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T. S. WILEY
BENT FORMBY, Ph.D.
Editora Campus
2000
Apague a luz!
Durma melhor e: perca peso, diminua a pressão arterial e
reduza o estresse
Bent Formby e T. S. Wiley
Auto-Ajuda 377 páginas
T. S. Wiley
SUMÁRIO
Introdução 13
PARTE 1, 21
SEGREDOS E MENTIRAS
UM 23
Queremos acreditar: a igreja dos falsos deuses
DOIS 41
No escuro: Um evento no nível da extinção
PARTE II 59
NÃO ESTAMOS SOZINHOS
TRÊS 61
Uma autópsia da terra:
O meio ambiente controla a genética da obesidade
QUATRO 83
No gelo: A evolução, a biofísica e o escuro
PARTE III 97
A VERDADE ESTÁ AQUI
CINCO 99
Negue tudo:
O sono controla o apetite e, portanto, a obesidade, o diabetes e a
hipertensão
SEIS 121
Tudo está dentro da sua cabeça:
Não dormir e comer açúcar demais v]ao levar você à loucura
Sete 145
O melhor lugar para esconder uma mentira é entre duas verdades:
O que faz parar o maior relógio de seu corpo
OITO 169
Dez segundos para a autodestruição:
No esquema evolutivo, o câncer é simplesmente o novo “você”
PARTE IV 193
SÓ OS PARANÓICOS SOBREVIVEM
NOVE 195
Controle dos danos:
O método rítmico de comer para evitar a extinção
DEZ 235
Tenha medo, muito medo:
Somos uma espécie em perigo
GLOSSÁRIO 245
NOTAS 267
ÍNDICE 369
Não estamos aqui preocupados com esperanças e medos, apenas
com a verdade, até onde nossa razão nos permite descobri-la. Já
forneci provas, ao máximo de minha capacidade...
- Charles Darwin
A descendência do homem
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INTRODUÇÃO
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nome que pode pegar... Talvez assim a perda do sono atraia
alguma atenção. De alguma maneira, a idéia de relacionar a perda
do sono a ser credor ou devedor de alguma coisa – igual a dinheiro
– atribua ao assunto maior importância. O dinheiro sempre fala alto
– e essa dívida de sono que você está contraindo tem um custo
anual direto, para a nação, de 15,9 bilhões de dólares, e um custo
indireto de mais de 100 bilhões de dólares, em horas perdidas de
trabalho e acidentes. Mas nós dizemos que o custo é, na verdade,
bem maior.
É o custo da sua vida.
Dormir depois que o despertador toca, cochilar no teclado do
computador ou derramar o café na mesa de trabalho, não são os
principais desastres para quem dorme pouco: a morte é a pior
conseqüência.
E, quando falamos de morte não estamos falando de acidentes de
automóvel.
Como a nação, estamos doentes porque não dormimos. Estamos
gordos e diabéticos porque não dormimos. Estamos morrendo de
câncer ou do coração porque não dormimos. Uma avalanche de
artigos científicos escritos e revisados por colegas nossos dão
suporte à nossa conclusão de que, quando não dormimos em
sincronia com a variação sazonal da exposição à luz, alteramos
definitivamente um equilíbrio da natureza que foi programado em
nossa fisiologia desde o Primeiro Dia. O relógio cósmico está
embutido na fisiologia de cada ser vivo.
A história que estamos prestes a contar é tão óbvia e, no entanto
tão fantástica, que você não acreditaria, se não fosse verdade. Há
mais coisas na história da perda de sono do que qualquer um de
nós esperaria, porque até agora ninguém foi capaz de enxergar o
quadro completo.
Nós enxergamos – e vamos mostrá-lo a você.
Em Apague a luz, provamos que a obesidade e os principais
assassinos relacionados a ela – doenças cardíacas, diabetes e
câncer – são causados por noites curtas, por trabalhar durante
horas ridiculamente longas, por, literalmente, queimar a vela nas
duas pontas – e pela eletricidade, que nos permite fazer tudo isso.
A causa, com toda a certeza, não é comer gordura demais ou a
falta de exercício.
Pesquisamos o crescimento da obesidade e das chamadas
doenças relacionadas a esse aumento de peso durante dois anos e
meio. Nossas conclusões são suportadas por mais de uma década
de pesquisa feita no National Institutes of Health (NIH), em
Washington, e em mais de
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outras fontes científicas. A nova abordagem em relação à doença
pode ser humilde e desconcertante, mas é o preço da verdade.
Então ouça.
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tínhamos hobbies, jogávamos beisebol, montávamos miniaturas de
navios, éramos membros de clubes e líderes de escoteiros. Hoje,
embora o número de horas que dedicamos ao trabalho e ao lazer
seja aproximadamente o mesmo, a proporção mudou
consideravelmente. Nos últimos trinta anos, desde 1970,
encontramos novas paixões para acrescentar às antigas: fazer
exercícios, ir ao médico, agüentar um tráfego cada vez mais
ensandecedor, assistir a 150 canais e a filmes de verdade na TV a
cabo, além dos mais recentes bandidos: e-mail e eBay. Não admira
que não sobra tempo para dormir ou cuidar das crianças.
Então, por que os guardiões da nossa saúde não prestam
atenção ao estresse e à falta de sono antes de colocarem a culpa
na comida? Vai adivinhar. E quando resolveram examinar a dieta
dos americanos e dar conselhos, fizeram tudo ao contrário.
Disseram à população para comer açúcar e evitar gorduras.
Ao revelar como seu corpo evoluiu junto com o planeta e tudo o
mais que nele existe, e ao explicar como esse corpo utiliza o
alimento para provocar o sono e lidar com o estresse, podemos
dizer exatamente o que acontece – à sua mente, ao seu corpo e ao
planeta – quando você come. Agora vamos lhe mostrar a luz.
A ciência do ritmo circadiano explica tudo. Todos os mistérios
podem ser desvendados. Neste livro, examinamos as evidências
científicas através das lentes da biologia evolutiva e da biofísica.
Os mapas moleculares nos mostram o caminho de casa e nos
contam de novo o que sempre soubemos. O sono controla o
apetite, e o apetite e o estresse controlam a reprodução. Dormir,
comer e fazer amor controlam o envelhecimento.
Os hormônios melatonina e a prolactina são atores fundamentais
em nossa conexão mente-corpo-planeta. Eles se comunicam com o
sistema imunológico e com o sistema de metabolização de energia,
em relação aos ciclos de luz-e-escuridão. A insulina e a prolactina
orquestram a química cerebral que governa a serotonina e a
dopamina no cérebro, para controlar nosso comportamento e
estado de espírito. Serotonina e dopamina controlam o
comportamento em relação à comida e ao sexo. Resultado: pouco
sono faz você ficar gordo, faminto, impotente, hipertenso,
canceroso, e com o coração doente.
A energia solar é a catalizadora de todo tipo de vida. A quantidade
de luz que age sobre você informa os “controles” do seu “sistema”
sobre a rotação e a órbita do planeta em que vivemos. Esse
posicionamento global ajuda nossos sentidos a ficarem de olho no
estoque de alimentos.
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É essa comunicação cósmica que nos diz, desde o início dos
tempos, quando comer, o que comer e quando reproduzir, para
maximizar a comida disponível. Nós e todos os outros organismos
neste planeta evoluímos com o giro do planeta – dentro e fora da
luz do sol.
O fato de você estar lendo isto significa que o sistema teve
sucesso.
O fato de você querer ler isto mostra que o sistema está
desmoronando.
A maioria das pessoas está absolutamente cansada de controlar o
peso e preocupar-se com o coração. Estamos prestes a lhe dizer
como parar.
Poderíamos ter dado a este livro o título de Perca peso enquanto
você dorme, mas nos pareceu demasiado vulgar. Quase o
chamamos de Mantido no escuro, depois que descobrimos
exatamente onde eram conduzidos os estudos que provavam nossa
premissa: em Washington. E ninguém menos do que o National
Institutes of Health confirma que é um “dado” científico dizer que os
ciclos de luz-e-escuridão:
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Se o NIH realizou a maior parte dos estudos que fornecem as
provas de que a depressão, a obesidade, as doenças do coração e
o câncer podem ser prevenidos, em grande parte dos casos, se as
pessoas simplesmente dormirem mais e apagarem as luzes, por
que eles nos mantiveram no escuro até agora? Por que continuar a
insistir que dietas ricas em carboidratos e exercício vão nos curar?
Será que eles estão realmente tentando nos matar?
A verdade é sempre mais estranha que a ficção. Os cientistas da
MacArthur Mind/Body Foundation, da Universidade de Chicago, da
NASA, do National Institutes of Health e do National Institutes of
Mental Health, esses últimos em Washington, vêm estudando
biofísica ao longo da última década. Isso significa que os mais
importantes pensadores científicos dos Estados Unidos estão
pesquisando a mesma ciência que nós pesquisamos para este livro.
Enquanto você lê, também eles estão provando que nos
reproduzimos e nos alimentamos sazonalmente, que temos um
metabolismo fartura-fome, que desenvolvemos diabetes, doenças
cardíacas, câncer e depressões graves se dormirmos menos de
nove horas e meia por noite durante pelo menos sete meses no
ano.
Quando perguntamos ao Dr. Thomas Wehr, o chefe do
departamento que estuda os ritmos sazonais e circadianos no NIH
em Washington, se ele achava que a população tinha o direito de
saber que com menos de nove horas e meia de sono por noite – ou
seja, no escuro – as pessoas a) nunca serão capazes de deixar de
comer açúcar, fumar e beber álcool; e b) com grande margem de
certeza desenvolverão uma das seguintes condições: diabetes,
doenças cardíacas, câncer, infertilidade, doença mental e/ou
envelhecimento precoce, ele respondeu:”Bem, sim, ela tem o direito
de saber. E deve ser informada; mas isso não vai mudar nada.
Ninguém vai apagar mesmo as luzes...”
Talvez não.
Afinal, a luz é sedutora. Quanto mais tempo ficamos acordados,
mais aprendemos. É por isso que os americanos são os melhores e
os mais brilhantes – e também os mais doentes do mundo.
Mas ainda acreditamos que algo pode acontecer.
Afinal, quando os números divulgados pelas autoridades disseram
aos americanos, no final da década de 1960, que era melhor
encontrarem tempo para fazer exercícios ou então morreriam, eles
passaram a fazer exercícios. E quando nos disseram para cortar a
gordura de nossa dieta porque senão morreríamos, todas as
fábricas de alimentos se prepararam para isso. Quando a medicina
declarou que os remédios para
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diminuir o colesterol seriam a nossa salvação, enquanto ficávamos
cada vez mais doentes. A gente botou as pílulas para dentro como
se fossem balas de chocolate. É claro que muita gente ganhou
dinheiro com o movimento do condicionamento físico, com os
alimentos de baixo teor de gordura e com os remédios. Mas a única
pessoa que vai se beneficiar com o sono é você mesmo.
O que está em jogo, aqui, é se queremos ou não ir mais cedo
para a cama e trabalhar menos horas por dia. Com os
minimercados 24 horas, 250 canais de televisão e a internet para
surfar a noite toda, reverter nosso ritmo exigiriam um esforço
hercúleo. Sabemos disso, mas estamos prestes a fazer da volta ao
tempo dos dinossauros uma escolha pessoal, não federal.
Acreditamos que a população merece, de nosso governo, o acesso
aos fatos e a uma consultoria nutricional mais precisa.
Nós pagamos por isso.
Todos os americanos sabem que Washington é pródiga em
segredos, mas é um pouco difícil de engolir que, ao mesmo tempo
que o Departamento Federal de Medicina nos diz para ingerir uma
dieta pobre em gordura e 58% de carboidratos para curar
obesidade, diabetes, doenças cardíacas e câncer, o NIH, que fica
do outro lado da rua, está provando que o consumo excessivo de
carboidratos, provocado pela privação do sono, figura entre as
causas dessas mesmas doenças.
Por que vimos sendo mantidos na ignorância, quando eles
sempre souberam da verdade?
PARTE I
SEGREDOS
E MENTIRAS
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UM
QUEREMOS ACREDITAR:
A igreja dos falsos deuses
Em algum momento do passado, os cientistas descobriram que o
tempo flui mais vagarosamente quanto mais longe estivermos do
centro da Terra. O efeito é minúsculo, mas pode ser medido com
instrumentos extremamente sensíveis. Uma vez conhecido o
fenômeno, algumas pessoas, ansiosas por permanecer jovens,
mudaram-se para as montanhas.
Agora, todas as casas estão construídas em Dom, no Matterhorn,
Monte Rosa e outras elevações. É impossível vender casas em
qualquer outro lugar... Pilotis... Pessoas ansiosas por viver mais
construíram suas casas nos pilotis mais altos... Elas celebram sua
juventude e caminham nuas em suas varandas...
Com o tempo, as pessoas esqueceram a razão por que o mais
alto é melhor.
Mesmo assim, continuam a ensinar a seus filhos a evitarem
deliberadamente outras crianças que vivem em elevações menores.
Elas até se convenceram de que o ar rarefeito é bom para seus
corpos e, seguindo essa lógica, adotaram dietas parcimoniosas e
recusam tudo que não seja o alimento mais leve. No final, o povo
se tornou fino como o ar, ossudo e velho antes da hora.
– Alan Lightman,
Os sonhos de Einstein
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A trama engrossa quando dois cientistas fora-da-lei o
descongelam ilegalmente para tirar vantagem do fato de que ele é
uma não entidade numérica – e, como tal, pode ajudá-los a
derrubar o regime fascista que controla os Estados Unidos em
2173. Há uma conversa em que eles discutem o progresso do
paciente:
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nutritivas. Na década de 1970, as saladas e barras nutritivas
certamente seriam classificadas como “comida saudável” para os
“maníacos da saúde”. Todos se sentiam muito confortáveis com o
fato de que havia os “maníacos da saúde” e o resto de nós.
Atualmente, se você não cuida da sua saúde, é considerado um
imbecil.
Hoje em dia tudo é rotulado “de baixo teor de gordura”, “sem
gordura”, “99% livre de gordura” ou “com 30% menos de gordura”,
na tentativa de se qualificar um “alimento saudável”. Até mesmo os
sucos de frutas e as massas secas são vendidas como “sem
gordura” porque somos todos imbecis. Seu médico e os doutores
que aparecem na mídia, todos dizem – mesmo depois que os livros
Protein Power do Dr. Atkins, já provaram o contrário – que você não
consegue carboidratos de alta qualidade para perder peso a menos
que consuma:
O MÓDULO DE DEUS
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lobos temporais do cérebro, que emite repetidamente fagulhas de
atividade elétrica quando a pessoa pensa em Deus ou tem qualquer
sentimento relativo à espiritualidade. Nós, cientistas, conhecemos
isso através das tomografias de monges, freiras e esquizofrênicos,
quando “falam com Deus”. Quase na frente desses lobos temporais
está a amigdala, um órgão de formato amendoado que imbui os
eventos de intensa emoção e de sensação de significado.
Devido à forma como os lobos temporais são estruturados e
sensorialmente conectados com a amigdala, eles são as regiões
mais eletricamente sensíveis do cérebro. O Dr. Persinger tem
conhecimento pessoal sobre isto porque ele criou um elmo com
molas de fios de aço colocadas logo acima das orelhas (lembra
Woody Allen em O Dorminhoco?). Ao passar uma corrente elétrica
cuidadosamente controlada através dessas molas, o médico cria
um campo magnético pulsante que imita os padrões transmissores
de energia dos neurônios nos lobos temporais. Isso gera uma
experiência espiritual mística completa, com uma saudável dose de
paz. Os cobaias do Dr. Persinger relatam um “efeito opiáceo, com
uma queda substancial da ansiedade e uma elevada sensação de
bem-estar, semelhante aos relatos de iluminação”.
