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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS

OURÉM
Escola Básica e Secundária de Ourém
Ano lectivo: 2008/2009

DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES 12.º ANO


FICHA INFORMATIVA N.º 1 2008/09/18

1. DESPESAS PÚBLICAS E RECEITAS PÚBLICAS

• Despesas públicas - despesas com as necessidades colectivas (educação,


saúde, segurança, defesa nacional, etc.).
• Receitas públicas:
• Voluntárias - receitas patrimoniais
• Coactivas:
♦ Impostos
♦ Taxas
♦ Coimas, multas e outras penalidades.

2. DIREITO FINANCEIRO, DIREITO TRIBUTÁRIO E DIREITO FISCAL

• Direito Financeiro - regulador da actividade financeira do estado


• Direito Tributário - conjunto de normas que disciplinam a arrecadação de
receitas coactivas
• Direito Fiscal - Conjunto de normas que regulam o imposto nas suas várias
fases: Incidência, lançamento, liquidação e cobrança.

3. NATUREZA DO DIREITO FISCAL

• Direito Fiscal integra-se no ramo do DIREITO PÚBLICO:


♦ Critério dos interesses - normas fiscais visam tutelar interesses da
colectividade.
♦ Critério dos sujeitos da relação jurídica - actuação do ente público
desenvolve-se num plano superior ao dos contribuintes

• O problema da Autonomia do Direito Fiscal:


♦ Fiscalistas - total autonomia do Direito Fiscal
♦ Administrativistas - ramo do Direito Administrativo (ramo especial)
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♦ A autonomia também pode ser equacionada no ponto de vista das


suas relações com o Direito Privado, principalmente o Direito Civil:
o Algumas vezes o Direito Fiscal recebe certos conceitos com o
significado que eles têm no Direito Privado (por exemplo,
prédio, domicilio, pessoa) - no que se denomina direito de
sobreposição;
o Outras vezes o Direito Fiscal, adopta conceitos diferentes do
Direito Privado, tendo em conta que lhe interessa
fundamentalmente o aspecto económico das situações e não o
formal (por exemplo o conceito de transmissão para efeitos de
Imposto sobre a Transmissão Onerosa de Imóveis - IMT).

4. RELAÇÕES DO DIREITO FISCAL COM OUTROS RAMOS DE DIREITO

• Relações com o Direito Internacional(1)


• Visam evitar a dupla tributação internacional e a evasão fiscal.
♦ Ex.: Directiva 77/388/CEE (6.ª Directiva) - texto normativo básico do
sistema comum europeu de IVA.

• Relações com o Direito Constitucional(2)


• Normas orientadoras e limitadoras do legislador ordinário.
• Normas definidoras de garantias dos cidadãos no âmbito fiscal.
♦ Ex.: artigos 103.º e 104.º da Constituição da República Portuguesa
(CRP).

• Relações com o Direito Criminal(3)

( 1) Direito Internacional - Conjunto de normas que veiculam os estados nas suas relações uns
com os outros.
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Direito Constitucional - Conjunto de normas que veiculam a organização fundamental do


estado como soberano político e dos cidadãos como tais.
( 3) Direito Criminal - Conjunto de normas que definem os factos qualificados como crimes e fixam
as correspondentes penas ou medidas de segurança.
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• Normativo fiscal impõe a um determinada entidade - contribuintes e/ou


terceiros - o cumprimento de certos deveres:
♦ Uma acção - ex.: a apresentação da declaração anual do IRS
♦ Uma abstenção - ex.: dever de não inutilizar os documentos de suporte
contabilístico no prazo de 10 anos.
• O não cumprimento de tais deveres está sujeito a sanções a aplicar pela
Administração:
♦ Estas sanções umas vezes são baseadas no Direito Criminal, outras
existe uma remissão expressa para ele.
♦ A tipificação e sancionamento das infracções às normas reguladoras dos
diversos impostos encontra-se legislada num diploma autónomo: O
Regime Geral das Infracções Tributárias, aprovado pela Lei n.º
15/2001, de 5 de Junho.

♦ Dois tipos de infracções fiscais:

• Crimes fiscais: fraude fiscal; abuso de confiança fiscal; frustração de


créditos fiscais; violação de segredo fiscal.

• Contra-ordenações fiscais: recusa de entrega, exibição ou


apresentação de escrita e de documentos fiscalmente relevantes;
entrega das declarações fora de prazo; falta de entrega de
declarações, etc..

• Relações com o Direito Privado


♦ O campo onde o Direito Fiscal encontra mais afinidades é no Direito Civil
e Direito Comercial:
o Actos e direitos patrimoniais - transmissões de bens imobiliários
(IMT) recebimento de rendas e juros (IRS ou IRC).
o Particularidade de o Direito Fiscal atribuir a certos conceitos uma
relevância diferente da que lhe é atribuída pelo Direito Privado.

