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SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTUDOS INTERDISCIPLINARES DA

COMUNICAÇÃO
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

X Simpósio de Pesquisa em Comunicação da Região Sudeste - SIPEC


Rio de janeiro, 7 e 8 de dezembro de 2004

Crítica de mídia: vozes dissonantes no ciberespaço

Carlos Eduardo L. M. Bezerra


Universidade Federal de Minas Gerais

1. Introdução
Este artigo pretende apresentar uma breve reflexão sobre as características e possibilidades da
crítica de mídia, particularmente aquela realizada através da Comunicação Mediada por Computador
(CMC), tendo como ponto de partida o trabalho desenvolvido na pesquisa Contestações nos Discursos
Telemáticos, do Grupo de Pesquisa em Imagem e Sociabilidade da UFMG (GRIS) sob a orientação da
professora Beatriz Bretas1.
Nossa pesquisa focalizou as interações realizadas através de páginas e fóruns de discussão online
que tematizavam e problematizavam produtos e processos da mídia brasileira. Em particular, abordamos a
crítica a processos e produtos do meio televisão, feitas pelas “pessoas comuns” (não-especialistas,
acadêmicos ou críticos profissionais) a partir do exame das discussões temáticas que se desenvolveram
nas páginas virtuais da revista Bravo! (Bravo!Online), referentes a dois artigos de crítica de TV
publicados pela revista em 2003. Procuramos perceber se as características dessas interações se
aproximariam de um modelo de debate democrático e agonístico. Tal aproximação serviria de indício à
presença, ainda que incipiente, de uma instância social de comentário, problematização e influência sobre
a produção mediática, próxima de uma perspectiva de esfera pública mediática, com possibilidade de
incidência no sentido de melhorar qualitativamente tanto o campo da produção como o do consumo dos
produtos da mídia.

2. Crítica e Interatividade
Historicamente, a crítica da mídia no Brasil tem sido feita a partir de duas perspectivas: uma é perspectiva
acadêmica, a crítica que parte da Universidade e que reflete pontos de vista altamente especializados,
incorporando procedimentos metodológicos e perspectivas teóricas que no mais das vezes são o reflexo
de posicionamentos individuais ou de escola. Essa perspectiva, na maioria das vezes, compreende, analisa

1
Pesquisadora vinculada ao GRIS – Grupo de Pesquisa em Imagem e Sociabilidade da UFMG. Doutora em Ciência da
Informação pela UFMG.
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e critica a mídia a partir de critérios externos às relações de produção, circulação e apropriação, feitas pela
sociedade, dos conteúdos mediáticos.
A outra perspectiva é a da crítica profissional que parte da própria mídia, nas figuras de especialistas e
jornalistas especializados (o “jornalismo cultural”) que tentam problematizar a mídia estando
incorporados à própria mídia. A crítica produzida a partir desse lugar é, essencialmente, identificada com
uma visão dos processos e produtos mediáticos que avalia sua “efetividade”, na lógica da comunicação
massiva. O comentário jornalístico avaliaria então se um meio, um processo ou um produto atraem ou não
o público, e as razões de sua eventual atratividade ou fracasso segundo esse critério (BRAGA, 2002a).
Ponto em comum entre as duas perspectivas, a crítica de mídia no Brasil ainda é em geral muito focada
nos meios de comunicação massiva e não em seus produtos: priorizam-se abordagens gerais das
características e da incidência social dos meios, em detrimento de uma observação dos processos e
produtos da mídia, com suas lógicas e incidências específicas. Como conseqüência, a produção crítica
não consegue dar conta da diversidade da produção mediática e de seus múltiplos desdobramentos e
comentários sociais, o que limita a sua relevância e efetividade.
Temos então que ambas essas perspectivas padecem de sérias limitações no que se refere à representação
do que a sociedade, de maneira ampla, vê, sente e pensa a respeito da mídia – ainda que freqüentemente
ambas procurem descrever-se e representar-se como a crítica social dos meios de comunicação e seus
produtos.
No entanto, percebemos, por recentes manifestações que partem de outras instâncias da sociedade
(o parlamento, os movimentos sociais, o sistema jurídico), a respeito dos problemas com o que se
considera uma produção mediática de baixa qualidade no Brasil2, que o resultado da crítica feita a partir
da academia ou da própria mídia não tem sido representativo nem para de influenciar a produção
mediática no sentido de sua melhora qualitativa, nem no sentido de criar competências, no público, que
aumentem seu poder de seleção, leitura, avaliação e julgamento dos produtos e do sistema mediático
como um todo.
Essas manifestações também indicam que a crítica das práticas dos meios de comunicação não é
foro exclusivo dos meios acadêmicos ou dos chamados especialistas, ligados ou não aos mass media. Ela
é feita em diversas esferas da sociedade, permeando tanto conversas particulares quanto grandes debates

