Pág. 2 Pág.

4-5
Cursos e oficinas: a programação Gerenciamento de resíduos: o uso do
completa dos nossos cursos e Aguapé no tratamento de efluentes e
oficinas. aproveitamento de biomassa.
Aconteceu: alguns registros do
período de outubro a dezembro

Fonte das imagens: www.hortaviva.com.br

de 2003.
Confira no Mercado de recicláveis
a média dos preços obtidos por
cooperativas e associações na
venda dos diversos materiais.
Pág. 3
Destaque: Programa Horta Viva, uma
experiência bem sucedida de Educação
Ambiental em escolas.

Pág. 6
Notícias: seleção de notícias
sobre reciclagem e
gerenciamento de resíduos.
1 Pág. 7-8
Reciclagem Solidária:
2 3
um balanço das fases 1e 2 do Programa.
5

1 - Associação de Reciclagem de Lixo Amigas Solidárias – ARLAS (RS)

4 2 - Cooperativa dos Manipuladores de Recicláveis – RECICOOP (DF)
3 - Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Guarapari –
Grupos participantes do ASSCAMARG (ES)
Programa Reciclagem 4 - Associação Ecológica Passo dos Dorneles em Viamão – AEPD (RS)
Solidária - fase 2 5 - Cooperativa de Vargem Pequena – COOPERVARGEM (RJ)

outubro, novembro e dezembro de 2003 27

INFORMATIVO
RECICLOTECA
IMPRESSO
 Cursos e oficinas
ARTE COM GARRAFAS PET
Rudi e Eduardo
Básico: Produção de peças artísticas e
utilitárias com a técnica da pirografia
em garrafas PET (introdução à técnica).
Avançado: Produção de bolsas com a
utilização da pirografia em garrafas PET.
ARTE COM JORNAL
Ana Maria Ortiz
Aprenda a fazer peças artísticas e
utilitárias com o jornal usado.
ARTE COM PAPEL RECICLADO ARTESANAL
Carla Tavares
Básico: Conheça a história do papel e
aprenda a fazer papéis com texturas e
cores variadas.
Avançado 1: Aprenda a fazer peças
artísticas com papel reciclado feito
artesanalmente por você .
Avançado 2: Aprenda a tingir e fazer
peças artísticas com papel reciclado
feito artesanalmente por você .
ARTE DA RECICLAGEM COM MOSAICO PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Sérgio Rai SOBRE LIXO
Aprenda a arte de transformar sucatas e cacos Caroline de Oliveira, Daniel Seiferle, Eduardo
de azulejos em peças artísticas, decorativas e Bernhardt e Gustavo Borges
utilitárias. Oficina que visa capacitar educadores e
BONECOS ambientalistas para a utilização de
Eduardo Andrade atividades lúdicas (tais como jogos,
Aprenda a criar bonecos a partir de garrafas de brincadeiras e dinâmicas de grupo) que
plástico PET. tratam dos problemas do lixo e das possíveis
soluções.
ORIGAMI
Georgete de Castro e Mônica Paz “REBOBINADOS”
Aprenda a fazer dobraduras criativas com
Daniel Fachini
encartes e revistas velhas. Transforme bobinas, caixinhas e filmes pós-
consumo em miniaturas de carros, máquinas
PAPEL MACHÊ PORCELANIZADO fotográficas, filmadoras, bonecos, jogos,
Dora Barcelos bondinhos, flores, etc.
Transforme caixas de papelão e outras sucatas
em vasos, estantes etc. FAZENDO MINIATURAS
Carla Vaz
PRESÉPIOS ARTESANAIS Aprenda a fazer reprodução de ambientes
Nívea Semprini em miniatura – aulas com 2 horas ou 1
Aprenda a fazer presépios criativos com o que hora de duração cada, sem período definido
sobra em sua casa e costuma ser descartado. para conclusão do curso.

AUDIÊNCIA PÚBLICA SOBRE A LEI DO PET
Em 17 de outubro deste ano a Recicloteca participou da
Audiência Pública sobre a Lei do Pet (Lei Nº 3369 de 7 de
janeiro de 2000) presidida pelo deputado estadual Carlos
Minc. A reunião teve como objetivo avaliar o cumprimento da
lei e buscar caminhos para que possa ser cumprida. Estiveram
presentes empresas, ONGs e cooperativas de catadores, que
ressaltaram a importância de se criar um sistema eficiente de
destinação de tais embalagens para a reciclagem. Outros temas
de grande relevância foram: o interesse em apoiar as
cooperativas e em mantê-las como parte fundamental no
processo da reciclagem do PET, e a viabilização de diretrizes
para avaliar o cumprimento da lei.
Aconteceu
CONFERÊNCIA INFANT
INFANT O - JUVENIL DO MEIO AMBIENTE
ANTO
Desde o primeiro semestre de 2003 os municípios e estados se
mobilizaram, promoveram reuniões e elaboraram metas e prioridades
que foram tratadas de 28 a 30 de novembro na Conferência Nacional do
Meio Ambiente para a consolidação do SISNAMA (Sistema Nacional de
Meio Ambiente). Na Conferência Infanto-juvenil, que contou com a
participação de consultores da Recicloteca, alunos do ensino fundamental
de todo o país definiram propostas de políticas ambientais para suas
comunidades e elaboraram um documento mostrando como pensam e o
que querem na área ambiental, como cidadãos e cidadãs. Mas não termina
aí, a idéia é a criação de uma rede de jovens engajados em políticas
ambientais. Com tanta mobilização e participação, a Conferência não
podia ter um slogan melhor: VAMOS CUIDAR DO BRASIL!

Mercado de recicláveis
Estamos divulgando nesta (cooperativas e associações) Exceções: os preços dos plásticos granulados são fornecidos
seção a média de preços integrantes do Programa por empresa beneficiadora; enquanto o vidro limpo e
obtidos pelos grupos Reciclagem Solidária. separado por cor possui cotação de indústria recicladora.

