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APAGUE A LUZ!

T. S. WILEY
BENT FORMBY, Ph.D.

Durma melhor e: perca peso, diminua a pressão arterial


e reduza o estresse

Editora Campus
2000
Apague a luz!
Durma melhor e: perca peso, diminua a pressão arterial e
reduza o estresse
Bent Formby e T. S. Wiley
Auto-Ajuda 377 páginas

Com base em uma pesquisa minuciosa, colhida no National


Institutes of Health (Instituto Nacional de Saúde), T.S.Wiley e Bent
Formby apresentam descobertas incríveis:os americanos estão
doentes de cansaço. Diabetes, doenças do coração, câncer e
depressão são enfermidades que crescem em nossa população e
estão ligadas à falta de uma boa noite de sono.

Quando não dormimos o suficiente, em sincronia com a exposição


sazonal à luz, estamos alterando um equilíbrio da natureza que foi
programado em nossa fisiologia desde o Primeiro Dia. A obra revela
por que as dietas ricas em carboidratos, recomendadas por muitos
profissionais da saúde, não são apenas ineficazes, mas também
mortais; por que a informação que salva vidas e que pode reverter
tudo é um dos segredos mais bem guardados de nossos dias.

Com o livro, o leitor saberá que:

• perder peso é tão simples quanto uma boa noite de sono

• temos compulsão por carboidratos e açúcar quando ficamos


acordados depois que escurece

• a incidência de diabetes tipo II quadruplicou

• terminaremos como os dinossauros, se não comermos e


dormirmos em sincronia com os movimentos planetários.

T.S.WILEY e BENT FORMBY, Ph.D., são pesquisadores que


trabalharam juntos no Sansum Medical Research Institute em Santa
Barbara, na Califórnia – o centro de pesquisas de ponta sobre
diabetes desde que a insulina foi sintetizada pela primeira vez, lá
mesmo, na década de 1920.
AGRADECIMENTOS

A primeira rodada de agradecimentos vai para nossas famílias, por


sua paciência e apoio. Florence, a esposa de Bent, é uma séria
candidata à canonização, e meu Neil é, e tem sido sempre, o meu
Médici particular. Não sou nada sem ele. Meus filhos, os pobres
negligenciados Jake, Max, Zoe e Ian continuam sendo os melhores
filhos do planeta. Este esforço levou cinco longos anos, no meu
caso, e quase três para o meu colaborador. Durante esse tempo,
nossas famílias agüentaram mais “papo ciência” de manhã, de
tarde e de noite do que qualquer pessoa mereceria. Quase sempre,
o jantar saia tarde e o sofrimento deles era palpável, mas ainda
assim eles nos amam, e por isso somos gratos.
Tenho uma dívida especial com minhas filhas mais velhas, Mara e
Aja, por seus intelectos raros e diferenciados, que serviram para
inspirar e expandir meu próprio intelecto. Mara Roden passou horas
infindáveis em profundo debate, acrescentou inúmeros conceitos
evolucionários e neuroendócrinos, deu apoio incondicional e fez
grande parte da primeira e tediosa parte da editoração. Aja Raden,
consultora criativa, deu o título ao livro, assim como a vários
capítulos, além de criar uma infinidade de subtítulos fortes e
mordazes. Também ela passou muitas horas explicando física,
química e matemática à sua velha mãe.
Wiley Lorente provou que sangue é mais forte que tinta, ao
trabalhar ombro a ombro comigo editando, reorganizando ou
simplesmente sofrendo, durante os cinco anos e as quatorze
versões da obra. E ao meu colaborador, o incrível Dr. Bent Formby,
muito obrigada. Obrigada por entender o que eu queria dizer, antes
de você me dar as palavras para dizê-lo. Obrigada por ser o
professor e mentor mais fantástico do mundo. Obrigada por sua
grande capacidade para crescer e mudar. Sem as suas centenas de
horas de pesquisa, minhas teorias não passariam de “teorias”. Bent,
você é a outra metade do meu cérebro.
Muitos outros colegas também colaboraram com este livro. A Dra.
Julie Taguchi, do Hospital Cottage, em Santa Bárbara; o Dr. Alex
Depaoli, que agora está em Amgen; as Dras. Eve Van Cauter e
Martha McClintock, da Universidade de Chicago; Ernst Mayr, de
Harvard; e Anthony Cincotta, da Ergo Science. Todos eles me
emprestaram seus cérebros mais de uma vez. Não poderia
esquecer, é claro, os grandes cérebros forçados a colaborar no
National Institutes of Health de Washington: o Dr. Thomas Wehr,
su7a pós-doutorada Holly Giessen e a Dra. Ellen Leibenluft.
Minha assistente Chelsey Haskins trabalhou incansavelmente nas
edições e notas. Krista Silva, a gerente de nosso escritório,
compilou a volumosa pesquisa de Bent. Ambas passaram horas
demais na Federal Express ou no e-mail, ou simplesmente “me
agüentando”. Temos também uma dívida de gratidão com todos os
leitores voluntários e cobaias – cujo número é grande demais para
citarmos nominalmente – que acreditaram em nossas teorias e
concordaram em testá-las.
Talvez o mais valoroso de todos os soldados, em nossa cruzada
para trazer de volta a noite, tenha sido Débora Schneider, nossa
agente. Ela identificou e lutou pela verdade anos antes de termos
ao pesquisa para comprovar tudo. Sem seu apoio visionário e
representação talentosa, nunca teríamos somado nossas forças às
do fantástico pessoal da Pocket Books. Minha primeira conversa
com emily Bestler e Jane Cavolina me convenceu de que nenhuma
outra editora daria conta do recado. O entusiasmo e a rara
inteligência de ambas, que se irradiavam pelo telefone a 5 mil
quilômetros de distância, naquele dia, aquecem meu coração até
hoje.
O termo “minha editora” realmente me dá força e energia. Jane
Cavolina se apoderou deste projeto e me convenceu
completamente de que “não estamos sozinhos nesse negócio”. Sua
metáfora para seu artístico trabalho de edição – “faxina” – não lhe
faz justiça. Ela tornou o processo de escrever uma versão após
outra completamente indolor, e transformou o produto final em algo
de que me orgulho profundamente.
Obrigado, Jane.
E por fim, mas não por último em importância, queremos
agradecer a Pam Duevel. Se você tem hoje este livro nas mãos é
graças a ela, Pam, a absurdamente talentosa, ridiculamente criativa
e dedicada líder da equipe de publicidade da Pocket Books,
encarregada de colocar essas informações nas mãos das pessoas
que dela precisam.

T. S. Wiley
SUMÁRIO

Introdução 13

PARTE 1, 21
SEGREDOS E MENTIRAS

UM 23
Queremos acreditar: a igreja dos falsos deuses

DOIS 41
No escuro: Um evento no nível da extinção

PARTE II 59
NÃO ESTAMOS SOZINHOS

TRÊS 61
Uma autópsia da terra:
O meio ambiente controla a genética da obesidade

QUATRO 83
No gelo: A evolução, a biofísica e o escuro

PARTE III 97
A VERDADE ESTÁ AQUI

CINCO 99
Negue tudo:
O sono controla o apetite e, portanto, a obesidade, o diabetes e a
hipertensão

SEIS 121
Tudo está dentro da sua cabeça:
Não dormir e comer açúcar demais v]ao levar você à loucura

Sete 145
O melhor lugar para esconder uma mentira é entre duas verdades:
O que faz parar o maior relógio de seu corpo

OITO 169
Dez segundos para a autodestruição:
No esquema evolutivo, o câncer é simplesmente o novo “você”

PARTE IV 193
SÓ OS PARANÓICOS SOBREVIVEM

NOVE 195
Controle dos danos:
O método rítmico de comer para evitar a extinção

DEZ 235
Tenha medo, muito medo:
Somos uma espécie em perigo

GLOSSÁRIO 245

NOTAS 267

BIBLIOGRAFIA E SUGESTÕES DE LEITURA COMPLEMENTAR


363

ÍNDICE 369
Não estamos aqui preocupados com esperanças e medos, apenas
com a verdade, até onde nossa razão nos permite descobri-la. Já
forneci provas, ao máximo de minha capacidade...

- Charles Darwin
A descendência do homem
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INTRODUÇÃO

O tema é notícia em toda parte.


Na revista Life de janeiro de 1998, 70 milhões de americanos
finalmente admitiram que, ocasionalmente, dormimos ao volante,
deixamos a bola cair ou saímos literalmente do ar. Livros como
Power Sleeping e recortes de notícias sobre jet lag estão sempre
aparecendo nos meios de comunicação. A falta de sono é o mais
novo déficit dos Estados Unidos. Este déficit é uma tremenda
cratera que não temos esperança de fechar. Aparentemente,
quando perdemos horas de sono, a sensação é igual a correr a pé
atrás de um trem em movimento. O problema é que, no caso do
sono, realmente não se pode recuperar. Por que não?
Seus hormônios não são tão elásticos assim.
Hormônios e sono? Isso é novidade.
Hormônios como o estrogênio e, ocasionalmente, a testosterona,
são sempre notícia. O DHEA e o hormônio do crescimento humano
até aparecem de vez em quando, mas sempre nas matérias sobre
envelhecimento. O único hormônio ligado ao sono é a boa e velha
melatonina – e todo mundo sabe que pode ser comprada sem
receita médica. Se precisar é fácil conseguir, certo?
Então, por que deixar a falta de sono mantê-lo noites e noites
acordado?
Porque, quando você dorme menos no que deve, a melatonina
não é o único hormônio afetado. Há pelo menos dez hormônios
diferentes, e outros tantos neurotransmissores no cérebro, que
começam a não funcionar direito quando você não dorme o
suficiente. A melatonina é apenas a ponta do iceberg, por assim
dizer. Todas as outras alterações é que modificam o apetite, a
fertilidade e a saúde mental e cardíaca.
Então, porque essa notícia faça parte, separadamente, de cinco
ou seis disciplinas acadêmicas diferentes. Por exemplo, a Dra. Eve
Van Cauter, da Universidade de Chicago, chama de “dívida de
sono” as alterações hormonais que registra em seu laboratório de
estudos do sono. Um

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nome que pode pegar... Talvez assim a perda do sono atraia
alguma atenção. De alguma maneira, a idéia de relacionar a perda
do sono a ser credor ou devedor de alguma coisa – igual a dinheiro
– atribua ao assunto maior importância. O dinheiro sempre fala alto
– e essa dívida de sono que você está contraindo tem um custo
anual direto, para a nação, de 15,9 bilhões de dólares, e um custo
indireto de mais de 100 bilhões de dólares, em horas perdidas de
trabalho e acidentes. Mas nós dizemos que o custo é, na verdade,
bem maior.
É o custo da sua vida.
Dormir depois que o despertador toca, cochilar no teclado do
computador ou derramar o café na mesa de trabalho, não são os
principais desastres para quem dorme pouco: a morte é a pior
conseqüência.
E, quando falamos de morte não estamos falando de acidentes de
automóvel.
Como a nação, estamos doentes porque não dormimos. Estamos
gordos e diabéticos porque não dormimos. Estamos morrendo de
câncer ou do coração porque não dormimos. Uma avalanche de
artigos científicos escritos e revisados por colegas nossos dão
suporte à nossa conclusão de que, quando não dormimos em
sincronia com a variação sazonal da exposição à luz, alteramos
definitivamente um equilíbrio da natureza que foi programado em
nossa fisiologia desde o Primeiro Dia. O relógio cósmico está
embutido na fisiologia de cada ser vivo.
A história que estamos prestes a contar é tão óbvia e, no entanto
tão fantástica, que você não acreditaria, se não fosse verdade. Há
mais coisas na história da perda de sono do que qualquer um de
nós esperaria, porque até agora ninguém foi capaz de enxergar o
quadro completo.
Nós enxergamos – e vamos mostrá-lo a você.
Em Apague a luz, provamos que a obesidade e os principais
assassinos relacionados a ela – doenças cardíacas, diabetes e
câncer – são causados por noites curtas, por trabalhar durante
horas ridiculamente longas, por, literalmente, queimar a vela nas
duas pontas – e pela eletricidade, que nos permite fazer tudo isso.
A causa, com toda a certeza, não é comer gordura demais ou a
falta de exercício.
Pesquisamos o crescimento da obesidade e das chamadas
doenças relacionadas a esse aumento de peso durante dois anos e
meio. Nossas conclusões são suportadas por mais de uma década
de pesquisa feita no National Institutes of Health (NIH), em
Washington, e em mais de

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outras fontes científicas. A nova abordagem em relação à doença
pode ser humilde e desconcertante, mas é o preço da verdade.
Então ouça.

***

Quando o dia mais longo, criado pelos ciclos artificiais de


claridade e escuridão se tornou a norma, há apenas setenta anos –
com o uso indiscriminado das lâmpadas elétricas – obesidade,
diabetes, doenças cardíacas e câncer de repente se tornaram as
causas oficiais de morte nos relatórios dos investigadores públicos.
Desde que essas doenças começaram a aparecer como as
principais causas de morte, por volta de meados do século, os
esforços por parte da ciência e da medicina para explicar o
impressionante aumento de casos nunca examinaram qualquer
outra mudança ambiental gritante, a não ser a dieta. E após todos
esses anos, enquanto os americanos continuam a morrer, todos os
médicos e pesquisadores continuam a insistir no mesmo ponto.
É hora de ver a luz.
A maior mudança pela qual os seres humanos passaram, nos
últimos 10 mil anos, aconteceu há menos de setenta anos. A
eletricidade e o uso indiscriminado da lâmpada elétrica figuram, ao
lado da descoberta do fogo, do advento da agricultura e da
descoberta do tratamento com antibióticos, entre os marcos sem
retorno na história da humanidade.
Em 1910, um adulto ainda dormia de nove a dez horas por noite.
Hoje, esse adulto tem sorte se consegue dormir sete horas por
noite. A maioria de nós não consegue. Esses números significam
quinhentas horas a mais acordados por ano. Na natureza,
dormiríamos 4.370 horas de um possível total de 8.760, ou metade
de nossas vidas. Há oitenta anos, já tínhamos caído para 3.395
horas. Agora, temos sorte de atingir umas parcas 2.255 horas. Se a
natureza conta o nosso tempo, e apostamos que sim, isso significa
que só chegamos a viver a metade do que viveríamos. Talvez
tenhamos dobrado esses números com cirurgias e antibióticos, mas
imagine o quanto mais poderíamos viver se também dormíssemos.
Na década de 1970, os americanos dedicavam 27 horas
semanais ao “lazer”. Na década de 1990, essa média caiu para
quinze horas. E trabalhamos pelo menos 48 horas semanais, em
comparação às 35 que um trabalhador cumpria, em média, na
década de 1970. naquela época

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tínhamos hobbies, jogávamos beisebol, montávamos miniaturas de
navios, éramos membros de clubes e líderes de escoteiros. Hoje,
embora o número de horas que dedicamos ao trabalho e ao lazer
seja aproximadamente o mesmo, a proporção mudou
consideravelmente. Nos últimos trinta anos, desde 1970,
encontramos novas paixões para acrescentar às antigas: fazer
exercícios, ir ao médico, agüentar um tráfego cada vez mais
ensandecedor, assistir a 150 canais e a filmes de verdade na TV a
cabo, além dos mais recentes bandidos: e-mail e eBay. Não admira
que não sobra tempo para dormir ou cuidar das crianças.
Então, por que os guardiões da nossa saúde não prestam
atenção ao estresse e à falta de sono antes de colocarem a culpa
na comida? Vai adivinhar. E quando resolveram examinar a dieta
dos americanos e dar conselhos, fizeram tudo ao contrário.
Disseram à população para comer açúcar e evitar gorduras.
Ao revelar como seu corpo evoluiu junto com o planeta e tudo o
mais que nele existe, e ao explicar como esse corpo utiliza o
alimento para provocar o sono e lidar com o estresse, podemos
dizer exatamente o que acontece – à sua mente, ao seu corpo e ao
planeta – quando você come. Agora vamos lhe mostrar a luz.
A ciência do ritmo circadiano explica tudo. Todos os mistérios
podem ser desvendados. Neste livro, examinamos as evidências
científicas através das lentes da biologia evolutiva e da biofísica.
Os mapas moleculares nos mostram o caminho de casa e nos
contam de novo o que sempre soubemos. O sono controla o
apetite, e o apetite e o estresse controlam a reprodução. Dormir,
comer e fazer amor controlam o envelhecimento.
Os hormônios melatonina e a prolactina são atores fundamentais
em nossa conexão mente-corpo-planeta. Eles se comunicam com o
sistema imunológico e com o sistema de metabolização de energia,
em relação aos ciclos de luz-e-escuridão. A insulina e a prolactina
orquestram a química cerebral que governa a serotonina e a
dopamina no cérebro, para controlar nosso comportamento e
estado de espírito. Serotonina e dopamina controlam o
comportamento em relação à comida e ao sexo. Resultado: pouco
sono faz você ficar gordo, faminto, impotente, hipertenso,
canceroso, e com o coração doente.
A energia solar é a catalizadora de todo tipo de vida. A quantidade
de luz que age sobre você informa os “controles” do seu “sistema”
sobre a rotação e a órbita do planeta em que vivemos. Esse
posicionamento global ajuda nossos sentidos a ficarem de olho no
estoque de alimentos.
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É essa comunicação cósmica que nos diz, desde o início dos
tempos, quando comer, o que comer e quando reproduzir, para
maximizar a comida disponível. Nós e todos os outros organismos
neste planeta evoluímos com o giro do planeta – dentro e fora da
luz do sol.
O fato de você estar lendo isto significa que o sistema teve
sucesso.
O fato de você querer ler isto mostra que o sistema está
desmoronando.
A maioria das pessoas está absolutamente cansada de controlar o
peso e preocupar-se com o coração. Estamos prestes a lhe dizer
como parar.
Poderíamos ter dado a este livro o título de Perca peso enquanto
você dorme, mas nos pareceu demasiado vulgar. Quase o
chamamos de Mantido no escuro, depois que descobrimos
exatamente onde eram conduzidos os estudos que provavam nossa
premissa: em Washington. E ninguém menos do que o National
Institutes of Health confirma que é um “dado” científico dizer que os
ciclos de luz-e-escuridão:

• ligam e desligam a produção de hormônios


• ativam o sistema imunológico
• determinam a liberação diária, particularmente a sazonais,
dos neurotransmissores

Acabamos de dizer que, anos e anos atrás, nós existíamos em


sincronia com todos os ciclos biofísicos e ritmos da natureza. Hoje,
não apenas controlamos o estoque de alimentos, mas também
fazemos retroceder a noite e o tempo. Neste livro dizemos qual é o
preço que estamos pagando por querer brincar de Deus.
Aqui está a conta: a infindável luz artificial com a qual convivemos
é registrada, em nosso relógio interno, igual aos longos dias de
verão, porque a noite nunca cai e o inverno nunca chega. Como
mamíferos, somos teleguiados para armazenar gordura durante a
exposição a dias longos e depois dormir – um pouquinho – ao
menor sinal de fome.
Só que agora não dormimos e também não sentimos fome; pelo
menos, não temos fome de carboidratos. É por isso que estamos
gordos e ficamos cada vez mais gordos. Afinal, é sempre verão!
Enquanto o fogo, com sua luz, estendeu nosso dia o suficiente
para afetar o intelecto e a reprodução, a eletricidade ilimitada pode
simplesmente acabar com a gente.
A menos que o governo faça isso primeiro.

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Se o NIH realizou a maior parte dos estudos que fornecem as
provas de que a depressão, a obesidade, as doenças do coração e
o câncer podem ser prevenidos, em grande parte dos casos, se as
pessoas simplesmente dormirem mais e apagarem as luzes, por
que eles nos mantiveram no escuro até agora? Por que continuar a
insistir que dietas ricas em carboidratos e exercício vão nos curar?
Será que eles estão realmente tentando nos matar?
A verdade é sempre mais estranha que a ficção. Os cientistas da
MacArthur Mind/Body Foundation, da Universidade de Chicago, da
NASA, do National Institutes of Health e do National Institutes of
Mental Health, esses últimos em Washington, vêm estudando
biofísica ao longo da última década. Isso significa que os mais
importantes pensadores científicos dos Estados Unidos estão
pesquisando a mesma ciência que nós pesquisamos para este livro.
Enquanto você lê, também eles estão provando que nos
reproduzimos e nos alimentamos sazonalmente, que temos um
metabolismo fartura-fome, que desenvolvemos diabetes, doenças
cardíacas, câncer e depressões graves se dormirmos menos de
nove horas e meia por noite durante pelo menos sete meses no
ano.
Quando perguntamos ao Dr. Thomas Wehr, o chefe do
departamento que estuda os ritmos sazonais e circadianos no NIH
em Washington, se ele achava que a população tinha o direito de
saber que com menos de nove horas e meia de sono por noite – ou
seja, no escuro – as pessoas a) nunca serão capazes de deixar de
comer açúcar, fumar e beber álcool; e b) com grande margem de
certeza desenvolverão uma das seguintes condições: diabetes,
doenças cardíacas, câncer, infertilidade, doença mental e/ou
envelhecimento precoce, ele respondeu:”Bem, sim, ela tem o direito
de saber. E deve ser informada; mas isso não vai mudar nada.
Ninguém vai apagar mesmo as luzes...”
Talvez não.
Afinal, a luz é sedutora. Quanto mais tempo ficamos acordados,
mais aprendemos. É por isso que os americanos são os melhores e
os mais brilhantes – e também os mais doentes do mundo.
Mas ainda acreditamos que algo pode acontecer.
Afinal, quando os números divulgados pelas autoridades disseram
aos americanos, no final da década de 1960, que era melhor
encontrarem tempo para fazer exercícios ou então morreriam, eles
passaram a fazer exercícios. E quando nos disseram para cortar a
gordura de nossa dieta porque senão morreríamos, todas as
fábricas de alimentos se prepararam para isso. Quando a medicina
declarou que os remédios para

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diminuir o colesterol seriam a nossa salvação, enquanto ficávamos
cada vez mais doentes. A gente botou as pílulas para dentro como
se fossem balas de chocolate. É claro que muita gente ganhou
dinheiro com o movimento do condicionamento físico, com os
alimentos de baixo teor de gordura e com os remédios. Mas a única
pessoa que vai se beneficiar com o sono é você mesmo.
O que está em jogo, aqui, é se queremos ou não ir mais cedo
para a cama e trabalhar menos horas por dia. Com os
minimercados 24 horas, 250 canais de televisão e a internet para
surfar a noite toda, reverter nosso ritmo exigiriam um esforço
hercúleo. Sabemos disso, mas estamos prestes a fazer da volta ao
tempo dos dinossauros uma escolha pessoal, não federal.
Acreditamos que a população merece, de nosso governo, o acesso
aos fatos e a uma consultoria nutricional mais precisa.
Nós pagamos por isso.
Todos os americanos sabem que Washington é pródiga em
segredos, mas é um pouco difícil de engolir que, ao mesmo tempo
que o Departamento Federal de Medicina nos diz para ingerir uma
dieta pobre em gordura e 58% de carboidratos para curar
obesidade, diabetes, doenças cardíacas e câncer, o NIH, que fica
do outro lado da rua, está provando que o consumo excessivo de
carboidratos, provocado pela privação do sono, figura entre as
causas dessas mesmas doenças.
Por que vimos sendo mantidos na ignorância, quando eles
sempre souberam da verdade?

PARTE I
SEGREDOS
E MENTIRAS

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UM
QUEREMOS ACREDITAR:
A igreja dos falsos deuses
Em algum momento do passado, os cientistas descobriram que o
tempo flui mais vagarosamente quanto mais longe estivermos do
centro da Terra. O efeito é minúsculo, mas pode ser medido com
instrumentos extremamente sensíveis. Uma vez conhecido o
fenômeno, algumas pessoas, ansiosas por permanecer jovens,
mudaram-se para as montanhas.
Agora, todas as casas estão construídas em Dom, no Matterhorn,
Monte Rosa e outras elevações. É impossível vender casas em
qualquer outro lugar... Pilotis... Pessoas ansiosas por viver mais
construíram suas casas nos pilotis mais altos... Elas celebram sua
juventude e caminham nuas em suas varandas...
Com o tempo, as pessoas esqueceram a razão por que o mais
alto é melhor.
Mesmo assim, continuam a ensinar a seus filhos a evitarem
deliberadamente outras crianças que vivem em elevações menores.
Elas até se convenceram de que o ar rarefeito é bom para seus
corpos e, seguindo essa lógica, adotaram dietas parcimoniosas e
recusam tudo que não seja o alimento mais leve. No final, o povo
se tornou fino como o ar, ossudo e velho antes da hora.
– Alan Lightman,
Os sonhos de Einstein

Em O Dorminhoco, clássico de Woody Allen, o personagem Miles


Monroe, dono de uma loja de alimentos naturais e clarinetista, dá
entrada no Saint Vincent’s Hospital em 1977 para um procedimento
de rotina. Tem uma úlcera péptica. Quando acorda, duzentos anos
depois, descobre que morreu – e que uma tia carinhosa o colocou
em suspensão criogênica.

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A trama engrossa quando dois cientistas fora-da-lei o
descongelam ilegalmente para tirar vantagem do fato de que ele é
uma não entidade numérica – e, como tal, pode ajudá-los a
derrubar o regime fascista que controla os Estados Unidos em
2173. Há uma conversa em que eles discutem o progresso do
paciente:

– Ele pediu algo especial?


– No café da manhã, pediu umas coisas chamadas germe de trigo e
mel orgânico.
– Aah, sim, parece que naquele tempo as pessoas pensavam que
essas coisas eram substâncias encantadas, que continham
propriedades capazes de preservar a vida.
– Quer dizer que não havia gordura, churrasco ou cobertura de
chocolate quente?
– Oh, não, essas coisas eram consideradas más para a saúde –
exatamente o oposto do que hoje a gente sabe ser verdade.
– Incrível!