2
E a implicação social de uma mídia de baixa qualidade fazendo uso do que são, afinal, concessões públicas para a difusão de
seus produtos.
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públicos, chegando a influenciar, até, os sistemas político e jurídico no sentido de fazê-los incidir, de fora,
sobre o sistema mediático.
Qual a natureza, então, dessa crítica que parte do comentário social, amplo, sobre a mídia?
José Luís BRAGA (2002a) propõe que as duas perspectivas tradicionais (e parciais) da mídia, na verdade,
fariam parte de uma instância de comentário social maior, que está ligada instrinsecamente ao sistema
mediático como um todo. Ele propõe que entendamos a mídia como um sistema social que se divide em
três subsistemas interdependentes, em relação de fluxo: um subsistema produtor/difusor (que, por
preponderante na relação em fluxo, é freqüentemente confundido com o próprio sistema mediático), um
subsistema usuário e um terceiro subsistema, identificado como um lugar com potencial de avaliação e
crítica, que ele chama de subsistema de retorno, e que poderia comportar uma instância crítica-
interpretativa.
Nessa perspectiva, a crítica de mídia não seria um fato externo ao sistema mediático mas com
possibilidades de influenciá-lo, e sim um de seus componentes em fluxo. Isto implica que existiria um
potencial para a mudança do sistema a partir do próprio sistema (uma vez que é entendido não só como
sua instância produtora/difusora), através da incidência do subsistema de retorno sobre os seus processos
e produtos, no nível da produção, e sobre as competências de leitura e interpretação dos produtos, entre o
público em geral (o subsistema usuário).
Nesse sentido, um subsistema crítico-interpretativo (SSCI) seria definido como sendo um

conjunto de atividades e proposições de diversos setores da sociedade em busca de critérios para


julgar, avaliar e selecionar produtos e processos mediáticos; para tentar uma incidência sobre a
produção; e/ou para estimular as competências dos usuários. (BRAGA, 2002b: 1).

Esta definição atenderia aos objetivos gerais de um trabalho crítico, no contexto das práticas
mediáticas, que o autor indica como sendo: 1. desenvolver critérios para a seleção e avaliação do objeto
da crítica; 2. expressar, a partir dos critérios estabelecidos, o estado da mídia em seu contexto; 3. auxiliar
a formação de usuários (“receptores”) críticos em relação à mídia; 4. finalmente, operar sobre a esfera da
produção mediática para promover seu aperfeiçoamento a partir dos critérios estabelecidos e do processo
de crítica social.
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Esse subsistema de retorno comportaria, portanto, não só as interações entre a mídia e seus
usuários, como também as incidências e ações críticas de usuários, da academia, dos jornalismo
especializado, e da sociedade civil organizada, na forma de sindicatos diretamente ligados ao trabalho na
mídia, e as associações e ONGs que se ocupam de temas ligados ao sistema mediático – o que
aproximaria o retorno de uma abordagem crítico-interpretativa.
Uma instância crítico-interpretativa em funcionamento, contudo, não englobaria todo o
comentário social sobre a mídia, ou seja, ela não estaria representada em toda e qualquer interação ou
ação de retorno entre a sociedade e o subsistema produtor, ou ainda, ela não englobaria a totalidade do
subsistema de retorno:

