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Movimento Negro

O que é o Movimento Negro?


Por meio das reflexões de Ilse Scherer-Warren, um movimento social é “um
grupo mais ou menos organizado, sob uma liderança determinada ou não; possuindo
programa, objetivos ou plano comum; baseando-se numa mesma doutrina, princípios
valorativos ou ideologia, visando um fim específico ou uma mudança social”.

Assim, podemos inferir que o Movimento Negro é a luta dos afro descendentes
para resolver os problemas da sociedade em que vivem – já que estão envoltos por
preconceitos e discriminações raciais que os marginalizam no meio social, no mercado
de trabalho, no sistema educacional e nos meios político e cultural.

As entidades eram de cunho assistencialista, recreativa e/ou cultural, e elas


conseguiam agregar um número não desprezível de 'homens de cor', como se falava na
época. Alguns desses movimentos, conforme disse Henrique Cunha Júnior, tiveram
como base de formação “determinadas classes de trabalhadores negros, tais como:
portuários, ferroviários e ensacadores, constituindo uma espécie de entidade sindical”.

O Movimento Negro do Brasil é dividido em três


fases:
• Primeira fase (1889-1937)

• Segunda fase (1945-1964)

• Terceira fase (1978-2000)

As três fases desses movimentos apresentam como ponto de partida a luta pelos
direitos dos negros, diferenciando-se apenas no enfoque dado aos temas e na
organização das pessoas participantes dos grupos. Na primeira fase, são métodos de
luta, por exemplo, a criação de agremiações negras, palestras, atos públicos e
publicações de jornais.
Na segunda fase, há um foco no teatro, na imprensa, nos eventos acadêmicos e
nas ações que visam à sensibilidade da elite branca para os problemas enfrentados pelos
negros no país. Já a terceira fase se apodera de manifestações públicas, imprensa,
formação de comitês de base e movimentos nacionais.
O Movimentos Negro que teve maior expressividade foi a Frente Negra
Brasileira (FNB) - fundada em 1931 por meio de uma forte organização centralizada e
composta por 20 membros - além de milhares de associados e simpatizantes. A FNB,
com grande representatividade política e social, passou a se constituir como um partido
político. A nova fase durou pouco tempo, estendeu-se até 1937 devido à decretação do
Estado Novo (Getúlio Vargas).
Nesta mesma época, todos os partidos políticos foram declarados ilegais e os
movimentos sociais negros precisaram se voltar para outras formas de resistência;
assim, o que sobrou foi a resistência cultural. Como exemplo dessa reivindicação
abraçada à cultura, entra em cena o Teatro Experimental do Negro (TEN), fundado por
Abdias do Nascimento.

Contra o racismo
O maior desafio do Movimento Negro no Brasil é acabar com o preconceito
racial. Essa luta não vem de hoje. O movimento começou a ganhar força na década de
1930, com a Frente Negra Brasileira. Em 1978, foi fundado o Movimento Negro
Unificado, que deu origem a vários grupos de combate ao racismo, como associações de
bairro, terreiros de candomblé, blocos carnavalescos, núcleos de pesquisas e várias
organizações não governamentais.

Lei contra o preconceito


A Lei Afonso Arinos (1951) considerava o preconceito racial uma contravenção,
e não um crime. Ou seja, ofender um negro não resultava em punição. Em 1989, a
comunidade negra de São Paulo fez um enterro simbólico dessa lei e, no mesmo ano, foi
aprovada a Lei Caó, que transformou o preconceito em crime.
Hoje o Congresso Nacional está estudando uma proposta de lei apresentada pelo
Movimento pelas Reparações dos Afrodescendentes (MPR), que obriga o governo
brasileiro a indenizar todos os 70 milhões de afrodescendentes no Brasil de hoje pelo
crime cometido pela escravidão. Cada um receberia 102 mil reais (este é o valor
estimado, pois ainda não foi estipulado).
Comissões de direitos humanos e ONGs avaliam formas de obrigar o governo a
investir esse dinheiro nas chamadas ações afirmativas, como cotas para negros em
universidades, no mercado de trabalho e nos meios de comunicação. Uma importante
conquista dos afro-brasileiros foi a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, que
entrou em vigor no dia 20 de outubro de 2010.

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