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0,2
Boqueirão
0
-0,2 Saquarema
-0,4
-0,6 Mare
Oceanica
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (horas)
0,3 Mombaça
0,2
Jardim
0,1
Altura (m)
0 Boqueirão
-0,1
Saquarema
-0,2
-0,3 Mare
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Oceanica
Tempo (horas)
0,6
0,4
ALTURA (METROS)
0,2
-0,2
-0,4
-0,6
0 1 2 3 4 5 6 7 OCEANO
8 9 10 11 SAQUAREMA
12 13 BOQUEIRÃO
14 15 16 JARDIM
HORAS 17 18 19 20 MOMBAÇA
21
10.4 a 10.8 mostra, claramente, que estas perturbações não são amortecidas de maneira
significativa.
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
Maré Oceânica
1
Altura (m)
0,5
0
0 5 10 15 20 25 30
-0,5
-1
Tempo (dias)
Figura 10.4: Condição de contorno na fronteira aberta com dados de Ponta Negra.
Saquarema
0,6
0,4
Altura (m)
0,2
0
-0,2 0 5 10 15 20 25 30
-0,4
Tempo (dias)
Figura 10.5: Variações do nível na Lagoa de Saquarema com dados de Ponta Negra.
Boqueirão
0,6
Altura (m)
0,4
0,2
0
0 5 10 15 20 25 30
-0,2
Tempo (dias)
Página 24
Figura 10.6: Variações do nível na Lagoa do Boqueirão com dados de Ponta Negra.
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
Jardim
0,5
0,4
Altura (m)
0,3
0,2
0,1
0
-0,1 0 5 10 15 20 25 30
-0,2
Tempo (dias)
Figura 10.7: Variações do nível na Lagoa Jardim com dados de Ponta Negra.
Mombaça
0,6
Altura (m)
0,4
0,2
0
0 5 10 15 20 25 30
-0,2
Tempo (dias)
Figura 10.8: Variações do nível na Lagoa de Mombaça com dados de Ponta Negra.
O volume de água do mar que entra e sai do sistema lagunar devido à maré e às
variações aleatórias do nível do mar estão representados nas Figuras 10.9 e 10.10,
respectivamente. Pode-se observar que cada ciclo de maré envolve cerca de 18% do volume
médio do sistema lagunar, considerando-se uma maré de sizígia com 0,5 m de amplitude.
Quando representamos as variações de longo período (aproximadamente seis dias), o volume
envolvido é da mesma ordem de grandeza do volume médio.
2,60E+07
Volume total(m3)
2,40E+07
2,20E+07
2,00E+07
Página 25
1,80E+07
1,60E+07
1,40E+07
8,74
9,46
9,82
10,2
10,5
10,9
11,2
11,6
11,9
12,3
12,6
13,4
13,7
14,1
14,4
14,8
15,1
15,5
15,8
16,2
16,5
16,9
17,2
17,6
18,3
18,7
19,4
19,7
20,1
20,4
20,8
21,1
21,5
21,9
22,2
22,6
22,9
13
18
19
8,4
9,1
dias
Figura 10.9: Trocas de água entre o sistema lagunar e o oceano, devido à maré.
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
4,50E+07
3,50E+07
3,00E+07
2,50E+07
2,00E+07
1,50E+07
1,00E+07
5,00E+06
0,00E+00
5,1
7,3
0,72
1,46
2,18
2,92
3,64
4,38
5,84
6,56
8,02
8,74
9,48
10,2
10,9
11,7
12,4
13,1
13,9
14,6
15,3
16,8
17,5
18,2
19,7
20,4
21,1
21,9
22,6
23,3
24,1
24,8
25,5
26,2
27,7
28,4
29,2
29,9
0
16
19
27
dias
Figura 10.10: Trocas de água entre o sistema lagunar e o oceano, devido à maré e à
componente aleatória do nível médio do mar.
Níveis extremos.
Para o prognóstico de níveis extremos dentro do sistema lagunar, foram considerados
os resultados da Tabela 10.1, obtidos com o modelo 1D, e do estudo de probabilidade de
eventos extremos da componente aleatória do nível do mar.