Enquanto o Dr. Persinger caprichava em sua melhor
caracterização de cientista louco, Vilayanur Ramachandran, Ph.D.,
diretor do Laboratório do Cérebro e da Percepção da Universidade
da Califórnia, em San Diego, entrava em contato com o céu. O Dr.
Ramachandran anunciou, em 1998, que havia descoberto o
“módulo de Deus”. Este “módulo” está localizado no cérebro, numa
área dentro dos lobos temporais, que se torna eletricamente ativada
quando uma pessoa pensa em Deus ou em espiritualidade, ou
relembra uma experiência “mística”. Olha, isso me parece familiar.
Sabemos também que o estresse, a tristeza e principalmente a
falta de oxigênio estimulam fortes descargas elétricas na mesma
área, vizinha ao módulo de Deus. Como a falta de oxigênio
desencadeia estas explosões neurais, alguns cientistas acreditam
que esse mecanismo pode ser o responsável pelas várias
experiências de euforia e tranqüilidade próximas da morte. Também
a apnéia do sono, em pessoas com lobos temporais
descontrolados, pode significar que elas ouvem alguém chamar seu
nome quando adormecem, ou que têm uma “experiência fora do
corpo”, como a sensação de estar voando, durante o sono.
Podemos dizer também que a hiperventilação resultante do
exercício, junto com o estilo de vida Yuppie-urbano de baixo teor de
gordura,
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aciona o módulo de Deus. É por isso que o barato do corredor é
uma experiência tão religiosa.
Seu cérebro pensa que você está morrendo. Mas você só está
sem fôlego.
Receamos que você esteja sem tempo também.
A verdade é que todo esse exercício está fazendo mais do que lhe
dar um barato. Está exacerbando a queima de seus receptores de
cortisol. Correr é uma resposta de medo. No mundo real, significa
algo está querendo te pegar; pelo menos é o que seu corpo e seu
cérebro pensam. Se você correr por tempo suficiente, todos os seus
sistemas acreditarão que você vai conseguir ultrapassar aquele
predador. A química cerebral que acompanha as corridas longas
evolui para tornar mais agradável a saída deste mundo. Isso
significa que a falta de oxigênio, sozinha, vai acionar aquela parte
do cérebro que nos leva para o céu ou, neste mundo, nos dá uma
razão para continuar correndo. O mecanismo da química cerebral
que o faz ver Deus enquanto fica sem oxigênio evolui a partir das
respostas programadas – respostas a impulsos ambientais que não
mais existem, respostas que, num passado remoto, podem ter salvo
sua vida ou tornado a morte agradável.
Pois agora essas respostas o estão matando.
VIDA SAUDÁVEL?
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II teria servido, em outro tempo e lugar, para manter aquecidos os
órgãos internos e ser utilizada como energia durante o período
normal de fome (o inverno). A ingestão cada vez maior de
carboidratos (açúcar) sempre acaba numa produção maior de
colesterol também, porque os carboidratos baixam a temperatura de
congelamento da membrana celular. No mundo real, você nunca
teria acesso a uma tal quantidade de açúcar, a menos que fosse
verão antes do inverno. Mas você não vive no mundo real.
Da próxima vez que seu médico disser que seu colesterol está
alto demais e que você deve cortar gorduras e fazer mais exercício,
diga-lhe que ele está errado. Diga-lhe que você não está doente,
que só vai hibernar – e que não quer congelar. Talvez ele ache
graça.
Você, por outro lado, deveria estar chorando pois tem um grande
problema.
Todos os sistemas que evoluíram para mantê-lo vivo, e que o
mantiveram até este ponto, estão berrando: “A fome está
chegando!!!”
Quando você se exercita dia e noite para driblar o ganho de peso
que seu corpo e sua mente desejam, você aciona sua “resposta de
estresse”. E a mensagem que você envia a esses sistemas é: “Ai,
meu Deus, a fome está chegando e tem um tigre atrás de mim!”
Acredite, isso não é solução.
Na realidade, o exercício pode muito bem ser o último prego de
nossos caixões coletivos. A resposta de estresse ancenada quando
você corre para salvar sua vida naquela esteira eleva seus níveis de
cortisol. Se você faz isso de vez em quando – digamos, a cada dez
dias, a resposta episódica natural do cortisol vai manter seu
coração e cérebro saudáveis. Mas se você faz exercício feito um
maníaco mais de uma vez por semana, os altos níveis de cortisol
resultantes de todo o exercício crônico na verdade imitam o
estresse da época da procriação, quando as longas horas de luz e a
competição (principalmente para os machos) mantinham o cortisol
em picos anuais. A competição sexual é a situação mais
estressante possível na natureza, depois da morte. O período da
procriação seria um fracasso sem uma base de gordura para
sustentar uma gravidez durante o inverno. Assim sendo, não é por
acaso que a compulsão por carboidratos, para gerar gordura,
coincide com os altos níveis de cortisol e de hormônios sexuais. É
preciso ter pão no forno em agosto ou setembro para a maioria dos
mamíferos, para que o bebê possa nascer em abril ou maio, na
primavera, quando o alimento é abundante.
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Agora você está na academia de ginástica, é novembro e o
horário é um momento qualquer entre seis e meia e nove e meia da
noite; pelo menos dez watts de luzes florescentes estão acesos,
intensificados pelos espelhos que brilham diretamente em seus
olhos e sobre a pele de seu corpo superexposto. Você levante
pesos, corre e caminha numa esteira ou trilha, e se for realmente
suicida, está num StairMaster ou girando.
Saiba que, para seu corpo e sua mente – que evoluíram, ao longo
de milênios, para reconhecer os sinais da Natureza – você está
numa luta, uma disputa mortal, igualzinho aos gnus que golpeiam
com os chifres, que você vê no Discovery. Você está lutando por um
ovo, pela imortalidade ou apenas por uma chance no próximo
round. Essa luta parece razoável para seu corpo porque as luzes à
noite (a luminosidade da sala de ginástica) significa que estamos no
auge do verão, e que você deve se acasalar ou vai se tornar
violento. É por isso que o cortisol fica elevado durante o dia: para
fornecer glicose aos músculos para correr ou fugir, e para mantê-lo
calmo para os processos de tomada de decisão – no caso,
acasalar-se. É por isso que, quando somos constantemente
banhados por luzes inesgotáveis, sentimo-nos todos tão nervosos
(leia-se: paranóicos, agressivos, histéricos, apressadíssimos), até
mesmo quem não se exercita, até nos desligarmos de tudo.
Nesse estado crônico, você não está apenas mantendo alto o
nível de açúcar no sangue, o que sobrecarrega o sistema de
resposta da insulina com os efeitos mobilizadores do açúcar no
sangue do cortisol; na verdade, também está se tornando resistente
à insulina enquanto se exercita.
Esse fato significa que o exercício pode engordar.
Enquanto você faz exercícios feito um maníaco e vive numa dieta
de baixo teor de gordura, ganha peso até se cheirar um biscoito.
Além disso, de quebra, desperdiça hormônios sexuais, causa
câncer e provoca supressão do seu sistema imunológico. O cortisol
alto crônico também altera sua percepção do tempo e fez com que
você viva constantemente correndo. É essa percepção alterada do
tempo que provoca o período de divagação tarde da noite, antes de
ir para a cama, quando você fica acordado sob a impressão de que
deve haver algo a ser feito, ou de que você não concluiu seu
trabalho. Aí você enche mais de açúcar, porque não dormiu – e sua
insulina vai à estratosfera. Sabemos que só esse comportamento já
o torna gordo e doente.
Acredite, a culpa não é da falta de exercício, da carne ou da
manteiga.
Nem da gordura, de jeito nenhum.
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De verdade, gente.
Se a ingestão de gordura saturada causasse obesidade, já
estaríamos lá na frente, no sentido de reduzir a obesidade
nutricionalmente. Todos nós teríamos a aparência de supermodelos.
Estamos comendo menos gordura e nos exercitando mais do que
nunca, mas não lembramos em nada os supermodelos.
Na verdade, estamos horríveis.
Estamos mais gordos e doentes do que nunca, em toda a história
do nosso país. E o problema não é apenas a nossa aparência
terrível: nossos planos de erradicar doenças cardíacas, câncer e
diabetes foi para o brejo. O americano mediano na verdade ganhou,
em média, quatro quilos de peso desde o início da uerra do baixo
teor de gordura” contra a obesidade.
O pressuposto que cultivamos com carinho durante trinta anos era
que perder peso cortando gorduras e fazendo exercícios levaria a
uma redução importante nas ocorrências de doenças
cardiovasculares, sem mencionar o diabetes e o câncer.
Mas não foi o que aconteceu.
E quando não aconteceu, a medicina disse que os cientistas
disseram que a gente não tinha cortado gordura suficiente. E que,
se diminuíssemos o teor de gordura de todos os alimentos
processados, se reduzíssemos o consumo de carne vermelha e
criássemos imitações de gordura com o Olean, a marca do olestra,
a maré finalmente se reverteria. Hoje, todos esses milagres e metas
já se concretizaram, a gente se exercita dia e noite – e, no entanto,
muitos de nós já tentaram, pelo menos uma vez durante os últimos
anos, virar vegans.* Todos os dias os apresentadores de televisão,
os documentários, novos âncoras e programas de culinária nos
dizem que a vida de baixo teor de gordura funciona. E você jamais
saberá que não funciona, a menos que dê uma olhada nas
estatísticas e no crescimento das vendas de remédios para dieta.
Esses números mostram um quadro totalmente diferente.
Dizer que o cenário não é tão róseo, no mínimo, uma brincadeira
de mau gosto. Estudos recentes mostraram que perdemos mais de
________________ ___
*Vegans: vegetariano radical, que não consome qualquer produto de origem animal, nem
mesmo laticínios. (N.T.)
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um milhão de vidas, só de doenças cardíacas. O grande rumor,
entre os estatísticos, é que as mortes por doenças cardiovasculares
têm sido omitidas indiscriminadamente. De alguma forma, embora o
número de mortes por doenças cardíacas tenha caído, o verdadeiro
número de ataques cardíacos subiu bastante.
Isto significa que alguém está manipulando os números.
Significa, também que as pessoas continuam tendo tantos
ataques cardíacos e doenças cardiovasculares quanto sempre
tiveram; no entanto, procedimentos como cirurgias, angiogramas,
uma droga que dissolve coágulos chamada t-PA, 911 e angioplastia
as têm salvo, por enquanto, e com isso o índice de mortes tem
caído. Isso para falar só em morte cardiovascular; outros 60 milhões
de pessoas (isso é 25% da popoulação norte-americana) vão
acabar morrendo de doenças cardíacas, tendo em vista seu perfil
de risco.
Alguns desses “riscos” são cigarro, idade, gênero, pressão alta,
elevadas taxas de colesterol, diabetes, estresse e, logicamente, a
obesidade, o pesadelo médico de quase todo o mundo (em nossa
sociedade), o terror não é a pogreza, as doenças cardíacas ou
sequer os crimes violentos; a idéia assustadora de que, um dia, a
pessoa pode simplesmente acordar de manhã e constatar que está
realmente gorda).
Muito bem, agora acorde e sinta o cheiro do milk-shake dietético.
O homem mediano, nos Estados Unidos, não é magro. Tem 23%
de gordura corporal, enquanto a mulher mediana tem 32%. Esses
números tornam o cidadão médio 53% mais gordo do que o ideal
saudável, e a cidadã média pelo menos 50% mais gorda. Em 1961,
a obesidade atingia, historicamente – ou pelo menos assim se
pensava – 20% de toda a população. Em 1995, o Centers for
Disease Control and Prevention nos revelou que o número de
americanos gravemente obesos havia aumentado 30%, somente
durante a década de 1980. lembre-se da academia de ginástica.
Nos vinte anos anteriores, essa mesma estatística de obesidade
permaneceu inalterada, em um quarto da população. E este é
exatamente o mesmo período de vinte anos em que se desenvolveu
o grosso da pesquisa nutricional que hoje seguimos. Esse intervalo
de vinte anos assistiu também ao fim da comida de verdade, da
semana de trabalho de quarenta horas e das férias de suas
semanas, assim como ao advento da TV a cabo, dos telefones
celulares, do correio de voz e do e-mail.
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JÁ PENSOU NISSO?
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cinco, ou talvez sete horas a mais de luz, num período de 24 horas,
dia sim dia também, durante sete meses por ano, completamente
fora de estação. Isso entra ano e sai ano, década após década –
até a mãe ter câncer de mama e a filha ter acne e ser gorda demais
para estar na capa da Vogue. E o Júnior, com apenas 1.70 m de
altura, ainda por cima ter asma. Se o nosso pai imaginário estiver
presente, terá artérias obstruídas, pressão alta e excesso de açúcar
no sangue.
Como tudo isso acontece é um completo mistério para a ciência
médica.
A desastrosa derrocada na saúde do povo americano corresponde
ao aumento das atividades noturnas estimuladas pela luz e ao
consumo de carboidratos que as acompanha. Considere apenas o
aumento do peso médio de jovens adultos e adolescentes ao longo
dos últimos quinze a vinte anos. Na média, esse peso aumentou,
previsivelmente, mais de 5 quilos. O percentual de adolescentes
obesos estava em 15% na década de 1970, e subiu para 21% na
década de 1990. agora, está acima de 30%.
Um recente artigo de primeira página do New York Times citou a
televisão como a causa do aumento da obesidade entre os jovens.
O artigo se baseava apenas na premissa “preguiça”, alegando falta
de atividade física exercício). A causa é a televisão, sim, – mas não
da forma que eles pensam. Grande parte dos jovens de hoje
nasceram num mundo de baixo teor de gordura/exercícios pesados.
Mais de um terço deles se autodeclaram vegetarianos, ciclistas,
montanhistas e patinadores. E há aproximadamente 12,5 milhões
de jovens como esses hoje nos Estados Unidos. E quando se
pergunta a esses jovens adultos por que são vegetarianos, a maior
parte diz que é por causa da saúde; o resto só acha que é legal.
Eles não tem idéia do que estão fazendo a si mesmos.
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com relação ao fracasso da dieta de baixoi teor de gordura em curar
doenças ou salvar vidas. Sua resposta fraca e inconsistente:
“Desde o início isso era apenas uma hipótese” – não demonstrou
vergonha alguma.
Essa “hipótese” custou mais vidas do que as duas guerras
mundiais e o conflito do Vietnã juntos. Basta verificar as estatísticas
da American Câncer Society e da American Heart Association nas
últimas três décadas. Em 1999, a previsão era de que, só de
câncer, 1.257.800 pessoas iriam morrer.
Se preferir uma projeção de futuro, consulte os números
misteriosos da American Diabetes Association sobre a crescente
população de diabéticos Tipo II. Agora, os pesquisadores estão em
busca de explicações genéticas para a obesidade porque, se temos
certeza de alguma coisa, essa certeza é de que a obesidade é o
começo do fim. A obesidade é a precursora do diabetes adulto. Não
é coincidência o fato de que, até o final do ano 2000, haverá mais
de 25 milhões de diabéticos Tipo II. É cerca de 98% de toda a
população diabética. Se todos os 25 milhões se tornarem
diabéticos, com certeza uma grande parcela deles terá doenças
cardíacas e pressão alta – duas condições que levam ao derrame.
Essas complicações são as que mais matam os diabéticos.
