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A Finalidade da Vinda de Cristo

John Wesley

'Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto
o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo'. (I João 3:8)

1. Muitos escritores eminentes, pagãos, assim como cristãos, nos séculos,


precedentes e recentes, têm empregado todo seu trabalho e habilidade em retratar a
beleza da virtude. E os mesmos esforços têm sido tomados para descrever, nas cores
mais vivas, a deformidade da imoralidade; da imoralidade em geral, e daquelas
específicas, as quais foram mais predominantes, em suas respectivas épocas e regiões.
Com igual cuidado, eles colocaram, sob uma luz mais convincente, a felicidade que
atende a virtude, e a miséria que usualmente acompanha a imoralidade, e sempre a
segue.

Pode-se reconhecer que tratados deste tipo não são totalmente sem seu uso.
Provavelmente, por meio deles, alguns, por um lado, têm sido estimulados a
desejarem e a seguirem em busca da virtude; e alguns, por outro, têm interrompido
sua carreira de imoralidade, -- talvez, reclamando dela, pelo menos, por algum tempo.
Mas a mudança efetuada nos homens, através desses meios, raramente é profunda ou
total: Muito menos, é durável; em um pequeno espaço de tempo, ela desaparece,
como uma nuvem matutina. Tais motivos são muito fracos para superarem as
tentações inumeráveis que nos circundam. Tudo que se possa dizer a respeito da
beleza e vantagem da virtude, e da deformidade, e os efeitos danosos da imoralidade,
não pode resistir, e muito menos superar e remediar um apetite e paixões irregulares.

2. Existe, portanto, uma necessidade absoluta, se, alguma vez, pudermos


subjugar a imoralidade, ou perseverarmos firmemente na prática da virtude, de termos
armas de um tipo melhor do que essas; do contrário, veremos o que é certo, mas não
poderemos alcançá-lo. Muitos homens de reflexão, em meios aos próprios ateus
estiveram profundamente sensíveis disto.

Quão exatamente concordante com as palavras do Apóstolo: (Personalizando


um homem consciente do pecado, mas não ainda o subjugando) 'O bem que eu
poderia, eu não faço; mas o mal que eu não poderia, este eu faço!'. A impotência da
mente humana, mesmo do filósofo romano poderia descobrir: 'Existe em qualquer
homem', diz ele, 'essa fraqueza'; (ele poderia ter dito, esta ferida inflamada) – a sede
pela glória. A natureza indica a enfermidade; mas a natureza não nos mostra remédio'.

3. Nem é de se admirar que, embora eles buscassem por um remédio, ainda


assim, eles não encontraram remédio algum. Porque eles o buscaram onde ele nunca
foi, e nunca será encontrado, ou seja, em si mesmos; na razão, na Filosofia: Em que
não se pode confiar, bolhas, fumaça! Eles não o buscaram em Deus, em quem, tão
somente, é possível encontrá-lo. Em Deus! Não; eles repudiaram totalmente isto; e em
termos mais fortes. Porque, embora Cícero, um de seus oráculos, tenha uma vez
tropeçado sobre aquela estranha verdade: 'Nunca houve algum grande homem que
não tenha sido divinamente inspirado'; ainda assim, no mesmo trato, ele contradiz a si
mesmo, e subverte sua própria afirmativa, por perguntar: 'Quem, alguma vez,
retribuiu a Deus agradecimento pela própria virtude ou sabedoria?'. O poeta romano
é, se possível, mais explícito; quem, depois de mencionar diversas bênçãos exteriores,
honestamente acrescenta: -- Nós perguntamos a Deus, o que ele pode dar ou tomar, --
vida; posses; mas virtuoso eu mesmo me faço.

