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ALIENAÇÃO: O QUE LEVA O INDIVÍDUO A ALIENAR-SE.

RESUMO: Este trabalho pretende analisar o que leva os indivíduos, inseridos na parcela
das populações periféricas, carentes e excluídas, a alienar-se socialmente dentro do
contexto atual da sociedade brasileira, analisando os mecanismos de encultação da
ideologia burguesa e da herança histórica da formação étnica e cultural, que vem desde o
inicio da nossa colonização. Levando os indivíduos a não participação como sujeitos
agentes, mas, manobrados como sujeitos dominados, não questionando as estruturas
sociais e aceitando passivamente todas as formas de dominação a que são submetidos.

PALAVRAS-CHAVES: alienação, estruturas sociais e formas de dominação.

ABSTRACT: This work intends to analyze what it takes the individuals, inserted in the
portion of the outlying, lacking and excluded populations, to alienate socially inside of the
current context of the Brazilian society, analyzing the mechanisms of encultação of the
bourgeois ideology and of the historical inheritance of the ethnic and cultural formation,
that comes from I begin it of our colonization. Taking the individuals the non participation
as subject agents, but, maneuvered as dominated subjects, not questioning the social
structures and accepting passively whole the dominance forms the one that is submitted.

KEY-WORDS: alienation, socials structures and dominance forms.

Introdução

Quando observamos a sociedade brasileira, percebemos quanta desigualdade social,


econômica, étnica e de gênero se posta diante de nós. Quanta violência gerada por essa
desigualdade, que afeta de forma generalizada toda sociedade. Não compreendemos direito
o que gera tudo isso, até começarmos a nos tornar sujeitos do conhecimento, conscientes
da realidade de uma forma mais apertencida. Percebemos então que essa desigualdade é
resultado do modo de produção do sistema capitalista em que vivemos, e da disseminação
da ideologia particular da classe dominante, cujo único interesse é deixar tudo como está
numa perpetuação do statu quo.
Segundo Marilena Chauí (2006, p.389) “Assim, a função primordial da ideologia é ocultar
a origem da sociedade (...), dissimular a presença da luta de classes (...), negar as
desigualdades sociais (...) e oferecer a imagem ilusória da comunidade (...) originada do
contrato social entre homens livres e iguais.”
Os indivíduos iludidos que são livres e donos de seu próprio destino, são manipulados por
essa ideologia que lhe é ensinada todos os dias, na família, na escola, no trabalho, nos
meios de comunicação, as telenovelas fazem um sucesso, “transferem todos os desejos
irrealizáveis para terceiros, uma forma de acomodar os sonhos”. E acham que vivem em
certas situações porque Deus quer ou porque são incapazes de mudar tais circunstâncias.
Neste contexto os sujeitos não são apenas agentes passivos diante da estrutura social
dominadora, mas transmissores desses saberes do senso comum, num circulo vicioso que
bloqueia as transformações, as mudanças, e até a esperança que sempre moveu os seres
humanos.
A Alienação social no contexto histórico da sociedade brasileira foi construída a partir das
necessidades de dominação dos colonizadores portugueses que viviam em um momento de
transição nas sociedades européias e da própria expansão do capitalismo comercial que os
impulsionou a buscarem novas fontes de abastecimento de matérias primas. Como o pacto
social estava em voga naquele momento fomos apossados como novo território e
colonizados de tal forma numa miscigenação de raças, o que não ocorreu em outros
territórios colonizados e dominados no mesmo período, causando um sufocamento de
nossa cultura primitiva e a perda da identidade como autoconsciência e autodomínio de
nossas possibilidades, num processo de aculturação bastante acentuado.
Todo este processo marcou a nova sociedade que surgia de forma completa, tanto do lado
positivo com uma diversidade étnica, cultural e social, como do lado negativo tornando-a
sem perspectivas futuras de consolidar transformações reais do individuo como cidadão
com direitos e deveres.
Como as mudanças sociais são lentas e demoradas e o Brasil é um país jovem. Ainda hoje
tentamos construir essa identidade, numa luta continua e incessante contra as ideologias
que nos levam a uma alienação social, principalmente nas populações carentes e excluídas
que não conhecem seus direitos de cidadãos e nem suas potencialidades de pessoa,
acomodados aceitando as migalhas do sistema assistencialista que age como ícone dessa
dominação social e política.
Segunda Marilena Chauí, Alienação, é quando os seres humanos não se reconhecem como
produtores das instituições sociopolíticas e oscilam entre duas atitudes: ou aceitam
passivamente tudo o que existe, (...) ou se rebelam individualmente (...). Nos dois casos, a
sociedade é o outro (alienus).
Nesse sentido os indivíduos são condicionados a aceitarem suas circunstâncias como algo
natural, divino ou racional e sem possibilidades de mudanças.
Quadro teórico-metodológico.
A proposta apresentada neste trabalho objetiva analisar e desconstruir este quadro que se
apresenta, da ideologia como forma de alienar as massas que desconhecem suas heranças
históricas sociais. Assim, o método histórico-diáletico, proposto por Karl Marx e Friederic
Engels no século XIX, que analisa os acontecimentos dentro de uma perspectiva
econômico-social, baseando-se nas relações do sujeito com o meio de produção de bens
materiais, para a satisfação das necessidades de subsistência, justifica as hipóteses que aqui
pretendemos esclarecer.
Segundo Francis Bacon, os homens devem ter conhecimento cientifico, pois saber é poder.
Para atingir esse saber positivo os indivíduos precisam precaver-se das noções falsas que
obstruem o acesso à verdade e á ciência. Ele usa a palavra ídolo que remete a idéia de um
falso deus e a de idolatria. Tanto em sua origem grega (eidolon), quanto em sua origem
latina (idola), ídolo significa imagem. Para Bacon existem quatro tipos de ídolos que
formam opiniões e preconceitos e que impedem o verdadeiro conhecimento. São eles:
Os ídolos da caverna, que trata da natureza individual onde o indivíduo interpreta
e explica os fatos e fenômenos conforme sua crença, formando opiniões
equivocadas e distorcidas; os ídolos do fórum, ou opiniões formadas pela
linguagem e por nossas relações com os outros, incutida na socialização primária
do individuo; os ídolos do teatro, ou os dogmas (fabulas, falácias) e os sistemas
filosóficos elaborados, no passado, para explicar a natureza, as opiniões e os
pontos de vista transformados em decretos impostos pelo poder da classe
dominante; os ídolos da tribo, ou falsas noções (ou ídolos) que advêm da própria
aldeia dos homens, relacionado com os sentidos, sentimentos, preconceitos
formados em decorrência da natureza humana.1