PAPEL E AFINS R$/tonelada PLÁSTICOS R$/tonelada

Papelão (aparas) 200,00 POLIETILENO, POLIESTIRENO, POLIPROPILENO
Jornal 150,00 Plástico rígido granulado 1.400,00
Apara branca de primeira 360,00 Plástico rígido prensado 320,00
Misto 130,00 Plástico filme granulado 1.500,00
Plástico filme prensado 290,00
VIDRO R$/tonelada PET
Branco 145,00 Prensado 710,00
Âmbar 120,00
Verde/azul 115,00 METAIS FERROSOS R$/tonelada
Sucata ferrosa 180,00
ALUMÍNIO R$/tonelada
Latinha 3.220,00 Referência: dezembro de 2003

2
INFORMATIVO RECICLOTECA Nº 27 - OUTUBRO, NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2003

HORTA VIVA - ENTREVISTA COM DANILO NETTO
Em 1982 quando pouco se falava em Educação
Ambiental, Danilo Netto foi chamado para trabalhar
como técnico agrícola no projeto “Uma Horta em Cada
Escola”, patrocinado pela iniciativa privada. Com a
implantação dessas hortas em mais de 60 escolas do
município do Rio de Janeiro, alunos da Educação Infantil
e do Ensino Médio tiveram contato com terra, plantas e
Destaque
animais. As atividades pedagógicas integraram as
disciplinas e a comunidade escolar à horta, facilitando
o processo de ensino e de aprendizagem. Esta
experiência culminou com a criação do Programa
Horta Viva, um processo de Educação Ambiental que
Danilo vem desenvolvendo de forma inovadora em
algumas escolas do município do Rio de Janeiro, RJ.

RECICLOTECA – Você acha que a
Educação Ambiental deve ser
uma disciplina escolar?
Danilo – Não vejo isso como uma coisa
boa. É um retrocesso, diante de toda a
construção que se fez durante tantos anos
em relação à Educação Ambiental. É
importante toda a comunidade escolar
perceba que a questão ambiental é uma
responsabilidade de todos, que não é
preciso um professor específico, uma
disciplina específica para tratar disso. Este
tema depende das diversas áreas de
conhecimento para ser trabalhado.
RECICLOTECA - Como você conseguiu
trabalhar com a interdisciplinaridade
no Programa Horta Viva?
DANILO - Muitos projetos de horta não
vão adiante exatamente porque são
considerados como uma disciplina a mais
dentro da escola. A minha estratégia foi
diferente porque entendo a horta como
um instrumento para despertar a atenção
para a questão ambiental, sendo
necessário, para isso, integrar todas as
áreas do conhecimento. As escolas
sempre têm uma carga horária definida,
por isso deve-se elaborar os projetos
junto com a comunidade escolar.
RECICLOTECA - A integração destas
áreas é muito complicada?
DANILO – É sim. A escola é o local onde
predomina o pensamento cartesiano,
onde o conhecimento é fragmentado, o
que torna muito difícil a implementação
de uma proposta interdisciplinar. Com
calma, paciência e respeito pela formação
de cada professor, o projeto procura
desconstruir a idéia cartesiana e trabalha
ao lado dos professores através de
reuniões, encontros e vivências. Neste
caso, a palavra “desconstruir” pode até
passar uma idéia equivocada. O programa
visa mostrar que o modelo vigente não é
mais tão eficaz e busca a construção de
um novo modelo, o da visão sistêmica.
RECICLOTECA - Fale um pouco do
pensamento sistêmico.
DANILO - Esse pensamento precisou ser
conceituado e amplamente discutido para
ser resgatado. O modelo vigente nos ensina a
ser antropocêntricos e cartesianos, isso é
reforçado nas escolas. Não quero de maneira
alguma desmerecer o papel da escola, que é
fundamental, inclusive para reverter isso. O fato
é que as crianças trazem uma relação com a
natureza completamente diferente da que o adulto
tem, porque elas não estão dominadas pelo
pensamento cartesiano. A escola nos moldes
tradicionais desconstrói essa visão sistêmica para
enquadrá-las no modelo cartesiano. “As crianças
não sabem trabalhar em grupo”, dizem aluns
professores. No entanto, até o mobiliário da
escola induz a uma separação. Nesta perspectiva,
a estrutura escolar tradicional dificulta este
trabalho interdisciplinar. Seguindo Leonardo Boff,
é preciso ensinar que o cuidar faz parte da
essência do ser humano e dentro da escola isso
é reforçado pela horta, onde as plantas precisam
de cuidado humano - já que nós as retiramos da
natureza e as colocamos ali.
RECICLOTECA – Qual a sua opinião
sobre o antropocentrismo?
DANILO - Este é outro pilar de sustentação do
modelo da sociedade moderna, a visão de que
tudo está a serviço do ser humano. Na horta
você percebe claramente como esta idéia está
enraizada nas pessoas. Quando o aluno planta
a semente do tomate, vê raiz, caule, folha, flor e
fruto crescendo. Mas quando você pergunta para
ela por que a planta está formando o fruto, a
maioria diz que aquilo nasceu para nós
comermos. Percebe-se uma relação de
dominação da natureza e entre os seres
humanos. Logo, existe sempre a equação de
dominação versus submissão, ou seja, de que
nós somos superiores aos outros seres e temos
o direito de dominá-los. A horta ajuda a mudar
esta idéia. Quando o aluno mexe com terra,
plantas e animais, ele percebe o inter-
relacionamento dos seres dentro da horta, que
inclui até aqueles animais que usam os canteiros
como passagem; dessa forma a criança descobre
que existe uma teia de relações da qual ela
também faz parte.
RECICLOTECA – Além da horta, qual é a
ferramenta que você usa para sensibilizar
o ambiente escolar de uma maneira geral?
DANILO - Acho que é fundamental investir no
educador. Não basta só trabalhar com os alunos.
Tenho encontros periódicos com os professores,
através de reuniões, trabalhos de grupo
e vivências. Nos cursos de formação,
uso muita prática, o contato com a terra
sensibiliza e traz questões bem remotas
de cada indivíduo. Procuro fazer com que
eles percebam de que maneira estamos
interligados, onde está a raiz do ser
humano. Mesmo assim é difícil garantir
que esses professores irão transformar
sua prática pedagógica, incorporando
essas vivências e fazendo com que a
escola traga isso para o seu dia-a-dia.
Lidar com a direção escolar é ainda mais
delicado, porque você tem que trabalhar
o tempo todo com conflitos, buscando
brechas e evitando confrontos. Como a
água que escorre por uma superfície que
não consegue romper, até que encontra
os espaços por onde pode passar.
RECICLOTECA – Como está indo
o Programa Horta Viva e como
você vê o seu futuro?
DANILO - O programa vai bem. Acho
muito importante abordar o caráter de
continuidade e envolvimento que a idéia
contém. Esta continuidade acontece
através da formatação deste trabalho
como um projeto efetivo. Dessa forma ,
nós conseguimos chegar a lugares que
antigamente nem sonhávamos em
chegar, como as empresas. O curso de
formação de professores também está
colaborando muito para a dispersão de
todas estas idéias. A criação do sítio
virtual (agradecimentos especiais aos
amigos que viabilizaram este passo)
também foi de extrema importância, pois
ele consegue organizar, sistematizar,
congregar e facilitar o acesso a este
trabalho. Em breve lançarei um livro
voltado para que o professor aplique
essas idéias efetivamente e para
possibilitar o acesso de todas as pessoas
ao programa HORTA VIVA e à
informação como um todo, ajudando a
disseminar a técnica e agregando mais
uma contribuição à educação ambiental
brasileira.
Informações:
contato@hortaviva.com.br
www.hortaviva.com.br