Neves Filho (1992), através da análise de séries de longo período do nível do mar,
apresentou a distribuição dos desvios entre as alturas de maré previstas e observadas, para os
dados da Ilha Fiscal-RJ. Assumindo-se que a maré permanece com grande amplitude por 4
dias durante a sizígia, pode-se determinar a probabilidade conjunta destes eventos,
mutuamente exclusivos, pelo produto das probabilidades de cada evento (Figura 10.11).
3,0
2,5
Freqüência (%)
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
-10-0 0-10 10-20 20-30 30-40 40-50 50-60 >60
Porém, como a metodologia de análise dos dados, no trabalho citado, foi adequada para
outro propósito, foi analisada uma série mais recente (1999), para o mesmo local,
determinando-se os desvios do nível médio horário em relação ao nível médio anual (Figura
10.12). Desta forma, os resultados ficam independentes do nível de redução (NR) e da maré
prevista. A comparação dos resultados só pode ser feita através de um estudo das variações do
nível médio anual de 1986 até 1999. Apesar desta deficiência, é prudente considerar o
intervalo de classe >60 para garantir uma margem de segurança nos prognósticos.
Através dos resultados para os anos de 1979-86, verificamos que trata-se de um nível
que pode ocorrer 1 vez ao ano. Assumindo preamar de sizígia e desvio de 0,60 m
encontramos os valores de 0,87 e 0,77 para a Lagoa de Fora (Saquarema) e para Lagoa de
Mombaça, respectivamente. Já que o nível atual da lagoa encontra-se a 0,40 m acima do
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4,50
4,00
3,50
Freqüência (%)
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
-40-30 -30-20 -20-10 -10-0 0-10 10-20 20-30 30-40 40-50 50-60 >60
Através dos resultados para os anos de 1979-86, verificamos que trata-se de um nível
que pode ocorrer 1 vez ao ano. Assumindo preamar de sizígia e desvio de 0,60 m
encontramos os valores de 0,87 e 0,77 para a Lagoa de Fora (Saquarema) e para Lagoa de
Mombaça, respectivamente. Já que o nível atual da lagoa encontra-se a 0,40 m acima do
datum vertical de Imbituba e considerando-se a ocorrência de crustáceos sésseis nas margens
de substrato rochoso, na Lagoa de Mombaça, com uma faixa de 0,40 m de altura acima do
nível atual, temos 0,80 m de nível observado. Isto significa que os níveis extremos previstos
após a obra, praticamente não ultrapassarão aqueles que já ocorrem quando a barra é aberta
com os métodos atuais.
As simulações com o modelo de transporte para o prognóstico da diluição da água do
mar, parâmetro que promove a diversidade específica característica de um ambiente estuarino
saudável, foram conduzidas de maneira que representassem extremos a partir da situação
atual. Isto foi necessário já que este parâmetro é controlado, principalmente, por fatores que
não dependem da obra e os altos valores atuais mostram que, mesmo com a barra fechada, a
evaporação e a infiltração de água do mar, influenciam fortemente a distribuição de
salinidade, durante os períodos de estiagem. Desta forma pode-se esperar que, na realidade, as
condições de diluição apresentem maiores gradientes de salinidade. A prancha 10.3 mostra
uma condição extrema, com valores de 12 a 35 UPS, do interior até a Lagoa de Fora.
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11.1. Introdução
flora e fatores ambientais de algumas lagunas do Estado do Rio de Janeiro, estando incluída
no estudo a laguna de Saquarema.
As restingas possuíam uma rica e variada fauna no passado. Como prova disso, restam
os topônimos no litoral: Jacarepaguá (lagoa dos jacarés), Camorim (dos robalos), Guaratiba
(lagoa dos guarás), Sernambetiba (sítio dos sernambis), Araruama (viveiro de lontras).
Segundo Maciel (1984), a fauna no passado era rica, com presença de várias espécies de
mamíferos, répteis e aves. No presente, após a ocupação humana, com a realização de aterros,
loteamentos e desmatamentos, as espécies mais representativas foram sendo expulsas do seu
habitat natural.
Para o Estado do Rio de Janeiro, o conhecimento da flora e da vegetação ainda sofre
com grandes lacunas apesar das grandes listas florísticas.