O que é mais enervante a respeito desse pequeno flash de


cinematografia? Que os números do seguro social classificam todo
cidadão em um banco de dados de computador tipo “O Grande
Irmão”, que um regime fascista controla os Estados Unidos ou que
o New England Journal of Medicine divulgou um estudo em 1998
que conclui que a gordura pode, na verdade, proteger contra
doenças cardíacas? Será que a sabedoria nutricional de 1970, na
qual confiamos há décadas, pode estar completamente
equivocada?
O que vem agora? Durma mais ou você terá câncer?
Pode considerar profética esta última afirmação.
Mais tarde, Miles (Woody) vê o personagem vivido por Diane
Keaton acender um cigarro por razões médicas e reclama: “Como
pudemos errar tanto? Todo mundo sabia que gordura e cafeína
eram substâncias tóxicas!” O outro respondeu: “Miles, todo mundo
sabe que as únicas coisas que mantiveram viva a humanidade
foram café, cigarros e carne vermelha!”
De certa forma não parece tão engraçado, agora que pode ser
verdade.
Sem dúvida, café e cigarros parecem manter os franceses vivos.
Eles até têm uma aparência melhor que a nossa. Nessa mesma
cena tragicômica, o germe de trigo é dublê muito velado de nossas
saladas e barras

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nutritivas. Na década de 1970, as saladas e barras nutritivas
certamente seriam classificadas como “comida saudável” para os
“maníacos da saúde”. Todos se sentiam muito confortáveis com o
fato de que havia os “maníacos da saúde” e o resto de nós.
Atualmente, se você não cuida da sua saúde, é considerado um
imbecil.
Hoje em dia tudo é rotulado “de baixo teor de gordura”, “sem
gordura”, “99% livre de gordura” ou “com 30% menos de gordura”,
na tentativa de se qualificar um “alimento saudável”. Até mesmo os
sucos de frutas e as massas secas são vendidas como “sem
gordura” porque somos todos imbecis. Seu médico e os doutores
que aparecem na mídia, todos dizem – mesmo depois que os livros
Protein Power do Dr. Atkins, já provaram o contrário – que você não
consegue carboidratos de alta qualidade para perder peso a menos
que consuma:

• 5 a 7 porções de frutas e verduras por dia, além das


• 5 a 7 porções recomendadas de grãos e pães, além de
• Massas e vinho

Eles nunca contam a Pepsi, a Coca, o mel no chá o xarope de


milho com alto teor de frutose, que aparece como conservante em
quase todos os alimentos processados. Agora vamos imaginar toda
a comida que eles recomendam empilhada sobre a mesa (isto
porque jamais caberia no prato). Não lhe parece muita coisa?
E se todas essas promessas de baixo teor de gordura gerando
vida longa, sem câncer e diabetes, num corpo magro e esbelto,
ativado por um coração forte, limpo e sem hipertensão, fossem
falsas desde o início? E se os carboidratos, e não a gordura fossem
a causa da obesidade, do diabetes e do câncer?

O MÓDULO DE DEUS

A gente acha que o exercício explica por que as pessoas se sentem


tão bem quando estão morrendo. É também a razão pela qual
algumas pessoas conseguem manter regimes de baixo teor de
gordura durante tempo suficiente para se matarem. O que faz uma
pessoa agir assim?
O desejo de ser magra e se sentir bem? De forma alguma.
Michael Persinger, Ph.D., professor de neurociência e psicologia
na Laurentian University, no Canadá, isolou uma área dos
neurônios, nos

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lobos temporais do cérebro, que emite repetidamente fagulhas de
atividade elétrica quando a pessoa pensa em Deus ou tem qualquer
sentimento relativo à espiritualidade. Nós, cientistas, conhecemos
isso através das tomografias de monges, freiras e esquizofrênicos,
quando “falam com Deus”. Quase na frente desses lobos temporais
está a amigdala, um órgão de formato amendoado que imbui os
eventos de intensa emoção e de sensação de significado.
Devido à forma como os lobos temporais são estruturados e
sensorialmente conectados com a amigdala, eles são as regiões
mais eletricamente sensíveis do cérebro. O Dr. Persinger tem
conhecimento pessoal sobre isto porque ele criou um elmo com
molas de fios de aço colocadas logo acima das orelhas (lembra
Woody Allen em O Dorminhoco?). Ao passar uma corrente elétrica
cuidadosamente controlada através dessas molas, o médico cria
um campo magnético pulsante que imita os padrões transmissores
de energia dos neurônios nos lobos temporais. Isso gera uma
experiência espiritual mística completa, com uma saudável dose de
paz. Os cobaias do Dr. Persinger relatam um “efeito opiáceo, com
uma queda substancial da ansiedade e uma elevada sensação de
bem-estar, semelhante aos relatos de iluminação”.
Enquanto o Dr. Persinger caprichava em sua melhor
caracterização de cientista louco, Vilayanur Ramachandran, Ph.D.,
diretor do Laboratório do Cérebro e da Percepção da Universidade
da Califórnia, em San Diego, entrava em contato com o céu. O Dr.
Ramachandran anunciou, em 1998, que havia descoberto o
“módulo de Deus”. Este “módulo” está localizado no cérebro, numa
área dentro dos lobos temporais, que se torna eletricamente ativada
quando uma pessoa pensa em Deus ou em espiritualidade, ou
relembra uma experiência “mística”. Olha, isso me parece familiar.
Sabemos também que o estresse, a tristeza e principalmente a
falta de oxigênio estimulam fortes descargas elétricas na mesma
área, vizinha ao módulo de Deus. Como a falta de oxigênio
desencadeia estas explosões neurais, alguns cientistas acreditam
que esse mecanismo pode ser o responsável pelas várias
experiências de euforia e tranqüilidade próximas da morte. Também
a apnéia do sono, em pessoas com lobos temporais
descontrolados, pode significar que elas ouvem alguém chamar seu
nome quando adormecem, ou que têm uma “experiência fora do
corpo”, como a sensação de estar voando, durante o sono.
Podemos dizer também que a hiperventilação resultante do
exercício, junto com o estilo de vida Yuppie-urbano de baixo teor de
gordura,

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aciona o módulo de Deus. É por isso que o barato do corredor é
uma experiência tão religiosa.
Seu cérebro pensa que você está morrendo. Mas você só está
sem fôlego.
Receamos que você esteja sem tempo também.
A verdade é que todo esse exercício está fazendo mais do que lhe
dar um barato. Está exacerbando a queima de seus receptores de
cortisol. Correr é uma resposta de medo. No mundo real, significa
algo está querendo te pegar; pelo menos é o que seu corpo e seu
cérebro pensam. Se você correr por tempo suficiente, todos os seus
sistemas acreditarão que você vai conseguir ultrapassar aquele
predador. A química cerebral que acompanha as corridas longas
evolui para tornar mais agradável a saída deste mundo. Isso
significa que a falta de oxigênio, sozinha, vai acionar aquela parte
do cérebro que nos leva para o céu ou, neste mundo, nos dá uma
razão para continuar correndo. O mecanismo da química cerebral
que o faz ver Deus enquanto fica sem oxigênio evolui a partir das
respostas programadas – respostas a impulsos ambientais que não
mais existem, respostas que, num passado remoto, podem ter salvo
sua vida ou tornado a morte agradável.
Pois agora essas respostas o estão matando.

VIDA SAUDÁVEL?

Que outros impulsos ambientais estão acionando os mecanismos


ancestrais da sobrevivência? A resposta a essa questão é uma
cena arrepiante, digna de um romance de ficção científica. Ou de
um livro como o nosso.
Trabalhar até tarde, com luzes bem claras após escurecer, assistir
ao programa de David Letterman ou conferir os e-mails tarde da
noite, mesmo que seja por apenas meia hora – tudo isso fica
registrado como se fosse um longo dia de verão, em seus controles
ambientais internos. Isso significa que seu cérebro o forçará a
buscar energia para armazenar, através da ingestão de açúcar. O
açúcar (carboidratos) é o único caminho para a liberação da
insulina; e a função da insulina é armazenar o excesso de
carboidratos como gordura e colesterol, para que você tenha algo
com que viver quando terminar o verão.
A faixa de gordura no abdome, comum nos pacientes cardíacos
resistentes à insulina e com colesterol alto, assim como nos
diabéticos Tipo

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II teria servido, em outro tempo e lugar, para manter aquecidos os
órgãos internos e ser utilizada como energia durante o período
normal de fome (o inverno). A ingestão cada vez maior de
carboidratos (açúcar) sempre acaba numa produção maior de
colesterol também, porque os carboidratos baixam a temperatura de
congelamento da membrana celular. No mundo real, você nunca
teria acesso a uma tal quantidade de açúcar, a menos que fosse
verão antes do inverno. Mas você não vive no mundo real.
Da próxima vez que seu médico disser que seu colesterol está
alto demais e que você deve cortar gorduras e fazer mais exercício,
diga-lhe que ele está errado. Diga-lhe que você não está doente,
que só vai hibernar – e que não quer congelar. Talvez ele ache
graça.
Você, por outro lado, deveria estar chorando pois tem um grande
problema.
Todos os sistemas que evoluíram para mantê-lo vivo, e que o
mantiveram até este ponto, estão berrando: “A fome está
chegando!!!”
Quando você se exercita dia e noite para driblar o ganho de peso
que seu corpo e sua mente desejam, você aciona sua “resposta de
estresse”. E a mensagem que você envia a esses sistemas é: “Ai,
meu Deus, a fome está chegando e tem um tigre atrás de mim!”
Acredite, isso não é solução.
Na realidade, o exercício pode muito bem ser o último prego de
nossos caixões coletivos. A resposta de estresse ancenada quando
você corre para salvar sua vida naquela esteira eleva seus níveis de
cortisol. Se você faz isso de vez em quando – digamos, a cada dez
dias, a resposta episódica natural do cortisol vai manter seu
coração e cérebro saudáveis. Mas se você faz exercício feito um
maníaco mais de uma vez por semana, os altos níveis de cortisol
resultantes de todo o exercício crônico na verdade imitam o
estresse da época da procriação, quando as longas horas de luz e a
competição (principalmente para os machos) mantinham o cortisol
em picos anuais. A competição sexual é a situação mais
estressante possível na natureza, depois da morte. O período da
procriação seria um fracasso sem uma base de gordura para
sustentar uma gravidez durante o inverno. Assim sendo, não é por
acaso que a compulsão por carboidratos, para gerar gordura,
coincide com os altos níveis de cortisol e de hormônios sexuais. É
preciso ter pão no forno em agosto ou setembro para a maioria dos
mamíferos, para que o bebê possa nascer em abril ou maio, na
primavera, quando o alimento é abundante.

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Agora você está na academia de ginástica, é novembro e o
horário é um momento qualquer entre seis e meia e nove e meia da
noite; pelo menos dez watts de luzes florescentes estão acesos,
intensificados pelos espelhos que brilham diretamente em seus
olhos e sobre a pele de seu corpo superexposto. Você levante
pesos, corre e caminha numa esteira ou trilha, e se for realmente
suicida, está num StairMaster ou girando.
Saiba que, para seu corpo e sua mente – que evoluíram, ao longo
de milênios, para reconhecer os sinais da Natureza – você está
numa luta, uma disputa mortal, igualzinho aos gnus que golpeiam
com os chifres, que você vê no Discovery. Você está lutando por um
ovo, pela imortalidade ou apenas por uma chance no próximo
round. Essa luta parece razoável para seu corpo porque as luzes à
noite (a luminosidade da sala de ginástica) significa que estamos no
auge do verão, e que você deve se acasalar ou vai se tornar
violento. É por isso que o cortisol fica elevado durante o dia: para
fornecer glicose aos músculos para correr ou fugir, e para mantê-lo
calmo para os processos de tomada de decisão – no caso,
acasalar-se. É por isso que, quando somos constantemente
banhados por luzes inesgotáveis, sentimo-nos todos tão nervosos
(leia-se: paranóicos, agressivos, histéricos, apressadíssimos), até
mesmo quem não se exercita, até nos desligarmos de tudo.
Nesse estado crônico, você não está apenas mantendo alto o
nível de açúcar no sangue, o que sobrecarrega o sistema de
resposta da insulina com os efeitos mobilizadores do açúcar no
sangue do cortisol; na verdade, também está se tornando resistente
à insulina enquanto se exercita.
Esse fato significa que o exercício pode engordar.
Enquanto você faz exercícios feito um maníaco e vive numa dieta
de baixo teor de gordura, ganha peso até se cheirar um biscoito.
Além disso, de quebra, desperdiça hormônios sexuais, causa
câncer e provoca supressão do seu sistema imunológico. O cortisol
alto crônico também altera sua percepção do tempo e fez com que
você viva constantemente correndo. É essa percepção alterada do
tempo que provoca o período de divagação tarde da noite, antes de
ir para a cama, quando você fica acordado sob a impressão de que
deve haver algo a ser feito, ou de que você não concluiu seu
trabalho. Aí você enche mais de açúcar, porque não dormiu – e sua
insulina vai à estratosfera. Sabemos que só esse comportamento já
o torna gordo e doente.
Acredite, a culpa não é da falta de exercício, da carne ou da
manteiga.
Nem da gordura, de jeito nenhum.

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De verdade, gente.
Se a ingestão de gordura saturada causasse obesidade, já
estaríamos lá na frente, no sentido de reduzir a obesidade
nutricionalmente. Todos nós teríamos a aparência de supermodelos.
Estamos comendo menos gordura e nos exercitando mais do que
nunca, mas não lembramos em nada os supermodelos.
Na verdade, estamos horríveis.
Estamos mais gordos e doentes do que nunca, em toda a história
do nosso país. E o problema não é apenas a nossa aparência
terrível: nossos planos de erradicar doenças cardíacas, câncer e
diabetes foi para o brejo. O americano mediano na verdade ganhou,
em média, quatro quilos de peso desde o início da uerra do baixo
teor de gordura” contra a obesidade.
O pressuposto que cultivamos com carinho durante trinta anos era
que perder peso cortando gorduras e fazendo exercícios levaria a
uma redução importante nas ocorrências de doenças
cardiovasculares, sem mencionar o diabetes e o câncer.
Mas não foi o que aconteceu.
E quando não aconteceu, a medicina disse que os cientistas
disseram que a gente não tinha cortado gordura suficiente. E que,
se diminuíssemos o teor de gordura de todos os alimentos
processados, se reduzíssemos o consumo de carne vermelha e
criássemos imitações de gordura com o Olean, a marca do olestra,
a maré finalmente se reverteria. Hoje, todos esses milagres e metas
já se concretizaram, a gente se exercita dia e noite – e, no entanto,
muitos de nós já tentaram, pelo menos uma vez durante os últimos
anos, virar vegans.* Todos os dias os apresentadores de televisão,
os documentários, novos âncoras e programas de culinária nos
dizem que a vida de baixo teor de gordura funciona. E você jamais
saberá que não funciona, a menos que dê uma olhada nas
estatísticas e no crescimento das vendas de remédios para dieta.
Esses números mostram um quadro totalmente diferente.
Dizer que o cenário não é tão róseo, no mínimo, uma brincadeira
de mau gosto. Estudos recentes mostraram que perdemos mais de

________________ ___
*Vegans: vegetariano radical, que não consome qualquer produto de origem animal, nem
mesmo laticínios. (N.T.)

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um milhão de vidas, só de doenças cardíacas. O grande rumor,
entre os estatísticos, é que as mortes por doenças cardiovasculares
têm sido omitidas indiscriminadamente. De alguma forma, embora o
número de mortes por doenças cardíacas tenha caído, o verdadeiro
número de ataques cardíacos subiu bastante.
Isto significa que alguém está manipulando os números.
Significa, também que as pessoas continuam tendo tantos
ataques cardíacos e doenças cardiovasculares quanto sempre
tiveram; no entanto, procedimentos como cirurgias, angiogramas,
uma droga que dissolve coágulos chamada t-PA, 911 e angioplastia
as têm salvo, por enquanto, e com isso o índice de mortes tem
caído. Isso para falar só em morte cardiovascular; outros 60 milhões
de pessoas (isso é 25% da popoulação norte-americana) vão
acabar morrendo de doenças cardíacas, tendo em vista seu perfil
de risco.
Alguns desses “riscos” são cigarro, idade, gênero, pressão alta,
elevadas taxas de colesterol, diabetes, estresse e, logicamente, a
obesidade, o pesadelo médico de quase todo o mundo (em nossa
sociedade), o terror não é a pogreza, as doenças cardíacas ou
sequer os crimes violentos; a idéia assustadora de que, um dia, a
pessoa pode simplesmente acordar de manhã e constatar que está
realmente gorda).
Muito bem, agora acorde e sinta o cheiro do milk-shake dietético.
O homem mediano, nos Estados Unidos, não é magro. Tem 23%
de gordura corporal, enquanto a mulher mediana tem 32%. Esses
números tornam o cidadão médio 53% mais gordo do que o ideal
saudável, e a cidadã média pelo menos 50% mais gorda. Em 1961,
a obesidade atingia, historicamente – ou pelo menos assim se
pensava – 20% de toda a população. Em 1995, o Centers for
Disease Control and Prevention nos revelou que o número de
americanos gravemente obesos havia aumentado 30%, somente
durante a década de 1980. lembre-se da academia de ginástica.
Nos vinte anos anteriores, essa mesma estatística de obesidade
permaneceu inalterada, em um quarto da população. E este é
exatamente o mesmo período de vinte anos em que se desenvolveu
o grosso da pesquisa nutricional que hoje seguimos. Esse intervalo
de vinte anos assistiu também ao fim da comida de verdade, da
semana de trabalho de quarenta horas e das férias de suas
semanas, assim como ao advento da TV a cabo, dos telefones
celulares, do correio de voz e do e-mail.

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JÁ PENSOU NISSO?

Todos os anos, 80 milhões de americanos “começam com uma


dieta”. A quantidade de peso que perdem nem conta, porque 95%
deles engordam tudo de novo (e ainda ganham mais alguns quilos)
num prazo de cinco anos. Vimos diminuindo regularmente o nosso
consumo de gordura e colesterol – e mesmo assim aumentou a
incidência de obesidade, doença e morte.
Desde a virada do século, o consumo de açúcar aumentou 150%.
Como o açúcar se revelou um conservante barato, virou aditivo em
quase todos os alimentos processados – e, como sabemos, o
consumo de alimentos processados nos Estados Unidos vem
crescendo exponencialmente ao longo dos últimos cinqüenta anos.
Na década de 1940, os aparelhos de televisão eram raros. Em
meados da década de 1950, três em cada dez residências já
recebiam ondas de rádio visíveis. Mesmo no período de glória da
programação tipo Nickelodeon, só ocasionalmente as assoberbadas
donas-de-casa envenenavam suas famílias com jantares
comprados. Hoje, a família mediana tem dois adultos que trabalham
em horário integral e comem fora, ou comida congelada, pelo
menos quatro noites por semana. Se essa é a norma numa família
tradicional, imagine quão raramente uma casa com um único
resposável pode se dar ao luxo de servir uma refeição caseira.
Ou a mãe pega as crianças na creche e sai com elas para comer,
ou então chama a babá para começar a ferver a água para cozinhar
a massa. Já são seis e meia da tarde quando jantar é servido
(massa, suco ou leite desnatado para as crianças, além de pão e
sobremesa). A mãe precisa de um drinque para se manter de pé – e
ainda tem o dever de casa, os banhos a mais a “atenção de
qualidade” para das às crianças. Se a mãe faz jantar de verdade,
com mais de dois grupos de alimentos reconhecidamente
importantes, em vez de alimentar a próxima geração com massa,
tudo se atrasa ainda mais. Para isso, a mãe precisa de dois
drinques.
Bom, já são nove ou nove e meia da noite, e ela não teve ainda
um minuto para sentar e descansar depois do trabalho. No verão,
isso seria natural. Mas a cena de descrevemos ocorre durante o
ano escolar, o que significa durante os “dias escuros” na natureza.
Então, essa família de mãe solteira, ou de mãe que trabalha e de
“pai ausente”, seja por preguiça ou por trabalhar ainda mais horas,
vai agüentar pelo menos

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cinco, ou talvez sete horas a mais de luz, num período de 24 horas,
dia sim dia também, durante sete meses por ano, completamente
fora de estação. Isso entra ano e sai ano, década após década –
até a mãe ter câncer de mama e a filha ter acne e ser gorda demais
para estar na capa da Vogue. E o Júnior, com apenas 1.70 m de
altura, ainda por cima ter asma. Se o nosso pai imaginário estiver
presente, terá artérias obstruídas, pressão alta e excesso de açúcar
no sangue.
Como tudo isso acontece é um completo mistério para a ciência
médica.
A desastrosa derrocada na saúde do povo americano corresponde
ao aumento das atividades noturnas estimuladas pela luz e ao
consumo de carboidratos que as acompanha. Considere apenas o
aumento do peso médio de jovens adultos e adolescentes ao longo
dos últimos quinze a vinte anos. Na média, esse peso aumentou,
previsivelmente, mais de 5 quilos. O percentual de adolescentes
obesos estava em 15% na década de 1970, e subiu para 21% na
década de 1990. agora, está acima de 30%.
Um recente artigo de primeira página do New York Times citou a
televisão como a causa do aumento da obesidade entre os jovens.
O artigo se baseava apenas na premissa “preguiça”, alegando falta
de atividade física exercício). A causa é a televisão, sim, – mas não
da forma que eles pensam. Grande parte dos jovens de hoje
nasceram num mundo de baixo teor de gordura/exercícios pesados.
Mais de um terço deles se autodeclaram vegetarianos, ciclistas,
montanhistas e patinadores. E há aproximadamente 12,5 milhões
de jovens como esses hoje nos Estados Unidos. E quando se
pergunta a esses jovens adultos por que são vegetarianos, a maior
parte diz que é por causa da saúde; o resto só acha que é legal.
Eles não tem idéia do que estão fazendo a si mesmos.

A SÍNDROME DO ETERNO VERÃO

Além de um aumento regular na ocorrência de doenças cardíacas e


de obesidade, as estatísticas já mostram que o diabetes e o câncer
também estão aumentando.
Talvez não seja só por causa da comida.
Na edição de 12 de janeiro de 1998 do U.S. News and World
Report, Walter Willet, o chefe do departamento de nutrição da
Escola de Saúde Pública de Harvard – um homem muito
inconstante – foi questionado

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com relação ao fracasso da dieta de baixoi teor de gordura em curar
doenças ou salvar vidas. Sua resposta fraca e inconsistente:
“Desde o início isso era apenas uma hipótese” – não demonstrou
vergonha alguma.
Essa “hipótese” custou mais vidas do que as duas guerras
mundiais e o conflito do Vietnã juntos. Basta verificar as estatísticas
da American Câncer Society e da American Heart Association nas
últimas três décadas. Em 1999, a previsão era de que, só de
câncer, 1.257.800 pessoas iriam morrer.
Se preferir uma projeção de futuro, consulte os números
misteriosos da American Diabetes Association sobre a crescente
população de diabéticos Tipo II. Agora, os pesquisadores estão em
busca de explicações genéticas para a obesidade porque, se temos
certeza de alguma coisa, essa certeza é de que a obesidade é o
começo do fim. A obesidade é a precursora do diabetes adulto. Não
é coincidência o fato de que, até o final do ano 2000, haverá mais
de 25 milhões de diabéticos Tipo II. É cerca de 98% de toda a
população diabética. Se todos os 25 milhões se tornarem
diabéticos, com certeza uma grande parcela deles terá doenças
cardíacas e pressão alta – duas condições que levam ao derrame.
Essas complicações são as que mais matam os diabéticos.
Há anos que se prevê que a redução da gordura na dieta reduziria
também o câncer; só que as estatísticas nos mostram uma
crescente incidência de câncer de colo, associada a uma queda na
incidência de morte. Isso significa que o câncer de colo está
aumentando, mas as pessoas estão morrendo menos disso. Isso
não quer dizer cura; no caso do câncer de mama e de próstata,
podemos ver aumento na incidência e também nas mortes. Esses
dados sobre câncer de mama, próstata e colo são os que, com toda
certeza, deveriam ter apresentado queda, dadas as mudanças que
os americanos fizeram na dieta dos últimos quinze anos. Em vez de
reconhecer a dieta de baixo teor de gordura, a pesquisa médica nos
deu Mevacor, Provachol, Proscar – e agora Tamoxifen e Raloxifene.
A medicina admite que a “melhora” nas estatísticas de câncer é
conseqüência do diagnóstico precoce, não do tratamento ou da
prevenção. Mas o diagnóstico procece aumenta apenas o período
de conhecimento – a vitima só fica sabendo antes que vai sofrer e
morrer. Na verdade, não muda a data da morte. O diagnóstico
procece nunca salva vidas; com maior freqüência, apenas as
prolonga por tempo suficiente para confundir os números. E todos
esses números provam que estamos no caminho ERRADO.
Concordamos que a intervenção da dieta com certeza

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pode reverter o curso da doença. Cortar carboidratos pode curar a
obesidade e grande parte do diabetes, mas não as doenças
cardíacas, e com certeza nem todos os tipos de câncer. O final
dessa história é a EXTINÇÃO.
A comida é parte dessa equação, está bem, mas não é a
resposta. A resposta está no ritmo circadiano e na evolução.
A resposta está em comer, dormir e reproduzir-se em sincronia
com a órbita do planeta, ou acabar como os dinossauros. As longas
horas de luz artificial que confundem seu ancestral sistema
regulador de energia também destroem o revestimento de seu
coração, e portanto o colesterol em excesso pode obstruir o fluxo
sangüíneo. Ao longo do curso da evolução, seu subconsciente foi
condicionado e ajustado para acreditar a agir da seguinte maneira
quando as luzes ficam acesas por um período muito longo: “Coma
carboidratos agora, ou morra mais tarde.” Da mesma forma, ao
longo do curso da evolução, seu subconsciente foi condicionado e
ajustado para acreditar e agir da seguinte maneira quando as luzes
ficam acesas por um período muito longo: “Acasale-se ou morra.”
Esse instinto que responde à luz tem sido a base de nosso
metabolismo fartura-ou-fome e, em última análise, de nossa
sobrevivência, durante pelo menos 3 milhões de anos. Todos os
efeitos da exposição crônica à luz e o consumo de carboidratos que
acompanha essa exposição, em outro tempo e lugar, ter-nos-iam
preparado para o pior: para a falta de comida e para os dias mais
frios, curtos e escuros, em que há menos sol.
Nós sempre “nos fartamos” para agüentar a “fome” que
certamente viria – até agora. Infelizmente, a verdade em nosso
tempo é que ingerimos carboidratos hoje e morremos mais
depressa. Nosso corpo traduz como “verão” as intermináveis horas
de luz artificial. Como ele sabe, instintivamente, que o verão vem
antes do inverno, e que o inverno significa falta de comida,
começamos a desejar carboidratos, para acumular gordura para um
período em que o alimento é escasso e deveríamos estar
hibernando. Esta é a fórmula:

A. Longas horas de luz artificial = verão na mente.


B. Inverno significa fome, para seus controles internos.
C. Fome no horizonte significa desejo instintivo de carboidratos,
para armazenar gordura para a hibernação e para a escassez.