3
INFORMATIVO RECICLOTECA Nº 27 - OUTUBRO, NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2003
 Gerenciamento de resíduos sólidos
USO DO AGUAPÉ: UM SISTEMA INTEGRADO PARA O TRATA-
MENTO DE EFLUENTES E APROVEITAMENTO DA BIOMASSA
É muito comum ouvir que
aquele corpo d’água de coloração
escura e cheirando mal, era um rio
ou uma lagoa de águas claras onde
se pescava e se tomava banho. Na
tentativa de reverter esse quadro,
Carmem Lúcia R oquette PPinto
Roquette into
e um grupo de pesquisadores do INT
(Instituto Nacional de Tecnologia)
estudaram o emprego do aguapé na
despoluição de rios e lagoas, e obti-
veram um resultado bem interessan-
te, aqui resumido.
Um dos principais trabalhos
de Carmem Lúcia é o Projeto Inte-
grado de Desenvolvimento Sustenta-
do para Propriedades Rurais, que
transformou uma pequena proprie-
dade do Colégio Agrícola Nilo
Peçanha (CANP), no município de
Pinheiral, estado do Rio de Janeiro,
em modelo de sustentabilidade e uso
racional de recursos.
Nesta fazenda modelo o tra-
balho se iniciou pela suinocultura,
que está localizada junto a um sis-
tema de tratamento de efluentes
onde caem os excrementos dos por-
cos. Neste sistema, os aguapés
(Eichhornia crassipes) são responsá-
veis pela filtragem dos nutrientes. Es-
tas plantas se reproduzem com exu-
BENEFÍCIOS DA TECNOLOGIA DO AGUAPÉ
4
berância, porém a preocupação
com sua rápida proliferação e
grande resistência pode ser supe-
rada com o controle de sua área
disponível através da instalação
de cercas. Mantendo-se uma
densidade de até 70 plantas por
metro quadrado, evita-se que o
aguapé se torne uma praga. O
excesso é retirado e transporta-
do para um galpão, onde é fei-
ta a secagem solar do aguapé.
Posteriormente, as plantas são
processadas, resultando em pro-
dutos comercializáveis como adu-
bo a ser usado na horta, no po-
mar e no minhocário, além de ra-
ção utilizada para a criação de
bovinos, suínos e aves.
O Projeto ainda prevê o tra-
tamento dos efluentes da pecuá-
ria, avicultura e residência, que se-
rão captados juntos, em um sis-
tema de tanques vegetados que
realizam a filtragem das partícu-
las em suspensão, reduzindo os
parâmetros de poluição orgânica
abaixo dos níveis exigidos pelos
órgãos ambientais. Dessa forma
a água retornará limpa ao mes-
mo corpo hídrico de origem, nes-
te caso o Rio Paraíba do Sul.
INFORMATIVO RECICLOTECA Nº 27 - OUTUBRO, NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2003
O aguapé
O aguapé (Eichhornia crassipes) é uma planta
aquática flutuante, nativa da América do Sul,
com ampla distribuição nas regiões tropicais e
sub-tropicais. Prolifera-se abundantemente
durante todo o ano e sua biomassa aumenta
rapidamente a uma velocidade de 1 tonelada
por hectare/dia. Extrai os nutrientes necessários
para sua sobrevivência e despolui os corpos
d’água, filtrando o material particulado através
de suas raízes, além de absorver metais pesados
como prata, chumbo, mercúrio, cádmio e outros.
Também promove a oxigenação do corpo hídrico,
que é feita tanto pela parte aérea quanto pela
ação bioquímica das bactérias que compõem o
complexo ecossistema das raízes.
Até a década de 1940, a planta era vista somente
como uma praga. Suas propriedades começaram
a ser descobertas por pesquisadores da NASA
que pretendiam encontrar uma forma de liberar
seus canais fluviais, então tomados de aguapé,
para o transporte de equipamentos. A partir daí
pôde-se observar que possui propriedades de
grande interesse e, se bem manejada, torna-se
uma importante aliada.
O uso do aguapé para tratar esgoto e corpos
d’água poluídos tem as seguintes vantagens:
• Tem custo inferior ao sistema tradicional.
• Remove simultaneamente substâncias
tóxicas e metais pesados.
• Possibilita a assimilação de algumas
substâncias poluentes para reciclagem pela
própria indústria.
Fonte da imagem: Universidade Federal de São Carlos
 Gerenciamento de resíduos sólidos
Uma maquete detalhada do projeto encontra-se em
exposição permanente na Recicloteca.
Segundo a pesquisadora Carmem Lúcia, a planta tam-
bém poderá ser usada na geração de energia: por queima
direta em fornos para a secagem de grãos e para geração de
biogás.
Contudo, é preciso ressaltar que antes de processar
o aguapé é necessário examinar as substâncias existentes
na planta e na água onde ela se encontra. Isso porque,
além de extrair os nutrientes das águas poluídas, o aguapé
ainda absorve e concentra em seus tecidos rejeitos industri-
ais, tais como metais pesados. Tal característica é de grande
interesse, pois se mostra como uma alternativa eficiente para
tratamento de efluentes industriais.
Os métodos atualmente utilizados para a despoluição
desses efluentes envolvem procedimentos dispendiosos e
freqüentemente ineficazes, não alcançando os níveis míni-
mos de concentração de determinados materiais. Já o trata-
mento pelo aguapé é mais simples e apresenta vantagens
econômicas. Além disso, torna possível a recuperação dos
materiais concentrados na planta para serem
reaproveitados pela própria indústria.
Estudos realizados por Carmem Lúcia e sua
equipe comprovaram a capacidade de recuperação
da prata pelo tratamento do aguapé. Após o culti-
vo da planta em uma solução contendo 40 mg do
material por litro de água, ela foi desidratada e leva-
da às cinzas; em seguida a matéria orgânica foi
calcinada, precipitando-se a prata sob forma metá-
lica. O resultado foi a recuperação de 70% da prata
com 98% de pureza.
Diante do quadro atual de poluição de cor-
pos hídricos, escassez de água e demais problemas
de saneamento, a pesquisa apresentada acima traz
uma solução não só adequada, por suas caracterís-
ticas de custo (é uma alternativa 80% mais econô-
mica que as técnicas convencionais), praticidade, efi-
ciência e sustentabilidade, mas também necessária
diante da missão de garantir a todos o acesso à água
com sua total capacidade de uso.

