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I Curso de Capacitação de

Condutores de Visitantes
Do Parque Nacional
Da Serra dos Órgãos

Execução:
24 a 30 de Setembro de 2006

Projeto “Centro de Referência em Biodiversidade da Serra dos Órgãos:


uma Aliança entre Educação, Turismo e Conservação”
Projeto “Centro de Referência em Biodiversidade da Serra dos Órgãos: uma aliança entre
Educação, Turismo e Conservação”.

O projeto “Centro de Referência em Biodiversidade da Serra dos Órgãos: uma aliança entre Educação,
Turismo e Conservação”, realizado pela Conhecer para Conservar(*) em parceria com o Parque nacional
da Serra dos Órgãos, visa disponibilizar e disseminar informações ambientais, democratizando o acesso
à informação sobre o meio ambiente e a gestão dos recursos naturais para as comunidades do entorno,
bem como para os gestores, professores, pesquisadores e visitantes do Parque.

Para tanto, o projeto se divide em quatro linhas de atuação:

1-) Adequação da estrutura disponível no PARNASO, com a implantação de biblioteca; de um pólo de


capacitação em temas ligados ao meio ambiente, como o ecoturismo e a Educação Ambiental; e de uma
base de apoio à pesquisa científica.

2-) Educação Ambiental Formal, com a capacitação de diretores, orientadores pedagógicos e


professores das escolas do entorno, visando potencializar o Parque Nacional como um pólo difusor de
ações educativas, novos hábitos, valores e atitudes voltadas para a preservação ambiental,
estabelecendo uma parceria que possibilite o intercâmbio técnico e pedagógico entre o PARNASO e as
escolas vizinhas.

3-) Educação Ambiental Não Formal, com a promoção de campanhas e eventos educativos nas
comunidades do entorno com o Centro de Referência Móvel, utilizando veículo multimídia do IBAMA,
equipado com tecnologia de comunicação de ponta, visando ampliar a capacidade de conservação do
PARNASO, através do estreitamento do vínculo com as comunidades de seu entorno.

4-) Fomento ao Ecoturismo Regional, com a capacitação da mão-de-obra local para o desenvolvimento
de atividades econômicas sustentáveis associadas à conservação da Mata Atlântica, como o ecoturismo,
possibilitando alternativas de renda associadas à conservação do Parque e seu entorno; com a produção
de material informativo sobre as atrações turísticas existentes na região; e com estudos para criação de
novas trilhas e capacidade de suporte, e de capacitação para a manutenção de trilhas e condução de
visitantes, visando agregar maior valor aos produtos ecoturísticos oferecidos na região.

A proposta de cursos de Capacitação de condutores de visitantes do PARNASO tem por objetivo


profissionalizar e organizar a atividade de condução de visitantes no PARNASO e entorno, bem como
ampliar, qualificar e uniformizar os serviços oferecidos pelos condutores.

Os cursos visam também fomentar a criação de uma rede de informações sobre o ecoturismo nos quatro
municípios abrangidos pelo Parque, e contribuir para a elaboração de programa de desenvolvimento
comunitário sustentável e geração de renda alternativa relacionada ao turismo.

Coordenação Técnica: Evelyn Sue Kato


Equipe do projeto: Cecilia Cronemberger de Faria; Fátima Santos, Imara Moreira Freire e Renata de
Faria Brasileiro

Contatos: www.conhecerparaconservar.org.br; conhecerparaconservar@gmail.com; (21) 2152-1101.

(*) A Conhecer para Conservar é uma entidade civil que tem como missão defender o meio ambiente e
os recursos naturais conservando a biodiversidade, e estimular e desenvolver o pleno exercício da
cidadania, através da Educação Ambiental.

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Índice
1 – Apresentação e Objetivos 04
1.1 – Objetivo Geral 04
1.2 – Objetivo Específico 04

2 – Critérios na seleção, certificação e credenciamento de Condutores de Visitantes 05


2.1 – Requisitos para inscrição 05
2.2 – Condições necessárias para fazer o curso 05
2.3 – Requisitos para receber o Certificado de conclusão do curso 05
2.4 – Requisitos para ser certificado pela Aguiperj e credenciado pelo PARNASO 05

3 – Meio Ambiente e História 06


3.1 – Mata Atlântica 06
3.2 – Unidade de Conservação 06
3.3 – O PARNASO 07
3.4 – História do Montanhismo no PARNASO 19

4 – Condução em Ambientes Naturais 21


4.1 – O condutor de Visitantes e os Guias de Turismo 21
4.2 – Condução com Mínimo Impacto 21
4.3 – Técnicas de Condução 24
4.4 – Liderança 26

5 - Equipamentos e Navegação 28
5.1 – Noções Básicas de Navegação 28
5.2 – Roupas e Equipamentos 32
5.3 – Alimentação 36

6 – Responsabilidade Civil e Código de Defesa do consumidor 37


7 – Comportamento seguro e Prevenção de acidentes 40
7.1 – Segurança na condução 40
7.2 – Emergências 40
7.3 – Noções de Primeiros Socorros 40
7.4 – Telefones de emergência 43

8 – Bibliografia 45
9 – Avaliação 46

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Apresentação e Objetivos
As matas são consideradas de grande importância para garantir a qualidade ambiental e,
conseqüentemente, a qualidade de vida das populações. A manutenção do ambiente natural permite o
controle da temperatura, da poluição, da erosão e dos recursos hídricos, preservando a biodiversidade.
O Curso de Capacitação de Condutores de Visitantes da AGUIPERJ vem contribuir para a capacitação
de profissionais que estarão aptos a atender ao crescente interesse e à grande demanda do público que
atualmente deseja freqüentar as Unidades de Conservação (UCs). Trata-se de um público que anseia
por informações e que tem imenso interesse em compreender o complexo ambiente natural.
O Curso de Capacitação de Condutores de Visitantes da AGUIPERJ está preferencialmente direcionado
aos integrantes das comunidades locais, principalmente aquelas que estão inseridas nas Unidades de
Conservação brasileiras ou estabelecidas em áreas contíguas às UCs no território nacional.
O acesso aos processos de formação e qualificação profissional para a condução de grupos de
visitantes em área naturais, potencializam a melhor inserção no mercado de trabalho aos integrantes das
comunidades, bem como maximizam a qualidade das experiências obtidas na visitação, e podem
ampliar a compreensão sobre a importância da conservação ambiental pelos visitantes. Além, de
otimizar os mecanismos disponíveis para ordenamento e minimização dos impactos em atividades de
visitação ecoturística no interior das Unidades de Conservação e áreas do entorno.
O Curso cobrirá os seguintes Módulos:
1. Meio Ambiente e História. 2. Condução em Ambientes Naturais.
3. Equipamentos e Navegação 4. Responsabilidade Civil.
5. Comportamento seguro e Prevenção de acidentes. 5. Conhecendo o PARNASO

1.1) Objetivo Geral


Contribuir para a formação de Condutores de Visitantes locais para atuarem na condução de visitantes
no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, ou em sítios turísticos inseridos em seu entorno.

1.2) Objetivos Específicos


Formar Condutores de Visitantes, capazes de:
• Interpretar os ambientes;
• Orientar e sensibilizar para a importância da conservação do meio ambiente;
• Conduzir grupos de visitantes com segurança;
• Estar apto para contribuir em ações de monitoramento dos impactos gerados pela visitação
pública;
• Contribuir com mecanismos de gestão ambiental, que são adotados pelos gestores da unidade
de conservação;
• Aprenderem a buscar conhecimento com autonomia.

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Critérios na seleção, certificação e
credenciamento de Condutores de Visitantes.

2.1) Requisitos para inscrição.


2.1.1 - Ter 18 anos completos:
Comprovação: identidade ou outro documento oficial;
2.1.2 – Ser alfabetizado:
Comprovação: Preenchimento da ficha de Inscrição,

2.2) Condições necessárias para fazer o curso.


2.2.1 – Ser aprovado no processo de seleção:
2.2.2 – Documentos a serem apresentados:
a. Assinatura do Termo de Compromisso;
b. Apresentar cópia do documento de Identidade e CPF;
c. Atestado médico de saúde.
d. Duas fotos 3x4.

2.3) Requisitos para receber o Certificado de Conclusão do Curso.


2.3.1 – 75% (setenta e cinco por cento) de presença nas aulas teóricas e práticas;
Aprovado nas avaliações das atividades práticas nos sítios de visitação da UC e região de
entorno;
2.3.2 – Avaliação por módulo e ao final do curso:
Análise individual e de grupo; escrita e oral;
2.3.3 – Obter média final por disciplina igual ou superior a 7,0 (sete);

2.4) Requisitos para ser Certificado pela AGUIPERJ e credenciado pelo PARNASO.
2.4.1 – Possuir o Certificado do Curso Capacitação Condutores de Visitantes, com 40 horas teóricas e
16 horas práticas, totalizando 56 horas, oferecido pela Aguiperj;
2.4.2 – Possuir certificado de outra instituição idônea, que tenha ministrado curso similar, com grade
curricular equivalente, cujo reconhecimento, parcial ou total, deverá ser avaliado pelo Aguiperj e
PARNASO, que deverá, se for o caso, recomendar as complementações necessárias;
2.4.3 – Completar estágio pelo período de um ano. Realizando neste período pelo menos 12 excursões
registradas no PARNASO.
2.4.4 – Estar devidamente equipado para o exercício da função;
2.4.5 – Participar de cursos ofertados que estão relacionados à sua atuação sempre que for possível, ao
longo dos dois anos subseqüentes ao curso de monitores;
2.4.6 – Possuir uma conduta ética, de acordo com os ensinamentos adquiridos no decorrer do curso de
monitores;
2.4.7 – Respeitar os regulamentos estabelecidos pela Aguiperj e pelos órgãos responsáveis pela
PARNASO ou sítios de visitação turísticos para os quais estiver credenciado.

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Meio Ambiente e História

3.1) Mata Atlântica


A Mata Atlântica é um dos biomas mais diversificados e
ameaçados do planeta. Está presente tanto na região
litorânea como nos planaltos e serras do interior, do Rio
Grande do Norte ao Rio Grande do Sul e ao longo de
toda a costa brasileira a sua largura varia entre
pequenas faixas e grandes extensões, atingindo em
média 200 km de largura.
Possui camadas de vegetação claramente definidas. O
explorador alemão Alexander von Humbolt a descrevia
como uma "floresta sobre uma floresta". As copas das
altas árvores formam o dossel e chegam a atingir 30, 35
e até 60 metros de altura. O tronco das árvores,
normalmente liso, só se ramifica bem no alto para
formar a copa. As copas das árvores mais altas tocam-
se umas nas outras, formando uma massa de folhas e
galhos que barra a passagem do sol. Numa parte mais
baixa, nascem e crescem arbustos e pequenas árvores,
bambus, samambaias gigantes e liquens, que toleram
menos luz, formando os chamados sub-bosques. Várias
outras espécies se fixam sobre as árvores, como cipós,
bromélias e orquídeas. O piso da floresta é coberto por
uma camada de folhas e outras partes que caem das
árvores. ao longo do ano, que serve de alimento para
muitos insetos, outros animais e principalmente aos
fungos, que são os principais responsáveis pelo
processo de decomposição da floresta. Assim, a
floresta se alimenta dela mesma.
Além da importância biológica e de garantir o
abastecimento de água para mais de 100 milhões de
pessoas, nas regiões que ocupa, a Mata Atlântica
possui belíssimas paisagens, cuja a proteção é
essencial para o desenvolvimento do ecoturismo e
consequentemente da economia no país.

3.2) Unidade de Conservação


É um espaço territorial e seus recursos ambientais,
incluindo as águas jurisdicionais, com características
naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder
Público, com objetivos de conservação e limites
definidos, sob regime especial de administração, ao
qual se aplicam garantias adequadas de proteção (Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza - SNUC, Lei nº 9985 de 18 de julho de 2000).
Art. 7° - As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com
características específicas:
I. Unidades de Proteção Integral;
II. Unidades de Uso Sustentável;

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§ 1°. O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo
admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos
nesta lei.
§ 2°. O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da
natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.
Art. 8° - O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de Unidades
de Conservação:
I. Estação Ecológica;
II. Reserva Biológica;
III. Parque Nacional;
IV. Monumento Natural;
V. Refúgio da Vida Silvestre.

3.3) O PARNASO
O Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) é uma Unidade
de Conservação, que tem como objetivo básico a preservação de
ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza
cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o
desenvolvimento de atividades de educação e interpretação
ambiental, de recreação em contato com a natureza e do turismo
ecológico. Sua gestão é realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), vinculado
ao Ministério do Meio Ambiente.
Apesar da sua importância para a conservação da biodiversidade. O PARNASO protege uma área muito
pequena, seus 10.600 hectares são insuficientes para proteger populações viáveis de algumas espécies
que ocorrem em baixas densidades, principalmente de grandes mamíferos, como a onça pintada, por
exemplo. O PARNASO sofre grande pressão
pelo crescimento urbano dos quatro municípios
em que está inserido. A população total é de
700 mil habitantes, com destaque para
Petrópolis (300 mil habitantes) e Teresópolis
(180 mil), que já têm suas áreas urbanas
ocupando o entorno imediato do Parque.
As características excepcionais da Serra dos
Órgãos e sua importância ecológica levaram o
Ministério do Meio Ambiente a reconhecê-la
como área prioritária para conservação (MMA,
2002). O workshop “Avaliação e ações
prioritárias para a conservação do Bioma
Floresta Atlântica e Campos Sulinos”, que
subsidiou a publicação do MMA, identificou a
região da Serra dos Órgãos como de extrema
importância biológica para todos os grupos
temáticos analisados (Vegetação e Flora,
Invertebrados, Peixes, Répteis e Anfíbios, Aves,
Mamíferos e Fatores Abióticos). Apenas outras
quatro áreas na Mata Atlântica receberam tamanho destaque (Vale do Ribeira, Itatiaia, Bocaina e litoral
sul da Bahia). O PARNASO ocupa, ainda, posição central no Mosaico da Mata Atlântica Central
Fluminense, sendo a Unidade de Conservação com maior estrutura e com maior capacidade operacional
e de manejo do mosaico que inclui outras nove UC federais, estaduais e municipais, além de diversas
Reservas Particulares do Patrimônio Natural. Este mosaico ocupa posição central no Corredor da Serra
do Mar e toda a região faz parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, decretada pela UNESCO.
A paisagem excepcional e a localização do parque, próxima do Rio de Janeiro e entre duas cidades com
forte caráter turístico, faz do PARNASO uma das Unidades de Conservação de maior visitação no país.

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O parque abriga o pico Dedo de Deus, conquistado em 1912 e referência nacional da escalada, e a
Travessia Petrópolis-Teresópolis, que cruza o PARNASO, um clássico do montanhismo brasileiro.

3.3.1) Uma breve história


Embora, a principio, o nome de algumas elevações - Dedo de Deus e de Nossa Senhora, Nariz do
Frade, Queixo do Frade etc. - leve inadvertidamente a pensar que a denominação Serra dos Órgãos daí
se origine, não é isto que se verifica. Serra dos Órgãos é o nome com que batizaram seus observadores
quando a visualizavam da baixada. Nome, aliás, muito apropriado. Com seus picos à maneira de tubos
ordenados, a Serra dos Órgãos se assemelha, de fato, a um enorme órgão de catedral no grande templo
fluminense.
A região da Serra dos Órgãos foi visitada por grandes naturalistas europeus, como Langsdorff, Von
Martius e Spix, que chamaram a atenção de brasileiros e estrangeiros para a beleza e importância
biológica desta área. Um destes naturalistas, o botânico escocês George Gardner, foi o conquistador do
pico mais alto da Serra dos Órgãos, a Pedra do Sino, em abril de 1841.
Criado em 30 de novembro de 1939, o PARNASO é o terceiro parque mais antigo do país (Itatiaia em
1937 e Iguaçú, também em 1939, o antecederam). Esta primeira geração de parques brasileiros reflete a
chegada ao Brasil de uma preocupação mundial com a degradação dos ambientes naturais.
No início do Século XX, já era grande a preocupação, principalmente dos países industrializados, em
defender seus ambientes naturais. Foram criadas áreas protegidas para a flora e a fauna, resguardando
não só a vida dos ecossistemas e dos mananciais de água, mas também as belezas cênicas dos
monumentos naturais. Dentro desse espírito, nascem no país os três primeiros Parques Nacionais: o de
Itatiaia, e os de Iguaçu e da Serra dos Órgãos.
Criado no governo Getúlio Vargas, pelo Decreto-Lei nº 1822, de 30 de novembro de 1939, com uma área
aproximada de 9.000 hectares, abrangendo parte dos municípios de Magé, Petrópolis e Teresópolis.
Mais tarde, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos teve sua área delimitada com 10.527 hectares (105
km²), através do Decreto nº 90.023, de 2 de agosto de 1984. O município de Guapimirim foi criado na
década de 1990, emancipado de Magé.
O PARNASO recebeu grande infra-estrutura na década de 1940 e era freqüentemente visitado por
embaixadores e autoridades da república. Instalações como a piscina natural, os prédios da
administração, depósitos, garagem, residências funcionais e os quatro abrigos da Trilha do Sino foram
construídos nesta época. O PARNASO chegou a ter cerca de 250 funcionários, incluindo extravagâncias
como garçons servindo de smoking nos abrigos de montanha.

