedagógico segundo a Resolução SE/2007.
2- O papel do Professor Coordenador Pedagógico na formação do professor em serviço.

III- Cotidiano e Prática do Professor Coordenador Pedagógico: uma proposta de rotina de


trabalho e a importância dos registros
1- O Projeto de Trabalho do Professor Coordenador Pedagógico: sugestão de roteiro.

2- Proposta de Rotina Semanal do Professor Coordenador Pedagógico: sugestão de registro.

3- O Professor Coordenador Pedagógico em Sala de Aula:


3.1 O antes, o durante e o depois.
3.2 Sugestão de registro.

4- Acompanhamento e Avaliação do Ensino e da Aprendizagem e os Resultados do Desempenho dos


Alunos: relato de experiência

5- O Trabalho de Formação Continuada


5.1 O HTPC – Planejamento/ Execução/ Avaliação.
5.2 Sugestão de como organizar uma Pauta de HTPC.

6- Os Registros do Trabalho do Professor Coordenador Pedagógico

IV- O Professor Coordenador e as Atividades de Início de Ano


O PROFESSOR COORDENADOR PEDAGÓGICO: IDENTIDADE, ATRIBUIÇÕES E COTIDIANO

I- Identidade
1- A constituição da profissão/função do Professor Coordenador Pedagógico
A partir da segunda metade do século XX e no limiar do século XXI, os profissionais do ensino
têm vivenciado dois grandes desafios: o acesso e a permanência do aluno na escola e o ensino de
qualidade.
O corpo docente instigado a enfrentar esses desafios, reivindica o auxílio de outros profissionais.
É nesse contexto que a figura do coordenador pedagógico passa a integrar a equipe escolar.
Como integrante da equipe de direção, cotidianamente esse profissional se depara com uma
vasta complexidade e uma gama de dificuldades de suas funções, especialmente em seu papel de
articulador das áreas curriculares, uma vez que tal articulação implica o envolvimento das pessoas que
atuam na escola.
A observação e a experiência têm demonstrado que, na dinâmica diária da vida das unidades
escolares, prevalece o trabalho fragmentado, individual e solitário dos profissionais que nelas atuam.
Conforme bem explica Azanha (2006, p. 96), “não há, geralmente, a tradição de um esforço coletivo
para discutir, analisar e buscar soluções no âmbito das escolas”.
Apesar de toda a ênfase que se tem dado, no discurso, ao trabalho coletivo, compartilhado,
comprometido, não é o que historicamente, ao longo dos anos, se tem constatado na prática.
E, como enfatizam Placco e Silva (2001, p. 27): “(...) ficam cada dia mais evidentes a dificuldade
e a ineficácia do trabalho isolado. É em torno de um projeto de escola, com claros objetivos de
formação do aluno e do cidadão, que professores diretores e outros profissionais da Educação devem-
se congregar para um trabalho significativo junto aos alunos”.
Como concretizar essa função articuladora? Para isso, o coordenador pedagógico precisa traçar
um plano de ação que envolva toda a comunidade escolar. Se esse plano não existe, o trabalho do
coordenador fica restrito a resolver problemas do dia-a-dia, o que o leva a uma ação descontínua e sem
resultados.
A escola já dispõe de alguns instrumentos que demandam essa ação articuladora. Uma delas,
quem sabe a mais importante, é a elaboração do projeto político-pedagógico. Sua construção
caracteriza-se em importante exercício de autonomia e implica um instrumento fundamental que nos
permite (re) pensar a escola nas dimensões internas e externas.
Os diversos segmentos envolvidos na construção do projeto pedagógico – pais, professores,
representantes de alunos, funcionários técnico-administrativos – têm clareza da sua importância para a
vida da escola? Têm eles clareza dos objetivos, das metas que devem nortear todas as ações e
atividades escolares a curto, médio e longo prazo? Sabem que essas metas e esses objetivos devem
ser estabelecidos em função da análise de dados da realidade, do conhecimento da dinâmica interna da
escola e de seu entorno? Que alunos temos? Quais são suas necessidades reais, suas crenças, suas
expectativas, seus valores? Que cidadãos queremos formar? Como está a participação de pais, alunos,
funcionários e professores nos órgãos colegiados – Conselho de Escola, APM, Grêmio? Quais são os
índices de evasão e repetência? Como está a aprendizagem dos alunos? E a disciplina? Como está
sendo aplicado os recursos?
Qual o papel da escola em determinado contexto e momento histórico? De que instrumentos
dispomos e quais podemos criar para obtermos um melhor funcionamento da escola, tendo em vista o
perfil dos alunos? Com que profissionais, especialistas e estudiosos poderíamos contar para um melhor
funcionamento da escola?
Um ponto central do projeto pedagógico é, sem dúvida, o desenvolvimento do processo ensino-
aprendizagem. Que objetivos alcançar em cada ano, em cada componente curricular? Que conteúdos
selecionar? Qual a melhor forma de desenvolver os conteúdos? Como avaliar a aprendizagem dos
alunos?
Certamente, no processo de discussão coletiva, liderado pelo coordenador pedagógico, cada
escola, apoiada nas diretrizes oficiais, pode encontrar seu caminho.
Enfim, é para essa nova concepção de escola que surge a função do Professor Coordenador
Pedagógico.