Os processos interativos não são necessariamente qualificadores da mídia – num sentido


socialmente relevante. Mesmo quando os usuários podem ter, através da interatividade, o total controle
sobre o desenvolvimento de uma interação mediatizada, isto não assegura necessariamente a boa
qualidade do processo. (BRAGA, 2003: 7)

Com isto, o autor destaca que a interatividade e a possibilidade do debate público e aberto não são
condições suficientes, mas apenas necessárias, para o desenvolvimento de uma crítica tensionadora das
relações entre a mídia e a sociedade, que contestasse e interpelasse continuamente o referido subsistema
produtor, e que educasse os usuários para uma apreciação crítica dos produtos.
Como condição para que a crítica atendesse, então, aos objetivos de ação modificadora apontados pelo
autor, esta crítica deveria se configurar como um processo agonístico. O autor define as características
desse processo de discussão agonístico como

diversidade de posições; livre debate; ausência de soluções impostas; provisoriedade continuada


das soluções encontradas, sempre sujeitas a revisão. Devemos acrescentar ainda: existência de algum
critério pertinente de igualdade compartilhada entre interlocutores. (BRAGA, 2003: 11)

Um sistema de retorno se tornaria um sistema crítico somente na medida em que conseguisse produzir
o “embate” agonístico entre a mídia e a sociedade; e somente na medida em que a incidência dessa crítica,
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no sentido de promover as modificações apontadas, deixasse de ser eventual (como parece ocorrer hoje) e
se tornasse sistemática.

Um ponto fundamental, as condições dos processos agonísticos de discussão apontados por Braga
parecem aproximar-se das condições do discurso racional-crítico da esfera pública, tal como propostas
por HABERMAS (1997), ainda que Habermas defina estritamente que a esfera pública não constitui
sistema:

Tampouco ela [a esfera pública] constitui um sistema, pois, mesmo que seja possível delinear seus limites
internos, exteriormente ela se caracteriza através de horizontes abertos, permeáveis e deslocáveis.
(HABERMAS, 1997: 92)

Mesmo assim, essa aproximação das condições do discurso nos parece válida, particularmente quando
tomada na perspectiva das interações que acontecem “online”, através das redes telemáticas. Uma vez
estabelecido que a interatividade é condição necessária para a existência da crítica agonística com
incidência no sistema mediático, mas que sua simples presença na CMC não é suficiente para a existência
de processos agonísticos de crítica, torna-se necessário, então, estabelecer critérios para avaliar não só a
natureza ou o grau de interatividade presente nas ferramentas telemáticas de discussão (ou seja, o
potencial agonístico de um instrumento de CMC), como também para avaliar se um debate constituído
através de CMC, tomado em particular, possui as características que o tornariam agonístico.
O termo interatividade parece onipresente nos estudos da comunicação mediada por computador.
Com efeito, o termo parece estar presente sempre que a palavra “computador” ou que a expressão “novas
tecnologias” aparece num texto ou numa conversa. O conceito de interatividade surge e pode ser
entendido em diversos contextos. A comunicação é vista sempre como um processo interativo; pode-se,
nesse caso, definir a interatividade como direta (presencial) ou mediada, simétrica ou assimétrica,
dialógica ou não dialógica. Não entraremos aqui numa discussão detalhada da interatividade em todos os
contextos da comunicação (direta ou mediada); deixamos marcadas aqui as abordagens promovidas por
THOMPSON – comentada por BRAGA (2001b) – e por WEISSBERG (1999) para a elucidação das
questões ligadas à interatividade no contexto geral da comunicação. Dessas discussões é importante
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destacar, contudo, que ao estudarmos especificamente as interações que ocorrem na Comunicação


