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Sobre o Vestuário

John Wesley
Sermão 88

"Quanto ao adorno, que ele não seja aquele enfeite exterior – do uso de ouro, ou o luxo
dos vestidos: 'mas o do íntimo do coração, naquele que não é corruptível, como o
ornamento de um espírito manso e tranqüilo, que, às vistas de Deus, é de grande preço'".
(I Pedro 3:3-4)

1. Paulo exorta todos aqueles que desejam "ser transformados, pela renovação de
suas mentes"; a "provarem qual é aquela boa e aceitável e perfeita vontade de Deus"; não
estarem "em conformidade com este mundo". [Romanos 12:2]. De fato, esta exortação
refere-se mais diretamente à sabedoria do mundo, que é totalmente oposta à "boa, aceitável
e perfeita vontade" dele. Mas ela tem igualmente referência, até mesmo, às maneiras e
costumes do mundo, que naturalmente fluem da sabedoria e espírito dele, e são mais
exatamente adequadas a ele. E não foi impróprio, para a sabedoria de Deus nos dar direções
exatas neste aspecto também.

2. Alguns desses, particularmente aquele no texto, passam, até mesmo, como


vestuário dos cristãos. E ambos este texto, e o semelhante de Paulo, são tão claros quanto
possível. As palavras de Paulo são: (I Timóteo 2:9-10) "Eu quero que as mulheres se
adornem com modestos; não com ouro, ou pérolas, ou vestidos custosos, mas (como
convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras".

3. "Mas não é estranho", dizem alguns, "que o todo-sábio Espírito de Deus


condescendesse tomar conhecimento de tais insignificâncias como essas? Dar importância
a tais insignificantes ninharias, coisa de tão pouco momento, ou antes, de nenhum, afinal?
Porque, o que significa, desde que tomemos cuidado com a alma, que o corpo esteja
coberto, se com seda ou aniagem? Que dano pode existir em usar ouro, ou prata, ou
pedras preciosas, ou alguma outra dessas coisas bonitas, com que Deus tem tão
amplamente nos provido? Nós não podemos aplicar a isto o que Paulo observou em outra
ocasião, que 'toda criatura de Deus é boa, e nada deve ser rejeitado?".

4. É certo, que muitos que sinceramente temem a Deus têm cordialmente abraçado
esta opinião. E a prática deles é ajustada a isto: Eles não têm escrúpulos da conformidade
com o mundo, colocando, tão freqüentemente quanto a ocasião se oferece, tanto ouro,
pérolas quanto vestuário valioso. E, de fato, eles não estão satisfeitos com aqueles que
pensam que é obrigação deles rejeitá-los; eles entendem que o uso desses deve ser um ramo
da liberdade cristã. Sim, alguns foram consideravelmente mais além; tão longe, de maneira,
a fazer disto um motivo, para trazer aqueles que haviam se privado deles, por algum tempo,
a fazerem uso deles novamente, lhes assegurando que seria mera superstição pensar que
haveria algum dano neles. Mais ainda: Uma pessoa muito respeitável disse, em termos
expressos: "Eu não desejo que alguém que se vista, de maneira tão simples, possa estar em
nossa sociedade". Portanto, vale a pena considerar este assunto completamente; seriamente
inquirir, se existe algum dano em colocar ouro, jóias, ou vestuário valioso.
5. Mas, antes que entremos neste assunto, observemos que relaxamento não é parte
da religião; que nem este; nem algum texto das Escrituras, condena asseio no vestuário.
Certamente, esta é uma obrigação, e não um pecado. "Limpeza, está, de fato, próximo à
santidade". De acordo com isto, o bom sr. Herbert aconselha a cada um que teme a Deus: -

Que a delicadeza de tua mente tenha seu funcionamento,


Junto à tua pessoa, roupas e habitação.

E, certamente, cada um atenderia a isto, se não se falasse mal do bem que há nele.

6. Um outro erro, com respeito ao vestuário, tem sido comum no mundo religioso.
Supõem-se por alguns, que deve existir nenhuma diferença, afinal, no vestuário dos
cristãos. Mas nem esses textos, nem algum outro no livro de Deus, ensinam alguma coisa
como esta, ou indicam que o vestuário do mestre ou ama deva ser em nada diferente
daquele dos servos. Pode haver, indubitavelmente, uma diferença moderada de vestuário,
entre pessoas de diferentes situações. E onde o olho é puro, isto irá facilmente ser ajustado
pelas regras da prudência cristã.