Há anos que se prevê que a redução da gordura na dieta reduziria
também o câncer; só que as estatísticas nos mostram uma
crescente incidência de câncer de colo, associada a uma queda na
incidência de morte. Isso significa que o câncer de colo está
aumentando, mas as pessoas estão morrendo menos disso. Isso
não quer dizer cura; no caso do câncer de mama e de próstata,
podemos ver aumento na incidência e também nas mortes. Esses
dados sobre câncer de mama, próstata e colo são os que, com toda
certeza, deveriam ter apresentado queda, dadas as mudanças que
os americanos fizeram na dieta dos últimos quinze anos. Em vez de
reconhecer a dieta de baixo teor de gordura, a pesquisa médica nos
deu Mevacor, Provachol, Proscar – e agora Tamoxifen e Raloxifene.
A medicina admite que a “melhora” nas estatísticas de câncer é
conseqüência do diagnóstico precoce, não do tratamento ou da
prevenção. Mas o diagnóstico procece aumenta apenas o período
de conhecimento – a vitima só fica sabendo antes que vai sofrer e
morrer. Na verdade, não muda a data da morte. O diagnóstico
procece nunca salva vidas; com maior freqüência, apenas as
prolonga por tempo suficiente para confundir os números. E todos
esses números provam que estamos no caminho ERRADO.
Concordamos que a intervenção da dieta com certeza
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pode reverter o curso da doença. Cortar carboidratos pode curar a
obesidade e grande parte do diabetes, mas não as doenças
cardíacas, e com certeza nem todos os tipos de câncer. O final
dessa história é a EXTINÇÃO.
A comida é parte dessa equação, está bem, mas não é a
resposta. A resposta está no ritmo circadiano e na evolução.
A resposta está em comer, dormir e reproduzir-se em sincronia
com a órbita do planeta, ou acabar como os dinossauros. As longas
horas de luz artificial que confundem seu ancestral sistema
regulador de energia também destroem o revestimento de seu
coração, e portanto o colesterol em excesso pode obstruir o fluxo
sangüíneo. Ao longo do curso da evolução, seu subconsciente foi
condicionado e ajustado para acreditar a agir da seguinte maneira
quando as luzes ficam acesas por um período muito longo: “Coma
carboidratos agora, ou morra mais tarde.” Da mesma forma, ao
longo do curso da evolução, seu subconsciente foi condicionado e
ajustado para acreditar e agir da seguinte maneira quando as luzes
ficam acesas por um período muito longo: “Acasale-se ou morra.”
Esse instinto que responde à luz tem sido a base de nosso
metabolismo fartura-ou-fome e, em última análise, de nossa
sobrevivência, durante pelo menos 3 milhões de anos. Todos os
efeitos da exposição crônica à luz e o consumo de carboidratos que
acompanha essa exposição, em outro tempo e lugar, ter-nos-iam
preparado para o pior: para a falta de comida e para os dias mais
frios, curtos e escuros, em que há menos sol.
Nós sempre “nos fartamos” para agüentar a “fome” que
certamente viria – até agora. Infelizmente, a verdade em nosso
tempo é que ingerimos carboidratos hoje e morremos mais
depressa. Nosso corpo traduz como “verão” as intermináveis horas
de luz artificial. Como ele sabe, instintivamente, que o verão vem
antes do inverno, e que o inverno significa falta de comida,
começamos a desejar carboidratos, para acumular gordura para um
período em que o alimento é escasso e deveríamos estar
hibernando. Esta é a fórmula:
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Essa escassez é acompanhada de:
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realmente a culpada. A história nos ensina que todas as doenças da
civilização surgiram com força total depois da Revolução Industrial,
quando a eletricidade tornou real a disponibilidade da luz artificial
ilimitada e barata. Foi a lâmpada elétrica que transformou a noite
em dia. A curva do desempenho de preços da lâmpada elétrica é
semelhante à curva do desempenho de preços de um computador
portátil. Uma lâmpada de 100 watts custa 33 centavos de dólar em
qualquer supermercado; em 1883, a mesma quantidade de luz
custaria ao consumidor US$1.445. Os especialistas concluíram que
as máquinas usurparam nosso bem-estar físico; na verdade, foram
os alimentos processados, refinados e adoçados que entraram pela
primeira vez na nossa vida (ao mesmo tempo que as luzes
estenderam o nosso dia e mudaram nosso apetite) que provocaram
todo esse processo. Embora o instrumento da destruição possa ser
a alimentação, a causa da morte é algo bem mais insidioso.
A CAUSA DA MORTE
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enorme força de trabalho. As luzes geravam empregos para pagar
por elas. No final da década de 1920, as caras máquinas instaladas
nas fábricas já haviam começado a funcionar junto com os
ponteiros do relógio. De repente, estavam rodando durante as 24
horas do dia, enquanto, apenas uma década antes, a energia
proveniente do gás era cara demais para ser usada durante a noite
inteira. Antes da eletricidade, as fábricas só funcionavam durante
dez horas. Essa segunda Revolução Industrial remapeou o
panorama econômico.
O trabalho noturno trouxe mais dinheiro de várias maneiras. Não
apenas forrou os bolsos dos donos das fábricas; gerou também
mais empregos e dinheiro para uma subclasse econômica de novos
imigrantes. O mais importante, porém, é que o trabalho noturno
trouxe com ele uma economia de serviço. Essa economia fez
proliferarem transportes, restaurantes e mercados 24 horas,
quadras de tênis e jogos de beisebol noturnos, pontos de jogo e por
aí vai. A eletricidade alimentou o telefone, que é a base de nossa
atual capacidade de comunicação de ficção científica, e que
permitiu que os pequenos mercados se tornassem globais. Existe
até uma nova pérola de terminologia, na língua inglesa, para este
fenômeno, graças à Internet: 24 por 7. Foi um golpe de sorte
ridiculamente terrível, num século que de outra forma seria bem
interessante, o fato de que, exatamente ao mesmo tempo que o
açúcar começou a ser usado para preservar e embalar “comida”
industrializada, nós tivéssemos a oportunidade de ficar acordados a
noite toda para comê-lo.
É claro que, naquela época, não havia muitos alimentos
industrializados no mercado; porém os que existiam utilizavam
xarope de milho altamente refinado (em máquinas industriais) para
evitar perda de umidade e aumentar a vida de prateleiras de
produtos. Muitos alimentos industrializados ainda usam o mesmo
conservante. Até os pãezinhos de aveia adoçados com mel, feitos
com grãos integrais e de baixos teores de gordura, bem
embaladinhos, que você encontra próximo às caixas registradoras
dos minimercados, são preservados com açúcar. É altamente
esclarecedor observar, neste ponto, que a incidência de diabetes
Tipo II caiu tremendamente durante as duas guerras mundiais,
época em que o açúcar era racionado.
O INSTRUMENTO DA MORTE
A RESSURREIÇÃO DA VERDADE
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DOIS
No escuro:
Um evento no nível de extinção
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girinos. Na Austrália, quatro – nem uma, nem duas, nem três: quatro
– espécies desapareceram das florestas de Queensland. Na ilha
havaiana de Kauai, um tipo de rã que antes abundava na região
simplesmente não existe mais. Os nativos disseram aos
pesquisadores que todos os sapos tinham “ido embora” um dia.
Essas criaturas, agora ausentes, viviam em delicado equilíbrio entre
água e terra, ar e luz.
Assim como nós.
É uma perspectiva apavorante compreender que, no final, o nosso
desaparecimento – assim como o dos anfíbios – vai ocorrer, mais
provavelmente, como um colapso geral e inespecífico, e não por
causa de um asteróide cadente ou um holocausto nuclear.
Sabemos que já começou. Nós, os seres humanos vivos de hoje,
estamos disparando rumo à extinção.
O LIVRO DOS MORTOS
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parecer. Nossa primeira investida no terreno do controle celestial –
o fogo – transformou aqueles, dentre nós, que tinham condições de
ser transformados. O domínio e o uso do fogo foi a primeira
descoberta que aumentou nossos dias e encurtou nossas noites.
Noites mais curtas significam menos melatonina. Menos
melatonina significa mais estrogênio e testosterona, mais
cortisol – e, é claro, mais insulina. Aqueles de nós que
conseguiram se adaptar a uma vida com menos sono, mais
carboidratos e o aumento da fertilidade que isso trouxe,
sobreviveram. Os que não conseguiram se adaptar morreram,
incapazes de sobreviver ao novo ambiente.
O maior réquiem de morte que se seguiu foi a maciça extinção
humana que acreditamos deva ter ocorrido bem no limiar do
advento da agricultura. Como qualquer outro animal, nós nascemos
para caçar à luz do dia – seja à cata de frutas e peixes no verão ou
de porcos selvagens e cascas no inverno – e para descansar no
escuro. Cultivar grãos perto dos locais onde vivíamos mudou tudo
isso. Embora o suprimento de energia fornecida por carboidratos o
ano inteiro tenha nos ajudado a ser mais populosos do que
qualquer coisa viva, exceto os micróbios, este novo milagre – a
agricultura – também nos proporcionou a primeira praga auto-
infligida. A mudança relativamente súbita na concentração e no
tempo de ingestão da nova alimentação à base de carboidratos
acabou com muitos de nós ao perturbar o equilíbrio de nossa
nutrição, que era 90% proteína e, de repente, passou a ser 80%
carboidratos (ou seja, açúcar).
Em todo o período prévio da vida humana, ainda que os
carboidratos estivessem disponíveis nos meses que vão da
primavera ao final do outono, nós nunca os desejamos
intensamente até as horas de luz do dia mudarem, ou seja, quando
março virava abril e quando abril virava maio. Por volta de junho e
julho, nossas noites duravam apenas sete ou oito horas, em
comparação com o auge do inverno, quando a escuridão duvara
pelo menos treze horas por dia.
A agricultura significava que, de repente, passávamos a viver com
uma quantidade de carboidratos (açúcar) cada vez maior, até por
um período superior a um ano inteiro, devido à nossa habilidade de
controlar os períodos de crescimento das lavouras. Depois de
atravessar centenas de milênios e algumas Idades do Gelo sem
comer açúcar fora da estação, a rapidez (em termos evolutivos)
com que ele chegou causou o mesmo tipo de morte que estamos
testemunhando atualmente.
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Nosso colapso geral e inespecífico mais recente começou com a
chegada da eletricidade. Nossa primeira manobra inocente foi
carregar as brasas incandescentes que sobrevam da queda dos
raios. Aquele “fogo” tinha possibilidades reais. Em seguida, demos
um jeito de aprender a reanimar as brasas que haviam esfriado. E
assim vivemos por talvez um milhão e meio de anos; depois, em
menos de uns ínfimos oitenta anos, resolvemos morar com os
deuses.
Dessa vez, a gente fez melhor: aprendemos a recriar o raio que nos
trouxe a mágica das brasas ardentes. Passamos a deter o tesouro
do deus Thor. O controle sobre a energia primal do raio nos deu as
chaves do reino; agora vamos pagar por isso.
Desde meados do século XVIII até o final do século XIX, europeus
como Michael Faraday, Alesandro Volta e alguns outros dispersos
pelo mundo perseguiram o magnetismo até que a natureza, sob a
forma de elétrons, perfilou-se e bateu continência. Agora, oito mil
anos depois do início da agricultura, nós, os arrependidos
sobreviventes dessa última grande ameaça da humanidade,
enfrentamos um novo tipo de extinção: a luz artificial, a nós
proporcionada por Thomas Alva Edison, o Homem do Milênio,
segundo a revista Look.
Em 1831, Michael Faraday criou o gerador elétrico. Edison viu o
aparelho na Exposição de Filadélfia e, assim diz a história, foi
inspirado – tão inspirado que veio a se tornar o Bill Gates do século
que então se iniciava. A lâmpada elétrica, o fonógrafo, partes do
telefone e seus fios e ainda o projetor de cinema – tudo saiu da
mente desse único homem.
Em 1877, ele tomou dinheiro emprestado com J. P. Morgan e lhe
prometeu uma lâmpada elétrica. A equipe inglesa de Sawyer e
Mann estava bem próxima de produzir a sua, e Edison queria
derrotá-los. Por volta de 1878, ele ainda não tinha uma lâmpada
que funcionasse. Um ano depois ele havia perdido sua família e seu
dinheiro, e nada de lâmpada. Naquele ponto, porém, ele ainda
enxergava.
Sob a mira de um revólver, por assim dizer, ele trabalhou 24 horas
por dia durante três semanas inteiras, com apenas uma muda de
roupa e uma equipe de quinze homens. Fumava vinte cigarros por
dia, bebia sem parar e não dormia um minuto sequer. Durante
aproximadamente quinhentas horas, com apenas um ou outro
cochilo de vinte minutos
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aqui ou acolá, Edison examinava filamentos incandescentes em
tubos no vácuo, tentando descobrir um que pudesse ser
confiavelmente religado.
Ele tentou de tudo, desde platina a bambu, passando até por linha
de costura assada (cujas fibras, ao serem queimadas, produziam
carbono). Queimou filamento por filamento, até que um deles ficou
aceso durante treze horas. Depois, meio cego, ele finalmente foi
dormir, graças ao uísque e a uma quantidade razoável de morfina.
Na manhã seguinte, ele convocou uma coletiva de imprensa e
anunciou uma demonstração. Três mil pessoas foram a Menlo Park,
em New Jersey. Edison havia espalhado fios e uma centena de
lâmpadas por toda a pequena cidade. Durante a demonstração, ele
prometeu encher Nova York de luzes dentro de um ano; só isso já
fez dele uma “personalidade”. Embora não tenha cumprido a
promessa, dois anos e 3,22 Km de fios mais tarde, cerca de
quatrocentos metros de Pearl Street, no centro de Nova Yoirk,
ganharam 2.323 lâmpadas que funcionavam. Sua busca
enlouquecida pelo filamento perfeito lhe custou sua família, pelos
menos metade de sua visão e uma parcela ainda maior de sua
saúde. Desde aquele período, ele nunca mais consegiu dormir, de
dia ou de noite, sem morfina. Mas ganhou a briga.
E sua conquista reconstruiu o mundo, em termos permanentes.
Em apenas dois curtos anos, que culminaram em uma noite muito
clara, tudo mudou para sempre. Nossa forma de comer, dormir,
viver e morrer nunca mais foi a mesma. Embora isso não sirva de
muito consolo, aqueles anos também mudaram o próprio Edison.
Ele se associou aos ingleses, em 1900, para fundar a General
Electric, e perdeu uma amarga batalha AC/DC para a
Westinghouse. Embora tenha morrido só um pouco doido, tinha
entre seus amigos íntimos homens como Henry Ford e Harvey S.
Firestone. Afinal, os carros precisavam de pneus e de faróis.
BEM-VINDOS AO PARADOXO
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passaram a vida inteira comendo bacon, ovos e manteiga. A mídia,
que segue a atual sabedoria médica do baixo teor de gordura,
considera isso um paradoxo. Nós não.
Para nós, existe uma correlação entre esses exemplos de menos
doença e vida mais longa e o fato de a eletricidade ter chegado
mais tarde. O REA (Rural Electrification Administration), que foi
fundado em 1935, foi criado porque menos de onze fazendas, num
universo de cem, possuíam eletricidade naquela época. Em 1950,
trinta das cem tinham luz, mas só no finalzinho da década de 1970
é que 99% delas possuíam rede elétrica e luz. O REA ainda é uma
organização viável e ativa, que leva rede elétrica e luzes que ficam
acesas 24 horas por dia aos territórios americanos e a Porto Rico,
para que todos possamos morrer juntos.
O clima, o suprimento de alimentos e a competição sexual
serviram para nos adaptar, a nós e a outras espécies, ao ambiente
e ao tempo em que vivemos. Somente na última metade do último
milhão de anos, mais ou menos, é que nós, humanos, decidimos
tomar a nosso cargo a tarefa de criar os meios para nossa extinção,
e para a extinção de incontáveis outras espécies. A eletricidade não
só nos trouxe luz infindável, renovável e barata; deu-nos também os
meios de controlar tudo na natureza, tanto plantas como animais.