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A partir da década de 1960, após a transferência da capital federal para Brasília, o parque enfrentou um
período de decadência, com escassez de recursos para manutenção e depreciação da estrutura. Neste
período foram perdidos os abrigos e várias residências funcionais.
A partir de 1980, foi iniciado um esforço para reerguer o parque, incluindo a publicação do Plano de
Manejo, o decreto de definição de limites e compra de terras para regularização da situação fundiária.
A década de 1990 foi um período de recuperação da estrutura física, com restauração dos prédios
antigos, construção do Centro de Operações, Casa do Montanhista, transformação do Abrigo Paquequer
na Pousada Refúgio do Parque, implantação do auditório “O Guarani” e do Centro de Visitantes.
O início do século XXI é de desafios na área de conservação e manejo do parque. O PARNASO vem
consolidando sua posição de referência nacional em gestão da pesquisa científica e inicia estudos para
ampliação do parque e atualização do Plano de Manejo.

3.3.2) Flora
O Parque Nacional da Serra dos Órgãos situa-se no domínio
da Mata Atlântica que, por ter sido reconhecida como um dos
biomas mais críticos para a conservação da biodiversidade
global, foi declarada pela UNESCO Reserva da Biosfera, em
1991. A Serra dos Órgãos foi classificada pelo Ministério do
Meio Ambiente como de extrema relevância para a
conservação da flora.
O Parque é contemplado por um generoso regime de chuvas,
em torno de 1.500mm anuais, sendo um dos fatores
decisivos para a perene exuberância de sua vegetação e
para a riqueza das espécies que abriga, muitas das quais
exclusivas desse ecossistema. As coberturas florestais Foto: Ernesto Viveiros de Castro

variam de acordo com as cotas altimétricas:


Até 500 metros - as encostas de baixa altitude são cobertas
pela floresta pluvial submontana, com a presença de árvores
de até 30 metros de altura, ocorrendo espécies como a
palmeira juçara, da qual é extraído o palmito, a pindobinha, a
samambaiaçu, e outras, como o murici, o baguaçu, o
jacatirão, a faveira e a embaúba.
Entre 500 e 1.500 metros - nesta faixa altitudinal a
vegetação é classificada como floresta montana, Esta é a
formação que possui maior estratificação vegetal entre as
diferentes fisionomias da mata atlântica. A estrutura dessa
mata possui variações dependentes das condições
específicas de cada área, mas em muitas formações as Foto: Ernesto Viveiros de Castro
maiores árvores atingem até 40 metros, e o dossel superior
(conjunto contínuo de copas de árvores) encontra-se entre 25
e 30 metros. O estrato arbóreo é dominado por grandes
árvores, como o jequitibá-rosa, o ouriceiro, a canela e a canela-santa, que tinge de amarelo a
supremacia do verde. Os troncos e os galhos das árvores são cobertos de epífitas. Além das bromélias e
orquídeas, muito comuns e de variadas espécies, são encontradas diferentes lianas (cipós),
begoniaceas, araceas e pteridophytas (samambaias). O estrato herbáceo é povoado por begônias,
orchideas, bromélias e gramíneas, além de jovens das espécies arbóreas de tamanho semelhante ao
das espécies herbáceas e arbustivas.
Acima de 1.500 metros - matas nebulares, freqüentemente encobertas por nuvens. Classificadas como
floresta pluvial alto-montana. A formação florestal é dominante, de porte arbóreo baixo, cerca de 5 a 10
metros. As árvores possuem troncos tortuosos e cobertos por camada de musgos e epífitas, exibindo um
certo grau de xeromorfismo, devido às baixas temperaturas. O sub-bosque desta mata é dominado por
significativa diversidade de espécies arbustivas. As bordas de afloramentos são tomas por pteridófitas e
briófitas de diversas espécies. É grande a concentração de epífitas, como bromélias e orquídeas. O
número de espécies endêmicas nesta faixa altitudinal é bastante elevado.
Acima de 2.000 metros - o Campo das Antas, a 2.134 metros de altitude, próximo à Pedra do Sino,
ponto culminante do Parque, é um dos únicos exemplos fitogeográficos do Estado do Rio de Janeiro do
subtipo Refúgio Ecológico Alto-Montana, também conhecido como Campo de Altitude, com um

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grupamento vegetal herbáceo-arbustivo aberto, que se desenvolve sobre os afloramentos rochosos. Por
estar na parte mais alta (áreas de contribuição, de onde água e solo descem para outros locais, mas que
nada recebem, ao não ser da atmosfera), a vegetação possui aspecto seco, o solo é raso e a radiação
solar é intensa. Estudos encontraram 347 espécies vegetais nesse ambiente, das quais 66 endêmicas
desse ecossistema. São comuns as também formações ligeiramente mais fechadas, dominadas por
espécies herbáceas rupícolas e adensamentos de pequenos arbustos lenhosos, e também vastas áreas
recobertas por campos. Estas formações são dominadas por espécies das famílias das orquídeas e
bromélias, além de gramíneas e ciperáceas. Ainda quanto à vegetação, o Campo de Altitude pode ser
subdividido em região dos picos; região de vegetação graminosa; região de charcos; região de
depressão; região de capões e região de rochas descobertas.
Além do gradiente de variação com a altitude, a vegetação da floresta pode ser classificada pela
variação no porte da vegetação. O estrato arbóreo, formado pelas árvores adultas, e cujo conjunto de
copas de diferentes espécies e de diferentes alturas forma uma cobertura quase contínua denominada
dossel florestal. As árvores que são mais altas do que as demais são chamadas emergentes. O dossel
filtra a luz do sol e retém o calor. O estrato arbustivo é formado por samambaias, palmeiras, arbustos e
árvores de porte médio. Entre os principais representantes da flora, nesta camada da floresta, estão a
palmeira jussara (palmito) e arbustos. O estrato herbáceo corresponde ao conjunto de plantas pequenas,
como o caeté, além das plântulas e mudas de várias espécies. A camada de detritos do chão da floresta,
formada por galhos, folhas, flores e frutos, em vários estágios de decomposição, recebe o nome
serrapilheira ou líter e sustenta uma importante cadeia que se alimenta deste material, além de regular a
umidade do solo.

3.3.3) Fauna
A fauna do Parque Nacional da Serra dos Órgãos é bastante diversa e rica.
Já foram registradas 264 espécies de aves, 58 de mamíferos e 104 de
anfíbios, além de muitas espécies endêmicas e ameaçadas.
Entre os mamíferos, como em toda a Mata Atlântica, predominam os de
pequeno porte. Além da estrutura fechada da floresta favorecer animais
pequenos, os grandes mamíferos sofreram historicamente forte pressão de
caça e as áreas protegidas são insuficientes para animais que necessitam de
grandes áreas para se alimentar e reproduzir, como a onça-pintada (Panthera
onca).
A proteção que os animais recebem no PARNASO, onde a pressão de caça é Foto: Cecília Cronemberger
menor e a presença humana controlada, faz com que a área abrigue diversas
espécies endêmicas e/ou ameaçadas, como o papagaio-do-peito-roxo e o
macaco muriqui (saiba mais sobre o Programa Muriqui). A grande variação
altitudinal em uma área relativamente pequena cria alta diversidade de
ambientes e de fauna também. A riqueza de espécies de aves, répteis e
anfíbios também é elevada, não tendo sido ainda completamente catalogada.
Entre os invertebrados a diversidade é altíssima e certamente existem muitas
espécies ainda não descritas pela ciência protegidas no PARNASO. Um
estudo com opiliões (animais queliceriformes semelhantes a aranhas), indicou
a Serra dos Órgãos como área de maior diversidade para o grupo no Brasil.
Entre as muitas espécies que ocorrem no PARNASO podemos destacar:
Mamíferos - são 58 espécies, entre as quais destacam-se: primatas: Foto: Ernesto Viveiros de Castro
macaco-da-meia-noite, sagüi, macaco-prego, barbado e muriqui; carnívoros:
cachorro-do-mato, jaguarundi, mão-pelada, japurá, furão-grande, suçuarana,
jaguatirica, gato-maracajá, quati, furão e irara, roedores: rato
bolinha, caxinguelê, cutia, paca; outros: gambá, cuíca, ouriço,
preguiça, tamanduá-mirim, queixada, tatu e muitos outros.
Aves - são 264 espécies registradas, entre as quais destacam-
se: passeriformes: azulão, canário da terra, melro, pintassilgo,
coleiro, trinca-ferro, pichochó, tiê-sangue, tizil, tico-tico, bem-te-vi,
além de várias espécies de sabiás, sanhaços e outros; outros:
gavião-carijó (foto no alto), periquitos, maitaca, macuco, juriti,
Foto: Cecília Cronemberger
jacuaçu, capoeira, araçari-banana, guaxo, anu, além de diversas
espécies de tucanos, pica-paus, gaviões e andorinhas.

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Répteis e Anfíbios - são 104 espécies de anfíbios registradas, o que coloca o PARNASO como uma das
áreas de maior diversidade no mundo. Entre elas destacam-se o sapo-pulga (menor anfíbio do mundo),
sapo-intanha, perereca-masurpial, perereca-verde, sapo-martelo, pererequinha, teiú, cobra-cipó,
jararacussu, jararaca, coral-verdadeira, coral-falsa, cobra-do-lodo, cobra-verde, cágados e jabutis.
Muitas espécies presentes no Parque estão ameaçadas de extinção. Entre as aves, a jacutinga e o
chanchão. Entre os primatas, o muriqui , o maior macaco das Américas, está na lista de espécies mais
ameaçadas do Planeta.
Os animais silvestres estão sob o amparo específico da Lei 5.197/67, que proíbe a utilização,
perseguição, destruição, caça ou apanha desses animais, assim como estende a proteção aos seus
ninhos, abrigos e criadouros naturais. Ademais, constitui crime matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar
espécimes da fauna silvestre, nativas ou em rota migratória, sem a devida licença ou autorização, nos
termos da Lei 9.605/98.

3.3.4) Geologia, hidrografia e clima


Introdução a Geologia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos
O PARNASO apresenta relevo bastante acidentado com grande variação de altitude. Em uma área
relativamente pequena (10.600 hectares) a altitude varia de 200m a 2.263m na Pedra do Sino, ponto
culminante da Serra do Mar.
No Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PNSO) são encontrados principalmente dois tipos de rochas:
Uma rocha de origem metamórfica, denominada Gnaisse do Batólito da Serra dos Órgãos (560 Ma); e
outra, mais jovem que a anterior, de origem ígnea, chamada de Granito Homogêneo (480 Ma).
Envolvidas por esses granitos temos uma rocha mais escura, também granítica, com corpos de menores
dimensões, chamadas de xenólitos.

O gnaisse foi gerado a partir de um granito mais antigo, adquirindo uma foliação metamórfica, devido ao
aumento da temperatura e pressão a que estava submetido, durante a colisão entre dois continentes há
milhões de anos atrás. Essa colisão gerou uma grande cadeia de montanhas, em um processo igual ao
que ocorre atualmente no Himalaia (Figura 1). Terminada a colisão, o granito homogêneo intrudiu e se
alojou dentro do Gnaisse.

Figura 1: Bloco esquemático da etapa de colisão continental

Após esse longo período, ocorreu uma quebra do que restava da cadeia de montanhas, em um evento
de separação continental, dando inicio a formação da atual linha de costa brasileira, culminando com a
separação entre Brasil e África e a formação do Oceano Atlântico.

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Figura 2: Bloco diagrama representando o Rift da Guanabara (Fonte: encarta)

Durante essa separação se desenvolveu o que chamamos de Rift Continental do Sudeste Brasileiro,
onde alguns blocos rochosos foram soerguidos e outros rebaixados, devido a falhamentos (Figura 2),
gerando as Serras da Mantiqueira, a Serra do Mar e os Maciços Litorâneos. Entre as Serras, nos blocos
rebaixados, formaram-se os vales onde se encontram atualmente a Baía de Guanabara e o Rio Paraíba
do Sul.
Com o final desse período marcado pelos intensos falhamentos e fraturamentos, os processos erosivos
passaram a dominar a formação do relevo, onde os gnaisses, menos resistentes ao intemperismo devido
a sua estruturação que permite maior infiltração de água, foram sendo erodidos até exporem os granitos
que se formaram dentro dele. Os granitos, mais resistentes ao intemperismo devido a sua
homogeneidade, erodem mais devagar, se encontrando atualmente nos cumes das principais montanhas
do PNSO (Figura 3).

F i
gu r
a
3:

Perfil geológico mostrando a relação entre as principais litologias do PNSO. Modificado da placa do DRM
– Caminhos Geológicos
Essas falhas geológicas, associadas às fraturas que agora estruturavam toda a Serra do Mar, são as
principais responsáveis pelos grandes escarpamentos que vemos por todo o PNSO.
Uma rede de drenagem se desenvolveu nessas novas estruturas, que se tornaram pontos de fraqueza
das rochas formadoras do PNSO, onde atualmente correm seus principais rios. Observando uma foto de
satélite, podemos identificar duas direções principais na orientação dessas drenagens, uma NW-SE e
outra NE-SW. Como exemplo temos o Rio do Bonfim e o Rio do Soberbo.
Também é possível observar um alinhamento, nessas mesmas direções de algumas cristas dentro do
PNSO, como por exemplo, a crista onde se localiza o Portal do Hércules, assim como os planaltos
formados pela continuidade e junção destas. Com a Serra do Mar toda estruturada os processos
erosivos continuaram por mais alguns milhões de anos até chegar a Serra que conhecemos hoje em dia.
As principais atrações do PNSO são produtos atuais de toda essa história geológica, como a Cachoeira
Véu da Noiva, as vertentes por onde passam as trilhas para o Açu e a Pedra do Sino, o planalto,
nascente de muitas das drenagens do PNSO, por onde passa a famosa Travessia Petrópolis x

12
Teresópolis e as belas e imponentes paredes onde estão localizadas algumas vias de escalada que são
famosas pela sua beleza, história e desafio que oferecem.

Hidrografia: O PARNASO protege mananciais que drenam para as duas principais bacias hidrográficas
fluminenses, a do Paraíba do Sul e a da Baía de Guanabara. Do alto da Serra dos Órgãos atravessam
todo o território do Parque córregos, riachos e rios, que cumprem importante papel no abastecimento de
água e na vida econômica, além de compor o cenário natural e preservar os ecossistemas da região.
Durante o verão chuvoso, o volume dos rios aumenta rapidamente, produzindo o fenômeno chamado de
"cabeça-d'água" ou "tromba-d'água", principalmente no Rio Soberbo. Isto ocorre em função das nuvens
baixas, carregadas de chuva, que se chocam com os cumes da serra e se precipitam. Em razão do
acentuado desnível das encostas, a água desce em grande velocidade, atingindo o pé da serra,
provocando acidente e mortes, algumas vezes.
Clima: O clima do Parque é tropical superúmido (com 80 a 90% de umidade relativa do ar), com média
anual varia de 13º a 23º C (atingindo valores de 38ºC a 5ºC negativos nas partes mais altas) e variação
pluviométrica de 1.700 a 3.600mm, com concentração de chuvas no verão (dezembro a março) e
período de seca no inverno (junho a agosto).

3.3.5) Atrativos naturais e culturais do PARNASO.


Entre os inúmeros atrativos naturais da Serra dos Órgãos destacam-se as montanhas e cachoeiras dos
rios que nascem no parque e descem pelas encostas da serra nos quatro municípios. Os principais
atrativos estão listados a seguir organizados por município, com exceção dos atrativos ao longo da
Travessia, que cruza áreas de todos os municípios.

Teresópolis:
• Centro de Visitantes; • Trilha da Primavera;
• Piscina natural; • Trilha Mozart Catão e Mirante Alexandre
Oliveira;
• Bosque Santa Helena;
• Trilha Suspensa;
• Bosque da Colina;
• Trilha da Pedra do Sino;
• Estrada e praça da Barragem;

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• Big wall Pedra do Sino; • Poço do castelo;
• Nariz e Verruga do Frade; • Poço Dois Irmãos.
• Pedra do Papudo;

Petrópolis e travessia:
• Poço do Paraíso; • Pedra Comprida;
• Gruta do presidente; • Pedra do Cone;
• Cachoeira Véu da Noiva; • Morro da Reunião;
• Cachoeira das Andorinhas; • Pico do Alcobaça;
• Pedra e Castelos do Açu; • Pico da Mãe d’água;

Guapimirim
• Centro de Visitantes e Museu Von • Poço da Capela;
Martius;
• Poço do Sossego;
• Capela de N.Sra. Conceição do
• Trilha Mãe D’água;
Soberbo;
• Poço Verde; • Trilha Meia Lua;
• Dedo de Deus;
• Poço da Preguiça;
• Poço da Ponte Velha; • Escalavrado;
• Dedo de Nossa Senhora

Magé
Apesar de contar com diversas cachoeiras e outros atrativos, a área do parque em Magé ainda não está
aberta a visitação.