5. FONTES DO DIREITO FISCAL


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• A LEI
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• Lei é toda a norma de conduta social escrita e cujo cumprimento é


coactivamente imposto pela autoridade pública (Estado).
• Nos termos do n.º 2 artigo 103.º da CRP os impostos são criados por
lei.
• De acordo com o n.º 3 do mesmo artigo, ninguém pode ser obrigado a
pagar impostos cuja liquidação e cobrança se não façam nas formas
prescritas na lei.
• Nos termos da alínea i) do n.º 1 do artigo 165.º conjugada com a alínea
b) do n.º 1 do artigo 198.º da CRP pode o Governo legislar em matéria
de imposto, mediante autorização legislativa da A.R.

• OS REGULAMENTOS
• Regulamentos são normas jurídicas emanadas de uma autoridade
administrativa sobre matérias próprias da sua competência e para
melhor execução das leis.
• Um regulamento tem sempre por base uma lei, pelo que no caso do
Direito Fiscal o regulamento não pode legislar sobre os elementos
essenciais do imposto, ex.: não pode regular sobre o que está sujeito a
imposto (incidência), mas já pode regular sobre o modo como pode a
Administração proceder à sua cobrança.

• Regulamentos do Poder Central

• Decretos regulamentares - ex.: Decreto Regulamentar 2/90, de


12/1 sobre o Regime das Reintegrações e Amortizações.
• Portarias ou despachos - ex.: Portaria n.º 914/2005 de 26/09, que
cria o Curso profissional de Técnico de Contabilidade.

• Regulamentos do Poder Regional e Local

• Elaborados nos termos dos artigos 228.º e 241.º da CRP - ex.:


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posturas municipais sobre quais os impostos autorizados por lei que


determinada Câmara Municipal decidiu cobrar.
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• Regulamentos internos

• Circulares, ofícios-circulares, ofícios-circulados e instruções que a


Administração emite a fim de esclarecer determinadas normas ou fixar
uma certa linha de conduta - ex.: Ofício-Circulado n.º 30 104, da
Direcção dos Serviços do IVA divulgando instruções sobre a aplicação
da redução da taxa do IVA de 21% para 20%.

• OS TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS

• Nos termos do artigo 8.º da CRP, os preceitos fiscais constantes de


tratados e convenções internacionais em que haja sido signatário o
Estado Português considerar-se-ão em vigor na ordem jurídica
portuguesa, uma vez ratificados - princípio da recepção automática.

6. A APLICAÇÃO DA LEI FISCAL

• A interpretação da lei fiscal

• Quanto ao órgão donde emana - autêntica ou doutrinal

• Quantos aos elementos - literal ou lógica

• Quanto à extensão - declarativa, restritiva ou extensiva.

• A integração da Lei Fiscal

• Integração - preenchimento das lacunas ou casos omissos da lei.

• Direito Civil - remete para a analogia e para o espírito do sistema


(art. 10.º do Código Civil).

• Direito Fiscal - emprego da analogia é vedado ao direito fiscal em tudo


quanto respeite aos elementos fundamentais da tributação: a
incidência, as taxas, os benefícios fiscais e as garantias dos
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contribuintes.
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• Aplicação da Lei Fiscal no tempo

• A obrigação tributária surge com a verificação do pressuposto previsto


na lei para a sujeição ao imposto, embora a exigibilidade da prestação
só possa aparecer com a liquidação.

• Doutrina mais corrente quanto à aplicação da lei fiscal no tempo:

• Irretroactividade - Quando a nova lei vem alterar os elementos


essenciais do imposto e a obrigação já tenha sido constituída.
• Retroactividade - desde que os elementos alterados não sejam
essenciais.

• Aplicação da Lei Fiscal no espaço

• Princípio da territorialidade - A lei Fiscal de um estado apenas


abrange os factos e situações que ocorram no território desse Estado e
os rendimentos que nele obtenham a sua fonte.

• Assim, por exemplo, o Código do IRS tem em conta a residência dos


sujeitos passivos para a determinação do âmbito de sujeição, nos
seguintes termos:

• Sujeitos passivos residentes em território português: o imposto


abrange todos os seus rendimentos qualquer que seja o território em
que foram obtidos.

• Sujeitos passivos não residentes em território português: o


imposto abrange apenas os rendimentos aqui obtidos.

7.O IMPOSTO
7.1.Conceito de imposto

• O imposto é uma prestação coactiva, pecuniária, unilateral,


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estabelecida pela lei a favor de uma pessoa colectiva de direito


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público, para a realização de fins públicos e que não constitui sanção


de um acto ilícito.