Mediada por Computador, estas são tomadas como um processo mediatizado; e nesse caso,

as interações se complexificam e envolvem (além de algumas possibilidades “entre interlocutores”)


interações homem/produto e homem/meio-de-comunicação, além de relações entre outros interlocutores sobre e a
partir de produtos, sem necessária interferência de produtores/receptores em conjunto. (...) Deve-se perceber a
interatividade social numa sociedade de comunicação como um conjunto de todas estas (e outras) ações de tal
forma que uma parte significativa das interações se desenvolve em conseqüência e em torno de “mensagens”
(proposições, produtos, textos, discursos, etc.) diferidas no tempo e no espaço. [grifo do autor] (BRAGA, 2001:
117).

A interatividade, portanto, “viabiliza uma comunicação diferida no tempo e no espaço, e permite


a ampliação numérica e a diversificação dos interlocutores” (Idem) através das diferentes mídias e
diferentes processos da comunicação social.
É importante destacar que a interatividade não é uma característica inerente de um dado meio de
comunicação ou outro; ela é uma construção do processo comunicacional (RAFAELI, SUDWEEKS,
1996: 4).
No contexto dos estudos das interações por computador, especificamente, a interatividade pode ser
entendida como um contínuo. Nesse sentido, seria correto afirmar que a interatividade é mensurável,
possui diversos graus, e segue uma razoável progressão – não necessariamente em direção à
interatividade conversacional (tomando a conversação direta como a interatividade máxima, ou como um
ideal de interatividade) ou a formas menos mediadas de interação, mas antes em direção a processos que
permitam aos interlocutores, cada vez mais, levar em conta contextos, falas, produtos, ferramentas. A
interatividade, portanto, cresceria em direção de uma maior complexidade (possível) das falas ou das
formas de interação (BRAGA, 2001; RAFAELI, SUDWEEKS, 1996).
Nesse sentido, é possível dividir a interatividade em CMC em duas grandes classificações ou
“grupos” de classificações, segundo a natureza da interação, para depois ser possível classificá-la de
acordo com um critério de “intensidade”.
O primeiro “grupo” relaciona as interações em CMC de natureza tal que o(s) interlocutores(s) se
depara(m) com interfaces onde a interatividade é reduzida à possibilidade de escolha de operações ou
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conteúdos pré-determinados. Nesses casos, “o receptor apenas atualiza o potencial de escolha embutido
na obra” (TAVARES, 2002: 44), e as operações de interação ocorrem dentro de um sistema fechado.
Essa interatividade, chamada de trivial, de seleção ou fraca, dependendo do autor 3, é a que comumente
encontramos nas relações entre usuário e computador, estando no entanto presente em algumas instâncias
de CMC. A interatividade aqui está identificada com a possibilidade das escolhas e o seu grau com o
“caminho” percorrido pelos usuários dentro do universo finito de possibilidades.
O segundo “grupo” de classificações relaciona as interações por computador onde a implicação
do(s) usuário(s) é criativa, dentro de um universo de possibilidades aberto, ou que coloca em relação
direta e aberta dois ou mais interlocutores – a interatividade “não-trivial”, “de conteúdo” ou “real”
(TAVARES, 2002: 46). Esta perspectiva da interatividade, que Tavares comenta no campo das obras de
arte digitais, aproxima-se, em nosso caso, da interatividade possível em ferramentas de discussão de
conteúdo aberto e interação entre indivíduos – como chats, e-mail, listas de discussão, e os fóruns e
páginas de discussão, que abordamos especificamente.
Dentro desse segundo grupo, podemos incluir uma perspectiva de avaliação do “grau” de
interatividade das discussões e das falas, a partir do trabalho de RAFAELI e SUDWEEKS (1996) sobre a
interatividade em grupos de discussão. Para os autores, a interatividade, na CMC em grupos (fóruns,
listas de discussão, etc.) está relacionada ao grau de dependência (correlação) entre as diversas mensagens
que constituam uma linha de discussão4: “it is the extent to which messages in a sequence relate to each
other, and especially the extent to which later messages recount the relatedness of earlier messages”
(RAFAELI, SUDWEEKS, 1996: 3).
O grau de interatividade numa discussão online, portanto, pode ser determinado pela presença de
interação entre as mensagens publicadas; isto permite, inclusive, que a discussão sobre interatividade não
a aborde como uma característica intrínseca de um dado tipo de ferramenta de CMC, uma vez que ela não
é atribuída à ferramenta de discussão, ou à própria discussão, a priori.