A visitação no PARNASO, como em qualquer área protegida, deve seguir os conceitos de mínimo
impacto e, no caso do Parque, as Regras de Uso Público.
Além dos atrativos do PARNASO, a região em que está inserido oferece uma série de atrativos naturais
e histórico-culturais, que permitem a realização de atividades ligadas a ecoturismo, turismo de aventura,
turismo rural, turismo histórico, entre outros.
Mais detalhes dos atrativos do PARNASO:
Sede Teresópolis
A sede Teresópolis localiza-se na Avenida Rotariana, s/n, no bairro do Soberbo em Teresópolis.
Entre as atrações da Sede Teresópolis destacam-se:
1. Centro de Visitantes: O Centro de Visitantes Cenário Verde da Sede Teresópolis do Parque
Nacional da Serra dos Órgãos está localizado a 400 metros da Portaria, próximo à área
administrativa da Unidade de Conservação. O Centro dispõe de exposição permanente de fotos
e documentação, maquete para melhor visualização dos principais picos e rios da Serra dos
Órgãos. O espaço recebe também exposições temporárias e conta com loja de lembranças
(camisetas, bonés, adesivos) e sala destinada às ações de educação ambiental, com
equipamento para projeção de vídeos institucionais e educativos.
2. Piscina e área de lazer: A Piscina de águas naturais é uma das mais tradicionais atrações do
PARNASO. Muito procurada no verão, ela compõe um belo cenário para piqueniques e
atividades recreativas no frio inverno da serra. A área de lazer para os visitantes na parte baixa
da Sede Teresópolis é toda sinalizada e possui estacionamento. A 100 metros da portaria o rio
Paquequer proporciona um gostoso banho de cachoeira, um pouco acima está a piscina de
pedra. A trilha do Caxinguelê, cortada pelo Rio Paquequer, é um passeio leve e agradável, onde

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o visitante entra em contato com a natureza. Os bosques Santa Helena e da Colina, projetados
pelo arquiteto e paisagista Ângelo Murgel, com refúgios, muita sombra, mesas e bancos de
pedra para piquenique, sanitários e quiosque, são uma atração à parte.
3. Estrada da Barragem: Estrada calçada em paralelepípedo com trânsito liberado para
automóveis. É a via que dá acesso a todas as trilhas da Sede Teresópolis. Ideal para
caminhadas de lazer, para grupos escolares e grupos da melhor idade. Tem extensão de 3 km e
placas indicativas de distância em intervalos de 500m. A estrada conta com vários mirantes,
recantos para descanso, duchas, cascatas e várias espécies de plantas. Termina na Praça da
Barragem, ponto de captação de água para a cidade de Teresópolis.
4. Área de Camping;
5. Trilhas: A Sede Teresópolis dispõe de trilhas em diversos níveis de dificuldade, permitindo aos
visitantes de todas as idades maior contato com a natureza.

• Trilha da Pedra do Sino: Nível de dificuldade: moderado a pesado


Extensão: cerca de 11 km. A Pedra do Sino é o ponto culminante da Serra dos Órgãos
com 2.263m e lá do alto a vista alcança toda a Baía de Guanabara, a cidade do Rio de
Janeiro e parte do Vale do Paraíba, no lado continental. O acesso feito por trilha é um
clássico do montanhismo. São cerca de 11 km (quatro a seis horas) de caminhada
desde a sede do Parque, em Teresópolis, a 1.100 metros de altitude em meio à
exuberante Mata Atlântica, com modificação impressionante da vegetação densa para
campo de altitude, visual impressionante do Vale da Morte, onde podem ser apreciadas
grandes formações ao redor da Pedra do Sino, com vista da Baia de Guanabara e
nascer ou por do sol indescritíveis no ponto culminante da serra. O primeiro trecho é
mais leve, por dentro da mata, com calçamento da época do Império. As duas
cachoeiras no caminho são boas opções de parada. A trilha é acidentada e seu acesso é
limitado a 200 pessoas por dia, sendo 100 para pernoite e 100 para visita diurna. A trilha
é também o trecho final da tradicional travessia Petrópolis-Teresópolis. Para utilizar a
trilha da Pedra do Sino ou acampar na montanha é cobrada taxa de R$ 12,00 por
pessoa por diária/pernoite. O montanhista pode optar, ainda, por utilizar o Abrigo 4,
alternativa de acomodação confortável no alto da montanha. Antes de começar a trilha
o montanhista deve assinar Termo de responsabilidade e entregar na portaria do parque.

• Trilha Suspensa: Nível de dificuldade: leve; Extensão: cerca de 600m. Partindo da


praça da Barragem, a trilha suspensa possui piso de madeira e corrimão, permitindo
acesso até a cadeirantes. Construída sobre um aqueduto do início do século XX, esta
trilha corta um pequeno trecho de Mata Atlântica em nível elevado em relação ao
terreno, permitindo ao visitante uma observação mais próxima da copa das árvores.

• Trilha da Primavera: Nível de dificuldade: leve; Extensão: cerca de 500m. A trilha tem
15 minutos de caminhada leve, para todas as idades. O visitante experimenta a
sensação de estar em uma mata preservada, sendo possível observar inúmeras
espécies. Entre elas destaca-se o palmito-juçara (Euterpe edulis), espécie ameaçada de
extinção pelo corte indiscriminado.

• Trilha Mozart Catão: Nível de dificuldade: leve a moderado; Extensão: cerca de 1 km.
Trilha de caminhada leve, com 1.100 metros de extensão e duração de
aproximadamente 30 minutos, chegando ao Mirante Alexandre Oliveira, com vista para a
cidade de Teresópolis e o Parque Estadual dos Três Picos ao fundo. Os nomes da trilha
e do mirante homenageiam dois alpinistas da cidade, mortos ao tentar escalar a face sul
do Aconcágua, em 1998.

Sede Guapimirim
A sede Guapimirim tem entrada no km 98,5 da BR-116 Rio-Teresópolis, e faz limite com a comunidade
da Barreira, em Guapimirim.
O grande atrativo da Sede Guapimirim do PARNASO é o rio Soberbo, com suas inúmeras cachoeiras e
poços aprazíveis. Além das belezas cênicas e da natureza exuberante da Mata Atlântica, com visão
privilegiada do Morro do Escalavrado, a Sede Guapimirim oferece ao visitante muitas opções de
passeios em trilhas, além de infra-estrutura de estacionamento, camping, áreas para

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piquenique, sanitários e telefone público. Outro destaque da Sede Guapimirim são os prédios e ruínas
históricas. Os atrativos da Sede Guapimirim são:
1. Centro de Visitantes Museu Von Martius: O Centro de Visitantes von Martius da Sede
Guapimirim está instalado em casarão do século XIX, restaurado para a preservação de suas
características originais. O casarão pertenceu à antiga Fazenda Barreira do Soberbo, sendo seu
proprietário durante o Império o médico Henrique José Dias, que se dedicou ao plantio das
quineiras (Cinchona calissaia), árvore de onde se extrai o quinino, usado no combate à malária.
O histórico casarão abriga exposição permanente com fotos e informações sobre o parque, uma
maquete de toda a área do PARNASO, além de interessante coleção de exemplares das obras
do botânico Von Martius, material especializado sobre meio ambiente, videoteca e um auditório
para realização de cursos, palestras e seminários, equipado com TV e vídeo e com capacidade
para 40 pessoas.
2. Capela de Nossa Senhora da Conceição do Soberbo: Datada de 1713, esta histórica
construção está situada em uma pequena ilha fluvial entre dois braços do rio Soberbo.
Construída em estilo barroco, o prédio é tombado pelo INEPAC e é um importante remanescente
histórico do período de ocupação colonial do recôncavo da Guanabara.
A capela é aberta quinzenalmente para a realização de missas e visitas (segundo e quarto
sábados do mês).
3. Poços:

• Poço da Capela: Junto à histórica capela é possível desfrutar de um bom banho neste
poço com cachoeira forte.

• Poço do Sossego: Mais um recanto aprazível com um belo poço e cachoeira. O poço é
sombreado por árvores repletas de bromélias e orquídeas. O acesso mais resguardado
justifica o nome deste poço que recebe sol poucas horas por dia.

• Poço da Ponte Velha: Junto às ruínas dos pilares de uma antiga ponte da estrada real
encontra-se um agradável poço de águas quase sempre calmas e fácil acesso. É
possível parar veículos a cerca de 20m do rio. Próximo ao poço existem sanitários e um
quiosque que serve lanches e bebidas.

• Poço Verde: Principal atrativo natural da Sede Guapimirim, o Poço Verde é um conjunto
de cachoeiras, corredeiras, poços artificiais e naturais do Rio Soberbo. Ótimo local para
banho, localizado a 20 minutos de caminhada do Centro de Visitantes.

• Poço da Preguiça: Outra boa opção para banho, a 15 minutos de caminhada do Centro
de Visitantes.
4. Ruínas Arqueológicas: Ruínas de local onde se acredita tenha existido um sistema de
produção econômica (plantio, colheita e processamento) da Quina calysaia, usada para
combater a malária. A Fazenda Barreira do Soberbo, onde hoje funciona o Centro de Visitantes
da Sede, pertenceu a Henrique Dias, e recebeu apoio financeiro do Império, em 1844, para o
cultivo da quina, de onde é extraído o quinino, utilizado para combater a malária. Em 1876, o
Imperador D. Pedro II veio pessoalmente avaliar a produção, que abastecia o Exército Brasileiro,
durante a Guerra do Paraguai. Em 1880, registravam-se 12.000 pés de quina e 10.000 mudas
em viveiros. Já foi descoberto um muro que parece ter pertencido à estrutura de contenção ou
de secagem da quina ou ainda ao reservatório de água. Os estudos indicam que a tecnologia de
construção deve ser da mesma época das construções da Floresta da Tijuca. Uma das
canaletas de pedra pesquisadas teria como funções coletar e canalizar águas da parte mais alta
da propriedade até a área onde a quina era moída para extração do seu princípio ativo.
5. Campings;
6. Trilhas: As trilhas da Sede Guapimirim se caracterizam por serem trilhas de curta extensão, que
levam, na maior parte, a algum poço, com exceção das trilhas abaixo:

• Mãe D’água;

• Meia lua.

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Sede Bonfim (Petrópolis)
Até 1984, quando foram definidos os limites oficiais do PARNASO, a região do Bonfim não era
considerada parque nacional. A área que foi incluída nos limites do PARNASO era a antiga fazenda
Bonfim, que inclui o início da trilha da travessia Petrópolis-Teresópolis. Após a definição dos limites do
PARNASO, nenhum terreno na região do Bonfim foi desapropriado, o que dificultou e dificulta até hoje a
atuação do IBAMA na região. Apesar disto, sempre existiu visitação na área do Bonfim, principalmente
em trilhas que levam a poços e picos, bem como na tradicional trilha da travessia Petrópolis-Teresópolis.
Desta forma, o controle da visitação na área do Bonfim sempre foi de importância estratégica para o
PARNASO.
Em 1999, foi construída a portaria do Bonfim, em uma parcela de terreno ocupado por posseiro. Os
recursos necessários à construção foram doados por empresários locais.
Devido ao fato de o IBAMA não ser proprietário de terras no Bonfim, historicamente não houve
investimentos em infra-estrutura para visitação e mesmo na criação de atrativos. A área hoje ocupada
pelo PARNASO no Bonfim é pequena, espremida entre áreas agrícolas e o rio Bonfim, não havendo
sequer espaço físico para instalação de camping, estacionamento ou outras estruturas.
As atrações da Sede Bonfim são acessadas a partir de pequenos desvios na trilha principal, que leva até
o morro do Açu e é o trecho inicial da travessia Petrópolis-Teresópolis.
1. Poço do Paraíso: Nível de dificuldade: leve; Extensão: cerca de 600m. Belo local para banho a
apenas 15 minutos de caminhada da portaria do Bonfim.
2. Gruta do Presidente: Nível de dificuldade: moderado. Opção de caminhada, considerada semi-
pesada. Local de prática de escalada e rapel. Ao lado da gruta existe um pequeno e agradável
poço para banho.
3. Cachoeira Véu da Noiva: Nível de dificuldade: moderado. Localizada depois da Gruta
Presidente, tem 32 metros de altura, ideal para prática de esportes radicais. Uma das preferidas
de Dom Pedro, a queda d'água tem 35 metros de altura. Para chegar lá, há uma trilha leve, com
pedras
4. Cachoeira das Andorinhas: Nível de dificuldade: moderado a pesado. A dez minutos da Véu da
Noiva, a queda, de 15 metros de altura, e o poço abaixo, convidam para um banho relaxante.
5. Pedra do Açu: Nível de dificuldade: pesado; Extensão: cerca de 7 Km. Ponto mais alto do Setor
Petrópolis (2.245m), é atingido após caminhada considerada pesada (aproximadamente 5
horas). Nos Castelos do Açú existe local para camping e coleta de água.
6. Escalada da Pedra Comprida: São 22 vias de escalada em vários níveis. É considerada um
"muro de escalada" natural do Vale do Bonfim.

Outros atrativos
Existem ainda atrativos no PARNASO que não são acessados a partir de nenhuma das três sedes, o que
gera dificuldade no controle da visitação. Estes atrativos geralmente são vias de escalada e suas trilhas
de acesso. Alguns deste são acessados pela BR-116, que corta a área de parque, e outros por diversos
outros pontos do perímetro do parque.
Alguns dos atrativos são:

• Big Wall Pedra do Sino: Maior paredão para escalada do Brasil, localiza-se na face sudoeste
da Pedra do Sino, com duas vias: a Franco-Brasileira, com 600 metros verticais de rocha, e a
Terra de Gigantes, de extrema dificuldade, ambas conquistadas em 1985. Para escalar o bigwall
é necessária comprovação de experiência e conhecimento técnico e autorização especial da
direção do parque.

• Dedo de Deus: A 1.692 metros de altitude, é um dos picos mais cobiçados para escalada. Exige
experiência e autorização prévia do Parque e acompanhamento de guia experiente. Caminhada
pesada e escalada de 3º grau (Caminho Teixeira) ou 4º grau (face leste). O Dedo de Deus foi

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conquistado em 1912 por Raul de Sá Carneiro, José Teixeira Guimarães e os três irmãos
Oliveira, após desistência de uma equipe de alemães.

• Escalavrado: Uma das mais bonitas formações da Serra dos Órgãos, o Escalavrado é bastante
visível da Rodovia Rio-Teresópolis (BR-116), que corta o parque. O caminho para o cume
(1.406m) é uma "escalaminhada" pela vertente e o acesso à trilha se dá pela BR-116.
Dedo de Nossa Senhora: Caminhada moderada, de 4 km, por trilha na mata, até a base da rocha. O
pico, a 1.320m metros de altitude, também pode ser escalado, mediante autorização prévia do Parque e
acompanhamento de guia experiente. (Escalada de 2º grau). O passeio inicia-se às margens da BR 116
subindo o vale entre o Escalavrado e o Dedo de Deus até a base da escalada. A progressão é feita em
via ferrata, tendo como vista o Dedo de Deus, Escalavrado e o rio Soberbo.
3.3.6) Regras de uso público no PARNASO
O Parque Nacional da Serra dos Órgãos é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, que tem
como principal objetivo preservar a biodiversidade, a paisagem excepcional e os ecossistemas presentes
neste trecho da Mata Atlântica na Serra do Mar, possibilitando atividades de recreação em contato com a
natureza e o turismo ecológico.

O Parque Nacional da Serra dos Órgãos é dividido em zonas com diferentes restrições de uso: as zonas
de uso intensivo são as que têm menos restrições a atividades de visitação; as zonas de uso extensivo
(e zonas primitivas) têm regras específicas de uso e capacidade máxima de visitantes estabelecida; e as
zonas intangíveis, que não permitem acesso aos visitantes, são voltadas exclusivamente para
preservação da biodiversidade.

As Zonas de Uso Intensivo do PARNASO incluem:


Sede Teresópolis – toda a área entre a portaria e a Barragem do Beija-flor, incluindo a piscina, os
bosques Santa Helena e da Colina, o Centro de Visitantes, a Estrada da Barragem, o camping, e as
trilhas da Primavera, Mozart Catão e Suspensa.
Sede Guapimirim – toda a área entre a portaria e a Capela, incluindo a estrada, o Centro de Visitantes,
as áreas de camping, quiosque, trilhas e cachoeiras sinalizadas.
Sede Petrópolis – todo o trecho entre a portaria e o Poço do Paraíso.

As Zonas de Uso Extensivo (e zonas primitivas) incluem:


Todo o percurso da travessia, incluindo as trilhas que dão acesso à Pedra do Sino e à Pedra do Açu; e
as trilhas de acesso ao Dedo de Deus, Dedo de Nossa Senhora, Escalavrado, Agulha do Diabo e o Vale
do Soberbo como um todo.

Todas as áreas do Parque oferecem riscos aos visitantes. Pedras escorregadias, animais peçonhentos,
“cabeças d´água”, choque térmico, afogamento, entre outros, são possíveis acidentes para os quais os
visitantes devem estar sempre atentos. Os visitantes são responsáveis pela própria segurança, devendo
observar e respeitar os avisos, orientações e normas apresentados neste documento.

Regras de uso público na zona de uso intensivo do parnaso

• O Parque está aberto para visitação todos os dias da semana. O horário de entrada é de 8h às
17hs, sendo permitida a entrada de 6h às 8h e de 17hs às 22hs para acesso às trilhas de
montanha e áreas de camping, mediante a compra antecipada de ingresso.

• Os visitantes hospedados nas áreas de camping ou na pousada podem entrar no Parque até
meia noite, apresentando o recibo de hospedagem à portaria, salvo em situações excepcionais
previamente autorizadas pela administração.