7. Sim, pode haver dúvida, se alguma parte das Escrituras proíbe (pelo menos, eu
não conheço alguma) que aqueles, em qualquer nação, que são investidos com autoridade
suprema, devam ser adornados em ouro e vestuário suntuoso; ou adornar seus atendentes
imediatos, ou magistrados, ou oficiais, com o mesmo. Não é improvável que nosso
abençoado Senhor pretendesse dar apoio a este costume, quando ele disse, sem a menor
marca de censura ou desaprovação: "Observem, aqueles que trajados de vestes suntuosas",
esplêndidas, "estão nas cores reais". (Lucas 7:25).

8. Qual é, então, o significado destas escrituras? O que é que elas proíbem? Elas
expressamente proíbem cristãos comuns, aqueles de um nível de vida inferior, ou médio, de
se adornarem com ouro, ou pérolas, ou vestuário luxuoso. Mas, por que? Que dano existe
nisto? Isto merece nossa séria consideração. Mas é altamente expediente, ou antes,
absolutamente necessário, a todos que gostariam de considerar isto, para algum propósito,
até onde seja possível, despirem-se de todo preconceito, e permanecerem abertos á
convicção. Não é necessário, igualmente, no mais alto nível, que eles possam sinceramente
suplicar ao Pai das Luzes, que, "pela sua santa inspiração, eles possam pensar as coisas
que são certas, e, pela sua direção misericordiosa, executar as mesmas?". Então, eles não
dirão, não em seus corações (embora eu tema muitos têm feito), o que os judeus famosos
disseram aos cristãos: "Tu não podes me persuadir, embora tu tenhas me persuadido".

9. A questão é: Que dano causa, nos enfeitarmos com ouro, ou pérolas, ou vestuário
suntuoso, supondo-se que você possa se permitir isto; ou seja: suponha que isto não fira ou
empobreça sua família? O primeiro dano, é produzir orgulho, e, onde ele já existe,
aumentá-lo. Quem quer que estritamente observe o que se passa em seu próprio coração,
facilmente irá discernir isto. Nada é mais natural pensar, do que nos considerarmos
melhores, porque estamos vestidos em melhores roupas; e dificilmente é possível a um
homem usar de vestuário custoso, sem, em alguma medida, valorizar-se por causa dele. Um
dos antigos ateus foi tão bem informado disto que, quando ele tinha uma malevolência para
com um pobre homem, e tinha em mente mudar sua cabeça, ele lhe presenteava com um
traje de roupas finas.

Eutrapelus, cuicunque nocere voiebat,


Vestimenta dabat pretiosa.

[A tradução seguinte, desta citação de Horácio, é de Boscawen: - "Entrapelus, quem


quer que ele escolha arruinar, ele enfeita em roupas suntuosas" – EDIT].

Ele não poderia, então, deixar de imaginar-se, tão melhor quanto mais elegante do
que seu próximo. E quantos milhares, não apenas lordes e cavalheiros, na Inglaterra, mas de
honestos comerciantes, argumentam da mesma forma! Inferindo o valor superior de suas
pessoas, do valor de suas roupas!

10. "Um homem não pode ser tão orgulhoso, coberto de pano de saco, como outro
é, embora coberto com roupa de ouro?". Como este argumento nos encontra a cada turno, e
se supõe irrespondível, valerá a pena respondê-lo, de uma vez por todas, afinal, e mostrar a
completa presunção dele. "Aquele vestido de pano de saco, não pode", você pergunta, "ser
tão orgulhoso, quanto aquele vestido de ouro?". Eu respondo: Certamente, ele pode: Eu
suponho que ninguém duvide disto. E qual a inferência que você pode traçar disto?
Considere um caso paralelo. Um homem que bebe um copo de um vinho saudável pode
ficar tão doente quanto outro que bebe veneno: Mas isto prova que o veneno não tem mais
tendência a causar-lhe dano do que o vinho? Ou isto desculpa algum homem por tomar o
que tem uma tendência natural de fazê-lo adoecer? Agora, para aplicar: Experimente
mostrar que as roupas finas tenham uma tendência natural de fazer com que o homem
adoeça do orgulho; roupas simples não têm. Embora isto seja verdadeiro, você pode
adoecer do orgulho nestes casos também, ainda que eles não tenham a tendência natural,
quer de causar ou potencializar esta enfermidade. Portanto, todos que desejam vestir-se
com humildade, abstenham-se daquele veneno.

