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Autor: Bàbálórìsà Alberto Acaiaba


AGUERE - A DANÇA REAL

Òsòósi Bàbá mi o, dono do Ori e meu Àse.

Falar de Oxossi é uma grande honra, assim como é falar de outros Orixás. Mas,
voltando no tempo, lembro que desde pequeno me encantava com o ritmo do
aguere, sentia algo forte, especial.
Oxossi possui o título de Alaketú, é o protetor daqueles que tiram o seu sustento
das florestas, pois ele é o Deus da caça e Orixá da fartura. Traz na mão o Erukere
que segundo os africanos possui poderes mágicos, representa a multiplicidade dos
ancestrais e dos animais da floresta. Ele carrega também um arco e flecha (Ofá),
simbolizando a arte da caça.
Uma de suas obrigações e mais linda é a Festa das Quartinhas, realizada com
maior destaque no Gantois. Seus mitos são gloriosos, descrevem a trajetória
heróica de um simples e hábil caçador que morre como homem e renasce como
Orixá para a glória e honra do povo de Ketú.

Podemos atestar este fato através de seu Oriki e seus cânticos.

Ritmo: Aguere
Nação: Ketú

Oni araiê ode a rêrê okê awá ni kó dé lokê


Dodé a pá eran
Awá ni kó dé lokê dodé a pá eran
1) Senhor da humanidade
Nosso bom caçador
Nós o chamamos para aprendermos a caçar e sobretudo encontrar a caça.

Oluwaiê wá rerê agobô oluwaiê agobô


Oluwaiê wá rerê agobô oluwaiê agobô

2)
Senhor da terra faça com que estejamos bem
E dê-nos licença nas matas

Oló tôbi ewè


Oló tôbi ewè bàbá
Oló tôbi ewè
Oló tôbi ewè bàbá
3)
Grande senhor proprietário das folhas
Grande senhor nosso pai

Ofá re yé fibô ode fibô


Ofá re yé kó sé omorodé
4)
Seu arco e flecha são adequados a floresta
Seu arco e flecha são apropriados ao filho do caçador

5) Ewá tire okê


Ewá tire ni lê igbô ré o
Ewá tire okê
Ewá tire ni ilê igbô ré o

Sua beleza é elevada


Sua beleza está em nossas casas e em nossas matas

Não poderia deixar de citar aquela que considero ser uma das mais belas
cantigas de Ode, foi a primeira cantiga que soube a tradução a muitos anos atrás
por um grande amigo chamado Sidney Barreto Nogueira, que tenho muitas
saudades. Foi a pessoa que me explicou a importância de se saber o que se está
cantando e porque se está cantando. Obrigado pelo muito que me ensinou.

Ritmo: Ilú
Nação: Ketú

Omorodé laé-laé omorodé ki wá jô


Aba wá bó lo kó igbó
Omorodé oluwaié

Filho do caçador para sempre


Filho do caçador para quem dançamos nossa comunidade o cultua
Na fazenda e não no bosque
O filho do caçador é o Senhor da Terra.

Referências Bibliográficas:
OLIVEIRA, Altair Bento Cantando para os Orixás (N'korin Sáwon Òrìsà)
de
- Editora Pallas, Rio de Janeiro, 1993.
O Duplo e a Metamorfose, A Identidade Mítica em
AUGRAS, Monique - Comunidades Nagô
Editora Vozes, Petrópolis - RJ

Agradecimentos Especiais:
Dedico estas linhas a todas as pessoas que respeitam a nossa religião e lutam de
alguma forma para mantê-la sempre viva.
Em especial ao Ogán José Roberto Mathias (Sp), pela amizade e carinho.
Sidney Barreto Nogueira (Sp), pela sabedoria impar dentro do Candomblé.
Que meu Pai Ode nos cubra de muitas realizações, traga paz, fartura e harmonia
para os nossos lares, a todos aqueles que acreditam no meu trabalho e me apóiam
ao escrever estas humildes linhas.

Bàbálórìsà Alberto Acaiaba

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