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Folclore

O que é Folclore

Podemos definir o folclore como um conjunto de mitos e lendas que as pessoas


passam de geração para geração. Muitos nascem da pura imaginação das pessoas,
principalmente dos moradores das regiões do interior do Brasil. Muitas destas
histórias foram criadas para passar mensagens importantes ou apenas para
assustar as pessoas. O folclore pode ser dividido em lendas e mitos. Muitos deles
deram origem a festas populares, que ocorrem pelos quatro cantos do país.
As lendas são histórias contadas por pessoas e transmitidas oralmente através dos
tempos. Misturam fatos reais e históricos com acontecimentos que são frutos da
fantasia. As lendas procuraram dar explicação a acontecimentos misteriosos ou
sobrenaturais.
Os mitos são narrativas que possuem um forte componente simbólico. Como os
povos da antiguidade não conseguiam explicar os fenômenos da natureza, através
de explicações científicas, criavam mitos com este objetivo: dar sentido as coisas do
mundo. Os mitos também serviam como uma forma de passar conhecimentos e
alertar as pessoas sobre perigos ou defeitos e qualidades do ser humano. Deuses,
heróis e personagens sobrenaturais se misturam com fatos da realidade para dar
sentido à vida e ao mundo.

Origem da palavra Folclore

A palavra folclore vem do inglês folk lore. Folk quer dizer povo e lore, estudo,

conhecimento. Portanto, folclore é o estudo dos costumes e tradições de um povo.

Esse termo foi criado pelo arqueólogo inglês William John Thoms (1803-1885),

pesquisador da cultura popular européia. Em 22 de agosto de 1846, ele publicou um

artigo com o título "Folk-lore", na revista The Athenaeum, propondo a criação do

termo. Com isso, o dia 22 de agosto tornou-se data de referência do surgimento do

termo folclore, que gradativamente foi incorporada a todas as línguas dos povos
considerados civilizados.

William John Thoms utilizava o termo folk-lore para indicar o conjunto de

antiguidades populares. O conceito dirigia-se principalmente aos objetos da arte

popular, o artesanato. Mas em seu famoso artigo, Thoms citava também usos,

costumes, cerimônias, crenças, romances, refrãos e superstições dos tempos

antigos.

Bumba meu boi

A dança folclórica do bumba-meu-boi é um dos traços culturais marcantes na cultura


brasileira, principalmente na região Nordeste. A dança surgiu no século XVIII, como
uma forma de crítica à situação social dos negros e índios.
O bumba-meu-boi combina elementos de comédia, drama, sátira e tragédia,
tentando demonstrar a fragilidade do homem e a força bruta de um boi.
O bumba-meu-boi é resultado da união de elementos das culturas européia, africana
e indígena, com maior ou menor influência de cada uma dessas culturas. A dança
misturada com teatro incorpora elementos da tradição espanhola e da portuguesa,
com encenações de peças religiosas nascidas na luta da Igreja contra o paganismo.
O costume da dança do bumba-meu-boi foi intensificado pelos jesuítas, que através
das danças e pequenas representações, desejavam evangelizar os negros, e
indígenas.
O bumba-meu-boi possui diversas denominações em todo o Brasil. No Maranhão,
Rio Grande do Norte e Alagoas a dança é chamada de bumba-meu-boi, no Pará e
Amazonas, boi-bumbá, em Pernambuco, boi-calemba, na Bahia, boi-janeiro, etc.
Bumba-meu-boi no Maranhão

No Maranhão o bumba-meu-boi delimita um universo rico e pujante, que mistura


lazer, trabalho, compromissos, festas, artes, ritos, mitos, performances, crenças e
devoção. Envolve milhares de maranhenses ao longo de seu ciclo festivo, que se
estende durante quase todo o ano, embora seu período de maior ebulição esteja
concentrado no mês de junho. Em linhas gerais, consiste na brincadeira que faz
dançar, cantar e tocar, em volta de uma carcaça de boi bailante, um agregado de
pessoas que se tratam por brincantes. Esses brincantes organizam-se em grupos
conhecidos localmente como bumba-meu-boi, bumba-boi ou simplesmente boi. O
universo do bumba-meu-boi comporta diversos sotaques ou estilos de brincar:
sotaque da ilha, sotaque de orquestra, sotaque da baixada. Cada sotaque engloba
uma série de grupos com determinadas características que os aproximam entre si e
os separam de outros grupos pertencentes a outro sotaque; todos os sotaques,
contudo, são vistos como partes, ou aspectos, de um mesmo fenômeno cultural.