A demolição dos ídolos e, portanto, uma reforma do intelecto, dos conhecimentos e da


sociedade proporcionariam mudanças sociais e políticas.
A ideologia seu conceito sua relação e diferentes dimensões na sociedade.
Inúmeros enfoques teóricos que dão diferentes significados e funções ao conceito de
ideologia, sem falar das fortes conotações, políticas e valorativas, que o conceito carrega
em si.

1
Novum Organum ou verdadeiras indicações acerca da interpretação da natureza. Bacon Francis.
A ideologia na sua essência valorativa: no sentido positivo, como cosmo visão de
uma pessoa, ou de grupo; ou no sentido negativo, como falsa consciência, tanto
individual como social. Na sua essência subjetiva que tanto pode ser uma
deformação da consciência; ou na sua essência objetiva, onde impregna a
estrutura básica da sociedade. A ideologia como sendo um fenômeno especifico,
do grande conjunto ou como a própria superestrutura. A ideologia como antítese
da ciência, como pré-concepções que impedem as pessoas de conhecerem a
verdade; ou como cosmo visões dos indivíduos e classes onde a ciência não pode
superar a ideologia, mas tornar-se ela própria. Ideologia como um sistema de
crenças, normas, etc., ou como um processo de produção, reprodução e
transformação de vivências que constroem a subjetividade.
Quando a ideologia interpela os indivíduos como sujeitos, num fenômeno
contraditório, que diz que podemos ser “sujeito” de uma ação, onde somos
qualificados, capacitados, a realizar algo (Therbarn chama isto de
“qualificação”), ou somos “sujeitos”, subjugados, dominados, oprimidos
obedecer a determinadas ordens, ocupar determinados lugares, sem reclamar
(Therbarn chama isso de “sujeição”). (GUARESCHI, 2003, p.171).

A ideologia faz seus “sujeitos”, tanto ao qualificá-los como ao desqualificá-los


reconhecerem à realidade, o ser humano, a sociedade, o que é real e verdadeiro; o que é
justo, desejável, direito, honrado e seus contrários, aqui se forma os nossos padrões
éticos e morais; da dimensão de mudança e de nossas possibilidades de construir algo.
Diante desse reconhecimento travamos uma luta com todas as estruturas sociais,
(escola, família, religião, meio de comunicação, mundo do trabalho) e nossa
subjetividade. Se absorvermos as definições dos outros, nos tornaremos sujeitados a
eles, se mantivermos nossa autonomia, questionando criticamente, resistindo, então
seremos sujeitos-autores do nosso próprio destino.
Mas não é tão fácil assim vencermos este processo. Pois toda essa ideologia foi
incutida num longo processo histórico, na defesa do statu quo, onde tudo é mostrado
positivamente como o progresso, a riqueza, a liberdade. E tudo que é contraditório são
negadas, a exploração, a miséria, o crime, a dominação ou quando se torna impossível
negar essas evidências tão gritantes de nosso cotidiano, impõe-se sua aceitação, como
no caso da pobreza, ou é porque Deus quer ou por vontade própria.
Se compreendermos que somos vitimas das relações de poder-dominaçao, através da
interpelação altero-ideologia da classe dominante que tenta nos moldar de acordo com
suas ideologias, destruindo nossa capacidade de resistência a essa dominação e a
aceitação dela como algo natural e normal. Onde os sujeitos dominados introjetam
valores, crenças e culturas, de seus opressores como se fossem suas. A ideologia além
da sua ação no campo das idéias aprofunda-se em sua interpelação, formando e
transformando a subjetividade do sujeito. Além do discurso há um sistema de
recompensas e castigos que incluem elementos materiais, que compõe as estruturas
sociais, e tem como função codificar, defender, propagar ou bloquear a difusão desses
valores, crenças e culturas.
Essa transformação só se dará quando o sujeito-autor, questionar criticamente,
buscando mudanças nas suas atitudes de pensar e agir e tornar-se um co-autor dessas
mudanças nos outros, sendo capaz assim de transformar o meio no qual estar inserido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2006.
GUARESCHI, Pedrinho. Sociologia Crítica: Alternativas de Mudança. 60. ed. Porto
Alegre: Vozes, 2007.
------ . A. Sociologia da pratica social. 3 .ed. Petropolis: Vozes, 2003
RABUSKE, Edvino A. Antropologia Filosófica. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2003.

REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS

Disponível em: <http://cultvox.locaweb.com.br/livros_gratis/novum_organum.pdf> acesso


em: 28 de setembro de 2010.

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