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Essa escassez é acompanhada de:

1. Consumo cada vez maior de carboidratos, até que seu corpo


responda a toda a insulina, tornando-se resistente à insulina
no tecido muscular;
2. Garantia de que os carboidratos ingeridos se transformem em
depósito de gordura;
3. Fazer com que o fígado use o excesso de açúcar na produção
de colesterol, o que evitará que as membranas celulares
congelem com as baixas temperaturas.

Se você dormir à noite durante o número de horas em que


normalmente estaria escuro lá fora, só vai desejar carboidratos no
verão, quando as horas de luz são mais longas. É a “adaptação
perene”, ou a crônica e constante intenção de hibernar, que provoca
o consumo excessivo de carboidratos e a obesidade – e a
conseqüente pressão arterial elevada, o colesterol alto e a inevitável
falência cardíaca.
As etapas 1, 2 e 3 correspondem também ao quadro hormonal do
diabetes Tipo II – doença, na verdade, é o resultado final da fadiga
extrema provocada pela “toxidade” da luz. Na caminhada rumo ao
fim. Você certamente encontrará uma das seguintes condições:
obesidade, doença cardíaca, derrame, doença mental ou câncer. A
comunidade médica, a FDA, o Instituto Nacional de Saúde e sua
televisão dirão que a causa é uma praga dos céus – que só poderá
ser curada com uma dieta com 80% menos de gordura, três a seis
horas semanais de exercício pelo menos, e um monte de
suplementos e vitaminas.
Em quem você vai acreditar?
O mercado está saturado de informações sobre dietas de baixo
teor de gordura: como se alimentar com pouca gordura, por que se
alimentar com pouca gordura, quem deve se alimentar com pouca
gordura. Existem apenas algumas opiniões dissidentes, embora o
número esteja crescendo a cada dia. Está vazando lentamente na
consciência nacional a idéia de que “para algumas pessoas, o baixo
teor de gordura talvez não seja a melhor opção”, de acordo com
Walter Willet. Este recuo, meio balbuciado, meio escondido, é muito
tímido – e vem tarde demais para aqueles que conhecemos e que
não sobreviveram ao movimento pela pouca gordura.
Esta catástrofe nacional da saúde, na verdade, vem sendo
construída há 75 anos. Durante todo esse tempo, um número
incalculável de almas lutaram e fracassaram ao seguir um
aconselhamento nutricional que nunca poderia levar ao sucesso.
Fracassaram porque a comida não era

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realmente a culpada. A história nos ensina que todas as doenças da
civilização surgiram com força total depois da Revolução Industrial,
quando a eletricidade tornou real a disponibilidade da luz artificial
ilimitada e barata. Foi a lâmpada elétrica que transformou a noite
em dia. A curva do desempenho de preços da lâmpada elétrica é
semelhante à curva do desempenho de preços de um computador
portátil. Uma lâmpada de 100 watts custa 33 centavos de dólar em
qualquer supermercado; em 1883, a mesma quantidade de luz
custaria ao consumidor US$1.445. Os especialistas concluíram que
as máquinas usurparam nosso bem-estar físico; na verdade, foram
os alimentos processados, refinados e adoçados que entraram pela
primeira vez na nossa vida (ao mesmo tempo que as luzes
estenderam o nosso dia e mudaram nosso apetite) que provocaram
todo esse processo. Embora o instrumento da destruição possa ser
a alimentação, a causa da morte é algo bem mais insidioso.

A CAUSA DA MORTE

Seu apetite é apenas um dos sintomas dessa disfunção mortal,


assim como a obesidade está associada às doenças cardíacas mas
não é a causa. A grande verdade é que a necessidade urgente de
dormir é também a causa do diabetes Tipo II. Todas as doenças que
não são causadas por contágio ou maus-tratos são provocadas por
disfunções imunológicas, em função do metabolismo. Seu sistema
imunológico é governado por duas substâncias: a prolactina e a
melatonina – e ambas são controladas pelos ciclos de luz e pela
escuridão. São esses controles biológicos fundamentais que estão
em perigo. A variação sazonal e a intensidade da luz do dia
controlam a floração, o crescimento e o estado de dormência nas
plantas e nos animais; as mudanças sazonais na iluminação
ambiente controlam a hibernação, a migração e o acasalamento.
Expor as pessoas ao brilho incessante da luz artificial por um
número de horas maior do que o dia claro em si é problema na
certa. Até 75 anos atrás, passávamos até quatorze horas por noite,
dependendo da estação, no escuro.
Por volta de 1920, a maioria das pessoas tinha condições de
manter as luzes acesas durante umas duas ou três horas à noite.
Tinham condições de comprar uma ou duas novas “lâmpadas”
elétricas de Edison, e também a eletricidade necessária para
mantê-las acesas, porque a mesma fonte de energia estava
construindo uma economia que utilizava uma

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enorme força de trabalho. As luzes geravam empregos para pagar
por elas. No final da década de 1920, as caras máquinas instaladas
nas fábricas já haviam começado a funcionar junto com os
ponteiros do relógio. De repente, estavam rodando durante as 24
horas do dia, enquanto, apenas uma década antes, a energia
proveniente do gás era cara demais para ser usada durante a noite
inteira. Antes da eletricidade, as fábricas só funcionavam durante
dez horas. Essa segunda Revolução Industrial remapeou o
panorama econômico.
O trabalho noturno trouxe mais dinheiro de várias maneiras. Não
apenas forrou os bolsos dos donos das fábricas; gerou também
mais empregos e dinheiro para uma subclasse econômica de novos
imigrantes. O mais importante, porém, é que o trabalho noturno
trouxe com ele uma economia de serviço. Essa economia fez
proliferarem transportes, restaurantes e mercados 24 horas,
quadras de tênis e jogos de beisebol noturnos, pontos de jogo e por
aí vai. A eletricidade alimentou o telefone, que é a base de nossa
atual capacidade de comunicação de ficção científica, e que
permitiu que os pequenos mercados se tornassem globais. Existe
até uma nova pérola de terminologia, na língua inglesa, para este
fenômeno, graças à Internet: 24 por 7. Foi um golpe de sorte
ridiculamente terrível, num século que de outra forma seria bem
interessante, o fato de que, exatamente ao mesmo tempo que o
açúcar começou a ser usado para preservar e embalar “comida”
industrializada, nós tivéssemos a oportunidade de ficar acordados a
noite toda para comê-lo.
É claro que, naquela época, não havia muitos alimentos
industrializados no mercado; porém os que existiam utilizavam
xarope de milho altamente refinado (em máquinas industriais) para
evitar perda de umidade e aumentar a vida de prateleiras de
produtos. Muitos alimentos industrializados ainda usam o mesmo
conservante. Até os pãezinhos de aveia adoçados com mel, feitos
com grãos integrais e de baixos teores de gordura, bem
embaladinhos, que você encontra próximo às caixas registradoras
dos minimercados, são preservados com açúcar. É altamente
esclarecedor observar, neste ponto, que a incidência de diabetes
Tipo II caiu tremendamente durante as duas guerras mundiais,
época em que o açúcar era racionado.

O INSTRUMENTO DA MORTE

Para entender por que os carboidratos são o instrumento da morte,


precisamos de um pouquinho de ciência. Só recentemente a ciência
ea
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medicina começaram a reconhecer uma condição chamada
hiperinsulinemia crônica. Este é o termo que designa a insulina
elevada crônica, produzida no próprio organismo. Isso só pode
ocorrer quando a pessoa consome carboidratos de forma crônica.
Na natureza, nunca seria possível uma pessoa comer carboidratos
de forma crônica. As árvores e plantas dão frutos apenas em uma
estação e floresce na outra. Viver só de açúcar por mais de um ou
dois meses não seria possível, a menos que você estivesse se
preparando para hibernar, como uma marmota, durante um longo
sono de inverno.
A mídia não fala muito sobre insulina, a não ser em relação ao
diabetes do Tipo I; por isso mesmo, as pessoas pensam na insulina
como um remédio para os diabéticos do Tipo I – que, seja por
razões virais ou por serem auto-imunes, não conseguem fabricar a
própria insulina.
A insulina é o elemento central em ambas as formas de doença,
pois ela controla o nível de açúcar no sangue ao se encaixar nos
receptores das células como uma chave que abre uma tranca. Uma
vez abertos os portões, o açúcar presente no sangue pode entrar e
energizar todas as células do organismo. A resistência à insulina é a
incapacidade do corpo em responder à insulina que é produzida
normalmente, porque os receptores recuam para salvar sua vida.
Cada função do seu corpo – desde a comunicação básica molécula
a molécula até operações complexas, como o controle do apetite ou
da temperatura – está numa estreita zona de normalidade chamada
homeostase. Um recuo dos receptores de insulina é uma tentativa
de controlar a quantideade de açúcar permitida. Insulina demais
não é normal.
A pista reveladora de nosso destino ameaçador é que a incidência
de resistência à insulina vem ocorrendo em pessoas cada vez mais
jovens. A população inteira está envelhecendo em ritmo acelerado.
A resposta lógica seria reequipar todas as indústrias alimentícias e
aconselhar as pessoas a evitarem o açúcar, certo? Foi essa a
nossa abordagem em relação á gordura, e a população aderiu em
massa. Acredite em nós, com o açúcar isso não seria assim tão
fácil. Seria mais parecido com Proibição. Somos tão viciados numa
dieta de baixo teor de gordura e alto teor de açúcar quanto os
alcoólatras são viciados em álcool, porque os altos níveis de
insulina criam, no cérebro, o mesmo estado criado pelo álcool.
Os alcoólatras “dormem” depois de um pileque não apenas
porque o álcool em si temum efeito sedante sobre seus receptores
opiáceos, mas
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também porque a enorme carga de carboidratos da uva, dos grãos,
da batata, do cactus ou, no caso do rum, da cana-de-açúcar contida
na bebida literalmente os faz adormecer. Lembre-se disso toda vez
que tomar aquela taça de vinho após o jantar. O pico de insulina
depois de um pileque transforma a serotonina do cérebro em
melatonina – e isso quer dizer luzes apagadas. Em nossa cultura,
ingerimos tantos carboidratos num único dia quanto um
bêbado durante um porre. Para ele e para nós, a recuperação
natural é a mesma.
Dormir.

A RESSURREIÇÃO DA VERDADE

Será que a perda de sono pode estar destruindo o relógio endócrino


que controla o ganho de peso? Será que a quantidade de horas que
você dorme realmente pode controlar seu apetite? Nossas
descobertas são quase simples e extraordinárias demais para se
acreditar. Mas aqui gostaríamos de recordar a legendária regra da
lâmina de Occam, que diz: “Em condições iguais, a resposta mais
simples é sempre a correta.” Sabemos que, para a maioria de nós o
que estamos dizendo é algo como descobrir que tudo aquilo que
você acreditou desde pequeno é mentira. E é! Você não quer
saber?
Ocorre que tudo o que era fato sobre nossa saúde acaba não
sendo mais do que conjecturas absurdas. Conjecturas que não têm
evidências científicas que as apóiem. Conjecturas que, para
algumas pessoas, fizeram sentido.
Só que não fazem mais.

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DOIS
No escuro:
Um evento no nível de extinção

Dormir, talvez sonhar.


- William Shakespeare,
Hamlet, 3.2.54, 1554
Dormir, talvez sonhar,
quem sabe transformer a realidade.
- Sony Corporation, 1997

Ó tu, escuridão, envolve o espírito daqueles que ignoraram a tua


glória. Leva-nos agora.
- Mayra Montero, uma prece para os que estão
morrendo, extraído de you, Darkness, 1999

O suave conforto proporcionado pelos sons dos anfíbios na noite


está profundamente enraizado na consciência humana, assim como
a música prateada do som da água correndo. A batida dos oceanos
na praia, uma borbulhante fonte romana, grilos cantando e sapos
coaxando – tudo isso antecipa o bem para a humanidade. E nós
contamos com isso. Desde o primeiro dia da criação que nos
sentimos seguros ao ouvir esses sons, pois eles sempre se
traduziram em sobrevivência: comida, água e companhia.
Agora, porém, tudo isso está mudando. Os sapos andam quietos
demais. O silêncio está ficando surdo. Os anfíbios, sapos e rãs
estão morrendo sob cinscunstâncias misteriosas. Em alguns casos,
nem os corpos são encontrados. De acordo com a revista New
Scientist, no Parque Nacional de Causuco, em Honduras, várias
espécies de sapos selvagens desapareceram sem deixar rastro; e
também não há mais

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girinos. Na Austrália, quatro – nem uma, nem duas, nem três: quatro
– espécies desapareceram das florestas de Queensland. Na ilha
havaiana de Kauai, um tipo de rã que antes abundava na região
simplesmente não existe mais. Os nativos disseram aos
pesquisadores que todos os sapos tinham “ido embora” um dia.
Essas criaturas, agora ausentes, viviam em delicado equilíbrio entre
água e terra, ar e luz.
Assim como nós.
É uma perspectiva apavorante compreender que, no final, o nosso
desaparecimento – assim como o dos anfíbios – vai ocorrer, mais
provavelmente, como um colapso geral e inespecífico, e não por
causa de um asteróide cadente ou um holocausto nuclear.
Sabemos que já começou. Nós, os seres humanos vivos de hoje,
estamos disparando rumo à extinção.
O LIVRO DOS MORTOS

Será que nossa extinção é iminente? As perspectivas contrárias a


ela não são boas. Já aconteceu mais de uma vez – e pode
acontecer de novo. Trinta milhões de espécies vivem atualmente
conosco no planeta, e muitas milhões de outras já viveram conosco
e desapareceram. Os especialistas em extinção concordam que a
biodiversidade está desaparecendo rapidamente, particularmente
quando a gente se dá conta de que ocorreram apenas algumas
extinções importantes, ao longo dos últimos três bilhões e meio de
anos de vida do planeta. Talvez esse seja apenas o curso natural
das coisas, a Idade do Gelo que está chegando. O mais provável,
porém, é que tudo isso tenha sido inventado por nós mesmos. Seja
qual for a causa, o registro histórico verifica os sinais, e esses sinais
estão em toda parte. Da queda das taxas de natalidade ao aumento
absurdo de diabetes e do câncer, muitos de nós não estão
“qualificados” para viver. Alguns estão a ponto de seguir o caminho
de outros ramos menos adaptáveis de nossa família, como o Homo
habilis, o Homo erectus ou o Homo neanderthalensis. Alguns
desses hominídios foram superados, em número, por outros ramos
da família, mas a maior parte deles simplesmente eram menos
adaptáveis. Quando você transforma o ambiente, o hambiente
transforma você – se seus genes assim o permitirem.
Toda a nossa atual configuração genética evoluiu num período
ocorrido antes de termos a habilidade de trazer a luz à escuridão só
porque assim o quisemos um dia – algo tão inimaginável quanto
poderia

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parecer. Nossa primeira investida no terreno do controle celestial –
o fogo – transformou aqueles, dentre nós, que tinham condições de
ser transformados. O domínio e o uso do fogo foi a primeira
descoberta que aumentou nossos dias e encurtou nossas noites.
Noites mais curtas significam menos melatonina. Menos
melatonina significa mais estrogênio e testosterona, mais
cortisol – e, é claro, mais insulina. Aqueles de nós que
conseguiram se adaptar a uma vida com menos sono, mais
carboidratos e o aumento da fertilidade que isso trouxe,
sobreviveram. Os que não conseguiram se adaptar morreram,
incapazes de sobreviver ao novo ambiente.
O maior réquiem de morte que se seguiu foi a maciça extinção
humana que acreditamos deva ter ocorrido bem no limiar do
advento da agricultura. Como qualquer outro animal, nós nascemos
para caçar à luz do dia – seja à cata de frutas e peixes no verão ou
de porcos selvagens e cascas no inverno – e para descansar no
escuro. Cultivar grãos perto dos locais onde vivíamos mudou tudo
isso. Embora o suprimento de energia fornecida por carboidratos o
ano inteiro tenha nos ajudado a ser mais populosos do que
qualquer coisa viva, exceto os micróbios, este novo milagre – a
agricultura – também nos proporcionou a primeira praga auto-
infligida. A mudança relativamente súbita na concentração e no
tempo de ingestão da nova alimentação à base de carboidratos
acabou com muitos de nós ao perturbar o equilíbrio de nossa
nutrição, que era 90% proteína e, de repente, passou a ser 80%
carboidratos (ou seja, açúcar).
Em todo o período prévio da vida humana, ainda que os
carboidratos estivessem disponíveis nos meses que vão da
primavera ao final do outono, nós nunca os desejamos
intensamente até as horas de luz do dia mudarem, ou seja, quando
março virava abril e quando abril virava maio. Por volta de junho e
julho, nossas noites duravam apenas sete ou oito horas, em
comparação com o auge do inverno, quando a escuridão duvara
pelo menos treze horas por dia.
A agricultura significava que, de repente, passávamos a viver com
uma quantidade de carboidratos (açúcar) cada vez maior, até por
um período superior a um ano inteiro, devido à nossa habilidade de
controlar os períodos de crescimento das lavouras. Depois de
atravessar centenas de milênios e algumas Idades do Gelo sem
comer açúcar fora da estação, a rapidez (em termos evolutivos)
com que ele chegou causou o mesmo tipo de morte que estamos
testemunhando atualmente.

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Nosso colapso geral e inespecífico mais recente começou com a
chegada da eletricidade. Nossa primeira manobra inocente foi
carregar as brasas incandescentes que sobrevam da queda dos
raios. Aquele “fogo” tinha possibilidades reais. Em seguida, demos
um jeito de aprender a reanimar as brasas que haviam esfriado. E
assim vivemos por talvez um milhão e meio de anos; depois, em
menos de uns ínfimos oitenta anos, resolvemos morar com os
deuses.

LUZES INTENSAS, GRANDES CIDADES, MUITO DINHEIRO

Dessa vez, a gente fez melhor: aprendemos a recriar o raio que nos
trouxe a mágica das brasas ardentes. Passamos a deter o tesouro
do deus Thor. O controle sobre a energia primal do raio nos deu as
chaves do reino; agora vamos pagar por isso.
Desde meados do século XVIII até o final do século XIX, europeus
como Michael Faraday, Alesandro Volta e alguns outros dispersos
pelo mundo perseguiram o magnetismo até que a natureza, sob a
forma de elétrons, perfilou-se e bateu continência. Agora, oito mil
anos depois do início da agricultura, nós, os arrependidos
sobreviventes dessa última grande ameaça da humanidade,
enfrentamos um novo tipo de extinção: a luz artificial, a nós
proporcionada por Thomas Alva Edison, o Homem do Milênio,
segundo a revista Look.
Em 1831, Michael Faraday criou o gerador elétrico. Edison viu o
aparelho na Exposição de Filadélfia e, assim diz a história, foi
inspirado – tão inspirado que veio a se tornar o Bill Gates do século
que então se iniciava. A lâmpada elétrica, o fonógrafo, partes do
telefone e seus fios e ainda o projetor de cinema – tudo saiu da
mente desse único homem.
Em 1877, ele tomou dinheiro emprestado com J. P. Morgan e lhe
prometeu uma lâmpada elétrica. A equipe inglesa de Sawyer e
Mann estava bem próxima de produzir a sua, e Edison queria
derrotá-los. Por volta de 1878, ele ainda não tinha uma lâmpada
que funcionasse. Um ano depois ele havia perdido sua família e seu
dinheiro, e nada de lâmpada. Naquele ponto, porém, ele ainda
enxergava.
Sob a mira de um revólver, por assim dizer, ele trabalhou 24 horas
por dia durante três semanas inteiras, com apenas uma muda de
roupa e uma equipe de quinze homens. Fumava vinte cigarros por
dia, bebia sem parar e não dormia um minuto sequer. Durante
aproximadamente quinhentas horas, com apenas um ou outro
cochilo de vinte minutos

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aqui ou acolá, Edison examinava filamentos incandescentes em
tubos no vácuo, tentando descobrir um que pudesse ser
confiavelmente religado.
Ele tentou de tudo, desde platina a bambu, passando até por linha
de costura assada (cujas fibras, ao serem queimadas, produziam
carbono). Queimou filamento por filamento, até que um deles ficou
aceso durante treze horas. Depois, meio cego, ele finalmente foi
dormir, graças ao uísque e a uma quantidade razoável de morfina.
Na manhã seguinte, ele convocou uma coletiva de imprensa e
anunciou uma demonstração. Três mil pessoas foram a Menlo Park,
em New Jersey. Edison havia espalhado fios e uma centena de
lâmpadas por toda a pequena cidade. Durante a demonstração, ele
prometeu encher Nova York de luzes dentro de um ano; só isso já
fez dele uma “personalidade”. Embora não tenha cumprido a
promessa, dois anos e 3,22 Km de fios mais tarde, cerca de
quatrocentos metros de Pearl Street, no centro de Nova Yoirk,
ganharam 2.323 lâmpadas que funcionavam. Sua busca
enlouquecida pelo filamento perfeito lhe custou sua família, pelos
menos metade de sua visão e uma parcela ainda maior de sua
saúde. Desde aquele período, ele nunca mais consegiu dormir, de
dia ou de noite, sem morfina. Mas ganhou a briga.
E sua conquista reconstruiu o mundo, em termos permanentes.
Em apenas dois curtos anos, que culminaram em uma noite muito
clara, tudo mudou para sempre. Nossa forma de comer, dormir,
viver e morrer nunca mais foi a mesma. Embora isso não sirva de
muito consolo, aqueles anos também mudaram o próprio Edison.
Ele se associou aos ingleses, em 1900, para fundar a General
Electric, e perdeu uma amarga batalha AC/DC para a
Westinghouse. Embora tenha morrido só um pouco doido, tinha
entre seus amigos íntimos homens como Henry Ford e Harvey S.
Firestone. Afinal, os carros precisavam de pneus e de faróis.

BEM-VINDOS AO PARADOXO

Por volta de 1925, todas as cidade americanas, não importa o


tamanho, estavam acesas; só as áreas rurais ficavam para trás. É
um ponto importante o fato de que as áreas rurais ainda são os
locais onde a extrema longevidade ocorre com maior freqüência
entre os americanos. Todas as doenças contra as quais a medicina
moderna declara guerra nunca parecem atingir esses agricultores
de noventa anos de idade, que

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passaram a vida inteira comendo bacon, ovos e manteiga. A mídia,
que segue a atual sabedoria médica do baixo teor de gordura,
considera isso um paradoxo. Nós não.
Para nós, existe uma correlação entre esses exemplos de menos
doença e vida mais longa e o fato de a eletricidade ter chegado
mais tarde. O REA (Rural Electrification Administration), que foi
fundado em 1935, foi criado porque menos de onze fazendas, num
universo de cem, possuíam eletricidade naquela época. Em 1950,
trinta das cem tinham luz, mas só no finalzinho da década de 1970
é que 99% delas possuíam rede elétrica e luz. O REA ainda é uma
organização viável e ativa, que leva rede elétrica e luzes que ficam
acesas 24 horas por dia aos territórios americanos e a Porto Rico,
para que todos possamos morrer juntos.
O clima, o suprimento de alimentos e a competição sexual
serviram para nos adaptar, a nós e a outras espécies, ao ambiente
e ao tempo em que vivemos. Somente na última metade do último
milhão de anos, mais ou menos, é que nós, humanos, decidimos
tomar a nosso cargo a tarefa de criar os meios para nossa extinção,
e para a extinção de incontáveis outras espécies. A eletricidade não
só nos trouxe luz infindável, renovável e barata; deu-nos também os
meios de controlar tudo na natureza, tanto plantas como animais.
Iluminar o escuro significava que podíamos ter tratores com faróis e
microscópios com luzes internas, e que podíamos controlar outras
espécies com estímulos e cercas elétricas.