O bumba-meu-boi no Maranhão é parte integrante das festas juninas, aonde de


início os grupos só se apresentavam do dia 24 de junho, dia de São joão até o dia
30 do mesmo mês, dia de São Marçal. Mas na verdade, a festa no Maranhão
começa mesmo no mês de março, após as arrecadações para a brincadeira, quando
começam a montar as roupas e o próprio boi, sendo este feito em fibra de buriti e
seu couro é feito de veludo revestido por miçangas e só termina após a morte do
boi, que geralmente ocorre no mês de outubro.

Garantido e Caprichoso

O imaginário indígena e figuras mitológicas como pajés e feiticeiros foram


incorporados às tradições do boi. As cores vermelho e azul, que representam
respectivamente os bois Garantido e Caprichoso, tomam conta do bumbódromo,
espécie de arena construída especialmente para a realização da festa.
Enredo

As apresentações dos bois em Parintins desenvolvem-se de acordo com um enredo


que conta a história do negro Francisco, funcionário de uma fazenda e cuja mulher,
Catirina, estava grávida. O estado “interessante” da mulher causou-lhe o desejo de
comer a língua do boi mais estimado pelo dono da fazenda. Para que o filho não
nascesse com cara de língua de boi, o jeito foi satisfazer o desejo da mulher.
Então, segundo o enredo, Francisco mata o boi preferido do patrão. O amo descobre
e manda os índios caçarem Pai Francisco, que busca um pajé para fazer ressuscitar
o boi. O boi renasce e tudo vira uma grande festa.
Para desenvolver o tema, cada boi leva cerca de 3 horas. São verdadeiros
espetáculos de luzes e cores incluindo show pirotécnico nas aberturas de cada
apresentação. Os bonecos gigantescos representando cada personagem da trama
são um show à parte.
Cada uma das agremiações leva ao bumbódromo cerca de 5 mil brincantes a cada
ano. Cerca de 35.000 pessoas prestigiam o espetáculo anualmente.

Curiosidades

A explicação mais corrente para a origem dos nomes dos bois Garantido e
Caprichoso remonta a um amor proibido que o poeta Emídio Vieira teria cultivado
pela mulher do repentista Lindolfo Monteverde. Ambos apresentavam seus bois
todos os anos.
Como não podia ter a mulher de Monteverde, Emídio lançou o desafio: "Se cuide
que este ano eu vou caprichar no meu boi". Ao que o repentista respondeu: "Pois
capriche no seu que eu garanto o meu". A rivalidade cresceu entre os dois e, a cada
ano, um queria ser melhor do que o outro. Os outros grupos de apresentação de
bois foram ficando pelo caminho e apenas os Garantido de Monteverde e o
Caprichoso de Vieira chegaram aos nossos dias.
Por falar em rivalidade, essa é uma das principais características da festa dos bois
de Parintins. Apesar do respeito que é regra no bumbódromo onde as torcidas
jamais devem vaiar a apresentação do boi adversário, há algumas nuances que
demonstram a rivalidade das torcidas. Quando um torcedor do Garantido quer se
referir ao Caprichoso, por exemplo, ele jamais menciona o nome do adversário, diz
apenas “o contrário”. E vice-versa. Os músicos que tocam no Caprichoso formam a
Marujada, enquanto os do Garantido são a Batucada. E por aí vai.
O fato é que, seja Garantido ou Caprichoso, ambos representam uma das maiores
manifestações folclóricas de nosso povo.

Capoeira

A capoeira é uma expressão cultural que mistura luta, dança, cultura popular,
música.
Desenvolvida por escravos africanos trazidos ao Brasil e seus descendentes, é
caracterizada por movimentos ágeis e complexos, utilizando os pés, as mãos e
elementos ginástico-acrobático. Uma característica que a distingue de outras lutas é
o fato de ser acompanhada por música.

A palavra capoeira tem alguns significados, um dos quais refere-se às áreas de mata
rasteira do interior do Brasil. Foi sugerido que a capoeira obtivesse o nome a partir
dos locais que cercavam as grandes propriedades rurais de base escravocrata.

História

Durante o século XVI, Portugal enviou escravos para a América do Sul, provenientes
da África Ocidental. O Brasil foi o maior receptor da migração de escravos, com 42%
de todos os escravos enviados através do Atlântico. Os seguintes povos foram os
que mais frequentemente eram vendidos no Brasil: grupo sudanês, composto
principalmente pelos povos Iorubá e Daomé, o grupo guineo-sudanês dos povos
Malesi e Hausa, e o grupo banto (incluindo os kongos, os Kimbundos e os Kasanjes)
de Angola, Congo e Moçambique.

Os negros trouxeram consigo para o Novo Mundo as suas tradições culturais e


religião. A homogeneização dos povos africanos sob a opressão da escravatura foi o
catalisador da capoeira. A capoeira foi desenvolvida pelos escravos do Brasil como
forma de resistir aos seus opressores, praticar em segredo a sua arte, transmitir a
sua cultura e melhorar o seu moral. Há registros da prática da capoeira nos séculos
XVIII e XIX nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro, e Recife, porém durante anos a
capoeira foi considerada subversiva, sua prática era proibida e duramente
reprimida. Devido a essa repressão, a capoeira praticamente se extinguiu no Rio de
Janeiro, onde os grupos de capoeiristas eram conhecidos como maltas, e em Recife,
onde segundo alguns a capoeira deu origem à dança do frevo, conhecida como o
passo.