11. Em Segundo Lugar. O usar de vestuário vistoso e valioso, naturalmente tende


a alimentar e aumentar a vaidade. Por vaidade, eu quero dizer aqui, o amor e desejo de ser
admirado e elogiado. Cada um de vocês que é afeiçoado ao vestuário tem um testemunho
disto, em seu próprio peito. Quer você confessará isto diante de homem ou não, você está
convencido disto, perante Deus. Você sabe em seu coração, que foi com a intenção de ser
admirado que você adornou-se desta forma; e que você não estaria aflito, se ninguém
tivesse visto você, a não ser Deus e seus anjos santos. Agora, quanto mais você favorece
este desejo tolo, mais ele cresce em você. Você tem vaidade suficiente pela natureza: mas,
por favorecê-la desta forma, você a aumentar centena de vezes. Ó, pare! Anseie por agradar
a Deus apenas, e todos esses ornamentos cairão.

12. Em Terceiro Lugar. O usar de vestuário vistoso e valioso, naturalmente tende a


produzir ira, e toda paixão turbulenta e inquietante. E é por isto mesmo, que o Apóstolo
coloca este "adorno exterior", em direta oposição ao "ornamento de um espírito humilde e
tranqüilo". Quão notavelmente, ele acrescenta "o que é aos olhos de Deus de grande
valor!".
Do que o ouro ou pérolas, muito mais precioso,
E mais brilhante do que a estrela da manhã.

Nada pode facilmente conceber, exceto se ele mesmo fizesse o triste experimento, o
antagonismo que existe entre o "adorno exterior", e esta "quietude" interior "do espírito".
Você nunca poderá desfrutar totalmente disto, enquanto você estiver afeiçoado ao outro.
Apenas, quando você se livra daquele "ornamento exterior", é que você pode, "na
perseverança, possuir sua alma". Então, somente quando você tiver se livrado de sua
afeição pelo vestuário, a paz de Deus reinará em seu coração.

13. Em Quarto Lugar. O vestuário vistoso e valioso diretamente tende a criar e


inflamar a luxúria. Eu estive em dúvida, se nomeio isto de apetite brutal; ou, com o objetivo
de poupar os ouvidos delicados, o represento, através de algum gentil circunlóquio. (Como
o Deão, que, alguns anos atrás, disse à sua audiência, em Whitehall: "Se você não se
arrepender, você irá para um lugar que eu tenho muitas maneiras de chamar, diante desta
boa companhia"). Mas eu penso que seja melhor declarar; uma vez que quanto mais a
palavra choca seus ouvidos, mais ela pode fortalecer seu coração. O fato é claro e inegável;
ele tem este efeito, tanto em quem usa, quanto em quem observa. Para o primeiro, nosso
elegante poeta, Cowley, endereça essas finas linhas: --

Adornar a ti mesmo, com muita arte,


é apenas uma habilidade grosseira;
Esta, como o veneno de um dardo;
É excessivamente apta para matar.

Ou seja, (para expressar o assunto, em termos claros, sem qualquer artifício). "Você
envenena o observador, com muito mais deste apetite básico do que, ao contrário, ele
perceberia". Você não sabia que esta seria a conseqüência natural de seu adorno elegante?
Para tornar o assunto mais familiar. Você não desejou, não pretendeu que isto pudesse? E
ainda assim, todo o tempo, como você se apresentou, para a visão pública, uma face
plausível de inocência e virtude!

Entretanto, você mesmo não escapou da armadilha que espalhou para outros. O
dardo ricocheteou. E você está infectado com o mesmo veneno, com que você os infectou.
Você ascendeu uma chama que, ao mesmo tempo, consome a si mesmo, e seus
admiradores. E seria bom, se isto não atirasse a ambos, nas chamas do inferno!