4. Os melhores deles, tanto buscaram a virtude parcialmente de Deus, e


parcialmente de si mesmos; quanto a buscaram desses deuses que eram, de fato,
diabos, e assim, não igualmente para tornarem seus adoradores melhores do que si
mesmos. Tão sombria foi a luz do mais sábio dos homens, até que a 'vida e
imortalidade fossem trazidas para a luz, através do Evangelho'; até que 'o Filho de
Deus foi manifestado para destruir as obras do diabo!'.

I. Mas quais são 'as obras do diabo', aqui mencionadas?

II. Como 'o Filho de Deus foi manifestado' para destruí-las?

III. E como, de que maneira, e através de que passos, ele atualmente as


'destrói'?

Esses três pontos muito importantes, nós iremos considerar em sua ordem.

1. Quais são as obras do diabo, nós aprendemos das palavras precedentes e


seguintes do texto:

(I João 3:3-6) 'E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si
mesmo, como também ele é puro. Qualquer que comete pecado, também comete
iniqüidade; porque o pecado é iniqüidade. E bem sabeis que ele se manifestou para
tirar os nossos pecados; e nele não há pecado. Qualquer que permanece nele não
peca; qualquer que peca não o viu nem o conheceu'; porque o diabo peca desde o
começo. Para este propósito, foi que o Filho de Deus se manifestou, para que pudesse
destruir as obras do diabo:

(I João 3:8) 'Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o
princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo'.

(I João 3:9) ' Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a
sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus'. De
maneira que parece que 'as obras do diabo', aqui faladas, são os pecados, e os frutos
do pecado.

2. Mas, desde que a sabedoria de Deus dissipou as nuvens que, por tanto
tempo cobriram a terra, e colocou um fim nas conjecturas infantis dos homens,
concernentes à essas coisas, pode ser útil ter uma visão mais distinta dessas 'obras do
diabo'; tanto quanto os oráculos de Deus nos instruem. É verdade que o objetivo do
Espírito Santo foi assistir nossa fé, e não gratificar nossa curiosidade; e, portanto, o
relato que ele tem dado, nos primeiros capítulos de Gênesis é excessivamente breve.
Não obstante, ele é tão claro, que nós podemos aprender do que quer que nos
concerne saber.
3. Para começar do início: 'O Senhor Deus' (literalmente, Jeová, os Deuses; ou
seja, Um e Três) 'criou o homem a sua própria imagem'; -- em sua imagem natural,
como para sua melhor parte; isto é, um espírito, como Deus é um espírito; dotado com
entendimento; que, se não é a essência, parece ser a propriedade mais essencial de um
espírito. Provavelmente o espírito humano, assim como o angelical, discerniu, então, a
verdade, através da intuição. Conseqüentemente, ele nomeou cada criatura, tão logo
ele a viu, de acordo com sua natureza íntima. Ainda assim, o conhecimento era
limitado, já que ele era uma criatura: Portanto, a ignorância era inseparável dele; mas
o erro não era; não parece que ele era um equivoco em qualquer coisa. Mas ele era
capaz de errar; de se iludir, embora não fosse compelido a isto.

4. Ele era dotado também com a vontade, com as várias afeições; (que são
apenas a vontade manifestando-se de várias maneiras), para que possa amar, desejar, e
deleitar-se no que fosse bom: Do contrário, seu entendimento não teria tido propósito.
Ele era igualmente dotado com a liberdade; o poder de escolher o que é bom, e
recusar o que não é. Sem isto, ambos, a vontade e o entendimento, poderiam ter sido
absolutamente inúteis. De fato, sem a liberdade, o homem teria estado longe de ser um
agente livre; de tal modo que ele não poderia ter sido um agente, afinal. Porque toda
existência, não livre, é puramente passiva; não ativa, em qualquer grau. Você tem uma
espada em sua mão? Um homem, mais forte do que você poderia prendê-lo, e forçá-lo
a ferir uma terceira pessoa? Nisto, você não seria o agente; não mais do que sua
espada: A mão é tão passiva, quanto o aço. Assim é, em todo caso possível. Ele que
não é livre, não é um agente, mas um paciente.