Em 1932, Mestre Bimba fundou a primeira academia de capoeira do Brasil em


Salvador. Mestre Bimba acrescentou movimentos de artes marciais e desenvolveu
um treinamento sistemático para a capoeira, estilo que passou a ser conhecido
como Regional. Em contraponto, Mestre Pastinha pregava a tradição da capoeira
com um jogo matreiro, de disfarce e ludibriação, estilo que passou a ser conhecido
como Angola. Da dedicação desses dois grandes mestres, a capoeira deixou de ser
marginalizada, e se espalhou da Bahia para todos os estados brasileiros.

Surgimento da Capoeira no Brasil

O surgimento da Capoeira no Brasil foi devido às condições em que os escravos


eram obrigados a viver, condições que muitas vezes os levavam a morte. A cultura
africana sofre modificações face à nova realidade e toda a revolta de um povo vai
se moldando a ânsia de liberdade surge então a capoeira uma luta em forma de
dança que tornou realidade um sonho chamado de liberdade.

A luta

A Capoeira é uma luta de defesa e ataque em que os praticantes usam os


pés e a cabeça sendo as mãos de menor uso mas nunca de menor importância
tanto para o ataque como na defesa . Os europeus acostumados a lutar com as
mãos não tinham a menor chance contra os negros e perdiam fácil . Os senhores
de engenhos proibiram então a prática dessa luta entre os escravos, sofrendo
pressão da Polícia imperial e Milícia Republicana, Os negros, porém acharam uma
solução: disfarçaram a Capoeira colocando mímicas e danças acompanhadas de
músicas. Quando o feitor passava pelos negros "Brincando de Angola" batia palmas
, apreciava , achavam bonito sem saber que ales estavam praticando a já proibida
capoeira. Assim disfarçada em divertimento a capoeira sobreviveu até os dias de
hoje.

O Jogo

“Capoeira é um diálogo de corpos, eu venço quando o meu parceiro não tem mais
respostas para as minhas perguntas" - Mestre Moraes. O jogo da Capoeira na forma
amistosa, ou seja, na roda é verdadeiramente um diálogo de corpos. Dois
capoeiristas partem do "pé" do Berimbau e iniciam um lento balé de perguntas e
respostas corporais, até que um terceiro 'compre o jogo' e assim desenvolve-se
sucessivamente até que todos entrem na roda.

A Música

A Capoeira é a única modalidade de luta marcial que se faz acompanhada por


instrumentos musicais. Isso deve-se basicamente às suas origens entre os
escravos, que dessa forma disfarçavam a prática da luta numa espécie de dança,
enganando os senhores de engenho e os capitães-do-mato. No início esse
acompanhamento era feito apenas com palmas e toques de tambores.
Posteriormente foi introduzido o Berimbau instrumento composto de uma haste
tensionada por um arame, tendo por caixa de ressonância uma cabaça cortada. O
som é obtido percutindo-se uma haste no arame; pode-se variar o som abafando-se
o som da cabaça e (ou) encostando uma moeda de cobre no arame; complementa o
instrumento o caxixi, uma cestinha de vime com sementes secas no seu interior. O
Berimbau, um instrumento usado inicialmente por vendedores ambulantes para
atrair fregueses, tornou-se instrumento símbolo da Capoeira, conduzindo o jogo com
o seu timbre peculiar. Os ritmos são em compasso binário e os andamentos – lento,
moderado e rápido são indicados pelos toques do Berimbau. Numa roda de
angoleiros o conjunto rítmico completo é composto por: três berimbaus (um grave -
Gunga; um médio e um agudo - Viola); dois pandeiros; um reco-reco; um agogô e
um atabaque. A parte musical tem ainda músicas que são cantadas e repetidas em
coro por todos na roda. Um bom Capoeirista tem obrigação de saber tocar e cantar
os temas da Capoeira.

Bibliografia

http://www.brasilescola.com/folclore/bumbameuboi.htm

http://www.amazonia.com.br/folclore/danca3.asp

http://www.truenet.com.br/neto/historia.htm

CARVALHO, Maria Michol Pinho de. 1995. Matracas que desafiam o tempo: é o
bumba-boi do Maranhão. São Luís: s/e.

PRADO, Regina de Paula Santos. 1977. Todo ano tem: as festas na estrutura social
camponesa. Dissertação de Mestrado em Antropologia. Rio d e Janeiro:
PPGAS-MN/UFRJ.

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