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Controle de Constitucionalidade

1. Conceito de constitucionalidade
O objetivo maior do Direito Constitucional é o que se chama de “filtragem constitucional”. Isso quer dizer que todas
as espécies normativas do ordenamento jurídico devem existir, ser consideradas como válidas e analisadas sempre
sob à luz da Constituição Federal. Através dessa observância é que se afere se elas são ou não constitucionais. É
nesse momento que entra o controle de constitucionalidade, para observar se as leis e normas estão compatíveis com
a Carta Magna.

Chama-se de compatibilidade vertical, pois é a CF quem rege todas as outras espécies normativas de modo
hierárquico, tanto do ponto de vista formal (procedimental), quanto material (conteúdo da norma).

Quando se tem a idéia de controle de constitucionalidade, significa dizer então que é feita uma verificação para saber
se as leis ou atos normativos estão compatíveis com a Constituição Federal, tanto sob o ponto de vista formal, quanto
o material.

2. Pressupostos para o controle de constitucionalidade


a) idéia de lei fundamental
b) constituição formal: rigidez, supremacia, lei constitucional e ordinária
c) existência de um órgão competente
3. O controle de constitucionalidade pode ser divido:

Quanto ao momento:

Preventivo - aquele que tem por finalidade impedir que um projeto de lei inconstitucional venha a ser uma lei.

Repressivo - é utilizado quando a lei já está em vigor. Caso haja um erro do lado preventivo, pode se desfazer essa
lei que escapou dos trâmites legais e passou a ser uma lei inconstitucional.

Quanto ao órgão que exerce o controle de constitucionalidade:

Político - ato de bem governar em prol do interesse público. É a corte constitucional, não integra a estrutura do Poder
Judiciário.

Jurisdicional - é exercido por um órgão do Poder Judiciário. Só o juiz ou tribunal pode apreciar o controle
constitucional sob o aspecto jurisdicional.

Misto - assim é porque é exercido tanto sob o âmbito difuso quanto pelo concentrado, tanto pelo órgão jurisdicional
quanto pelo político (abstrato).

Em regra, cabe ao órgão jurisdicional o papel repressivo, já a prevenção ao órgão político, porém aos dois órgãos há
exceções.
4. Tipos de Inconstitucionalidades
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a) Total ou Parcial
-> Declaração de nulidade total como expressão de unidade técnico legislativa: processo legislativo que
elaborou a lei é viciado
-> Declaração de nulidade total: a parte constitucional é dependente da inconstitucional
-> Declaração de nulidade parcial: a parte constitucional subsiste a declaração de inconstitucionalidade
de apenas parte da norma
-> Declaração parcial de nulidade sem a redução de texto: a inconstitucionalidade é declarada para o
caso concreto. Não há alteração no texto legal e pode a norma ser aplicada em outras situações

b) Formal e Orgânica: a princípio será total


c) Material: pode uma nulidade parcial ter o efeito de uma nulidade total nos casos
de interdependência das normas
d) Ação e Omissão: decorrente da inércia de qualquer um dos poderes frente à
disposição constitucional. É o não cumprimento de uma exigência constitucional
de ação – normas de eficácia limitada.
*omissão parcial: ação legislativa mal elaborada
e) Originária e Superveniente: na primeira o ato já nasce inconstitucional,
enquanto na Segunda a inconstitucioanlidade é decorrente de reforma, inovação
hermenêutica, alteração das circunstâncias fáticas
f) Antecedente e Conseqüente: a primeira é decorrente de violação direta da lei
constitucional, enquanto a segunda tem seu parâmetro de validade é declarado
inconstitucional
g) Direta e Indireta: aquela viola o texto expresso e esta viola preceito ou princípio
implícito ( mas que é identificável)
5. Modelos de fiscalização de Constitucionalidade
a) modelo inglês:
 common law X statutory law
 Revolução Gloriosa declara a Supremacia do Parlamento
 Inexistência de Constituição escrita e formal.
b) modelo francês:
 Sieyès sugere a criação de um modelo de fiscalização
 1958 - Conselho Constitucional - fiscalização preventiva, assim, editado o ato
não há meios questionar sua legitimidade
 Motivos: a) rígida separação de Poderes b) soberania da nação reside no
Parlamento (assim sua obra é a expressão da vontade popular) c) desconfiança
do Judiciário, que teve sua função restrita a aplicação positiva da lei.
c) Modelo Americano:
 . Teoria importada da Inglaterra - judicial review
 Incorporada definitivamente pela decisão do caso Marbury vs. Madison
prolatada pelo Chief Marshall
 Poder Judiciário - controle difuso, sendo a inconstitucionalidade de um caso
concreto passível de ser declarada por qualquer juiz ou tribunal. Porém, a stare
decisis, efeito vinculante, é restrito a Suprema Corte, e quando declarado tem
eficácia erga omnes)
d) Modelo Austríaco:
 modelo kelsiniano: declaração de nulidade da lei.
 Corte Constitucional responsável apenas pelo controle abstrato. O controle
concreto pode ser suscitado apenas nas jurisdições de segundo grau.
e) No Brasil:
-> sistema híbrido: controle concreto (incidental/subjetivo) de efeito inter partes e o
controle abstrato (principal/objetiva) de efeito erga omnes.