EXPERIÊNCIAS BEM SUCEDIDAS

Apesar dos inúmeros benefícios proporcionados pelo tratamento dos corpos
hídricos através do aguapé, esta tecnologia ainda é pouco utilizada no
Brasil. Veja abaixo alguns exemplos de sucesso do sistema.
• No município de Alfenas, Minas Gerais, através da UNIFENAS: na
despoluição de efluentes domésticos em áreas carentes.
• No bairro de Guadalupe, zona norte do município do Rio de Janeiro: no
tratamento de uma vala negra com aproveitamento da planta para adubo
da horta e criação de peixes.
• No município de Niterói, Rio de Janeiro, através da Secretaria
de Meio Ambiente: na despoluição do córrego Jacaré, que
deságua na Lagoa de Piratininga.
• No distrito de Lumiar - Nova Friburgo, Rio de Janeiro: no
projeto de despoluição de um lago de criação de carpas, com
aproveitamento do aguapé para alimentação de porcos.
• No município de Teresópolis, Rio de Janeiro: no mapeamento
dos poluentes do Rio Paquequér, em parceria com a UERJ.

Contatos:
Carmen Lúcia Roquete Pinto – clmilu@terra.com.br
Lila Risso Guimarães – lila-eco@br.inter.net
F ontes:
COELHO, T. Aguapé, a planta aquática que
despolui. Revista Ecologia e
Desenvolvimento. Suplemento, Nº 38,
Abril, 1994.
ROQUETE PINTO, C. L. & PAOLIELLO, J. R.
New technology for wastewater treatment
with biotechnological process utilizing
aquatic plants. Anais da 5th International
Conference on Wetland Systems for Water
Pollution Control – Institute for Water
Provision, Water Ecology and Waste
Management. Universitaet für Bodenkultur
– Wien –Viena. Austria. 1996.
ROQUETE PINTO, C. L. e PEREIRA, R. G.
Desenvolvimento sustentável para
propriedade rural com tecnologia de
utilização de plantas aquáticas. Anais do
VI Congresso Brasileiro de Defesa do Meio
Ambiente. Clube de Engenharia, Rio de
Janeiro. 2000.
ROQUETE PINTO, C. L. e LIMA, R.
M. Utilização de jacinto d´água
para obtenção de proteína de
ração animal. Wetland. 1998.
ROQUETE PINTO, C. L.,
CAÇONIA. A e SOUZA, M. M.
Utilization of water hyacinth for
removal and recovery of silver
from indrustrial wastewater.
Water Science Technology, 19
(10), 89-101. 1987.
ROQUETE PINTO, C. L.,
RUTMAN,R., RISSO,L.
Levantamento ambiental e
utilização da planta aquática
aguapé para sistemas de
tratamento de águas. Anais do
Second InternationalSeminar on
the Environmental Problems of
Urban Center, São Paulo. 1993.
C ARMEM L ÚCIA R OQUET TE P INTO
A especialista em tecnologia
Ambiental Carmem Lúcia Roquette
Pinto é pioneira na utilização de
plantas aquáticas para limpeza de
águas poluídas e aproveitamento
da biomassa dessas plantas para
obtenção de produtos de valor co-
mercial, o que a levou ao desen-
volvimento de projetos integrados
de sustentabilidade. Tais projetos
têm como foco a geração de em-
prego e renda.
Na década de 80 a pesquisadora
atuou como coordenadora do Nú-
cleo de Tecnologia Ambiental
(NUTA) do Instituto Nacional de
Tecnologia, órgão do Ministério da
Ciência e Tecnologia.
Atualmente Carmem Lúcia trabalha
como consultora em projetos na
área sócio-ambiental.