3. Comentários online
A partir desse referencial, a escolha de fóruns ou páginas de discussão como objeto de nosso
estudo justifica-se pelo fato desses se tratarem de ferramentas de CMC de interatividade não-trivial, de

3
Respectivamente: ASCOTT, 1995; HOLTZ-BONNEAU apud VITTADINI, 1995; e TRAMUS apud SCHAEFFER, 1996.
4
“the dependency among messages in threads” (RAFAELI, SUDWEEKS, 1996: 2).
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conteúdo ou real, amplamente difundidas na Internet (inclusive em sites relacionados à mídia), e onde
seria possível, por sua própria estrutura, capturar e observar os eventuais encadeamentos entre as
mensagens mais facilmente
Fóruns são páginas da web que servem de interface a um banco de dados onde é possível iniciar ou
participar de discussões, “publicando” na web mensagens que são armazenadas, selecionadas,
organizadas e gerenciadas pelo software de banco de dados e pelo(s) seu(s) administrador(es). Os fóruns
são ferramentas de comunicação assíncrona que permitem que seus participantes leiam, criem e
respondam a mensagens de maneira a formar “linhas” de discussão (threads), que se estendem no tempo e
permanecem visíveis na internet. Um fórum de discussão na internet, portanto, é um local onde opiniões e
idéias podem ser expressas e discutidas de forma mais interativa e mais elaborada que, por exemplo, nos
chats, onde a instantaneidade das interlocuções normalmente não permite a expressão de raciocínios e
conteúdos com alguma reflexão.
Por tudo isso, a atenção que demos aos fóruns, em nossa análise empírica, não é uma mera questão de
preferência por esse tipo de site – acreditamos que o fórum se tornou, apesar de suas origens técnicas e/ou
acadêmicas, uma ferramenta de discussão por excelência das “pessoas comuns”, que normalmente não
têm os meios, o conhecimento técnico ou a disposição para manterem páginas pessoais ou contribuírem
com seus textos em sites de terceiros, sites profissionais/especializados ou listas de discussão fechadas.
Os fóruns podem se constituir em verdadeiros locais de debate, e de convivência, para os internautas.
VIDIGAL (2002) discorre sobre o poder agregador das listas de discussão por e-mail e como estas listas
conformam comunidades, cujos laços intersubjetivos freqüentemente extrapolam o eixo temático da
discussão inicial e passam a residir na própria noção de pertencimento à lista (para o caso da lista não ter
surgido de uma comunidade pré-existente). Nas páginas de fórum, que são mais abertas à participação
que as listas, e onde as discussões são na maioria das vezes públicas (visíveis a todos os internautas), não
há enfraquecimento desse sentido comunitário – pelo contrário, os fóruns também criam comunidades,
onde os laços não estão condicionados aos mesmos “filtros” presentes nas listas de discussão (onde
normalmente se é convidado a participar; nos fóruns, o próprio internauta se sente compelido a “penetrar”
a discussão, podendo ler o seu trajeto desde o princípio).
Conforme nossa abordagem da crítica de mídia feita na internet, outro exemplo da utilização de
fóruns de discussão web, mais pertinente ao nosso trabalho, é o dos fóruns sobre mídia. A multiplicidade
desses fóruns e a sua riqueza temática refletem a presença, na internet, de ampla discussão sobre a
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comunicação social como um todo; e uma grande concentração desses fóruns temáticos em torno da
televisão e seus produtos, tanto em termos da quantidade de discussões como em termos de participação
dos usuários, reflete a preponderância da TV sobre os outros meios de comunicação massiva, inclusive a
internet – mais discutida e criticada em seus aspectos tecnológicos que em termos de sua utilização como
meio de comunicação social. Em nossa procura por observáveis empíricos, tivemos contato com grande
quantidade de discussões temáticas sobre TV, desde as que priorizavam o meio e seus aspectos técnicos e
tecnológicos (discussões sobre padrões de TV e TV digital; sobre produção em TV; sobre aspectos legais