6) Sistemas de controle de constitucionalidade:

6.1.) Sistema Difuso

No Brasil o sistema é misto, ou seja, difuso e concentrado. Possui sua origem do modelo
americano, criado em 1803, onde possuía como premissa a decisão arbitrária e inafastável.

Inspirado nesse modelo, a constituição de 1891 iniciou o controle de constitucionalidade. A partir


daí qualquer juiz monocrático, ou tribunal (órgão jurisdicional colegiado), poderia deixar de
aplicar a norma no caso concreto.

Esse sistema é exercido no âmbito do caso concreto tendo, portanto natureza subjetiva, por
envolver interesses de autor e réu. Assim, permite a todo e qualquer juiz analisar o controle de
constitucionalidade. Este por sua vez, não julga a inconstitucionalidade de uma lei ou ato
normativo, apenas aprecia a questão e deixa de aplica-la por achar inconstitucional àquele caso
específico que está julgando.

Exemplo: “A” entra com uma ação de pretensão contra o Estado em face de “B” de reintegração
de posse, baseada em uma lei “x”, onde “B”, por sua vez entra com uma resistência alegando que
aquela lei que “A” utilizou como recurso é considerada inconstitucional.

O juiz irá apreciar a questão pré-judicial, que é possessória, sem a qual não há como dá a sua
sentença final. Assim, após essa fase, o juiz faz o julgamento do mérito do processo como
procedente ou improcedente a ação. Caso entenda como improcedente, afasta a aplicação da lei
por considerar inconstitucional no caso concreto e fundamenta a sua sentença sob a alegação de
que a lei pela qual “A” utilizou não procede, a título de ser prejudicial na apreciação do mérito
daquele caso específico.

Dessa forma, o juiz aplicou o Dogma da Nulidade da lei inconstitucional, a qual tem por base
que, caso o juiz venha a reconhecer que uma lei é inconstitucional, não cria um novo Estado,
apenas declara a inconstitucionalidade no caso concreto. A norma já é inconstitucional desde o
início da sua criação e o juiz apenas irá deixar de aplica-la.

O artigo 97 da CF consagra uma cláusula chamada de cláusula de reserva de plenário, onde nela
especifica que ao ser declarada a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, esta deve ser feita
através da maioria absoluta da totalidade dos membros do tribunal, sob pena de nulidade da
decisão.

Deve ser observada também a regra do “Full Bench”, apenas nos casos de inconstitucionalidade
da lei, onde toda vez que um tribunal observar a inconstitucionalidade da norma, se o órgão for
colegiado, a decisão também será colegiada.

No sistema difuso, tanto autor quanto réu pode propor uma ação de inconstitucionalidade, pois o
caso concreto é inter partes. Assim, a abrangência da decisão que será sentenciada pelo juiz, é
apenas entre as partes envolvidas no processo. Conseqüentemente terá efeito retroativo, pois foi
aplicado o dogma da nulidade.