Iluminar o escuro significava que podíamos ter tratores com faróis e
microscópios com luzes internas, e que podíamos controlar outras
espécies com estímulos e cercas elétricas.
EX-PLICAÇÕES
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jornais, é claro, confundem o público ao divulgar, prematuramente,
qualquer esperança de salvação, por menor que seja: Angiostatin,
Endostatin, Tamoxifen, Raloxifene, Mevacor, Provachol, Zyban,
Allegra, Valtrex (“tem a ver com a supressão”) – e, é claro, os
primos-irmãos do Fen-Phen, Meridia e Orlistat. Para aqueles de nós
que estão cansados ou ligados demais para sacudir a poeira, tem o
Tylenol PM – e finalmente o Viagra. Enquanto isso, você, sua
família e os amigos ficam cada vez mais doentes.
Nossa intenção é lhe contar o que tudo isso significa. Nos
próximos capítulos, vamos lhe dar uma idéia geral do que existe
além da linha mutante que define os limites de seu conhecimento. O
mundo é muito mais estranho do que pensamos. A física
newtoniana é apenas a ponta do iceberg. Há um universo quântico
lá fora, especialmente quando se trata da sua saúde. Os aspectos
incompreensíveis dos mapas cósmicos, seu comportamento, sua
sorte sob a forma de seus genes, e a doença, tudo isso está
conectado em níveis cada vez mais elevados de interatividade,
onde tudo se junta para formar um noto tipo de sentido – que
significa muito mais do que você jamais imaginou.
Nada acontece em contradição com a natureza, somente em
contradição com aquilo que sabemos sobre a natureza.
A mecânica quântica é um exemplo perfeito. A física newtoniana
nunca poderia acomodar a luz. Maçãs em queda, a conseqüente
velocidade, até algum tipo de puxa-empurra sob a forma de
gravidade, talvez, mas jamais a essência quântica da luz, a luz do
sol vem em pacotes de energia, a que chamamos fótons. Esses
pacotes de energia luminosa, também chamados de quanta, são ao
mesmo tempo uma partícula e uma onda. Imagine uma bola de luz
que quiçá e, à medida que quiçá, solta uma trilha de luz. Essa bola
quicante de luz – o fóton – também é uma onda de energia. A onda
de luz que fica pode ser calor, luminosidade ou energia vibratória,
dependendo do ritmo das quicadas. A luz, a temperatura e a
gravidade controlam todo o metabolismo de energia e a reprodução,
no nível molecular, em cada canto desta terra. Conseqüentemente,
controla sua saúde e sua própria existência.
Na edição de 5 de junho de 1998 da revista Science, Jay Dunlap,
do departamento de bioquímica da Escola de Medicina de
Dartmouth, admitiu abertamente:
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organismos, a aurora significa comida, predação e
mudanças em todas as variáveis geográficas que
acompanham o sol: calor, ventos e assim por diante.
Quando o sol nasce, é um acontecimento – e a maior parte
das coisas vivas tem seus dias contados a partir de um
relógio interno que é sincronizado por senhas externas.
Devido a essa pressão evolutiva comum e ancestral, os
relógios circadianos devem ter evoluído muito cedo, e os
elementos comuns tendem a estar presentes ao longo de
toda a árvore evolutiva, de cima abaixo. Uma série de
artigos que apareceram esta semana nas publicações
Science, Cell e Proceedings of the National Academy os
Sciences revelam um padrão interessante na “mecânica”
dos osciladores circadianos dos seres vivos, desde os
fungos até os mamíferos – e isso nos dá uma visão mais
aproximada da forma como as engrenagens dentro do
relógio fazem funcionar o sistema circadiano de
realimentação e retorno.
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então um pedaço do céu por toda parte, dentro de você. A energia
da luz e os carboidratos (açúcar) que você come mantêm até a
bactéria simbiótica que vive nas profundezas de seu ser crescendo.
E, como recompensa por ser um bom hospedeiro, elas o mantém
crescendo também.
Nós e todos os outros seres vivos da Terra somos verdadeiros
seres da luz.
Para dar algum sentido às “doenças” como obesidade, diabetes,
doenças cardíacas e câncer, tudo o que você precisa entender são
suas conexões fisiológicas com a Terra, o sol e o céu. A menos que
um micróbio, vírus, toxina ou tigre peguem você de jeito, todos os
outros “estados de doença” podem ser explicados pela identificação
da função que aquela “doença” específica pode ter tido na cadeia
evolutiva, e pela localização do estímulo cultural moderno que
desencadeou a resposta fisiológica ancestral. Nós, como
pesquisadores, fizemos isso com a obesidade e o diabetes, em
relação à variação sazonal no estoque de alimentos e na duração
do dia. Fizemos isso com doenças mentais, infertilidade e perda de
sono. Ao examinarmos a alimentação, o sono e a reprodução,
descobrimos que o câncer e as doenças do coração também têm
uma explicação biofísica. Estamos prontos a apostar que tudo o
mais também pode ser explicado.
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ambiente alterado, por sua vez, muda o organismo – que, de novo,
altera o já alterado ambiente, que certamente transforma ainda mais
o organismo, e assim sucessivamente.
Aceitando essa premissa como a regra fundamental da via, vamos
ao Mundo das Margaridas, onde as únicas formas de vida que
existem são margaridas pretas e brancas. No início desse nosso
hipotético Mundo das Margaridas, quando está escuro e frio, uma
margarida preta possui vantagem seletiva, pois consegue absorver
toda e qualquer luz solar disponível, por menor que seja. Em outras
palavras, como ela tem calor suficiente para se reproduzir, pode
espalhar a característica da cor preta. As margaridas brancas não
conseguem bons resultados porque não conseguem absorver calor
suficiente para florescer e se reproduzir.
Temos aqui uma dose de darwinismo puro: é a proliferação da
característica da cor preta (ou seja, o crescimento de mais
margaridas pretas) que aumenta a temperatura do mundo o
suficiente para que as margaridas brancas possam começar a
florescer. Quando as margaridas brancas se multiplicam, o mundo
começa a esfriar de novo, e aí as margaridas pretas florescem
novamente.
Aqui, o princípio importante de Darwin é que, quando as
margaridas brancas começam a tomar conta do mundo, é sinal de
que a temperatura do planeta já chegou ao ponto em que o fato de
ser preta não confere mais uma vantagem seletiva ao outro tipo de
margarida. No Mundo das Margaridas original, a alteração do meio
ambiente que resulta da proliferação de uma característica
específica acaba por reduzir a vantagem daquela mesma
característica. Em outras palavras, a vida se auto-regula. Todos têm
uma chance.
Embora esse argumento possa parecer muito restrito à questão
do controle do clima, seus princípios se aplicam a qualquer variável
ambiental que possa afetar o crescimento. E qualquer pressão
seletiva que pode afetar a liberação de hormônios afeta o
crescimento.
Agora, você está começando a perceber aonde queremos chegar.
Essa auto-regulagem é uma propriedade do sistema da vida
como um todo,intrinsecamente atrelado ao seu ambiente. Além do
mais, a evolução dos organismos e de seu ambiente são tão
intimamente ligadas que ambos formam um único processo
individual. Plantas, pessoas, animais, rochas e céu, tudo é uma
coisa só, um organismo físico gigante que depende tanto da energia
solar como do alívio do sol.
O calor do sol, que as margaridas absorvem, sempre aumenta.
Isso provoca movimento no ar, o que sempre significa vento. O
vento
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provoca ondas no oceano. As microalgas presentes na água que
bate podem viajar até alturas que chegam a 4,6 mil metros,
enquanto os sulfitos que elas contêm recolhem o vapor d’água
presente nos pontos quentes das margaridas pretas e formam
nuvens. Isso significa que as nuvens possuem vida. Enquanto as
algas se reproduzem nas nuvens, a 4,6 mil metros de altura, elas
produzem calor, que provoca chuva. A chuva esfria o planeta ao
mesmo tempo, para que todo o processo recomece.
E onde é que nós nos encaixamos, nesse sistema de vida
aspirante, suspirante e multiorgânico?
A maioria de nós perambula pelo mundo se esquecendo que é
parte dele; a verdade, porém, é que nós vivemos no Mundo das
Margaridas. Quando você caminha pelo jardim ou no parque,
enquanto suas pernas roçam as plantas, as plantas enviam umas
às outras moléculas de comunicação – os feromônios que avisam
que você está vindo. Quando as plantas que estão à sua frente
recebem essa mensagem molecular das plantas que você acabou
de saltar, passam por uma alteração bioquímica: tornam-se
túrgidas. Essa rigidez é um mecanismo de autodefesa, que as
protege de quaisquer danos que você possa causar. Para as
plantas, o sacrifício de algumas em favor da maioria sigfnifica uma
chance na luta para serem a maioria.
Os princípios darwinianos da seleção natural e das características
favoráveis são uma combinação ainda mais poderosa quando você
os expressa assim: os tipos de vida que deixam o maior número de
descendentes acabam por dominar o seu ambiente. Aí, realmente,
passa a ser um caso de “ter cuidado com o que você deseja”,
porque, ao espalhar as características que lhe deu o predomínio,
você automaticamente garante que aquela característica se tornará
a menos valiosa. Nunca se esqueça das margaridas pretas, e de
que as mudanças que um organismo provoca no ambiente podem
ser favoráveis ou desfavoráveis ao crescimento.
É precisamente o que está nos acontecendo agora.
Quando descobrimos as utilizados do fogo e o levamos para
dentro das cavernas, o excesso de luz durante a noite suprimiu
nossa melatonina. A falta de melatonina, que normalmente
suprimiria os hormônios sexuais como o estrogênio e a
testosterona, aumentou a fertilidade daqueles que foram
suficientemente espertos para dominar o fogo. Nossas
características nos tornaram, então, naturalmente escolhidos, pois,
com o aumento da fertilidade, deixamos mais descendentes.
Pág 52
No entanto, quando esses descendentes descobriram a
eletricidade e todo mundo passou a poder deixar as luzes acesas o
tempo inteiro, a mesmíssima característica que nos tornou os
sobreviventes líderes – nossa capacidade de controlar o ambiente –
“mudou de novo a temperatura do ambiente”, por assim dizer.
Ao levar as coisas longe demais, ao transformar a noite em dia,
cruzamos a fronteira. E alteramos novamente, de maneira
fundamental, os requisitos para a homeostase. No passado, os
hormônios extras – insulina, estrogênio e testosterona –, que
permitiam que nos reproduzíssemos durante o período de
escuridão, ampliaram nosso potencial reprodutivo ao nos conseguir
“dias” a mais, que os outros animais não tinham. Com isso, todos os
nossos hormônios sexuais em excesso não são suprimidos pela
melatonina normalmente controlada pelo planeta, porque as luzes
estão sempre acesas. Os hormônios sexuais fornecidos pelo fogo
aceso, que nos tornaram capazes de procriar o ano inteiro, agora
provocam o crescimento desordenado do câncer. Mais uma vez,
estamos ameaçando o equilíbrio. Exatamente como no Mundo das
Margaridas, a característica que nos deu condições de deixar mais
descendentes – maior fertilidade em função da não supressão da
melatonina pela luz – agora auto-regula nossa população através
do câncer.
A natureza odeia coisas boas em excesso.
O mesmo princípio se mantém quando analisamos o advento da
agricultura. Aqueles que foram espertos o suficiente para gerar um
estoque de plantas (carboidratos) o ano inteiro e conservá-los para
a época da fome (o inverno) foram recompensados com mais filhos.
No início, também, a dieta com maior quantidade de carboidratos,
que aumentou nossa insulina, aumentou também as chances de
termos gordura corporal para o inverno. No entanto, à medida que a
característica de se manter gordo o ano todo se espalhou, a
quantidade de insulina que precisávamos por apenas três ou quatro
meses no ano passou a causar novos problemas, com a obesidade
seguida de diabetes. Toda vez que um organismo conquista um
diferencial, o ritmo natural da vida – um passo à frente, dois para
trás – segura esse diferencial. Isso tem a ver com equilíbrio.
A vida dança. Nunca fica parada.
VOZES ALIENÍGENAS
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padrão de explosão de neurotransmissores dentro de sua
consciência, que vem sendo afiado há milênios. Essa voz é o
“instinto”.
O sono é um instinto.
Quando você está cansado, seu instinto é dormir.
Por que você luta contra isso?
Se você for bem-sucedido demais, a natureza vai lhe roubar seus
descendentes de qualquer jeito.
Todo mundo sabe a verdade. E a gente sabe num nível tão
profundo que, em toda nossa “arte” humana, desde o desenho
animado mais primário, as plantas e os animais cantam e dançam,
e as nuvens sorriem. Não os estamos antropormofizando; estamos
simplesmente relembrando como as coisas eram. Pense nas
margaridas em O Mágico de Oz, cantando: “Saia do escuro e venha
para a luz”. É absolutamente assustador como o “plano do jogo” é
intrinsecamente tecido nas malhas de nosso tipo de vida. Tão
estranho é o conceito, tão completa a amnésia de nossa espécie,
que lhe oferecemos uma pequena homilia:
Se você não dormir a noite inteira, talvez consiga terminar o
trabalho.
Se você não dormir por uma semana inteira, não apenas o seu
trabalho vai sofrer: você pode morrer.
HOMENS DE BRANCO
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definidas através de seus sintomas. Mas esse método é tudo que
eles têm.
É por isso que Mevacor, Provachol, Tamoxifen, Raloxifene,
Meridia e o grande Fen-Phen ressuscitado, ao lado do Prozac,
encabeçam a lista dos mais vendidos. Esses “remédios” obliteram
os sintomas de um mal maior, mais insidioso e mais invasivo, que
ainda precisa ser identificado pelas pessoas e pelos profissionais
que cuidam da sua saúde. A sabedoria médica atualmente aceita
não passa de um festival de imprecisões misturadas, para encobrir
o fato de que eles não têm sequer uma pista da verdadeira razão
pela qual estamos todos morrendo. A única esperança que os
médicos e pacientes têm é que os pesquisadores inventem uma
nova droga ou terapia genética.
MOSTREM O DINHEIRO
SONO DE FÉ
PARTE II
NÃO ESTAMOS
SOZINHOS
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TRÊS
Uma autópsia da Terra:
O meio ambiente controla a genética
da obesidade
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rotação de nosso planeta, até onde nossas mentes e corpos podem
registrá-lo. Virtualmente, interrompemos a órbita do nosso planeta
em torno do Sol, assim como interrompemos sua rotação.
Abolimos o inverno.
Agora apenas nós, em toda a galáxia e no universo, ficamos em
pé.
O inverno, ou qualquer período de frio, é algo muito importante na
evolução. A adversidade (neste caso, o frio) é um dos principais
agentes motivadores. Pense na forma como você lida pessoalmente
com a sensação de frio: você faz tudo o que estiver a seu alcance
para se aquecer. Seu carro quebra na neve, você encontra logo um
lugar para esperar o socorro, bola um plano para consertá-lo e a
lembrança do incidente permanece dentro de você, mudando para
sempre o seu comportamento. Os vencedores, em qualquer loteria
evolucionista, são os que resolvem problemas. Se todas essas
mudanças ocorreram dentro de você por causa de um
inconveniente isolado – o fato de seu transporte/abrigo ter quebrado
na neve – imagine o que milênios de gelo e neve fizeram à nossa
espécie, em termos intelectuais.
Tudo o que evoluiu em nossa fisiologia e em nosso intelecto é,
literalmente, direcionado para luz e escuridão, quente e frio. Assim
como o conteúdo mineral de nossos ossos, idêntico à poeira de
estrelas, é testemunho de nossa origem extraterrestre, as células
fotoperiódicas em nosso sangue nos ligam ao Sol e à Lua. Somos
sempre, a cada minuto de cada dia em nossa existência terrena,
uma parte integral disso tudo. Até mesmo o propalado “aquecimento
global”, que vivemos estudando, está fora do nosso controle.