5
INFORMATIVO RECICLOTECA Nº 27 - OUTUBRO, NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2003
 Notícias
HONDA TRANSFORMA PÓ METÁLICO EM
PEÇAS E DIMINUI PRODUÇÃO DE RESÍDUOS
O Brasil conta com a primeira unidade da Honda fora do
Japão a possuir uma unidade de sinterização, inaugura-
da recentemente, na Moto Honda da Amazônia, em
Manaus, AM. A sinterização é um processo que utiliza
tecnologia inovadora na transformação de pó metálico
em novas peças. Com investimentos da própria unidade
brasileira, a chamada ”metalurgia do pó” foi incorpora-
da em etapas, ocorrendo, para tanto, treinamento de um
grupo de brasileiros nas unidades japonesas. Após a insta-
lação da infra-estrutura necessária com 140 metros qua-
drados de área e capacidade para produzir 1,6 milhões de
peças/ano, o sistema agilizará o processo de fabricação
em larga escala de componentes com formas complexas e
reduzirá o lançamento de resíduos cerca de 92%. Segun-
do a empresa, estas peças abastecerão primeiramente o
mercado interno, mas existe a expectativa de se produzir
um excedente para exportação, em curto prazo. [Meio
Ambiente Industrial nº 44, setembro/outubro de 2003.]
ATLAS ARRECAD
ARRECADAA MA TERIAL PPARA
MATERIAL ARA
PROJETO DE RECICLAGEM
Há mais de dois anos a Atlas Schindler – empresa que
desenvolve, fabrica, e faz a manutenção de elevadores,
escadas e esteiras rolantes – começou um projeto de arre-
cadação de materiais recicláveis no estado de São Paulo,
nas cidades de Londrina e Curitiba (PR) e em Porto Alegre
(RS). A quantidade de material coletado pelo projeto já
totaliza 180 toneladas, desde o seu início. O programa
visa a conscientização dos processos de reciclagem e preser-
vação ambiental, além de oferecer um poderoso diferen-
cial de mercado em relação aos concorrentes. Além de pa-
pel e plástico, as pilhas estão sendo recolhidas desde julho
deste ano. O projeto não tem nenhum tipo de custo para
a organização que, em troca dos materiais recicláveis en-
viados, recebe produtos como blocos de anotação, cartões
de boas festas, porta copos, coletores de mesa e kits esco-
lares, os quais são distribuídos para instituições carentes
de Londrina, configurando-se, assim, como uma permuta
de materiais entre empresas. O sucesso do projeto pode ser
observado não só pela quantidade de material arrecada-
do, mas pela adesão espontânea de seus colaboradores.
Uma pesquisa da empresa revelou que 97% dos funcio-
nários estão satisfeitos com o programa, fato que se com-
prova quando os mesmos trazem das próprias casas jor-
nais, revistas e listas telefônicas para reciclar, dando assim
mais fôlego ao projeto. Devido ao grande retorno que o
programa gerou, a Atlas Schindler pretende implementar
o programa de reciclagem em todas as suas unidades.
[Meio Ambiente Industrial nº 44, set/out 2003.]
O LIXO QUE VIRA LUXO
Goiânia, GO - Lixo que vira lixo. Este é o nome de um dos
19 projetos vencedores do Prêmio Incentivo à Educação
Fundamental 2003. Espalhar lixo pela sala de aula e pela
escola era um costume muito freqüente entre as crianças
da Escola Municipal em Niquelândia, Goiás. Para mudar
os hábitos das crianças, as professoras Eliene Maria Ferreira
e Aparecida Maria do Nascimento investiram em um tra-
balho de conscientização e reciclagem de lixo. Com o papel
reciclado, o que antes era lixo se transformou em livros de
poesia. ‘Mudou a cultura, os alunos têm mais consciência,
não jogam mais papéis pelo chão das salas e pátio da
escola’, comentou a coordenadora pedagógica da escola,
Marinês da Costa. As professoras e os outros vencedores do
6
prêmio estarão em Brasília no próximo dia 15 para as come-
morações do dia do professor. Na oportunidade, cada um
receberá cinco mil reais; certificado da Fundação Bunge, que
é parceira do Ministério da Educação no projeto; diploma de
honra ao mérito; viagem e estada na capital federal duran-
te quatro dias. (De Brasília, Thalya Mortoza) [
www.saneamentobasico.com.br, 02/10/2003.]
PARANÁ LANÇA PROGRAMA PPARA
ARA
ELIMINAR OS LIXÕES
No dia 11 de novembro o Paraná lançou o programa
“Desperdício Zero”, que tem como meta eliminar os lixões
que ainda existem em 188 cidades do estado, substituindo-
os por aterros sanitários. A expectativa é reduzir em 30% o
volume de lixo produzido em todo o Paraná nos próximos
três anos. Esta é uma resolução do Ministério do Meio
Ambiente e do Conama, e o Paraná é o primeiro estado a
estabelecer essa medida em parceria com os municípios para
tentar eliminar os lixões. O programa visa evitar o desperdício,
reaproveitando matérias-primas por meio de parceria com a
iniciativa privada. O governo do estado está investindo cerca
de R$12,7 milhões no programa, que se diferencia dos demais
existentes no país porque inclui a capacitação de gestores
municipais para operar os aterros e assegurar o seu correto
manejo. Prefeitos de 120 municípios estiveram presentes ao
lançamento no Palácio Iguaçu, onde assinaram o termo de
adesão, se comprometendo a entrar com 25% dos recursos
que serão investidos para a construção dos aterros sanitários
e com a doação da área para construção do aterro. [Agência
Brasil em 11/11/03.]
CAMETÁ GANHA
USINA DE RECICLAGEM
No dia 21 de novembro foi assinado convênio entre a
prefeitura de Cametá, no Nordeste do Pará, e a gerência de
relações externas da Albrás para a construção de uma usina