Há a possibilidade de que a decisão proferida em um caso concreto tenha a sua abrangência


ampliada, passando a ser oponível contra todos (eficácia erga omnes). A constituição prevê que
poderá o Senado Federal suspender a execução de lei (municipal, estadual ou federal), declarada
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. Tal atribuição prevista no
artigo 52, X, CF, permitirá, portanto, a ampliação dos efeitos da declaração de
inconstitucionalidade originária de casos concretos (via difusa). A suspensão da execução será
procedida por meio de resolução do Senado federal, que é provocado pelo STF, cujos efeitos
vincularão a todos apenas após a publicação da resolução. Nesses casos o efeito é irretroativo,
pois é para terceiros.

Cabe ressaltar que o Senado Federal entra nesses casos para tornar essas decisões ex nunc, ou
seja, fazer com que seus efeitos passem a valer erga omnes, a partir de sua publicação.

A interpretação conforme a constituição, é uma técnica de interpretação das leis


inconstitucionais, utilizada em razão do princípio da presunção de constitucionalidade das leis e
atos normativos. Este princípio faz com que a declaração de inconstitucionalidade seja uma
medida excepcional, pois não cabe ao juiz deixar de aplicar uma lei por mera suspeita, sem que
haja robusta comprovação de sua incompatibilidade vertical.

Portanto, antes de declarar a inconstitucionalidade de uma lei, deverá o julgador aferir se existe
alguma forma de interpreta-la que seja compatível com a constituição. Pra tanto deve existir o
chamado “espaço de decisão”, ou seja, deve ser configurada a existência de mais de uma forma
de interpretação do dispositivo legal e que uma delas seja compatível com a Carta Magna. Essa
interpretação aplica-se tanto ao controle difuso, como ao concentrado.

6.2.) Sistema Concentrado

As ações diretas no sistema concentrado tem por mérito a questão da inconstitucionalidade das
leis ou atos normativos federais e estaduais.

Não se discuti nenhum interesse subjetivo, por não haver partes (autor e réu) envolvidas no
processo. Logo, ao contrário do sistema difuso, o sistema concentrado possui natureza objetiva,
com interesse maior de propor uma ADIN para discutir se uma lei é ou não inconstitucional e na
manutenção da supremacia constitucional.

Sabe-se que o Supremo Tribunal Federal é o órgão de cúpula do Poder Judiciário e o guardião da
Constituição Federal, e o Superior Tribunal de Justiça é o guardião da Constituição Estadual,
assim cada um julga a ADIN dentro do seu âmbito. Se houver violação da CF e CE,
respectivamente, quem irá julgar é o STF e o STJ.

Só se propõe a inconstitucionalidade, quem tiver legitimidade para isso (art. 103, CF), quando a
lei ou ato normativo violar diretamente a Constituição Federal, ou Estadual.

Casos em que não cabe a ADIN:


• Leis anteriores a atual constituição- se propõe em casos de leis contemporâneas a atual
Constituição. É permitido a análise em cada caso concreto da compatibilidade ou não da
norma editada antes da atual constituição com seu texto. É o fenômeno da recepção,
quando se dá uma nova roupagem formal a uma lei do passado que está entrando na nova
CF.
• Contra atos administrativos ou materiais.

• Contra leis municipais

Quem estiver com legitimidade para propor uma ADIN, não pode pedir a sua desistência, pois a
mesma é regida pelo princípio da indisponibilidade, nem cabe a sua suspensão. No controle
concentrado também não cabe a intervenção de terceiros.

O STF tem o feito da “Ampla Cognição”, ou seja, amplo conhecimento para julgar o processo.
Não está limitado aos fundamentos do requerente (pedido mediato), está apenas ao pedido
imediato.

Ações que fazem parte do Sistema Concentrado

1) Ação declaratória de inconstitucionalidade (ADIN):

a) Genérica
Tem por objetivo retirar do ordenamento jurídico a lei contemporânea estadual ou federal, que
seja incompatível com a CF, com a finalidade de obter a invalidade dessa lei, pois relações
jurídicas não podem se basear em normas inconstitucionais. Dessa maneira fica garantida a
segurança das relações.

Fica a cargo do Supremo Tribunal Federal, a função de processar e julgar, originariamente, a


ADIN de lei ou ato normativo federal ou estadual.