Quando o nosso planeta esquenta, o que ocorre a cada dez ou
quinze mil anos, tudo germina e prolifera, até alcançar um
verdadeiro estado febril – e depois, previsivelmente, a febre “se
parte” e o frio entra em cena, para esfriar e exterminar o excesso de
vida. Pense nesta grande virada do pêndulo como um botão
cósmico que liga tudo outra vez, para que a dança comece de novo.
No último século, após sobreviver a muitas, muitas idades do
gelo, começamos a viver num planeta com múltiplos “sóis”, como os
personagens da história de Isaac Asimov. Em vez da escuridão do
eclipse à tarde, que os levou à loucura, no entanto, nós criamos a
manhã à meia-noite. E pode acreditar isto está nos levando à
loucura. Todas as formas de vida precisam adormecer para poder
sobreviver à escuridão e ao frio, ou perderão a capacidade de
planejar e adaptar-se. Os estudos da hibernação provam que a
aprendizagem e a retentividade melhoram nos animais que têm
permissão de encontrar algum alívio da vida.
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Durante longos períodos de frio, nossos ancestraiss dormiam aqui
e ali durante semanas seguidas de cada vez, em cavernas escuras,
desacelerando as funções metabólicas para economizar energia,
quando o alimento era escasso. Este sistema espelhou, ao longo de
toda uma revolução em torno do Sol, o mesmo plano de jogo que
utilizamos a cada rotação para dentro e para fora do sistema solar.
Falando em termos de “padrões”, o dia e a noite são “versões
reduzidas” do verão e do inverno. Ao longo dos milênios, passamos
por períodos de hibernação e gestação que sempre terminavam na
primavera, quando o alimento era fresco e abundante. Nosso
primeiro encontro com o “controle da energia” ou, mais
precisamente, com o fogo, mudou tudo isso para sempre. A luz que
vinha do fogo era suficiente para criar o verão em nossos ovários o
ano inteiro. A partir do instante em que todos esses hormônios
sexuais abundantes para a reprodução nos mantiveram acordados
o inverno inteiro, por suprimirem a melatonina, nós deixamos a
família da Terra – para nunca mais voltar.
O SALTO QUÂNTICO
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Biofísica, portanto. A energia da luz solar – como os fótons, o calor
(temperatura) que os fótons produzem e a gravidade
eletromagnética a que estamos sujeitos – controla cada milímetro
do metabolismo de energia e da reprodução, no nível molecular,
aqui na Terra. A luz, não importa a forma que tome – seja ela uma
partícula ou uma onda – provoca reações bioquímicas maciças em
cascata em todas as formas de vida, exceto à noite, quando todas
as coisas descansam da luz.
O grande problema de cancelar a noite e o inverno está numa
questão de dualidade: yin e yang, para cima e para baixo, aqui e lá,
esquerda e direita. O dia precisa da noite para existir. A primeira
parte de toda equação só existe por causa da existência da
segunda parte. No universo, a simetria é tudo que existe.
Verão/inverno, primavera/outono, luz/escuridão, branco/negro,
quente/frio, homem/mulher, mortos e vivos – todos têm um ao outro
para agradecer por sua existência. Os físicos quânticos de
vanguarda acreditam que o Universo é feito de energia, em padrões
que obedecem a uma “ordem de simetria”. Faz sentido para nós. A
teoria quântica líder atualmente é até chamada de supersimetria. Se
a supersimetria é uma lei quântica cósmica, pode apostar que é
uma lei biológica também.
Toda espécie de vida, tal como a conhecemos, baseia-se nos
princípios da biologia, que, por sua vez, baseiam-se nos princípios
da bioquímica. Em qualquer reação química, a forma como as
moléculas se ligam às outras moléculas, ou a forma como as
células distribuem a polaridade dentro e fora de todas as reações
químicas, continua a ser regida pelas regras da atração elétrica. As
reações de atração e de polarização, que são a marca registrada da
bioquímica, são definidas pelos princípios da física que utilizam.
Tudo o que estamos mostrando, em nossas teorias sobre o
metabolismo da energia, é que, nessa hierarquia, o sol é o gerador
de toda a vida e energia básicas. O sol é o principal controlador de
todo tipo de vida, simplesmente por causa da estrutura da matéria.
Existem dois ramos principais da física: a newtoniana e a quântica.
A física newtoniana se concentra nos mecanismos – a maçã em
queda sempre atinge Newton na cabeça, e se você fechar o punho
e socar alguma coisa, existe uma equação para mensurar a força
do soco.
A física quântica tem mais chances de explicar o QI e a telepatia.
A diferença teórica entre as previsões mecânicas da física
newtoniana e as previsões da mecânica quântica é que as mesmas
condições experimentais podem levar a vários resultados finais
diferentes num mundo quântico – mas nunca num mundo
newtoniano.
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A imprevisibilidade da vida, além do domínio da mecânica
newtoniana, é explicada pela teoria das cordas. Trata-se de uma
noção romântica, porém não totalmente infundada. Segundo ela, a
música da vida é, na verdade, uma função de um universo
formado por cordas, todas elas vibrando.
De acordo com a teoria das cordas, toda vida emana da mesma
estrutura fundamental: uma corda esticada. Assim, um número
infinito de resultados são possíveis para qualquer situação, por
causa das diferentes maneiras como a corda fundamental pode
vibrar, da mesma forma que diferentes harmonias estão presentes
no som emitido por uma corda de violão. Como há um número
infinito de vibrações possíveis, é razoável que haja um número
infinito de resultados para o mesmo conjunto de condições iniciais.
A compreensão da supersimetria e da teoria das cordas dá um
novo sentido à idéia de que a vida é um jogo de dados.
A única esperança de possuir uma perna com que ficar de pé
(todos os trocadilhos são intencionais) é uma coisa chamada teoria
do caos. A teoria do caos sustenta que os eventos ou ocorrências
que parecem mais aleatórios ou sem sentido são, na verdade,
bastante previsíveis, se você puder se distanciar deles o suficiente
para observá-los. Sustenta, também, que, ao longo do tempo, tudo
possui um padrão de comportamento genuíno, embora difícil de
discernir. Se partirmos dessa premissa, podemos compreender os
enigmas da doença na medicina. Só precisamos aprender a
melodia para apreciar a música.
Já que somos, parte por parte e até os ossos, apenas uma ínfima
peça do universo, que existe dentro de um sistema de leis como a
do caos e a da simetria, nossa fisiologia e nosso ânimo também
devem ser regidos por elas. Essa dualidade, ou simetria, existe para
nós como equilíbrio.
Em termos harmônicos, somos parte de uma música maior. O tom
em que cantamos é escrito pelos ritmos naturais de nosso
ambiente.
A única maneira de permanecer no jogo ou de continuar estável é
ser capaz de rolar com os golpes. Todos os sistemas que funcionam
hoje para realizar as ações compensatórias constantes, necessárias
à sobrevivência foram desenvolvidos pela “inteligência” adaptativa,
em resposta às pressões ambientais ao longo de milênios.
Nenhuma característica ou
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comportamento é caprichoso. Viver ou continuar vivo é exatamente
como ficar de pé numa prancha sobre um tronco. Só que, nesse
caso, se você perder o equilíbrio, a queda é longa.
E não há sobreviventes lá embaixo.
Nossa viabilidade, como forma de vida, significa que nossa
capacidade de responder às estações do ano, em termos de
comida e reprodução, é tudo que pode nos garantir uma chance de
terminar no topo, no sentido darwiniano. É por isso que nossos
genes possuem interruptores de “ligar e desligar”, controlados pelos
hormônios, que respondem aos sinais ambientais. Estamos em
sintonia fina com a sobrevivência, ao dar respostas evento a
evento, pois o único fato certo na natureza é que as circunstâncias
mudam. Sem esse sistema, não poderíamos variar nosso
comportamento em sincronia com o imediatismo de cada
ocorrência. A vida é uma dança.
Nós escutamos a música e gingamos.
As vibrações vindas do ambiente são captadas pela interface
hormonal que chamamos sistema endócrino. Esse sistema
endócrino age como o software que aciona um computador
orgânico chamado corpo/cérebro. A quantidade de luz
(luminosidade, temperatura e eletricidade) e de gravidade
(magnetismo) á qual você é exposto é o programa que roda o
software. Sob os auspícios deste software hormonal, que aciona os
interruptores dos genes que controlam a máquina nanossegundo
por nanossegundo, você se equilibra na prancha sobre o tronco.
Essa “submáquina humana” inteira é parte integrante da máquina
maior do ambiente, ou biosfera. Todo ser vivente é uma máquina
interativa ou biocomputador, programado para a inteligência
adaptativa. Isso significa que a definição de “vida” é a capacidade
de aprender e mudar em resposta às experiências. Esse sistema
decisório baseado na experiência permite que cada forma de vida
mude em resposta a todas as outras formas de vida, porque os
hormônios controlam seu comportamento e seus genes.
As atitudes que você toma, ao longo de um dia, não são
realmente decorrentes da livre vontade. São, ao contrário, um
produto do “pensamentoware”. Os elementos presentes no
ambiente controlam os processos hormonais em seu corpo, que
programam seu cérebro para controlar seu comportamento. Dessa
forma, um cérebro sem um corpo não possui mente, mas um corpo
sem um ambiente não possui cérebro. A base de gordura flutuante
naquele corpo é, na verdade, uma resposta imunológica que o
protege e o torna viável em todas as estações do ano.
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Seu comportamento em relação às compulsões alimentares e ao
apetite é simplesmente uma resposta imunológica também.
Tudo ao redor com o qual coexistimos se equilibra em tensão
conosco. Imagine duas pessoas, num ginásio, jogando uma pesada
bola para a frente e para trás. Quando duas pessoas jogam cath
com uma bola pesada, elas são mais ou menos empurradas para
trás, por causa do peso. A constante troca de peso faz o jogo andar.
O mesmo acontece com a vida: para a frente e para trás, para a
frente e para trás. Para permanecer no jogo temos uma existência
circunscrita a um pequeno conjunto de opções. Considere essas
opções como sendo um “campo de jogo”. As horas de luz a que
você fica exposto controlam os interruptores genéticos reais de
“ligar e desligar”, a atividade enzimática e, o que é mais importante,
o crescimento de dois quilos de bactérias simbióticas que vivem em
suas entranhas. Essas “meninas” são a chave da vida, da morte e
do manequim que você usa.
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reproduzimos, geramos mais “condomínios” para elas morarem.
Esse princípio é o motivo pelo qual as mulheres costumam ter
diarréia durante o período menstrual, quando seus níveis hormonais
estão estáveis e os bichinhos estão abandonando o navio
afundado.
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Nossa co-evolução é só um caso de domesticação, de ambas as
partes. Ao longo de milênios de simbiose entre nós e elas, nossos
sistemas imunológicos humanos evoluíram em resposta à
orquestração delas. Elas nos deram um sistema imunológico para
funcionar como um mecanismo autocontrolado e também como
defesa do território delas. Para nós, o sono na verdade é só uma
forma de “diminuir o rebanho”. As colônias de bactérias são
exatamente iguais às criações de gado bem-sucedidas, onde se
atinge a homeostase comendo ou vendendo só o suficiente para
manter o rebanho administrável. Nossa forma de domesticar
bactérias funciona do mesmo jeito. Tanto o rebanho quanto o
rancheiro se beneficiam. A tática evolucionista do sono é só uma
adaptação esperta, que nos permite ter vantagem sobre elas, uma
vez a cada rotação planetária. A desigualdade, em qualquer guerra,
só surge quando um dos lados pára de avançar; assim sendo, sem
sono não há vantagem.
As expressões imunológicas, ou citocinas, que sucedem os altos
níveis de endotoxinas, podem atuar como neurotransmissores e
literalmente derrubar a gente também. Ao torná-lo incosnciente, elas
fecham seus olhos. E olhos fechados significam que aí vem
melatonina – e mais tarde, no meio da noite, prolactina. Ambos os
hormônios intermedeiam a função imunológica através de outras
citocinas, chamadas interleucinas. Em vez de nomes, as
interleucinas possuem números, como IL-1, 2 ou 3, provavelmente
porque existem zilhões delas. Altos níveis de IL-2 são sempre
encontrados nos estados de sono, até mesmo naqueles de
decorrem de doenças. Logo que você adormece, a onda de
melatonina estimula a atividade dos leucócitos, nesse caso voltada
especificamente para responder a patógenos como as bactérias
que vivem dentro de você.
Desnecessário dizer que, seja porque alguém fechou os olhos ou
porque o sol está do outro lado do globo, escuro é escuro; e quanto
mais escuro, melhor para a produção de melatonina. O sono
doentio é mais intenso e mais relacionado ao fenômeno da febre,
através das IL-1 e 6. Você precisa dormir quando está doente, ou
não sobreviverá a um ataque da “outra”. O sono é o momento em
que a melatonina e a prolactina entram em cena para fabricar
leucócitos, células T e células NK (assassinas naturais). Um
intestino “fora de ordem” – ou seja, com pouca quantidade ou com o
tipo errado de bactérias atacando um relógio interno quebrado – é
sinal de um sistema imunológico seriamente danificado.
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Por isso, não dormir de propósito, quando escurece, é o mesmo
que destruir um ecossistema ancestral.
Lembre-se de que a co-evolução significa que devemos dançar,
não pisar nos dedões.
Essas bactérias o mantêm vivo; é claro que por razões próprias,
mas ainda assim é vida. Tudo o que elas querem é um pouco de
açúcar, um pouco de luz e alguns hormônios sexuais, para controlar
seu ambiente interno – que, por sua vez, controla seu ambiente
externo.
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Um grande segredo: a vida é baseada num paradoxo. A
estabilidade de funções necessárias para permanecer vivo só é
possível através da mudança constante em resposta ao ambiente.
Os hormônios produzidos por essas glândulas – seus hormônios
HPA – são, por sua vez, chamados a atuar. Esses hormônios
percorrem toda a escala, desde os esteróides sexuais, como
estrogênio e testosterona, ao cortisol, ao hormônio do crescimento
humano e à leptina, presente em sua base de gordura. Esses
hormônios acionam os interruptores que desligam e ligam
instantaneamente as funções vitais. Os hormônios fazem isso ao se
fixarem a “regiões promotoras” nos filamentos de DNA chamados
genes, e acionarem os interruptores que estimulam a ação
genética.
O fato de o gene produzir ou não sua proteína é função de ser ou
não acionado por um hormônio, fator de crescimento, pelo sol ou
por um impulso elétrico. As proteínas produzidas por esses genes,
quando ligados, encaixam-se em receptores em todas as suas
células – que, por sua vez, enviam as mensagens ao núcleo da
própria célula, para acionar outros interruptores, e assim
sucessivamente. Esses comunicados são efêmeros. Sua rede
hormonal toma decisões em meio segundo, para responder às
pressões ambientais. Se algum desses interruptores enguiçar ligado
ou desligado, a natureza o considera doente demais para fazer
parte do projeto.
É quando seus interruptores enguiçam – ligados ou desligados –
que a doença ocorre. Níveis elevados de qualquer hormônio, se
mantidos por muito tempo, são instintivamente inadaptáveis para
manter seu equilíbrio em cima da prancha, sobre aquele tronco. Na
nossa sinfonia química, qualquer nota hormonal sustentada destrói
a harmonia. Dessa forma, estrogênio elevado, sem progesterona
caçadora para diminuí-lo, causa câncer; e níveis elevados e
crônicos de insulina, entra dia e sai dia, levam às doenças
cardíacas, ao diabetes e ao câncer. Como perdeu o ritmo uma vez,
você está fora do esquema e perde o equilíbrio. Aqui começa a
queda – em desgraça.