de reciclagem de lixo no município. O valor do convênio é de
R$ 700 mil e será usado na construção da usina que terá
capacidade de reciclar 30 toneladas de lixo por dia. A
construção começa em dezembro e o início das atividades
está previsto para o mês de março de 2004. Além da
reciclagem, a usina vai gerar outros benefícios como a
melhora da qualidade de vida em Cametá e a geração de
empregos para cerca de vinte famílias que vão trabalhar na
comercialização de produtos reciclados. Também será
produzido adubo orgânico para ser usado nas hortas
integrantes do projeto “Nosso Lixo Tem Futuro”. Segundo
a gerência da Albrás, a construção da usina contará com
mão-de-obra local, mesmo que a empresa, contratada
através da licitação, não seja do município. Cametá é a sexta
cidade beneficiada com a construção de usinas de reciclagem.
Os municípios de Barcarena, Abaetetuba, Moju, Igarapé-Miri
e a Vila dos Cabanos já foram beneficiados.
[www.amazonia.com.br, dezembro/2003.]
COMUNIDADE DE GOIÂNIA FABRICA
TELHAS RECICLADAS
A vida de cinco bairros carentes do setor Leste de Goiânia que
abriga cerca de 2500 residências mudou por completo. O
Instituto Dom Fernando, braço da Sociedade Goiana de
Cultura, uma entidade da Arquidiocese de Goiânia, através
do Projeto Meia Ponte, criou o Núcleo Industrial de
Reciclagem, hoje administrado pela Cooperativa de
Reciclagem de Lixo (COOPREC), onde trabalham moradores
da região. Criada em março de 1998 a COOPREC já se firmou
como uma pequena empresa que transforma diariamente
10 toneladas de lixo em matérias-primas para outras
INFORMATIVO RECICLOTECA Nº 27 - OUTUBRO, NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2003
indústrias, além de confeccionar produtos acabados como
telhas recicladas e adubo orgânico. O faturamento mensal
varia de R$ 30 mil a R$ 40 mil, o que representa, depois de
descontadas todas as despesas, uma renda mensal entre R$
190,00 a R$ 280,00 para cada um dos 50 cooperados. O
investimento total do projeto foi de R$ 600 mil, financiados
com recursos do Ministério do Meio Ambiente. Apesar do
alcance social o projeto não é assistencialista, pois busca a
auto-sustentação em todos os níveis. Pela tarefa de coletar
o lixo reciclável a cooperativa recebe R$ 6 mil, pagos
mensalmente pela Prefeitura de Goiânia. O lixo orgânico
sofre um processo natural de fermentação (com a
contribuição de minhocas, criadas na própria usina), e acaba
virando húmus, adubo de alta qualidade, adquirido
principalmente pela prefeitura e empresas locais de
jardinagem. Já o lixo seco é enviado para a usina de
reciclagem, onde passa por uma triagem inicial. O plástico
polietileno é transformado em grânulos, com alta e baixa
densidade, ideal para a fabricação de mangueiras, garrafas
e sacos plásticos. O vidro e o metal são separados e vendidos
como sucata para indústrias de vários pontos do país. Já os
derivados de celulose vão para a fábrica de telhas, resultando
no produto mais rentável da COOPREC. Tecnologia de
origem argentina, o produto é chamado de telha reciclada
fibroasfáltica e é feito a partir da mistura de papel fino,
papelão e água. Pode ser instalado em residências, galpões
industriais e agrícolas, tapumes de obras e edificações
comerciais. [CEMPRE Informa nº 47, Ano VII, set/out-2003.
Veja também matéria sobre o tema no Informativo
Recicloteca nº8 – jan/fev/mar-1999.]
GARRAFAS PLÁSTICAS RECICLADAS SÃO
USAD AS PPARA
USADAS ARA EQUIP AMENT
EQUIPAMENT OS
AMENTOS
AGROPECUÁRIOS
Além de diminuir o impacto por meio de sua reutilização,
está em andamento um projeto para os municípios
pernambucanos de Paudalho e São Lourenço da Mata que
visa o emprego de garrafas Pet para produção de equipa-
mentos agropecuários. O projeto prevê também a geração
de trabalho e renda para populações rurais de assentados
e posseiros e catadores nas áreas localizadas no entorno de
barragens destes municípios. O processo de beneficiamento
desenvolvido neste trabalho consiste em utilizar garrafas
Pet na confecção de tanques-rede para criação de peixes e
crustáceos, construção de barcos, fabricação de lanternas
para engorda de ostras, construção de apriscos, bem como
de telas para aviários, telhas para estufas de produção de
mudas e substituição de tubos de PVC na hidroponia. Para
cada tanque-rede de 1 m³, são usados 13 kg de embala-
gens ou seja, 234 garrafas. Em uma área de 1 ha, a quan-
tidade de garrafas que poderá ser destinada na construção
de tanques-rede representa cerca de 130 toneladas. Esta
proposta já começou a ser introduzida em associações e
cooperativas de pequenos agricultores e entre os catadores
de resíduos sólidos. Estes últimos, e em particular aqueles
que trabalham nos lixões, tendem a ser beneficiados ,prin-
cipalmente na venda de produtos com preços melhores que
os estipulados pelo mercado local. Com o aumento do pre-
ço de compra e venda do quilo de embalagens de garrafas
PET, certamente haverá um maior estímulo à coleta. Por
enquanto são beneficiadas pelo projeto três famílias loca-
lizadas às margens da Barragem do Engenho Novo do
Goitá, em São Lourenço da Mata. Os tanques-rede estão
em teste pela Universidade Federal Rural de Pernambuco
(UFRPE), na cidade de Ibimirim, a 350 km de Fortaleza. A
intenção é divulgar os tanques-rede e mostrar sua viabili-
dade e a relação custo/beneficio dos mesmos. [Fonte: Am-
biente Brasil, em 19/11/2003.]