Tem legitimidade para propor uma ADIN, todos aqueles que estão prescritos no artigo 103 CF. O
STF exige a chamada “Relação de Pertinência Temática”, que nada mais é do que a
demonstração da utilidade na propositura daquela ação, interesse, utilidade e legitimidade para
propô-la. Isso é usado nos casos em que os legitimados não são universais, que estão no artigo
103, incisos IV, V e IX.

Não é a mesa do Congresso Nacional quem propõe a ADIN, e sim a Mesa da Câmara e do
Senado.

A propositura de uma ação desse tipo, não está sujeita a nenhum prazo de natureza prescricional
ou de caráter decadencial, pois de acordo com o vício imprescritível, os atos constitucionais não
se invalidam com o passar do tempo.

O procedimento que uma ação direta de inconstitucionalidade deve seguir está prescrito na Lei
No 9.868/99.

Uma vez declarada a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo em discussão, a decisão terá
os seguintes efeitos:
• Ex tunc, retroativo como conseqüência do dogma da nulidade, que por ser
inconstitucional, torna-se nula, por isso perde seus efeitos jurídicos.
• Erga omnes, será assim oponível contra todos.

• Vinculante, relaciona-se aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública


Federal, Estadual e Municipal. Uma vez decida procedente a ação dada pelo STF, sua
vinculação será obrigatória em relação a todos os órgãos do Poder Executivo e do
Judiciário, que daí por diante deverá exercer as suas funções de acordo com a
interpretação dada pelo STF. Esse efeito vinculante aplica-se também ao legislador, pois
esse não poderá mais editar nova norma com preceito igual ao declarado inconstitucional.
• Represtinatório, em princípio vai ser restaurada uma lei que poderia ser revogada.

São relacionada com a matéria que foi discutida a declaração de inconstitucionalidade de uma
determinada lei. O STF não pode ir além da matéria discutida. Logo, todo julgado está limitado
ao pedido que foi feito ao juiz. Dessa maneira, a decisão irá versar apenas sobre a ADIN. Essa
decisão poderá ser através de sentença (decisão de um juiz monocrático), ou acórdão (decisão do
tribunal colegiado).

Quem será atingido pela decisão do STF são aqueles que participaram da relação jurídica
processual: o Poder Executivo, legislativo, Judiciário, STF e também toda a sociedade.

Depois de formada a decisão da coisa julgada, sua eficácia será preclusiva, ou seja, aquela
questão uma vez decidida não poderá ser mais discutida. A decisão judicial é uma lei entre as
partes.

O juiz não pode desconsiderar a decisão dada como inconstitucional pelo STF, e sim passar a
cumpri-la deixando de aplicar. Quando o juiz insistir em aplicar a lei já decidida como
inconstitucional, ocorrerá a reclamação constitucional, que é um instrumento que busca a
preservação da competência e garantir a autoridade da decisão do STF (art.102 CF I).

Conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de uma lei nos casos julgados: ocorre o


ajuizamento de ação decisória, dentro do prazo de dois anos. Após esse período se dá a coisa
soberanamente julgada (pretensão bem maior de imutabilidade da decisão). Após ter o título
judicial, as partes podem ajuizar outro processo embargando (contestando) a decisão.

Artigo 26 lei 9868/99 - Embargo declaratório é um meio de impugnação de decisão judicial


“endo processual” (dentro do processo). Não tem a finalidade de reformar ou invalidar a decisão
judicial de um julgado, e sim buscar esclarecer algo que não decisão dada pelo STF ficou omisso,
contraditório ou obscuro. Poderá ter um efeito modificativo (infringente), quando for o caso de
omissão que possa resultar na modificação de um julgado.

b) Por omissão

A Constituição Federal determinou que o Poder Público competente adotasse as providências


necessárias em relação a efetividade de uma determinada norma constitucional. Dessa maneira,
quando esse poder cumpre com a obrigação que lhe foi atribuída pela CF, está tendo uma conduta
positiva, garantindo a sua finalidade que é a de garantir a aplicabilidade e eficácia da norma
constitucional.

Assim, quando o Poder Público deixa de regulamentar ou criar uma nova lei ou ato normativo,
ocorre uma inconstitucionalidade por omissão. Resulta então, da inércia do legislador, falta de
ação para regulamentar uma lei inconstitucional. Essa conduta é tida como negativa. E é a
incompatibilidade entre a conduta positiva exigida pela Constituição e a conduta negativa do
Poder público omisso, que resulta na chamada inconstitucionalidade por omissão.