5. Portanto, parece que cada espírito no universo, como tal, é dotado com
entendimento, e, em conseqüência, com uma vontade, e com uma medida de
liberdade; e que esses três são inseparavelmente unidos em cada natureza inteligente.
Liberdade forçada, ou dominada, não é liberdade, afinal. É uma contradição em
termos. É o mesmo que liberdade não livre; ou seja, inequívoco contra-senso.

6. Pode ser observado, mais além, (e é uma observação importante) que onde
não existe liberdade, não pode haver boa ou má moral; nenhuma virtude, ou
depravação. O fogo nos aquece; ainda assim, não é capaz de virtude. Ele nos queima;
ainda assim, não é depravação. Não existe virtude, mas onde criatura inteligente
conhece, ama, e escolhe o que é bom; nem existe alguma imoralidade, mas onde tal
criatura conhece, ama, e escolhe o que é mal.

7. E Deus criou o homem, não apenas à sua imagem natural, mas igualmente, à
sua imagem moral. Ele o criou não apenas 'no conhecimento', mas também na retidão
e santidade verdadeira. Como seu entendimento foi sem mancha, perfeito em sua
espécie; assim, foram todas as suas afeições. Elas foram todas corrigidas, e
devidamente exercitadas em seus objetivos apropriados. E como um agente livre, ele
escolheu firmemente o que era bom, de acordo com a direção de seu entendimento. E
em fazer isto, ele foi inexplicavelmente feliz; habitando em Deus, e Deus nele; tendo
uma camaradagem ininterrupta com o Pai e o Filho, através do Espírito eterno; e o
contínuo testemunho de sua consciência, para que todos os seus caminhos fossem
bons e aceitáveis para Deus.

8. Ainda assim, sua liberdade (como foi observado antes), necessariamente,


incluiu o poder de escolher ou recusar o bem e o mal. De fato, tem-se duvidado que o
homem pudesse, então, escolher o mal, sabendo que ele é tal. Mas não se pode
duvidar que ele possa tomar o mal pelo bem. Ele não era infalível; portanto, não era
impecável. E isto se esclarece na dificuldade total da grande questão: 'Como o mal
entrou no mundo?'. Ele veio de 'Lúcifer, filho da manhã'. Foi obra do diabo. 'Porque o
diabo'¸ diz o Apóstolo, 'pecou, desde o início'; ou seja, ele foi o primeiro pecador no
universo, o autor do pecado, o primeiro ser que, através do abuso de sua liberdade,
introduziu o mal na criação. Ele foi um dos primeiros, se não, o primeiro arcanjo que
se permitiu tentar, ao pensar mais altamente de si mesmo. Ele livremente entregou-se
à tentação; e deu caminho, primeiro, ao orgulho, então, à vontade própria. Ele disse:
'Eu me sentarei nos lados do norte: Eu seria como o Altíssimo'. Ele não caiu sozinho,
mas logo carregou consigo uma terceira parte das estrelas do céu; em conseqüência do
que, elas perderam sua glória e felicidade, e foram dirigidas para fora de sua habitação
anterior.