7.2.Fases do imposto

• Incidência - definição geral e abstracta, feita pela lei, dos actos ou


situações sujeitos a imposto e das pessoas sujeitas à prestação do
imposto.
• Real ou objectiva - o que está sujeito a imposto
• Pessoal ou subjectiva - quem está sujeito a imposto

• Lançamento - série de operações administrativas conducentes à


identificação do sujeito passivo e à determinação da matéria
colectável.

• Liquidação - aplicação da respectiva taxa à matéria colectável, para


determinação do montante de imposto a pagar (colecta).

• Cobrança - corresponde à entrada do montante de imposto nos cofres


do Estado.
• Pagamento voluntário
• Cobrança coerciva

7.3. Garantias relativas ao imposto

• Duma maneira geral constituem garantias dos créditos do Estado a sua


cobrança coerciva através do processo de execução fiscal.

7.4. Classificação dos impostos


7.4.1. Impostos directos e indirectos

• Critério administrativo (aquele que melhore se coaduna com a classificação


orçamental)
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• Directos - Os impostos em que se verifica-se uma intervenção directa


do fisco consubstanciada nas operações do lançamento e da
liquidação (ex.: IRS e IRC).
• Indirectos - Aqueles em que não se verifica aquela intervenção (ex.:
IVA).

• Critério de distinção no modo de avaliação da capacidade tributária do


contribuinte
• Directos - Quando têm em conta a capacidade contributiva do
cidadão, nomeadamente o rendimento ou o património.
• Indirectos - Quando não atendem à natureza do contribuinte (IVA,
Selo).

• Critério económico (bastante falível e pouco utilizada entre nós)


• Directos - Aqueles em que é possível fazer repercutir o imposto
(ex.: IVA)
• Indirectos - Aqueles em que tal não é possível.

7.4.2. Impostos sobre o rendimento, sobre o património,


sobre o
consumo ou despesa e impostos especiais

• Impostos sobre o rendimento

• Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS)


• Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRC)

• Impostos sobre o património (capital)

• Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI)


• Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis
(IMT)
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• Impostos sobre o consumo ou despesa

• Impostos gerais (atingem a generalidade das despesas de consumo)


• Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA)
• Impostos especiais de consumo (atingem apenas certas despesas dos
consumidores):
• Imposto sobre Veículos (ISV)
• Imposto sobre Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP)
• Imposto de consumo sobre o tabaco (ICT)
• Imposto especial sobre o consumo de bebidas alcoólicas (ICBA)

• Impostos especiais
• Imposto do selo (IS)
• Imposto Único de Circulação (IUC)

7.4.3. Impostos reais e impostos pessoais

• Impostos reais (ou objectivos) - atendem exclusivamente à matéria


colectável, alheando-se da situação do contribuinte (ex.: IMT).
• Impostos pessoais (ou subjectivos) - atendem à situação concreta do
contribuinte (ex.: IRS).

7.4.4. Impostos estaduais, locais e parafiscais

• Estaduais - entidade credora é o Estado, sendo o seu âmbito nacional.

• Locais - entidade credora é uma autarquia local, sendo do âmbito da


jurisdição administrativa da autarquia que os lança:
• Podem ser municipais (ex.: IMT, IMI, derrama sobre a colecta do IRC) e
paroquiais ou de freguesia (neste momento as Juntas de freguesia
apenas podem cobrar taxas).
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• Parafiscais - são aqueles em que as entidades credores são pessoas


de direito público que não órgãos do estado nem autarquias locais
(ex.: Taxa Social Única).

7.4.5. Impostos periódicos e de obrigação única

• Periódicos - aqueles que tributam situações que se prolongam


indefinidamente (ex.. IVA)

• De obrigação única - incidem sobre actos ou factos que são


considerados isoladamente (ex.: IMT)

7.4.6. Impostos ordinários e impostos extraordinários

• Impostos ordinários - o direito ao imposto verifica-se por tempo


indeterminado (ex.: IRS, IRC, IVA, etc.).

• Impostos extraordinários - o direito ao imposto verifica-se pelo


tempo estritamente indicado no diploma legal (ex.: derramas
municipais).

7.4.7. Impostos proporcionais, progressivos e regressivos

• Impostos proporcionais - aqueles que apresentam uma taxa fixa


(ex.: IRC).

• Impostos progressivos - aqueles em que a sua taxa aumenta à


medida que cresce a matéria colectável (o IRS apresenta
características de progressivo até determinado montante,
passando depois a proporcional).
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• Impostos regressivos - aqueles em que a taxa diminui à medida


que a respectiva matéria colectável aumenta (não existe nenhum
em Portugal).

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