Os mecanismos usados para evitar a inércia do Poder Público são o Mandado de Injunção na via
difusa e a ação direta de inconstitucionalidade por omissão na via concentrada.

Os legitimados para esse tipo de ADIN são os mesmos da ADIN genérica e o procedimento a ser
seguido também.

Ao declarar a ADIN por omissão, o STF deverá dar ciência ao Poder ou órgão competente para,
se for um órgão administrativo, adotar as providências necessárias em 30 dias. Caso seja o Poder
Legislativo, deverá fazer a mesma coisa do órgão administrativo, mas sem prazo preestabelecido.
Uma vez declara a inconstitucionalidade e dada a ciência ao Poder Legislativo, fixa-se
judicialmente a ocorrência da omissão, com seus efeitos.

Os efeitos retroativos da ADIN por omissão são ex tunc e erga omnes, permitindo-se sua
responsabilização por perdas e danos, na qualidade de pessoa de direito público da União
Federal, se da omissão ocorrer qualquer prejuízo.

Dessa maneira a a da decisão nesse tipo de ADIN tem caráter obrigatório ou mandamental, pois o
que se pretende constitucionalmente é a obtenção de uma ordem judicial dirigida a outro órgão
do Estado.

Não cabe a concessão de medida liminar nos casos de ADIN por omissão.

c) Interventiva

A representação interventiva é uma medida excepcionalíssima prevista no artigo 34, VII da CF e


fundamenta-se na defesa da observância dos Princípios Sensíveis. São assim denominados, pois
sua inobservância pelos Estados-membros ou Distrito Federal no exercício de suas competências,
pode acarretar a sanção politicamente mais grave que é a intervenção na autonomia política.

Dessa maneira, toda vez que o Poder Público, no exercício de sua competência venha a violar um
dos princípios sensíveis, será passível de controle concentrado de constitucionalidade, pela via de
ação interventiva.

Quem decreta a intervenção é o chefe do Poder Executivo (Presidente da República), mas


depende da requisição do Supremo Tribunal Federal, o qual se limitará a suspender a execução
do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.

Esse tipo de ADIN pode ser espontânea ou provocada. A espontânea é aquela que é decretada por
vontade própria. Já a provocada é provocada por algum poder ou órgão.

A representação interventiva é uma ação que possui uma natureza (finalidade) jurídico-político.
Ao ser violado o princípio sensível pelo governo e o STF processar e julgar procedente a
representação interventiva, o Presidente da República fica obrigado a expedir o decreto
interventivo, sustando os efeitos da lei, para que deixe de utilizá-la por ser inconstitucional.

Assim, declara a inconstitucionalidade formal ou material da lei ou ato normativo estadual. Essa
é a dimensão jurídica. Caso o governo insista, o Presidente vai expedir um novo decreto
afastando o governador do cargo. Com isso, decreta a intervenção federal no Estado-membro ou
Distrito Federal, constituindo-se um controle direto, para fins concretos. Essa a dimensão
política.

Na ADIN por intervenção, não é viável a concessão de liminar.

A legitimidade para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade por intervenção, está


prevista na CF, artigo 36, III.
Essa espécie de ADIN é provocada por requisição. Uma vez decretada a intervenção, não haverá
controle político, pois a CF exclui a necessidade de apreciação pelo Congresso Nacional. Sua
duração, bem como os limites, serão fixados no Decreto presidencial, até que ocorra o retorno da
normalidade do pacto federativo.

