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Qualquer que seja o empresário, pessoa física ou jurídica, ele terá um nome empresarial, que será
aquele com que se apresentará nas suas relações negociais. Quando o empresário é pessoa
física, isto é, empresário individual, o seu nome empresarial pode ou não coincidir com o nome
civil.
CC Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
Entretanto, vale, de logo, ressaltar que ainda quando estes coincidirem (nome civil e empresarial),
não se confundem, tendo cada um deles natureza distinta. Isso porque o nome civil tem seu
caráter patrimonial discutível, mas o nome empresarial não enseja dúvidas com relação a sua
natureza patrimonial, até porque o nome empresarial integra o estabelecimento empresarial que,
por sua vez, é patrimônio do empresário.
Mas o nome empresarial, como elemento de identificação do empresário, não se confunde com
outros elementos identificadores da atividade empresarial, que também têm por seu turno,
proteção jurídica, como a marca, o nome de domínio e o título do estabelecimento. Enquanto o
nome empresarial identifica o sujeito que exerce a empresa, o empresário, a marca identifica,
direta ou indiretamente, produtos ou serviços; o nome do domínio identifica a página na rede
mundial de computadores e o título do estabelecimento, o ponto, assim nos ensina Ulhoa. E
mesmo que, por questões mercadológicas estratégicas, todos esses elementos de identificação do
empresário venham a coincidir, cumpre ressaltar que o nome empresarial não se confunde com
esses outros designativos empresariais.
A firma e a denominação distinguem-se em dois planos, quais sejam: quanto à estrutura (quanto
aos elementos lingüísticos que tem por base) e quanto à função (quanto à utilização que se pode
imprimir ao nome empresarial).
Quanto à estrutura:
A firma só pode ter por base nome civil, do empresário individual ou dos sócios da sociedade
empresarial. O núcleo do nome empresarial dessa espécie será sempre um ou mais nomes civis.
A denominação deve designar o objeto da empresa e pode adotar por base o nome civil ou
qualquer outra expressão lingüística (elemento fantasia).
Ex: O. Lisboa & Coelho Alimentos LTDA é nome empresarial baseado em nomes civis e Pão
Delícia LTDA é baseado em elemento fantasia.
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Muitas vezes, apenas levando-se em conta a estrutura não é possível definir se um determinado
nome empresarial é firma ou denominação.
Certo está que se não há referencia ao ramo de atividade econômica, não pode ser denominação
e se baseado em elemento fantasia, não pode ser firma.
Quanto à função
Assim, se José Eduardo Pereira é empresário individual inscrito sob a firma “Pereira, Luminárias
Originais“, a assinatura devida para os instrumentos com os quais se obrigará nos seus atos
negociais deverá reproduzir esta expressão, inclusive “Luminárias Originais”.
Se ele é administrador da sociedade que comercie sob a firma “Pereira e Cia. LTDA.” Não deverá
assinar sua assinatura civil, mesmo que sobre o nome empresarial da sociedade, escrito,
impresso ou carimbado. Deverá assinar o nome empresarial da sociedade, na forma que assinou
no campo próprio, o contrato social, ou seja, reproduzindo com seu estilo individual as expressões
constituintes da firma, inclusive “e Cia. LTDA.”
Já o representante legal de sociedade empresária que gire sob a denominação “Pão Delícia
LTDA”, para obrigar a sociedade, deve lançar a sua assinatura civil sob o nome empresarial dela,
inscrito, impresso ou carimbado. Não poderá neste caso, assinar a denominação.
Para o empresário individual e para cada tipo de sociedade empresária, o direito contempla regras
específicas de formação do nome empresarial. Vejamos.
“José Eduardo Pereira”; “J. E. Pereira”; J. Eduardo Pereira”; “J. E. Pereira Luminárias
Originais” , etc.
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ii) A sociedade em nome coletivo (art. 1039 CC/02) poderá adotar apenas firma social,
que poderá ter por base o nome civil de um, alguns ou todos os seus sócios. Os nomes
poderão ser usados por extenso ou de forma abreviada.
Se, por acaso, não constar o nome de todos os sócios, é obrigatória a utilização da
partícula “e companhia” (ou abreviadamente “& Cia”). Poderão os sócios agregar ou não o
ramo da empresa correspondente. Assim por exemplo:
Sócios: José Silva, Antônio Cerqueira, Luís Pereira.
Variáveis de nome empresarial:
- “José Silva, Antônio Cerqueira & Luís Pereira”
- “Silva, Cerqueira e Pereira”
- “J. Silva, A. Cerqueira e Pereira, Luminárias Originais”
- “José Silva & Cia”, dentre outros.
iii) A sociedade em comandita simples (art. 1045 CC/02) também pode compor o nome
empresarial por meio de firma, em que conste nome civil de sócio ou sócios comanditados
(respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais).Os sócios comanditários
não poderão ter seus nomes aproveitados na formação do nome empresarial, pois estes
não têm responsabilidade ilimitada pelas obrigações da sociedade.
O nome civil do sócio comanditado pode ser usado por extenso ou abreviadamente, e
pode-se agregar o ramo da empresa explorado pela sociedade. Assim, por exemplo:
iv) A sociedade em conta de participação (Art. 991 CC/02), dada a sua natureza de
sociedade secreta, está proibida de adotar nome empresarial (firma ou denominação) que
denuncie a sua existência: (CC, art. 1162)
v) A sociedade limitada (art. 1052 CC/02) está autorizada, por lei, a atuar sob firma (que
além da identidade do empresário é também sua assinatura) ou denominação (que
apenas servirá como elemento de identificação de exercente da atividade).
