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O PURGATÓRIO

A idéia do purgatório tem suas raízes no Budismo e noutros sistemas


religiosos da antiguidade. Até a época do Papa Gregório 1, porém, o purgatório não
tinha sido oficialmente reconhecido como parte integrante da doutrina romanista.

Esse papa adicionou o conceito de fogo purificador ao lugar entre o céu e o inferno, para
onde (segundo a crença então corrente) eram enviadas as almas daqueles que não eram tão
maus, a ponto de merecerem o inferno, mas também, não eram tão bons, a ponto de
merecerem o céu. Assim surgiu a crença de que o fogo do purgatório tem poder de purificar
a alma dos seus pecados, até fazê-la apta a se encontrar com Deus.

Alegadas Razões Desse Dogma

Para provar a existência do purgatório, a Igreja Romana apela para algumas


passagens bíblicas, das quais deriva apenas inferências, e nada mais. Entre os
versículos preferidos destacam—se os seguintes:

“Se alguém pra ferir alguma palavra contra o Filho do homem ser—lhe—a
perdoado; mas 8e alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso
perdoado, nem neste mundo nem no porvir (Mt 12.32).

“Diqo-vos que toda palavra frívola que pra ferirem 0s homens, dela dará
conta no dia do juízo (Mt 12.36).

"... se a obra de alguém se queimar sofrera ele dano; mas esse mesmo será
salvo, todavia, como que através do fogo” (1 Co 3.15).

Uma Descrição do Purgatório

De acordo com a teologia romanista, o purgatório além de ser um lugar de


purificação de pecado é também um lugar onde a alma cumpre pena; pelo que o
fogo do purgatório deve ser temido grandemente. O fogo do purgatório será mais
terrível do que todo o sofrimento corporal reunido. Um único dia neste lugar de
expiação poderá ser comparado a milhares de dias de sofrimentos terrenos.
(SPIRITUAL BOUQUET OFFEREV IN PL’RGATORY).

O escritor católico Mazzarellí faz seus cálculos à base de trinta pecados


veniais por dia, e, para cada pecado, um dia no purgatório, perfazendo o
grande total de mil e oitocentos anos, caso o pecador tenha sessenta anos
de vida na terra, devendo-se acrescentar aos veniais os pecados mortais
absolvidos, mas não plenamente expiados.
Quem Vai Para o Purgatório?

A pergunta: Que espécie de gente é que vai para o purgatório? Responde o


Papa Pio IV: “1. As que morrem culpadas de pecados menores — que
costumamos chamar veniais, e que muitos cristãos cometem — e que, ou por
morte repentina ou por outra razão, são chamados desta vida, sem que se
tenham arrependido destas faltas ordinárias. 2. As que, tendo sido
formalmente culpadas de pecados maiores, não deram plena satisfação deles
a justiça divina” (A BASE DA DOUTRINA CATÓL1CA CONTIDA NA
PROFISSÃO DE FÉ).

A despeito do fato das almas no purgatório, segundo o ensino da Igreja


Romana, terem sido já justificadas no batismo e pelo batismo, a justiça divina,
contudo não ficou plenamente satisfeita. Desse modo a alma, embora escape do
Inferno, precisa suportar, por causa dos seus pecados que ainda restam por expiar
depois da morte, a punição temporária do Purgatório. Isso foi categoricamente
afirmado pelo Concilio de Trento: Se alguém disser que, depois de receber a graça
da justificação, a culpa é perdoada ao pecador penitente, e que é destruída a
penalidade da punição eterna, e que nenhuma punição fica para ser paga, ou neste
mundo ou no futuro, antes do livre acesso ao reino ser liberto, seja anátema” (Seção
VI).

Ainda sobre o purgatório, o Concilio de Trento declarou:

“Desde que a Igreja Católica, instruída pelo Espírito Santo, nos sagrados
escritos e pela antiga tradição dos Pais, tem ensinado nos santos concílios, e,
ultimamente, neste Concilio Ecumênico, que há Purgatório, e que as almas
nele retidas são assistidas pelos sufrágios das missas, este santo concilio
ordena a todos os bispos a que, diligentemente, se esforcem para que a salutar
doutrina concernente ao purgatório — transmitida a nós pelos veneráveis pais
e sagrados concílios — seja crida, sustentada, ensinada e pregada em toda
parte pelos fiéis de Cristo” (Seção XXV).

1. Concílio de Trento(1545) A fim de reafirmar a unidade da Igreja Católica, o Papa


Paulo III convocou o Concílio de Trento para organizar a Contra-Reforma. Tal fato
visava: reafirmar que o único texto autêntico para leitura e interpretação da Bíblia
era a Vulgata - tradução latina feita por São Jerônimo no século IV; confirmar os
dogmas e práticas rituais católicos tais como a presença de Cristo na Eucaristia, o
culto à Virgem e aos Santos e os Sete Sacramentos; manter a proibição do
casamento para os padres, criando seminários para formação dos mesmos e
catequizar a América.

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