• É proibido entrar no Parque portando armas, facões, tinta spray, aparelho de som ou outros
objetos incompatíveis com a conduta consciente em unidades de conservação. Os fiscais e
vigilantes têm autorização para solicitar a abertura de bolsas e mochilas e proibir a entrada de
tais objetos.

• A piscina natural é profunda e fria apresentando risco de vida aos nadadores, por isso, na
ausência de guarda-vidas, só é permitido nadar na parte rasa, demarcada pela raia de
segurança.

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• É proibido andar fora das trilhas e utilizar atalhos. Andar fora das trilhas oferece maiores riscos
de acidentes, além de causar erosão.

• Não é permitida a entrada de animais de estimação (cães, gatos etc.), pois estes são animais
exóticos, e podem trazer doenças ou caçar animais silvestres.

• Não é permitido usar aparelhos de som no interior do Parque ou produzir sons e estampidos que
incomodem os outros visitantes e alterem os hábitos dos animais silvestres. Nas áreas de
camping e alojamento, entre 22hs e 8hs deve ser observado o horário de silêncio.

• Manifestações religiosas praticadas dentro dos limites do Parque não podem fazer uso de fogo
ou deixar qualquer resíduo e devem observar as normas de poluição sonora.

• Não é permitido o uso de sabão ou o consumo de comidas e bebidas dentro da piscina natural,
rios ou poços de banho.

• É proibido alimentar os animais silvestres. Eles têm uma dieta diferente da nossa, e não podem
perder suas habilidades de se alimentarem na natureza.

• É proibido coletar qualquer material dentro do Parque. Plantas, flores, pedras, insetos e outros
animais, mesmo mortos são importantes para o equilíbrio deste ambiente natural.

• É proibido soltar ou plantar qualquer espécie de animal ou planta no Parque. A introdução de


espécies é uma das causas de extinção de espécies nativas.

• Todo o lixo produzido deve ser colocado nas latas de lixo disponíveis na área de uso público ou
recolhido em sacos plásticos e trazido de volta das trilhas.

• A velocidade máxima nas vias internas é 20km/h. Transitar em alta velocidade, além de causar
acidentes nas estreitas e sinuosas vias do Parque, pode causar atropelamento de animais
silvestres.

• O estacionamento é permitido somente nas áreas identificadas ou seguindo orientação do


pessoal do Parque.

• Não é permitido fazer churrasco ou qualquer tipo de fogo.

3.4) História do Montanhismo no PNSO por: Waldecy Mathias Lucena


Primórdios
Todos nós sabemos que a data oficial do início do montanhismo no Brasil foi a conquista do Dedo de
Deus em abril de 1912. Cinco corajosos teresopolitanos, captaneados por José Teixeira Guimarães,
lograram êxito em conquistar a “montanha impossível de ser subida”. Tal fato impressionou tanto a
sociedade que eles foram até recebidos pelo Presidente, Marechal Hermes da Fonseca.
Em novembro de 1919, nasce o primeiro clube excursionista da América Latina, o Centro Excursionista
Brasileiro, CEB. Este clube entraria nos anos 1920 mantendo seu pioneirismo e a vontade de
excursionar por montanhas mais ousadas, fato esse que só ocorreria nos anos 1930.
O Desbravamento
Os anos 1930 começam com a vontade do então único clube de montanhismo do país de desbravar a
então quase desconhecida Serra dos Órgãos. Lembrando que o Parque seria criado somente em 1939,
não havendo portanto nenhuma estrutura de trilhas e apoio aos montanhistas. Havia apenas as trilhas
para a Pedra do Sino e Castelos do Açu. Em alegres caravanas, os excursionistas dirigiam-se a Serra
nos trens que partiam sábado do Rio de Janeiro.
Surgiram então os primeiros problemas de montanha: como subir os enormes paredões de granito liso
das agulhas da Serra dos Órgãos? Lembrando que os primeiros escaladores do Centro eram de origem
estrangeira, escaladores acostumados com as fissuras e entalamentos dos Alpes europeus. O casal

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Willy e Sylvia Bendy conquistam o Dedo de Nossa Senhora (1934) quebrando este paradigma: batem na
rocha lisa 17 grampos de cobre desbravando o paredão liso da então inatingível montanha.
As montanhas da Serra dos Órgãos vão caindo uma a uma. O húngaro Emerico Ungar, lendário guia de
montanha do CEB, conquista a maioria delas e dá elas seus atuais nomes. Conquistou o Santo Antonio,
São João, São Pedro e Garrafão. O CEB, através de seus lendários guias, conquistaria tambem nesta
incrível fase o Escalavrado (1931), Dedinhos (1934), Cabeça de Peixe (1934), Travessia Petrópolis x
Teresópolis (1932), Pipoca (1936), Pico da Glória (1931).
Em 1932, o CEB coloca no lance final da escalada do Dedo de Deus, a histórica escada de acesso ao
cume. Esta escada levaria milhares de pessoas ao ápice desta montanha até 1997, quando devido ao
seu natural desgaste, foi trocada por outra.
Em 1941, seria anotada a mais celebre das conquistas do CEB, a Agulha do Diabo, marco inicial da
Fase da Consolidação do montanhismo nacional.
Consolidação
Em junho de 1941, Giuseppe Toselli, Ghunter Buccheister, Almy Ulissea, Raul Fioratti e Roberto de
Oliveira Menezes, conseguem atingir o cimo da impressionante Agulha do Diabo, localizada no coração
da Serra dos Órgãos. Sua empreitada, considerada na época o feito maior do alpinismo nacional,
começou ainda em 1939 com um primeiro grande problema a ser resolvido: como chegar a sua base?
Problema este resolvido por Buccheister, profundo conhecedor da Serra dos Órgãos. Toda a conquista
foi comandada por Toselli, com uma efetiva participação de Almy Ulissea, lendário guia do CEB. Esta
escalada determinou o início da Consolidação do montanhismo no Brasil, inaugurando a era das
montanhas impossíveis de serem subidas e também surgimento de dezenas de clubes excursionistas
pelo Brasil afora.
Ainda nos anos 1930, nasceram várias clubes excursionistas, mas somente nos anos 1940 é que eles
iriam de fato crescer e amadurecer. Estes clubes tinham um papel importante perante a sociedade, pois
tinham a responsabilidade de levar centenas de pessoas não só para escalar e caminhar, mas para
realizar excursões recreativas. O PNSO também amadurece. Através de seu inesquecível primeiro
Diretor Gil Sobral Pinto, ocorrem grandes modernizações dentro do Parque. Os abrigos de montanha
são criados para melhor atender aos excursionistas. O aumento de visitantes ao Parque é crescente.
Há uma profunda ligação entre Sobral Pinto e os clubes excursionistas. Esse alinhamento entre parque
e clubes iria perdurar por muitos anos.
A Fase Moderna
Se nos anos 1940 os clubes ganham força, nos anos 1950 ganham em técnica de escalada. Novos
equipamentos e técnicas chegam aos guias brasileiros. Novos desafios na Serra dos Órgãos são
conquistados. No PNSO, a gestão Sobral Pinto é decisiva para os associados dos clubes excursionistas.
Na segunda metade dos anos 1960, Sobral é desligado de seu cargo, assumindo a direção do Parque o
Engenheiro Agrônomo Elyowaldo Chagas de Oliveira. Essa gestão foi marcada pela falta de diálogo por
parte da direção do parque com a FEMERJ e pelo abandono e degradação dos abrigos de montanha por
parte da diretoria. Somente nos anos 1970, já com Carlos Lamenza na direção do Parque, foi aberto um
dialogo, ainda que tímido com a FEMERJ. A Federação até tentou reerguer o Abrigo 3, mas sem
sucesso. Lembrando que eram os difíceis anos de ditadura no Brasil.
Os dias de hoje
Em 1986 a FEMERJ foi extinta. Os clubes passaram longos anos sem que tivessem uma
representatividade. Mas a luta pelo PNSO continuou. Em 1993 foi criado o PROPAR, uma ONG de
montanhistas, que em conluio com o Parque, traçou metas de desenvolvimento das atividades
montanhistas. Em 1997, o então Diretor Jovelino Muniz chamou os clubes para o diálogo e traçar metas
em comum. Esta conversa perdurou por alguns anos e muita coisa foi avançada e outras infelizmente
não saíram do papel. A FEMERJ volta a existir e volta a conversar com o Parque. Ela apresentou um
importante plano de uso de escaladas e trilhas ao Parque, usando como elemento principal, a trilha da
Travessia Petrópolis x Teresópolis.
Este ano, a FEMERJ foi chamada para compor a Câmara Técnica de Montanhismo, uma das várias
câmaras que irão definir o novo plano de manejo do Parque, plano este que finalmente dará uma maior
ênfase ao montanhismo, objetivo maior do PNSO. Hoje os clubes de montanha e a FEMERJ tem o
importante papel de serem os maiores conhecedores dos recursos de montanha do PNSO. Quer pelo
seu lado técnico, quer pelo seu lado histórico.

20
4
Condução em Ambientes Naturais

4.1) O Condutor de Visitantes e os Guias de Turismo


Condutor de Visitantes - Pessoa capacitada para acompanhar visitantes dentro de Unidades de
Conservação; não credenciada pela EMBRATUR; chamado também de monitor local ou erroneamente
por guia local; geralmente residente no local ou próximo do local visitado.
Guia de Turismo - É considerado Guia de Turismo o profissional que, devidamente cadastrado na
EMBRATUR (Instituto Brasileiro de Turismo), nos termos da Lei n° 8.623, de 28 de janeiro de 1993,
exerça as atividades de acompanhamento, orientação e transmissão de informações a pessoas ou
grupos, em visitas, excursões urbanas, municipais, estaduais, interestaduais, internacionais ou
especializadas.
Conforme a especialidade de sua formação profissional e das atividades desempenhadas, comprovadas
perante a EMBRATUR, os guias de turismo serão cadastrados em uma ou mais das seguintes classes:
I. Guia Regional: quando suas atividades compreenderem a recepção, o translado, o acompanhamento,
a prestação de informações e assistência a turistas, em itinerários ou roteiros locais ou intermunicipais
de determinada unidade da Federação, para visita a seus atrativos turísticos;
II. Guia de Excursão Nacional: quando suas atividades compreenderem o acompanhamento e a
assistência a grupos de turistas, durante todo o percurso da excursão de âmbito nacional ou realizada na
América do Sul, adotando, em nome da agência de turismo responsável pelo roteiro, todas as atribuições
de natureza técnica e administrativa necessárias à fiel execução do programa;
III. Guia de Excursão Internacional: quando realizarem as atividades referidas no item acima nos demais
países do mundo;
IV. Guia Especializado em Atrativo Turístico: quando suas atividades compreenderem a prestação de
informações técnico-especializadas, sobre determinado tipo de atrativo natural ou cultural de interesse
turístico, na unidade da Federação para o qual ele se submeteu à formação profissional especifica.
O cadastramento e a classificação do Guia de Turismo em uma ou mais das classes previstas acima
estará condicionada à comprovação de vários requisitos, entre eles ter concluído Curso de Formação
Profissional de Guia de Turismo reconhecido pela EMBRATUR, na classe para a qual estiver solicitando
o cadastramento (MIC/EMBRATUR, 1993).

4.2) Condução com mínimo impacto.


Tanto o Condutor como o Guia devem realizar seu trabalho, quando num ambiente natural, respeitando
as Regras de Mínimo Impacto, entre elas:
Planejamento é fundamental:
Entre em contato prévio com a administração da área que você vai visitar para tomar conhecimento dos
regulamentos e restrições existentes.
Informe-se sobre as condições climáticas do local e consulte a previsão do tempo antes de qualquer
atividade em ambientes naturais.
Viaje em grupos pequenos de até 10 pessoas. Grupos menores se harmonizam melhor com a natureza
e causam menos impacto.
Evite viajar para as áreas mais populares durante feriados prolongados e férias.
Certifique-se que você possui uma forma de acondicionar seu lixo (sacos plásticos), para trazê-lo de
volta. Aprenda a diminuir a quantidade de lixo, deixando em casa as embalagens desnecessárias.
Escolha as atividades que você vai realizar na sua visita conforme o seu condicionamento físico, o seu
nível de experiência e o condicionamento físico do seu grupo.

21
Você é responsável por sua segurança:
O salvamento em ambientes naturais é caro e complexo, podendo levar dias e causar grandes danos ao
ambiente. Portanto, em primeiro lugar, não se arrisque sem necessidade.
Calcule o tempo total que passará viajando e deixe um roteiro da viagem com alguém de confiança, com
instruções para acionar o resgate, caso necessário.
Avise à administração da área a qual você está visitando sobre: sua experiência, o tamanho do grupo, o
equipamento que vocês estão levando, o roteiro e a data esperada de retorno. Estas informações
facilitarão seu resgate em caso de acidente.
Aprenda as técnicas básicas de segurança, como navegação (como usar um mapa e uma bússola) e
primeiros socorros. Para tanto, procure os clubes excursionistas, escolas de escalada etc.
Tenha certeza de que você dispõe do equipamento apropriado para cada situação. Acidentes e
agressões à natureza em grande parte são causados por improvisações e uso inadequado de
equipamentos. Leve sempre: lanterna, agasalho, capa de chuva, um estojo de primeiros socorros,
alimento e água; mesmo em atividades com apenas um dia ou poucas horas de duração.

Cuide das trilhas e dos locais de acampamento:


Mantenha-se nas trilhas pré-determinadas - não use atalhos. Os atalhos favorecem a erosão e a
destruição das raízes e plantas inteiras.
Mantenha-se na trilha, mesmo se ela estiver molhada, lamacenta ou escorregadia. A dificuldade das
trilhas faz parte do desafio de vivenciar a natureza. Se você contorna a parte danificada de uma trilha, o
estrago se tornará maior no futuro.
Acampando, evite áreas frágeis que levarão um longo tempo para se recuperar após o impacto. Acampe
somente em locais pré-estabelecidos, quando existirem. Acampe a pelo menos 60 metros de qualquer
fonte de água.
Não cave valetas ao redor das barracas, escolha melhor o local e use um plástico sob a barraca.
Bons locais de acampamento são encontrados, não construídos. Não corte nem arranque a vegetação,
nem remova pedras ao acampar.
Ao percorrer uma trilha, e /ou sair de uma área de acampamento, certifique-se de que ela permanece
como se ninguém houvesse passado por ali. Remova todas as evidências de sua passagem.
Não deixe rastros!

Traga seu lixo de volta:


Se você pode levar uma embalagem cheia para um ambiente natural, pode trazê-la vazia na volta.
Embalagens vazias pesam pouco e não ocupam espaço na mochila.
Não queime nem enterre o lixo. As embalagens podem não queimar completamente, e animais podem
cavar até o lixo e espalhá-lo. Traga todo o seu lixo de volta com você.
Utilize as instalações sanitárias que existirem. Caso não haja instalações sanitárias (banheiros ou
latrinas) na área, enterre as fezes em um buraco com 15 centímetros de profundidade e a pelo menos 60
metros de qualquer fonte de água, trilhas ou locais de acampamento, e em local onde não seja
necessário remover a vegetação. Traga o papel higiênico utilizado de volta.

Deixe cada coisa em seu lugar:


Não construa qualquer tipo de estrutura, como bancos, mesas, pontes etc. Não quebre ou corte galhos
de árvores, mesmo que estejam mortas ou tombadas, pois podem estar servindo de abrigo para aves ou
outros animais.
Nada se leva de um parque ou de uma unidade de conservação. Animais, plantas, rochas, frutos,
sementes e conchas encontrados nos local fazem parte do ambiente e aí devem permanecer.
Tire apenas fotografias, deixe apenas leves pegadas, e leve para casa apenas suas memórias.

22
Tome extremo cuidado com o fogo:
Fogueiras matam o solo, enfeiam os locais de acampamento e representam uma das grandes causas de
incêndios florestais.
Para cozinhar, utilize um fogareiro próprio para acampamento. Os fogareiros modernos são leves e
fáceis de usar. Cozinhar com um fogareiro é muito mais rápido e prático que acender uma fogueira.
Para iluminar o acampamento, utilize um lampião ou uma lanterna, em vez de uma fogueira.
Se você realmente precisa acender uma fogueira, consulte previamente a administração da área que
estiver visitando, e utilize locais estabelecidos.
A madeira do local não pode ser utilizada. Caso o visitante necessite fazer uma fogueira, a madeira deve
ser levada por ele.
Tenha absoluta certeza de que sua fogueira está completamente apagada antes de abandonar a área.

Respeite os animais e as plantas:


Observe os animais à distância. A proximidade pode ser interpretada como uma ameaça e provocar um
ataque, mesmo de pequenos animais. Além disso, animais silvestres podem transmitir doenças graves.
Não alimente os animais. Os animais podem acabar se acostumando com comida humana e passar a
invadir os acampamentos em busca de alimento, danificando barracas, mochilas e outros equipamentos.
Não retire flores e plantas silvestres. Aprecie sua beleza no local, sem agredir a natureza e dando a
mesma oportunidade a outros visitantes.