Programa Reciclagem Solidária - Resultados das fases 1 e 2
A atividade de coleta, separação e venda de materiais recicláveis,
embora em expansão no Brasil, ainda enfrenta dificuldades de estruturação.
O Programa Reciclagem Solidária – Cooperativas vem contribuindo com o
resgate da cidadania e melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores da
reciclagem organizados em cooperativas ou associações.
Este projeto tem como âncora o empréstimo de uma prensa enfardadeira
para cooperativas ou associações que trabalham com a coleta e
comercialização de recicláveis. Os materiais compactados em fardos
permitem uma melhor organização do espaço, contribuindo para o aumento
de material coletado. Além disso, percebe-se um aumento no preço de
venda, já que o comprador diminui a quantidade de viagens para buscar o
material, economizando tempo e combustível.
Todos estes dados puderam ser conferidos durante os 19 meses de
atividade do Programa Reciclagem Solidária . A primeira fase do Programa
(fase piloto) teve início em julho de 2002, com a participação de 12 grupos;
a segunda fase foi lançada em maio de 2003 e ainda está em andamento.
RESULTADOS - FASE I
Os resultados da primeira fase do Programa Reciclagem Solidária –
Cooperativas foram mensurados de acordo com informações coletadas
Promover a valorização social através do aumento de renda, já que
se estima que o valor do produto enfardado aumenta em até 40%.
O aumento de renda foi calculado através da comparação de
produtividade entre o mês antes do recebimento da prensa e a média de 9
meses (de setembro de 2002 a maio de 2003). Devemos salientar que, no
início do Programa, em julho de 2002, nem todas as cooperativas estavam
com o espaço pronto para receber a prensa e nem contavam com a energia
trifásica. Por isso, os dados para calcular a média de produção depois da
prensa, começam em setembro, época em que todas as prensas estavam
em funcionamento.
Os dados coletados neste período foram referentes a todos os materiais
que cada cooperativa comercializa. No entanto, os dados divulgados
referem-se à comercialização do PET e da Lata de alumínio. A escolha
destes materiais foi em função da pouca divulgação da coleta de PET em
relação à lata de alumínio, considerando que algumas cooperativas não
faziam coleta deste tipo de plástico.
As médias de aumento do valor dos produtos enfardados e da
rentabilidade das cooperativas podem ser verificadas nos seguintes quadros:
Tabela comparativa de produtividade total no estado do
Rio de Janeiro (setembro de 2002 a maio de 2003)
MÉDIA DE MÉDIA DE
ANTES
EMBALAGENS PREÇO
kg R$ kg R$
PET 52.620 R$0,27 117.185 R$0,53 122,70% 97,94%
Lata de alumínio 3.550 R$2,05 8.732 R$3,10 145,98% 51,06%
Onde R$0,53 e R$ 3,10 representam a média do preço comparado entre set/2002 e maio/2003.
Rentabilidade ANTES (kg x R$) Rentabilidade DEPOIS
R$ 21.484,90 R$ 89.669,67
RENTABILIDADE POR MATERIAL ATÉ MAIO DE 2003
kg x R$
PET R$567.425,31
Lata de Alumínio R$243.619,97
TOTAL R$811.045,28
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Reciclagem Solidária
Na primeira fase, o desempenho das cooperativas, após a
aquisição da prensa, foi acompanhado durante 12 meses com
visitas aos locais de trabalho de cada uma delas. Dois dos 12
grupos participantes não puderam continuar por motivos de
estruturação e organização. As prensas foram repassadas para
grupos já participantes que obtiveram um desempenho acima
do esperado. Embora o encerramento desta fase tenha sido
previsto após a finalização do contrato de seis meses, ou seja
até janeiro de 2003, a equipe do Programa acompanhou o
processo de compra dos equipamentos e o uso dos recursos
para benefício das próprias cooperativas. Este processo
prolongou o contato com as 10 cooperativas até dezembro
de 2003, quando todas elas conseguiram adquirir a prensa.
Todavia, as cooperativas participantes desta fase ainda mantêm
contato com a Recicloteca, já que existe uma necessidade muito
grande de troca de informação.
durante 12 meses, seguindo as diretrizes dos seguintes
objetivos traçados no projeto:
Contribuir para o resgate da cidadania e melhoria da
qualidade de vida dos grupos e comunidades adjacentes.
Por ser uma atividade pouco reconhecida, são muitas as
dificuldades que os grupos que trabalham com coleta e
comercialização de recicláveis enfrentam, seja por falta de
apoio oficial ou falta de organização e informação. A cessão
da prensa para 12 grupos representou um incentivo
significativo diante desta realidade. Um exemplo disto é que
durante o andamento do Programa foram percebidos os
esforços destes grupos para a troca de informações entre si,
tentando dar apoio uns aos outros. Isto demonstra que a cessão
da prensa foi o elo que possibilitou uma rede solidária criada
por iniciativa das próprias cooperativas.
Outra forma de contribuir com a melhoria da qualidade de
vida dos grupos participantes do Programa foi a venda da
prensa hidráulica pelo preço simbólico de R$1.015,00 (mil e
quinze reais) correspondente a 10% do valor total. As formas
de pagamento sugeridas foram: à vista ou parcelado em três e
seis vezes sem acréscimo. Desta forma, todas as cooperativas
puderam comprar a prensa. O valor arrecadado desta venda
foi revertido em benefícios para cada grupo. Cada um deles
apresentou uma proposta para o uso do dinheiro, apontando
as suas necessidades específicas, de acordo com o montante
INCREMENTO
disponível. Dentre as necessidades apontadas estão: cursos
kg R$ de alfabetização para cooperados, curso de artesanato com
recicláveis e a aquisição de equipamentos adicionais como
balança ou carrinhos de carga, entre outros.
Reduzir o volume de lixo que é levado pela
municipalidade para o destino final (aterros).
INCREMENTO
Considerando as quantidades coletadas de PET e lata de
317,36% alumínio de setembro de 2002 a maio de 2003, podemos
enfatizar a importância do papel das cooperativas no processo
da reciclagem. Nos quadros a seguir são apresentadas as
quantidades que deixaram de ir para aterros sanitários, lixões
e outros lugares inadequados.
Total de embalagens PET coletadas (set-2002 a maio-2003) 1.054.666 kg
Total de lata de alumínio coletadas (set-2002 a maio-2003) 78.590 kg
7
 Reciclagem Solidária Para saber mais sobre o Programa visite
www.recicloteca.org.br/reciclagemsolidaria.