ESTRANHAS VIBRAÇÕES
Como acima, embaixo. As mesmas cadeias que atiram elétrons,
quarks e neutrinos em dez diferentes dimensões, que fazem os
átomos, que fazem as moléculas, que fazem os hormônios e
recebem vibrações das ondas
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de luz e da gravidade, tocam a música do cosmos para nossos
corpos, através de nossos receptores hormonais.
Somos como diapasões. Vibramos – literalmente – no impacto
com o ambiente.
As vibrações que conhecemos como verdadeira música provocam
vibrações verdadeiras, que atingem os neurônios no cérebro
através do tímpano e provocam emoção. Em seu livro A Medusa e
o Caramujo, Lewis Thomas disse: “A música é o esforço que
fazemos para explicar a nós mesmos como nosso cérebro funciona.
Ouvimos Bach em transe porque isso significa ouvir uma mente
humana.” Em 1976, Leonard Bernstein tentou aplicar o trabalho de
Noam Chomsky com a linguagem ao seu esforço para encontrar
uma estrutura para a resposta humana à música. Chomsky
descobriu que bebês com apenas quatro meses de idade sempre
preferem músicas com intervalos constantes de ritmo; a natureza
também.
Em seu livro How the mind works, Steven Pinker utilize a
terminologia musical de “prolongamento e redução” para definir a
forma como as melodias são dissecadas. Ele define seu processo
como “o fluxo musical captado ao longo de frases, com a tensão
sendo construída e liberadas em passagens cada vez mais longas
ao longo do curso da peça – e culminando com uma sensação de
repouso ao final... A tensão aumenta à medida que a melodia se
afasta das notas musicais estáveis, em direção às menos estáveis,
e é descarregada quando a melodia retorna às notas estáveis”.
Nas palavras do inesquecível Frank Sinatra: “É a vida.”
Para citar nós mesmos; “É o caos.”
Da mesma forma que a música se satisfaz ao conduzir tensão e
resolução ao longo de intervalos instáveis e estáveis, seu
metabolismo banquete-ou-fome tem a mesma necessidade de
intervalo e ritmo,caso contrário você ficará doente. Seu sistema
imunológico e suas bactérias, num período de 24 horas, têm a
mesma necessidade de tensão e resolução. O mesmo acontece
com sua mente. Em seu aparelho de CD no nível molecular, existe
e tem de existir um ritmo que aumenta e diminui, para medir a sua
rotação no planeta – seja ela a batida de seu coração em 4/4, seu
ritmo circadiano ou seu ciclo menstrual. De outra forma você não
poderia lidar com os ataques. E a chave de tudo é descobrir uma
forma de lidar com os ataques.
Sua consciência e vontade são formadas por interações
complexas entre o ambiente, os hormônios e o comportamento,
todas as quais
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acionadas por cronômetros. Estamos dizendo que essas mesmas
interações existem entre você e o ambiente, e que tudo que os
sistemas circulares de resposta fazem é monitorar e registrar a
melodia. A música pode soar como Wagner ou Pachelbel, mas
precisa ser música, deve parar e continuar, ou então não é
adaptável. E o que não é adaptável, de acordo com nossas
definições anteriores, quase sempre acaba em morte, ainda que
isso aconteça por suas próprias mãos. Quando os esquizofrênicos
ouvem vozes, essas vozes, essas vozes invariavelmente dizem;
“Mate-se.” Como precursor da morte, o comportamento não
adaptável quase sempre significa não reprodutivo, e isso é o que
faz soar um alarme na natureza. Quando você não se reproduz,
você não conta, no grande esquema das coisas aqui na Terra. É por
isso que o câncer, o diabetes tipo II e as doenças cardíacas sempre
acompanham a obesidade, que sempre significa envelhecimento
acelerado, em anos planetários. No mundo real, a vida durava
enquanto durava o potencial reprodutivo. Um período de 25 a 30
anos era suficientemente longo para duplicar o DNA e a cultura.
Agora, vivemos demais e comemos demais para nossos marcos
antiquados.
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aciona os botões e dials que fazem com que o cérebro pareça tão
competente. Todos os elementos do sistema imunológico –
entranhas, pele, gordura, linfa, cérebro e glândulas – reconhecem,
comunicam, memorizam, reagem e até planejam sobreviver às
mudanças na Terra que foram inseridas em nossa programação ao
longo de milênios de experiência. Essas capacidades significam
que o sistema imunológico é tão sensível quanto você acredita que
você próprio seja.
Também faz sentido o fato de 80% do sistema imunológico estar
localizado no intestino, porque o intestino era originalmente o nosso
cérebro. Enquanto deslizávamos nas rochas, antes do “cérebro na
cabeça”, os neurotransmissores que conhecemos hoje, como a
dopamina, a serotonina, e a norepinefrina, além de hormônios como
adrenalina e a insulina, rodaram O Projeto a partir de nosso plexo
solar.
A verdadeira chave para o impressionante poder e controle que o
sistema imunológico possui está na compreensão de que ele é
completamente móvel, assim como o indivíduo livre e pensante que
você acredita ser. O sistema imunológico interno é, pelo menos
igual. Seu sistema imunológico controla seu comportamento ao
controlar a atividade dos neurotransmissores. Todas as células
imunes possuem receptores que lêem tanto os neurotransmissores
quanto os hormônios que controlam o fluxo de energia e os
hormônios sexuais. Da mesma forma, as expressões imunológicas
chamadas citocinas são ativas em suas entranhas, em seu
cérebro, em sua base de gordura e gônadas.
É o sistema imunológico, em estreita cooperação com a pressão
ambiental e bioecosfera, que pode marcar o Dia do Juízo, seja por
falta de defesa ou em função de um ataque completo ao seu corpo.
Se você perde o equilíbrio em relação a outras formas de vida no
cosmos, o sistema imunológico vai reagir para compensar isso.
Muitas vezes, as causas reais daquilo que percebemos como
doença são apenas os mecanismos compensatórios. Quando você
sente a garganta arder, em conseqüência dos padecimentos de
uma infecção viral, a dor que você sente não vem, de forma
alguma, do vírus; em vez disso, é a dor das células agonizantes,
sacrificadas (assassinadas) por seu próprio sistema imunológico. O
mesmo ocorre nas dores do corpo, febre e dor de cabeça. Não é o
patógeno, de jeito nenhum, o que o torna doente. É o sistema
imunológico planetário dentro de você que o torna doente, na
tentativa de livrá-lo de tecido infectado pelo vírus no ponto de
origem, que é a sua garganta ou seu nariz – tudo para restabelecer
a ordem em todas as coisas viventes. Se o vírus chegar até seu
estômago, seu sistema imunoló-
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gico vai sacrificar a parede do estômago para acabar com o vírus.
Aí você vai ter dor de estômago e diarréia, para aumentar seu
sofrimento.
SINTA FRIO
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que você possa armazenar gordura para a hibernação ou a
dormência. Dias longos significam o fim do verão e do alimento
abundante. Os ciclos curtos de sono dos dias longos se traduzem,
hormonalmente, numa necessidade maior de carboidratos, para
armazenar gordura, e desencadeiam uma reação em cascata dos
outros hormônios para fazê-lo dormir. A compulsão por carboidratos
é um precursor do sono ao qual ainda respondemos todas as noites
em que ficamos acordados até tarde. As tendências à hibernação
nos fazem tomar sorvete ou beber uma taça de vinho após um
longo dia. Lembre-se, o lanchinho no meio da noite nunca é um ovo
quente.
Aquele último alimento em que você pensa, que você quer comer
antes de desistir da luz, é sempre qualquer tipo de açúcar que caia
em suas mãos.
A produção de insulina é controlada pelos alimentos que você
ingere, mas o alimento que você quer é controlado pelo seu
sistema imunológico, em resposta à variação sazonal de luz
percebida por ele. Quando seu corpo e cérebro precisam dormir,
para manter a imunidade e a capacidade reprodutiva, a melatonina
e a prolactina precisam fluir. Temos receptores de melatonina até
nos ovários e testículos, que “lêem” os ciclos de luz e escuridão.
A melatonina é um potente antioxidante que, junto com a
prolactina, controla a imunidade enquanto você dorme. Sem o sono,
você se torna indefeso e auto-imune. Seu sistema imunológico
também, como qualquer outro mecanismo de vida, é dotado de uma
dualidade sagrada. As células Th1 e Th2 ficam em pé naquela
prancha, sobre aquele tronco, como as duas metades de uma
função imunológica. Um lado controla a defesa e o outro controla o
ataque, porque aquilo que chamamos de “seu sistema imunológico”
não pertence realmente a você, per se. A verdadeira entidade que
funciona como seu sistema imunológico é uma força sensível,
assustadora, inteligente, que lembra a proverbial figura da Morte, e
que conta seus pontos. Esse policial/porteiro espiritual realmente
existe para equiparar os pontos de tudo que é vivo. Na verdade, é o
sistema imunológico da biosfera, não o seu.
Você só conseguirá ser parte de todo o esquema se jogar de
acordo com as regras.
Isso quer dizer: levante junto com o sol, durma junto com a lua,
coma apenas a sua parte, frutifique-se e multiplique-se. É isso aí. É
para isso que você foi feito, nem mais, nem menos. Na verdade, a
evolução não reservou nada mais do que isso para você.
ARQUIVOS SEXUAIS
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outro mecanismo para que você desacelere. A transmissão funciona
perfeitamente a menos que você mantenha a pressão no acelerador
enquanto mantém o pé no freio.
Tenha em mente essa imagem.
Não somente você está indo a lugar algum como está destruindo
o seu carro. Sistemas circulares de resposta são mecanismos
delicados que lêem um sinal de um sistema no corpo e enviam de
volta para outro. Sistemas circulares de resposta negativa lêem um
sinal e controlam a reação nesse sistema como a transmissão de
um carro ladeira abaixo. Em geral, o sinal enviado em um sistema
circular de resposta negativo será pare, ou pelo menos diminua o
ritmo. Esses sistemas transmitem informações dentro de você e de
todas as outras espécies, e depois dão retorno ao ecossistema
mais amplo. Todos os chatos do Greenpeace estão certos. O
cosmos, o planeta, os pequenos animais e as pessoas estão todos
conectados biologicamente em um grande sistema circular de
resposta, igualzinho ao Mundo das Margaridas.
Se você estivesse no parque de sua cidade de tange, esses
sistemas teriam uma chance de fazer seu trabalho acuradamente.
Estar sentado diante de uma mesa de trabalho ou em uma sala de
reuniões, sob luz fluorescente, usando Calvin Klein muito depois do
cair da noite bagunça totalmente seus sistemas circulares de
resposta. De acordo com um recente estudo da revista Nature, até
sexo demais ou de menos muda o tamanho dos neurônios. Se isso
é verdade, sem dúvida podemos concluir que a quantidade de sono
afeta o apetite e a fertilidade, o que afeta o metabolismo. Todas
essas ações, juntas, são parte integrante do sistema imunológico.
AUTOCONTROLE
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que estamos no final da primavera ou no início do verão. O cheiro
faz suas glândulas salivarem, e você se lembra de ter comido uma
antes. E, como foi uma boa experiência, você toma a decisão de
comer outra. O açúcar atinge a veia porta entre seu fígado e o
estômago, e o pâncreas entra em cena, com uma grande injeção de
insulina. Justo quando o açúcar da fruta está cruzando a barreira
entre o sangue e o cérebro, para mandá-lo à Terra da Alegria,
aquela superinjeção de insulina, ao mesmo tempo, envia o excesso
de açúcar para a armazenagem rápida.
A armazenagem rápida em seu fígado e músculos não tem
condições de receber muita quantidade, porque você comeu aquele
outro tipo de fruta com larvas dentro e aquele arbusto com espinhos
e frutos, há cerca de uma hora. Então, em vez disso, a insulina
converte parte dessa fruta-pão em colesterol, e o resto é mandado
para sua coxa interna para armazenagem de gordura, porque, se
você come fruta-pão e bagos ou qualquer outra fruta, seu sistema
imunológico sabe que o inverno deve estar chegando – e, como
todo sistema imunológico também sabe, isso significa que em
pouco tempo não vai haver mais fruta-pão.
Dessa forma, a insulina e o açúcar armazenado sob a forma de
gordura chegam à sua perna (armazenagem de longo prazo). Você
come muito, e já ganhou uns dez quilos de gordura; por isso, a
leptina de suas células de gordura envia um sinal ao seu cérebro.
Essa leptina aciona um botão em seu cérebro, chamado
neuropeptídeo Y, que controla o apetite por carboidratos. Esse
apetite então se desliga.
Você para de comer, porque já tem energia suficiente, na
armazenagem de curto e de longo prazo, para chegar até o dia
seguinte. Esse é um sistema circular de resposta negativo – ou
seja, um programa autocontrolado que funciona dia a dia.
Existem também sistemas circulares de resposta de autoperpe-
tuação. Esses tendem a funcionar anualmente, ou a cada estação.
Por exemplo, se estamos no final do verão e os dias são longos, e
se você já tem mais de dez quilos de gordura e mais um bom
estoque na armazenagem de curto prazo, a história é muito
diferente. Trata-se de um conto de inverno. Em vez de um sistema
circular de resposta negativo, o positivo vai entrar em ação. Uma
cena adaptativa hormonal e comportamental vai ocorrer, porque
foram apertados os botões ambientais diferentes. Os dias em
setembro estão encurtando e, portanto, em vez de contar apenas
com o “sinal da luz”, a natureza inventou um sistema de bônus para
um dia literalmente chuvoso. O sistema circular de resposta positivo
em seus recém-adquiridos dez quilos significa que você pode
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continuar a engordar, impelido por sua base de gordura em
expansão, até que todos os carboidratos tenham realmente
acabado.
Isso vai enganar a resposta à luz e lhe dar um mês ou dois para
ficar realmente gordo. Só então a comida terá acabado
definitivamente até a próxima primavera, quando o planeta
despertará de novo. Assim sendo, o final do verão é a única época,
na natureza, em que você poderia ter bons estoques e dez quilos a
mais, proporcionados pela maior quantidade de luz e pelas noites
curtas.
A prolactina empurrada para o período do dia pelas noites curtas
suprimiu a leptina e deixou seu apetite por carboidratos (o
neuropeptídeo Y) “ligado”. Isso lhe deu dez quilos para manter a
bola rolando. Depois, a leptina de sua base de gordura assumiu o
controle para criar resistência à leptina.
Esse mecanismo de desativação da leptina serve ao propósito de
evitar que você fique querendo alguma coisa (açúcar) que acabou
há algum tempo e só estará disponível no próximo verão. Seus
receptores de leptina no botão do neuropeptídeo Y ficam inativos
devido à sobrecarga. Sem receptores para decodificar a leptina, é
como se não tivesse nenhuma, e seu apetite por carboidratos fica
permanentemente ligado, até que todos os carboidratos acabem.
Este mecanismo existe porque, na natureza, você nunca
engordaria, a menos que precisasse, porque todo o alimento iria
acabar.
O problema, no mundo em que vivemos, é que o alimento
(açúcar) nunca vai acabar.
Em nosso mundo antinatural, de verão e açúcar infindáveis, esse
“botão de excesso” de leptina fica com defeito. Em nosso mundo,
tudo o que você precisa fazer é ficar dez quilos acima do peso, para
que a leptina que flui de sua base de gordura em expansão faça
com que os receptores de leptina em seu cérebro deixem de
funcionar, criando a resistência à leptina e fazendo com que os
gordos engordem mais, porque as pessoas gordas estão sempre
com fome. Por quê? Porque o seu sistema circular de resposta
negativo está quebrado: seus receptores de leptina se exauriram, e
não há mais controle de sua compulsão por açúcar.