14. Em Quinto Lugar: O usar de vestuário luxuoso é diretamente contrário ao ser


adornado com as boas obras. Nada pode ser mais evidente do que isto: porque, quanto mais
você gasta com seu próprio vestuário, menos você tem restante para vestir o nu, alimentar o
faminto, abrigar os estranhos, aliviar aqueles que estão doentes, e na prisão, e diminuir as
inúmeras aflições às quais somos expostos neste vale de lágrimas. E aqui não existe lugar
para a evasão usada antes: "Eu posso ser tão humilde, ao vestir de outro, como em
aniagem". Se você pudesse ser tão humilde, quando você escolhe o vestuário suntuoso,
assim como, quando você escolhe o vestuário simples (o que eu positivamente nego), ainda
assim você não poderia ser tão beneficente, -- tão abundante em boas obras. Cada xelim
que você poupa de seu próprio vestuário, você pode gastar em vestir o nu, e aliviar as várias
necessidades do pobre, quem vocês "têm sempre consigo". Portanto, cada xelim que você
gasta desnecessariamente em seu vestuário, e, em efeito, roubado do pobre! E de quantas
oportunidades preciosas de fazer o bem, você tem se privado? Quão freqüentemente, você
tem se incapacitado de fazer o bem, adquirindo o que você não precisava! Para qual
finalidade você comprou esses ornamentos? Para agradar a Deus? Não; mas para agradar
sua própria fantasia; ou para ganhar a admiração e aplauso daqueles que não eram mais
sábios do que você mesmo. Quanto bem você teria feito com aquele dinheiro! E que perda
irreparável tem você sustentado, ao não fazer isto, se for verdadeiro que o dia está à mão,
quando "cada homem receberá sua própria recompensa, de acordo com seu próprio
trabalho!".

15. Eu peço que você considere bem isto. Talvez, você não tenha visto isto, sob esta
luz anteriormente. Quando você estiver gastando seu dinheiro em vestuário suntuoso, que
você poderia, ao contrário, gastar com o pobre, você, por meio disto, priva a eles do que
Deus, o proprietário de tudo, tem depositado em suas mãos para uso deles. Se assim for, o
que você coloca sobre si mesmo, você, estará, em efeito, removendo das costas do nu;
assim como o alimento valioso e refinado que você come estará roubando da boca do
faminto. Por misericórdia, por piedade, por amor a Cristo, pela honra do evangelho dele,
suspenda sua mão! Não jogue este dinheiro fora! Não gaste em coisa alguma; sim, pior do
que nada, no que pode cobrir seu pobre, nu, e trêmulo próximo!

16. Há muitos anos, quando eu estava em Oxford, em um dia frio de inverno, uma
jovem empregada (uma daqueles que mantínhamos na escola), me visitou. Eu disse: "Você
me parece subnutrida. Você tem alguma coisa para cobri-la a não ser este vestido de linho
leve?". Ela disse: "Senhor, isto é tudo que eu tenho". Eu coloquei minha mão em meu
bolso, mas me certifiquei que eu escassamente tinha algum dinheiro restante, tendo
exatamente gasto o que eu tinha. Isto me golpeou imediatamente: "Teu Mestre não irá
dizer: 'Muito bem, bom e fiel mordomo?' Tu ornamentaste tuas paredes com o dinheiro que
teria abrigado esta pobre criatura do frio! Ó, justiça! Ó, misericórdia! Esses quadros não
são o sangue desta pobre empregada?". Vê teu vestuário suntuoso, sob esta mesma luz; teu
vestido, chapéu, ornato para a cabeça! Tudo ao redor de ti que custe mais do que o dever
cristão requeira de ti gastar é o sangue do pobre! Ó, que tu sejas sábio. para o tempo
vindouro! Sejas mais misericordioso! Mais fiel a Deus e ao homem! Mais abundantemente
ordenado (como homens e mulheres professando santidade), com as boas obras!

