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Artigo de Revisão

Fisiologia da possível deficiência na oxigenação dos tecidos em pacientes


asmáticos.

Douglas Delgado, Arthur Sacramento

De acordo com o III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma (2002),


Anualmente ocorrem cerca de 350.000 internações por asma no Brasil,
constituindo-se na quarta causa de hospitalização pelo SUS (2,3% do total).
Um estudo multicêntrico (International Study for Asthma and Allergies in Child-
hood – ISAAC) realizado em 56 países mostrou uma variabilidade de asma
ativa de 1,6% a 36,8%, estando o Brasil em 8º lugar. Nos países em
desenvolvimento, a mortalidade por asma vem aumentando nos últimos 10
anos. O objetivo deste estudo é fornecer informações a respeito da doença e
mostrar o “link” que existe entre uma doença respiratória e o fornecimento de
oxigênio para os tecidos pela hemoglobina.
“A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas.Em indivíduos
susceptíveis esta inflamação causa episódios recorrentes de tosse, chiado,
aperto no peito, e dificuldade para respirar. A inflamação torna as vias aéreas
sensíveis a estímulos tais como alérgenos, irritantes químicos, fumaça de
cigarro, ar frio ou exercícios”.
“Quando expostos a estes estímulos, as vias aéreas ficam edemaciadas
(inchadas), estreitas, cheias de muco e excessivamente sensíveis aos
estímulos”. (GINA – Iniciativa Global para a Asma)
Costumava-se chamar a asma de bronquite alérgica, bronquite asmática ou
simplesmente, bronquite. Porém o nome correto simplesmente ASMA, já que a
bronquite é inflamação dos brônquios e pode ser causada por bactérias ou
vírus, também difere da asma por poder ser totalmente tratada. De acordo com
a Global Initiative for Asthma, 2004, A asma pode ser classificada como
intermitente ou persistente. Dentro dos quadros persistentes são definidos
diferentes níveis de intensidade da doença: leve, moderada ou grave.
Esta classificação se faz de acordo com a presença dos sintomas (freqüência e
intensidade), o quanto interfere no dia-a-dia do asmático e, o comprometimento
de sua função pulmonar.
Asma Intermitente: (1)sintomas menos de uma vez por semana, (2)crises de
curta duração, (3)sintomas noturnos esporádicos (não mais do que duas vezes
ao mês), (4)provas de função pulmonar normal no período entre as crises.
Asma Persistente Leve: (1)presença de sintomas pelo menos uma vez por
semana, porém, menos de uma vez ao dia, (2)presença de sintomas noturnos
mais de duas vezes ao mês,porém, menos de uma vez por semana, (3)provas
de função pulmonar normal no período entre as crises.
Asma Persistente Moderada: (1)sintomas diários, (2)as crises podem afetar as
atividades diárias e o sono, (3)presença de sintomas noturnos pelo menos uma
vez por semana, (4) provas de função pulmonar: pico do fluxo expiratório (PFE)
ou volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF¹) >60% e < 80% do
esperado.
Asma Persistente Grave: (1)sintomas diários, (2)crises freqüentes, (3)sintomas
noturnos freqüentes, (4)provas de função pulmonar: pico do fluxo expiratório
(PFE) ou volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF¹) > 60% do
esperado.
Em todos os casos, existe uma deficiência no funcionamento fisiológico do
transporte gasoso pelo sangue.
Segundo Douglas (2002), as finalidades fundamentais do processo respiratório
são as de fornecer oxigênio necessário às células do organismo, e a de retirar
o excesso de dióxido de carbono resultante das reações celulares; gases que
são transportados pelo sangue circulante.
De acordo com Berne (1998), para o transporte convectivo do O², pelo sangue,
a concentração de O² é a variável importante. Como o oxigênio é apenas
pouco solúvel em água, deve-se saber como a proteína especial hemoglobina
transporta o oxigênio nos eritrócitos. A principal propriedade da hemoglobina é
sua capacidade de se combinar rápida e reversivelmente com o oxigênio, e
desse modo aumentar, efetivamente, por muitas vezes, a solubilidade do
oxigênio no sangue. Ainda não foi provada, uma variação na quantidade de
Hemoglobina no plasma devido a asma. De acordo com Guyton (2006), na
pessoa asmática, o aumento da pressão intrapulmonar durante o esforço
expiratório comprime de fora para dentro as paredes dos bronquíolos. Como os
bronquíolos já estão parcialmente ocluídos, a diminuição adicional de seu
calibre como conseqüência da compressão externa provoca uma obstrução
especialmente intensa durante as expirações. Assim a pessoa asmática
usualmente pode inspirar de modo bastante adequado, mas tem dificuldade
para expirar. Mensurações clinicas revelaram grandes reduções nos fluxos
expiratórios máximos e no volume expiratório forçado no primeiro segundo.
Estas alterações resultam em dispnéia, o aparecimento de uma dispnéia
intensa está especialmente associado ao acúmulo de um excesso de dióxido
de carbono nos líquidos corporais, portanto pergunta-se: A quantidade de
Hemoglobina no plasma afeta ou não a quantidade de oxigênio aproveitada
pelo organismo de indivíduos com asma? , provavelmente, mas fica a sugestão
de que uma pesquisa seja feita para comprovar sua veracidade.

Referências:

III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma Revista AMRIGS 151-172 p. 2002.

Berne, R. M. Fisiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2000

Douglas, C. R. R. Tratado de Fisiologia Aplicada a Saúde. São Paulo: Robe


Editorial. 2002. 1581 p.

Guyton, A. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.


2006

Guyton, A. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.


1997.

Killian, K. J., Campbell, E.J.M. Dyspnea and exercise. Annu. Rev. Physiol.,
n.45, p.465. 1983.
Laszlo, G. Pulmonary Function: A Guide for Clinicians. Cambridge University
Press. 1994.

Loughlin, G. M., Eigen H. Respiratory disease in children: Diagnosis and


management. London. 1994. 870 p.

Santo, A. H. Mortalidade relacionada à asma, Brasil, 2000: um estudo usando


causas múltiplas de morte. Faculdade de saúde Pública, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2000. 12 p.

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