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WENDY NORTHCUTT
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Sumário
REGRAS E QUALIFICAÇÃO
Essas histórias não devem ser lidas todas de uma vez. Como
quitutes preparados por um gourmet, elas são mais saborosas se
consumidas aos poucos. Uma história que faz você gargalhar, se é a primeira
que você lê, pode provocar um bocejo depois que você já se satisfez com
outras 12 histórias. Para o máximo prazer, contente-se em ler umas poucas
por dia.
Lembre-se que uma história que faz você rir pode horrorizar outra
pessoa, e vice-versa. Pesquisas entre os leitores mostram que, na minha
busca por esclarecer o processo evolucionário, eu geralmente tenho sucesso
em me equilibrar entre o humor e o horror. Se você, em algum momento,
achar que eu errei, por favor vire a página e se divirta com a história
seguinte.
Enquanto você estiver saboreando essas pérolas, espero que
também sinta alegria com o conceito de evolução como ele se aplica ao nosso
próximo.
Capítulo 1
Se você deixar uma jibóia de 3 metros solta na sua casa, você terá
uma boa chance de ganhar um Prêmio Darwin.
Um homem foi esmagado até a morte por sua jibóia de estimação,
que não manteve adequadamente saciada de comida. Grant, de 19 anos, foi
encontrado inconsciente em uma pequena poça de sangue, envolto por uma
jibóia de Burma (Molorus bivattatus) chamada Damien. A cobra faminta só
tinha recebido de alimento uma galinha morta, uma semana antes da
ocorrência.
Na época do ataque, Grant estava se preparando para dar de comer
a Damien uma galinha viva. Herpetologistas especulam que o jovem
esqueceu-se de lavar as mãos para tirar o cheiro da galinha. Também é
possível que a zangada jibóia simplesmente tenha preferido um alimento
maior. Quando caça, a jibóia de Burma pode mover-se com uma rapidez
mortal, e poucas criaturas conseguem escapar do seu abraço.
Envolto pela jibóia, Grant foi se arrastando até o corredor para
pedir socorro, e ali caiu. Paramédicos fizeram um grande esforço para
desenrolar o réptil de 25 quilos, com uma espessura de 12 centímetros, e o
lançaram em um cômodo adjacente. Levaram a vítima às pressas para o
hospital, onde morreu.
Grant e seu irmão tinham várias cobras, muitas soltas, em seu
apartamento no Bronx. A mãe deles, Carmelita, tentara convencer seu filho a
abandonar o hobby, mas em vão. "Pedi para ele se livrar da jibóia. Até
ameacei chamar a polícia."
O capitão da polícia Thomas Kelly disse: "Parece ter sido acidental.
Grant pode ter achado que sua familiaridade com Damien o punha a salvo
do perigo, mas uma jibóia faminta não escolhe muito.".
Damien foi alimentada e enjaulada num centro de controle de
animais, para esperar um destino incerto.
Referência: Times de Londres, New York Times,
Los Angeles Times.
1. Se for atacado por uma anaconda, não corra. Ela é mais rápida
do que você.
2. Deite-se no chão. Aperte os braços contra seus lados e as pernas
uma contra a outra.
3. Abaixe o queixo.
4. A cobra vai se esfregar e subir em seu corpo.
5. Não entre em pânico.
6. Depois que ela o examinar, ela vai começar a engoli-lo a partir
dos pés, sempre. Deixe que ela engula seus pés e canelas. Não entre em
pânico.
7. A cobra vai começar a sugar suas pernas. Fique perfeitamente
imóvel. Isso leva tempo.
8. Quando a cobra tiver chegado aos seus joelhos, lentamente,
mexendo-se o menos possível, abaixe-se, pegue a faca e, suavemente,
deslize-a para o lado da boca da cobra entre o canto da boca e a sua perna, e
subitamente puxe para cima, cortando fora a cabeça da cobra.
9. Tenha sempre sua faca à mão.
10. Mantenha sua faca afiada.
Na verdade, não é bem assim. As anacondas engolem as vitimas a
partir da cabeça em 99% dos casos, quase sempre depois de esmagá-las até
a morte. Mesmo quando uma cobra encontra um animal morto, ela costuma
esmagá-lo antes de comer, para garantir que ele está morto mesmo.
Capítulo 2
Relativamente perigoso: assunto familiar
"A inteligência não está aumentando aí fora. Você tem que se
entender com a burrice e fazer com que ela trabalhe para você."
Observação de Frank Zappa
AS CRIANÇAS E A EVOLUÇÃO
O Prêmio Darwin de 1994 foi para o sujeito que foi morto por uma
máquina de Coca-Cola, que caiu em cima dele enquanto ele tentava arrancar
dela um refrigerante, sem pagar.