2- O processo de profissionalidade do Professor Coordenador Pedagógico começa antes dos


bancos escolares
Embora não haja receita para ser um bom Professor Coordenador Pedagógico, a prática de
alguns princípios pode auxiliar:
1- Empatia: exercício de colocarmo-nos no lugar do outro para que, a partir de suas próprias
referências – e não das nossas -, possamos melhor compreendê-lo; é a tentativa de “calçar os
seus sapatos”.
2- Autenticidade: é a perspectiva de que, nas relações que estabelecemos com o outro, possamos
ser fiéis a nós mesmos, na coerência entre o sentir, o pensar e o agir, ao mesmo tempo em que
valorizamos esse verdadeiramente ser na perspectiva do outro.
3- Consideração positiva: aceitação do sujeito tal como ele é, valorizando-o por si mesmo, num
esforço de libertarmo-nos de nossas representações e não projetá-las no outro.
4- Dialogicidade: manifestação de nossa disponibilidade para falar com, em vez de falar para, na
perspectiva de uma troca na qual é mister o comparecimento do ouvir ativo, do olhar sensível e
do respeito à fala do outro.
5- Liderança: liderar, no sentido amplo, diz respeito à capacidade de conseguir que as pessoas
façam o que o líder entende que precisa ser feito, e com sucesso. Para isso, ele precisa saber
administrar emoções e frustrações que surgem, em resposta ao ambiente instável em que as
cercam, confrontando-se, constantemente, com o inesperado. Elementos que compõem a
liderança: carisma, credibilidade, poder de comunicação, percepção e vínculo social.
Referência
PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza; ALMEIDA, Laurinda Ramalho de. (Orgs.). O coordenador
pedagógico e os desafios da educação. São Paulo: Loyola, 2008.

AMORIM, Tânia Nobre Gonçalves Ferreira. Eu, líder: construindo o sucesso corporativo. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 2005.
II- As atribuições do Professor Coordenador Pedagógico

1- As atribuições do professor coordenador pedagógico segundo a Resolução SE - 88, de 19-12-


2007 alterada pela Resolução SE 53 de 26/06/2010 e pela Resolução SE 8 de 15/02/2011
De acordo com o artigo 2º da referida Resolução o docente indicado para o exercício da função
de Professor Coordenador terá como atribuições:
I - acompanhar e avaliar o ensino e o processo de aprendizagem, bem como os resultados do
desempenho dos alunos.
II - atuar no sentido de tornar as ações de coordenação pedagógica espaço coletivo de construção
permanente da prática docente.
III - assumir o trabalho de formação continuada, a partir do diagnóstico dos saberes dos professores
para garantir situações de estudo e de reflexão sobre a prática pedagógica, estimulando os professores
a investirem em seu desenvolvimento profissional.
IV - assegurar a participação ativa de todos os professores do segmento/nível objeto da coordenação,
garantindo a realização de um trabalho produtivo e integrador.
V - organizar e selecionar materiais adequados às diferentes situações de ensino e de aprendizagem.
VI - conhecer os recentes referenciais teóricos relativos aos processos de ensino e aprendizagem, para
orientar os professores.
VII - divulgar práticas inovadoras, incentivando o uso dos recursos tecnológicos disponíveis.