RESULTADOS - FASE II
A segunda fase do Programa Reciclagem Solidária –
Cooperativas continuou suas atividades no Estado do
Rio de Janeiro com a escolha de mais sete grupos. Além
disso, o Programa foi levado para o Rio Grande do Sul,
Mato Grosso, Distrito Federal e Espírito Santo, somando
mais cinco grupos beneficiados.
Os resultados a seguir foram calculados de acordo
com as informações coletadas no período de junho de
2003 a dezembro de 2003, para o estado do Rio de
Janeiro, e de julho a dezembro, nos demais Estados. Os
resultados refletem as quantidades de PET e latas de
alumínio, embora a prensa seja usada para compactar
outros materiais recicláveis como plástico rígido, plástico
filme, papelão, longa vida, entre outros.

ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ESTADO OUTROS ESTADOS
ESTADOS
Tabela comparativa de produtividade total no estado do Tabela comparativa de produtividade total em MT, ES, RS, DF
Rio de Janeiro (junho a dezembro de 2003) (julho a dezembro de 2003)
MÉDIA DE MÉDIA DE MÉDIA DE MÉDIA DE
ANTES INCREMENTO ANTES INCREMENTO
EMBALAGENS PREÇO EMBALAGENS PREÇO
kg R$ kg R$ kg R$ kg R$ kg R$ kg R$
PET 8.898 R$0,47 10.987 R$0,66 23,48% 40,12% PET 12.005 R$0,43 18.630 R$0,46 55,19% 7,36%
Lata de alumínio 4.428 R$3,04 5.204 R$3,10 17,52% 2,02% Lata de alumínio 1.643 R$2,35 1.695 R$2,46 3,16% 4,75%

Rentabilidade ANTES (kg x R$) Rentabilidade DEPOIS INCREMENTO Rentabilidade ANTES (kg x R$) Rentabilidade DEPOIS INCREMENTO

R$ 17.643,18 R$ 23.375,75 32,49% R$ 9.023,20 R$ 12.773,45 41,56%

RENTABILIDADE TOTAL ATÉ DEZEMBRO DE 2003 RENTABILIDADE TOTAL ATÉ DEZEMBRO DE 2003
kg x R$ kg x R$
PET R$44.566,55 PET R$41.511,39
Lata de alumínio R$92.600,07 Lata de alumínio R$21.073,38
TOTAL R$137.166,62 TOTAL R$62.584,77

A quantidade total de PET e lata de alumínio
que foram encaminhadas para reciclagem
pelas cooperativas da fase II podem ser
visualizadas a seguir:
Total de embalagens PET coletadas
(jun/dez-2003): 188.692 kg
Total de latas de alumínio coletadas
(jun-dez-2003): 46.598 kg
As prensas desta fase do Programa serão
vendidas seguindo os critérios da fase
anterior. O inicio do pagamento está
previsto para março de 2004 para os grupos
de fora do RJ e para maio de 2004 para as
sete cooperativas do Rio de Janeiro.
O Programa Reciclagem Solidária –
Cooperativas é um projeto que
apresentou resultados positivos num curto
espaço de tempo, tanto em termos de
produção e comercialização de materiais,
quanto de socialização entre os grupos
participantes.
A equipe da Recicloteca, durante este
período de realização do projeto, deu
orientações, sempre que necessário e
manteve uma constante pesquisa voltada
às necessidades das cooperativas. Além
disso, promoveu a divulgação do trabalho
destes grupos em reuniões com o governo
local, seminários, feiras de reciclagem e
outros eventos dentro e fora do Estado.
Houve um aumento significativo de grupos
interessados em fazer parte do Programa tanto
na região metropolitana da cidade do Rio de
Janeiro e outros municípios do interior do Estado,
quanto no resto do Brasil.
Instituições representativas da indústria da
reciclagem e empresas recicladoras têm mostrado
interesse crescente em conhecer o Programa no
intuito de estudar propostas de trabalho com as
cooperativas participantes.
Embora a primeira fase deste projeto tenha
sido encerrada, o contato com as cooperativas e
grupos de trabalho com a Recicloteca se mantém
freqüente. É fundamental continuar valorizando
o trabalho destes grupos que só trazem benefícios
para a sociedade de modo um geral.

EQUIPE TÉCNICA : Este é um informativo trimestral elaborado pela equipe

Carla Tavares da Recicloteca. As matérias assinadas são de inteira
Caroline Oliveira responsabilidade do(s) autor(es). É permitida a
Cynthia Souza reprodução total ou parcial deste material, desde que
Daniel Seiferle citada a fonte.
Eduardo Bernhardt O Informativo da Recicloteca é impresso em papel
Francisco Sertã reciclado.
Helen Waldemarin
Marcela Passos Rua Paissandu 362 • Laranjeiras
Nylce Jucá CEP 22210-080 • Rio de Janeiro • RJ
Patrícia Mousinho Telefax: (21) 2552-6393 / 2551-6215
Sonia Hernandez http://www.recicloteca.org.br • consulta@recicloteca.org.br
88 Vera Chevalier
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