7. Evolução do Controle no Brasil

a) 1824 -> Poder Moderador, influência européia, soberania do parlamento


b) 1891 -> Criado o STF com inspiração EUA. Timidez do Judiciário na execução do
controle difuso, sucessivo e incidental – recurso extraordinário
c) 1934 ->manteve as alterações da carta anterior, adicionando:
 a inconstitucionalidade só poderia ser declarada por maioria absoluta do Tribunal
 caberia ao Senado uma eventual suspensão do ato declarado inconstitucional
 representação interventiva
d) 1937-> retirou a possibilidade de suspensão do ato pelo Senado, não tratou da
representação interventiva, diminuiu a supremacia do Judiciário
e) 1946 -> reproduziu a Carta de 1934, destaca-se o aperfeiçoamento da
representação interventiva
f) Emenda Constitucional 16/65 – fiscalização abstrata – representação proposta
pelo PGR quando houvesse infração aos princípios constitucionais sensíveis.
g) 1967 -> negou a inconstitucionalidade no âmbito estadual e passou a competência
para suspender a representação interventiva para o Presidente da República.
h) 1969 -> admitiu o controle abstrato nos Estados nos mesmos moldes do Federal.
i) 1988 -> sistema misto ou híbrido. Inovações:
 maior número de legitimados para propor a ADIN
 exige a manifestação do Procurador Geral da República em todas as ADINs e
processos de competência do STF
 exige a impugnação do Advogado Geral da União nas ADINs
 admitiu ADIN no âmbito estadual face às respectivas Constituições
 cria a ADIN por omissão
 prevê a criação da ADPF
 recurso extraordinário passa a ter competência exclusivamente constitucional
8. Controle Preventivo

Antes da promulgada a lei é necessário o controle político preventivo.


Câmara dos Deputados e Senado -> Comissões de Constituição Justiça e Cidadania
Assembléias Estaduais -> Comissões de Constituição e Justiça

9. Fiscalização Concreta de Constitucionalidade

a) Controle concreto, difuso ou subjetivo

- O que é ?

 defesa de direitos subjetivos


 parte ou de ofício pelo juiz ou tribunal.
 qualquer tipo de processo,
 via passiva ou ativa.

- Como é feito?

 a questão é suscitada de modo incidental, isto é, o objeto da ação não é a


constitucionalidade em si, mas uma relação jurídica envolvendo lei cuja validade
frente à Constituição possa ser argüida. A solução da questão constitucional
seria fundamental para a decisão do litígio.

 Código de Processo Civil (art. 480 – 482)

- qualquer grau de jurisdição


- em segundo grau o Ministério Público deve ser ouvido
- se rejeitada a argüição pela Câmara o processo segue normalmente
- se acolhida será lavrado o acórdão e a submetida ao Órgão Especial que profere
decisão irrecorível.
- art. 97 – declaração pelos Tribunais por maioria absoluta. O STF frisa que essa
exigência só se aplica quando ele próprio ou o Plenário do respectivo Tribunal ainda
não tiver declarado a inconstitucionalidade da lei.
- ao fim retorna a questão à Câmara de origem para a decisão de mérito. Havendo
um julgado pela via incidental pelo STF dispensa-se o procedimento
- tratando-se de lei anterior a Constituição os Tribunais dispensam as exigências do
art. 97, eis que entendem a questão através do direito intemporal e não
constitucional
-> Perante o STF é feita com o Recurso Extraordinário a declaração incidental é
regulada pelo Regimento Interno (art. 176 – 178). A que questão submetida ao Plenário
(quorum de 8 ministros e a decisão ser maioria com o voto de no mínimo seis deles),
depois da oitiva do PGR, que julgará a constitucionalidade e o mérito. A decisão é
comunicada ao interessados e após o trânsito em julgado ao Senado Federal.

- Quais são os efeitos?

Inter partes e ex tunc. Somente o Senado pode conferir efeito erga omnes.

- Competência do Senado - art. 52, X

 é comunicado pelo STF após o trânsito em julgado da decisão


 a competência é discricionária para suspender a lei.
 não há prazo, porém após suspensa a lei não é possível a revogação do ato
suspensivo.
 A suspensão pode ser no todo ou em parte e terá eficácia erga omnes

Ação direta Interventiva

 o seu objeto é a decisão de um conflito entre União e Estado.

 desrespeito a princípios constitucionais sensíveis - república, democracia,


sistema representativo, direitos humanos, autonomia municipal, prestação de
contas da administração, aplicação de um mínimo da receita dos impostos
estaduais na manutenção e desenvolvimento do ensino

 o titular da ação é o Procurador Geral da República que atuará em nome da


União e deverá em 30 dias optar pela apresentação ou não da representação. O
procedimento é regulado pelo Regimento Interno do STF e se declarada a
inconstitucionalidade deverá o Presidente da República decretar a intervenção
federal.