Referência: Reuters, Morgunbladid da Islândia, Kenya Times.
O Grand Canyon tem uma cerca nos mirantes mais perigosos, para
evitar que visitantes estabanados caiam no abismo. Alguns desses mirantes
têm pequenos platôs a pouca distância da cerca. Os turistas jogam moedas
ali, como se fossem fontes (secas) da sorte. Algumas moedas vão se
empilhando ali, e outras, caem no precipício.
Um homem temerário pulou a cerca levando um saco e subiu em
um desses poleiros precários, cobertos de moedas. Encheu o saco e tentou
pular a cerca de volta. Mas o saco estava pesado, ele não conseguiu pular, se
desequilibrou e proporcionou aos turistas a visão de seu vôo até o fundo do
Grand Canyon, onde ficou cercado pelas moedinhas que tanto queria.
Myner que tem 22 anos de idade, invadiu uma casa de Los Angeles
às 3h da madrugada, e deu de cara com o dono da casa, um policial que
estava armado e atirou quando viu que o intruso tinha uma faca na mão.
Myner viu que estava em apuros e tentou fugir, mas tropeçou em uma
plantação de cacto, onde perdeu a faca. Depois de se livrar das plantas que o
espetavam, ele correu para a cerca, de ferro batido decorativo, que o espetou
cruelmente no ventre enquanto ele passava por cima, para cair na calçada
do outro lado. Apesar de tudo, ele conseguiu escapar, mas foi preso mais
tarde, quando procurava tratar seus ferimentos no hospital Memorial
Anaheim. O sargento Joe Vargas resumiu suas aventuras: "Ele não estava
numa boa noite.".
Referência: USA Today, Contra Costa Times.
Capítulo 4
Virando fumaça: fogo e explosões
"A vida do homem é solitária, pobre, cruel, brutal e curta."
Thomas Hobbes
Capítulo 5
Saltos no escuro: quedas fatais
Todos os homens podem voar, mas infelizmente, só numa direção.
JOHN F. KENNEDY JR.
Os seres humanos parecem ter uma paixão inata pelo vôo, mas
repetidas vezes nossos corpos têm-se mostrado inadequados para isso. As
histórias a seguir mostram o que acontece quando um lamentável erro de
cálculo, combinado com uma certa falta de respeito pela gravidade, leva à
conclusão inevitável de que o homem não foi feito para voar.
Uma das discussões mais acirradas na história dos Prêmios
Darwin seguiu-se à morte de John F. Kennedy Jr., que caiu de avião no mar
perto de Martha's Vineyard, em 16 de julho de 1999, matando a si próprio
mais dois passageiros. Logo surgiu um espontâneo debate sobre os méritos
de conceder-lhe um Prêmio Darwin, no Fórum de Filosofia.
O Fórum é um ponto focai da cultura dos Prêmios Darwin. Leitores
se reúnem ali para manifestar sua opinião sobre os indicados, discutir o
papel da seleção natural na biologia humana e abordar questões éticas
levantadas pela teoria da evolução. O acalorado debate que se seguiu ao
desastre de avião é um exemplo interessante desta comunidade em ação, e
ilustra o processo de seleção dos candidatos ao prêmio.
Charrell6170
Depois de cuidadosa consideração, decidi indicar JFK Jr. para um
Prêmio Darwin. Este era um homem que tinha tirado o brevê de piloto há
apenas 14 meses, e não tinha obtido licença para vôo por instrumentos.
Mesmo assim, estava voando de noite, num avião de alto desempenho, com o
qual ele não estava familiarizado. Não tinha plano de vôo, o que não é ilegal
mas não é recomendado, e enfrentava condições de baixa visibilidade.
Baseado nesses méritos, acho que ele tem direito a um Prêmio Darwin.
PsychotiK
Ele não seria indicado se fosse um acidente de carro, então por que
sendo um acidente de avião? Não há nada de darwiniano na forma como ele
se liquidou, e nem foi divertido. O ganhador do Prêmio Darwin tem de fazer
mais do que tomar uma má decisão. Esse não leva meu voto.
Hugo
Se JFK Jr. for indicado, então indico Amélia Earhart*,
retroativamente, para um Prêmio Darwin histórico.
* N.T.: Amélia Earhart, a primeira mulher (e segunda pessoa,
depois de Charles Lindbergh) a atravessar o Atlântico num vôo solo, em
1932,a primeira a atravessar o Pacifico, cm 1935, desapareceu em 1937
quando estava sobrevoando o Pacifico, em más condições de vôo, na
tentativa de completar a volta ao mundo sobre a linha do equador.