9. 'Tendo grande ira', e, talvez, inveja da felicidade das criaturas a quem Deus
havia recém criado, não é de se estranhar que ele pudesse desejar e se esforçar para
privá-las dela. Com este objetivo, ele se ocultou na serpente, que era a mais sutil, ou
inteligente de todas as criaturas brutas; e, desta forma, a menos propensa a levantar
suspeita. De fato, alguns supõem (não improvavelmente) que a serpente foi, então,
dotada com alguma razão e linguagem. Não tivesse Eva sabido que ela era, teria
admitido alguma conferência com ela? Como o Apóstolo observa que ela teve. Para
enganá-la, satanás misturou a verdade com a falsidade: -- 'Deus não disse que você
podia comer de toda a árvore do jardim?' – e logo depois, a persuadiu a desacreditar
de Deus, por supor que seu trato não poderia ser cumprido. Ela, então, ficou propensa
a toda a tentação: -- Ao 'desejo da carne'; porque a árvore era 'boa para o alimento':
Ao 'desejo dos olhos'; porque ela era 'agradável a estes': E ao 'orgulho da vida';
porque ela era 'desejável para tornar alguém sábio', e, conseqüentemente, honrado.
Então a descrença gerou o orgulho: Ela se considerou mais sábia do que Deus; capaz
de encontrar um caminho melhor para a felicidade do que Deus a havia ensinado. Ela
gerou a vontade própria: Ela estava determinada a fazer a sua própria vontade, e não a
vontade Dele que a fez. Ela gerou os desejos tolos; e completou a todos, através do
pecado exterior: 'Ela tomou do fruto, e o comeu'.

10. Ela, então, 'deu ao seu marido, e ele comeu'. E, naquele dia; sim, naquele
momento, ele morreu! A vida de Deus foi extinta de sua alma. A glória partiu dele. Ele
perdeu toda a imagem moral de Deus, -- a retidão e a santidade verdadeira. Ele era
impuro; e era infeliz; ele era cheio de pecado; cheio de culpa e medos torturantes.
Separado de Deus, e olhando a si mesmo agora como um Juiz cruel, 'ele teve medo'.
Mas, como seu entendimento foi enegrecido, ao pensar que ele poderia 'esconder-se
da presença de Deus, em meio às árvores do jardim!'. Assim, sua alma foi totalmente
morta para Deus! E, naquele dia, seu corpo igualmente começou a morrer, -- tornou-se
odioso para a fraqueza, doença e dor; todas preparatórias para a morte do corpo, que,
naturalmente, conduz à morte eterna.

II

Tais eram 'as palavras do diabo'; pecado e seus frutos; considerados em sua
ordem e conexão. Nós, em Segundo Lugar, vamos considerar como Filho de Deus foi
manifestado com o objetivo de destruí-las.
1. Ele foi manifestado como o único Filho Unigênito de Deus, em glória e
igual com o Pai, para os habitantes dos céus, antes e quando da fundação do mundo.
Essas 'estrelas da manhã cantaram juntas'; todos esses 'filhos de Deus gritaram de
alegria', quando eles o ouviram pronunciar: 'Haja luz; e houve luz'; -- quando ele
'espalhou o norte sobre o espaço vazio', e 'estendeu os céus como uma cortina'. De
fato, foi uma crença geral na Igreja primitiva, que o Deus Pai, não teria visto, nem
poderia ver; que de toda a eternidade ele teria habitado na luz inacessível; e foi apenas
no Filho de seu amor, e através dele, que Ele revelou, naquele momento, a si mesmo
às suas criaturas.

2. Como o Filho de Deus foi manifestado para nossos primeiros pais no


paraíso, não é fácil determinar. Geralmente, e não é improvável, supôs-se que Ele
apareceu a eles na forma de um homem, e conversou com eles face a face. Nem eu
posso acreditar, afinal, no sonho engenhoso do Dr. Watts, concernente 'à gloriosa
natureza humana de Cristo', a qual ele supõe ter existido, antes do mundo existir, e ter
sido dotada com, eu não sei quais, poderes surpreendentes. Não, eu olho para isto,
como um perigo enorme; sim, uma hipótese danosa, já que ela exclui completamente
o valor de muitas Escrituras que se pensou, até aqui, provar a Divindade do Filho. E
eu temo que seja um grande meio de deixar este grande homem, à parte da fé, uma
vez, entregue aos santos; -- ou seja, se ele for colocado de lado; se aquele bonito
monólogo for genuíno; aquele que foi impresso, entre suas Obras Póstumas, onde ele
tão honestamente implora ao Filho de Deus, não se desagradar do fato de ele não
poder acreditar que ele seja co-igual e co-eterno com o Pai.