2- O papel do coordenador pedagógico na formação do professor em serviço


... De modo amplo, o papel do Professor Coordenador Pedagógico é planejar e acompanhar a
execução de todo o processo didático-pedagógico da instituição. Num ambiente escolar, não é raro o
coordenador pedagógico realizar atividades que não são da sua competência. Enquanto o professor, o
diretor, o secretário e os demais funcionários da escola possuem atividades específicas, o coordenador
pedagógico se vê efetuando múltiplas tarefas que, objetivamente, não lhe dizem respeito. São ações,
que, do ponto de vista das atribuições do cargo que ocupa, podem ser caracterizadas como “desvio de
função”. Como por exemplo, podemos citar algumas das atribuições que são pertinentes ao
coordenador pedagógico: o acompanhamento pedagógico dos alunos, o atendimento aos professores,
aos pais, a preparação das reuniões pedagógicas, os relatórios de atividades curriculares, a análise de
materiais e livros didáticos. Mas também é possível apontar atividades que não são de sua
competência, como: preencher diários e tarjetas de notas e faltas, servir merenda aos alunos,
responsabilizar-se pela entrada e saída de alunos. Outras funções, tais como: organização de eventos
extracurriculares e substituição ou representação da direção da escola, com freqüência ocorrem, mas
não caracterizam, a nosso ver, nem função, nem desvio dela.
O coordenador pedagógico, em determinados momentos, é compelido a responder por
necessidades do contexto escolar que não são de sua responsabilidade. São questões que, embora
façam parte da dinâmica da escola, não podem ser consideradas inerentes à sua função. Estas
atividades são aquelas de caráter técnico-burocrático, que dizem respeito à atuação do professor em
sala de aula e ao funcionamento da instituição escolar, e em relação às quais o coordenador
pedagógico se vê na contingência de auxiliar o professor, ou, até, de realizá-las por ele, como: correção
de diários de classe, relatórios de acompanhamento da evolução dos alunos, registro de ocorrências
imprevistas em sala de aula, documentos de avaliação e de notas de rendimento, aulas
complementares de reforço e recuperação, reposição de aulas.
Não se trata de negar a possibilidade de o coordenador pedagógico, assim como os demais
integrantes da escola, participar de um mutirão para realizar um evento, uma festa, uma atividade
social, bem como, num momento de necessidade, de urgência, compor uma sinergia para solucionar
determinado problema que se apresenta na instituição. A burocracia é algo intrínseco também ao meio
escolar, e o estabelecimento e o cumprimento de prazos, principalmente no serviço público, muitas
vezes são inflexíveis. Portanto, não podemos descartar a hipótese de que existam situações para as
quais é preciso mobilizar o conjunto dos profissionais da escola para executar tarefas que não lhes são
específicas. Porém, não podemos concordar com que essas ações, alheias à função do coordenador
pedagógico, sejam uma constante em sua rotina, de modo a se constituir em parte do seu trabalho, o
que, consequentemente, resultará na redução do seu tempo destinado às atividades diretamente
ligadas à sua função. Função essa que tem como uma das principais características a contribuição para
a formação continuada do professor em serviço.
A condição do coordenador pedagógico de um agente da formação continuada do professor em
serviço lhe é conferida pelo cargo que ocupa. Por outro lado, colocá-lo nessa condição de formador é
decorrência de sua posição de elemento articulador do processo ensino-aprendizagem na escola. Uma
pessoa que está, ao mesmo tempo, dentro e fora do contexto imediato do ensino, que possui uma visão
ampla do processo pedagógico da escola, do conjunto do trabalho realizado pelos professores. Sua
ação que se efetiva na cumplicidade com os professores é uma relação entre pares, de troca de
informações e conhecimentos, da elaboração e acompanhamento conjunto de planejamentos, projetos
e propostas de trabalho. Uma prática que se efetiva no próprio ambiente de atuação, em diferentes
momentos e situações do exercício profissional dos educadores.
A presença do coordenador pedagógico no contexto educacional e, consequentemente, junto
aos docentes, se efetiva sob várias formas, situações e momentos. Porém, aquelas que o caracterizam
como agente da formação continuada de professores em serviço são específicas e dizem respeito ao
trabalho que se desenvolve com o conjunto dos docentes. Tentarei citar alguns desses momentos e
algumas das atividades que considero representativos dessa atuação. Ante, porém, registro meu
entendimento de que, embora essa prática se efetive maciçamente no coletivo, ela também pode
ocorrer sob a forma individualizada. Tanto na forma individual como na coletiva, a sua contribuição tem
como perspectiva de ação o âmbito didático-pedagógico, ou seja, está circunscrita ao processo de
ensino-aprendizagem de alunos e professores.
O momento de atuação do coordenador pedagógico como agente da formação continuada do
professor em serviço são aqueles em que ele se reúne com o conjunto dos docentes da instituição
escolar para discutir questões e problemas pedagógicos, isto é, pertinentes à sala de aula, ao conteúdo
de ensino, ao desempenho dos educandos e ao relacionamento com os alunos. Nessa condição, ele
assume o papel de mediador, de interlocutor, de orientador, de propositor, de investigador do grupo e
com o grupo. Essa dinâmica se efetiva nos momentos destinados aos encontros coletivos com os
professores. Em reuniões, que podem ocorrer a cada dia, semanalmente, quinzenalmente, ou até
mesmo mensalmente. Mas que são essencialmente momento privilegiados, nos quais são discutidas
questões pertinentes à educação, ao contexto escolar, à especificidade de cada sala de aula, de cada
problema, nos quais a presença do coordenador pedagógico é fundamental, pois, como já afirmei, ele
possui uma visão de todo o processo.
É importante que o coordenador pedagógico concretize sua ação no acompanhamento das
atividades dos professores em sala de aula, pois isto lhe dá oportunidade de discutir e analisar os
problemas decorrentes desse contexto, com uma perspectiva diferenciada e abrangente. É ele quem,
num espírito de parceria e coletividade, conduz o processo, participa, discute, ouve, orienta, propõe,
informa, assume e partilha responsabilidades com os professores, indica ações, enfim, exerce uma
posição natural de liderança, de autoridade. Um papel de formador em serviço, num contexto no qual
deve articular a imediaticidade dos problemas emergentes da sala de aula com as informações
adquiridas em encontros, congressos, seminários e cursos, com as trocas de experiências e com outros
assuntos de interesse geral. Indicação de leituras, apontamentos de um curso, desenvolvimento de um
trabalho, sistematização de um estudo, propositura de uma discussão e organização de um debate são
procedimentos relevantes para esses momentos de formação.
Assim entendo a função do coordenador pedagógico na escola, e o seu papel na formação
continuada do professor em serviço. Por conclusão, um último questionamento, que talvez possa surgir
dessa discussão, e que também já mereceu atenção de outros autores, diz respeito ao processo de
formação continuada do próprio coordenador pedagógico. Como se dá? Como e onde ocorre? Quem
contribui em seu desenvolvimento? Essa formação continuada acontece de forma marcante no próprio
movimento de constituição de seu papel na formação continuada do professor. Ou seja, à medida que
ele contribui para a formação do professor em sérviço, ele também reflete sobre sua atuação e,
consequentemente, está realizando a sua autoformação continuada.