UK Yank
É claro que ele deve ser candidato! Deixe-me explicar isso para os
não-pilotos. É a noite da véspera do casamento de um parente seu e você
quer ir para o casamento. Seu único carro é um Porsche 911 Turbo,
alucinadamente rápido, um acidente à beira de acontecer nas mãos de
motoristas inexperientes como você. Você não tem correntes para neve, seu
pé está machucado e está ficando escuro. Seus amigos lhe avisam que vem
aí uma neblina espessa e vai cair tanta neve que não vai dar para ver a
estrada. Eles nem sonhariam em sair numa noite assim. O que você faz?
a) Contrata um piloto de corridas profissional para dirigir o
Porsche.
b) Espera amanhecer e melhorar o tempo.
c) Salta dentro do Porsche e manda bala.
Pelo amor de Deus! Quando você sabe que as probabilidades estão
contra você, mas mesmo assim arrisca a vida, você não está bebendo da
fonte da sabedoria, está só gargarejando. Dêem o prêmio ao homem!
Trevorg
Eu investiguei acidentes aéreos para os militares, e este caso nem
precisa de investigação. A resposta é óbvia. Saiu da página "maneiras
previsíveis para pilotos imbecis morrerem". Cometer um erro tão absurdo em
face de tal montanha de informações faz de JFK Jr. um forte candidato ao
Prêmio Darwin.
SReddy 17dyl7
Ele não cometeu burrice. A torre de controle sabia quanta
experiência ele tinha. Se achassem que ele era incapaz de voar, não o teriam
deixado decolar. Além disso, se ele tivesse a menor dúvida sobre sua
capacidade, não teria posto em perigo sua mulher e sua cunhada.
Sidecar
Quem tem experiência de vôo sabe que o piloto é senhor do ;eu
destino. Quando ele aquece o avião e taxia até a pista, a torre de controle lhe
dá informações, inclusive sobre velocidade e direção do vento. Quando ele
está pronto para decolar, a torre usa as seguintes palavras: "Você pode
decolar, a seu critério.". Isto absolve a torre da responsabilidade pelo piloto
ou pelo avião. Todo o contato com agências de controle aéreo refere-se
apenas a informações. Você é que tem de agir com responsabilidade, baseado
nessas informações.
SReddy17
O cara está morto, tenham um pouco de respeito. Talvez tenha
acontecido algo totalmente fora de controle e estranho, quem abe? Mesmo
pilotos com anos de experiência têm acidentes em noites exatamente como
esta, vamos parar com isso.
1 Voice in the Wilderness
As provas estão contra você, SReddy17. Você mesmo disse, m
defesa de JFK Jr.: "Pilotos com anos de experiência têm acidentes em noites
exatamente como esta.". Exatamente por isto ele não devia ter decolado.
Harwin
A controvérsia sobre prós e contras da indicação de John F.
Kennedy Jr. para um Prêmio Darwin torna a decisão difícil. Ponderei os
comentários, ignorei a repercussão na imprensa e decidi não fazer a
indicação. "Há pilotos velhos e há pilotos ousados, mas não há pilotos velhos
e ousados." Este ditado ilustra que o erro dele é comum, portanto JFK Jr.
não está qualificado para ganhar um Prêmio Darwin.
Capítulo 6
Inteligência militar:
uniformizados desinformados
Relato pessoal:
5 soldados, 6 policiais, zero cérebro
Década de 1970, Irlanda do Norte
Capítulo 7
Intoxicados de testosterona: os machões
"Se nada mais der certo, o jeito é se assegurar da imortalidade
fazendo alguma besteira espetacular."
Observação do economista John Kenneth Galbraith
A QUESTÃO DA PROLE
Neste capítulo reuni uma coleção de histórias que têm como
elemento comum a testosterona. O comportamento dos candidatos ao prêmio
é tão míope, tão contrário ao bom senso, que só pode ser explicado pela
aparente necessidade de mostrar uma capacidade superior de assumir
riscos. Estes casos com inspiração em testosterona fazem pensar: e se estes
homens já tiveram procriado?
Um candidato é automaticamente desclassificado se tiver filhos?
Tanto os fatores genéticos como os ambientais desempenham um papel na
determinação de nossas escolhas e nosso comportamento, assim, precisamos
discutir cada qual como fonte de potenciais candidatos ao Prêmio Darwin,
para depois tentar responder a pergunta acima.