3. Nós não podemos razoavelmente crer que foi por aspectos similares que Ele
foi manifestado, em sucessivas épocas, para Enoque, enquanto ele 'caminhou com
Deus'; para Noé, antes e depois do dilúvio; para Abraão, Isaque, e Jacó, em várias
ocasiões; e, para não mencionar mais, para Moisés? Este parece ser o significado
natural da palavra: 'Meu servo Moisés é fiel, em toda minha casa. – Com ele eu falo,
boca a boca, mesmo aparentemente, e não em discursos obscuros; e a similitude de
Jeová deverá ser observada'; ou seja, o Filho de Deus.

4. Mas todos esses foram apenas tipos de sua grande manifestação. Foi, na
plenitude do tempo (exatamente na idade média do mundo, como um grande homem
prova largamente) que Deus 'trouxe seu Unigênito para o mundo, feito de uma
mulher'; através do poder do Altíssimo, ofuscando-na. Ele, mais tarde, foi manifestado
para os pastores; para o devoto Simeão; para Ana, a profetisa; e para 'todos que
esperaram pela redenção em Jerusalém'.

5. Quando estava no tempo devido, para executar seu oficio sacerdotal, Ele foi
manifestado para Israel; pregando o evangelho do reino de Deus, em toda região, e em
toda cidade. E, por um tempo, foi glorificado por todos que reconheceram que Ele
'falava como nunca homem algum falara'; que 'Ele falava como alguém que tinha
autoridade', com toda a sabedoria e poder de deus. Ele foi manifestado, através de
inumeráveis 'sinais e maravilhas, e as obras poderosas que fez', assim como por toda
sua vida; sendo o único nascido de uma mulher, 'que não conheceu pecado', que,
desde seu nascimento, até sua morte, fez 'todas as coisas boas'; fazendo
continuamente, 'não a sua vontade, mas a vontade Daquele que o enviara'.
6. Afinal, 'observe o Cordeiro de Deus, tirando os pecados do mundo!'. Esta
foi a mais gloriosa manifestação de si mesmo, do que qualquer uma que ele tenha
feito antes. Quão maravilhosamente ele foi manifestado aos anjos e homens, quando
'ele foi ferido por nossas transgressões'; quando ele 'carregou todos os nossos
pecados em seu próprio corpo no madeiro'; quando, fez 'um sacrifício, expiação e
penitência pelos pecados de todo o mundo, através do sacrifício único de si mesmo,
uma vez oferecido', quando ele clamou: 'Está terminado; e tombou sua cabeça; e
entregou seu espírito'. (Lucas 23:46) Pai, nas tuas mãos, eu entrego o meu espírito.
E, havendo dito isto, expirou'. Nós necessitamos apenas mencionar algumas
manifestações mais adiante, -- sua ressurreição dos mortos; sua ascensão aos céus, na
glória que ele teve antes do mundo existir; e seu derramar do Espírito Santo no dia de
Pentecostes; ambos belamente descritos naquelas bem conhecidas palavras do
salmista: (Salmos 68:18) 'Tu subiste ao alto, levaste cativo o cativeiro, recebeste dons
para os homens, e até para os teus inimigos, para que o Senhor Deus habitasse em
meio' ou 'neles''.

7. 'Para que o Senhor possa habitar neles': Isto se refere à ainda mais uma
manifestação a mais do Filho de Deus; mesmo à manifestação interior de si mesmo.
Quando ele falou disto para seus Apóstolos, pouco antes de sua morte, um deles
imediatamente perguntou: 'Senhor, como tu irás te manifestar a nós e não ao mundo?'
-- (João 14:22) 'Disse-lhe Judas (não o Iscariotes): Senhor, de onde vem que te hás
de manifestar a nós, e não ao mundo?'. Por nos habilitar a crer em seu nome. Porque
ele é, interiormente manifestado a nós, quando nós somos capazes de dizer com
confiança: 'Meu Senhor, e meu Deus!'. Então, cada um de nós pode corajosamente
dizer: 'A vida que eu agora vivo, eu vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e deu
a si mesmo por mim'. (Gálatas 2:20) 'Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não
mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que eu agora vivo na carne, eu a vivo na fé
do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim'. E é por assim
manifestar a si mesmo em nossos corações que ele efetivamente 'destrói as obras do
diabo'.