Referência
PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza; ALMEIDA, Laurinda Ramalho de. (Orgs.). O coordenador
pedagógico e o cotidiano da escola. 6 ed. São Paulo: Loyola, 2009.

SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Educação. Resolução SE - 88, de 19-12-2007 alterada pela
Resolução SE 53 de 26/06/2010 e pela Resolução SE 8 de 15/02/2011.
III- Cotidiano e Prática do Professor Coordenador Pedagógico: uma proposta de rotina de
trabalho e a importância dos registros

1- O Projeto de Trabalho do Professor Coordenador Pedagógico: sugestão de roteiro

O Projeto de Trabalho a ser apresentado deverá explicitar os referenciais teóricos que fundamentam o
exercício da função de Professor Coordenador e conter:
1 - Identificação completa do proponente incluindo descrição de sua trajetória escolar e de formação,
bem como suas experiências profissionais.
2 - Justificativas e resultados esperados, incluindo diagnóstico fundamentado por meio dos resultados
de avaliações internas e/ou externas do segmento/nível de ensino da unidade escolar que pretende
atuar.
3 - Objetivos e descrição sintética das ações que pretende desenvolver.
4 - Proposta de avaliação e acompanhamento do projeto e as estratégias previstas para garantir o seu
monitoramento e execução com eficácia.

Sugestão de Roteiro
1. Identificação
Nome:
Endereço:
Telefone:
E-mail:

1.2 Formação
1.3 Experiência Profissional

2- Justificativa para atuar no segmento/nível de ensino da unidade escolar


2.1 Diagnóstico e análise do segmento/nível de ensino
2.2 Metas a serem propostas mediante o diagnóstico realizado

3. Objetivos do trabalho a ser desenvolvido

4. Ações e Estratégias Propostas

5. Avaliação do Projeto

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