Um exemplo concreto esclarece melhor a questão. Imagine que o
único motivo para um homem ganhar um Darwin é que ele tem o gene da
Estupidez Explosiva, que faz com que ele ignore o risco de brincar com
bombas.
O homem que tem esse gene imaginário tende a desprezar o perigo
dizendo que ele entende de explosivos e não se machucará. Por mais que ele
veja filmes mostrando corpos despedaçados, e por mais que conheça gente
que se feriu em explosões, ele estará sempre convencido de que o perigo não
pode alcançá-lo.
Assim, um dia ele estoura os miolos brincando de roleta-russa com
uma mina, como o sujeito a respeito do qual você vai ler abaixo.
O filho do sujeito que tinha o gene da Estupidez Explosiva, herdou
metade dos genes do pai e metade da mãe. Pode dar graças a Deus por só ter
50% de chance de possuir o gene da Estupidez Explosiva. Como os filhos têm
uma boa chance de não terem herdado um determinado gene, a presença de
filhos não desclassifica o homem da Estupidez Explosiva de concorrer a um
Prêmio Darwin.
As contribuições genéticas são apenas parte da história. O
ambiente também desempenha o seu papel. Se um filho herda o gene da
Estupidez Explosiva, ele vai aprender com o pai que brincar com explosivos é
ótimo. Mesmo se não tiver herdado o gene, ele terá uma boa chance de
ganhar um Darwin, porque aprendeu a se sentir onipotente perto de
explosivos. Enquanto o pai estiver Dor perto para estimular o
comportamento perigoso, o ambiente social do filho tornará mais provável
que ele assuma os mesmos riscos.
Mas suponha que o pai jogue um cigarro em um recipiente com
TNT e se faça em pedacinhos. Neste caso, dificilmente o filho seguirá o rumo
do pai. O ato que leva a ganhar um Prêmio Darwin acaba influindo o
ambiente de maneira a evitar que o filho também ganhe. Portanto, mais uma
vez somos levados à conclusão de que os homens que tiveram filhos podem
ganhar o Darwin. E a criança que herdou um gene azarado, por sua vez, terá
sua chance de concorrer algum dia.
O papel da testosterona na reprodução está bem documentado,
mas ela também participa da manifestação ocasional de estupidez, como
mostram os casos a seguir.
Faminto ou só burro?
Quarta-feira foi um dia fatídico para Michael. Ele estava fazendo
hora com um grupo de amigos, olhando um deles limpar o tanque de peixes.
O amigo queixou-se então de que um certo espécime tinha se tornado um
problema. Tinha crescido demais, e estava comendo os outros peixes.
Michael propôs-se a ajudar. Pegou o peixe, de oito centímetros, e
tentou engoli-lo. Infelizmente, o peixe não concordou e se agarrou a sua
garganta com uma mordida. Michael tentou respirar em vão, ficou azul e
caiu de joelhos. Seus três amigos compreenderam que algo estava errado e
pediram socorro discando para a emergência.
Rapidamente chegaram os paramédicos, que viram a cauda do
peixe ainda saindo da boca da vítima. Mas, por mais que fizesse, não
conseguiram salvar o homem nem o peixe.
"Se eu te digo que duvido que você pule da ponte e você pula, é
burrice", comentou o major da polícia Mike Matulavich. Pelo visto, Michael
não foi uma vítima, ele queria apenas ganhar um Prêmio Darwin.
Prêmio Darwin: falta d'água
Confirmado por Darwin 26 de julho de 1991
Ken, de 38 anos, foi mordido por uma cobra que era propriedade de
um amigo, depois de enfiar a mão, por brincadeira, dentro do tanque onde
ela estava. Recusou-se então a ir a um hospital, dizendo: "Eu sou é homem,
eu agüento isto.".
Bobagem maior é difícil imaginar.
Em vez de hospital, Ken foi a um bar. Acontece que o veneno de
cobra é uma toxina de ação lenta, que ataca o sistema nervoso central. Age
tão lentamente que ele conseguiu beber três drinques enquanto se gabava de
ter sido mordido por uma cobra. Acabou sucumbindo ao veneno e morreu
em questão de poucas horas.
Relato pessoal
Trecho da carta enviada por um estudante de física a seus amigos,
descrevendo seu ano de pós-graduação na faculdade
Junho de 1998
EVOLUÇÃO VERGONHOSA
Capítulo 11
Ingenuidade fatal: o fim da linha
"Pense nisso como a evolução em ação." Cartaz afixado num ponto
de onde os suicidas costumam pular, no livro de Larry Niven e Jerry
Pournelle "Oath of Fealty".
A EVOLUÇÃO EM AÇÃO