III

1. Como Ele faz isto; de que maneira, e através de que passos, ele
verdadeiramente as destrói, nós iremos agora considerar. Primeiro, como satanás
começou sua obra em Eva, envenenando-a com a descrença, então, o Filho de Deus
começa sua obra no homem, nos capacitando a crer Nele. Ele abre e ilumina os olhos
de nosso entendimento. Fora da escuridão, ele ordena à luz que brilhe, e arranca o véu
que o 'deus deste mundo' tinha espalhado sobre nossos corações. E nós, então, não
através de uma corrente de raciocínio, mas através de uma espécie de intuição; através
de uma visão direta de que 'Deus estava em Cristo, reconciliando o mundo para si
mesmo; não imputando a eles suas primeiras transgressões'; não as imputando a
mim. Naquele dia, 'nós saberemos que somos de Deus'; filhos de Deus pela fé; 'tendo
redenção, através do sangue de Cristo, mesmo o perdão dos pecados'. 'Sendo
justificado pela fé, nós teremos lugar com Deus, através de nosso Senhor Jesus
Cristo'; -- aquela paz, que nos capacita, em todas as condições também a estarmos
satisfeitos; que nos livra de todas as dúvidas desconcertantes; de todos os medos
tormentosos; e, em particular, de todo 'medo da morte, por meio do qual, nós
estivemos toda nossa existência, sujeitos à escravidão'.
2. Ao mesmo tempo, o Filho de Deus golpeia a raiz da grande obra do diabo, --
o orgulho; fazendo com que o pecador se humilhe diante do Senhor, e abomine a si
mesmo, de certo modo, se reduza ao pó e cinzas. Ele golpeia na raiz da vontade
própria; capacitando o pecador humilhado a dizer em todas as coisas: 'Não como eu
quero, mas como Tu queres'. Ele destrói o amor ao mundo; libertando aqueles que
crêem Nele de 'todo desejo tolo e danoso'; do 'desejo da carne; do desejo dos olhos;
do orgulho da vida'. Ele os poupa de buscar, ou de esperar encontrar felicidade em
alguma criatura. Como satanás mudou o coração do homem do Criador para a
criatura; então, o Filho de Deus mudou seu coração, da criatura para o Criador. Assim
sendo, manifestando a si mesmo, Ele destrói as obras do diabo; restaurando o culpado,
rejeitado de Deus, para seu favor, perdão e paz; o pecador, em quem não habita coisa
boa, para o amor e santidade; o pecador oprimido e miserável, para a alegria
inexprimível, para a felicidade real e substancial.

3. Mas pode ser observado, que o Filho de Deus não destrói toda a obra do
diabo no homem, por quanto tempo ele permanece nesta vida. Ele ainda não a destrói
a fraqueza corpórea, doença, dor, e milhares de enfermidades, próprias da carne e
sangue. Ele não destrói toda aquela fraqueza de entendimento, que é a conseqüência
natural da alma habitar um corpo corruptível; de modo que 'a ignorância e o erro',
ainda, 'pertencem à humanidade'. Ele nos confia apenas uma porção muito pequena
do conhecimento, em nosso estado presente; a fim de que nosso conhecimento não
possa interferir com nossa humildade, e novamente possamos nos sentir como deuses.
É para remover de nós toda tentação para o orgulho, e todo pensamento de
independência - (que é a mesma coisa que os homens em geral tão sinceramente
cobiçam, sob o nome de liberdade) - que ele nos deixa rodeados com todas essas
enfermidades; particularmente, fraqueza de entendimento; até que a sentença tome
lugar: 'Tu és pó, e ao pó retornarás!'.