AGENDA OCULTA
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que você ingere. E também controlam o sono junto com a
melatonina e a prolactina. Para os primatas humanos, o alimento
existe num total de três possibilidades: proteína, gordura e
carboidrato.
Os caminhos de proteína, gordura e carboidratos, dentro do
corpo, são todos distintos. E três neurotransmissores muito
diferentes controlam o seu apetite por cada uma das três
substâncias. O controle da ingestão de carboidratos pelo
neurotransmissor NPY (neuropeptídeo Y) em nada se parece com
os controles de seu apetite por proteínas ou por gordura. O
consumo de carboidratos é parte de um metabolismo planetário de
energia, que é o mesmo para todos os organismos que têm
insulina. Os carboidratos são energia que pode ser armazenada, e
eles só podem ser armazenados através da insulina. É por isso que
você não consegue comer gordura e ficar gordo; mas você come
açúcar e fica gordo.
Nenhuma outra substância que você come provoca uma resposta
insulínica. Esses diferentes caminhos do açúcar e da gordura na
dieta são, e sempre foram, ditados pela interação dos hormônios,
em resposta ao ambiente e a seus níveis de estresse.
A insulina está de um lado, na prancha sobre o tronco, e a
epinefrina, o cortisol, o hormônio do crescimento humano e o
glucagon estão do outro lado. O equilíbrio entre os dois lados da
prancha é alcançado quando uma molécula de hormônio se dirige
para um receptor – em geral que lhe seja próprio, porém nem
sempre. Lembre-se de que a sobrevivência reside na comunicação
cruzada. Os hormônios e seus receptores são moléculas isoladas
de pesos diferentes.
“Ligando” é outro termo que designa qualquer molécula que adere
a um receptor – não apenas hormônios, mas também
neuropeptídeos do cérebro e dos intestinos e citocinas do sistema
imunológico. Lembre-se da metáfora do cadeado e da chave. As
moléculas do receptor são grandes e as moléculas do ligando são
pequenas. Ligare vem do latim e significa “aquilo que liga”. (Ligare é
também origem da palavra “religião”. Não se trata de coincidência.)
Os receptores flutuam à superfície, vindos de dentro das células,
como folhas de vitórias-régias com raízes bem compridas. Quando
as folhas das vitórias-régias recebem um chamado para “ir à
superfície” para ter uma interface, as raízes se esticam, para se
conectarem ao núcleo da célula. Um mecanismo chamado
quemotaxe guia a molécula parceira em perspectiva até o encontro
com o receptor, na folha das vitórias-régias. A quemotaxe funciona
igual ao raio trator, do filme Jornada nas Estrelas. Quando a
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molécula de hormônio, neurotransmissor ou expressão imunológica
(citocina) cai na vitória-régia, as “pétalas” respondem.
O receptor muda de forma na presença de um ligando. A molécula
do receptor, na verdade, abraça a chave química do ligando.
Quando isso acontece, o receptor começa a sacudir e tremer, e a
dança – ou mensagem – é transmitida enquanto o receptor e o
ligando vibram e murmuram – literalmente, não figurativamente. Em
Molecules of Emotion, Candace Pert diz que “uma descrição mais
dinâmica desse processo poderia defini-lo como duas vozes – a do
ligando e a do receptor – atingindo a mesma nota”.
Temos aí a música de novo.
Hormônios, neurotransmissores e citocinas são ligandos cuja
mensagem é traduzida pelo efeito de uma molécula cutucando um
receptor, até que a perturbação cria uma mudança que acomoda
tudo. A partir do momento em que o receptor domina a situação e o
“crescendo” acaba, a mensagem da molécula do ligando viaja
através da raiz da vitória-régia, bem abaixo da superfície, para
acionar interruptores no filamento de DNA dentro do núcleo.
Quando você deixa as luzes acesas, você come açúcar; seus
hormônios respondem de forma apropriada aos carboidratos que
você consome, o que finalmente afeta o DNA de todas as células de
seu corpo. É assim que uma espécie consegue se adaptar ao
ambiente e ao alimento disponível. Se a disponibilidade de um dos
três grupos alimentares muda, o animal vai acabar mudando
também. Portanto, se você tentar viver com apenas um dos grupos
alimentares e excluir os outros dois, acontecimentos ruins vão
suceder. Em essência, aqueles de nós que ainda não são capazes
de lidar com a mudança nos ciclos de luz e/ou no estoque de
alimentos vão morrer.
A exposição à luz artificial foi mínima durante a maior parte da
existência da humanidade; uma brasa ardente aqui, uma vela ali.
Dormíamos mais e não tínhamos acesso ao poder calórico do
açúcar e da farinha refinados. Agora, nossa existência de 24 horas
bem acesas, que substituiu a noite pelo dia, diz aos nossos
controles internos que o verão não acaba nunca, e essa mensagem
exige um banquete contínuo.
Então, banqueteamos-nos.
Porque o açúcar não acaba nunca.
Pág 83
QUATRO
No gelo:
A evolução, a biofísica e o escuro
Sou parte do sol, como minha Eva é parte de mim. Que sou parte
da terra, meus pés o sabem perfeitamente, e meu sangue é parte
do mar.
– D. H. Lawrence
Pág 84
complexo ou simples refinado; tudo não passa de açúcar, e para
qualquer organismo dotado da mágica molécula de insulina, isso
significa sobrevivência.
Os vermes lhe diriam isso, se possuíssem mente.
Ainda é objeto de debate descobrir o que, exatamente, seria um
carboidrato para o C. elegans, mas sabemos que ele o utilizava
para sobreviver, pois possuía um gene capaz de produzir insulina
quase exatamente igual ao nosso. O que significa que o tataravô de
nossas origens comuns, há centenas de milhões de anos, era
movido pelo mesmo combustível que nós, porque era o que o
planeta tinha para oferecer. A insulina é a razão pela qual o nosso
sangue pode ser usado como combustível por nossas células. Sem
a insulina, nossos tecidos passam fome, e os mecanismos celulares
e mitocondriais se desfazem em pedaços. Se a vida é lux, ficar sem
insulina é a escuridão.
Pág 85
menos. Essas moléculas de duplo carbono liberadas depois que a
água se dissipa, através das lágrimas, do suor ou da urina, são
gordura corporal. Você pode concentrar muito maior quantidade da
energia dos carboidratos na forma de gordura leve. A quantidade de
gordura que você precisa armazenar, como mamífero, depende do
tempo que você planeja ficar sem comida e de quanto tempo você
precisa para se reproduzir. Isso nos traz de volta a questão da
sobrevivência.
O prolactina é o hormônio da sobrevivência. A maioria de nós
pensa que a prolactina só produz leite humano. Ela realmente faz
isso, mas seu papel mais importante é fazer com que possamos
sobreviver durante a nossa vida, pois ela controla o nosso apetite.
Como recém-nascidos, o primeiro gosto de sobrevivência que
sentimos é doce. Precisamos gerar gordura a partir do açúcar
desde o primeiro dia. O leite de todos os mamíferos tem um teor
astronômico de açúcar. O leite do seio é um fluido corporal rico em
carboidratos, incrementado com um pouco de proteína, para criar
as moléculas necessárias à função imunológica, e uma quantidade
enorme de cadeias de ácido graxo molecular, para produzir
hormônios que vão interagir com o novo ambiente da criança. É a
prolactina da mamãe, que não apenas cria nossa dependência do
sabor doce, tipo “a primeira dose é de graça”, mas cria também
nossa ligação com o sistema imunológico do planeta, ao alimentar
essa dependência. No mesmo nível de importância, a prolactina da
mamãe vai à estratosfera quando ela produz esse leite, porque
prolactina altíssima é sinônimo de um estado de ser auto-imune. A
auto-imunidade significa apenas que o sistema imunológico da
mamãe está trabalhando além da conta, despejando funções
imunológicas no leite do peito, para programar o sistema
imunológico do bebê com toda a memória coletiva que o sistema
imunológico da mamãe, assim como o de sua mãe e o da mãe
desta, vem transmitindo sobre seus ambientes, muito antes que o
bebê sequer tivesse um nome.
Enquanto a insulina nos torna capaz de desviar os golpes
quando lutamos com a natureza, ao armazenar energia do
sol/açúcar para usar mais tarde, a prolactina é quem realmente
controla nosso apetite pelo resto de nossas vidas, ao suprimir a
leptina – que, obviamente, é o botão que aciona o NPY, responsável
por nosso gosto pelos alimentos que podem ser armazenados.
Mesmo com a capacidade de armazenar carboidratos, a
sobrevivência – antes dos hortifruti e dos freezers – dependia
inteiramente da época certa de cada alimento, particularmente
durante a escassez provocada pelas mudanças do clima. Nosso
metabolismo banquete-ou-fome nos dava a dianteira.
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Nossos genes internos sensíveis à luz, movidos pelos céus, na
verdade “cronometram” o tempo necessário para produzir a
melatonina, de modo a dar à prolactina a “previsão do tempo”,
para que essa possa programar nosso apetite em sincronia com o
ciclo de rotação. A conseqüente duração da produção de prolactina,
a partir do relatório da melatonina, vai determinar se será
necessário ou não produzir prolactina no dia seguinte.
No inverno, o “relógio melatonina” faz o “timer da prolactina”
trabalhar um pouco mais à noite, o que, por sua vez, significa que
não secretamos prolactina durante o dia. Isso ocorre porque se a
prolactina for produzida durante o dia, ela não apenas suprimirá a
ação da leptina e deixará à solta o seu desejo por açúcar (numa
época em que não há açúcar disponível), mas também, no glossário
da natureza, significará que homens e mulheres estariam na
“lactação”. Graças, portanto, ao envelhecimento e aos relógios
enguiçados, todos nós, a essa altura, somos muito auto-imunes.
(Este é o efeito colateral de estar fora de ritmo que gera grandes
lucros para os fabricantes de anti-histamínicos).
A produção de leptina a partir de nossa base de gordura é o
“mediador graduado” que informa o NPY quais são nossos níveis de
gordura, e se ele deve ou não ativar nossa compulsão por açúcar. A
premissa é que, se você possui gordura suficiente, a leptina que ela
produz vai desativar o seu apetite por açúcar. Lembre-se dos caras
da fruta-pão. Quando a prolactina do dia suprime de sua base de
gordura, o NPY interpreta isso como “falta de gordura” – e seu
apetite por açúcar permanece ativado durante todo o dia e parte da
noite. Se você não dormir, e a luz (ou sua ausência), que acertaria
seu relógio de melatonina ao longo de todos esses ciclos, nunca
se apagar, você simplesmente continuará a comer açúcar e a
produzir gordura até explodir, porque seu relógio está andando
depressa demais.
Sua mola-mestra está quebrada.
É pessoal, é mais ou menos onde nós estamos agora.
Esse metabolismo banque-ou-fome, embutido no sistema
insulina/carboidrato, facilitava nossa sobrevivência ao armazenar os
carboidratos como gordura. Essa conexão programada com o
ambiente tornou possível a adaptação a um clima completamente
diferente, quando migramos para o norte, além da África. À medida
que seguíamos para lugares de climas cada vez mais frios, com
enormes variações em relação à abundância sazonal, a capacidade
que o nosso
Pág 87
corpo tinha de marcar os ciclos de luz e escuridão assumia uma
importância ainda maior.
O fato de possuir uma conexão solar que controlava o momento
de direcionar nosso apetite para carboidratos e o nosso despertar
para a reprodução não foi apenas o que nos manteve vivos a cada
dia; na verdade, foi o que nos garantiu a própria vida humana.
Nossa sobrevivência, como espécie, dependia de comer o
suficiente para que pudéssemos nos reproduzir, e de fazer com que
a reprodução coincidisse com a primavera, quando haveria alimento
suficiente para manter vivos a mãe e a prole.
A subida aparição de um sol que nunca se põe está matando
aqueles de nós que evoluem mais lentamente, nos menos de
oitenta anos desde que foi criado – período que não é, pelos
padrões de hoje, sequer a duração completa de uma existência
humana. A ironia é que nós conseguimos usar o fogo durante pelo
menos 45 mil existências humanas somadas.
O trabalho arqueológico de campo desenterrou pontas de lança
de madeira de 300 mil anos atrás que pareciam ter sido
endurecidas pelo fogo; no entanto, levou muito tempo até que o
domesticássemos. Em algum momento dos 230 mil anos seguintes,
nós começamos a “viver” dentro de habitações, não apenas a
buscar abrigo para dormir ou se proteger da inclemência do tempo;
mas não há evidências de que o fogo tenha sido usado para
cozinhar até há uns 70 mil anos atrás. É mais ou menos o mesmo
período em que a arte das cavernas da era Paleolítica começa a
apresentar sinais de desenhos feitos a carvão.
Até aqui – depois do inverno gelado, escuro e sonolento de dias
curtos e de noites longas – o sol sempre voltava, as plantas
cresciam e os bebês nasciam. Os dias espelhavam os anos: a cada
revolução do planeta, da luz para a escuridão, quando o sol
desaparecia, tudo adormecia – até despertar de novo, assim como
o verão sempre se transformava em inverno e depois voltava
novamente. Era um sistema perfeito, até o homem dominar a arte
de transportar o fogo. Já que podíamos levar e finalmente recriar as
conseqüências de relâmpagos e trovões, tudo começou a mudar.
Com a energia portátil, podíamos estender o dia para nosso uso
internamente – à noite. Nenhum outro ser vivente podia fazer
aquilo. Nós, os filhos de Prometeu, distanciamo-nos assim das
outras formas de vida.
Foi essa luz após cair da noite, em bases regulares, o que fez os
ciclos de melatonina encurtarem o suficiente para deixar a
testosterona e o estrogênio virem à tona, que ótimo, o ano inteiro.
Essa mudança
Pág 88
aparentemente simples apagou os sinais sazonais normais que
indicavam a época da procriação. Nossas estimativa é que paramos
de “hibernar”, ou dormir durante dias ou semanas a cada vez,
também durante a escassez de comida nos climas frios, porque
foram encontrados restos fossilizados de moluscos, crustáceos e
pequenos gamos em cavernas da Idade do Gelo.
Agora, então, vivíamos dentro de habitações, longe do gelo,
relativamente aquecidos e, sem dúvida, incrivelmente entediados.
Esse período produzir a primeira fase da arte das cavernas, talvez
também a arte de contar histórias e a religião. Talvez rezássemos
para ter algo algo que fazer além de desenhos na parede. Em vez
de dormir ou cochilar para reduzir o metabolismo e as necessidades
físicas, e também aumentar as funções imunológicas, ficávamos o
dia inteiro à-toa, sem ter o que fazer, a não ser comer e ficar
deitado. Igualzinho a hoje. Como ocorre com todos os sistemas
circulares de resposta positivos, menos torpor queria dizer mais
tempo acordado – e mais tempo acordado era igual a maior uso do
fogo, e assim por diante. Esse crescimento auto-alimentado do uso
do fogo significava, é claro, ainda mais luz para bagunçar a
capacidade da melatonina de transmitir informações relativas à
rotação e à órbita. Veja você como a evolução simplesmente fica
fora de controle.
Durante todos os períodos antes do atual – não apenas no
período humano ou mesmo no hominídeo/primata –,
desenvolvemos estratégias bem-sucedidas para lidar com as forças
da natureza. De uma vivência marcada por ritmos sazonais
associados à existência de alimento para permitir a reprodução, nós
viemos – assim como todos os outros animais da terra – para um
lugar novo, sozinhos, sem o resto da família.
Uma fez fora do Éden, não havia mais volta.
A luz nos transformaria mais do que sequer ousaríamos imaginar.