EX-PLICAÇÕES

Na verdade, não podemos lutar contra o futuro, mas sem dúvina


nenhuma podemos adiá-lo. A partir do momento em que
entendermos de verdade os pontos-limite e os mecanismos
sinérgicos da vida aqui na Terra, será possível mexer nos botões
para tentar driblar a extinção. Neste momento, não há esperança de
controle, porque os americanos estão sufocando e, em última
análise, morrendo debaixo de pilhas de informações
incoerentes.
A televisão repete o dia inteiro, programa após programa, as mil
maneiras de “diminuir a ingestão de gorduras e aumentar os
exercícios”, enquanto seu médico faz coro. Nos Estados Unidos, a
Nabisco repõe “a gordura” (?) nos biscoitos SnackWell. O Fen-Phen
é retirado do mercado, e depois restituído. As vendas do Prozac vão
à extratosfera. Os

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jornais, é claro, confundem o público ao divulgar, prematuramente,
qualquer esperança de salvação, por menor que seja: Angiostatin,
Endostatin, Tamoxifen, Raloxifene, Mevacor, Provachol, Zyban,
Allegra, Valtrex (“tem a ver com a supressão”) – e, é claro, os
primos-irmãos do Fen-Phen, Meridia e Orlistat. Para aqueles de nós
que estão cansados ou ligados demais para sacudir a poeira, tem o
Tylenol PM – e finalmente o Viagra. Enquanto isso, você, sua
família e os amigos ficam cada vez mais doentes.
Nossa intenção é lhe contar o que tudo isso significa. Nos
próximos capítulos, vamos lhe dar uma idéia geral do que existe
além da linha mutante que define os limites de seu conhecimento. O
mundo é muito mais estranho do que pensamos. A física
newtoniana é apenas a ponta do iceberg. Há um universo quântico
lá fora, especialmente quando se trata da sua saúde. Os aspectos
incompreensíveis dos mapas cósmicos, seu comportamento, sua
sorte sob a forma de seus genes, e a doença, tudo isso está
conectado em níveis cada vez mais elevados de interatividade,
onde tudo se junta para formar um noto tipo de sentido – que
significa muito mais do que você jamais imaginou.
Nada acontece em contradição com a natureza, somente em
contradição com aquilo que sabemos sobre a natureza.
A mecânica quântica é um exemplo perfeito. A física newtoniana
nunca poderia acomodar a luz. Maçãs em queda, a conseqüente
velocidade, até algum tipo de puxa-empurra sob a forma de
gravidade, talvez, mas jamais a essência quântica da luz, a luz do
sol vem em pacotes de energia, a que chamamos fótons. Esses
pacotes de energia luminosa, também chamados de quanta, são ao
mesmo tempo uma partícula e uma onda. Imagine uma bola de luz
que quiçá e, à medida que quiçá, solta uma trilha de luz. Essa bola
quicante de luz – o fóton – também é uma onda de energia. A onda
de luz que fica pode ser calor, luminosidade ou energia vibratória,
dependendo do ritmo das quicadas. A luz, a temperatura e a
gravidade controlam todo o metabolismo de energia e a reprodução,
no nível molecular, em cada canto desta terra. Conseqüentemente,
controla sua saúde e sua própria existência.
Na edição de 5 de junho de 1998 da revista Science, Jay Dunlap,
do departamento de bioquímica da Escola de Medicina de
Dartmouth, admitiu abertamente:

Os ritmos circadianos e os osciladores celulares que


estão abaixo dele são onipresentes – e por uma boa
razão. Para a maioria dos

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organismos, a aurora significa comida, predação e
mudanças em todas as variáveis geográficas que
acompanham o sol: calor, ventos e assim por diante.
Quando o sol nasce, é um acontecimento – e a maior parte
das coisas vivas tem seus dias contados a partir de um
relógio interno que é sincronizado por senhas externas.
Devido a essa pressão evolutiva comum e ancestral, os
relógios circadianos devem ter evoluído muito cedo, e os
elementos comuns tendem a estar presentes ao longo de
toda a árvore evolutiva, de cima abaixo. Uma série de
artigos que apareceram esta semana nas publicações
Science, Cell e Proceedings of the National Academy os
Sciences revelam um padrão interessante na “mecânica”
dos osciladores circadianos dos seres vivos, desde os
fungos até os mamíferos – e isso nos dá uma visão mais
aproximada da forma como as engrenagens dentro do
relógio fazem funcionar o sistema circadiano de
realimentação e retorno.

O que o homem quis dizer é que nós, e todas as outras formas de


vida, desde o plâncton e os fungos até os elefantes e as formigas,
estamos cincronizados com a órbita e a rotação da Terra, fora e
dentro da luz do sol, de modo a garantir a cada um uma cota de
alimento. Todas as coisas, grandes ou pequenas, possuem
sensores internos de sol, que medem o tempo com relógios
moleculares presentes em todas as células, que por sua vez trocam
entre si enormes tesouros de genes reguladores que entram e
saem. A luz, seja ela uma partícula ou uma onda, sempre provoca
reações bioquímicas. A esfera inteira esquenta e esfria, esquenta e
esfria, várias vezes, dia sim dia também. As plantas crescem. Os
animais as comem e devoram uns aos outros. Nós morremos e
viramos fertilizantes. As plantas crescem – e começa tudo de novo.
Um mundo sem fim. Amém.
Toda essa química selvagem está acontecendo numa terra que
gira, roda e oscila – e que toca como um sino (é o que você ouviria,
se pudesse escutar a canção do cosmos, do espaço sideral). O sol
metaboliza e inspira. A Terra se ergue e suspira – e nós e os vermos
tornamos tudo isso que existe fértil de novo. Os antigos estavam
certos. Existe um fluxo circulante de energia em constante agitação,
movido pela luz. Cada parte de nós lê as mudanças na intensidade
e no espectro da luz. Quando você coloca as costas de suas mãos
na janela, as células chamadas criptocromos, que estão em sua
corrente sangüínea, captam o espectro azul da luz através de sua
pele. Esses criptocromos carregam

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então um pedaço do céu por toda parte, dentro de você. A energia
da luz e os carboidratos (açúcar) que você come mantêm até a
bactéria simbiótica que vive nas profundezas de seu ser crescendo.
E, como recompensa por ser um bom hospedeiro, elas o mantém
crescendo também.
Nós e todos os outros seres vivos da Terra somos verdadeiros
seres da luz.
Para dar algum sentido às “doenças” como obesidade, diabetes,
doenças cardíacas e câncer, tudo o que você precisa entender são
suas conexões fisiológicas com a Terra, o sol e o céu. A menos que
um micróbio, vírus, toxina ou tigre peguem você de jeito, todos os
outros “estados de doença” podem ser explicados pela identificação
da função que aquela “doença” específica pode ter tido na cadeia
evolutiva, e pela localização do estímulo cultural moderno que
desencadeou a resposta fisiológica ancestral. Nós, como
pesquisadores, fizemos isso com a obesidade e o diabetes, em
relação à variação sazonal no estoque de alimentos e na duração
do dia. Fizemos isso com doenças mentais, infertilidade e perda de
sono. Ao examinarmos a alimentação, o sono e a reprodução,
descobrimos que o câncer e as doenças do coração também têm
uma explicação biofísica. Estamos prontos a apostar que tudo o
mais também pode ser explicado.

NO MUNDO DAS MARGARIDAS

Na década de 1970, um homem chamado Lovelock propôs uma


teoria que dizia que toda vida na Terra se auto-regula. Chamou sua
teoria de Gaia. Em termos bem simples, é o conceito de que a terra,
as rochas e tudo o mais são seres tão vivos quanto nós. Assim
como nossos corpos, a Terra mantém o próprio equilíbrio físico. Na
época, ninguém, salvo uns poucos ambientalistas, comprou a idéia.
A premissa de Lovelock era vantajosa para os ambientalistas, pois
faz sentido presumir que, se nós podemos morrer, uma Terra viva
também pode.
Embora a idéia possa parecer simplista, os componentes
subjacentes da teoria de Gaia envolvem muitas disciplinas –
metereologia, oceanografia, entomologia, antropologia e geologia,
só para citar algumas. Um modo fácil de entender a hipótese Gaia é
observar o modelo do Mundo das Margaridas. Lovelock chegou à
conclusão de que todos os organismos alteram seus ambientes só
pelo fato de existirem – e que o

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ambiente alterado, por sua vez, muda o organismo – que, de novo,
altera o já alterado ambiente, que certamente transforma ainda mais
o organismo, e assim sucessivamente.
Aceitando essa premissa como a regra fundamental da via, vamos
ao Mundo das Margaridas, onde as únicas formas de vida que
existem são margaridas pretas e brancas. No início desse nosso
hipotético Mundo das Margaridas, quando está escuro e frio, uma
margarida preta possui vantagem seletiva, pois consegue absorver
toda e qualquer luz solar disponível, por menor que seja. Em outras
palavras, como ela tem calor suficiente para se reproduzir, pode
espalhar a característica da cor preta. As margaridas brancas não
conseguem bons resultados porque não conseguem absorver calor
suficiente para florescer e se reproduzir.
Temos aqui uma dose de darwinismo puro: é a proliferação da
característica da cor preta (ou seja, o crescimento de mais
margaridas pretas) que aumenta a temperatura do mundo o
suficiente para que as margaridas brancas possam começar a
florescer. Quando as margaridas brancas se multiplicam, o mundo
começa a esfriar de novo, e aí as margaridas pretas florescem
novamente.
Aqui, o princípio importante de Darwin é que, quando as
margaridas brancas começam a tomar conta do mundo, é sinal de
que a temperatura do planeta já chegou ao ponto em que o fato de
ser preta não confere mais uma vantagem seletiva ao outro tipo de
margarida. No Mundo das Margaridas original, a alteração do meio
ambiente que resulta da proliferação de uma característica
específica acaba por reduzir a vantagem daquela mesma
característica. Em outras palavras, a vida se auto-regula. Todos têm
uma chance.
Embora esse argumento possa parecer muito restrito à questão
do controle do clima, seus princípios se aplicam a qualquer variável
ambiental que possa afetar o crescimento. E qualquer pressão
seletiva que pode afetar a liberação de hormônios afeta o
crescimento.
Agora, você está começando a perceber aonde queremos chegar.
Essa auto-regulagem é uma propriedade do sistema da vida
como um todo,intrinsecamente atrelado ao seu ambiente. Além do
mais, a evolução dos organismos e de seu ambiente são tão
intimamente ligadas que ambos formam um único processo
individual. Plantas, pessoas, animais, rochas e céu, tudo é uma
coisa só, um organismo físico gigante que depende tanto da energia
solar como do alívio do sol.
O calor do sol, que as margaridas absorvem, sempre aumenta.
Isso provoca movimento no ar, o que sempre significa vento. O
vento

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provoca ondas no oceano. As microalgas presentes na água que
bate podem viajar até alturas que chegam a 4,6 mil metros,
enquanto os sulfitos que elas contêm recolhem o vapor d’água
presente nos pontos quentes das margaridas pretas e formam
nuvens. Isso significa que as nuvens possuem vida. Enquanto as
algas se reproduzem nas nuvens, a 4,6 mil metros de altura, elas
produzem calor, que provoca chuva. A chuva esfria o planeta ao
mesmo tempo, para que todo o processo recomece.
E onde é que nós nos encaixamos, nesse sistema de vida
aspirante, suspirante e multiorgânico?
A maioria de nós perambula pelo mundo se esquecendo que é
parte dele; a verdade, porém, é que nós vivemos no Mundo das
Margaridas. Quando você caminha pelo jardim ou no parque,
enquanto suas pernas roçam as plantas, as plantas enviam umas
às outras moléculas de comunicação – os feromônios que avisam
que você está vindo. Quando as plantas que estão à sua frente
recebem essa mensagem molecular das plantas que você acabou
de saltar, passam por uma alteração bioquímica: tornam-se
túrgidas. Essa rigidez é um mecanismo de autodefesa, que as
protege de quaisquer danos que você possa causar. Para as
plantas, o sacrifício de algumas em favor da maioria sigfnifica uma
chance na luta para serem a maioria.
Os princípios darwinianos da seleção natural e das características
favoráveis são uma combinação ainda mais poderosa quando você
os expressa assim: os tipos de vida que deixam o maior número de
descendentes acabam por dominar o seu ambiente. Aí, realmente,
passa a ser um caso de “ter cuidado com o que você deseja”,
porque, ao espalhar as características que lhe deu o predomínio,
você automaticamente garante que aquela característica se tornará
a menos valiosa. Nunca se esqueça das margaridas pretas, e de
que as mudanças que um organismo provoca no ambiente podem
ser favoráveis ou desfavoráveis ao crescimento.
É precisamente o que está nos acontecendo agora.
Quando descobrimos as utilizados do fogo e o levamos para
dentro das cavernas, o excesso de luz durante a noite suprimiu
nossa melatonina. A falta de melatonina, que normalmente
suprimiria os hormônios sexuais como o estrogênio e a
testosterona, aumentou a fertilidade daqueles que foram
suficientemente espertos para dominar o fogo. Nossas
características nos tornaram, então, naturalmente escolhidos, pois,
com o aumento da fertilidade, deixamos mais descendentes.

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No entanto, quando esses descendentes descobriram a
eletricidade e todo mundo passou a poder deixar as luzes acesas o
tempo inteiro, a mesmíssima característica que nos tornou os
sobreviventes líderes – nossa capacidade de controlar o ambiente –
“mudou de novo a temperatura do ambiente”, por assim dizer.
Ao levar as coisas longe demais, ao transformar a noite em dia,
cruzamos a fronteira. E alteramos novamente, de maneira
fundamental, os requisitos para a homeostase. No passado, os
hormônios extras – insulina, estrogênio e testosterona –, que
permitiam que nos reproduzíssemos durante o período de
escuridão, ampliaram nosso potencial reprodutivo ao nos conseguir
“dias” a mais, que os outros animais não tinham. Com isso, todos os
nossos hormônios sexuais em excesso não são suprimidos pela
melatonina normalmente controlada pelo planeta, porque as luzes
estão sempre acesas. Os hormônios sexuais fornecidos pelo fogo
aceso, que nos tornaram capazes de procriar o ano inteiro, agora
provocam o crescimento desordenado do câncer. Mais uma vez,
estamos ameaçando o equilíbrio. Exatamente como no Mundo das
Margaridas, a característica que nos deu condições de deixar mais
descendentes – maior fertilidade em função da não supressão da
melatonina pela luz – agora auto-regula nossa população através
do câncer.
A natureza odeia coisas boas em excesso.
O mesmo princípio se mantém quando analisamos o advento da
agricultura. Aqueles que foram espertos o suficiente para gerar um
estoque de plantas (carboidratos) o ano inteiro e conservá-los para
a época da fome (o inverno) foram recompensados com mais filhos.
No início, também, a dieta com maior quantidade de carboidratos,
que aumentou nossa insulina, aumentou também as chances de
termos gordura corporal para o inverno. No entanto, à medida que a
característica de se manter gordo o ano todo se espalhou, a
quantidade de insulina que precisávamos por apenas três ou quatro
meses no ano passou a causar novos problemas, com a obesidade
seguida de diabetes. Toda vez que um organismo conquista um
diferencial, o ritmo natural da vida – um passo à frente, dois para
trás – segura esse diferencial. Isso tem a ver com equilíbrio.
A vida dança. Nunca fica parada.

VOZES ALIENÍGENAS

Se você curvar sua cabeça por um momento apenas, em total


silêncio, quase poderá ouvir uma voz que emana de dentro. Essa
voz é um

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padrão de explosão de neurotransmissores dentro de sua
consciência, que vem sendo afiado há milênios. Essa voz é o
“instinto”.
O sono é um instinto.
Quando você está cansado, seu instinto é dormir.
Por que você luta contra isso?
Se você for bem-sucedido demais, a natureza vai lhe roubar seus
descendentes de qualquer jeito.
Todo mundo sabe a verdade. E a gente sabe num nível tão
profundo que, em toda nossa “arte” humana, desde o desenho
animado mais primário, as plantas e os animais cantam e dançam,
e as nuvens sorriem. Não os estamos antropormofizando; estamos
simplesmente relembrando como as coisas eram. Pense nas
margaridas em O Mágico de Oz, cantando: “Saia do escuro e venha
para a luz”. É absolutamente assustador como o “plano do jogo” é
intrinsecamente tecido nas malhas de nosso tipo de vida. Tão
estranho é o conceito, tão completa a amnésia de nossa espécie,
que lhe oferecemos uma pequena homilia:
Se você não dormir a noite inteira, talvez consiga terminar o
trabalho.
Se você não dormir por uma semana inteira, não apenas o seu
trabalho vai sofrer: você pode morrer.

TODAS AS MENTIRAS LEVAM À VERDADE

O cair da noite, clássico de Isaac Asimov, acontece num planeta


que está na órbita de cinco sóis. Nessa história, o mistério proposto
é descobrir por que essa civilização entra em colapso a cada dez
mil anos. Curiosamente, o colapso sempre coincide com um raro
evento astronômico, no qual quatro dos sóis estão abaixo do
horizonte e o quinto sofre um eclipse total da única lua do planeta.
Quando a história começa, esse evento está prestes a acontecer de
novo.
A solução para o mistério é tão inevitável quanto o nascer do sol,
quando o leitor compreende que a escuridão à noite é o terror final
para um povo que, a vida inteira, só conheceu luz perpétua;
Do jeito que combatemos o sono, é quase isso o que acontece
com os americanos de hoje. Quando a escuridão à noite realmente
ocorre, durante um eclipse, o efeito é quase o mesmo do cair da
noite, que há muito tempo não vivenciamos. Uma sombra surge
rapidamente do oeste e então, enquanto a lua dá a primeira
mordida no sol, ouve-se um fantástico barulho, pois os pássaros,
em pânico, voam para seus ninhos
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– levados a pensar quer a noite caiu de repente. Ao mesmo tempo,
a temperatura cai precipitadamente. Sem a proteção da luz elétrica,
a experiência é ao mesmo tempo impressionante e singela.
Na história de Asimov, isso acontece apenas uma vez a cada dez
milênios. E assim, uma vez após outra, os habitantes do planeta
são levados à loucura quando a noite cai pela primeira vez em dez
mil anos. Eles ateiam fogo em qualquer coisa que possam queimar,
numa tentativa desesperada de restaurar a luz, inclusive com o
registro da última vez que o fenômeno aconteceu. A única razão por
que nadamos em menos ironia é que, em nosso caso, o registro
chegou tarde demais para que nos lembrássemos da morte que se
seguiu à descoberta do fogo e ao advento da agricultura.
Em nosso planeta, as culturas ancestrais na Europa, África, Ásia
e nas Américas foram aterrorizadas além do que podiam suportar
por eclipses, que os antigos acreditavam ser um monstro comendo
o sol. Toda vez que esse monstro mergulhava a Terra inteira na fria
e densa escuridão da noite, nossos ancestrais se reuniam para
fazer tudo o que estivesse ao alcance deles para assustar o
monstro e afugentá-lo. Isso normalmente envolvia o rufar dos
tambores, além de gritar e berrar o mais alto possível.
A medicina vem adotando essa mesma técnica para curar a
obesidade, o diabetes, as doenças cardíacas e acima de tudo o
câncer. Será que algum dia essa forma de abordar as doenças e o
envelhecimento poderá salvar a sua vida?
Quem pode saber?
Naquele planeta longínquo, numa galáxia distante, o sol voltava
toda vez. É esse tipo de sucesso que alimenta a fé profunda em
falsos milagres.
E a ciência e a medicina estão cheia deles.
Desde The 8-Week Cholesterol Cure, publicado no início da
década de 1980, até o mais novo compêndio de todas as
tendências atuais, The Breast Cancer Preventio Diet, a medicina
vem prometendo uma cura após outra, sem que sequer se tenha
entendido o mecanismo da doença. Só à luz de uma visão geral da
interação subconsciente/inconsciente de todas as formas de vida
com as quais convivemos é que as “contradições” que os
pesquisadores médicos investigam o tempo todo podem ser
explicadas. A verdadeira razão pela qual não houve, e nem haverá,
qualquer progresso na questão da saúde em nível governamental
ou institucional é o fato de eles não entenderem isso.
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Compreender uma disfunção fisiológica humana é o mesmo que
colar um vaso quebrado. Você começa com as peças grandes – e,
finalmente, tudo o que resta é o ponto de impacto. No final, aqueles
fragmentos pequenos vão se juntar, mas você nunca poderia ter
começado por eles.
Aqueles fragmentos são as únicas notícias que chegam até o
grande público. É por isso que jornais e revistas estão cheios de
“descobertas de ponta” que ostensivamente vão mudar sua vida,
mas, em tempo real, jamais respondem por uma única cura.
Nos próximos capítulos, vamos examinar o estado da doença – e
depois levar em conta a biologia e o comportamento evolutivos,
provas clínicas, anedóticas ou folclóricas, práticas de várias culturas
e, finalmente, as estatísticas. Nesse ponto, formulamos
pressupostos, aos quais aplicamos a ciência da medicina molecular,
de genética, da psiconeuroimunologia e da neuroendocrinologia.
Em essência, vamos começar com o quadro mais amplo e depois
subdividi-lo para você, até chegar às moléculas.
Porque Deus está nas moléculas.

HOMENS DE BRANCO

Justiça seja feita aos médicos: é o sistema que está subvertido.


As faculdades de medicina presumem que algo tão básico como o
funcionamento do corpo tenha sido ensinado aos alunos antes de
chegarem à faculdade. A maioria dos futuros médicos que entrava
nas faculdades de medicina, no passado, vinham de programas de
ciências com duração de quatro anos em suas universidades. Isto
não é mais o que acontece no mundo todo.
Esses estudantes são convencidos por professores confiáveis de
que o corpo é um sistema linear e estático, que deve ser tratado
apenas durante as crises. A medicina preventiva é vista nos
Estados Unidos como uma espécie de medicina alternativa. E não
se ensina aos jovens médicos a arte de curar; ensina-se
farmacologia. As palestras sobre “drogas e fisiologia”, sempre muito
freqüentadas por esses novos médicos, de forma geral sustentam
essa abordagem de crise. Em última análise, os médicos
americanos aprendem que o paciente é curado quando eles dão
um jeito de apagar os sintomas da doença. Essa abordagem é
particularmente contraproducente e contra-intuitiva, porque todas as
doenças são

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definidas através de seus sintomas. Mas esse método é tudo que
eles têm.
É por isso que Mevacor, Provachol, Tamoxifen, Raloxifene,
Meridia e o grande Fen-Phen ressuscitado, ao lado do Prozac,
encabeçam a lista dos mais vendidos. Esses “remédios” obliteram
os sintomas de um mal maior, mais insidioso e mais invasivo, que
ainda precisa ser identificado pelas pessoas e pelos profissionais
que cuidam da sua saúde. A sabedoria médica atualmente aceita
não passa de um festival de imprecisões misturadas, para encobrir
o fato de que eles não têm sequer uma pista da verdadeira razão
pela qual estamos todos morrendo. A única esperança que os
médicos e pacientes têm é que os pesquisadores inventem uma
nova droga ou terapia genética.

MOSTREM O DINHEIRO

O modelo dentro do qual os pesquisadores devem funcionar, para


que continuem a existir, também é contraproducente. A pesquisa
farmacológica, nos Estados Unidos, é custeada principalmente
pelos fabricantes de remédios e pelo governo. Este método é o
que realmente bagunça a pesquisa e os pesquisadores. Até os mais
dedicados profissionais não conseguem, na realidade, pesquisar
nada, a menos que seja vendável.
A medicina é um grande negócio, como tudo o mais. A verdade
sobre a pesquisa é que a pesquisa não é feita para descobrir a
verdade, e sim para fazer dinheiro!
Se os pesquisadores ganham a vida sendo pagos para procurar,
eles procuram aquilo que o grupo que os paga quer que eles
encontrem. Ao se concentrarem nos potenciais de mercado do
produtor de remédios [laboratórios farmacêuticos!!!!] ou no dinheiro
tendencioso das fontes do governo, eles acabam fazendo
experimentos com peças pequenas, que nunca vão se encaixar.
Eles encontram respostas constantemente, sem fazer qualquer
pergunta. Os médicos e o público, no entanto, presumem que os
pesquisadores estão fazendo o que nós estamos fazendo aqui:
engenharia reversa. Só que eles não estão fazendo nada disso.
Toda a informação incoerente que o público recebe através da
mídia, sob a forma de releases, ou da televisão, vem de “pescaria”.
Os pesquisadores simplesmente continuam pescando no mesmo
laguinho limitado, tentando obter financiamento para os projetos da
moda e com retorno
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garantido, para que possam garantir os próprios salários. Depois
tentam fazer com que o que descobriram se encaixe no resto dos
dados que todos os outros já coletaram. Imagine esse processo
com algo parecido com palavras cruzadas: os pesquisadores
deduzem a resposta a uma determinada charada, depois
preenchem os claros, uma charada de cada vez, até que todos os
claros estejam preenchidos. Eles montam o quebra-cabeça, mas
mesmo com as respostas certas de cada charada, individualmente,
o conjunto completo ainda não diz nada. Depois eles apresentam
ao público um monte de respostas que não têm qualquer relação
coerente uma com a outra. É por isso que o pânico e a angústia
fora de controle continuam a crescer entre a população. Nada
parece fazer sentido.
Como os pesquisadores estão trabalhando sem uma hipótese,
eles não possuem um mapa da estrada de volta para casa. Com
essa abordagem, não há esperança de uma verdadeira
recuperação para nós; só uma dieta regular de comprimidos até
morrermos. As drogas caras não podem curar nenhuma de nossas
doenças, porque as doenças, numa escala evolutiva, são uma
resposta de “pressão ambiental”. Não são nenhum tipo de praga
real.
As novas drogas “milagrosas” são o pior de tudo. A premissa da
intervenção da droga é a seguinte: se A é saudável, B está doente e
C é a terapia com drogas, C, de alguma forma, fará você voltar a A.
C jamais poderá ser A, em planeta algum da galáxia. C está sempre
ainda mais distante de A do que o próprio B.
A razão pela qual a medicina convencional usa a fórmula ABC
está no fato de que as primeiras drogas que foram inventadas foram
antibióticos. E como os antibióticos operam para subjugar as outras
espécies, o ABC funcionou e nós sobrevivemos. Só que é insano
tentar derrotar todos os estados patológicos dessa forma, porque a
maioria deles não deriva de patógenos como as bactérias.
Os pressupostos dos médicos poderiam ser válidos se eles
estivessem lidando com vírus ou germes, e agentes antivirais ou
antibióticos. No entanto, quando doenças como a obesidade, o
diabetes, cardiopatias ou, em última análise, câncer, surgem de
disfunções metabólicas com raízes na biologia e na física, as
drogas não só são inúteis como, na verdade, atrapalham. As
drogas causam novos problemas, mas raramente resolvem
algum. Esse fato gritante, aparentemente, nunca vem à baila no
FDA. Muitos de nós somos prova disso, particularmente aqueles
que já desapareceram. Como os sapos!
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SONO DE FÉ

Estamos morrendo hoje porque perdemos a fé. O homem sempre


recorreu aos céus para decidir sua sorte. Os médicos e os homens
da medicina sempre recorreram aos céus para decidir sua sorte.
Todo mundo sabia como funcionava. A própria palavra “influenza” se
referia à “influência” do sol, da lua, dos planetas e das estrelas
sobre nossa saúde. Sempre soubemos que havia determinadas
regras para permanecer vivos, em harmonia com todas as outras
coisas vivas – a quantidade de comida que se podia comer, o
número de horas que se podia ficar acordado e o volume de
estresse que se podia suportar. Do alto de nossa arrogância,
desprezamos as regras.
Nós já fomos mais sábios.
Existe uma enorme diferente entre conhecimento, informação e
entendimento. Em nosso tempo, conquistamos um enorme
entendimento do mundo natural, através de um tesouro de
informações, mas perdemos o conhecimento de como nos
encaixamos nesse mundo. Em função dessa queda em desgraça,
estamos perdendo nossas vidas prematuramente. A devoção que
temos pelo mundo da medicina e das drogas é um equívoco. A
recuperação pode vir de dentro de nós mesmos. Nós, o povo,
temos o poder de curar essas doenças “incuráveis” com o
simples apertar de um interruptor. [apagar a luz]
Os primeiros médicos gregos, como Galeno e Hipócrates, há mais
de dois milênios, “modernizaram” a medicina ao insistir em que as
causas da doença não são atribuíveis a deuses contrariados e
vingativos, como o sol ou a lua.
Bem, nós estamos aqui para insistir no contrário... e afirmar que
talvez essa seja a hora de encarar isso como religião.

