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OS VEDAS
Mas a primeira aparição histórica é a que nos vem colhida pelos Vedas, as
obras escritas em sânscrito do ritual religioso elaboradas pelos arianos, um
povo chegado à Índia vindo do noroeste entre os séculos XVI e XIII (aC).
No grupo dos "arya", dos nobres, estavam as três castas dos bramanes ou
homens da religião, os ksatriya ou guerreiros, e a última casta dos vaisya
ou povo; com eles, mas a uma grande distância social, estavam os sudra ou
vassalos, os que não eram "arya", mas iam junto dos nobres. Esta obra do
Veda, do conhecimento, que começa com o livro do Rig Veda, livro que se
devia ter escrito para o século XX (aC), se continua com o Yajur Veda,
contendo o primeiro ritual, o Sama Veda, no qual figuram os cantos
religiosos, e o Atarva Veda, o tratado da religião íntima para uso privado
dos fiéis. O Rig Veda, com mais de 1.000 hinos e 10.000 estrofes, nos fala
de um Universo composto por duas partes: Sat e Asat. Sat é o mundo
existente, a parte destinada às divindades e à humanidade; Asat, o mundo
não existente, é o território do demônio. Em Sat está a luz, o calor e a
água; em Asat só há escuridão, porque os demônios vivem nela, na noite. O
Sat, o mundo visível e existente, está composto por três esferas: a superior
do firmamento, o ar que está sobre as nossas cabeças e o solo do planeta
onde vivemos. Mas a criação deste Universo não foi só um ato gratuito, um
ato de vontade divina; pelo contrário, a construção do mundo que agora
habitamos necessitou de uma luta heróica e decidida entre as forças do ar e
as forças da matéria, porque o Universo é um lugar belo que só se pôde
conseguir com o esforço que representa o combate entre as forças do bem
e as forças do mal.
INDRA, O CAMPEÃO DO SAT
O PRINCÍPIO DO BRAMANISMO
"O BRAMANISMO"
SIVA E VISNU
Siva é a terceira pessoa do Trimurti, embora para os seus fiéis ele seja a
primeira e incontestável divindade trinitária. Casado com a também
impressionante deusa Parvati, a montanha, que conhece muitas advocacias,
desde a de Sati, ou esposa, e Ambiká, ou mãe, até à de Kali, a negra, a
deusa da morte. Com a sua esposa Siva habita nas regiões que formam o
teto do mundo, no Himalaia, no cima do monte Kailas. Naturalmente, um
amor como o da deusa Parvati e o deus Siva não podia deixar de ser
grandioso e conta-se que, quando por fim Siva e Parvati se uniram pela
primeira vez, todo o planeta estremeceu num gigantesco terremoto. O deus
Siva apresenta-se às vezes perante os homens nu e coberto com a cinza da
ascese, com toda a pureza do seu ser, adornado com o sinal inconfundível
de um terceiro olho vertical no meio da fronte, com o qual vê tudo, símbolo
da sua onisciência, e com o cabelo preso num grande carrapicho, o mesmo
que parou a queda da deusa Ganga, a deusa das águas sagradas do rio
Ganges, na Terra, absorvendo com a sua estóica dor essa imensa
quantidade de água, que era tão necessária para a vida do povo indiano.
Outras vezes aparece completamente coberto de serpentes, para apontar
inequivocamente a sua imortalidade, e armado com o arco Ayakana e o
Jinjira, mais o raio e um machado, porque então é a personificação do
tempo, o deus destrutor. Quando aparece como deus da justiça, fá-lo
montado num touro branco e o seu corpo está coroado por cinco cabeças e
um número par de braços, entre dois e dez, empunhando numa das suas
mãos um tridente no qual estão enfiadas duas cabeças. Na fronte destaca-
se a marca de uma lua em quarto crescente, o seu cabelo vermelho eleva-
se como uma tiara e a sua garganta é azul, para recordar que é o
Nilakantha, o herói que salvou o mundo de todo o veneno vomitado por
Vasuri, o rei das serpentes, e o apanhou na sua mão para bebê-lo depois,
queimando a sua garganta divina com a peçonha, antes que deixar que os
homens morressem pelo seu efeito.
O BUDISMO
JAINISMO E SIJISMO
O sincretismo sij foi fundado pelo guru Nanak nos finais do século XV,
procurando a união de hinduísmo e Islã. O guru Arjam escreveu em
gurmuji, em pujabi, o que seria depois o texto sagrado do Adigrant,
recompilando os ensinos de Nanak sobre um único deus e um mundo sem
castas, no qual as almas conhecem a reencarnação em virtude da perfeição
e da pureza que tenham sabido conseguir na sua vida anterior. E assim se
reencarna o guru Nanak nos sucessivos gurus que governam o culto sij. A
obra de Arjam foi escrita, precisamente, numa época de perseguição
muçulmana, o que levou este grupo religioso punjabi a transformar-se em
temíveis guerreiros. À parte da humildade e da sinceridade, a alimentação
onívora (perante o vegetarianismo hindu e os alimentos proibidos dos
muçulmanos) e rejeitar a divisão em castas, os sijs distinguem-se pelos
seus turbantes e pela obrigação de conservar sempre o seu cabelo.