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Transdisciplinaridade
2004
Seminário sobre Sistemas de Informação, Intervenção Sócio-Educativa e Transdisciplinaridade
Índice
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1. Introdução 2
2. Complexidade 3
2.1 Origem da complexidade 3
2.2 Análise multidimensional da complexidade 4
2.2.1 Dimensão da física 4
2.2.2 Dimensão da biologia 4
2.2.3 Dimensão da saúde 5
2.2.4 Dimensão da matemática 5
2.2.5 Dimensão da informática 6
2.2.6 Dimensão da justiça 6
2.2.7 Dimensão social 7
2.2.8 Dimensão económica 7
3. Da Disciplinaridade á Transdisciplinaridade 10
3.1 Contribuição da ciência 10
3.2 Disciplinaridade 11
3.3 Multidisciplinaridade 12
3.4 Interdisciplinaridade 13
3.5 Transdisciplinaridade 15
4. Considerações finais 17
Referências bibliográficas 18
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1. Introdução
Por outro lado, após alguma experiência na elaboração dos horários da UniPiaget de
Cabo Verde constatamos que quase todos os colegas docentes frequentemente utilização
a terminologia “complexo” e “complexidade” relativamente aos horários, perante uma
instituição de natureza transdisciplinar. Neste sentido, decidimos desenvolver o tema
“Transdisciplinaridade”, focando, em primeiro lugar, a complexidade.
Resta, finalmente, dizer que estes são os principais motivos que justificam a escolha
deste tema, além de ser uma exigência do referido seminário.
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2. Complexidade
Complexus (ou apenas plexus) é o vocábulo que, em latim, significa entrelaçado, tecido
em conjunto e, que constitui a origem etimológica da palavra complexo. Hoje, este
termo é usado com uma certa frequência e, muitas vezes absolve quem a usa de dar
maiores explicações sobre o assunto de que trata. Por isso que constantemente ouvimos
as expressões: esta disciplina é complexa, a situação é complexa, o problema é
complexo, a busca de solução é uma tarefa complexa, a complexidade computacional,
complexidade de algoritmos, etc. Não é por acaso, que existe actualmente em muitas
instituições superiores e cursos a disciplina “teoria da complexidade”. Alguns glossários
definem a complexidade com medida sistémica, propriedade dos processos caóticos;
informação, diversidade, multiplicidade de conexões; alta conectividade.
Daí que a ideia que nos fica de complexidade é de caos, desordem, obscuridade,
dificuldades, complicação. A complexidade e a complicação não são dois dados
antinómicos e não se reduzem uma à outra. Para Morin (2001:101), a complicação é um
dos constituintes da complexidade.
Para Morin (2001), esta ideia de complexidade estava muito mais espalhada no
vocabulário corrente do que no vocabulário cientifico. De um modo ou de outro a
complexidade, sempre foi usada, mas só recentemente vem ganhando contornos de uma
nova ciência. Fala-se, actualmente, em teoria da complexidade, paradigma da
complexidade, epistemologia da complexidade.
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Assim, o jurista que se dedique ao Direito dos Valores Mobiliários não poderá
deixar de ter noções mínimas de economia e não poderá deixar de se socorrer do
contributo de economistas para apreender a complexidade contratual e
operacional que caracteriza este ramo específico do Direito. Nem se poderá falar
em Direito da Informática se não se conhecer conceitos como o de software, ou
sem nunca se ter "navegado" na Internet, sem se saber o que é um link, ou qual o
alcance da ubiquidade na "Rede" (Duro, 2000).
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Alguns autores têm questionado sobre a melhor abordagem de tratar o assunto, ou seja,
deve ser abordado a teoria da complexidade, paradigma da complexidade, ou
simplesmente complexidade. Um dos pensadores dessa problemática prefere a
utilização da expressão pensamento complexo (Morin, 2001).
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Paradigma de simplicidade – é constituído por um certo tipo de lógica extremamente forte entre noções, mestras,
noções chave e princípios (Morin, 2001).
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Para entendermos a noção de complexidade, temos, por outro lado, que analisá-la em
relação ao que se considera usualmente seus opostos. Podemos formar vários pares:
simples-complexo, simplificação-complexificação, redução-conjunção, reducionismo-
holismo, partes-todo.
Na perspectiva de Edgar Morin (2001; 106), existem três princípios para ajudar-nos a
pensar a complexidade:
Frente às múltiplas reflexões de pensadores, Morin (2001: 151) diz que aceita a
complexidade como princípio de pensamento que considera o mundo e não o princípio
revelador da essência do mundo. Neste contexto, apresentou ainda no que chamou “Os
mandamentos da complexidade”, referindo que há dez princípios.