PARTE II
NÃO ESTAMOS
SOZINHOS

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TRÊS
Uma autópsia da Terra:
O meio ambiente controla a genética
da obesidade

O argumentador ideal seria capaz de, ao lhe ser mostrado um único


fato, em todas as suas implicações, deduzir a partir dele não
apenas toda a cadeia de eventos que levaram àquele fato, mas
também todas as conseqüências que decorreriam dele.
– Sir Arthur Conan Doyle,
As cinco sementes de laranja de Sherlock Holmes

Nós fomos feitos para correr atrás de comida e sexo, conseguir os


dois e depois seguir para as montanhas, onde havia cavernas onde
era frio e escuro à noite. Nada muito complicado. Uma cena
exatamente igual à vivida pelos ancestrais de seus cães e gatos – e
igual ao que os gorilas das montanhas fazem ainda hoje.
Pense nisso.
Você não vê um monte de esquilos plantando, ou cobras e
pássaros fazendo churrascos por aí.
A Mãe Natureza ainda entoca o resto do mundo animal quando a
noite cai, mas o homem se tornou um órfão. Num planeta habitado
por trilhões de formas de vida, somente nós, humanos, temos o
controle da luz.
E acredite, é caro. Possuir a noite não ficou nada barato.
O uso do fogo para proteção, calor e para cozinhar deixou uma
marca em nossos sistemas imunológico e reprodutivo que ainda
hoje exige sacrifício de vidas humanas. Ao alterar o ritmo da
exposição à luz e à escuridão, nós, que controlamos a luz, nunca
sentimos frio, e repelimos a noite e quaisquer predadores, humanos
ou animais, que possam estar à espreita, nas sombras. E também
alteramos, literalmente, a

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rotação de nosso planeta, até onde nossas mentes e corpos podem
registrá-lo. Virtualmente, interrompemos a órbita do nosso planeta
em torno do Sol, assim como interrompemos sua rotação.
Abolimos o inverno.
Agora apenas nós, em toda a galáxia e no universo, ficamos em
pé.
O inverno, ou qualquer período de frio, é algo muito importante na
evolução. A adversidade (neste caso, o frio) é um dos principais
agentes motivadores. Pense na forma como você lida pessoalmente
com a sensação de frio: você faz tudo o que estiver a seu alcance
para se aquecer. Seu carro quebra na neve, você encontra logo um
lugar para esperar o socorro, bola um plano para consertá-lo e a
lembrança do incidente permanece dentro de você, mudando para
sempre o seu comportamento. Os vencedores, em qualquer loteria
evolucionista, são os que resolvem problemas. Se todas essas
mudanças ocorreram dentro de você por causa de um
inconveniente isolado – o fato de seu transporte/abrigo ter quebrado
na neve – imagine o que milênios de gelo e neve fizeram à nossa
espécie, em termos intelectuais.
Tudo o que evoluiu em nossa fisiologia e em nosso intelecto é,
literalmente, direcionado para luz e escuridão, quente e frio. Assim
como o conteúdo mineral de nossos ossos, idêntico à poeira de
estrelas, é testemunho de nossa origem extraterrestre, as células
fotoperiódicas em nosso sangue nos ligam ao Sol e à Lua. Somos
sempre, a cada minuto de cada dia em nossa existência terrena,
uma parte integral disso tudo. Até mesmo o propalado “aquecimento
global”, que vivemos estudando, está fora do nosso controle.
Quando o nosso planeta esquenta, o que ocorre a cada dez ou
quinze mil anos, tudo germina e prolifera, até alcançar um
verdadeiro estado febril – e depois, previsivelmente, a febre “se
parte” e o frio entra em cena, para esfriar e exterminar o excesso de
vida. Pense nesta grande virada do pêndulo como um botão
cósmico que liga tudo outra vez, para que a dança comece de novo.
No último século, após sobreviver a muitas, muitas idades do
gelo, começamos a viver num planeta com múltiplos “sóis”, como os
personagens da história de Isaac Asimov. Em vez da escuridão do
eclipse à tarde, que os levou à loucura, no entanto, nós criamos a
manhã à meia-noite. E pode acreditar isto está nos levando à
loucura. Todas as formas de vida precisam adormecer para poder
sobreviver à escuridão e ao frio, ou perderão a capacidade de
planejar e adaptar-se. Os estudos da hibernação provam que a
aprendizagem e a retentividade melhoram nos animais que têm
permissão de encontrar algum alívio da vida.

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Durante longos períodos de frio, nossos ancestraiss dormiam aqui
e ali durante semanas seguidas de cada vez, em cavernas escuras,
desacelerando as funções metabólicas para economizar energia,
quando o alimento era escasso. Este sistema espelhou, ao longo de
toda uma revolução em torno do Sol, o mesmo plano de jogo que
utilizamos a cada rotação para dentro e para fora do sistema solar.
Falando em termos de “padrões”, o dia e a noite são “versões
reduzidas” do verão e do inverno. Ao longo dos milênios, passamos
por períodos de hibernação e gestação que sempre terminavam na
primavera, quando o alimento era fresco e abundante. Nosso
primeiro encontro com o “controle da energia” ou, mais
precisamente, com o fogo, mudou tudo isso para sempre. A luz que
vinha do fogo era suficiente para criar o verão em nossos ovários o
ano inteiro. A partir do instante em que todos esses hormônios
sexuais abundantes para a reprodução nos mantiveram acordados
o inverno inteiro, por suprimirem a melatonina, nós deixamos a
família da Terra – para nunca mais voltar.

O SALTO QUÂNTICO

Nós estamos fisiologicamente interconectados com todas as outras


formas de vida na Terra. A vida é um emaranhado quântico. Os
emaranhados quânticos são o que os físicos chamam de um
problema de “perfeita ordem”. A perfeita ordem é a teoria de que
toda matéria é viva e interligada, através de um fluxo constante de
energia. Tudo o que existe é uma coisa só. Todos nós, juntos,
somos então mais ligados ainda ao Sol, à Lua e às estrelas, pela
biofísica. Isso significa que nossa biologia é um produto dos fótons,
do magnetismo e da gravidade.
Existem monitores sensíveis à luz embutidos nas células de
nossos olhos, pele, sangue e ossos. E nós – desde os tempos mais
imemoriais – sempre registramos a rotação da Terra em torno do
Sol. Mamutes, carnívoros, ratos e micróbios, todos com a mesma
origem humilde, desenvolveram controles fisiológicos baseados em
luz e escuridão. Nós e as plantas somos um. A molécula de
hematina, que estrutura o grupo de células sangüíneas chamada
hemoglobina, é a mesma molécula que estrutura o sangue das
plantas – ou seja, a clorofila.
Nós realmente somos todos um.
A energia que o Sol libera sustenta a bioquímica que é a base dos
sistemas biológicos que respondem por toda a vida aqui na Terra.

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Biofísica, portanto. A energia da luz solar – como os fótons, o calor
(temperatura) que os fótons produzem e a gravidade
eletromagnética a que estamos sujeitos – controla cada milímetro
do metabolismo de energia e da reprodução, no nível molecular,
aqui na Terra. A luz, não importa a forma que tome – seja ela uma
partícula ou uma onda – provoca reações bioquímicas maciças em
cascata em todas as formas de vida, exceto à noite, quando todas
as coisas descansam da luz.
O grande problema de cancelar a noite e o inverno está numa
questão de dualidade: yin e yang, para cima e para baixo, aqui e lá,
esquerda e direita. O dia precisa da noite para existir. A primeira
parte de toda equação só existe por causa da existência da
segunda parte. No universo, a simetria é tudo que existe.
Verão/inverno, primavera/outono, luz/escuridão, branco/negro,
quente/frio, homem/mulher, mortos e vivos – todos têm um ao outro
para agradecer por sua existência. Os físicos quânticos de
vanguarda acreditam que o Universo é feito de energia, em padrões
que obedecem a uma “ordem de simetria”. Faz sentido para nós. A
teoria quântica líder atualmente é até chamada de supersimetria. Se
a supersimetria é uma lei quântica cósmica, pode apostar que é
uma lei biológica também.
Toda espécie de vida, tal como a conhecemos, baseia-se nos
princípios da biologia, que, por sua vez, baseiam-se nos princípios
da bioquímica. Em qualquer reação química, a forma como as
moléculas se ligam às outras moléculas, ou a forma como as
células distribuem a polaridade dentro e fora de todas as reações
químicas, continua a ser regida pelas regras da atração elétrica. As
reações de atração e de polarização, que são a marca registrada da
bioquímica, são definidas pelos princípios da física que utilizam.
Tudo o que estamos mostrando, em nossas teorias sobre o
metabolismo da energia, é que, nessa hierarquia, o sol é o gerador
de toda a vida e energia básicas. O sol é o principal controlador de
todo tipo de vida, simplesmente por causa da estrutura da matéria.
Existem dois ramos principais da física: a newtoniana e a quântica.
A física newtoniana se concentra nos mecanismos – a maçã em
queda sempre atinge Newton na cabeça, e se você fechar o punho
e socar alguma coisa, existe uma equação para mensurar a força
do soco.
A física quântica tem mais chances de explicar o QI e a telepatia.
A diferença teórica entre as previsões mecânicas da física
newtoniana e as previsões da mecânica quântica é que as mesmas
condições experimentais podem levar a vários resultados finais
diferentes num mundo quântico – mas nunca num mundo
newtoniano.

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A imprevisibilidade da vida, além do domínio da mecânica
newtoniana, é explicada pela teoria das cordas. Trata-se de uma
noção romântica, porém não totalmente infundada. Segundo ela, a
música da vida é, na verdade, uma função de um universo
formado por cordas, todas elas vibrando.
De acordo com a teoria das cordas, toda vida emana da mesma
estrutura fundamental: uma corda esticada. Assim, um número
infinito de resultados são possíveis para qualquer situação, por
causa das diferentes maneiras como a corda fundamental pode
vibrar, da mesma forma que diferentes harmonias estão presentes
no som emitido por uma corda de violão. Como há um número
infinito de vibrações possíveis, é razoável que haja um número
infinito de resultados para o mesmo conjunto de condições iniciais.
A compreensão da supersimetria e da teoria das cordas dá um
novo sentido à idéia de que a vida é um jogo de dados.
A única esperança de possuir uma perna com que ficar de pé
(todos os trocadilhos são intencionais) é uma coisa chamada teoria
do caos. A teoria do caos sustenta que os eventos ou ocorrências
que parecem mais aleatórios ou sem sentido são, na verdade,
bastante previsíveis, se você puder se distanciar deles o suficiente
para observá-los. Sustenta, também, que, ao longo do tempo, tudo
possui um padrão de comportamento genuíno, embora difícil de
discernir. Se partirmos dessa premissa, podemos compreender os
enigmas da doença na medicina. Só precisamos aprender a
melodia para apreciar a música.

DE PÉ NUMA PRANCHA SOBRE UM TRONCO

Já que somos, parte por parte e até os ossos, apenas uma ínfima
peça do universo, que existe dentro de um sistema de leis como a
do caos e a da simetria, nossa fisiologia e nosso ânimo também
devem ser regidos por elas. Essa dualidade, ou simetria, existe para
nós como equilíbrio.
Em termos harmônicos, somos parte de uma música maior. O tom
em que cantamos é escrito pelos ritmos naturais de nosso
ambiente.
A única maneira de permanecer no jogo ou de continuar estável é
ser capaz de rolar com os golpes. Todos os sistemas que funcionam
hoje para realizar as ações compensatórias constantes, necessárias
à sobrevivência foram desenvolvidos pela “inteligência” adaptativa,
em resposta às pressões ambientais ao longo de milênios.
Nenhuma característica ou
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comportamento é caprichoso. Viver ou continuar vivo é exatamente
como ficar de pé numa prancha sobre um tronco. Só que, nesse
caso, se você perder o equilíbrio, a queda é longa.
E não há sobreviventes lá embaixo.
Nossa viabilidade, como forma de vida, significa que nossa
capacidade de responder às estações do ano, em termos de
comida e reprodução, é tudo que pode nos garantir uma chance de
terminar no topo, no sentido darwiniano. É por isso que nossos
genes possuem interruptores de “ligar e desligar”, controlados pelos
hormônios, que respondem aos sinais ambientais. Estamos em
sintonia fina com a sobrevivência, ao dar respostas evento a
evento, pois o único fato certo na natureza é que as circunstâncias
mudam. Sem esse sistema, não poderíamos variar nosso
comportamento em sincronia com o imediatismo de cada
ocorrência. A vida é uma dança.
Nós escutamos a música e gingamos.
As vibrações vindas do ambiente são captadas pela interface
hormonal que chamamos sistema endócrino. Esse sistema
endócrino age como o software que aciona um computador
orgânico chamado corpo/cérebro. A quantidade de luz
(luminosidade, temperatura e eletricidade) e de gravidade
(magnetismo) á qual você é exposto é o programa que roda o
software. Sob os auspícios deste software hormonal, que aciona os
interruptores dos genes que controlam a máquina nanossegundo
por nanossegundo, você se equilibra na prancha sobre o tronco.
Essa “submáquina humana” inteira é parte integrante da máquina
maior do ambiente, ou biosfera. Todo ser vivente é uma máquina
interativa ou biocomputador, programado para a inteligência
adaptativa. Isso significa que a definição de “vida” é a capacidade
de aprender e mudar em resposta às experiências. Esse sistema
decisório baseado na experiência permite que cada forma de vida
mude em resposta a todas as outras formas de vida, porque os
hormônios controlam seu comportamento e seus genes.
As atitudes que você toma, ao longo de um dia, não são
realmente decorrentes da livre vontade. São, ao contrário, um
produto do “pensamentoware”. Os elementos presentes no
ambiente controlam os processos hormonais em seu corpo, que
programam seu cérebro para controlar seu comportamento. Dessa
forma, um cérebro sem um corpo não possui mente, mas um corpo
sem um ambiente não possui cérebro. A base de gordura flutuante
naquele corpo é, na verdade, uma resposta imunológica que o
protege e o torna viável em todas as estações do ano.
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Seu comportamento em relação às compulsões alimentares e ao
apetite é simplesmente uma resposta imunológica também.
Tudo ao redor com o qual coexistimos se equilibra em tensão
conosco. Imagine duas pessoas, num ginásio, jogando uma pesada
bola para a frente e para trás. Quando duas pessoas jogam cath
com uma bola pesada, elas são mais ou menos empurradas para
trás, por causa do peso. A constante troca de peso faz o jogo andar.
O mesmo acontece com a vida: para a frente e para trás, para a
frente e para trás. Para permanecer no jogo temos uma existência
circunscrita a um pequeno conjunto de opções. Considere essas
opções como sendo um “campo de jogo”. As horas de luz a que
você fica exposto controlam os interruptores genéticos reais de
“ligar e desligar”, a atividade enzimática e, o que é mais importante,
o crescimento de dois quilos de bactérias simbióticas que vivem em
suas entranhas. Essas “meninas” são a chave da vida, da morte e
do manequim que você usa.

NÃO ESTAMOS SOZINHOS

Suas “bactérias pessoais” estão constantemente em guerra com


outras bactérias e vírus, para controlar você. A forma como esse
Armagedon cria e mantém seu sistema imunológico – o mesmo que
controla seu metabolismo e sua fertilidade – é a chave de toda a
luta mortal entre a luz e a saúde. Mas essa batalha só é travada à
noite, quando você dorme. A cada manhã, o resultado da guerra
dita não só sua imunidade, fertilidade e peso, mas também sua
saúde mental.
Nossas vidas, como você vê, não são nada nossas.
Não passamos de simbiontes controlados por uma forma de vida
diferente que tem prioridades próprias. Quando estamos expostos à
luz, captamos essa luz através da pele e carregamos essa energia,
em células chamadas criptocromos, até as bactérias simbióticas
que vivem em nossas entranhas.
Elas adoram luz e açúcar.
Acreditamos que adorem hormônios reprodutivos também. A idéia,
muito difundida, de que os jovens e os velhos possuem sistemas
imunológicos mais frágeis é uma interpretação errônea. A verdade é
que os adultos reprodutivos possuem sistemas imunológicos mais
fortes do que os velhos e as crianças pequenas porque as bactérias
dentro da gente adoram esteróides sexuais no café da manhã, e
porque, quando nos

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reproduzimos, geramos mais “condomínios” para elas morarem.
Esse princípio é o motivo pelo qual as mulheres costumam ter
diarréia durante o período menstrual, quando seus níveis hormonais
estão estáveis e os bichinhos estão abandonando o navio
afundado.

O NÚMERO UM É O MAIS SOLITÁRIO

Em seu artigo “Co-evolutionary Theory os Sleep”, publicado em


1995 no Journal of Mecical Hypothesys, Carsten Korth concorda
conosco, no sentido de que o desenvolvimento do sono, tal como o
conhecemos, foi uma estratégia evolucionista para nos dar
condições de empatar com os micróbios.
A colônia de bactérias dentro de você libera endotoxinas que
controlam sua fisiologia. As endotoxinas liberadas são constituintes
da parede celular – espécie de feromônios, ou suor dos germes.
À medida que as bactérias proliferam ao longo de um dia, as
endotoxinas vão se acumulando. Num determinado nível, seu
sistema imunológico entra em cena para baixá-las, para que você
continue a funcionar. Isso é conhecido como resposta do
hospedeiro. Nós só vamos dormir quando uma substância chamada
endotoxina LPS é liberada, ao longo do dia, por essas bactérias
amigas que vivem dentro de nós. Vamos dormir quando a LPS em
nossa corrente sangüínea atinge uma concentração crítica o
suficiente para provocar uma resposta imunológica. E dormir é
uma resposta imunológica. As células brancas, chamadas
macrófagos e leucócitos, multiplicam-se e matam algumas das
bactérias de seu sistema. É sabido que o sono é induzido por uma
“expressão” imune, ou uma citocina, chamada interleucina-2, que
ocorre em resposta à LPS liberada pelas bactérias de nossas
entranhas.
Esses “vizinhos” se tornaram participantes ativos de toda nossa
existência imunológica, na medida em que tem relação com a órbita
do planeta e todos os seus outros habitantes. Eles são mais
numerosos que nós. E estão em toda parte. Só o nosso intestino
contém um quilo de bactérias. E tem mais em sua boca e em sua
pele. Todas as espécies em evolução tiveram de evoluir em torno
de – ou, mais precisamente, com – as bactérias. Elas eram donas
do terreno muito antes de qualquer um de nós ter chegado aqui.
Não tivemos escolha, a não ser negociar.

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Nossa co-evolução é só um caso de domesticação, de ambas as
partes. Ao longo de milênios de simbiose entre nós e elas, nossos
sistemas imunológicos humanos evoluíram em resposta à
orquestração delas. Elas nos deram um sistema imunológico para
funcionar como um mecanismo autocontrolado e também como
defesa do território delas. Para nós, o sono na verdade é só uma
forma de “diminuir o rebanho”. As colônias de bactérias são
exatamente iguais às criações de gado bem-sucedidas, onde se
atinge a homeostase comendo ou vendendo só o suficiente para
manter o rebanho administrável. Nossa forma de domesticar
bactérias funciona do mesmo jeito. Tanto o rebanho quanto o
rancheiro se beneficiam. A tática evolucionista do sono é só uma
adaptação esperta, que nos permite ter vantagem sobre elas, uma
vez a cada rotação planetária. A desigualdade, em qualquer guerra,
só surge quando um dos lados pára de avançar; assim sendo, sem
sono não há vantagem.
As expressões imunológicas, ou citocinas, que sucedem os altos
níveis de endotoxinas, podem atuar como neurotransmissores e
literalmente derrubar a gente também. Ao torná-lo incosnciente, elas
fecham seus olhos. E olhos fechados significam que aí vem
melatonina – e mais tarde, no meio da noite, prolactina. Ambos os
hormônios intermedeiam a função imunológica através de outras
citocinas, chamadas interleucinas. Em vez de nomes, as
interleucinas possuem números, como IL-1, 2 ou 3, provavelmente
porque existem zilhões delas. Altos níveis de IL-2 são sempre
encontrados nos estados de sono, até mesmo naqueles de
decorrem de doenças. Logo que você adormece, a onda de
melatonina estimula a atividade dos leucócitos, nesse caso voltada
especificamente para responder a patógenos como as bactérias
que vivem dentro de você.
Desnecessário dizer que, seja porque alguém fechou os olhos ou
porque o sol está do outro lado do globo, escuro é escuro; e quanto
mais escuro, melhor para a produção de melatonina. O sono
doentio é mais intenso e mais relacionado ao fenômeno da febre,
através das IL-1 e 6. Você precisa dormir quando está doente, ou
não sobreviverá a um ataque da “outra”. O sono é o momento em
que a melatonina e a prolactina entram em cena para fabricar
leucócitos, células T e células NK (assassinas naturais). Um
intestino “fora de ordem” – ou seja, com pouca quantidade ou com o
tipo errado de bactérias atacando um relógio interno quebrado – é
sinal de um sistema imunológico seriamente danificado.

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Por isso, não dormir de propósito, quando escurece, é o mesmo
que destruir um ecossistema ancestral.
Lembre-se de que a co-evolução significa que devemos dançar,
não pisar nos dedões.
Essas bactérias o mantêm vivo; é claro que por razões próprias,
mas ainda assim é vida. Tudo o que elas querem é um pouco de
açúcar, um pouco de luz e alguns hormônios sexuais, para controlar
seu ambiente interno – que, por sua vez, controla seu ambiente
externo.

MENTES CURIOSAS QUEREM SABER

Todos os seus hormônios – melatonina, prolactina, cortisol, insulina


e hormônios sexuais também – são a interface entre seu sistema
nervoso central (pensamento e reações) e o ambiente. As
perguntas que ficam no ar, no “quadro maior”, entre você, as
bactérias e o ambiente se reduzem a: Está claro? Está escuro?
Está frio? Está quente? Onde está a comida? O que está me
perseguindo? E com quem posso me acasalar?
Todas as informações relacionadas a essas perguntas são
adquiridas através de visão, audição, paladar, toque e olfato. Da
mesma forma que assar biscoitos ou pão evoca uma reação por
parte de suas glândulas salivares, a luz que bate em seus olhos e
em sua pele ativa outras glândulas e diz às bactérias dentro de
você que horas são. Ao marcar as horas em 24, a melatonina
dispara o timer da prolactina, para dizer a seu cérebro que tipo de
alimento ele deve desejar. Os níveis de insulina estão em sinergia
com os hormônios sexuais, como estrogênio e testosterona, para
procriar. Todos esses fragmentos de informação são espremidos
pelo prisma de seu hipotálamo (que marca o tempo), sua pituitária
(que controla o sexo) e suas glândulas adrenais (que medem o
estresse). Esse eixo hipotálamo-pituitária-adrenais, ou HPA, serve
como um timer embutido, não muito diferente daquele que liga sua
cafeteira automaticamente todas as manhãs, a não ser pelo fato de
estar ligando e desligando funções biológicas. Esse “eixo HPA”
funciona de acordo com o ambiente, para sintetizar e disseminar os
“raios” de informação traduzidos, que foram recolhidos dos sinais
provenientes do ambiente. Sem essa constante síntese entre os
sinais do ambiente e sua reação física a eles, não há forma de se
adaptar às flutuações do ambiente e de permanecer vivo.