Ocupando uma área de transição entre ecossistemas (ecótones), a laguna de Saquarema
apresenta no seu entorno uma vegetação típica de restinga com intrusões de manguezais. Com
relação a sua composição florística, as restingas ainda não são bem conhecidas. Segundo os
trabalhos de Araújo (1984), as restingas foram dividida em 12 comunidades vegetais,
baseadas nas distribuições dos grupos florísticos para as restingas do Estado do Rio de
Janeiro, também descritas pelos trabalhos de Rizzini (1979).
A vegetação no entorno da laguna de Saquarema, segundo Araújo (1984), se enquadra
nos seguintes grupos florísticos: Brejo herbáceo e Floresta permanentemente inundada.
Segundo Kneip et al (1995), a cobertura vegetal remanescente da região do recôncavo de
Saquarema foi classificada em cinco grupos: Floresta ombrófila densa, Floresta de baixada,
Floresta inundada e Brejo herbáceo e ainda vegetação de restinga.
De acordo com Araújo (1984), o primeiro estudo de fitogeografia no Brasil, realizado
por Martius, dividia o território brasileiro em cinco províncias botânicas de modo muito
generalizado, não separando a zona marítima numa província a parte. Outro tratado
fitogeográfico, o de Egler, publicado no início deste século, dividiu o mundo em províncias
naturais, baseado principalmente nos tipos de vegetação. Ele não tratou, porém, de
particularidades regionais, deixando de incluir entre suas quatro zonas da província Sul-
Americana uma zona separada para a região do litoral (Loefgren, 1896).
Aparentemente, o primeiro a denominar uma zona do litoral na sua divisão
fitogeográfica foi Wappaeus (1884), que incluiu a planície com dunas e mangues e também as
florestas atlânticas.
Rodrigues (1903), analisando a distribuição das palmeiras no Brasil, também incluiu o
litoral e as serras numa mesma categoria (Zona Marina), reconhecendo diferenças entre a
faixa tropical (da Bahia para o Norte) e Sub tropical (da Bahia até o Rio Grande do Sul).
Em seu tratado de Fitogeografia do Brasil, Rizzini (1979) descreve cinco formações
vegetais que ocorrem nas planícies litorâneas brasileiras: comunidades halófilas de praias,
“thickets” esclerófilas litorâneas, florestas paludosas, comunidades hidrófilas das depressões
entre cordões e margens de lagoas de restingas e de savanas litorâneas (restritas ao Sul da
Bahia).
Página 29
11.3. Resultados
Página 32
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
11.4. Discussão
Flora
Após o período de coleta e observações, foi possível constatar que a vegetação no
Página 33
entorno da laguna corresponde à caracterização proposta por Araújo (1984), realizada com
base no Tratado Fitoecológico de Rizzini (1979).
De acordo com levantamento feito por Mendes et al (1980) na laguna de Saquarema,
pode-se caracterizar a vegetação do entorno da laguna como vegetação da faixa litorânea e
vegetação de mangue, citando a espécie Rhizophora mangle e a vegetação de baixada
composta basicamente pela espécie Typha dominguensis, Tabebuia sp e Cyperus giganteus.
Segundo a análise florística realizada por Araújo (1984) nas restingas do Estado do
Rio de Janeiro, no que diz respeito as espécies que habitam as comunidades de brejo herbáceo
e florestas inundadas na região de Maricá e Araruama (lagunas geográficamente próximas à
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
vegetal. Essa região tornou-se problemática posteriormente devido às invasões e por causa do
lixo trazido pelas marés de sizígia.
Fauna
Com base nos trabalhos de Maciel, (1984); Kneip, (1994 & 1997); Oliveira, et al
(1955), foi possível constatar que a fauna de mamíferos, aves, répteis e anfíbios ainda
contribui com exemplares no entorno da laguna. Pode-se observar que os mamíferos, répteis e
anfíbios que têm seu habitat próximo ou no perímetro lagunar, na maioria das vezes, transitam
entre a restinga, laguna e florestas no entorno da laguna em busca de alimento, sendo muitas
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
vezes flagrados transitando pelas ruas que margeiam a laguna, principalmente à noite, onde
são atropelados por veículos e se tornam presas fáceis para o homem.