10. Fiscalização Abstrata da Constitucionalidade

a) Ação Direta de Inconstitucionalidade

Processo objetivo para a defesa da ordem constitucional.


 Impossibilidade de defesa de interesses concretos e subjetivos
 O exame de constitucionalidade é apenas sobre os dispositivos impugnados,
porém face à toda a Constituição
 Processo regulado pelo regimento interno do STF e Lei n.º 9868/99 (não está
sujeito as normas processuais ordinárias)
 Princípio da Indisponibilidade da instância
 Legitimados – artigo 103, I a IX da CF
Legitimados especiais: interesse de agir. Confederações sindicais, dos Governadores e
das mesas de Assembléias, entidades de classe em âmbito nacional
Legitimados universais: Presidente da república, Mesa do Senado e da Câmara,
Procurador geral da República, Conselho da OAB, partido político com representação
no Congresso Nacional (fortalecimento do Estado Democrático de Direito)
 Litisconsórcio apenas entre os legitimados
 Procurador da República – Princípio da indisponibilidade X Princípio da
disponibilidade – Posição Intermediária
 Art. 103 § 1º deve o PGR manifestar-se em todas as ações
 Todos os legitimados devem ser representados por advogado, salvo por óbvio o
Procurador Geral da República
 Advogado Geral da União – deve defender o ato impugnado – “advogado da
inconstitucionaliadade”
 Possível nos Estados desde que face a suas respectivas Constituições
Atos impugnáveis por meio de ação direta – art. 102, I, a “ADIN de lei ou ato normativa
federal ou estadual “
- Atos válidos do Poder Público
- Emendas Constitucionais e Revisão: devem observar as limitações do PCO:
circunstanciais, procedimentais, materiais e o núcleo de identidade da Constituição
- Leis delegadas
- Medidas Provisórias: pressupostos de habilitação, competência em relação à
matéria, e conteúdo final. * Debate sobre os pressupostos de autorização
- Norma concreta ou abstrata (desde que possível sua identificação precisa)
- Regimento das Casas Legislativas: apenas as que veiculam atos normativos
- Tratados Internacionais: ratificados e promulgados pelo Chefe do Executivo via
decreto – lei ordinária federal.
Atos não impugnáveis por ADIN
- Atos normativos estrangeiros: não pertencem ao ordenamento sendo apenas
contrários a ordem pública
- Regulamentos: inconstitucionalidade indireta pois o seu parâmetro de validade é a
lei – trata-se de ilegalidade
- Atos normativos anteriores as Constituições: inadmissível fiscalização de lei ou ato
anterior à Constituição. Revogação e Recepção – não há a inconstitucionalidade

Parametricidade da fiscalização abstrata: a Constituição em seu todo; regras e


princípios explícitos e implícitos. Mesma hierarquia entre as normas. Cláusulas Pétreas.
Regras de Interpretação: cedência recíproca.
- Efeitos: erga omnes e ex tunc - * Lei n.º 9868/99

b) Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão


 modalidades: omissão total ou omissão parcial -> não fazer algo devido ou não
agir de maneira suficiente
 inércia de qualquer um dos poderes: medida política administrativa, judicial ou
legislativa
 omissão normativa: incide sobre normas de eficácia limitada
 decisões de natureza declaratória
 deve dar ciência ao poder competente das providências necessárias
 falta de efetividade – prazo de 30 dias sem previsão de responsabilização
 Mandado de Injunção X ADIN por Omissão

ADIN por Ação declara um incosntitucionalidade de legislação que ofenda a


Constituição. A ADIN por Omissão declara a constatação de uma omissão legislativa
que por negar a realização da vontade do constituinte originário torna-se
inconstitucional