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Um grande segredo: a vida é baseada num paradoxo. A
estabilidade de funções necessárias para permanecer vivo só é
possível através da mudança constante em resposta ao ambiente.
Os hormônios produzidos por essas glândulas – seus hormônios
HPA – são, por sua vez, chamados a atuar. Esses hormônios
percorrem toda a escala, desde os esteróides sexuais, como
estrogênio e testosterona, ao cortisol, ao hormônio do crescimento
humano e à leptina, presente em sua base de gordura. Esses
hormônios acionam os interruptores que desligam e ligam
instantaneamente as funções vitais. Os hormônios fazem isso ao se
fixarem a “regiões promotoras” nos filamentos de DNA chamados
genes, e acionarem os interruptores que estimulam a ação
genética.
O fato de o gene produzir ou não sua proteína é função de ser ou
não acionado por um hormônio, fator de crescimento, pelo sol ou
por um impulso elétrico. As proteínas produzidas por esses genes,
quando ligados, encaixam-se em receptores em todas as suas
células – que, por sua vez, enviam as mensagens ao núcleo da
própria célula, para acionar outros interruptores, e assim
sucessivamente. Esses comunicados são efêmeros. Sua rede
hormonal toma decisões em meio segundo, para responder às
pressões ambientais. Se algum desses interruptores enguiçar ligado
ou desligado, a natureza o considera doente demais para fazer
parte do projeto.
É quando seus interruptores enguiçam – ligados ou desligados –
que a doença ocorre. Níveis elevados de qualquer hormônio, se
mantidos por muito tempo, são instintivamente inadaptáveis para
manter seu equilíbrio em cima da prancha, sobre aquele tronco. Na
nossa sinfonia química, qualquer nota hormonal sustentada destrói
a harmonia. Dessa forma, estrogênio elevado, sem progesterona
caçadora para diminuí-lo, causa câncer; e níveis elevados e
crônicos de insulina, entra dia e sai dia, levam às doenças
cardíacas, ao diabetes e ao câncer. Como perdeu o ritmo uma vez,
você está fora do esquema e perde o equilíbrio. Aqui começa a
queda – em desgraça.

ESTRANHAS VIBRAÇÕES
Como acima, embaixo. As mesmas cadeias que atiram elétrons,
quarks e neutrinos em dez diferentes dimensões, que fazem os
átomos, que fazem as moléculas, que fazem os hormônios e
recebem vibrações das ondas

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de luz e da gravidade, tocam a música do cosmos para nossos
corpos, através de nossos receptores hormonais.
Somos como diapasões. Vibramos – literalmente – no impacto
com o ambiente.
As vibrações que conhecemos como verdadeira música provocam
vibrações verdadeiras, que atingem os neurônios no cérebro
através do tímpano e provocam emoção. Em seu livro A Medusa e
o Caramujo, Lewis Thomas disse: “A música é o esforço que
fazemos para explicar a nós mesmos como nosso cérebro funciona.
Ouvimos Bach em transe porque isso significa ouvir uma mente
humana.” Em 1976, Leonard Bernstein tentou aplicar o trabalho de
Noam Chomsky com a linguagem ao seu esforço para encontrar
uma estrutura para a resposta humana à música. Chomsky
descobriu que bebês com apenas quatro meses de idade sempre
preferem músicas com intervalos constantes de ritmo; a natureza
também.
Em seu livro How the mind works, Steven Pinker utilize a
terminologia musical de “prolongamento e redução” para definir a
forma como as melodias são dissecadas. Ele define seu processo
como “o fluxo musical captado ao longo de frases, com a tensão
sendo construída e liberadas em passagens cada vez mais longas
ao longo do curso da peça – e culminando com uma sensação de
repouso ao final... A tensão aumenta à medida que a melodia se
afasta das notas musicais estáveis, em direção às menos estáveis,
e é descarregada quando a melodia retorna às notas estáveis”.
Nas palavras do inesquecível Frank Sinatra: “É a vida.”
Para citar nós mesmos; “É o caos.”
Da mesma forma que a música se satisfaz ao conduzir tensão e
resolução ao longo de intervalos instáveis e estáveis, seu
metabolismo banquete-ou-fome tem a mesma necessidade de
intervalo e ritmo,caso contrário você ficará doente. Seu sistema
imunológico e suas bactérias, num período de 24 horas, têm a
mesma necessidade de tensão e resolução. O mesmo acontece
com sua mente. Em seu aparelho de CD no nível molecular, existe
e tem de existir um ritmo que aumenta e diminui, para medir a sua
rotação no planeta – seja ela a batida de seu coração em 4/4, seu
ritmo circadiano ou seu ciclo menstrual. De outra forma você não
poderia lidar com os ataques. E a chave de tudo é descobrir uma
forma de lidar com os ataques.
Sua consciência e vontade são formadas por interações
complexas entre o ambiente, os hormônios e o comportamento,
todas as quais

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acionadas por cronômetros. Estamos dizendo que essas mesmas
interações existem entre você e o ambiente, e que tudo que os
sistemas circulares de resposta fazem é monitorar e registrar a
melodia. A música pode soar como Wagner ou Pachelbel, mas
precisa ser música, deve parar e continuar, ou então não é
adaptável. E o que não é adaptável, de acordo com nossas
definições anteriores, quase sempre acaba em morte, ainda que
isso aconteça por suas próprias mãos. Quando os esquizofrênicos
ouvem vozes, essas vozes, essas vozes invariavelmente dizem;
“Mate-se.” Como precursor da morte, o comportamento não
adaptável quase sempre significa não reprodutivo, e isso é o que
faz soar um alarme na natureza. Quando você não se reproduz,
você não conta, no grande esquema das coisas aqui na Terra. É por
isso que o câncer, o diabetes tipo II e as doenças cardíacas sempre
acompanham a obesidade, que sempre significa envelhecimento
acelerado, em anos planetários. No mundo real, a vida durava
enquanto durava o potencial reprodutivo. Um período de 25 a 30
anos era suficientemente longo para duplicar o DNA e a cultura.
Agora, vivemos demais e comemos demais para nossos marcos
antiquados.

O HOMEM COM DOIS CÉREBROS

Quem responde ao seu sistema endócrino é seu sistema nervoso


central, através de seu cérebro e de suas entranhas. Seus
hormônios informam quaisquer alterações em seu eixo HPA ao
sistema imunológico, que utiliza as citocinas ou neuropeptídeos
para dirigir todo o tráfego relacionado à homeostase. O sistema
imunológico se parece mais com a medula óssea ou o baço, os
nódulos linfáticos agregados ou células do timo. Mesmo o sistema
linfático é apenas uma parte daquilo que chamamos de sistema
imunológico. Esses pontos, na verdade, são apenas fábricas que
produzem os leucócitos, os linfócitos ou as agora infames células T.
Cerca de 80% da força total de seu sistema imunológico defensivo
está em seus instintos ou entranhas. Isso faz sentido, já que a
maior parte das toxinas entra por sua boca.
Embora tenhamos sido levados a acreditar que o sistema
imunológico é o nosso sistema defensivo, nada poderia estar mais
longe da verdade. O sistema imunológico é planetário, não
individual. Nossa interface hormonal com o mundo, representada
pelo eixo HPA, significa que o sistema imunológico é, na realidade,
“o homem por trás da cortina” que

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aciona os botões e dials que fazem com que o cérebro pareça tão
competente. Todos os elementos do sistema imunológico –
entranhas, pele, gordura, linfa, cérebro e glândulas – reconhecem,
comunicam, memorizam, reagem e até planejam sobreviver às
mudanças na Terra que foram inseridas em nossa programação ao
longo de milênios de experiência. Essas capacidades significam
que o sistema imunológico é tão sensível quanto você acredita que
você próprio seja.
Também faz sentido o fato de 80% do sistema imunológico estar
localizado no intestino, porque o intestino era originalmente o nosso
cérebro. Enquanto deslizávamos nas rochas, antes do “cérebro na
cabeça”, os neurotransmissores que conhecemos hoje, como a
dopamina, a serotonina, e a norepinefrina, além de hormônios como
adrenalina e a insulina, rodaram O Projeto a partir de nosso plexo
solar.
A verdadeira chave para o impressionante poder e controle que o
sistema imunológico possui está na compreensão de que ele é
completamente móvel, assim como o indivíduo livre e pensante que
você acredita ser. O sistema imunológico interno é, pelo menos
igual. Seu sistema imunológico controla seu comportamento ao
controlar a atividade dos neurotransmissores. Todas as células
imunes possuem receptores que lêem tanto os neurotransmissores
quanto os hormônios que controlam o fluxo de energia e os
hormônios sexuais. Da mesma forma, as expressões imunológicas
chamadas citocinas são ativas em suas entranhas, em seu
cérebro, em sua base de gordura e gônadas.
É o sistema imunológico, em estreita cooperação com a pressão
ambiental e bioecosfera, que pode marcar o Dia do Juízo, seja por
falta de defesa ou em função de um ataque completo ao seu corpo.
Se você perde o equilíbrio em relação a outras formas de vida no
cosmos, o sistema imunológico vai reagir para compensar isso.
Muitas vezes, as causas reais daquilo que percebemos como
doença são apenas os mecanismos compensatórios. Quando você
sente a garganta arder, em conseqüência dos padecimentos de
uma infecção viral, a dor que você sente não vem, de forma
alguma, do vírus; em vez disso, é a dor das células agonizantes,
sacrificadas (assassinadas) por seu próprio sistema imunológico. O
mesmo ocorre nas dores do corpo, febre e dor de cabeça. Não é o
patógeno, de jeito nenhum, o que o torna doente. É o sistema
imunológico planetário dentro de você que o torna doente, na
tentativa de livrá-lo de tecido infectado pelo vírus no ponto de
origem, que é a sua garganta ou seu nariz – tudo para restabelecer
a ordem em todas as coisas viventes. Se o vírus chegar até seu
estômago, seu sistema imunoló-

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gico vai sacrificar a parede do estômago para acabar com o vírus.
Aí você vai ter dor de estômago e diarréia, para aumentar seu
sofrimento.

SINTA FRIO

O controle da temperatura durante o sono é outra estratégia


antibactérias que desenvolvemos. Embora um organismo muito
quente tenha diversas vantagens adaptativas, em função da
flexibilidade de conquistar novos habitats, o calor constante oferece
condições ideais para o crescimento da maior parte das bactérias.
O melhor é esfriar. É por isso que nossa temperatura cai à noite.
Como você não consegue encontrar comida à noite – na verdade,
o mais provável seria você virar comida – a melatonina age como
um reostato, que baixa a temperatura do corpo durante o sono
NREM (Non-Rapid Eye Movement, ou movimento não acelerado
dos olhos), de modo a desacelerar os processos metabólicos e
enganar a fome. O lucro é que as bactérias também respondem à
temperatura menos balsâmica. O frio que desacelera nosso
metabolismo desacelera também o delas
No início do sono, você sonha um pouco enquanto o corpo esfria
e a melatonina sobe; você sonha de novo durante as horas que
antecedem o raiar do dia, antes de acordar, enquanto o nível de
melatonina cai e o corpo se aquece. Os mamíferos que vivem em
climas frios dormem durante meses a fio, ou hibernam, para
desacelerar os processos metabólicos durante os períodos de
escassez de comida e os dias mais escuros. Ao nos esfriar no
escuro, a melatonina executa um trabalho antioxidante, acerta o
relógio das funções ovariana e testicular, e acelera o sistema
imunológico para o próximo período acordado, quando vamos
precisar manter os micróbios noviços afastados, por trás das
trincheiras.
O sono é o maior esquema de defesa imunológica que já surgiu,
pois não só nos defende contra outros organismos em nosso
ambiente interno como também nos defende contra a fome, através
do sistema insulina-melatonina. A insulina só é produzida quando o
corpo percebe açúcar ou estresse. Como o estresse é anunciado
pelo cortisol, e o cortisol fica elevado enquanto você se banha em
luz, o ritmo circadiano, ou os ciclos de dia e noite, controla sua
produção de insulina, junto com os carboidratos. Os ciclos de luz e
escuridão controlam a insulina para

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que você possa armazenar gordura para a hibernação ou a
dormência. Dias longos significam o fim do verão e do alimento
abundante. Os ciclos curtos de sono dos dias longos se traduzem,
hormonalmente, numa necessidade maior de carboidratos, para
armazenar gordura, e desencadeiam uma reação em cascata dos
outros hormônios para fazê-lo dormir. A compulsão por carboidratos
é um precursor do sono ao qual ainda respondemos todas as noites
em que ficamos acordados até tarde. As tendências à hibernação
nos fazem tomar sorvete ou beber uma taça de vinho após um
longo dia. Lembre-se, o lanchinho no meio da noite nunca é um ovo
quente.
Aquele último alimento em que você pensa, que você quer comer
antes de desistir da luz, é sempre qualquer tipo de açúcar que caia
em suas mãos.
A produção de insulina é controlada pelos alimentos que você
ingere, mas o alimento que você quer é controlado pelo seu
sistema imunológico, em resposta à variação sazonal de luz
percebida por ele. Quando seu corpo e cérebro precisam dormir,
para manter a imunidade e a capacidade reprodutiva, a melatonina
e a prolactina precisam fluir. Temos receptores de melatonina até
nos ovários e testículos, que “lêem” os ciclos de luz e escuridão.
A melatonina é um potente antioxidante que, junto com a
prolactina, controla a imunidade enquanto você dorme. Sem o sono,
você se torna indefeso e auto-imune. Seu sistema imunológico
também, como qualquer outro mecanismo de vida, é dotado de uma
dualidade sagrada. As células Th1 e Th2 ficam em pé naquela
prancha, sobre aquele tronco, como as duas metades de uma
função imunológica. Um lado controla a defesa e o outro controla o
ataque, porque aquilo que chamamos de “seu sistema imunológico”
não pertence realmente a você, per se. A verdadeira entidade que
funciona como seu sistema imunológico é uma força sensível,
assustadora, inteligente, que lembra a proverbial figura da Morte, e
que conta seus pontos. Esse policial/porteiro espiritual realmente
existe para equiparar os pontos de tudo que é vivo. Na verdade, é o
sistema imunológico da biosfera, não o seu.
Você só conseguirá ser parte de todo o esquema se jogar de
acordo com as regras.
Isso quer dizer: levante junto com o sol, durma junto com a lua,
coma apenas a sua parte, frutifique-se e multiplique-se. É isso aí. É
para isso que você foi feito, nem mais, nem menos. Na verdade, a
evolução não reservou nada mais do que isso para você.

ARQUIVOS SEXUAIS

A característica fundamental da sobrevivência é a reprodução. A


vida continua. Por isso, depois de corações batendo e pulmões
respirando, toda a energia é dirigida para a reprodução. A vida, sem
tudo aquilo que a gente faz para matar o tempo, resume-se a
dormir, comer e fazer sexo. Essas atividades têm de ser mantidas a
qualquer custo, ou a natureza o identifica como indesejável. Dormir,
e depois comer, são pré-requisitos para a reprodução, nessa
ordem.
Os primatas humanos sempre foram reprodutores sazonais, até
que o fogo chegou para ficar. É desnecessário dizer que a
reprodução sazonal é controlada por um relógio totalmente
dependente dos ciclos de luz e escuridão. As funções reprodutoras
dependem de relógios e mecanismos metabólicos. Não se pode
reproduzir sem gordura suficiente para sobreviver. É por isso que as
atletas femininas magrinhas costumam parar de ovular e de ter
períodos menstruais. Sem gordura não há futuro... para você ou
suas crias. Então, por que desperdiçar os ovos? É assim que a
natureza vê o assunto. A fertilidade e o sono estão tão intimamente
ligados quanto a alimentação e o sono, porque, no final, é tudo uma
coisa só.
No mundo real, a função perfeita – seja ela a reprodução, uma
boa noite de sono ou ter o peso certo – existe numa fronteira
estreita, que é dinâmica em relação a todas as outras formas de
vida. Não há realmente margem para erro. O “dar e receber” entre
as formas de vida em nossa bola feita de rocha cria nosso
bioecossistema, nosso mundo. A força vital do bioecossistema é
toda energia do sol que circula naquilo que a ciência conhece como
a cadeia alimentar. Cadeias alimentares simples se entrelaçam, em
função de suas interações entre si, para encadear todas as
substâncias e espécies em “sistemas circulares de resposta”
menores, dentro dos quais cada espécie afeta outra. Os peixes
grandes comem os peixes pequenos, que comem peixes ainda
menores, que comem plantas e retiram nutrientes das rochas, e
assim sucessivamente. Este é um sistema circular de resposta
positivo. Muitos, porém, são “negativos”, ou sistemas circulares
de resposta inseguros.
Todos os sistemas circulares de resposta funcionam como a
transmissão automática de seu carro. Se você aumenta a pressão
sobre o acelerador, à medida que o carro anda mais rápido, a
transmissão vai acionar um mecanismo para compensar. Se você
desce uma ladeira, diminuindo a marcha no caminho, a transmissão
naturalmente aciona

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outro mecanismo para que você desacelere. A transmissão funciona
perfeitamente a menos que você mantenha a pressão no acelerador
enquanto mantém o pé no freio.
Tenha em mente essa imagem.
Não somente você está indo a lugar algum como está destruindo
o seu carro. Sistemas circulares de resposta são mecanismos
delicados que lêem um sinal de um sistema no corpo e enviam de
volta para outro. Sistemas circulares de resposta negativa lêem um
sinal e controlam a reação nesse sistema como a transmissão de
um carro ladeira abaixo. Em geral, o sinal enviado em um sistema
circular de resposta negativo será pare, ou pelo menos diminua o
ritmo. Esses sistemas transmitem informações dentro de você e de
todas as outras espécies, e depois dão retorno ao ecossistema
mais amplo. Todos os chatos do Greenpeace estão certos. O
cosmos, o planeta, os pequenos animais e as pessoas estão todos
conectados biologicamente em um grande sistema circular de
resposta, igualzinho ao Mundo das Margaridas.
Se você estivesse no parque de sua cidade de tange, esses
sistemas teriam uma chance de fazer seu trabalho acuradamente.
Estar sentado diante de uma mesa de trabalho ou em uma sala de
reuniões, sob luz fluorescente, usando Calvin Klein muito depois do
cair da noite bagunça totalmente seus sistemas circulares de
resposta. De acordo com um recente estudo da revista Nature, até
sexo demais ou de menos muda o tamanho dos neurônios. Se isso
é verdade, sem dúvida podemos concluir que a quantidade de sono
afeta o apetite e a fertilidade, o que afeta o metabolismo. Todas
essas ações, juntas, são parte integrante do sistema imunológico.

AUTOCONTROLE

Lembre-se de que a inteligência adaptativa continua a evoluir, ao


reagir aos estímulos do ambiente, fornecidos pelos sistemas
circulares de resposta movidos pela informação. Esses sistemas
circulares de resposta são, na verdade, apenas fluxo de informação
que voltam de vários “postos avançados” aos seus pontos de
origem, de modo a controlar o processo.
Façamos uma viagem a um lugar imaginário: o mundo natural,
onde você não vive mais. Você está andando de quatro com um
amigo, quando vê uma enorme fruta-pão. O fato de você ter visto
uma enorme fruta-pão significa que as árvores estão dando frutos,
não florescendo, e

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que estamos no final da primavera ou no início do verão. O cheiro
faz suas glândulas salivarem, e você se lembra de ter comido uma
antes. E, como foi uma boa experiência, você toma a decisão de
comer outra. O açúcar atinge a veia porta entre seu fígado e o
estômago, e o pâncreas entra em cena, com uma grande injeção de
insulina. Justo quando o açúcar da fruta está cruzando a barreira
entre o sangue e o cérebro, para mandá-lo à Terra da Alegria,
aquela superinjeção de insulina, ao mesmo tempo, envia o excesso
de açúcar para a armazenagem rápida.
A armazenagem rápida em seu fígado e músculos não tem
condições de receber muita quantidade, porque você comeu aquele
outro tipo de fruta com larvas dentro e aquele arbusto com espinhos
e frutos, há cerca de uma hora. Então, em vez disso, a insulina
converte parte dessa fruta-pão em colesterol, e o resto é mandado
para sua coxa interna para armazenagem de gordura, porque, se
você come fruta-pão e bagos ou qualquer outra fruta, seu sistema
imunológico sabe que o inverno deve estar chegando – e, como
todo sistema imunológico também sabe, isso significa que em
pouco tempo não vai haver mais fruta-pão.
Dessa forma, a insulina e o açúcar armazenado sob a forma de
gordura chegam à sua perna (armazenagem de longo prazo). Você
come muito, e já ganhou uns dez quilos de gordura; por isso, a
leptina de suas células de gordura envia um sinal ao seu cérebro.
Essa leptina aciona um botão em seu cérebro, chamado
neuropeptídeo Y, que controla o apetite por carboidratos. Esse
apetite então se desliga.
Você para de comer, porque já tem energia suficiente, na
armazenagem de curto e de longo prazo, para chegar até o dia
seguinte. Esse é um sistema circular de resposta negativo – ou
seja, um programa autocontrolado que funciona dia a dia.
Existem também sistemas circulares de resposta de autoperpe-
tuação. Esses tendem a funcionar anualmente, ou a cada estação.
Por exemplo, se estamos no final do verão e os dias são longos, e
se você já tem mais de dez quilos de gordura e mais um bom
estoque na armazenagem de curto prazo, a história é muito
diferente. Trata-se de um conto de inverno. Em vez de um sistema
circular de resposta negativo, o positivo vai entrar em ação. Uma
cena adaptativa hormonal e comportamental vai ocorrer, porque
foram apertados os botões ambientais diferentes. Os dias em
setembro estão encurtando e, portanto, em vez de contar apenas
com o “sinal da luz”, a natureza inventou um sistema de bônus para
um dia literalmente chuvoso. O sistema circular de resposta positivo
em seus recém-adquiridos dez quilos significa que você pode

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continuar a engordar, impelido por sua base de gordura em
expansão, até que todos os carboidratos tenham realmente
acabado.
Isso vai enganar a resposta à luz e lhe dar um mês ou dois para
ficar realmente gordo. Só então a comida terá acabado
definitivamente até a próxima primavera, quando o planeta
despertará de novo. Assim sendo, o final do verão é a única época,
na natureza, em que você poderia ter bons estoques e dez quilos a
mais, proporcionados pela maior quantidade de luz e pelas noites
curtas.
A prolactina empurrada para o período do dia pelas noites curtas
suprimiu a leptina e deixou seu apetite por carboidratos (o
neuropeptídeo Y) “ligado”. Isso lhe deu dez quilos para manter a
bola rolando. Depois, a leptina de sua base de gordura assumiu o
controle para criar resistência à leptina.
Esse mecanismo de desativação da leptina serve ao propósito de
evitar que você fique querendo alguma coisa (açúcar) que acabou
há algum tempo e só estará disponível no próximo verão. Seus
receptores de leptina no botão do neuropeptídeo Y ficam inativos
devido à sobrecarga. Sem receptores para decodificar a leptina, é
como se não tivesse nenhuma, e seu apetite por carboidratos fica
permanentemente ligado, até que todos os carboidratos acabem.
Este mecanismo existe porque, na natureza, você nunca
engordaria, a menos que precisasse, porque todo o alimento iria
acabar.
O problema, no mundo em que vivemos, é que o alimento
(açúcar) nunca vai acabar.
Em nosso mundo antinatural, de verão e açúcar infindáveis, esse
“botão de excesso” de leptina fica com defeito. Em nosso mundo,
tudo o que você precisa fazer é ficar dez quilos acima do peso, para
que a leptina que flui de sua base de gordura em expansão faça
com que os receptores de leptina em seu cérebro deixem de
funcionar, criando a resistência à leptina e fazendo com que os
gordos engordem mais, porque as pessoas gordas estão sempre
com fome. Por quê? Porque o seu sistema circular de resposta
negativo está quebrado: seus receptores de leptina se exauriram, e
não há mais controle de sua compulsão por açúcar.

AGENDA OCULTA

A insulina e os hormônios contra-reguladores cortisol, hormônio do


crescimento humano e epinefrina lidam com o uso final dos
alimentos

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que você ingere. E também controlam o sono junto com a
melatonina e a prolactina. Para os primatas humanos, o alimento
existe num total de três possibilidades: proteína, gordura e
carboidrato.
Os caminhos de proteína, gordura e carboidratos, dentro do
corpo, são todos distintos. E três neurotransmissores muito
diferentes controlam o seu apetite por cada uma das três
substâncias. O controle da ingestão de carboidratos pelo
neurotransmissor NPY (neuropeptídeo Y) em nada se parece com
os controles de seu apetite por proteínas ou por gordura. O
consumo de carboidratos é parte de um metabolismo planetário de
energia, que é o mesmo para todos os organismos que têm
insulina. Os carboidratos são energia que pode ser armazenada, e
eles só podem ser armazenados através da insulina. É por isso que
você não consegue comer gordura e ficar gordo; mas você come
açúcar e fica gordo.
Nenhuma outra substância que você come provoca uma resposta
insulínica. Esses diferentes caminhos do açúcar e da gordura na
dieta são, e sempre foram, ditados pela interação dos hormônios,
em resposta ao ambiente e a seus níveis de estresse.
A insulina está de um lado, na prancha sobre o tronco, e a
epinefrina, o cortisol, o hormônio do crescimento humano e o
glucagon estão do outro lado. O equilíbrio entre os dois lados da
prancha é alcançado quando uma molécula de hormônio se dirige
para um receptor – em geral que lhe seja próprio, porém nem
sempre. Lembre-se de que a sobrevivência reside na comunicação
cruzada. Os hormônios e seus receptores são moléculas isoladas
de pesos diferentes.
“Ligando” é outro termo que designa qualquer molécula que adere
a um receptor – não apenas hormônios, mas também
neuropeptídeos do cérebro e dos intestinos e citocinas do sistema
imunológico. Lembre-se da metáfora do cadeado e da chave. As
moléculas do receptor são grandes e as moléculas do ligando são
pequenas. Ligare vem do latim e significa “aquilo que liga”. (Ligare é
também origem da palavra “religião”. Não se trata de coincidência.)
Os receptores flutuam à superfície, vindos de dentro das células,
como folhas de vitórias-régias com raízes bem compridas. Quando
as folhas das vitórias-régias recebem um chamado para “ir à
superfície” para ter uma interface, as raízes se esticam, para se
conectarem ao núcleo da célula. Um mecanismo chamado
quemotaxe guia a molécula parceira em perspectiva até o encontro
com o receptor, na folha das vitórias-régias. A quemotaxe funciona
igual ao raio trator, do filme Jornada nas Estrelas. Quando a

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molécula de hormônio, neurotransmissor ou expressão imunológica
(citocina) cai na vitória-régia, as “pétalas” respondem.
O receptor muda de forma na presença de um ligando. A molécula
do receptor, na verdade, abraça a chave química do ligando.
Quando isso acontece, o receptor começa a sacudir e tremer, e a
dança – ou mensagem – é transmitida enquanto o receptor e o
ligando vibram e murmuram – literalmente, não figurativamente. Em
Molecules of Emotion, Candace Pert diz que “uma descrição mais
dinâmica desse processo poderia defini-lo como duas vozes – a do
ligando e a do receptor – atingindo a mesma nota”.
Temos aí a música de novo.
Hormônios, neurotransmissores e citocinas são ligandos cuja
mensagem é traduzida pelo efeito de uma molécula cutucando um
receptor, até que a perturbação cria uma mudança que acomoda
tudo. A partir do momento em que o receptor domina a situação e o
“crescendo” acaba, a mensagem da molécula do ligando viaja
através da raiz da vitória-régia, bem abaixo da superfície, para
acionar interruptores no filamento de DNA dentro do núcleo.
Quando você deixa as luzes acesas, você come açúcar; seus
hormônios respondem de forma apropriada aos carboidratos que
você consome, o que finalmente afeta o DNA de todas as células de
seu corpo. É assim que uma espécie consegue se adaptar ao
ambiente e ao alimento disponível. Se a disponibilidade de um dos
três grupos alimentares muda, o animal vai acabar mudando
também. Portanto, se você tentar viver com apenas um dos grupos
alimentares e excluir os outros dois, acontecimentos ruins vão
suceder. Em essência, aqueles de nós que ainda não são capazes
de lidar com a mudança nos ciclos de luz e/ou no estoque de
alimentos vão morrer.
A exposição à luz artificial foi mínima durante a maior parte da
existência da humanidade; uma brasa ardente aqui, uma vela ali.
Dormíamos mais e não tínhamos acesso ao poder calórico do
açúcar e da farinha refinados. Agora, nossa existência de 24 horas
bem acesas, que substituiu a noite pelo dia, diz aos nossos
controles internos que o verão não acaba nunca, e essa mensagem
exige um banquete contínuo.
Então, banqueteamos-nos.
Porque o açúcar não acaba nunca.