Seja cortês com os outros visitantes:


Ande e acampe em silêncio, preservando a tranqüilidade e a sensação de harmonia que a natureza
favorece. Deixe rádios e instrumentos sonoros em casa.
Ao se aproximar de moradores da área, trate-os com cortesia e respeito. Comporte-se como um visitante
em casa alheia.
Mantenha fechadas porteiras e cancelas, evitando a fuga de animais para as propriedades vizinhas e/ou
ambientes naturais.
Deixe os animais domésticos em casa, pois podem causar problemas, como a introdução de doenças e
ameaças ao ambiente natural.
Cores fortes, como o vermelho, laranja ou amarelo, devem ser evitadas, pois podem ser vistas a
quilômetros de distância e quebram a harmonia dos ambientes naturais. Use roupas e equipamentos de
cores neutras. Para chamar a atenção de uma equipe de socorro, em caso de emergência, leve um
plástico ou tecido vermelho/laranja, com pelo menos 2 metros quadrados, guardado na mochila.
Colabore com a educação de outros visitantes, transmitindo os princípios de mínimo impacto sempre que
houver oportunidade.
Para colaborar de uma forma mais ativa na conservação dos parques e outras áreas naturais protegidas,
você pode: Associar-se a um grupo excursionista. Os grupos excursionistas são entidades sem fins
lucrativos que promovem atividades como caminhadas, montanhismo, canoagem, exploração de
cavernas etc. Nestes grupos você encontrará Companhia, treinamento e orientação para a prática
dessas atividades com segurança e sem agredir o meio ambiente.
Apresentar-se como voluntário. No mundo todo, o trabalho voluntário é uma tradição em parques e
outras áreas naturais protegidas. Adote esta idéia! Seja voluntário! Verifique na administração das áreas
que você visita se existe algum programa de trabalho voluntário.
Denunciar agressões ao meio ambiente aos órgãos responsáveis pela fiscalização dos parques e outras
áreas naturais protegidas.

23
4.3) Técnicas de Condução
4.3.1) Dez regras essenciais
1. jamais leve um grupo a locais e trilhas onde nunca tenha estado antes e que não conheça muito bem;
2. habitue-se a manter bom condicionamento físico, além de praticar bastante as habilidades que
aprendeu no curso de Condutor de Visitantes;
3. procure transmitir segurança e equilíbrio emocional ao grupo de visitantes, utilizando o bom senso em
qualquer situação, mantendo a calma e controlando o grupo em situações de risco ou emergência;
4. procure o consenso em situações onde haja conflito, respeitando e tratando a todos com cortesia;
acolha opiniões e sugestões, mas seja firme em ações que envolvam a segurança do grupo;
5. evite dar ordens, oriente e busque a cooperação de todos;
6. controle suas reações, pense bem antes de emitir uma opinião de responsabilidade;
7. evite responsabilidades que sejam atribuições de outras pessoas ou de instituições;
8. evite críticas a qualquer pessoa;
9. evite demonstrar simpatia excessiva ou sentimento de animosidade por qualquer membro do grupo,
seja profissional;
10. conheça e respeite a legislação e as regras concernentes às unidades de conservação, às outras
áreas de visitação e à sua atividade.

4.3.2) Recebendo o visitante


O visitante chega cheio de expectativas e animado com o passeio. Ao reunirem o grupo para iniciar a
atividade, os condutores devem aproveitar essa primeira oportunidade para se apresentarem, dar as
boas-vindas a todos e estabelecer relação mútua de confiança e amizade.
As informações a seguir devem constar também no material de divulgação dos roteiros: descrever o
roteiro do passeio, discorrendo sobre os atrativos, os locais de parada, a atração principal (quando
houver) e as dificuldades e principais obstáculos do trajeto, como a travessia de rios, o caminho por
pedras, subidas ou descidas íngremes ou expostas, construções de interesse histórico, pinturas
rupestres etc. Há igual importância informá-los sobre as regras a serem observadas durante a atividade.
Também deve ser proporcionada pequena explanação sobre o ambiente, o ecossistema que está sendo
visitado e também sobre os costumes e peculiaridades da cultura local. Essas informações poderão ser
enriquecidas durante o passeio.
Nas Unidades de Conservação, o Condutor de Visitantes deve ainda explicar brevemente a categoria e
os objetivos de preservação da área, ressaltando a importância da conservação daquele ecossistema.
A atividade do Condutor de Visitantes deve enfatizar a experiência de se conviver com o ambiente
natural e a cultura local. O caráter coletivo, colaborativo e também não-competitivo do passeio deve ser
estimulado.
Nas trilhas, os Condutores de Visitantes deverão lembrar aos visitantes para seguirem os princípios de
mínimo impacto, pedindo colaboração no trajeto, evitando a dispersão do grupo e atendendo às
instruções dos monitores. Antes de iniciar o passeio, os monitores devem verificar se cada visitante está
devidamente trajado e calçado e se porta ao menos um cantil com água potável, lanche, um agasalho e
um abrigo impermeável.
Os Condutores de Visitantes deverão sugerir às pessoas que não apresentarem condições físicas ou
vestimentas ou calçados adequados, que façam outro tipo de atividade ou então que retornem em outra
data. Também deverão recomendar aos visitantes não portarem armas, facões etc. O monitor deverá
também recomendar que o uso de instrumentos musicais ou de aparelhos sonoros de pequeno porte
não extrapole a esfera pessoal.
Antes de sair, durante a caminhada e ao seu final, não se esqueça de estabelecer alguma forma eficaz
de contagem do número de pessoas no grupo de visitantes.

24
4.3.3) Na trilha
Caberá aos Condutores de Visitantes imprimirem ritmo de caminhada que respeite a capacidade do
grupo de visitantes, tornando o trajeto confortável, relaxante e seguro.
Cabe também aos condutores tornarem o trajeto interessante para que não seja apenas um percurso
aborrecido até o(s) atrativo(s). Esse desafio iniciou-se na recepção e desenvolve-se ao longo da trilha,
chamando a atenção dos visitantes para aspectos característicos, pitorescos ou surpreendentes do
trajeto. Para isso, os Condutores de Visitantes devem, além de conhecer muito bem o trajeto e suas
variantes, informar-se adequadamente sobre os aspectos do ambiente natural e da cultura local: história,
costumes, folclore, lendas, festividades tradicionais etc.; cuidado para não se tornarem aborrecidos.
Fique atento à relação adequada entre o número de visitantes e o número de condutores. Grupos
pequenos, de até 12 (doze) pessoas (incluindo os condutores) são mais adequados que grupos grandes.
Lembre-se que o número desejável de condutores, deve ser de 2 (duas) pessoas.
Cuide para não deixar ninguém para trás e mantenha o grupo coeso. Fique atento e dê apoio às pessoas
que apresentarem dificuldades no trajeto, mas lembre-se de que isso não significa que você deverá levá-
las pela mão ou às suas costas.
Use adequadamente seu aparelho de comunicação. Deixe o apito para emergências e evite gritar.
Programe um número maior ou menor de paradas de acordo com o tamanho e as características de
cada grupo.
Quando houver água potável na trilha, lembre a todos para reabastecerem seus cantis, mas não
esqueça de recomendar que a água, mesmo a mais límpida, seja adequadamente tratada.
Oriente os visitantes em relação ao melhor procedimento para causar o mínimo impacto na hora das
necessidades fisiológicas.
Empreste sua pazinha e explique sua necessidade. Não se esqueça também de lembrá-los de que
devem trazer todo o lixo de volta.

4.3.4) Nas paradas


Quase toda trilha tem paradas para descanso, para tomar lanche e para desfrutar dos atrativos.
Cada tipo de parada tem duração e finalidades diferentes, que não devem ser encaradas rigidamente,
mas esticadas, resumidas ou suprimidas de acordo com as características de cada local e o interesse e
as características de cada grupo.
As paradas servem não só para descansar, mas também para beber água, refrescar-se e comer algum
petisco. As paradas mais longas devem coincidir com os atrativos: uma cachoeira, uma praia, um
mirante, o topo de uma montanha etc.
Aproveite as paradas para fazer a contagem das pessoas, integrar-se com os visitantes, discorrer sobre
aspectos interessantes do local.
Acompanhe o visitante de perto nos locais que envolvam algum risco, como banhos em cachoeiras ou
atividades que requeiram a utilização de cordas ou equipamentos específicos. Fique atento para o risco
de afogamentos em banhos de mar ou rio e quedas em locais altos e pouco protegidos.
Solicite aos visitantes que não se dispersem demasiadamente e que não abandonem o local sem aviso.
Nunca deixe um visitante desacompanhado em uma parada, esperando o grupo voltar.
Caso um visitante ou grupo deseje ou necessite permanecer no meio do trajeto ou retornar antes de
atingir o ponto mais distante do passeio deve ser acompanhado de, ao menos, um condutor experiente.
Nunca é demais lembrar a todos que tragam de volta toda e qualquer embalagem ou lixo que for
produzido no passeio e recomendar as práticas de mínimo impacto, principalmente para as
necessidades fisiológicas.

4.3.5) Na despedida
A despedida é o momento adequado para reforçar a importância de se preservar o ambiente natural e a
conservação de seus recursos.

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Discorra sobre a importância da Mata Atlântica ou sobre qualquer outro ecossistema em que esteja
acontecendo sua atividade, sobre a necessidade da preservação dos recursos naturais e da
biodiversidade e estabeleça a relação desses fatores com o nosso cotidiano. Conclame a todos para
colaborarem na busca de soluções para os problemas ambientais, começando por agir de modo
ambientalmente responsável.
Os Condutores de Visitantes poderiam distribuir impressos com nomes e endereços de instituições
voltadas à conservação ambiental do local visitado, onde os visitantes possam contribuir com doações
ou trabalho voluntário.
Poderão ser divulgados locais próximos para visitação pública, convidando a todos para breve retorno.
Peça aos visitantes que preencham pequeno questionário, dando sua opinião sobre as atividades
realizadas, tendo em vista aperfeiçoar a qualidade do atendimento.

4.4) Liderança
O líder de uma excursão é aquele que tem a especial responsabilidade para organizar a excursão e para
tomar decisões durante o evento na montanha. Dependendo da natureza do grupo, o nível de
organização formal pode variar de altamente estruturado para virtualmente inexistente. De qualquer
maneira existem funções que devem ser realizadas de uma maneira ou de outra para que o sucesso da
excursão aconteça. O posto de líder deve ser confiado a quem está sendo o organizador da atividade,
mas às vezes o líder surge espontaneamente, o fato real é que em toda excursão existe algum tipo de
liderança que pode se expressar de muitas formas.
Essa aula visa mostrar algumas das relações de liderança que podem ocorrer dentro de eventos em
grupo como, por exemplo, uma excursão guiada na montanha.

Líder: Alguém com a responsabilidade especial para organizar a excursão e tomar decisões no decorrer
da atividade.

Dependendo do grupo a liderança varia:


• Pode ser espontânea ou organizada;
• Pequenos grupos não elegem um líder;
• Grupos grandes não se gerem sem um líder;

Divisão de tarefas:
• Informal: cada um assume uma função;
• Chefia: o líder é quem teve a idéia original;
• Mais experiente: mais responsável?;
• Clubes: Supervisão de novatos por sócios mais experientes e organizados;
• Excursões guiadas: contratação de condutor com o objetivo de maximizar a segurança durante a
atividade.
• O guia COMANDA o grupo e toma as decisões assumindo os riscos.

4.4.1 - Papel do Líder:

Objetivo: Ajudar o grupo a ter uma excursão segura, divertida e satisfatória.

O líder precisa: Estar em forma, mas não precisa ser o mais forte do grupo. Ter bom poder de
julgamento, senso comum (pensar pelos outro e pelo grupo) e sincero interesse pelo bem estar do
grupo.

Guardião: Deve saber se estão todos equipados devidamente, se têm experiência, se estão em forma.
Ao longo da viagem as pessoas ficam cansadas o que leva à desatenção, o líder deve estar sempre em
busca de sinais no grupo, explicando, relembrando, e chamando a atenção se necessário. Tomada de
decisões

Planejador: Não deve fazer tudo, mas coordenar para que tudo seja feito.

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Expert: Deve saber de tudo um pouco: equipo, primeiros socorros, resgate, clima.e

Professor: evitar dizer “Está errado”, ser positivo: “Deixe-me mostrar a você como isso funciona”

Treinador: Ajudando as pessoas a superar obstáculos individuais, trazendo satisfação e


desenvolvimento.

Indagador: Onde acampar? Que trilha escolher? Que hora iniciar a caminhada?

Arbitro: Incentivando e acalmando ânimos, coordenando, apaziguando.

Guardião do meio ambiente: Praticando o mínimo impacto sempre e passar a idéia adiante.

Não seja centralizador, as decisões podem ser tomadas pelo grupo. O grupo se fortalece quando cada
indivíduo toma conta de si e do próximo. Seja honesto em relação às suas limitações, se não sabe,
admita e peça ajuda. Seja sempre bem humorado!

4.4.2 - Organizando a caminhada


Informe-se sobre o lugar: Mapas, Croquis, Dicas de outros montanhistas, Boletins, Revistas, Telefone.

Equipamento: O que levar (sem exagero ou omissão).

Força do grupo: Homogeneidade, respeitar sempre o elo mais fraco.

Quantos: Minimo impacto (FEMERJ -12 pessoas)

Controle do tempo: Ausência de luz, mantimentos, mau tempo. Não importa a rapidez da caminhada,
mas sim como o tempo é utilizado

Durante a caminhada: Manter todos por perto, tomar cuidado com perigos iminentes. O grupo deve
estar sempre unido nos pontos de descanso, bifurcações, pontos perigosos.

Determine horário de retorno: Mantenha a comunicação entre o grupo

No retorno: Mantenha a unidade do grupo

Cálculo do Risco:

Risco = Severidade X probabilidade X tempo

Painel de alerta: Força individual, Força do Grupo, Tempo, Clima, Distância, equipamento, Comida.

4.4.3 - Compreensão sobre noções de higiene e apresentação pessoal.


Lembre-se que está exercendo sua profissão e representando toda uma classe de profissionais
Condutores de Visitantes, então tome sempre alguns cuidados antes de receber um visitante:
• Ande sempre bem apresentável;
• Não use roupas rasgadas ou sujas;
• Tome banho e escove seus dentes mesmo antes de uma excursão;
• Fale corretamente e de maneira gentil;
• Seja sempre educado;
• Controle sua irritação mesmo nos momentos difíceis.

Tomando esses cuidados não deixará que as pessoas generalizem o aspecto ou caráter dos Condutores
de Visitantes.

27
5
Equipamentos e Navegação

5.1) Noções Básicas de Navegação


Onde estou? Como eu posso encontrar o caminho para lá? Qual é a distância para o cume dessa
montanha? Essas são as três perguntas mais realizadas no montanhismo. Esse módulo é uma
introdução para você poder responder tais perguntas utilizando a navegação e a orientação. Com esse
conhecimento básico você ficará apto a planejar rotas, localizar-se durante um percurso e o principal,
achar o caminho de casa.

Algumas definições iniciais:

Orientação: é a ciência que determina a sua exata posição na Terra. Para isso requer um bom
conhecimento em leitura de mapas e bússula, além da habilidade de se utilizar o altímetro e talvez até
mesmo o GPS (Sistema de Posicionamento Global). Com um pouco de empenho qualquer pessoa pode
adquirir esses conhecimentos sem necessidade de embasamento matemático ou científico.

Navegação: é a ciência de determinar a localização de um objetivo e manter-se direcionado para ele por
todo o percurso desde o início da viajem até o final desta.

O caminho a percorrer
Encontrar a melhor rota é a arte da conjugação dessas duas modalidades anteriores, no entanto,
necessita tempo, experiência, senso crítico, bom senso e julgamento. Esse processo inicia-se em casa,
onde você necessita reunir todas as informações sobre como chegar ao local e o que vai encontrar no
caminho. Guias informativos, geralmente fornecem a descrição do percurso como o tempo estimado,
altitude, distâncias, pontos de interesse. Outras ferramentas são mapas topográficos, esquemas de
percursos, fotografias aéreas, fotografias descritivas de postos do percurso. Outras pessoas que já
realizaram o percurso desejado também são uma fonte interessante de informação, não deixe de entrar
em contato com elas.

5.1.1 - O mapa
O mapa é uma figura simbólica de um local. Ele condensa uma variedade de informações de uma forma
que pode ser facilmente interpretada e transportada

Tipos de mapas:
Os mapas podem ser utilizados para diversos propósitos

Mapa dimensionado: tenta mostrar a diferença de relevo utilizando para isso a diferença de cores entre
altitudes, tipo de terreno, vegetação.
Mapas recreacionais: São mapas esclarecedores têm como objetivo colocarem os atrativos de maneira
clara e simplificada para que se tenha uma visão geral sobre o que existe na área.
Esquema de mapas: geralmente desenhados a mão livre, destacam os principais pontos de podem
ocorrer a perda de direcionamento, muito utilizado por montanhistas e são muito importantes para a
complementação dos mapas de maior escala.
Mapas topográficos: Estes detalham a topografia pelas curvas de nível que indicam a altitude a partir
do nível do mar.

Escala: é a razão entre as medidas no mapa e as medidas no mundo real:


Ex: 1cm : 1km
1cm : 10 km

Para calcular a distância real de uma escala usa-se a regra de três simples:
1unidade ------ 10,000 unidades
0,5 unidade ----- 5,000 unidades

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Lendo um mapa a partir das curvas de nível:

Áreas planas: praticamente sem curvas de Subidas leves: curvas de nível largas, bem
nível. espaçadas.