Se optar por firma, poderá incluir nela o nome civil incluir nela o nome civil de um, alguns
ou todos os sócios que a compõem, por extenso ou abreviadamente, valendo-se da
partícula “e companhia” ou “& Cia” , sempre que houver a omissão de pelo menos um dos
sócios.
Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra
final "limitada" ou a sua abreviatura.
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§ 1o A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de
modo indicativo da relação social.
§ 2o A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome
de um ou mais sócios.
vi) A sociedade anônima (art 1088 CC/02) só pode adotar denominação de que deve
constar referência ao objeto social, desde a entrada em vigor do CC/2002, art 1.160:
Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social,
integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou "companhia", por extenso ou
abreviadamente.
Pode-se usar ainda o nome de pessoas que fundaram a companhia ou concorrem para
seu bom êxito.
vii) A sociedade em comandita por ações (Art. 1.090 CC/02) pode utilizar firma ou
denominação.
No primeiro caso (firma), pode aproveitar apenas o nome civil (extenso ou abreviado) dos
sócios diretores ou administradores que respondem ilimitadamente pelas obrigações
sociais. Na denominação, exige-se a referência ao objeto social.
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acionistas com responsabilidade ilimitada (diretores) é obrigatória a locução “e
companhia”, por extenso ou abreviada.
viii) Por fim, quando o empresário, seja pessoa física ou jurídica, for se registrar como
microempresário ou empresário de pequeno porte, este terá acrescido ao seu nome a
locução identificativa desta condição (ME ou EPP).
O nome empresarial, ao contrário do nome civil, pode ser mudado pela simples vontade do
empresário, desde que respeitadas as regras para a sua formação. No caso se o empresário é
pessoa jurídica, isto é, sociedade empresaria, deve concorrer para a mudança do nome a vontade
de tantos sócios quanto forem necessário para fazerem a alteração contratual.
a) saída, retirada, exclusão ou morte de sócio cujo nome civil constava da firma social: nesta
hipótese, enquanto não se proceder à alteração do nome empresarial, o ex-sócio ou o seu
espólio, continua a responder pelas obrigações sociais nas mesmas condições em que
respondia quando ainda integrava o quadro associativo (CC, arts. 1.158,§ 1º e 1.165)
Art. 1.165. O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser
conservado na firma social.
Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sob firma,
na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de
um deles a expressão "e companhia" ou sua abreviatura.
Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o
permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor.
Tais regras de alteração obrigatória do nome empresarial fundado em nome civil, deriva da regra
de composição comumente chamada de “princípio da veracidade”, art. 34 da LRE - lei do registro
de empresa, 8934/94.
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E de acordo com esse princípio, é proibido ao empresário valer-se, na composição de seu nome
empresarial, de elementos estranhos ao nome civil, de que seja titular como pessoa física, ou de
que sejam titulares os seus sócios, se pessoa jurídica. A exceção a este princípio é o caso do art.
3º da LSA, isto é, quando composta por nome civil de fundador ou pessoa que tenha concorrido
para o êxito da empresa, ainda que não seja mais acionista.
Além dessas hipóteses, decorrentes do princípio da veracidade, o direito prevê outras duas
causas que ensejam a mudança compulsória de firma ou denominação:
A proteção ao nome empresarial tem como cerne dois interesses do empresário, quais sejam: o
interesse na preservação da clientela e a preservação do crédito. E exatamente porque o
interesse não se restringe só à clientela é proteção ao nome empresarial não se limita aos
empresários que atuem no mesmo ramo.
CC, Art. 1.163. O nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no
mesmo registro.
LSA. Art. 3º A sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões
"companhia" ou "sociedade anônima", expressas por extenso ou abreviadamente mas vedada
a utilização da primeira ao final.
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Embora a lei não defina a semelhança ou identidade, a doutrina esclarece que não pode ser
idênticos ou semelhantes o núcleo do nome empresarial. Considera-se como núcleo do nome
empresarial a expressão que é própria do seu titular, aquela que o torna conhecido, tanto entre os
consumidores como fornecedores.
É aquela parte do nome empresarial que não se pode retirar sem que ele se desnature. Assim, os
elementos identificadores do tipo societário (“&Cia”, “LTDA”, “Sucessor de” etc) devem ser
desprezados na análise da identidade ou semelhança entre dois nomes empresariais.
Exemplificando:
Apesar de a e b possuírem elementos absolutamente idênticos entre si, são nomes empresariais
diferentes, isso porque o núcleo de um (Luz do Dia) é inconfundível com o núcleo (Raio de Sol) do
outro. Desta forma, o titular de um deles não tem qualquer direito em relação ao titular do outro.
Já a e c embora tenham apenas uma expressão idêntica, tal expressão é próprio núcleo do nome.
Assim o titular do nome empresarial que se sentir prejudicado terá direito de obrigar o titular do
outro a abster-se de fazer uso dele, já que o núcleo de ambos é igual (Luz do Dia).
Na seara do direito penal, há a proteção do nome empresarial quando a lei define a usurpação do
nome empresarial como crime de concorrência desleal (LPI, art. 195, V)