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QUATRO
No gelo:
A evolução, a biofísica e o escuro

Sou parte do sol, como minha Eva é parte de mim. Que sou parte
da terra, meus pés o sabem perfeitamente, e meu sangue é parte
do mar.
– D. H. Lawrence

O açúcar é a luz do sol capturada. A energia revigorante do sol é


absorvida pela vida vegetal do planeta. Quando comemos açúcar,
as moléculas dos carboidratos se transformam em energia ATP
(trifosfato de adenosina), nos centros de força de nossas células.
Qualquer porção da energia solar que não seja imediatamente
utilizada é reorganizada para ser armazenada, sob a forma de
gordura corporal, para garantir alimento no dia em que as plantas
estiverem adormecidas.
Sobreviver é ter açúcar em quantidade suficiente para se
armazenar um pouco para quando não houver nenhum disponível.
Sobreviver nunca foi comer gordura, sempre foi fabricar gordura.
Sobrevivência, teu nome é açúcar.
Esta é a única verdade que existe, aqui e agora nos Estados
Unidos, e desde o tempo mais longínquo que se possa imaginar.
Sempre foi assim, desde a nebulosa história pré-humana. Pelo
menos desde que se originou um verme sem cérebro e sem
coração, chamado C. elegans, a sobrevivência sempre teve a ver
com o açúcar.
O nome científico do açúcar é carboidrato. Os carboidratos são o
único alimento que podemos armazenar, ao contrário do que lhe
informaram. Muitos carboidratos que comemos hoje “vieram com” o
planeta – maçãs, ervilhas, feijões, cenouras, cana-de-açúcar e
beterrabas, em sua forma original. Nós humanos, sempre ansiosos
para melhorar a natureza, inventamos muitos outros: pão,
sacarose, vinho, massas e bolos de arroz. E não importa muito se
se trata de um carboidrato

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complexo ou simples refinado; tudo não passa de açúcar, e para
qualquer organismo dotado da mágica molécula de insulina, isso
significa sobrevivência.
Os vermes lhe diriam isso, se possuíssem mente.
Ainda é objeto de debate descobrir o que, exatamente, seria um
carboidrato para o C. elegans, mas sabemos que ele o utilizava
para sobreviver, pois possuía um gene capaz de produzir insulina
quase exatamente igual ao nosso. O que significa que o tataravô de
nossas origens comuns, há centenas de milhões de anos, era
movido pelo mesmo combustível que nós, porque era o que o
planeta tinha para oferecer. A insulina é a razão pela qual o nosso
sangue pode ser usado como combustível por nossas células. Sem
a insulina, nossos tecidos passam fome, e os mecanismos celulares
e mitocondriais se desfazem em pedaços. Se a vida é lux, ficar sem
insulina é a escuridão.

O TEMPO CERTO É TUDO

Para a maioria dos americanos, insulina é um remédio. Sem dúvida,


todos os diabéticos sabem que não podemos viver sem ela. As
pessoas que viram o filme O reverso da fortuna sabem que o
excesso de insulina envenenou Sunny von Bülow. Mas, para a
maioria dos americanos, a insulina é algo sem maior importância,
ou assim eles acham.
A insulina é uma molécula relativamente pequena, produzida nas
células beta de seu pâncreas. Tem a dupla tarefa de dar às células
acesso ao açúcar que está no sangue, e de girar os botões para
armazenar o restante, numa forma “mais leve”, como gordura
corporal. A insulina é o hormônio da armazenagem. Além de
proporcionar aos músculos, cérebro e fígado o acesso ao açúcar, a
principal tarefa da insulina é lidar com o excesso. Possuímos este
mecanismo receptor de insulina para administrar o excesso de
açúcar ingerido porque sempre se esperou que ingeríssemos
açúcar em excesso toda vez que pudéssemos. Comer açúcar
demais, em termos de sobrevivência, é instinto. Na natureza, que
para nós mal existe ainda, os animais sempre comem carboidratos
em excesso toda vez que os encontram, para o caso de não
encontrarem mais no dia seguinte.
Todo o açúcar que você come é muito pesado, porque os
carbo-“hidratos” são hidratados. Os carboidratos são combustível e
água juntos. Sem a água embutida, as moléculas de carbono
pesam bem

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menos. Essas moléculas de duplo carbono liberadas depois que a
água se dissipa, através das lágrimas, do suor ou da urina, são
gordura corporal. Você pode concentrar muito maior quantidade da
energia dos carboidratos na forma de gordura leve. A quantidade de
gordura que você precisa armazenar, como mamífero, depende do
tempo que você planeja ficar sem comida e de quanto tempo você
precisa para se reproduzir. Isso nos traz de volta a questão da
sobrevivência.
O prolactina é o hormônio da sobrevivência. A maioria de nós
pensa que a prolactina só produz leite humano. Ela realmente faz
isso, mas seu papel mais importante é fazer com que possamos
sobreviver durante a nossa vida, pois ela controla o nosso apetite.
Como recém-nascidos, o primeiro gosto de sobrevivência que
sentimos é doce. Precisamos gerar gordura a partir do açúcar
desde o primeiro dia. O leite de todos os mamíferos tem um teor
astronômico de açúcar. O leite do seio é um fluido corporal rico em
carboidratos, incrementado com um pouco de proteína, para criar
as moléculas necessárias à função imunológica, e uma quantidade
enorme de cadeias de ácido graxo molecular, para produzir
hormônios que vão interagir com o novo ambiente da criança. É a
prolactina da mamãe, que não apenas cria nossa dependência do
sabor doce, tipo “a primeira dose é de graça”, mas cria também
nossa ligação com o sistema imunológico do planeta, ao alimentar
essa dependência. No mesmo nível de importância, a prolactina da
mamãe vai à estratosfera quando ela produz esse leite, porque
prolactina altíssima é sinônimo de um estado de ser auto-imune. A
auto-imunidade significa apenas que o sistema imunológico da
mamãe está trabalhando além da conta, despejando funções
imunológicas no leite do peito, para programar o sistema
imunológico do bebê com toda a memória coletiva que o sistema
imunológico da mamãe, assim como o de sua mãe e o da mãe
desta, vem transmitindo sobre seus ambientes, muito antes que o
bebê sequer tivesse um nome.
Enquanto a insulina nos torna capaz de desviar os golpes
quando lutamos com a natureza, ao armazenar energia do
sol/açúcar para usar mais tarde, a prolactina é quem realmente
controla nosso apetite pelo resto de nossas vidas, ao suprimir a
leptina – que, obviamente, é o botão que aciona o NPY, responsável
por nosso gosto pelos alimentos que podem ser armazenados.
Mesmo com a capacidade de armazenar carboidratos, a
sobrevivência – antes dos hortifruti e dos freezers – dependia
inteiramente da época certa de cada alimento, particularmente
durante a escassez provocada pelas mudanças do clima. Nosso
metabolismo banquete-ou-fome nos dava a dianteira.

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Nossos genes internos sensíveis à luz, movidos pelos céus, na
verdade “cronometram” o tempo necessário para produzir a
melatonina, de modo a dar à prolactina a “previsão do tempo”,
para que essa possa programar nosso apetite em sincronia com o
ciclo de rotação. A conseqüente duração da produção de prolactina,
a partir do relatório da melatonina, vai determinar se será
necessário ou não produzir prolactina no dia seguinte.
No inverno, o “relógio melatonina” faz o “timer da prolactina”
trabalhar um pouco mais à noite, o que, por sua vez, significa que
não secretamos prolactina durante o dia. Isso ocorre porque se a
prolactina for produzida durante o dia, ela não apenas suprimirá a
ação da leptina e deixará à solta o seu desejo por açúcar (numa
época em que não há açúcar disponível), mas também, no glossário
da natureza, significará que homens e mulheres estariam na
“lactação”. Graças, portanto, ao envelhecimento e aos relógios
enguiçados, todos nós, a essa altura, somos muito auto-imunes.
(Este é o efeito colateral de estar fora de ritmo que gera grandes
lucros para os fabricantes de anti-histamínicos).
A produção de leptina a partir de nossa base de gordura é o
“mediador graduado” que informa o NPY quais são nossos níveis de
gordura, e se ele deve ou não ativar nossa compulsão por açúcar. A
premissa é que, se você possui gordura suficiente, a leptina que ela
produz vai desativar o seu apetite por açúcar. Lembre-se dos caras
da fruta-pão. Quando a prolactina do dia suprime de sua base de
gordura, o NPY interpreta isso como “falta de gordura” – e seu
apetite por açúcar permanece ativado durante todo o dia e parte da
noite. Se você não dormir, e a luz (ou sua ausência), que acertaria
seu relógio de melatonina ao longo de todos esses ciclos, nunca
se apagar, você simplesmente continuará a comer açúcar e a
produzir gordura até explodir, porque seu relógio está andando
depressa demais.
Sua mola-mestra está quebrada.
É pessoal, é mais ou menos onde nós estamos agora.
Esse metabolismo banque-ou-fome, embutido no sistema
insulina/carboidrato, facilitava nossa sobrevivência ao armazenar os
carboidratos como gordura. Essa conexão programada com o
ambiente tornou possível a adaptação a um clima completamente
diferente, quando migramos para o norte, além da África. À medida
que seguíamos para lugares de climas cada vez mais frios, com
enormes variações em relação à abundância sazonal, a capacidade
que o nosso

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corpo tinha de marcar os ciclos de luz e escuridão assumia uma
importância ainda maior.
O fato de possuir uma conexão solar que controlava o momento
de direcionar nosso apetite para carboidratos e o nosso despertar
para a reprodução não foi apenas o que nos manteve vivos a cada
dia; na verdade, foi o que nos garantiu a própria vida humana.
Nossa sobrevivência, como espécie, dependia de comer o
suficiente para que pudéssemos nos reproduzir, e de fazer com que
a reprodução coincidisse com a primavera, quando haveria alimento
suficiente para manter vivos a mãe e a prole.
A subida aparição de um sol que nunca se põe está matando
aqueles de nós que evoluem mais lentamente, nos menos de
oitenta anos desde que foi criado – período que não é, pelos
padrões de hoje, sequer a duração completa de uma existência
humana. A ironia é que nós conseguimos usar o fogo durante pelo
menos 45 mil existências humanas somadas.
O trabalho arqueológico de campo desenterrou pontas de lança
de madeira de 300 mil anos atrás que pareciam ter sido
endurecidas pelo fogo; no entanto, levou muito tempo até que o
domesticássemos. Em algum momento dos 230 mil anos seguintes,
nós começamos a “viver” dentro de habitações, não apenas a
buscar abrigo para dormir ou se proteger da inclemência do tempo;
mas não há evidências de que o fogo tenha sido usado para
cozinhar até há uns 70 mil anos atrás. É mais ou menos o mesmo
período em que a arte das cavernas da era Paleolítica começa a
apresentar sinais de desenhos feitos a carvão.
Até aqui – depois do inverno gelado, escuro e sonolento de dias
curtos e de noites longas – o sol sempre voltava, as plantas
cresciam e os bebês nasciam. Os dias espelhavam os anos: a cada
revolução do planeta, da luz para a escuridão, quando o sol
desaparecia, tudo adormecia – até despertar de novo, assim como
o verão sempre se transformava em inverno e depois voltava
novamente. Era um sistema perfeito, até o homem dominar a arte
de transportar o fogo. Já que podíamos levar e finalmente recriar as
conseqüências de relâmpagos e trovões, tudo começou a mudar.
Com a energia portátil, podíamos estender o dia para nosso uso
internamente – à noite. Nenhum outro ser vivente podia fazer
aquilo. Nós, os filhos de Prometeu, distanciamo-nos assim das
outras formas de vida.
Foi essa luz após cair da noite, em bases regulares, o que fez os
ciclos de melatonina encurtarem o suficiente para deixar a
testosterona e o estrogênio virem à tona, que ótimo, o ano inteiro.
Essa mudança

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aparentemente simples apagou os sinais sazonais normais que
indicavam a época da procriação. Nossas estimativa é que paramos
de “hibernar”, ou dormir durante dias ou semanas a cada vez,
também durante a escassez de comida nos climas frios, porque
foram encontrados restos fossilizados de moluscos, crustáceos e
pequenos gamos em cavernas da Idade do Gelo.
Agora, então, vivíamos dentro de habitações, longe do gelo,
relativamente aquecidos e, sem dúvida, incrivelmente entediados.
Esse período produzir a primeira fase da arte das cavernas, talvez
também a arte de contar histórias e a religião. Talvez rezássemos
para ter algo algo que fazer além de desenhos na parede. Em vez
de dormir ou cochilar para reduzir o metabolismo e as necessidades
físicas, e também aumentar as funções imunológicas, ficávamos o
dia inteiro à-toa, sem ter o que fazer, a não ser comer e ficar
deitado. Igualzinho a hoje. Como ocorre com todos os sistemas
circulares de resposta positivos, menos torpor queria dizer mais
tempo acordado – e mais tempo acordado era igual a maior uso do
fogo, e assim por diante. Esse crescimento auto-alimentado do uso
do fogo significava, é claro, ainda mais luz para bagunçar a
capacidade da melatonina de transmitir informações relativas à
rotação e à órbita. Veja você como a evolução simplesmente fica
fora de controle.
Durante todos os períodos antes do atual – não apenas no
período humano ou mesmo no hominídeo/primata –,
desenvolvemos estratégias bem-sucedidas para lidar com as forças
da natureza. De uma vivência marcada por ritmos sazonais
associados à existência de alimento para permitir a reprodução, nós
viemos – assim como todos os outros animais da terra – para um
lugar novo, sozinhos, sem o resto da família.
Uma fez fora do Éden, não havia mais volta.
A luz nos transformaria mais do que sequer ousaríamos imaginar.
A luz, em si, era muito mais sedutora do que qualquer serpente com
um carboidrato. A luz nos deu mais tempo para aprender do que
qualquer outra espécie poderia ter e, em última análise nos deu,
também, a capacidade de nos reproduzirmos mais do que todas as
outras espécies. É claro que teve de haver algumas compensações.
As pessoas começaram a morrer de novas maneiras. Fumaça em
espaços fechados e o aumento dos hormônios sexuais acabaram
logo de cara com muitos de nós.

ESPÉCIE II

Mas aqueles que permaneceram vivos após o milagre do fogo


móvel dormiram menos, imaginaram mais e começaram a falar
durante o período escuro e frio, porque não era mais tão escuro ou
tão frio dentro de casa, graças ao fogo. Não sabíamos que o fogo,
através da sua luz, podia matar sem deixar marcas, sem mais do
que uma bolha. Não tínhamos idéia, então, de que o fato de sermos
banhados por luz artificial durante aquelas horas da noite em que
sempre havia reinado a mais completa escuridão estava nos
transformando por dentro.
Moléculas como a melatonina, um hormônio que sabemos que é
produzido durante o período escuro, informam sobre o ângulo e a
órbita do planeta. Quando as horas de luz pararam de variar
gritantemente com as estações, graças à luz produzida pelo fogo,
nossas “molécula-sentinela” ficaram paradas numa informação de
primavera. No início, foi só o suficiente para nos tornar um pouco
mais inteligentes também. Os sonhos, que costumavam acontecer
só à noite, passaram a acontecer também de dia, graças à
transferência da produção de prolactina para a manhã. Começamos
a imaginar. A crescente necessidade de comunicar e simbolizar
esses sonhos diurnos nos deu a língua.
Depois da conquista do fogo, foi a reprodução o que nos
diferenciou de todas as outras formas de vida ao aumentar
artificialmente a nossa quantidade. Os bebês não esperavam mais
a primavera para nascer. Éramos férteis o ano inteiro, porque o
verão era eterno em nossos ovários e em nossas mentes. Embora
muitos bebês tenham morrido de fome no início, havia tantos que,
de alguma maneira, era mais fácil criá-los.
A memória, também, graças ao aumento da dopamina provocado
pela luz, começou a povoar nossos cérebros em expansão com
“atalhos de recompensa” para nos dar vantagem intelectual. Esse
fenômeno, junto com toda a carne que comíamos no inverno, tornou
a expansão do cérebro uma realidade física também. Imagine a
bagunça homeostática que todos aqueles artistas sensíveis, que
ficavam acordados a noite inteira e o inverno inteiro, que se
multiplicavam sem controle, que tinham cérebros grandes e mentes
pequenas, que estavam eternamente famintos e eram loucos por
sexo, devem ter criado para o resto das criaturas que, na Terra,
ainda viviam em sincronia umas com as outras e com o cosmos.

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GELO, GELO, BABY

Durante as últimas centenas de milhares de anos, mais ou menos,


nossa Família Humana caçou para obter proteínas sob a forma de
peixes, animais, amêndoas e insetos, e colheu frutas, raízes
comestíveis, cascas e folhagens da estação, durante o período de
dormência que chamamos de inverno. Durante grande parte deste
período, as condições climáticas foram esfriando lentamente o
planeta, e muitos de seus habitantes, até chegar a um
congelamento profundo que durou muitos milênios e condenou
grandes quantidades de vegetação à extinção permanente. Se
ainda não tivéssemos o fogo, teríamos perecido também. O mais
recente desses períodos glaciais cíclicos que duravam 100 mil anos
terminou há cerda de 10 mil anos. Essa última idade do gelo
enterrou grande parte da Europa Continental e da América do
Norte, onde chegou ao sul, além de Nova York, e também a
Chicago, com uma camada de gelo sólido que, em alguns lugares,
chegou a ter 4,8 km de profundidade. Nós, humanos, não vivemos
nenhuma das idades do gelo anteriores, porque não havíamos
migrado para o norte até essa última. As grandes rochas redondas
que se destacam no Central Park de Nova York vêm de uma vasta
planície, no alto do continente norte-americano, chamada Labrador
Oon Gala. O termo nativo que designa as rochas – na língua
esquimó dos povos que vivem onde elas se originam – é nuno tacs,
ou “pedras solitárias”. Sempre que um glaciar derrete, essas rochas
ficam.
O gelo virá de novo. Vai esmagar cidades e sugar os mares. Mas
nós vamos sobreviver, assim como os nossos ancestrais
sobreviveram. O gelo sempre voltará, até o final da vida da Terra no
universo, porque sua chegada é marcada pelo tempo de nossa
viagem em torno do sol, e pelo ângulo em que viajamos. Nossa
posição em relação ao sol, ou a inclinação em nosso eixo, varia a
cada 41 mil anos mais ou menos, e nosso “sacolejo” (pense num
pião girando) provoca uma perturbação importante a cada 20 mil
anos. Quando essas duas variações acontecem juntas,
desencadeiam um grande evento – uma mudança no formato da
órbita terrestre, que passa de circular para elíptica. Isso que
acontece a cada 100 mil anos, como um relógio, para mergulhar a
Terra e nós homens em outra Idade do Gelo. O efeito combinado de
três ciclos orbitais altera o ângulo e a distância em que a luz do sol
atinge a Terra nas latitudes mais ao norte. O norte é a chave desse
processo. Quanto menos sol no norte, no pólo, mais gelo se
acumula, mais reflexiva fica a

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superfície do gelo, mais sol se reflete para longe da Terra – o que
significa ainda menos sol, mais gelo, e assim por diante...
Esses séculos de Idade do Gelo mudaram mudaram nosso
metabolismo de forma permanente. Durante verões muito curtos e
não terrivelmente quentes, conseguimos carboidratos que mal
foram suficientes para sobreviver. Aqueles que eram mais sensíveis
à luz e tinham maior potencial de armazenagem sobreviveram, e
nós somos os seus descendentes. Agora, essas características são
uma sentença de morte.
Se o homem paleolítico não tivesse ingerido uma dieta em que
predominavam a proteína e a gordura na melhor porção de cada
dia, isso significaria que ele teria de ficar sem alimento durante
milhares de anos a cada vez. Lamento, vegans, mas isso seria
altamente improvável.
Esses milhares de anos marcados por uma violenta ingestão de
proteínas e gorduras provocaram um aumento direto no peso do
cérebro, o que alimentou a expansão neural evolutiva da qual já
falamos. Durante toda a trajetória da humanidade, o homem viveu e
evoluiu com uma dieta composta de 80% a 90% de proteína e de
teor de gordura nela presente, durante pelo menos sete ou oito
meses no ano, e durante o resto do tempo de vegetação colhida
somente na estação. A total ausência de pedras de amolar, pilões e
pás define com clareza o tipo de nutrição da Idade do Gelo. Eles
nunca tiveram alimentos em quantidade suficiente para se darem ao
trabalho de inventar a moagem ou a trituração.
Os esqueletos remanescentes também são testemunho do tipo de
dieta da época. Em 1988, antropólogos da Emory University
compararam os estilos de vida atual e paleolítico no trabalho “The
Paleolithic Prescription”: “Ao estudarmos os esqueletos
remanescentes o último período paleolítico e analisarmos os
atributos de recentes grupos de caçadores-coletores, é possível
desenvolver um perfil anatômico – e até certo ponto bioquímico –
detalhado. Deduzimos a estatura do primeiro ser humano a partir de
um único osso de um dos membros, com uma fórmula que
relaciona a altura total ao tamanho do osso de um membro. Há 30
mil anos, os machos do leste mediterrâneo tinham uma altura média
estimada de 1,77 m, mas os fósseis Leakey-Walker apontam mais
na direção de uma média em torno de 1,88 m”.
Esses povos atingiam alturas maiores que as, ou comparáveis às,
das populações “bem-nutridas” de hoje.
Os antropólogos prosseguem: “Esses esqueletos remanescentes
também refletem força e musculatura; o tamanho das juntas e os
locais

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onde os músculos se encaixam nos ossos indicam a massa
muscular dessas pessoas e a quantidade de força que podiam
exercer. O CrogMagnon médio era sem dúvida tão forte quanto os
atletas femininos e masculinos superiores de hoje em dia. Eles
trabalhavam muito menos horas do que os posteriores agricultores,
mas eram muito mais robustos.”
Mesmo há 50 mil anos, não é possível distinguir o hominídeo
Homo sapiens sapiens de nós, em termos biológicos. Se estivesse
usando chapéu e óculos escuros, não conseguiríamos identificá-lo
numa fila. Em termos culturais e sociais, as mesmas características
que o mantiveram vivo são as que nos mantêm vivos hoje. Criamos
utensílios de pedra, deixamos uma estrutura cultural, aprendemos
técnicas e praticamos soluções, tudo dentro das noções aceitas de
família e estrutura de parentesco. Essas qualidades de vida ainda
são reconhecidas hoje como importantes ao bem-estar mental
funcional. Os antropólogos e especialistas em medicina forense,
que recriam as faces verdadeiras a partir de partes fossilizadas de
mandíbulas e crânios, dizem que as faces do Cro-Magnon eram
completamente modernas.
Embora as pessoas que viveram no período entre 40 mil e 10 mil
anos atrás não tenham alterado o mundo natural à sua volta de
modo a continuar a existir por um milhão de gerações, talvez algum
dia alguma mulher, cansada de montar e desmontar o
acampamento, tenha dito ao marido: “Meu bem, e se a gente
tentasse fazer essa coisa crescer bem pertinho da nossa porta?”
Nesse dia, o mundo mudou para sempre.
Foi só há 10 mil anos realmente curtos, não importa se um milênio
a mais ou a menos, que nós nos tornamos capazes de controlar o
estoque interativo de alimentos fornecidos pela terra que
asseguravam nossa sobrevivência. Até este último século, desde
aquele momento distante, dez milênios atrás – ou seja, durante
nossa existência pré-histórica inteira – só podíamos comer os
carboidratos que pudéssemos roubar e tomar da cornucópia do
planeta. Isso significa que comemos os mesmos tipos de
carboidratos “naturais” durnate os últimos 9.900 anos, nas mesmas
quantidades.
Agora não é mais assim.
Nenhuma outra espécie, em tempo algum, teve acesso ilimitado à
energia de carboidratos sem se preocupar com esforço, estação,
competição e desastres naturais. A agricultura alterou para sempre
o equilíbrio da natureza.
Se antes tínhamos problemas, a partir daí passamos a corre sério
perigo.