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3. Da Disciplinaridade à Transdisciplinaridade
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3.2 Disciplinaridade
Etimologicamente, o termo disciplina tem origem no latim, significando
comportamento obediente e ordenado, assimilado ao de ensinamento, instrução e
conhecimento (Guido Gómez de Silva, 1995, apud, NEST, 2000). O dicionário
Contemporâneo da Língua Portuguesa de Caldas Aulete, informa que disciplina é
instrução e direcção dada por um mestre a seu discípulo, ….
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3.3 Multidisciplinaridade
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Piaget, Jean. The epistemology of interdisciplinary relationships, citado por Chaves (1998).
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3.4 Interdisciplinaridade
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- Interdisciplinaridade auxiliar
- Interdisciplinaridade complementar
- Interdisciplinaridade compósita
- Interdisciplinaridade de engrenagem
- Interdisciplinaridade estrutural
- Interdisciplinaridade heterogénea
- Interdisciplinaridade linear
- Interdisciplinaridade restritiva
- Interdisciplinaridade unificadora
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3.5 Transdisciplinaridade
Bassarab NICOLESCU (1999), afirma que foi Jean Piaget o primeiro a usar a palavra
transdisciplinar como expressão de uma nova abordagem do conhecimento, em 1967: A
transdisciplinaridade, como o prefixo "trans" indica, diz respeito àquilo que está ao
mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de qualquer
disciplina. Seu objectivo é a compreensão do mundo presente, para o qual um dos
imperativos é a unidade do conhecimento. ... (NEST, 2000). Para Chaves (1998), o
conceito de transdisciplinaridade envolve “não só as interacções ou reciprocidade entre
projectos especializados de pesquisa, mas a colocação dessas relações dentro de um
sistema total, sem quaisquer limites rígidos entre as disciplinas”.
Esta definição mostra-nos que a transdisciplinaridade não é uma nova disciplina ou uma
nova hiperdisciplina. No entanto, alimenta-se da pesquisa disciplinar, que, por sua vez,
é clareada de uma maneira nova e fecunda pelo conhecimento transdisciplinar. Nesse
sentido, as pesquisas disciplinares e transdisciplinares não são antagónicas, mas
complementares.
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Por outro lado, a transdisciplinaridade interessa-se pela dinâmica gerada pela acção de
vários níveis de Realidade ao mesmo tempo... (NEST, 2000). Neste sentido, a
transdisciplinaridade exige uma mudança do sistema de referência e articula-se em três
pontos, a saber: a)Vários níveis de realidade3; b) a lógica do terceiro termo incluso
implica em não mais esperar encontrar a solução de um problema nos termos de
“verdadeiro” ou “falso” da lógica binária. c) a complexidade do problema reconhece a
impossibilidade da decomposição desse problema em partes simples, fundamentais.
Na Declaração mundial sobre a educação superior para o século XXI: visão e acção,
tem-se que "deveriam fomentar-se e reforçar-se a inovação, a interdisciplinaridade e a
transdiciplinaridade nos programas, fundando as orientações a longo prazo nos
objectivos e necessidades sociais e culturais" (Art. 5.a). O planeamento interdisciplinar
e transdisciplinar da educação superior estão aqui relacionados às funções de serviço à
sociedade, e mais concretamente suas actividades encaminhadas a erradicar a pobreza, a
intolerância, a fome, a deterioração do meio ambiente e as doenças" (cf. Art. 16.b).
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Por “nível de realidade” entende-se designar um conjunto de sistemas que são invariáveis sob certas leis. Dois níveis de realidade
são diferentes se, quando passando de um a outro, há uma quebra nas leis e uma quebra nos conceitos fundamentais (como, por
exemplo, a causalidade).
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4. Considerações finais
A crescente complexidade das áreas sobre as quais o conhecimento tem de intervir (p.e.,
a já citada economia, a biotecnologia, direito, educação e o ambiente), obriga o
investigador a familiarizar-se com as outras ciências, outras abordagens e metodologias
sobretudo numa perspectiva auxiliar. Esta familiaridade de disciplinas abre caminho
para a interdisciplinaridade, apresentando-se algumas áreas de conhecimento, mais do
que como contribuinte, como beneficiário. Portanto, a complexidade dos problemas
levou à aproximação e associação gradual das disciplinas em diferentes graus, do mais
simples, o da multidisciplinaridade ao mais completo, o da transdisciplinaridade.
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Referências Bibliográficas
Baker, P. (1993) 'Chaos, order, and sociological theory', Sociological Inquiry, 63:123 –
49. http://www.aps.pt/ivcong-actas/Acta007.PDF.
CARAÇA, João (2001) O que é CIÊNCIA (2ª edição), Coimbra: Quimera Editores
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