e regulamentação da atividade profissional) até as que abordavam produtos específicos, como as novelas
da rede Globo (com destaque aos fóruns criados pela própria emissora em seu portal)5 e os seriados norte-
americanos difundidos no Brasil via cabo.
A busca por um objeto empírico que permitisse a observação e uma análise da crítica de mídia que
é feita pelos internautas “comuns”, e que se configurasse preferivelmente num fórum de discussão, cessou
num passeio pelo portal Universo Online (UOL) em julho de 2003.
Na página principal do UOL, há uma seção dedicada às revistas associadas ao portal, e entre elas
está a revista Bravo!. Dirigida a um público de elite, abordando temas essencialmente culturais e
acadêmicos, a Bravo é publicada “em papel” desde 1996. Em suas páginas encontramos a cobertura
jornalística e o comentário do panorama cultural brasileiro, destacando-se aí seções de crítica teatral,
musical, literária e televisiva.
“Chamadas” ligando a página principal do portal UOL a matérias publicadas nas revistas se
revezam, a cada acesso ou refresh, no campo da página dedicado às revistas associadas. Assim, um
usuário que acessar o UOL seguidas vezes ao longo do dia verá chamadas de várias revistas, entre elas a
Bravo!.
A versão online da Bravo! reproduz os textos da versão impressa – e não só. Aproveitando o
potencial interativo da rede, cada matéria publicada online é seguida de uma linha de discussão – tal
como poderia ser encontrada num fórum – aberta a qualquer internauta que se disponha a preencher um
pequeno formulário com seu nome e endereço de correio eletrônico, além, é claro, do comentário que
quiser fazer. Trata-se aí do lugar da crítica profissional se abrindo à fala das pessoas comuns – ou pelo
menos de pessoas comuns (não-especialistas) “iniciados” nos assuntos abordados pela revista. Essas
‘pessoas comuns’ são aqueles que não vêm participar do debate respaldados por seus lugares de fala:
5
http://globoforum.globo.com
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indivíduos que não se colocam no debate como profissionais da mídia, como críticos profissionais
(jornalistas, etc.) ou como estudiosos da área de qualquer nível. Mesmo que alguns pertencessem a
quaisquer dessas áreas de atuação profissional, o espaço discussão aberto pela revista não permitia
qualquer corroboração de posições “especializadas” ou “profissionais”; ali, mesmo os profissionais teriam
forçosamente que participar como leigos uma vez que não se tratava de um espaço para a inserção
‘profissional’ ou especializada – como, por exemplo, uma coluna em jornal ou um debate acadêmico. O
espaço do especialista era a matéria publicada, o thread-starter que precedia as discussões. Para além
dele, abria-se do espaço do homem comum.
Mas as possibilidades de ler uma revista e de comentá-la, por si mesmas, não compelem
necessariamente o internauta à participação em discussões. Na página da revista Bravo, sistematicamente,
o assunto mais comentado pelos internautas era a TV (e a crítica da Revista a aspectos e produtos da TV).
Ainda assim, antes de julho de 2003, a participação nas discussões que se seguiam a cada matéria na
Bravo! se restringia a umas poucas mensagens (posts). Na edição da Bravo de junho de 2003 a crítica de
TV intitulada “Notícias da Planície”, que tratou das limitações do telejornalismo brasileiro, atraiu
somente 12 posts. Nos dois meses seguintes, entretanto, os temas abordados pela crítica de mídia da
revista atraíram uma participação muito maior, provocando uma explosão na contagem de posts. Em
julho de 2003, a crítica de Renato Janine Ribeiro intitulada “A Solenidade da Pornografia”, sobre a
artificialidade dos limites entre “erotismo” e “pornografia” na TV, contou com nada menos que 156
comentários, publicados ao longo de todo o mês.
Em agosto, “O Roteiro dos Produtos”, crítica de Daniel Piza à invasão do merchandising
televisivo atraiu 130 comentários.
Essa grande participação em discussões que tratavam, essencialmente, de crítica de mídia, aguçou