Subidas íngremes: Curva de nível próximas, Abismos: Curvas de nível extremamente


pouco espaçada. próximas ou sobrepostas.

Vales, ravinas, gargantas ou corredores: Arestas: Curvas de nível com um padrão em “U”
Curvas de nível em um padrão em “U”para ou “V” com a base apontando para o lado de
vales suaves e de fundo arredondado e padrão menor elevação.
em “V” para vales e gargantas.

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Cume: curvas de nível em um padrão Colo: ponto com curvas de nível bem próximas ao
concêntrico com o cume sendo a parte mais longo de um percurso frontal, mas com abismos
interna e elevada, geralmente o cume é nas laterais.
indicado como um triangulo seguido da altitude.

5.1.2 - A técnica do passo duplo:

Essa técnica é muito útil para aqueles que desejam medir distâncias aproximadas com uma precisão
aceitável sem a necessidade da utilização de instrumentos, como a trena por exemplo. A técnica é
simples e deve ser treinada com antecedência. Primeiramente, deve se medir uma distância fixa,
geralmente 50 metros, em seguida percorrer essa distância sem alterar o comprimento de sua passada,
realizando a marcha de forma natural. Após realizar três aferições tira-se a média aritmética do número
de passadas e divide-se o resultado por 2. Esse número será o seu passo duplo.
Para saber o comprimento de seu passo duplo basta dividir os 50 metros pelo número de passos duplos
Cada indivíduo deve ter a sua aferição, pois esta varia de acordo com as medidas antropométricas,
como comprimento da perna e tipo de passada.
A medida deve ser realizada em planos inclinados pois há variação entre as medidas de passo duplo
quando se está subindo, descendo ou andando no plano. Assim cada pessoa deve ter no mínimo 3
medidas de passo duplo:

Qual é a sua medida?


Número de passos simples em 3 percursos de 50m divididos por 6.
No Plano: _______
Subindo: _______
Descendo: _______

Dividindo o número de passos duplos por 50m, você terá o comprimento de sua passada.
No Plano: _______
Subindo: _______
Descendo: _______

5.1.3 - A bússula:

A bússula é um instrumento que permite indicar a direção de um ponto em relação ao norte magnético. A
partir desses dois parâmetros é possível seguir rotas pré-estabelecidas, bem como realizar um roteiro.

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5.1.4 - Realizando um roteiro:

Para isso será necessário ter os seguintes instrumentos:


• Papel ou o mapa
• Lápis
• Uma tabela para coletar os dados
• Uma bússula
• Um ponto de início e um objetivo para a chegada.
• A técnica de passo duplo.

A tabela deve conter as seguintes informações para os dados serem plotados no mapa como ilustrado
no exemplo abaixo:

Trilha agulha
beija flor
Data 12/07/2006 > curva para a esquerda
Responsáveis: Daniel e José
Augusto < curva para a direita
Coordenadas de curva em
relação ao NORTE
P0 início da trilha S 2226484 W
04300235 S W
passo
s Dist
duplos em α α Situação da trilha
segmen me cood erosão drenagem
tos (1,73 m) metros dio curva alt localização
Bifurcação na trilha da 222648 43002
0 Pedra do Sino 4 35
222650 43002
1 40 69,2 0 0 rio 3 46
P2+38m degrau alto de 222652 43002
2 30 51,9 -3 0 pedra 6 64
3 22 38,06 15 330 P3 + 14 vala de chuva

Atividade prática: Elaboração de um percurso de aproximadamente 400 metros nas dependências da


sede Teresópolis.

31
5.2) Roupas e Equipamentos

Roupas: apesar de, em dias de sol é possível caminhar apenas com camiseta, não deixe de levar
alguns abrigos, a temperatura e o clima na serra mudam muito rápido.
Dê preferência para roupas sintéticas. Esse tipo de vestimenta não absorve água, quando molha,
seca muito rápido. Existem roupas sintéticas de vários tipos, espessuras e marcas, sendo conhecidas
pelos nomes: pile, soft, dry, polartec, fleece, entre outros. Lã também esquenta, mas absorve muita
água, roubando calor do corpo, e demora a secar.
É interessante para os dias de frio ter a mão três camadas de roupa. A primeira uma camisa fina de
tecido sintético, pode ser de manga curta ou longa. A segunda um casaco de pile mais grosso e a
terceira uma que corte o vento e proteja na chuva, tipo anoraque.
Para as pernas uma boa opção é caminhar com uma calça sintética fina, daquelas de tactel por exemplo,
com vários bolsos e com zíper para ser transformada em bermuda, levando na mochila uma outra de pile
fino. Caso esfrie pode ser colocada por baixo da outra.
Dependendo da excursão leve uma luva fina e gorro para a cabeça, já que pela cabeça perdemos uma
grande quantidade de calor.
Passe essas informações aos visitantes para que eles possam vir para a excursão preparados.
Para saber mais leia o texto abaixo:
Seres humanos mantêm o conforto do corpo pela criação de um microambiente de ar aquecido próximo
à pele. A combinação de baixas temperaturas, chuva e vento remove este ar quente e pode iniciar uma
perigosa redução da temperatura corporal. Se não se controla esta condição, advém a hipotermia,
levando a incontroláveis tremores, perda do discernimento e, eventualmente, à morte.As roupas
protegem você do frio, do vento e da umidade, além de manterem um ambiente compatível próximo à
sua pele. As roupas também devem ajudar a refrescar, quando as condições tornam-se quentes.
Esforços constantes ou excessivas temperaturas podem causar ao corpo vestido impropriamente,
sofrimento e exaustão por calor, uma situação que pode ser tão mortal quanto a hipotermia.
Roupas que protegem em camadas
As roupas mantêm melhor o microambiente corporal se forem vestidas em camadas, permitindo a fácil e
rápida adaptação às temperaturas flutuantes nas montanhas. Para manter o ritmo em condições
variáveis de temperatura, adicione ou subtraia camadas de roupa uma a uma. Três níveis formam a base
deste sistema: uma camada perto da pele, camadas de isolamento e camada protetora externa.
A camada próxima à pele (roupa de baixo longa ou curta)
Permite a ventilação, assim o corpo pode esfriar por si mesmo. Durante as partes quentes do dia, muitos
escaladores excursionistas vestem somente a roupa de baixo longa e shorts. Quando está frio, a roupa
de baixo longa, coberta por roupas adicionais, aumenta o seu isolamento. Esta camada também
transporta a transpiração para longe da sua pele sem absorver a umidade (Roupa molhada em contato
com a sua pele retira vinte e cinco vezes mais calor do que a roupa seca).
As camadas de isolamento (camiseta, suéter, casaco de pile)
Aprisionam o ar aquecido próximo ao corpo. Quanto mais espessa a camada de ar aprisionado ou
"morto", mais aquecido você ficará. Entretanto, várias camadas leves e folgadas normalmente
esquentam mais do que uma roupa espessa. Elas são mais versáteis porque as várias peças podem ser
usadas em diferentes combinações, dependendo da temperatura e do nível de atividade. Camisas e
suéteres devem ser longos além do tronco, assim elas podem ser enfiadas para dentro das calças ou
jogadas por cima da cintura. Aberturas entre as calças e a parte de cima do corpo deixam que uma
quantidade considerável de calor escape. Similarmente, suéteres com gola olímpica (ou gola alta) podem
evitar que muito calor do tronco escape.Testes mostram que somente a adição de gola alta pode
aumentar o nível de conforto das vestimentas em 3º C.
A camada protetora externa
É essencial para minimizar a perda de calor pelo vento e chuva. O vento movimenta para cima o ar
quente próximo ao corpo e sopra-o para fora, um processo chamado convecção. Quanto mais forte o
vento, mais rápido o ar quente vai embora, produzindo um efeito de resfriamento pelo vento, que torna a
sensação de frio muito mais intensa. Quando a temperatura do ar é de -12ºC com um vento de 36 km/h

32
produz o efeito de sensação térmica equivalente a -32ºC (veja tabela de sensação equivalente de
temperatura). A chuva umedece as roupas e reduz o valor do isolamento. A roupa molhada reduz o calor
do corpo a níveis alarmantes. Uma capa impermeável sobre as camadas de isolamento elimina a perda
de calor por condução e convecção. O vento não pode penetrar pela capa, assim o ar quente próximo do
seu corpo permanece no espaço apropriado. A capa também mantém as camadas de isolamento secas,
então o calor do corpo não é conduzido por nada.

TEMPERATURA (ºC)

Velocidade do
+4 +2 -1 -7 -12 -16 -23 -29 -34 -40 -46
vento(km/h)

Sensação Equivalente de Temperatura

8 2 -1 -4 -9 -15 -20 -26 -32 -37 -43 -48

16 -1 -7 -9 -15 -23 -28 -37 -43 -51 -57 -62

24 -4 -9 -12 -20 -29 -34 -43 -51 -57 -65 -73

36 -7 -12 -15 -23 -32 -37 -46 -54 -62 -71 -79

40 -9 -12 -16 -26 -34 -43 -51 -59 -68 -76 -84

48 -12 -15 -16 -29 -34 -46 -54 -62 -71 -79 -85

56 -12 -15 -20 -29 -37 -46 -54 -62 -73 -82 -90

64 -12 -16 -20 -29 -37 -48 -57 -65 -73 -82 -90

Acima de 64 efeito adicional pequeno

Perigo de congelamento da pele expostaPerigo Perigo


Grande perigo
se seca e adequadamente vestida escasso intenso

Para utilizar esta tabela que mostra a intensidade da sensação do efeito do vento e a
temperatura equivalente, encontre na coluna da esquerda a velocidade do vento (em
km/h) e na parte superior a temperatura em (ºC). A intercessão de ambos marca a
temperatura equivalente. Por exemplo: a uma temperatura de -16ºC, com uma brisa
de 24 km/h, o resultado será de -34ºC em um dia tranqüilo, e se devem tomar
medidas para proteger o corpo do congelamento. As zonas da tabela indicam o
perigo de congelamento de uma pessoa média que está devidamente vestida para a
situação. Quando a efetiva temperatura é de -34oC ou menos certifique-se de tomar
cuidados para minimizar a exposição de pele nua ao vento

As roupas para atividades ao ar livre são feitas de uma variedade de tecidos, cada qual com suas
vantagens e desvantagens.
Algodão: é confortável para vestir quando seco, mas absorve muitas vezes o seu peso em água,
perdendo sua capacidade de isolamento quando molhado. Porque absorve muita água, leva bastante
tempo para secar. Em climas quentes, entretanto, o algodão ventila bem e ajuda a esfriar o corpo.
Molhado em um dia quente, a água que evapora do algodão ajudará você a refrescar-se.
Lã: absorve menos água que o algodão, mas mesmo assim não é tão efetiva quando molhada se
compararmos com os tecidos sintéticos.
Pile sintético: não absorve água. Alguma umidade fica retida suspensa entre os filamentos do tecido
quando está molhado, mas a maioria da água pode ser torcida. Vestimentas feitas de pile sintético são
relativamente quentes quando molhadas e secam rápido. O pile é também muito leve e macio e por isso,
peso por peso, ele aprisiona mais ar quente nos seus espaços mortos do que as fibras naturais - como a
lã. Todas estas características contribuem para que o pile seja um versátil e efetivo material de
isolamento.
Poliéster, acrílico e polipropileno: são tecidos usados em uma grande variedade de roupas de baixo,
longas e vestimentas de isolamento. Os filamentos sintéticos destes tecidos são também leves, não
absorventes e secam rapidamente. Os filamentos de alguns tecidos são também muito bons para

33
transportar a transpiração para longe do corpo, tornando-os bem adequados para uso próximo à pele.
Mais e mais tecidos estão sendo desenvolvidos para isto. Como consequência, estes tecidos têm
substituído largamente a lã, algodão e seda para uso em roupas de baixo. Quando for escolher este tipo
de vestimenta, consulte as etiquetas das roupas ou peça auxílio ao vendedor.
Nylon: capas de nylon, as quais vão sobre as camadas de isolamento, protegem contra o vento mas não
são impermeáveis, a menos que o nyIon seja resinado. Normalmente usam-se resinas de poliuretano
para impermeabilizar o nyIon. Resinagens de poliuretano são leves e efetivas quando recebem a devida
manutenção, mas não são muito resistentes à abrasão ou mofo. Embora a maioria das capas
mantenham a chuva fora, elas também fecham o suor dentro. Se você trabalhar duro, o suor gerado
pode umedecer as camadas de isolamento que estão mais próximas à você. Coberturas (resinagens)
com microporos foram desenvolvidas para solucionar este problema. Estas coberturas têm bilhões de
microscópicos orifícios por milímetros quadrado. A umidade vaporizada da sua pele têm um tamanho de
molécula muito menor do que a água líquida. Os orifícios na cobertura são grandes o suficiente para
deixar o vapor escapar, mas muito pequenos para que a água líquida possa entrar. Assim, as coberturas
"respiram" e ainda são à prova d'água. Goretex, o primeiro tecido impermeável/transpirante do mercado,
usa a mesma teoria. Infelizmente este tipo de tecido não funciona tão perfeitamente em climas tropicais
úmidos.
Os anoraques para chuva devem apresentar as seguintes qualidade:
• Um tamanho grande o suficiente permite adicionar camadas de roupa por baixo sem comprimir
sua respiração ou restringir seus movimentos.
• Um capuz com uma viseira e um protetor de pescoço para que a água possa driblar rosto e
pescoço. Um bom capuz deve ser grande o suficiente para acomodar um chapéu (ou um
capacete de escalada) e não deve atrapalhar a visão quando você olha para o lado.

• As costuras devem ser seladas de fábrica com uma fita adesiva. Observe se a fita seladora está
bem colada ao tecido. Todas as costuras devem ser seladas para prevenir que a umidade entre
através dela e é preferível tê-las seladas de fábrica que tentar selar você mesmo.
• Zíperes com dentes grandes e duráveis e boa cobertura para manter o zíper seco.
• Bolsos que tenham acesso com as mão enluvadas e que possam ser fechados. Também é
recomendável uma cobertura sobre o bolso para manter a água fora.

• O comprimento do anoraque deve se estender abaixo dos quadris, com um cordão na cintura
que permita você apertar a parte de baixo.
• Mangas que cubram os punhos, que devem ser fechados com pressão, elásticos ou velcro, para
manter as mangas na altura certa.
• Ventilação: aberturas controláveis na frente, na cintura, sob os braços, lados, punhos, que
permitam você abrir para ventilar ou fechar para aprisionar o ar quente próximo ao seu corpo.
Cabeça
Quando o resto do corpo está devidamente vestido, uma cabeça descoberta é como um radiador,
responsável pela liberação de mais da metade do que o corpo perde de calor. A cabeça é a primeira
parte do corpo que deve ser descoberta quando você está superaquecido e a primeira parte a ser
protegida, quando você está com frio. Um velho ditado diz? "Se os seus pés estão frios, ponha um
chapéu". Existe aí uma verdade, pois assim que a cabeça e tronco ficam frios, a circulação sangüínea é
reduzida nos braços e pernas em favor do aquecimento das partes vitais. Para que a circulação
sangüínea aumente nos braços e pernas você precisa aquecer as áreas vitais da cabeça e tronco. A
balaclava ou passa-montanha ou ainda Joana d'arc é uma versátil proteção para isolar a cabeça.
Inteiramente vestida, ela protege a face e o pescoço do frio; enrolada para cima ela aquece a cabeça,
mas permite a ventilação da parte superior do corpo através da área do pescoço.
Calças
Suas calças de isolamento podem ganhar tamanho para proporcionar maior liberdade de movimentos.
Serão feitas de tecido fortemente entrelaçado, com um acabamento resistente ao vento e à abrasão.
Misturas de lã ou lã/sintéticos funcionam bem. No frio e climas úmidos, o pile sintético é outra boa
escolha porque retém a maioria das suas características de isolamento quando molhado. O pile não é
resistente ao vento, mas uma capa de nylon, integrada às calças ou em separado, remediará o
problema. Para ajudar as camadas isolantes abaixo da cintura, procure por calças com zíperes em todo

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o comprimento, que permitirão a você vesti-las mesmo quando estiver usando botas. A vida útil de suas
calças pode ser prolongada reforçando o traseiro com remendos de nylon ou outro tecido durável.
Calçados: leve um tênis ou bota confortável para a caminhada. Novos nem pensar, pois podem causar
bolhas. Se comprar um tênis novo faça com antecedência e use bastante para se certificar que estarão
amaciados para a atividade. Verifique bem o solado para que seja aderente, dando preferência aos
solados de borracha, ao invés do plástico. Uma boa idéia é usar duas meias, uma meia fina primeiro e
por cima uma mais grossa. Desta forma as chances de ter uma bolha no pé diminuem, já que se houver
atrito, será entre uma meia e a outra.