A luz, em si, era muito mais sedutora do que qualquer serpente com
um carboidrato. A luz nos deu mais tempo para aprender do que
qualquer outra espécie poderia ter e, em última análise nos deu,
também, a capacidade de nos reproduzirmos mais do que todas as
outras espécies. É claro que teve de haver algumas compensações.
As pessoas começaram a morrer de novas maneiras. Fumaça em
espaços fechados e o aumento dos hormônios sexuais acabaram
logo de cara com muitos de nós.
ESPÉCIE II
Pág 90
GELO, GELO, BABY
Pág 91
superfície do gelo, mais sol se reflete para longe da Terra – o que
significa ainda menos sol, mais gelo, e assim por diante...
Esses séculos de Idade do Gelo mudaram mudaram nosso
metabolismo de forma permanente. Durante verões muito curtos e
não terrivelmente quentes, conseguimos carboidratos que mal
foram suficientes para sobreviver. Aqueles que eram mais sensíveis
à luz e tinham maior potencial de armazenagem sobreviveram, e
nós somos os seus descendentes. Agora, essas características são
uma sentença de morte.
Se o homem paleolítico não tivesse ingerido uma dieta em que
predominavam a proteína e a gordura na melhor porção de cada
dia, isso significaria que ele teria de ficar sem alimento durante
milhares de anos a cada vez. Lamento, vegans, mas isso seria
altamente improvável.
Esses milhares de anos marcados por uma violenta ingestão de
proteínas e gorduras provocaram um aumento direto no peso do
cérebro, o que alimentou a expansão neural evolutiva da qual já
falamos. Durante toda a trajetória da humanidade, o homem viveu e
evoluiu com uma dieta composta de 80% a 90% de proteína e de
teor de gordura nela presente, durante pelo menos sete ou oito
meses no ano, e durante o resto do tempo de vegetação colhida
somente na estação. A total ausência de pedras de amolar, pilões e
pás define com clareza o tipo de nutrição da Idade do Gelo. Eles
nunca tiveram alimentos em quantidade suficiente para se darem ao
trabalho de inventar a moagem ou a trituração.
Os esqueletos remanescentes também são testemunho do tipo de
dieta da época. Em 1988, antropólogos da Emory University
compararam os estilos de vida atual e paleolítico no trabalho “The
Paleolithic Prescription”: “Ao estudarmos os esqueletos
remanescentes o último período paleolítico e analisarmos os
atributos de recentes grupos de caçadores-coletores, é possível
desenvolver um perfil anatômico – e até certo ponto bioquímico –
detalhado. Deduzimos a estatura do primeiro ser humano a partir de
um único osso de um dos membros, com uma fórmula que
relaciona a altura total ao tamanho do osso de um membro. Há 30
mil anos, os machos do leste mediterrâneo tinham uma altura média
estimada de 1,77 m, mas os fósseis Leakey-Walker apontam mais
na direção de uma média em torno de 1,88 m”.
Esses povos atingiam alturas maiores que as, ou comparáveis às,
das populações “bem-nutridas” de hoje.
Os antropólogos prosseguem: “Esses esqueletos remanescentes
também refletem força e musculatura; o tamanho das juntas e os
locais
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onde os músculos se encaixam nos ossos indicam a massa
muscular dessas pessoas e a quantidade de força que podiam
exercer. O CrogMagnon médio era sem dúvida tão forte quanto os
atletas femininos e masculinos superiores de hoje em dia. Eles
trabalhavam muito menos horas do que os posteriores agricultores,
mas eram muito mais robustos.”
Mesmo há 50 mil anos, não é possível distinguir o hominídeo
Homo sapiens sapiens de nós, em termos biológicos. Se estivesse
usando chapéu e óculos escuros, não conseguiríamos identificá-lo
numa fila. Em termos culturais e sociais, as mesmas características
que o mantiveram vivo são as que nos mantêm vivos hoje. Criamos
utensílios de pedra, deixamos uma estrutura cultural, aprendemos
técnicas e praticamos soluções, tudo dentro das noções aceitas de
família e estrutura de parentesco. Essas qualidades de vida ainda
são reconhecidas hoje como importantes ao bem-estar mental
funcional. Os antropólogos e especialistas em medicina forense,
que recriam as faces verdadeiras a partir de partes fossilizadas de
mandíbulas e crânios, dizem que as faces do Cro-Magnon eram
completamente modernas.
Embora as pessoas que viveram no período entre 40 mil e 10 mil
anos atrás não tenham alterado o mundo natural à sua volta de
modo a continuar a existir por um milhão de gerações, talvez algum
dia alguma mulher, cansada de montar e desmontar o
acampamento, tenha dito ao marido: “Meu bem, e se a gente
tentasse fazer essa coisa crescer bem pertinho da nossa porta?”
Nesse dia, o mundo mudou para sempre.
Foi só há 10 mil anos realmente curtos, não importa se um milênio
a mais ou a menos, que nós nos tornamos capazes de controlar o
estoque interativo de alimentos fornecidos pela terra que
asseguravam nossa sobrevivência. Até este último século, desde
aquele momento distante, dez milênios atrás – ou seja, durante
nossa existência pré-histórica inteira – só podíamos comer os
carboidratos que pudéssemos roubar e tomar da cornucópia do
planeta. Isso significa que comemos os mesmos tipos de
carboidratos “naturais” durnate os últimos 9.900 anos, nas mesmas
quantidades.
Agora não é mais assim.
Nenhuma outra espécie, em tempo algum, teve acesso ilimitado à
energia de carboidratos sem se preocupar com esforço, estação,
competição e desastres naturais. A agricultura alterou para sempre
o equilíbrio da natureza.
Se antes tínhamos problemas, a partir daí passamos a corre sério
perigo.
Pág 93
O advento da agricultura, há 10 mil anos, como uma alternativa
viável em relação a caçar e a colher os frutos da natureza, concluiu
efetivamente o período paleolítico e praticamente eliminou o estilo
de vida de caça e colheita no mundo todo. A Revolução Neolítica
trouxe o fim de nossa coexistência com tudo o mais, nos termos da
Terra. A partir daí, todas as interações aconteceriam nos nossos
termos. “Revolução” implica uma derrocada intencional de uma
instituição em favor de outra. Na realidade, a súbita abundância que
se tornou possível quando o estoque de alimentos passou a ser
controlado pelo consumidor também proporcionou calorias em
número suficiente para sustentar os padrões de reprodução em
transformação.
O HOMEM SE FIXA À TERRA
Pág 94
se tornou também o meio para qualquer homem alcançar um
sucesso inimaginável em termos reprodutivos.
A Bíblia nos diz isso.
Começamos também a trabalhar juntos em grupos maiores. Essa
domesticação se estendeu além de nossa pequena esfera humana.
Ao dominarmos as plantas, finalmente dominávamos os animais.
Tudo o que cultivávamos em volta de nossos assentamentos atraía
os animais até nossa porta – e tínhamos duas espécies pelo preço
de uma.
Pela primeira vez, desde que aprendemos a mentir uns para os
outros, comíamos regularmente, ao enganarmos outras espécies
com oferta de comida. Todo o excesso de luz e de aprendizagem
estava desenvolvendo em nós um novo tipo de memória e de
instinto, do qual os outros animais não podiam participar. Esse
pacto com o diabo, que chamamos de agricultura, alimentou uma
enorme explosão populacional. Nós, macacos humanos, não
estávamos mais apenas perturbando uns aos outros; éramos uma
força a ser computada. Havia seres humanos em número suficiente
para “reformar” a Terra de acordo com nossas necessidades e
escravizar a maior parte das outras formas de vida. Isso não se
parecia, de jeito nenhum, com nossa humilde origem de caçadores-
colhedores.
DESDE a.C.
Pág 95
É por isso que, nos museus, você vê aquelas armaduras
pequeninas e aqueles sapatos vitorianos do tamanho do pé de
Cinderela – e na rua, do lado de fora do museu, encontra nisseis
americanos muito altos, que abandonaram sua dieta
predominantemente baseada em arroz, desde que vieram viver nos
Estados Unidos. Só no último século é que a nossa dieta provocou
um retorno a um potencial fenotípico de dormência recuperado.
Traduzindo: com mais proteína em nossa dieta, quase voltamos ao
nosso tamanho original.
As conseqüências, em termos de doenças, da dieta gerada pela
agricultura só foram mitigadas pelo esforço físico insano necessário
para manter as plantações. A agricultura é um trabalho pesado –
pesado o suficiente para queimar mais de 90% de uma dieta de
carboidratos, se você fizer todo o trabalho pessoalmente – você e
talvez seu touro. O fato é que o dispêndio de calorias necessário
para os fazendeiros puxarem os próprios arados e trabalharem dez
horas por dia explica porque sobrevivemos tão bem, mesmo
comendo a quantidade de pão que comíamos.
A agricultura também acrescentou outra mentalidade à nossa
visão da nutrição: a economia acima da necessidade. A principal
razão para o crescente percentual de carboidratos na dieta foi que
matar os animais simplesmente para comer nos parecia uma visão
curta. Dividir a colheita com eles significava que haveria menos
para nós durante o inverno; por outro lado, se os mantivéssemos
vivos, eles poderiam nos fornecer leite para fazer queijo – e ainda
continuar a produzir filhotes de sua espécie. Começava a se
desenvolver uma espécie de especulação. Não estávamos
enganando apenas duas outras espécies; estávamos enganando a
Mãe Natureza.
A agricultura, assim como o fogo, não só nos isolou de todos os
outros seres viventos; também nos fez ficar muito doentes, mais
uma vez. Logo que os bebês começaram a nascer o ano todo, a
taxa de mortalidade cresceu, mas naquela época isso mal era
notado, em função do grande aumento da população em geral. O
valor da vida foi ficando menor por causa da onipresença do
homem
Mais um Mundo das Margaridas déjà vu.
O ENVELHECIMENTO DA MÁQUINA
Pág 96
capacidade. Isso impulsionou nossa capacidade de especulação
um pouco mais para cima, e nos levou a conquistar o trovão, depois
as plantas e depois os animais. Tudo começou com o pilão e a pá.
Se partíssemos os grãos em pedaços menores, ele durava mais.
Um pão feito com duas mancheias de grãos podia alimentar mais
de duas pessoas; com o aumento do número de pessoas, muito,
muito mais pessoas passaram a querer muito, muito mais pão.
Esse crescente e contínuo consumo de carboidratos, por pessoas
que estavam programadas para comê-los apenas durante alguns
meses do ano, matou tanta gente naquela época como mata agora.
A verdadeira dizimação começou – e continua para nós, 10 mil anos
depois – quando o homem passou a refinar os carboidratos. Os
grãos moídos e, mais tarde, o suco doce das beterrabas e da cana-
de-açúcar, depois de seco e transformado em pó, eram registrados
pelo nosso sistema insulina/açúcar no sangue como pássaros no
fundo do oceano. Não tínhamos qualquer referência para aquilo;
não fazia sentido. Não havia um lugar, em nossos sistemas, onde
tanta energia, chegando de uma vez só, pudesse caber. Mais e
mais pessoas, com isso, passaram a usar seus casacos de gordura
ao longo da primavera e do verão também.
BRILHANTES IDÉIAS
PARTE III
A VERDADE
ESTÁ AQUI
Pág 99
CINCO
Negue tudo:
O sono controla o apetite e, portanto,
a obesidade, o diabetes e a hipertensão
Pág 100
Veja quantos termos nós inventamos para descrever o estresse
do sucesso – desde as inofensivas “personalidades tipo A” ou
“quem corre atrás” até termos mais disparatados como “um caso de
exaustão” e “fanático pelo sucesso”. Os europeus não chamam uns
aos outros de nomes assim. Nos Estados Unidos, trabalhamos pelo
menos dez horas por dia, tentamos fazer exercício durante algumas
horas por semana – e sofremos. Dean Ornish diz que o amor vai
nos manter juntos e o Dr. Andrew Weil até sugere um “baseado” ou
dois por razões médicas. Nessa cultura, quando somos jovens,
tomamos drogas para relaxar; quando ficamos velhos, tomamos
drogas para sobreviver.
Será que sempre foi assim? Só para os baby-boomers.
Por volta de 1940, os Estados Unidos pós-guerra descreviam
nosso estilo de vida com expressões do tipo “aturar os vizinhos”,
“ascender na escala corporativa” – e o nosso sucesso com frases
do tipo “é o bom e velho trabalho duro”, como se fôssemos as
únicas pessoas do mundo que tentavam realizar alguma coisa. Para
conquistar a liderança mundial, os americanos, em termos
metafóricos, resolveram “virar uma noite” que já dura oitenta anos.
Vivemos em cidades que nunca dormem, num país que se agita
24 horas por dia.
Ocorre que deter a liderança em obesidade, diabetes, doenças
cardíacas e câncer foi só um bônus. É claro que o golfe teve de ser
sacrificado, assim como aqueles piqueniques dominicais com a
família. Nós, americanos, só temos tempo para um hobby realmente
sério na década de 1990: preocuparmo-nos com a morte. Agora,
que manter nossos falhos corações funcionando toma todo e
qualquer tempinho que teríamos depois do trabalho para nossas
esposas ou filhos, uma coisa tão sem importância como dormir é
verdadeiramente inimaginável.
SAIR DO ÉDEN
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T. S. Wiley
Medical Writer/Researcher
A Beverly Hills, California-based medical practitioner, Dr. Christian
Renna said that he believes T.S Wiley has made, “one of the most
important discoveries in this century” a simple molecular mechanism
that up until now, everyone else has missed. Her revolutionary
discovery is the fact that it’s the rhythm that matters in the accurate
physiological replacement of hormones without side-effects for
women in the second half of life. Wiley’s findings may have
important implications across a wide range of areas, from the
treatment of menopause and anti-aging to all of the other diseases
of aging such as heart disease and stroke, Type II diabetes, cancer
and Alzheimer’s disease.
In her first book, “Lights Out: Sleep, Sugar and Survival, ” Pocket
Books, 2000, Wiley points out how the discovery of electricity and
the light bulb put us out of sync with nature. Before Edison, people
spent summers sleeping less and eating heavily in preparation for
winter because light triggers the hunger for carbohydrates. Now,
with light available 24 hours a day, we can consume carbohydrates
year round, and sleep less. In Wiley’s modest opinion, sleep is the
best medicine.
Professional Affiliations
A member of the New York Academy of Sciences, and the American
Anthropological Association, Wiley often lectures, and has been a
keynote speaker at the following venues:
• Formby B, Wiley TS. Bcl-2, survivin and variant CD44 v7-v10 are
downregulated and p53 is upregulated in breast cancer cells by
progesterone: inhibition of cell growth and induction of apoptosis.
Mol Cell Biochem. 1999 Dec; 202(1-2):53-61.
Projects
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Lights Out: Sleep, Sugar, and Survival
Written by Booklist
The lightbulb put us out of sync with nature. Way back when, people
spent the summer sleeping less and eating heavily in preparation for
winter because light triggers the hunger for carbohydrates. Now,
with light available 24 hours a day, we gulp down food all year long.
So, Wiley and Formby assert, it is light, not what we eat or whether
we exercise, that causes obesity--and diabetes, heart disease, and
cancer. Indeed, eating bacon, ham, butter, and eggs for breakfast
doesn't impair health, and exercise can make you fat. If we
considered our waking periods as equivalent to the long days of
summer and the short ones of winter, we would avoid those health
problems. Wiley and Formby offer three steps for improvement, but
they aren't optimistic, because the light-driven speed and intensity of
contemporary life may be too much to overcome. Still, try, first,
plugging the leaks in your psyche; then, because you will have lost
weight, resisting carbohydrates; and, finally, swallowing a few pills
and helpful foods. William Beatty --This text refers to an out of print
or unavailable edition of this title.
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Bent Formby e T. S. Wiley
Auto-Ajuda 384 páginas
http://www.livrariasaraiva.com.br/