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O advento da agricultura, há 10 mil anos, como uma alternativa
viável em relação a caçar e a colher os frutos da natureza, concluiu
efetivamente o período paleolítico e praticamente eliminou o estilo
de vida de caça e colheita no mundo todo. A Revolução Neolítica
trouxe o fim de nossa coexistência com tudo o mais, nos termos da
Terra. A partir daí, todas as interações aconteceriam nos nossos
termos. “Revolução” implica uma derrocada intencional de uma
instituição em favor de outra. Na realidade, a súbita abundância que
se tornou possível quando o estoque de alimentos passou a ser
controlado pelo consumidor também proporcionou calorias em
número suficiente para sustentar os padrões de reprodução em
transformação.
O HOMEM SE FIXA À TERRA

Depois que aprendemos a “cultivar essa coisa perto da parta de


casa”, paramos de nos mudar tanto. Em vez de seguir o gado para
comer o que precisávamos, começamos a armazenar quantidades
cada vez maiores de grãos e frutas selvagens, além da carne.
Essas previsões eram pesadas demais para transportar em
viagens, mas com elas podíamos alimentar todas as novas
boquinhas; então, pelo bem das crianças, começamos a nos fixar.
Nos velhos tempos, um caçador podia sustentar a si mesmo, a uma
mulher grávida, talvez duas crianças e até mesmo um parente
idoso. As mulheres grávidas e os mais velhos, junto com uma ou
duas crianças, ajudavam a aumentar as provisões recolhendo
insetos e nozes para suplementar as proteínas necessárias.
A dupla caçador-colhedor, homem-mulher, representava uma
divisão do trabalho economicamente “igual”. Quando nos fixamos
para cultivar a terra, no entanto, a dinâmica passou a pesar mais na
direção do controle econômico pelo macho. Foi assim que nasceu a
desigualdade sexual.
Um fazendeiro podia sustentar não apenas mais filhos, em termos
nutricionais; às vezes podia até sustentar mais mulheres e seus
filhos. Um “dono” de terras, na verdade, podia sustentar tudo isso e
mais os homens necessários para defender a terra, além das
mulheres que esses homens possuíam. Em algum ponto da
jornada, o grande fazendeiro dono de terras se transformou num
sultão, dono de 16 mil virgens, porque podia alimentá-las. A
agricultura não se traduziu apenas pelo fato de o número de
fazendeiros superar o de caçadores-colhedores; ela

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se tornou também o meio para qualquer homem alcançar um
sucesso inimaginável em termos reprodutivos.
A Bíblia nos diz isso.
Começamos também a trabalhar juntos em grupos maiores. Essa
domesticação se estendeu além de nossa pequena esfera humana.
Ao dominarmos as plantas, finalmente dominávamos os animais.
Tudo o que cultivávamos em volta de nossos assentamentos atraía
os animais até nossa porta – e tínhamos duas espécies pelo preço
de uma.
Pela primeira vez, desde que aprendemos a mentir uns para os
outros, comíamos regularmente, ao enganarmos outras espécies
com oferta de comida. Todo o excesso de luz e de aprendizagem
estava desenvolvendo em nós um novo tipo de memória e de
instinto, do qual os outros animais não podiam participar. Esse
pacto com o diabo, que chamamos de agricultura, alimentou uma
enorme explosão populacional. Nós, macacos humanos, não
estávamos mais apenas perturbando uns aos outros; éramos uma
força a ser computada. Havia seres humanos em número suficiente
para “reformar” a Terra de acordo com nossas necessidades e
escravizar a maior parte das outras formas de vida. Isso não se
parecia, de jeito nenhum, com nossa humilde origem de caçadores-
colhedores.

DESDE a.C.

Como os glaciares começavam a se derreter lentamente e o globo


estava mais quente e molhado, e porque a noção de tempo de
nossos ancestrais era impecável, a civilização deu um salto naquele
período. No início, quando ficávamos acordados por mais tempo,
enganávamos os órgãos reprodutores, fazendo com que
trabalhassem em “turnos duplos”, o que nos mantinha reprodutivos
o ano todo. A supressão da melatonina e a crescente exposição ao
estrogênio e à testosterona já haviam modificado nossa
capacidade de nos reproduzirmos. Agora a insulina seria testada.
Que qualidade de açúcar poderíamos suportar?
A agricultura havia transformado o equilíbrio nutricional para 90%
de carboidratos e 10% de proteínas e gordura – quase uma dieta de
baixo teor de gordura. Seguiram-se séculos de morte e doença. Os
humanos, ao longo do curso dos últimos 7.500 anos, perderam uma
média de 1,5 cm em altura. Éramos seres bem pequenos, de forma
geral, até recentemente.

Pág 95
É por isso que, nos museus, você vê aquelas armaduras
pequeninas e aqueles sapatos vitorianos do tamanho do pé de
Cinderela – e na rua, do lado de fora do museu, encontra nisseis
americanos muito altos, que abandonaram sua dieta
predominantemente baseada em arroz, desde que vieram viver nos
Estados Unidos. Só no último século é que a nossa dieta provocou
um retorno a um potencial fenotípico de dormência recuperado.
Traduzindo: com mais proteína em nossa dieta, quase voltamos ao
nosso tamanho original.
As conseqüências, em termos de doenças, da dieta gerada pela
agricultura só foram mitigadas pelo esforço físico insano necessário
para manter as plantações. A agricultura é um trabalho pesado –
pesado o suficiente para queimar mais de 90% de uma dieta de
carboidratos, se você fizer todo o trabalho pessoalmente – você e
talvez seu touro. O fato é que o dispêndio de calorias necessário
para os fazendeiros puxarem os próprios arados e trabalharem dez
horas por dia explica porque sobrevivemos tão bem, mesmo
comendo a quantidade de pão que comíamos.
A agricultura também acrescentou outra mentalidade à nossa
visão da nutrição: a economia acima da necessidade. A principal
razão para o crescente percentual de carboidratos na dieta foi que
matar os animais simplesmente para comer nos parecia uma visão
curta. Dividir a colheita com eles significava que haveria menos
para nós durante o inverno; por outro lado, se os mantivéssemos
vivos, eles poderiam nos fornecer leite para fazer queijo – e ainda
continuar a produzir filhotes de sua espécie. Começava a se
desenvolver uma espécie de especulação. Não estávamos
enganando apenas duas outras espécies; estávamos enganando a
Mãe Natureza.
A agricultura, assim como o fogo, não só nos isolou de todos os
outros seres viventos; também nos fez ficar muito doentes, mais
uma vez. Logo que os bebês começaram a nascer o ano todo, a
taxa de mortalidade cresceu, mas naquela época isso mal era
notado, em função do grande aumento da população em geral. O
valor da vida foi ficando menor por causa da onipresença do
homem
Mais um Mundo das Margaridas déjà vu.

O ENVELHECIMENTO DA MÁQUINA

Nosso próximo passo gigantesco para sair do éden (este foi o


terceiro) foi criar máquinas simples para aumentar nossa força física
e nossa

Pág 96
capacidade. Isso impulsionou nossa capacidade de especulação
um pouco mais para cima, e nos levou a conquistar o trovão, depois
as plantas e depois os animais. Tudo começou com o pilão e a pá.
Se partíssemos os grãos em pedaços menores, ele durava mais.
Um pão feito com duas mancheias de grãos podia alimentar mais
de duas pessoas; com o aumento do número de pessoas, muito,
muito mais pessoas passaram a querer muito, muito mais pão.
Esse crescente e contínuo consumo de carboidratos, por pessoas
que estavam programadas para comê-los apenas durante alguns
meses do ano, matou tanta gente naquela época como mata agora.
A verdadeira dizimação começou – e continua para nós, 10 mil anos
depois – quando o homem passou a refinar os carboidratos. Os
grãos moídos e, mais tarde, o suco doce das beterrabas e da cana-
de-açúcar, depois de seco e transformado em pó, eram registrados
pelo nosso sistema insulina/açúcar no sangue como pássaros no
fundo do oceano. Não tínhamos qualquer referência para aquilo;
não fazia sentido. Não havia um lugar, em nossos sistemas, onde
tanta energia, chegando de uma vez só, pudesse caber. Mais e
mais pessoas, com isso, passaram a usar seus casacos de gordura
ao longo da primavera e do verão também.

BRILHANTES IDÉIAS

Embora tenham diminuído a nossa marcha, todas as bocas a mais


para alimentar também passaram a demandar, de seus pais,
soluções criativas. Um homem que adorava a eletricidade uma vez
disse: “A necessidade é a mãe da invenção”. Para os seres
humanos, a necessidade perturbou o equilíbrio. Até hoje, não fomos
superados por qualquer outra espécie na Terra, quando o assunto é
a produção de alimentos e a quantidade que podemos armazenar.
Nós, humanos primatas, nos distinguimos das outras espécies que
habitam o planeta não porque caminhamos eretos, mas porque
ficamos acordados por mais tempo para aprender – e porque
aquecemos o nosso ambiente quando estava frio demais para
sobreviver. Nós aumentamos o abismo entre “eles e nós” com a
agricultura – ou, mais precisamente, ao capturá-los e confiná-los.
Não dá mais para voltar.

PARTE III
A VERDADE
ESTÁ AQUI

Pág 99
CINCO
Negue tudo:
O sono controla o apetite e, portanto,
a obesidade, o diabetes e a hipertensão

“Tenho apenas um parco conhecimento funcional do cérebro


humano, mas ele é suficiente para me tornar orgulhoso por ser
americano. Seu cérebro possui um trilhão de neurônios, e cada
neurônio possui dez mil pequenos dendritos. O sistema de
intercomunicação inspira admiração. É como uma galáxia que você
pode segurar com as mãos, só que mais complexa, mais
misteriosa.”
“E por que isso o torna orgulhoso por ser americano?”
“O cérebro da criança se desenvolve em resposta aos estímulos.
Em termos de estímulos, nós ainda somos os líderes mundiais...”
- Don DeLillo,
White Noise

Os Estados Unidos são a terra das pessoas melhores, mais


brilhantes e mais doentes do mundo. Somos os líderes em
produtividade, distúrbios alimentares, pontuação em testes de
aptidão acadêmica, diabetes, tecnologia de ponta, doenças
cardíacas e câncer. O que todas essas realizações têm em comum?
Sem dúvida não é a dieta rica em gorduras.
Em nossa cultura, as pessoas se vangloriam da pouca gordura
que comem e da pouca quantidade de sono de que necessitam.
Essas duas conquistas são uma revelação direta de nossa ambição
e força de vontade. Nosso lema nacional é: “Se cochilar, você
perde.” A expressão “hora extra” se tornou arcaica. Para aplicar tal
medida ao tempo, teríamos de reconhecer um ponto de parada no
dia de trabalho. O conceito de “abolir o tempo” é que é o verdadeiro
achado hoje.

Pág 100
Veja quantos termos nós inventamos para descrever o estresse
do sucesso – desde as inofensivas “personalidades tipo A” ou
“quem corre atrás” até termos mais disparatados como “um caso de
exaustão” e “fanático pelo sucesso”. Os europeus não chamam uns
aos outros de nomes assim. Nos Estados Unidos, trabalhamos pelo
menos dez horas por dia, tentamos fazer exercício durante algumas
horas por semana – e sofremos. Dean Ornish diz que o amor vai
nos manter juntos e o Dr. Andrew Weil até sugere um “baseado” ou
dois por razões médicas. Nessa cultura, quando somos jovens,
tomamos drogas para relaxar; quando ficamos velhos, tomamos
drogas para sobreviver.
Será que sempre foi assim? Só para os baby-boomers.
Por volta de 1940, os Estados Unidos pós-guerra descreviam
nosso estilo de vida com expressões do tipo “aturar os vizinhos”,
“ascender na escala corporativa” – e o nosso sucesso com frases
do tipo “é o bom e velho trabalho duro”, como se fôssemos as
únicas pessoas do mundo que tentavam realizar alguma coisa. Para
conquistar a liderança mundial, os americanos, em termos
metafóricos, resolveram “virar uma noite” que já dura oitenta anos.
Vivemos em cidades que nunca dormem, num país que se agita
24 horas por dia.
Ocorre que deter a liderança em obesidade, diabetes, doenças
cardíacas e câncer foi só um bônus. É claro que o golfe teve de ser
sacrificado, assim como aqueles piqueniques dominicais com a
família. Nós, americanos, só temos tempo para um hobby realmente
sério na década de 1990: preocuparmo-nos com a morte. Agora,
que manter nossos falhos corações funcionando toma todo e
qualquer tempinho que teríamos depois do trabalho para nossas
esposas ou filhos, uma coisa tão sem importância como dormir é
verdadeiramente inimaginável.

SAIR DO ÉDEN

Os americanos acabaram desistindo de dormir. No máximo, conse-


guimos umas cinco ou seis horas direto por noite. E todos nós acre-
ditamos que estamos muito bem assim. Usamos despertadores,
café e, na década de 1980, quando queríamos ser os donos do
Universo, coca. Nesse caso, a coisa real, não abebida. Talvez este-
jamos cansados, mas não estamos demonstrando... ou será que
estamos?

(... continua até à página377...)

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Home About T.S. Wiley T.S. Wiley Bio

T.S. Wiley Biography | creator of The Wiley Protocol natural


hormone replacement

T. S. Wiley
Medical Writer/Researcher
A Beverly Hills, California-based medical practitioner, Dr. Christian
Renna said that he believes T.S Wiley has made, “one of the most
important discoveries in this century” a simple molecular mechanism
that up until now, everyone else has missed. Her revolutionary
discovery is the fact that it’s the rhythm that matters in the accurate
physiological replacement of hormones without side-effects for
women in the second half of life. Wiley’s findings may have
important implications across a wide range of areas, from the
treatment of menopause and anti-aging to all of the other diseases
of aging such as heart disease and stroke, Type II diabetes, cancer
and Alzheimer’s disease.

The heart of Wiley’s endocrine research in women is based in


chronobiology and circadian rhythmicity. Her work rests on the
simple fact that the circadian clock in every cell of every human
body measures one spin of the earth, and the planet’s constant
companion, the moon, tracks 28 days 13 times in one revolution
around the sun.

This light and dark cycle response on hormone receptors has


evolved the 28 day menstrual cycle embedded in the physiological
make-up of all women. That’s why replacing hormones for women
with static one-time-a-day, same-amount-every-day, dosing has
been so unsuccessfully lethal that most women get sick and some
women die whether they take synthetic or bio-identical hormones in
such a non-natural regimen.

After years of research, T.S. Wiley created The Wiley Protocol®, a


patent pending delivery system consisting of bio-identical estradiol
and progesterone in topical cream preparations dosed to mimic the
natural hormones produced by a twenty year-old woman. The
creams and their amounts vary throughout the 28 day cycle to mimic
the hormone levels of youth. The Protocol is the only bio-identical
hormone replacement therapy (BHRT) that has ever been
developed under the scrutiny of a practicing oncologist.

The Wiley Protocol formulation and manner of dosing bio-identical


HRT started out as a "thought experiment” when Wiley asked herself
and the doctors she worked with the question - "if hormone
replacement consisted of real bio-identical hormones and was
dosed to mimic the ups and downs of the blood levels seen in a
healthy menstrual cycle of a 20 year-old woman, would all of the
symptoms and disease states of aging decline or even, disappear?"
Well, to her surprise and many others, the logic holds - it seems
from mounting evidence on the Wiley Protocol, it was the rhythm
that was always missing in other regimens.

Since the National Institutes of Health (NIH) stopped the Women’s


Health Initiative (WHI) in 2003 because the synthetic hormones –
Premarin and PremPro were deemed too dangerous, the common
assumption among women using bio-identical regimens is that they
are doing something “safer.” However, Wiley points out that the
synthetics may have caused the harm reported, not just because
they weren’t bio-identical hormone molecules, but because of the
way they were statically dosed. Perhaps, bio-identicals, currently
dosed in the Standard of Care mode, may, too, be in need of study
and improvement for safety.

As a medical writer and researcher, T.S. Wiley is the author of “Sex,


Lies & Menopause,” Harper Collins, 2005, a landmark work where a
doctor, a philosopher, and a scientist prove that by postponing
marriage and motherhood, women have accelerated the aging
process, resulting in earlier menopause and, ultimately for
thousands, earlier death. The book also examines the introduction of
the birth control pill in the early 1960’s and the impact of not breast-
feeding our young.

In her first book, “Lights Out: Sleep, Sugar and Survival, ” Pocket
Books, 2000, Wiley points out how the discovery of electricity and
the light bulb put us out of sync with nature. Before Edison, people
spent summers sleeping less and eating heavily in preparation for
winter because light triggers the hunger for carbohydrates. Now,
with light available 24 hours a day, we can consume carbohydrates
year round, and sleep less. In Wiley’s modest opinion, sleep is the
best medicine.

T. S. Wiley spent eight years in private tutorial in molecular biology


with Dr. Bent Formby, PH. D., and has been in clinical private tutorial
in oncology with Dr. Julie Taguchi since 1998. She has also been a
guest investigator at Sansum Medical Research Institute, Santa
Barbara, CA. Her focus is on what she refers to as Darwinian
Medicine or “environmental endocrinology” and evolutionary biology
as it pertains to molecular medicine, oncology and genetics.

Professional Affiliations
A member of the New York Academy of Sciences, and the American
Anthropological Association, Wiley often lectures, and has been a
keynote speaker at the following venues:

• International Hormone Society, "Multi-Phasic, Cyclical Hormone


Replacement Therapy with Bio-Identical E2/P4" in December
2005

• Keynote speaker, American College for Advancement in Medicine


(ACAM), “Multi-Phasic, Cyclical Hormone Therapy with Bio-
Identical E2/P4, Clinical Aspects” in May 2005

• Presenter, World Conference on Breast Cancer, “Natural


progesterone and the evolution of breast cancer” in Kingston,
Ontario, Canada, 1997.

Wiley has made numerous national radio and television


appearances and since 2000 continues to present and lecture on
Multi-Phasic, Rhythmic Cyclic BHRT and Hibernation and Metabolic
States. Wiley’s Seminar’s on the Natural History of Endocrinology
are attended by physicians from all over the world and they are
awarded CME credits for her work.

Peer Reviewed Journals

• Stern R, Shuster S, Wiley TS, Formby B. Hyaluronidase can


modulate expression of CD44. Exp Cell Res. 2001 May 15;
266(1):167-76.

• Formby B, Wiley TS. Bcl-2, survivin and variant CD44 v7-v10 are
downregulated and p53 is upregulated in breast cancer cells by
progesterone: inhibition of cell growth and induction of apoptosis.
Mol Cell Biochem. 1999 Dec; 202(1-2):53-61.

• Formby B, Wiley TS. Progesterone inhibits growth and induces


apoptosis in breast cancer cells: inverse effects on Bcl-2 and
p53. Ann Clin Lab Sci. 1998 Nov-Dec; 28(6):360-9.

• Formby B, Wiley TS. Insulin modulates expression of the


estrogen-induced genes Bcl-2, c-fos and LucCa-2 in MCF-7
breast tumor cells: evidence for association between breast
cancer risk and Type 2 diabetes? Diabetes, poster presentation,
American Diabetes Association, June 16, 1997.

Projects

• “Protocol for the study of natural progesterone and its clinical


effects on advanced metastic cancer.” with Dr. Bent Formby and
Dr. Julie Taguchi 1999 (not reported)

• “Randomized, placebo controlled, double blind trial of


testosterone in men with elevated age specific PSA and benign
prostatic hypertrophy.” with Dr. David Laub and Dr. Julie Taguchi
1999 (as yet unpublished)

• “Natural progesterone for the treatment of multiple forms of


cancer.” 1998 (U.S. patent-pending)

• "Insulin for Cosmetic Use" 1999 (U.S. patent)

• "Multi-Phasic, Rhythmic, Cyclic Dosing, The Wiley Protocol" 2004


(U.S. patent pending)

• “B.H.O.T. Bio-identical Hormones On Trial: A Comparison of


Routes of Administration and Dosing of Compounded Bio-
Identical Hormone Therapy; Study Team: Julie Taguchi, MD,
oncologist and clinical researcher, Sansum Clinic, Santa Barbara,
California, Janith Williams, DNP, WHNP, RNP, researcher,
consultant, clinician and faculty member, Assistant Professor,
College of Nursing and Health Sciences, The University of Texas
at Tyler, GYN/OB MD, Functional Medicine MD, Pharm. D., two
biostatisticians, 10-12 primary care providers with expertise in
care of peri-menopausal and menopausal women, Advisory
Board with nationally recognized content experts and
researchers, Study IRB approval in process, study number
pending: The University of Texas at Tyler, Tyler, Texas April 2007”

"Oral versus Transdermal (cream) Estradiol plus Estriol With


Sequential Oral or Transdermal Progesterone, Transdermal
Estradiol Patch with Oral Progesterone Versus A Control Arm in
Peri-Menopausal Women "(IRB approved pending start date)
Projected October 2008
Fonte:
http://thewileyprotocol.com/index.php?option=com_content&task=vi
ew&id=19&Itemid=29

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Home About T.S. Wiley Lights Out: Sleep, Sugar, and Survival
Lights Out: Sleep, Sugar, and Survival

Written by Booklist
The lightbulb put us out of sync with nature. Way back when, people
spent the summer sleeping less and eating heavily in preparation for
winter because light triggers the hunger for carbohydrates. Now,
with light available 24 hours a day, we gulp down food all year long.
So, Wiley and Formby assert, it is light, not what we eat or whether
we exercise, that causes obesity--and diabetes, heart disease, and
cancer. Indeed, eating bacon, ham, butter, and eggs for breakfast
doesn't impair health, and exercise can make you fat. If we
considered our waking periods as equivalent to the long days of
summer and the short ones of winter, we would avoid those health
problems. Wiley and Formby offer three steps for improvement, but
they aren't optimistic, because the light-driven speed and intensity of
contemporary life may be too much to overcome. Still, try, first,
plugging the leaks in your psyche; then, because you will have lost
weight, resisting carbohydrates; and, finally, swallowing a few pills
and helpful foods. William Beatty --This text refers to an out of print
or unavailable edition of this title.
To order Lights Out -- please contact Simon and Schuster @
212 695-2105
Buy this book on-line»

Home About T.S. Wiley Sex Lies and Menopause | A book of


feminist medicine
http://www.thewileyprotocol.com/content/view/18/71/

Sex Lies and Menopause | A book of feminist medicine

In this revolutionary work -- a landmark that signals the true


beginning of feminist medicine -- a doctor, a philosopher, and a
scientist prove that by postponing marriage and motherhood,
women have accelerated the aging process, resulting in earlier
menopause and, ultimately for thousands, earlier death. In Sex,
Lies, and Menopause, T.S. Wiley, Julie Taguchi, M.D., and Bent
Formby, Ph.D., turn thirty years of medical and cultural wisdom on
its head, challenging both the medical establishment and modern
feminists who believe women can delay childbearing that
menopause, a natural state of female maturity, does not have to
lead to potentially deadly medical conditions.
Sex, Lies, and Menopause offers strong evidence that the use of
synthetic hormones leads to cancer and advises women to turn to
natural hormone replacement therapy -- derived from plants, not
drugs -- to help them elevate their estrogen level for greater energy,
libido, and intellectual capacity. A groundbreaking effort of creative
insight and astute research, this book fearlessly tackles one of the
greatest health crises facing American women today.
Provocative, empowering, and scientifically sound, Sex, Lies, and
Menopause addresses the inherent benefits of natural progesterone,
reveals the lies advanced by the medical and drug establishments,
and challenges women to demand a medical future where their
health comes first. The research presented here will at last allow
women to create their own plan of action by safely putting
themselves on the path to better health and hormonal balance at
any stage of life.
To order Sex, Lies and Menopause -- please contact Harper Collins
@ 212 207-7000
http://www.thewileyprotocol.com/content/view/12/71/

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Apague a luz!
Durma melhor e: perca peso, diminua a pressão arterial e
reduza o estresse
Bent Formby e T. S. Wiley
Auto-Ajuda 384 páginas

Com base em uma pesquisa minuciosa, colhida no National


Institutes of Health (Instituto Nacional de Saúde), T.S.Wiley e Bent
Formby apresentam descobertas incríveis:os americanos estão
doentes de cansaço. Diabetes, doenças do coração, câncer e
depressão são enfermidades que crescem em nossa população e
estão ligadas à falta de uma boa noite de sono.

Quando não dormimos o suficiente, em sincronia com a exposição


sazonal à luz, estamos alterando um equilíbrio da natureza que foi
programado em nossa fisiologia desde o Primeiro Dia. A obra revela
por que as dietas ricas em carboidratos, recomendadas por muitos
profissionais da saúde, não são apenas ineficazes, mas também
mortais; por que a informação que salva vidas e que pode reverter
tudo é um dos segredos mais bem guardados de nossos dias.
Com o livro, o leitor saberá que:

• perder peso é tão simples quanto uma boa noite de sono

• temos compulsão por carboidratos e açúcar quando ficamos


acordados depois que escurece

• a incidência de diabetes tipo II quadruplicou

• terminaremos como os dinossauros, se não comermos e


dormirmos em sincronia com os movimentos planetários.

T.S.WILEY e BENT FORMBY, Ph.D., são pesquisadores que


trabalharam juntos no Sansum Medical Research Institute em Santa
Barbara, na Califórnia – o centro de pesquisas de ponta sobre
diabetes desde que a insulina foi sintetizada pela primeira vez, lá
mesmo, na década de 1920.

Para adquirir este livro:


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