Equipamentos essenciais
1. lanterna, com lâmpada e pilhas sobressalentes
2. estojo de primeiros socorros (1), canivete
3. fósforos, isqueiro ou acendedor de fogo, em embalagem à prova d.água, velas
4. abrigo impermeável (capa ou anorak)
5. agasalho (abrigo de lã ou sintético)
6. comida extra
7. apito, mapa e bússola

Não saia de casa sem


1. deixar aviso
2. cartão de identificação
3. roupa extra, boné ou chapéu, óculos escuros
4. pequeno kit de costura
5. cantil, produto para tratamento químico da água (cloro ou similares)
6. protetor solar e labial, repelente
7. radiocomunicador portátil (walkie-talkie) ou telefone celular (2)
8. lista de telefones, freqüências de radiocomunicação, endereços úteis (3)
9. sacos plásticos para embalar e para lixo
10. cobertor plástico de emergência ou lona plástica, cordins (30 metros ou mais)
11. papel higiênico e pazinha

Para casos de emergência


1. fogareiro ou espiriteira e combustível
2. panela ou caneca metálica
3. chá, café ou achocolatado em pó para aquecer

(1) verifique regularmente se não falta algum item em seu estojo de primeiros-socorros ou se algum
medicamento está vencido. Lembre-se do risco e da responsabilidade de ministrar medicamentos a
terceiros.
(2) quando o local visitado for coberto por esse serviço.
(3) ver no capítulo prevenção de acidentes.

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5.3) Alimentação
A alimentação é um tema importante a ser levado em consideração no planejamento das caminhadas,
uma vez que, o ato de caminhar por trilhas pode consumir grande quantidade de energia. O consumo
de energia vai depender do tipo de trilha e do metabolismo do indivíduo que a pratica. Quando
caminhamos com sobrecarga, isto é, com uma mochila pesada nas costas, o exercício realizado pode
ser considerado de média a alta intensidade e de longa duração (trilhas com pernoite).
A alimentação para este tipo de atividade deve ter uma composição balanceada, levando em conta sua
praticidade e volume, devido ao espaço e peso da mochila utilizada. Na composição dos alimentos
devem predominar os carboidratos ( ex: massas, arroz, batatas e açúcares) que fornecem a maior parte
das calorias consumidas a curto prazo pelo organismo, completados com as gorduras e proteínas ( ex:
carnes secas, amendoim, salame, queijos curados) que são alimentos eficientes por armazenarem
grande quantidade de energia, sendo liberada a longo prazo pelo organismo. Os alimentos não
energéticos ( sais minerais, vitaminas e água) completam a lista de necessidades do organismo.
Orientações Básicas
1. Ao se alimentar, boa parte do fluxo sangüíneo será utilizado pelo sistema digestivo,
ocasionando uma diminuição do fluxo sangüíneo para o cérebro. A pessoa fica mais sonolenta e
mais lenta. Recomenda-se fracionar os alimentos para não sobrecarregar o sistema digestivo ou
após a alimentação, esperar 2h para que a digestão seja completada.
2. Beber água antes, durante e depois da caminhada. A água é importante na metabolização dos
alimentos, regulação da temperatura corporal e hidratação. Recomenda-se tomar 3 litros de
água ou mais, dependendo do tipo de caminhada executada e o clima. A perda de água resulta
em desidratação, que afeta diretamente a performance do indivíduo.
3. A necessidade de reposição eletrolítica (bebidas isotônicas) pode ser suprida pela alimentação
adequada e ingestão de líquidos. Recomenda-se a ingestão de bebidas isotônicas somente para
aqueles que executam atividades muito intensas e com grande perda de água e sais minerais.
4. Café e chá devem ser evitados durante a caminhada por terem ação diurética.
5. As bebidas alcóolicas devem ser evitadas porque apresentam uma falsa impressão de que
esquentam o corpo, mas o que acontece é que o álcool rouba energia e calor do corpo para sua
degradação. A falsa sensação de calor advém do seu efeito vasodilatador momentâneo.
6. Água segura para se beber durante as caminhadas é aquela que parece “brotar” do solo, mas
é recomendável o uso de cloro para purificar a água encontrada durante a caminhada.

Texto de Patricia Sakai - Centro de Práticas Esportivas da USP


(www.ib.usp.br/ecosteiros/cursos/caminhada/textoscaminhada.htm)

36
6
Responsabilidade Civil e o
Código de Defesa do Consumidor

Noções de responsabilidade e suas conseqüências no exercício profissional


O ser humano, porque dotado de liberdade e de discernimento, deve responder por seus atos. A
liberdade e a racionalidade, que compõem a sua essência, trazem-lhe em contrapartida a
responsabilidade por suas ações ou omissões no âmbito jurídico.
Isso significa que em suas interações sociais, se ferir valores de terceiros, o agente deve arcar com as
conseqüências daí decorrentes. Assim nasceu a "teoria da responsabilidade", que se espraia por dois
campos distintos: o civil e o penal. Neste último, certas condutas são definidas em lei como crimes ou
contravenções, sujeitando o agente a punições de caráter pessoal: prisão, multa, penas restritivas de
direitos, etc, enquanto na área cível, o agente pode ser compelido pelo ofendido a reparar o dano
material e/ou moral causado.
A idéia principal da responsabilidade civil reside no princípio multissecular do "neminem laedere", (a
ninguém se deve lesar). Portanto, responsabilidade civil nada mais é do que a obrigação pela qual o
agente fica adstrito a reparar o dano causado a terceiro, e o "Guia de Escalada", assim como os demais
profissionais, sujeita-se a esta mesma obrigação. A despeito de a Constituição Federal garantir a todos
os cidadãos a liberdade de exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, ela exige que sejam
"atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer" (art. 5º.inciso XIII), tais como: diplomação
universitária ou conclusão de cursos técnicos ou profissionalizantes, aprovação em Exame de Ordem,
dentre outros "qualificativos" para o exercício de determinadas profissões, a exemplo do que ocorre com
médicos, engenheiros, advogados, técnicos em secretariado, em prótese dentária etc.
Desabafos à parte, é evidente que todo aquele que exerce qualquer atividade profissional -
regulamentada ou não - não pode descurar-se da necessária competência técnica, da habilidade e da
prudência que lhe são inerentes, máxime, diante da responsabilidade que pode lhe acarretar quando
exercida sem os predicados acima, que somente se adquire através de cursos ministrados por bons
profissionais, devidamente capacitados e com larga experiência no ramo, além de aperfeiçoamento
constante ao longo dos anos, dentre outros qualificativos, - como a homologação do currículum vitae
mínimo destes profissionais através das respectivas Federações Estaduais ou Associações de Classe,
como a AGUIPERJ.

A responsabilidade civil antes e após o Código de Defesa do Consumidor


Até o advento do Código de Defesa do Consumidor (Lei Federal 8.078, de 11.09.90), a questão da
responsabilidade civil fundamentava-se na clássica "teoria subjetiva da responsabilidade", segundo a
qual, cabe sempre ao lesado demonstrar que o dano sofrido adveio de conduta dolosa (intencional) ou
culposa (não intencional) do seu ofensor em razão de imperícia (falta de aptidão técnica, teórica ou
prática para o exercício de uma profissão), imprudência (prática de um ato perigoso sem os cuidados
que o caso requer) ou negligência (falta de observância de deveres exigidos pelas circunstâncias),
conforme antiga norma estabelecida no artigo 159 do Código Civil de 1916, salvo naquelas hipóteses
excepcionais previstas pelo mesmo "Codex, cabendo então ao ofensor e não ao ofendido, a prova de
Inocorrência culpa para o evento danoso ou que este tenha sido causado por culpa exclusiva da vítima,
de terceiro ou por circunstâncias externas capazes de excluir-lhe a responsabilidade, tais como: o "caso
fortuito" (acontecimento natural derivado de força da natureza: terremoto, vendaval, etc.) ou "força
maior", quando resultante de fato de terceiros: furto, desapropriação, dentre outros.
Entretanto, com a entrada em vigor do Código de Defesa do Consumidor (CDC) houve radical alteração
no campo da responsabilidade civil quando decorrente de "relação de consumo de bens e/ou serviços".
Ao reverso do Código Civil, o CDC adotou como regra geral a "teoria da responsabilidade objetiva" dos
fabricantes, produtores e fornecedores de bens ou serviços remunerados por consumidor final (artigos
12 e 14), salvo nas hipóteses expressamente estabelecidas por ele, onde incide a velha teoria da
responsabilidade subjetiva do causador do dano, a exemplo dos denominados "profissionais liberais",

37
isto é, aqueles que sob remuneração, se obrigam a prestar determinados serviços para os quais devem
possuir as condições técnicas para atender ao consumidor contratante, sem subordinação própria das
relações empregatícias. Logo, quando ocorrer dano a terceiros nestas hipóteses, pelo imprudente,
negligente ou por imperícia destes profissionais, a responsabilidade só poderá ser apurada mediante a
demonstração de culpa (art.14, parágrafo 4º).
A par disso, o CDC também previu causas de exclusão de responsabilidade civil do produtor, do
fabricante ou do fornecedor quando: a) inexistiu defeito do produto ou do serviço (art. 12, parágrafo 3º, II
e art. 14, parágrafo 3º, II; b) culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (art. 14, parágrafo 3º, II);
admitindo, outrossim, a doutrina e a jurisprudência a "força maior" e o "caso fortuito".
A esta altura, convém esclarecer para melhor entendimento, que o CDC define:
Consumidor: como "toda a pessoa física ou jurídica que adquire produtos e/ou serviços como
destinatário final (art. 2°)";
Fornecedor: como "toda a pessoa física ou jurídica que desenvolve atividade de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos
ou prestação de serviços (art. 3º)";
Produto: como "qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial (art. 3º, parágrafo 1°)"; e,
Serviço: como "qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração salvo as
decorrentes das relações de caráter trabalhista (art. 3º, parágrafo 2º)".
Nesta medida, o fornecimento de serviços de “Guia” no mercado de consumo, mediante remuneração de
quem o adquire (pessoa física ou jurídica) como destinatário final, enquadra-se como autêntica "relação
de consumo" e, por via de conseqüência, sujeita-se ao regime jurídico de responsabilidade civil previsto
no Código de Defesa do Consumidor, com regra geral, aplicando-se subsidiariamente as disposições do
Código Civil naquilo que for compatível.
Isso acarreta, sem dúvida alguma, maior grau de responsabilidade para o "Guia” frente aos
consumidores de seus serviços, destacando-se ainda que, a garantia de reparação dos danos materiais
e/ou morais do consumidor não pode ser derrogada por "cláusula de não indenizar" ajustada por
convenção das partes.
Melhor explicitando: em se tratando de normas jurídicas imperativas, que dizem respeito a direito do
consumidor, são irrenunciáveis e inderrogáveis, sendo nulas de pleno direito as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que impossibilitem, exonerem ou atenuem a
responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem
em renúncia ou disposições de direitos, consoante estabelece o art. 25 do CDC.
Portanto, nada valem as ressalvas ou as "cláusulas de não indenizar" contidas em avisos, termos de
responsabilidade ou contratos firmados entre o Guia de Escalada e o consumidor de seus serviços, a
exemplo daquelas comumente encontradas em empresas de estacionamentos de veículos, quando
advertem a seus clientes que "não se responsabilizam por furto de veículo ou pelos objetos e valores
deixados no seu interior".
Com relação às verbas indenizatórias devidas em razão da ocorrência de dano, dispõe a legislação de
regência que, se ocorrer homicídio por ato doloso ou culposo, a indenização consistirá: a) no pagamento
de despesas com o tratamento médico-hospitalar da vítima, com seu funeral e com o luto da família; b)
na prestação de alimentos às pessoas a quem o defunto os devia. Essa indenização, entretanto, será
reduzida pela metade se para o evento tiver também concorrido culpa da vítima.
Outrossim, havendo lesão corporal, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e ainda
dos lucros cessantes até o fim da convalescença.
Se do ferimento causado advier aleijão ou deformidade, a soma da indenização será duplicada, pois a
lesão fará com que o ofendido cause impressão desagradável, configurando assim dano estético. Se
aleijar mulher solteira ou viúva, ainda capaz de se casar, a indenização consistirá no pagamento de um
dote, segundo as posses do ofensor, as circunstâncias da ofendida e a gravidade do defeito,
compensando-se desta forma com dinheiro a deformidade que a enfeiou, diminuindo-lhe a "capacidade"
de se casar.
Ademais, se a vítima, em razão da ofensa, vier a perder ou ter diminuído a sua capacidade laborativa, o
ofensor deverá ainda arcar com indenização que abranja as despesas do tratamento, os lucros
cessantes até o final da convalescença, além de uma pensão correspondente à importância do trabalho
para o qual se inabilitou, ou da depreciação sofrida.

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No que tange a indenização pelo dano moral, que pode, inclusive, ser cumulada com o dano material,
embora a lei não tenha estabelecido regras ou critérios para apuração do valor que compense a ofensa
moral, deve esta ser fixada levando-se em consideração o valor envolvido na avença entre as partes, a
intensidade da dor, o sofrimento ou a humilhação experimentada, as condições econômicas do ofensor e
do ofendido, de modo que sirva de punição ao transgressor, recompondo ou amenizando o dano moral
sofrido, sem, contudo, servir de fonte de enriquecimento de um em prejuízo do outro, nem
desproporcional à sua intensidade e gravidade.

Incidência do Código de Defesa do Consumidor no exercício profissional


Vejam algumas hipóteses que podem acarretar a responsabilidade civil do Guia, à luz das disposições
legais em vigor:
1. O fornecimento de serviços de "Guia", em quaisquer de suas modalidades, de modo defeituoso, ou
seja, sem a suficiente competência ou habilitação técnica e sem oferecer a mínima segurança que dele
pode esperar o consumidor.
2. O fornecimento de serviço de "Guia" por profissional qualificado e experiente que, entretanto, por
qualquer ordem de razão, utiliza equipamento mal conservado ou além da "vida útil" prescrita pelo seu
fabricante, vitimando seu cliente, pois, apesar de sua competência técnica, agiu com imprudência e
negligência.
Por outro lado, também se pode imaginar algumas situações onde apesar da ocorrência de dano, a
responsabilidade do "Guia" será afastada ou excluída quando:
1. Apesar da competência técnica e prudência do "Guia" durante a caminhada, ocorrer danos a seu
cliente em razão de acidente provocado exclusivamente pela quebra ou ruptura de equipamento que se
encontrava em bom estado de conservação e corretamente utilizado.
2. Cliente vitimado por raio ou vendaval durante a caminhada decorrente de mudança repentina das
condições climáticas, que torna o infortúnio imprevisível, principalmente se os serviços oficiais de
meteorologia indicavam "tempo bom" para o dia da caminhada. Da mesma forma, se os danos advêm
de avalanche ou de desmoronamento de rocha ou ainda de "mal súbito" que acomete o cliente,
também configurar-se-á "caso fortuito" que exclui a responsabilidade do "Guia";
3. Cliente que omite ou emite falsa declaração ao "Guia" sobre seu verdadeiro estado de saúde capaz
de comprometer a sua ascensão, ou quando, sem a devida autorização do "Guia" ou contrariando
expressamente a orientação deste, não cumpre procedimentos fundamentais de segurança, vindo a
"acidentar-se". Hipóteses de "culpa exclusiva da vítima" que excluem a responsabilidade civil do "Guia".
Ressalte-se, porém, que nestes casos, somente há exclusão de responsabilidade do "Guia" quando se
verifica culpa exclusiva do consumidor. Dessa forma, se se apurar culpa concorrente do consumidor ou
de terceiro, ainda assim o prestador do serviço será responsabilizado, pois, a legislação protegeu
fortemente o consumidor, colocando todo o peso da responsabilidade no prestador do serviço. É a
incidência ampla da Teoria do Risco do Negócio.

39
7
Comportamento Seguro e
Prevenção de Acidentes

7.1) Segurança na Condução


Existem muitas atitudes e procedimentos de segurança que fazem da caminhada uma atividade de risco
controlado. Caminhar muitas vezes nos leva para lugares remotos. Qualquer acidente simples se torna
complexo porque estamos isolados, com recursos limitados e uma operação de resgate pode ser
bastante complicada. Para complicar ainda mais, estamos sujeitos a todas as intempéries da natureza,
frio, calor, chuva, raios, etc. Portanto, é da responsabilidade de cada condutor ter conhecimento e
praticar as normas de comportamento seguro, pois a melhor prevenção de acidentes é a experiência e o
conhecimento. Treinamentos constantes e aprendizado através de guias reconhecidos são também
recomendados.
A auto-suficiência de um grupo é essencial quando se vai para uma excursão. Deve-se pensar em como
agir para ir e voltar com segurança sem ficar contando com a ajuda de terceiros. Para tal, além das
normas de comportamento seguro é necessário fazer um planejamento da excursão, estimando o tempo
de caminhada, paradas e a volta, levar todo o equipamento necessário (incluindo: roupas adequadas
para frio/calor, lanterna, anoraque, proteções contra o sol, etc.), manter uma alimentação e hidratação
adequada antes e durante a caminhada, ter atualizados os procedimentos em primeiros socorros, além
de conhecer suas limitações técnicas.
Outro fator de extrema importância é saber quando retroceder, mesmo que a caminhada não tenha
chegado ao final. Nem sempre se vence, dar meia-volta em certas situações, é muitas vezes a saída
mais inteligente. Não esqueça que alguns dos perigos numa excursão são o excesso de confiança, o
orgulho excessivo e a teimosia.