* Característica Comum: Legitimidade Ativa: art. 103, I a IX

c) Ação Declaratória de Constitucionalidade

- EC n.º 3/93
- Destinada a acabar com a insegurança jurídica ou estado de incerteza que se
instaura sobre a legitimidade de lei ou ato normativo federal
- Finalidade única é a defesa da ordem jurídica
- Legitimidade Ativa: art. 103 § 4º (Presidente da República, Mesa do Senado e da
Câmara dos Deputados, Procurador Geral da República)
- Requisitos de Admissibilidade: instalação de controvérsia no Poder Judiciário sobre
determinada matéria e conseqüente insegurança jurídica
- Efeitos: erga omnes e vinculante (pode o STF excluir o efeito vinculante)
- Da necessidade do instrumento: devido ao sistema misto há falta de sintonia entre
os julgados, porém a crítica lembra que em um país de dimensões continentais
como o Brasil as circunstâncias fáticas levam a decisões distintas como forma de
promover justiça
- Da constitucionalidade do Instrumento:
a) Violação do Princípio da Separação dos Poderes a medida que o Judiciário passa a
ratificar atos normativos assumindo função legislativa. Porém, essa tarefa é própria
do Controle de Constitucionalidade e garante a supremacia da Constituição.
b) Violação do devido processo legal, contraditório, ampla defesa, duplo grau de
jurisdição, afeta o direito de acesso ao Judiciário
d) Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF
- art. 102 § 1º da CF e Lei n.º 9.868/99
- Ação de competência originária do STF
- Descumprimento X Inconstitucionalidade
- Cabível sempre que houver violação de preceito constitucional fundamental
- Caráter principal e não subsidiário pois emana no próprio texto constitucional
- Legitimidade Ativa – o integrantes do rol do artigo 103 da CF
- Advogado Geral da União – atua como um Curador da União
- Procurador Geral da República – atua como custos legis

Efeitos da Declaração de Inconstitucionalidade por Via Abstrata

- erga omnes – dispensa a suspensão executoriedade feita pelo Senado1


- ex tunc
- sem o efeito vinculante

Lei 9686/99 e Lei 9882/99 -> apresenta limitação de flexibilização dos efeitos da
declaração da Inconstitucionalidade

1.Motivos que podem ensejar a flexibilização:

 excepcional interesse social


 segurança jurídica

Justificativa para a flexibilização: justiça e bem estar, situações ilegais podem ser
menos prejudiciais que os efeitos causados por sua legalização

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a suspensão de executoriedade que pode ser feita nas causas incidentais e a concessão de efeito
erga omnes possuem a mesma finalidade prática, no entanto aquela é fundamentada na Constituição
enquanto esta encontra seu suporte jurídico em normas processuais. Em ambas o interessado deve
recorrer ao Judiciário para ver os efeitos serem aplicados em seu caso
“ O direito não é um critério absoluto da verdade, mas um critério relativo de finalidade”
(Ihering)
Deve haver ponderação entre as normas positivas e finalidade do direito. Para Bachof
os Tribunais Constitucionais são obrigados a considerar as conseqüências de suas
decisões. A interpretação será teológica para obtenção de uma motivação razoável.

2. As flexibilizações podem ser:


- temporais -> concessão de efeitos ex nunc
concessão de eficácia futura para o julgado (ex. lei do salário mínimo)
- pessoas -> quais órgãos irá atingir a decisão
- conteúdo -> qual a extensão a que será aplicado esses novos efeitos.

3. Limites à flexibilização:
1. Quorum: 2/3 da maioria absoluta dos membros do STF
2. Proporcionalidade e Razoabilidade –insegurança causada pelo conflito de valores
constitucionais, deve ser feita uma ponderação
3. Restrição dos direitos suscetíveis de suspensão em estado de sítio
4. Coisa julgada – só pode ser alterada via ação rescisória
5. Normas de Direito Penal
6. Normas de Direito Tributário

Todos os atos consumados irreversíveis ou de reversão possível, mas que


comprometam valores constitucionais devem ser ponderados para que se opte pela
conseqüência menos gravosa ao sistema jurídico. Por essa razão, evita-se o efeito ex
tunc quando esse pode causar prejuízo desmesurado e desproporcional. É partindo
desse raciocino que as leis referidas buscam agregar a segurança do sistema do direito
com a justiça.

Controle Concreto Controle Abstrato


Tipo de Controle Jurisdicional Político
Jurisdição Competente Todo o Poder Judiciário STF
Legitimidade Ativa Partes em processo judicial Entes legitimados para
ou o próprio juiz ADIN, ADC, ADPF e RI
Objeto do Processo Caso concreto A validade da lei face à CF
Efeitos Inter partes Erga omnes, ex tunc e
eventualmente vinculante

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