Atualmente, não é mais possível encontrar na região o Porco do Mato (Tayassuidae),
a Onça (Felidae) e Veados (Cervidae), como menciona Kneip (1997) no levantamento da
fauna pretérita de Saquarema. Porém, através das observações de campo, foi possível
constatar a presença de gambás, lontra, cobras, lagartos, sapos , pererecas e rãs na vegetação
brejo-herbácea estudada no entorno da laguna.
Nesta região, foram encontradas outras espécies importantes, pertencentes à
avifauna, que nidificam na vegetação do entorno, principalmente os socós, jaçaná, galinha
d`água, biguá, saracuras, freirinha entre outros. Essas aves têm nesta vegetação seu habitat
natural, com farta alimentação e locais propícios para sua proteção, devendo ser lembrado que
a região no entorno da laguna, apresenta-se como área de refúgio e dormida para outras várias
espécies de aves migratórias.
Quanto aos répteis observados na região pode-se assinalar a presença de teiús,
calangos e lagartixas, além de cobras como a coral, jibóia e jararaca assinalados na lista de
espécies que compõem a fauna de restinga proposta por Maciel, (1984) e Kneip, (1997).
Comuns em ambientes antropizados, os lagartos, lagartixas e calangos, são os principais
répteis na região. Os trabalhos de Araújo (1990;1984) assinala que as espécies mais
encontradas na restinga de Maricá são Tupinambis teguixim o (teiú), Tropidurus torquatus
(calango) e Ameiva ameiva (lagarto verde), todos encontrados em Saquarema.
Em relação aos anfíbios, estão largamente distribuídus no entorno da laguna, tanto nos
brejos, rios, alagados e na restinga. As espécies capturadas também constam das espécies
observadas por Maciel,(1984) e Kneip, (1997), para a laguna de Saquarema e restingas
adjacentes.
12. Zooplâncton
Larva de peixe X X - - X - - X - - - -
(Engraulidae)
Larva de peixe - - - - - - - - - - X -
Ovo de Engraulidae X X - X X - X - - X - -
Ovo de peixe X X - - - - - - X - X -
Nauplii X X X X X X X X X X X X
Copepodito X X X X X X X X X X X X
Acartia tonsa X X X X X X X X X X X X
Harpacticoida X X X - X X - - - - - -
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
A abertura do canal seria favorável para as comunidades zooplanctônicas, uma vez que,
traria um enriquecimento com água costeira de aumento de oxigênio, alimentação e outras
espécies poderiam ali sobreviver.
Recomendo, no entanto, que seja feito um monitoramento para se avaliar o efeito dessas
mudanças.
A fauna presente nos sedimentos foi estudada afim de se determinar o estado atual da
população bêntica e os impactos positivos e negativos da abertura da barra de Saquarema
nesta população.
As amostragens de bentos realizadas mostraram uma grande pobreza da macrofauna
bentônica das lagoas analisadas. Os únicos organismos encontrados foram um pequeno
molusco gastrópode- Eleobia australis e o molusco bivalve Anomalocardia brasiliana. O
sedimento de toda a porção nordeste e noroeste da Lagoa de Fora encontrou-se anóxico, sem
presença de macrofauna evidente. A porção sudeste desta lagoa abriga um grande banco de
Anomalocardia brasiliana, que divide a dominância com o gastrópode Eleobia australis.
Informações com pescadores locais e outras observações permitem afirmar, entretanto, que o
siri Calinectes sapidus. e o camarão Penaeus brasiliensis ocorrem na lagoa. Essas espécies já
foram reportadas na literatura sobre a lagoa em épocas passadas. Na Lagoa do Boqueirão
foram coletados somente o gastrópode Eleobia australis e pequenos poliquetos que ficaram
retidos na malha de 0,5 mm. Deve-se enfatizar que devido a exiguidade do tempo disponível,
não foi realizada uma campanha de amotragem exaustiva que permita afirmar sobre a não
ocorrência de outras espécies anteriormente reportadas na literatura sobre a Lagoa de
Saquarema.
Na Tabela 14.1 são apresentados os resultados obtidos para as estações amostradas
nas quais coletou-se organismos da macrofauna bentônica além da Eleobia australis.
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