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° ano
Prof. João Paulo Martinelli
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe
impedimento que não seja casamento anterior:
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser
intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento,
anule o casamento.
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu
conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida
conjugal;
IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne
insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o
seu consorte.
Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a
nulidade absoluta:
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Este delito ocorre quando o agente proclama-se autoridade para a celebração de
casamento. Deve haver demonstração inequívoca desta falsa atribuição. A conduta
incriminada está em atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento.
Por exemplo, o escrivão, que não possui autoridade para celebrar casamento, se
faz passar por juiz de paz.
SIMULAÇÃO DE CASAMENTO
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
“Noiva enganada que pouco antes da cerimônia falsa vem a descobrir a fraude – Vindo a nubente
enganada a tomar conhecimento da falsidade do casamento, ainda que pouco tempo antes da cerimônia,
não há falar no delito do CP” (TACRIM-SP – AC – Rel. Xavier Homrich – JUTACRIM 34/425).
“Registro de nascimento inexistente – Acusado que assim age por erro plenamente justificado
pelas circunstâncias – Co-ré que simulava uma gravidez e meses após convence do nascimento de gêmeos
enviando-lhe fotografia destes – Crianças que teriam nascido durante sua ausência da cidade – Se o réu
cometeu o crime por erro plenamente justificado, supondo uma situação de fato que, se existisse, tornaria a
ação legítima, está isento de pena” (TJSP – AC – Rel. Gonçalves Santana – RT 381/152).
Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-
nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil:
“Crime contra o estado de filiação – ocorrência. Réus que agiram por motivo de nobraze –
Artigo 242, parágrafo único do Código Penal. Recurso parcialmente provido para reconhecer a prática de
delito e conceder o perdão judicial” (TJSP – AC 129.264-3).
“É de ser reconhecido o motivo de nobreza, a que alude o parágrafo único do art. 242 do CP, à
ré, expulsa do lar, grávida de meses e ao desamparo, que preferiu gerar o filho, ao invés de recorrer a
processo abortivo, que seria mais deletério, entregando-o, quando de seu nascimento, aos cuidados de
quem melhor pudesse criá-lo” (TJSP – AC – Rel. Camargo Sampaio – RT 525/334).
Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência filho próprio ou alheio,
ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado
civil:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Neste crime, o agente deixa o menor em asilo não lhe revelando a filiação ou
atribuindo-lhe filiação falsa. Se o abandono se der em local diverso, pode configurar o
crime de abandono de incapaz ou abandono de recém-nascido.
A intenção do agente consiste em prejudicar direito inerente ao estado civil do
filho. Se o abandono não tiver esse fim, também ocorrem as modalidades previstas nos
arts. 133 e 134.
“Não caracterização – Avó que entrega neta ao Juizado de Menores, dizendo que a mesma era
desconhecida e fora deixada em sua casa – Ação despida de dolo específico, pois não teve como escopo
prejudicar direitos relativos ao estado civil, tudo indicando que agira em razão de dificuldades
econômicas – Ocorre que o delito em questão exige para sua configuração o dolo específico. Portanto, o
delito em questão somente poderá ser reconhecido se o elemento subjetivo tiver um fim específico,
mencionado no próprio artigo. No caso em exame, em momento algum ficou demonstrado que a intenção
da ré, ao ocultar a origem da criança entregue, tivesse por escopo prejudicar direitos relacionados ao
estado civil. Ao contrário, tudo indica que a entrega foi feita em razão de dificuldades econômicas e a
ocultação por receio do não recebimento da infante” (TJSP – AC – Rel. Camargo Aranha – RT 542/341).