17. É verdade, que grande abatimento deve ser feito àqueles que nunca foram
advertidos sobre essas coisas, e, talvez, não saibam que existe uma palavra na Bíblia que
proíbe vestuário valioso. Mas o que é isto para você? Você tem sido advertido, repetidas
vezes; sim, e da maneira mais clara possível. E qual tem sido seu proveito nisto? Você
ainda não se veste como outras pessoas da mesma fortuna? Seu vestuário não é vistoso, tão
valioso quanto o deles, que nunca tiveram tal advertência? Tão valioso como teria sido, se
você nunca tivesse ouvido uma palavra a respeito disto? Ó, como você responderá a isto,
quando você e eu estivermos juntos, na cadeira de julgamento de Cristo? Mais do que isto;
muitos de vocês não ficaram mais vistosos, tão logo ficaram mais ricos? Quando vocês
aumentaram em bens, seu vestuário não ficou mais luxuoso? Testemunhas da profusão de
fitas, ou linhos sobre suas cabeças! Que proveito você teve, então, em possuir a reprovação
de Cristo? De serem chamados Metodistas? Você não está tão modernamente vestido como
outros de seu nível que não são Metodistas? Você questiona: "Mas nós não podemos
comprar coisas modernas, assim como antiquadas?". Eu respondo: Não, se elas derem a
você uma aparência audaciosa, e sem modéstia, como aqueles enormes chapéus, bonés, e
adornos para a cabeça, fazem. E não, se elas custarem mais. "Mas eu posso me permitir
isto". Ó, coloque de lado, para sempre, esta palavra indolente, absurda! Nenhum cristão
pode se permitir gastar alguma parte dos bens que Deus lhe confiou. Por quanto tempo você
permanecerá por aqui? Amanhã, talvez, essa noite, você não pode ser convocado para se
levantar e ir até lá, com o objetivo de prestar contas disto e de todos os seus talentos ao Juiz
do vivo e do morto?

18. Como, então, pode ser que, depois de tantos avisos, você persista na mesma
tolice? Não é por esta razão? Existem ainda, entre vocês, alguns que nem beneficiam a si
mesmos, com tudo que ouvem, nem estão dispostos que outros possam: E esses, se algum
de vocês está quase persuadido a vestir-se como cristãos, debatem, zombam, e riem de você
fora disto. Ó, vocês, belos levianos, eu imploro a vocês que não façam mais a obra do
diabo! O que quer que façam, não endureçam os corações dos outros. E vocês que são de
uma mente melhor, evitem esses tentadores, com todo cuidado possível; e, se vocês vieram
onde algum deles está, peçam a eles para serem silenciosos sobre o assunto, ou saiam da
sala.

19. Em Sexto Lugar. O utilizar-se de vestuário luxuoso, é diretamente contrário ao


que o Apóstolo denomina de "o secreto do coração do homem"; ou seja, toda a "imagem de
Deus", na qual fomos criados, e que está estampada, mais uma vez, no coração de cada
crente cristão; -- contrário "à mente que estava em Jesus Cristo", e toda a natureza e
santidade interior. Todo o tempo em que você é levado em consideração, neste adorno
exterior, a completa obra interior do Espírito permanece imóvel; ou antes, retrocede,
embora, pelos mesmos graus sutis e quase imperceptíveis. Em vez de crescer mais bem-
intencionado, você está mais e mais mal-intencionado. Se você, alguma vez, teve
camaradagem com o Pai e o Filho, isto agora gradualmente declina; e você
inconscientemente afunda, mais e mais fundo no espírito do mundo, -- nos desejos tolos e
prejudiciais, e apetites rastejantes. Todos esses males, e milhares mais, brotam de uma
única raiz: -- a indulgência consigo mesmo quanto ao vestuário luxuoso.

20. Por que, então, cada um que tanto ama ou teme a Deus, não foge disto, como da
face de uma serpente? Por que você ainda está tão de acordo com os costumes irracionais,
pecadores de um mundo frenético? Por que você ainda menospreza o mandamento expresso
de Deus, afirmado em termos claros? Você vê a luz: Por que você não segue a luz de sua
própria mente: Sua consciência diz a você a verdade. Por que você não obedece aos ditames
de sua própria consciência?

21. Você responde, "Porque, o costume universal é contra mim; e eu não sei como
estancar a torrente poderosa". Não apenas o profano, mas o mundo religioso, corre
violentamente de outra maneira. Olhe para dentro, eu não digo de teatros, mas de igrejas;
mais do que isto, para os encontros de todas as denominações (exceto alguns poucos
antiquados Quacres, ou o povo chamado Morávios); olhe para dentro das congregações, em
Londres ou em qualquer outro lugar, para aqueles que são denominados Ministros
Evangélicos; olhe dentro da Capela de Northampton, sim, dentro do Tabernáculo, ou da
capela Rodovia Tottenham-Court; mais ainda, olhe para dentro da capela em West-Street,
ou aquela em City-Road; olhe para as mesmas pessoas que se sentam sob o púlpito, ou ao
lado dele; e não são aqueles que podem se permitir (eu dificilmente possa me refrear de
prestar a eles a honra de nomear seus nomes), tão elegantemente adornados, como aqueles
do mesmo nível em outros lugares?