4. Então, o erro, a dor, e todas as doenças corpóreas cessarão: Todas essas


serão destruídas através da morte. E a própria morte, 'o último inimigo' do homem,
deverá ser destruída na ressurreição. No momento em que ouvirmos o arcanjo e a
trompa de Deus, 'então, será cumprido o que está escrito: a morte será tragada na
vitória'. Este corpo 'corruptível deverá se tornar incorrupto'; esse corpo 'mortal
deverá se tornar imortal'; e o Filho de Deus, manifestado nas nuvens do céu, deverá
destruir esta última obra do diabo!

5. Aqui, então, nós vemos, em uma luz mais clara e forte, o que é a religião
verdadeira: A restauração do homem, através Dele que esmaga a cabeça da serpente
[Gênesis 3:15]; a restauração de tudo que a velha serpente o privou; a restauração,
não apenas para o favor, mas, igualmente, para a imagem de Deus; implicando, não
meramente no livramento do pecado, mas sendo preenchido com a plenitude de Deus.
Evidentemente, se nós atendermos às considerações precedentes, de que nada menos
do que isto seja religião cristã. Todas as demais coisas, se contrárias ou aparentes,
estão completamente longe do alvo. Mas que paradoxo é este! Quão pouco, ela é
entendida no mundo cristão; sim, nessa época erudita, onde é tido por certo que o
mundo é mais sábio do que nunca foi antes, desde o início!

Em meio a todas as nossas descobertas, quem descobriu isto? Quão poucos,


mesmo entre os cultos ou incultos! E, ainda assim, se nós cremos na Bíblia, quem
poderá negá-la? Quem poderá duvidar dela? Ela está na Bíblia, do começo ao fim, em
uma corrente unida; e o argumento de cada parte dela, com todas as outras, é,
propriamente a analogia da fé. Cuide de não tomar qualquer coisa; ou qualquer coisa
menos do que isto por religião! Nem coisa alguma a mais: Não imagine que uma
forma exterior, uma sucessão de deveres, públicos ou privados, seja religião! Não
suponha que a honestidade, a justiça, ou o que quer que seja chamado de moralidade
(embora excelente em seu ligar) seja religião! E menos do que tudo, não fantasie que
a ortodoxia, a opinião correta (vulgarmente chamada de fé) seja religião. De todas as
fantasias religiosas, esta é a mais vã; a que toma feno e restolho por ouro, atirado ao
fogo!

6. Não tome, nem mais nem menos, do que isto, como sendo a religião de
Jesus Cristo! Não tome parte dela, como sendo o todo! O que Deus reuniu, não
separe. Não aceite nada menos do que 'a fé que é operada pelo amor'; toda santidade
interior e exterior, como religião Dele. Não esteja satisfeito com qualquer religião,
que não implique na destruição de todas as obras do diabo; ou seja, de todos os
pecados. Nós sabemos, que a fraqueza de entendimento, e milhares de enfermidades
irão permanecer, enquanto restar este corpo corruptível; mas o pecado não precisa
permanecer: Esta é a obra do diabo, eminentemente assim chamada, a que o Filho de
Deus foi manifestado para destruir nesta vida atual. Ele é capaz; ele está desejoso de
destruí-la agora, em todos que crerem Nele. Apenas não se restrinja a si mesmo! Não
desconfie de seu poder ou de seu amor! Coloque sua promessa à prova! Ele tem
falado: E ele não está pronto igualmente para executar? Apenas 'venha corajosamente
para o trono da graça', confiando em sua misericórdia; e você se certificará que 'Ele
salva ao extremo todos aqueles que vêm para Deus, através Dele!'.

[Editado por Amber Powers, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID),
com correções por George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]

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