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Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Requer que seja declarada a absolvição do

Presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. requerente, nos termos do artigo 386 do CPP, em relação
ao delito de violação de domicílio.

2 – DECISÃO CONTRA EVIDÊNCIA DOS AUTOS -


ESCALADA

Para configurar a qualificadora de escalada, é


necessário que o agente realize um esforço anormal,
incomum para vencer o obstáculo.
PEDRO, nacionalidade tal, estado civil tal,
profissão tal, residente e domiciliado no endereço tal, No entanto, ficou comprovado no caso concreto
vem, mui respeitosamente, por seu advogado infra que não houve essa circunstância, uma vez que o muro
firmado, inconformado com a respeitável sentença da casa da vítima é de apenas 1,5 metros. Trata-se de
condenatória já transitada em julgado, proferida nos decisão contra a evidência dos autos.
autos do processo criminal que o condenou à pena de 6
anos de reclusão, como incurso nos artigos 150 c/c 155 § Nesse sentido, deve ser desconsiderada a
4º, II c/c 155 § 1º do CP , interpor REVISÃO CRIMINAL, qualificadora referente a escalada, nos termos do artigo
com fundamento no artigo 621 I e III do Código de 155 § 4º II do CP.
Processo Penal, pelos fatos e fundamentos que passa a
expor: Assim dispõe a doutrina:
“Exige-se para o reconhecimento da qualificadora
O requerente foi condenado, juntamente com que o agente utilize instrumentos ou atue com agilidade
outro réu, a pena total de 6 anos de reclusão, como ou esforço incomum para vencer o obstáculo” (Mirabete.
Código Penal Interpretado. p. 1293)
incurso nos delitos de violação de domicílio e furto
qualificado, com a causa de aumento de pena do Requer que seja desconsiderada a qualificadora
repouso noturno, decisão esta que transitou em julgado. da escalada, prevista no artigo 155 § 4º II do CP.

3 – DECISÃO CONTRA TEXTO EXPRESSO DE LEI -


Segundo a prova produzida nos autos, os
DOSIMETRIA
condenados pularam um muro de 1,5 metros na entrada
da casa, seguiram pelo quintal e furtaram um veículo que Na respeitável sentença condenatória, foi imposta
se encontrava no interior da garagem, sendo ao requerente uma pena de 6 anos de reclusão, bem
acima do mínimo dos delitos de violação de domicílio e
encontrados pela polícia no dia seguinte. A condenação
furto qualificado.
ocorreu principalmente com base na prova testemunhal
de vizinhos da vítima. No entanto, é importante reconhecer que não
havia circunstâncias desfavoráveis ao requerente. Trata-
se, portanto, de decisão contra texto expresso de lei, que
No entanto, um ano após, o ofendido deu seu
não observou o disposto no artigo 59 do Código Penal.
depoimento em juízo, em ação de justificação, dizendo
que estava em sua sala de televisão, quando ouviu um Nesse sentido é o entendimento jurisprudencial:
barulho e olhou pela janela, vendo apenas uma pessoa “Sendo favoráveis as condições do art. 59 do
Código Penal, a pena base deve ser fixada no mínimo
saindo com o seu veículo, cuja descrição não combinava
legal” (TJSC 69/495)
com o requerente.
Requer, portanto, a fixação da pena no mínimo
Nesse sentido, a respeitável decisão condenatória legal para os delitos de violação de domicílio e furto.
não deve subsistir, pelos argumentos expostos a seguir:
4 – NOVAS PROVAS – FURTO
1 – DECISÃO CONTRA EVIDÊNCIA DOS
AUTOS – VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO Foi realizada ação cautelar de justificação com o
ofendido, que afirmou que viu apenas uma pessoa
O requerente foi condenado, além de furto, pelo furtando o seu veículo, cuja descrição não combinava
delito de violação de domicilio. com o requerente.

No entanto, ficou comprovado, durante a instrução Trata-se, portanto, de nova prova, que demonstra
processual, que este é delito meio, devendo ser a negativa de autoria do requerente em relação ao delito
absorvido, segundo o princípio da consunção. Trata-se de furto. Nesse sentido, a absolvição é medida que se
de decisão contra a evidência dos autos. impõe, nos termos do artigo 386, IV, do CPP.

Nesse sentido, a absolvição do requerente em Requer a absolvição do requerente em relação ao


relação à violação de domicílio, nos termos do artigo 386 delito de furto, nos termos do artigo 386, IV, do CPP.
do CPP é medida que se impõe.

Assim dispõe a jurisprudência: 5 – NOVAS PROVAS – REPOUSO NOTURNO


“Tratando-se de crime subsidiário, a violação de
domicílio não subsiste quando foi apenas o meio para a Foi realizada ação cautelar de justificação com o
prática de crime de furto, mais grave” (RSTJ 39/478) ofendido, afirmando que no momento dos fatos, estava
em sua sala de televisão.
Trata-se, portanto, de nova prova, que demonstra
que não houve repouso noturno no caso concreto. Assim,
não há sentido em aplicar a causa de aumento de pena
prevista no artigo 155 § 1º do CP.

Assim dispõe a jurisprudência:

“Não há que se confundir repouso noturno com


furto praticado durante a noite. Assim, não havendo
prova de que alguém esteja repousando no local
assaltado, inexiste razão para a agravação de pena”
(JTACRIM 43/343)

Requer que seja desconsiderada a causa de


aumento de pena prevista no artigo 155 § 1º do CP,
referente ao repouso noturno.

6 – REQUERIMENTO FINAL

Dessa forma, requer a esse Egrégio Tribunal,


como medida indispensável à realização da Justiça, que
seja expedido alvará de soltura, tornando sem eficácia a
respeitável sentença condenatória, bem como riscando o
nome do requerente do rol dos culpados, declarando:
a) a absolvição do requerente, nos termos do
artigo 386 do CPP, em relação ao delito de violação de
domicílio.
b) que seja desconsiderada a qualificadora da
escalada, prevista no artigo 155 § 4º II do CP
c) a fixação da pena no mínimo legal para os
delitos de violação de domicílio e furto.
d) a absolvição do requerente em relação ao delito
de furto, nos termos do artigo 386, IV, do CPP.
e) que seja desconsiderada a causa de aumento
de pena prevista no artigo 155 § 1º do CP, referente ao
repouso noturno.
f) que seja reconhecido ao requerente o direito a
justa indenização pelo erro judiciário, nos termos do
artigo 630 do CPP.

Nesses termos, pede deferimento.

(Local de Prova), 8 de outubro de 2006.

FULANO DE TAL
OAB/SC - 0000

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