nossa curiosidade. O conteúdo das mensagens variava enormemente, assim como a natureza e qualidade
das críticas que continham. Resolvemos então recortar o conjunto das mensagens que comentavam “A
Solenidade da Pornografia” e “O Roteiro dos Produtos”, com o objetivo de analisar de forma mais
aprofundada a crítica das pessoas comuns que se manifestava naquelas páginas.
Tínhamos naquelas discussões alguns elementos que eram procurados na pesquisa: tratava-se da
crítica de mídia, feita pelas pessoas comuns, e que se utilizava das possibilidades interativas dos meios
telemáticos, através de uma ferramenta que, se não era um fórum – com toda a sua complexidade e
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diversidade, que de qualquer maneira seria reduzida pelo exercício do recorte – ainda assim apresentava
as características que buscávamos nos fóruns enquanto espaços de debate público sobre a mídia.
Capturamos a totalidade das mensagens publicadas nas páginas de discussão da revista Bravo! dos meses
de julho e agosto de 2003 – 156 “posts” em “A Solenidade da Pornografia”, e 130 em “O roteiro dos
produtos”. Após isto, nossa próxima etapa foi a constituição de um banco de dados a partir do material
coletado.
As mensagens foram reproduzidas, inicialmente, num banco de dados que continha os mesmos campos
do formulário online.
Uma vez dispostas as informações originais nesse banco, procuramos em seguida classificar as
mensagens segundo seus conteúdos. Para isso, estabelecemos inicialmente 4 categorias de classificação.
Estas classificações se referem ao conteúdo de cada mensagem, e foram atribuídas de acordo com
quatro características gerais das falas (inserções), como “feedbacks” - elogios ou críticas à matéria
publicada na Bravo! e não a produtos televisivos; “off-topics”, mensagens sem relação aparente com a
forma ou o teor da matéria publicada e sem relação com o meio TV ou seus produtos, incluindo aí as
brincadeiras, piadas, etc.; “diálogos”, os comentários sobre outras mensagens publicadas; e “críticas
de mídia (TV)”, as mensagens que continham críticas ou elogios à televisão em geral ou a seus
produtos. Cada mensagem possuía uma dupla classificação, uma vez que poderia apresentar
características de mais de uma dessas categorias. Recortamos afinal as mensagens classificadas
simultaneamente como “Críticas de mídia” e “Diálogos” – estas eram mensagens de conteúdo crítico, e
que apresentavam o grau de correlação que caracterizava a interatividade nos fóruns e páginas de
discussão.
Feito esse recorte a partir do critério de interatividade proposto por Rafaeli e Sudweeks, restou-
nos uma análise do conteúdo das mensagens para medir suas qualidades discursivas, à procura de
indícios de um debate agonístico sobre aspectos da televisão no Brasil.
A partir da aproximação entre a perspectiva de uma instância crítica nos sistemas de retorno, com
características de uma interação agonística, e a perspectiva habermasiana de debate na esfera pública,
encontramos no trabalho de Lincoln DAHLBERG (2001) uma proposta de quais seriam os critérios pelos
quais seria possível estabelecer se uma discussão on-line constituiria um debate agonístico, de natureza tal
que serviria de indício da existência, ainda que incipiente, de uma participação das pessoas comuns (ao
menos no contexto da internet) efetivamente crítica da produção mediática em nossa sociedade.
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Dahlberg propõe, a partir do trabalho de Habermas sobre as características do discurso na esfera pública,
uma série de condições normativas da esfera pública que “qualificariam” o discurso online em espaços de
discussão. Essas condições seriam a autonomia do discurso em relação ao poder econômico e ao poder do
estado; a possibilidade de tematização e crítica recíproca de afirmações de validade, no contexto da
discussão; a reflexividade, presente no discurso; a sinceridade dos debatedores; e a inclusão discursiva e
igualdade das condições de debate.