7.2) Emergências
Se o seu grupo se perder ou tomar a trilha errada, mantenha todos calmos e adote os procedimentos
adequados para retornar ao caminho programado.
Nunca deixe o pânico tomar conta do grupo.
Em caso de acidente, inicie o atendimento ao acidentado e não corra riscos desnecessários,
providenciando sua remoção para local onde haja atendimento médico. Lembre-se de que a primeira
providência é não fazer mais vítimas, por isso esteja atento à sua segurança e à dos demais membros
do grupo.
Em casos extremos, adote os procedimentos de emergência e aguarde o resgate. Use sempre o bom
senso e reflita com calma e em conjunto com os demais Condutores de Visitantes sobre as decisões a
tomar, por exemplo: remover o acidentado ou aguardar o socorro.
Tenha, de antemão, combinado com a administração e vigilância da unidade de conservação ou Corpo
de Bombeiros os locais para encontros em caso de acidentes e outras situações de emergência.
Assinale estes locais em mapas que devem ficar de posse de pessoas preparadas para acionarem
esquema de emergência.

7.3) Noções de Primeiros Socorros


O conhecimento dos princípios básicos de primeiros socorros é essencial a todas as pessoas,
principalmente as que praticam atividades ao ar livre e geralmente em lugares cujo socorro não pode ser
imediato.
É fácil encontrar cursos especializados sobre o tema que descrevem com todos os detalhes os
procedimentos. É importante que se saiba o mínimo possível para socorrer um visitante ou um colega
acidentado até a chegada do socorro definitivo.

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Dentre todos os procedimentos é preciso seguir uma ordem para que você não se perca ou dê menos
importância a detalhes mais importantes.
1º Controle a situação - Em momentos de emergência é comum nos atrapalharmos e ficarmos
nervosos com a situação sem saber por onde começar. Então controlar-se, manter a calma e tranqüilizar
a vítima é o primeiro passo. Depois faz-se urgente verificar se o local ou a situação oferece risco de novo
acidente. Em caso de resposta afirmativa procure um lugar seguro para onde levar a vítima com muito
cuidado, já imaginando uma lesão de coluna e procurando arrastar a mesma o mais esticada possível.
De nada adianta prestar socorro antes se durante o procedimento houver novo deslizamento ou tombo.
2º Peça ajuda - Chame os bombeiros (193) se tiver à mão um celular, peça a alguém que esteja no
grupo para caminhar até o telefone mais próximo ou comece o planejamento para o transporte da vítima.
Veja como proceder em determinados casos:
Sangramentos
Para sangramentos externos o procedimento é estancar o sangue utilizando gaze ou pano limpo e seco
sobre a ferida e fazer pressão suficiente para estancar o sangramento,
elevar o membro ferido, repouso e evacuação para um hospital. Se o
sangramento continuar depois de alguns minutos, deve-se aplicar mais
gaze (ou pano) sobre o mesmo, fazendo um pouco mais de pressão
(cuidado com fraturas) e amarrando uma atadura pouco apertada (cuidado
com a circulação do resto do membro). Lembre-se que nunca se deve
remover compressas já colocadas, mesmo que encharcadas de sangue,
nem para verificar se já parou o sangramento. Deve-se apenas acrescentar mais compressas, assim
evitará de desfazer os coágulos que já se formaram para impedir a evasão de sangue. Trate da
ansiedade da vítima, pois suas agitações e inquietações só ajudam no aumento da hemorragia.
Ainda que o sangue não escorra para fora e você não veja o sangramento, pode haver uma hemorragia
interna. Ela pode ser percebida pelo inchaço de partes do corpo e ao redor de fraturas. Outros sinais
são: sangue tossido ou vomitado, vítima inquieta, pele pálida, fria e pegajosa pelo suor, pulso rápido.
Não há muito o que fazer a não ser prevenir o estado de choque, manter a vítima em repouso absoluto
(para evitar maior sangramento), acalmar a vítima (pois a ansiedade contribui para a hemorragia),
aquecer a vítima e esperar o socorro para fazer a evacuação o mais rápido possível para um hospital.

Desmaios
Pode ser fadiga, hipoglicemia ou fome, dor, estresse, ... Normalmente a vítima
apresenta palidez, tontura e falta de forças. O ideal é sentar ou deitar a vítima,
com os membros inferiores levantados, afrouxar roupas e aplicar compressas frias
na cabeça. Se a vítima desmaiou, fique atento à vômitos! A vítima pode sufocar!
Caso isso aconteça faça a lateralização da cabeça. Uma pessoa inconsciente ou
desmaiada nunca deve ser deixada sozinha e NUNCA dê líquidos ou alimentos a
uma vítima inconsciente. Quando a vítima se recuperar mantê-la deitada ou em repouso por alguns
minutos.

Insolação
Ocorre quando o organismo humano perde uma quantidade excessiva de água e sais minerais através
do suor. Uma pessoa neste estado geralmente apresenta sintomas como tonturas, náuseas, dor de
cabeça e dificuldade para respirar.
Para prevenir estes problemas basta se proteger do sol com roupas leves, um boné e beber muita água,
além de evitar as horas mais quentes do dia. Lembre-se que uma pequena brisa pode passar uma falsa
impressão de frescor quando o sol está muito forte e a pedra irradiando calor. O tratamento de uma
pessoa nestas condições é bem simples, basta a vítima repousar na sombra e beber água, em goles
pequenos. Ingerir um pouco de sal também ajudará na recuperação.
Uma pessoa que teve insolação deve voltar para casa (nas horas mais frescas do dia, de preferência),
pois seus mecanismos de regulação ficarão instáveis por tempo indefinido.

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Hipoglicemia
A hipoglicemia é, simplesmente, a falta de açúcares no organismo. Ela é causada por uma alimentação
escassa antes da atividade física. A falta de açúcar no sangue pode desencadear uma série de outros
problemas, pois deixa o organismo mais fraco, sem reservas calóricas para se ajustar as diversas
situações que podem ocorrer durante uma excursão. Para evitar que isto ocorra basta não sair de casa
para a montanha sem ter se alimentado de maneira adequada e levar sempre algum alimento na sua
mochila, como barra de cereais e chocolate. São inúmeras as excursões que são abandonadas no meio
porque um de seus integrantes acordou tarde e saiu de casa correndo, sem tomar um bom café da
manhã.

Hipotermia
É a perda de calor do corpo. Também o ideal é evitá-la levando sempre
roupas quentes e procurando abrigo em caso de chuva. Geralmente é
causada pela água e pelo vento e ataca os desprevenidos, inexperientes e
desavisados. Os primeiros sinais são calafrios e tremores, depois vem o
cansaço, dificuldade de executar tarefas (como riscar um fósforo),
confusão mental, desorientação, distração, lapsos de memória, falta de
concentração... A isto segue-se duas fases bem mais graves.
No primeiro estágio a hipotermia pode ser combatida apenas abrigando a vítima, trocando suas roupas
molhadas por secas, colocando-a em sacos de dormir e dando-lhe líquidos quentes NÃO ALCOÓLICOS.
Ao contrário do que muitos pensam a bebida alcoólica (vinho, cachaça, etc.) só contribuem para que o
corpo perca mais calor e conseqüentemente piore a hipotermia. Em estágios mais avançados, somente
um banho quente, uma fogueira ou o sol (somados às primeiras providências acima) podem ajudar. Se
não for possível nenhuma dessas, a melhor providência é o aquecimento corpo a corpo de vítima e
socorristas, todos dentro do mesmo saco de dormir ou enrolados em um grande plástico, de preferência
com o mínimo de roupa, pois assim a troca de calor é maior e mais rápida.

Raios
A melhor maneira de evitar acidentes com raios é recorrer à meteorologia poucos minutos antes de sair
de casa e ficar atento a mudanças de
tempo. Mesmo que não esteja
chovendo, se reconhecer as famosas
cumulusnimbus, procurar
imediatamente um abrigo isolante.
Nunca permanecer em pé em
descampados. Nunca se refugiar
embaixo de árvores, em barracas
piramidais, em covas muito pequenas
e fechar sempre janelas e portas
durante tempestades com raios. Estar
sempre reciclando seu curso de
primeiros socorros, principalmente em
relação às técnicas de reanimação.
Tentar manter-se o mais seco
possível e longe de locais úmidos que
possam transmitir uma corrente
elétrica que caia no solo próximo.
Mantenha boa distância das paredes
de rocha e de negativos. Se a tempestade o surpreender no cume de uma montanha, o ideal é manter-
se agachado, sentado em cima da mochila ou isolante e longe das bordas e precipícios para evitar que
um choque o jogue montanha abaixo.

Animais Peçonhentos e outros perigos


O encontro de cobras ou outros animais peçonhentos com montanhistas é muito raro. Porém pode
acontecer, por isso a primeira precaução é olhar sempre onde pisar ou segurar.

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Basicamente existem quatro grupos de cobras venenosas: jararacas, cascavéis, surucucus e corais. No
Rio o tipo mais comum é a jararaca. Seu veneno tem efeito local necrosante e pode causar hemorragia.
Já as cascavéis tem efeito neurotóxicos, afetando o sistema nervoso. A identificação de cobras é muito
difícil, então em caso de acidentes com esses animais procure memorizar suas características para
futura identificação por especialistas. No caso de jararacas, cuja a concentração local do veneno pode
ser devastador, o garrote é extremamente condenado, pois pode causar necrose e até perda do membro
garroteado.
A maioria das cobras só atacam quando sentem-se acuadas. É raro alguém morrer por causa de
mordidas e picadas venenosas, mas as seqüelas podem ser ruins.
Entre as aranhas há três delas bem perigosas: a armadeira, a aranha-marrom e a viúva-negra. A
caranguejeira é apenas assustadora, mas no máximo podem causar dor ou efeitos urticantes. Quase
sempre apenas analgésicos são empregados para picadas de aranhas. Poucos casos exigem antídotos,
mas tomar vacina antitetânica é recomendável.
O veneno dos escorpiões normalmente não tem veneno suficiente para ser letal em adultos saudáveis,
assim como as aranhas, mas podem causar dor intensa.
As taturanas ao contato podem causar graves queimaduras e o local deve ser lavado bem com água ou
álcool, além de exigir analgésicos e anti-histamínicos (remédio específico para a alergia).
Os primeiros socorros em qualquer dos casos é cuidar do local do ferimento e neutralizar o veneno. O
primeiro passo é limpar com água e sabão e fazer um curativo se estiver sangrando e medicar a dor. A
próxima providência é procurar ajuda médica para aplicar o soro específico. A movimentação do paciente
pode ajudar a espalhar o veneno, portanto repouso é importante. Quanto antes chegarem ao
atendimento médico melhor.
Outro caso muito perigoso são as picadas de abelhas em pessoas alérgicas, pois uma única picada
pode levar a morte. Mesmo pessoas normais se atacadas por muitas abelhas podem ter uma reação
fatal. Por isso é importante estar atento ao zumbido delas e nunca incomodar sua colméia ou aproximar-
se delas. Todos devem consultar um médico para descobrir sua propensão alérgica e informar-se sobre
possíveis complicações, carregando consigo sempre o anti-histamínico indicado para você. Algumas
pessoas podem ter reações adversas se tomarem um anti-histamínico qualquer.
No caso dos insetos o ideal é carregar sempre um repelente e no caso de picada a coceira pode ser
aliviada com panos molhados quentes.
Tenha cuidado também com plantas que podem ser venenosas. No Brasil não temos experiência de
dermatite pelo contato com tais plantas. Nenhuma delas é uma ameaça a sua vida, mas podem lhe
estragar o dia. O primeiros socorros são simples, lavar a pele com muita água e sabão. Uma pomada
anestésica só deve ser aplicada se a área atingida for pequena. Evite o quanto possível coçar-se para
não prolongar a irritação. Aplicar toalhas embebidas em água quente pode ajudar.

Imobilização e transporte de feridos.

7.4) Telefones de emergência


1) Bombeiros - 193
2) Pólos de Atendimento de acidentes por animais peçonhentos:
Rio de Janeiro:
Hosp. Mun. Lourenço Jorge - Av. Airton Sena, 200 - Barra - Tel: (21) 2431-5878 e 3325-1818.
Hosp. Est. Pedro II - Rua do Prado, s/n - Santa Cruz Tel: (21)3395-1202 e 395-0123.

43
Inst. Estadual de Infectologia São Sebastião - R. Carlos Seidl, 395 - Caju - Tel: (21) 2580-7382,
2580-0868, 2580-7432 e 2580-0268.
Niterói: Hosp. Univ. Antônio Pedro - R. Marquês do Paraná, 303 - Centro - Tel: (21)2620-
2828/2620-5111.
Petrópolis: Hosp. Mun. de Petrópolis - Rua Paulino Afonso, 455 - Binguen - Tel: (24) 2237-4062.
Nova Friburgo: Hosp. Dr. Raul Sertã - Rua General Ozório, 324 - Centro - Tel: (24) 2523-9000.
Teresópolis: Hosp. de Clínicas - Av. Delfim Moreira, 2212 - Tel: (21) 2742-4152.
Itatiaia: Hosp. Mun. Manoel Martins de Barros - Av. Dois - Jardim Itatiaia - Tel: (24) 3352-1599.

3) Telefones do PARNASO:
Sede Teresópolis
Avenida Rotariana s/nº, Soberbo, Teresópolis, RJ, Cep 25960-602.
Telefones: (21) 2151-1100 (geral); 2152-1103 (fax); 2152-1120 (portaria); 2152-1116 (denúncias);
2152-1121 e 1122 (Prevfogo e emergências).
Sede Guapimirim
BR 116, KM 98,5.
Telefones: (21) 3633-1898 (escritório) e 2632-7297 (portaria).
Sede Petrópolis
Estrada
Telefones: (24) 2236-0365 (portaria) e 2236-0366 (fax).
Homepage: www.ibama.gov.br/parnaso
e-mail: parnaso.rj@ibama.gov.br

44
8
Bibliografia

Graydon & Hanson Mountaineering – the freedon of the hills. Ed The Mountaineers 6th edition. 1997.

Macnamer, Hugh The backpacker handbook. EdDorling Kindersley, London - 1995

www.museudavida.fiocruz.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=3&tpl=printerview&infoid=
803

Folder da Campanha de Conduta Consciente em Ambientes Naturais:


www.mma.gov.br/port/sbf/dap/doc/Folder

Página na internet do PARNASO: www.ibama.gov.br/parnaso - e-mail: parnaso.rj@ibama.gov.br

Texto de Patricia Sakai - Centro de Práticas Esportivas da USP


(www.ib.usp.br/ecosteiros/cursos/caminhada/textoscaminhada.htm)

Revista Headwall nº 04 de 2002 – Texto de Robson Flores “Responsabilidade Civil do Guia de


Montanha”.

A História do Montanhismo no PNSO – texto de Waldecy Mathias Lucena.

Proposta para o desenvolvimento do Curso Básico para Monitores Ambientais locais, Brasília –
julho de 2006. Parte integrante do II Relatório do Produto “Elaboração de Manual para Capacitação em
Gestão Ambiental para o Turismo Sustentável”, da Consultoria realizada por Maria do Carmo Barêa
Coutinho – TOR nº 119076, ao Programa Nacional de Ecoturismo – PNE, da Secretaria de Políticas de
Desenvolvimento Sustentável – SDS, do Ministério do Meio Ambiente – MMA. Brasília, em março, abril e
maio de 2006.

Seminário de Mínimo Impacto em Paredes – FEMERJ – www.femerj.org – fevereiro de 2002.

Manual do Monitor Ambiental: Ecotrilhas – Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo –
Coordenadoria de Educação Ambiental – 2000.

Introdução a Geologia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos – texto Marcelo Ambrosio
Ferrassoli.

Apostila do Curso Básico de Escalada da AGUIPERJ – www.aguiperj.org.br

Execução:

www.aguiperj.org.br e www.femerj.org

45
9
Avaliação do Curso
A avaliação dos candidatos será feita de forma continuada a partir dos seguintes parâmetros:
participação nas atividades, presença, exposição de opinião, relacionamento em grupo, liderança de
grupo, facilidade de comunicação, apresentação oral, avaliação escrita e auto-avaliação.

A avaliação do curso pelos candidatos será feita abaixo seguindo as regras para o preenchimento:
• Não assine essa folha
• Você deve dar um valor a cada item em uma escala de 1 a 5,
sendo: 1 insatisfatório, 2 Regular, 3 Bom, 4 muito bom e 5 excelente.

Parte I - Perguntas em relação ao curso:

1-Duração do Curso : ( )

2-Exposição dos temas e exposição destes:

Dia 1- Manhã ( ) Dia 2- Manhã ( ) Dia 3- Manhã ( )


Tarde ( ) Tarde ( ) Tarde ( )
Dia 4- Manhã ( ) Dia 5- Manhã ( ) Dia 6- Manhã ( )
Tarde ( ) Tarde ( ) Tarde ( )
Dia 7- Manhã ( )
Tarde ( )

3-Aulas práticas de um modo geral: ( )


Sugestão de mudanças:
____________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Sugestão de temas para outros módulos:


____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________

4 - Faria outros módulos fornecidos pelo PNSO/ AGUIPERJ?


( ) Sim ( ) Não

5 - Faria outros módulos financiados por você?


( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez, depende do custo

6 - Em relação à Alimentação:
Lanches ( )
Almoço ( )

7 - Em relação ao alojamento:
Manhã ( )
Tarde ( )

Sugestão:____________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Parte II - Agora responda as perguntas referentes ao seu desempenho durante o curso:

Seu interesse durante as atividades: ( )


Seu aproveitamento das atividades: ( )
Sua participação nas atividades: ( )
Sua melhora como profissional: ( )
Sua dificuldade com o conteúdo das aulas: ( )

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