22. Esta é uma verdade melancólica. Eu estou envergonhado dela: Mas eu não sei
como ajudar nisto. Eu clamo aos céus e terra para testemunharem este dia, para que não
seja minha falta! A trombeta não "deu um toque incerto", por aproximadamente cinqüenta
anos. Ó, Deus, tu sabes que eu tenho feito um claro e fiel testemunho. No que foi impresso,
na pregação, na reunião da sociedade, eu não tenho evitado declarar todo o conselho de
Deus. Eu estou, portanto, limpo do sangue daqueles que não irão ouvir. Ele se coloca sobre
a própria cabeça deles.

23. Eu advirto você, uma vez mais, em nome, e na presença de Deus, para que o
número daqueles que se rebelam contra Deus não seja desculpa para a rebelião deles. Ele
expressamente nos disse: "Tu não deves seguir a multidão, e fazer o mal". Foi dito de um
grande e bom homem que ele ...

Não temesse, tivesse o céu decretado isto, ter permanecido


Inamistoso com um mundo e isoladamente bom.

Qual de vocês deseja compartilhar daquele caráter glorioso? Permanecer adverso


contra um mundo? Se milhões o condenam, será suficiente que você seja inocentado por
Deus, e por sua própria consciência.

24. "Mais do que isto, eu penso", diz alguém, "que eu poderia suportar o desprezo
ou reprovação de todo o mundo também. Eu não me preocupo com ninguém, a não ser
meus próprios parentes; aqueles especialmente que são de minha própria família. Meu pai,
minha mãe, meus irmãos e irmãs, (e especialmente alguém que seja mais próximo do que
eles todos) estão me importunando continuamente". Esta é uma provação, de fato; tal como
muito poucos podem julgar, a não ser aqueles que a suportam. "Eu não tenho força para
suportar". Não, nem de sua própria: Certamente, você não tem. Mas existe força
armazenada para você "Daquele que é poderoso!". A graça dele é suficiente para você; e ele
agora vê seu caso, e está exatamente pronto para dá-la a você. Entretanto, lembre-se da
declaração terrível dele, no tocante aqueles que respeitam mais o homem do que a Deus:
"Aquele que ama ao pai, ou mãe, irmão ou irmã, marido ou esposa, mais do que a mim, não
é merecedor de mim".

25. Mas não existem alguns entre vocês que renunciaram, uma vez, a esta
conformidade com o mundo, e vestuário, em cada ponto, esmerado e simples, adequado à
sua religião? Por que, então, vocês não perseveraram nisto? Por que vocês voltaram atrás
do bom caminho? Vocês contraíram uma familiaridade, talvez, uma amizade, com alguns
que eram ainda afeiçoados ao vestuário? Não é de se surpreender que vocês, mais cedo ou
mais tarde, fossem motivados a "percorrer de volta seus passos na terra novamente". Não
era menos esperado, que um pecado conduzisse vocês a outro. Foi um pecado contraírem
amizade com alguém que não conheceu a Deus: Porque, "vocês não sabem que a amizade
com o mundo é inimizade com Deus?". E este os conduziu de volta a outro, àquela
conformidade com o mundo, da qual vocês tinham escapado totalmente. Mas, o que vocês
devem fazer agora? Porque, se vocês forem sábios, escapem para salvar suas vidas: Não
demorem: Não olhem para trás! Sem perda de tempo, renunciem à causa e efeito juntos!
Agora, hoje, antes que o coração se endureça com o engano do pecado, cortem fora, de um
só golpe, aquela amizade pecaminosa com o iníquo, e esta conformidade pecaminosa com o
mundo! Determinem este dia! Não demorem, até amanhã, a fim de que vocês não demorem
para sempre. Pelo amor de Deus, por sua causa, fixem sua resolução agora!