4. Conclusões
Utilizamos essas condições como critérios para avaliar a qualidade democrática e agonística das
discussões empreendidas no site da revista Bravo!. Essa avaliação não se deu como uma simples
verificação, em nosso recorte empírico, do “cumprimento” dos critérios no contexto dos discursos.
A análise empreendida procurou, ao contrário, identificar na interação que ocorria na página de
discussão da Bravo!Online, e nas falas das pessoas comuns que participaram das discussões, algumas das
características dos debates agonísticos que caracterizariam uma efetiva crítica de mídia.
Com isto em mente, percebemos que a autonomia proporcionada pelo site aos interlocutores de
fato permitiu o desenvolvimento de uma vigorosa troca de opiniões e posicionamentos, com a
tematização e crítica fundamentadas das afirmações apresentadas pelos interlocutores. No entanto, o
conteúdo das mensagens e o desenvolvimento da discussão freqüentemente careciam de reflexividade –
ou seja, os posicionamentos e afirmações dos participantes da discussão muitas vezes não chegavam a
levar em conta os argumentos apresentados por seus interlocutores, e as posições tomadas raramente
mudavam ao longo da discussão.
No entanto, este fator – a presença de uma aparente falta de reflexividade - tomado isoladamente,
não compromete totalmente o debate. Afinal, a reflexividade é algo difícil de se detectar ou precisar nas
falas, a partir de qualquer análise, uma vez que se trata de um processo “interno” aos indivíduos, e que
geralmente ocorre ao longo de períodos de tempo consideráveis. Sendo assim, é mais fácil detectar
mudanças de posição no longo prazo que durante ou ao cabo de uma única linha de discussão.
Mais preocupante que uma aparente falta de reflexividade – característica, aliás, apontada em
outros estudos sobre discussões online – é o acesso limitado dos indivíduos a ferramentas de discussão
como a que estudamos, bem como população brasileira à internet e às ferramentas de comunicação
mediada por computador em geral. A maioria dos brasileiros (cerca de 86% em 2003 de acordo com o
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IBOPE) não têm acesso à internet, e portanto às discussões, de toda natureza, que se desenvolvem online,
o que compromete a representatividade das interações por computador como indícios de processos sociais
mais amplos como o que procuramos, no contexto da comunicação.
Portanto, o problema da exclusão social permanece o maior entrave à ampliação e
representatividade deste e outros exemplos de debate online, tanto sobre a mídia como abordando outros
assuntos, inclusive aqueles de maior relevância política e/ou econômica.
O acesso à internet, no Brasil, ainda é um “privilégio” de poucos (e continuará o sendo enquanto
for visto como privilégio e não como direito).
A partir de nosso enfoque, no entanto, percebemos que a interatividade, a visibilidade, o poder
multiplicador de opinião pública dos meios telemáticos podem levar ao desenvolvimento efetivo de
espaços sociais de encontro e debate – e talvez de um lugar, uma instância de contestação da mídia e de
suas tendências tal como se configuram atualmente. Estariam surgindo, assim, lugares de debate público
para a discussão de idéias sobre a mídia, e idéias sobre o que deva ser a mídia, que a sociedade hoje
parece pedir e considerar fundamentais, dada a percepção, manifestada em várias instâncias sociais, de
uma degradação na qualidade da produção mediática no Brasil. Estes lugares serão tanto mais importantes
e representativos à medida que a educação para os meios digitais e a inclusão de vastas parcelas da
população brasileira no acesso à internet se tornarem prioridades.
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