26. Eu imploro a vocês todos que têm algum respeito por mim, mostrem-me, antes
que eu me vá daqui, que eu não trabalhei, até mesmo neste aspecto, em vão, por quase meio
século. Deixem-me ver, antes que eu morra, uma congregação Metodista, vestida de
maneira completamente tão simples, como uma congregação Quacre. Apenas sejam mais
consistentes consigo mesmos. Que não exista linho-Quacre, -- proverbialmente assim
chamado, por causa de sua delicadeza extraordinária; sem renda de Bruxelas, sem chapéus
ou bonés enormes, -- aqueles escândalos da modéstia feminina. Sejam todos de um só
exemplo, vestidos, da cabeça aos pés, como pessoas professando santidade; professando
fazer tudo, pequeno e grande, com o simples objetivo de agradar a Deus.

27. Que nenhum de vocês que são ricos, se esforcem para justificarem isto, falando
tolice. É uma perfeita e completa bobagem dizer: "Oh, eu posso me permitir isto ou
aquilo". Se você tem respeito ao bom-senso, que esta estúpida palavra nunca saia de sua
boca. Nenhum homem vivo pode se permitir gastar alguma parte do que Deus lhe confiou
ao seu cuidado. Ninguém pode se permitir atirar fora alguma parte daquele alimento e
vestuário no mar, que foi entregue a ele, com o propósito de alimentar o faminto e vestir o
nu. E é muito pior do que um simples desperdício, gastar alguma parte dele em vestuário
alegre e valioso. Porque isto não é menos do que transformar um alimento salutar em
veneno mortal. É gastar tanto dinheiro com veneno, ambos para si mesmo e os outros, até
onde seu exemplo se espalhe, com orgulho, vaidade, ira, luxúria, amor ao mundo e milhares
de "desejos tolos e prejudiciais", que tendem a "perfurá-los com muitas tristezas". E não
existe dano em tudo isto? Ó, Deus, levanta e mantém tua própria causa! Não permita mais
que homens ou demônios arranquem nossos olhos, e nos conduzam cegos ao abismo da
destruição!

28. Eu suplico a você; a todo homem que está aqui presente diante de Deus; a toda
mulher; jovem ou idoso; casado ou solteiro; sim, a todo filho que conhece o bem e o mal,
tome isto para si mesmo. Cada um de vocês, cada um por si, aceite o conselho do Apóstolo;
pelo menos, não impeçam outros de aceitá-lo. Eu imploro a vocês. Oh! Vocês pais, não
impeçam seus filhos de seguirem suas próprias convicções, ainda que vocês pudessem
pensar que eles pareceriam mais atraentes, se estivessem adornados com tais quinquilharias
como outras crianças usam! Eu suplico a vocês. Oh! Vocês maridos, não impeçam suas
esposas! Vocês, oh, esposas, não impeçam seus maridos, quer por palavra ou ação, de
agirem exatamente como eles estão persuadidos em suas próprias mentes! Acima de tudo,
eu apelo a vocês, meio-Metodistas, vocês que se adaptam entre nós e o mundo, vocês que
freqüentemente, talvez, constantemente, ouvem nossa pregação, mas estão em nenhuma
conexão conosco; sim, e todos que estiveram uma vez em completa ligação conosco, mas
não estão assim, agora; o que quer que vocês mesmos façam, não digam uma palavra para
impedir outros de receberem e praticarem o conselho que foi agora dado! Daqui a pouco
tempo, e nós não precisaremos desses pobres adornos; porque este corpo corruptível se
tornará incorruptível. Daqui a poucos dias, e este corpo mortal se tornará imortal. Neste
meio tempo, que este seja nosso único cuidado: "desfazermo-nos do velho homem", -- de
nossa velha natureza, -- "que é corrupta"; -- que é completamente má, -- "e nos revestirmos
do novo homem, que à semelhança de Deus, é criado na retidão e santidade verdade". Em
especial, "revestidos, como os eleitos de Deus, cheios de misericórdias, bondade, gentileza,
longanimidade". Sim, para resumir tudo em uma palavra: "revestidos de Cristo"; para que,
"quando ele surgir, você possa surgir com ele na glória".

[Editado por Vicki Bealmear, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com
correções por George Lyons for the Wesley Center for Applied Theology.]

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