Professional Documents
Culture Documents
RESUMO
Este estudo focaliza a educação ambiental para os trabalhadores de embarcações como um
instrumento de gestão para o licenciamento ambiental nas atividades de exploração e produção de
petróleo offshore da PETROBRAS desenvolvidas na Bacia de Campos, Rio de Janeiro, onde há
necessidade da implantação de ferramentas voltadas para o treinamento dos trabalhadores destas
atividades. É proposta a incorporação dos conceitos de Educação Ambiental, visando potencializar a
prática da gestão ambiental nos trabalhadores, através de uma metodologia participativa e novas
formas de pensar e agir em relação ao meio ambiente. A implantação deste novo projeto visa atender
às demandas legais atualmente existentes e melhorar a gestão do processo de treinamento dos
trabalhadores, no âmbito do licenciamento ambiental.
Palavras chaves: Educação ambiental, petróleo, meio ambiente.
ABSTRACT
This study presents a workers training as a tool for the environmental licensing of the impact
operations at offshore petroleum exploration process. This work shows a pilot training for the workers
on the Environment Education, in the aim of launching a behavior change on activities related to ducts
and sub sea equipments, realized on the Campos Basin, Rio de Janeiro, Brazil. The pilot project was
validated by the target group - the trained workers - in a participatory methodology, in order to check
if the training processes affect upon their behavior changes on the petroleum exploration and
production underwater activities, supported by vessels. This project is being realized to attend the legal
requirements at the environmental licensing process, by the increasing of the training management
process.
III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006
impactam as atividades por elas exercidas e influenciando estas a agirem de maneira pró-ativa
nas questões ambientais.
A NBR ISO 14001 (ABNT, 2004), no item competência, treinamento e
conscientização recomendam que as organizações requeiram dos seus prestadores de serviço
demonstração de que seus empregados possuam o requisito competência e/ou treinamento
apropriado.
Ainda dentro do escopo da norma, a empresa deve identificar seus aspectos e impactos
significativos ou não ao meio ambiente, onde a organização possa controlar e influenciar
dentro dos seus serviços, atividades ou produtos. São considerados aspectos ambientais
elementos das atividades ou produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com
o meio ambiente, os impactos são qualquer modificação no meio ambiente, adversa ou
benéfica, que resulte, no todo ou em parte dos aspectos ambientais da organização.
Para as operações realizadas foram identificados alguns dos principais aspectos e impactos
conforme mostra, a seguir, o quadro 1.
É importante assinalar que toda vez que uma empresa pretende fazer qualquer
movimentação no mar é necessária uma anuência do órgão ambiental, para realização desta
operação, o qual concede a anuência para sua realização, desde que todas as “condicionantes”
prévias tenham sido atendidas. Uma destas condicionantes é o treinamento ambiental dos
trabalhadores envolvidos, que embora seja um requisito legal, necessita de aprovação prévia
do IBAMA.
Dentro deste contexto de licenciamento o órgão ambiental passou a exigir que os
projetos voltados para estas embarcações fossem aplicados por operação, levando a uma
demanda crescente de treinamentos que impactam através de custos, disponibilidades das
embarcações, re-treinamento de mão-de-obra, etc. todas as Unidades de Negócio que operam
na Bacia de Campos em atividades similares. Devido à dinâmica das operações e a
diversidade da escala de trabalho dos tripulantes destas embarcações, a PETROBRAS dentro
da sua política de gestão passou a elaborar um projeto de caráter continuado que atendesse a
todas as necessidades, sejam elas operacionais, legais, ambientais ou de difícil logística.
Em 2004 teve então início a elaboração do Projeto de Treinamento dos Trabalhadores
(PTAT), que após consolidação interna, organizou a criação de um grupo de contratação
específico para cadastro de empresas reconhecidas na área de treinamento e finalmente,
validação do projeto junto ao Escritório de Licenciamento das Atividades de Petróleo e
Nuclear (ELPN/IBAMA) através de Parecer Técnico.
As principais empresas que necessitam de treinamento ambiental para os trabalhadores
que atuam com grandes embarcações de serviço em operações offshore são:
• tipo LSV (Laying Support Vessel) utilizado no lançamento de linhas flexíveis;
• tipo DSV (Diving Support Vessel) atuando em diversos tipos de mergulhos
submarinos;
• tipo RSV (Remote Operation Vehicle Support Vessel) utilizado em inspeções
submarinas com robôs.
Segundo Chiavenato (1997), a “Educação é toda influência que o ser humano recebe
do ambiente social, durante toda a sua existência, no sentido de adaptar-se às normas e valores
sociais vigentes e aceitos. O ser humano, todavia, recebe essas influências, assimila-as de
acordo com suas inclinações e predisposições e enriquece ou modifica seu comportamento
dentro dos seus próprios padrões pessoais”.
Existem vários tipos de educação, dentro da educação profissional onde se destaca o
treinamento como sendo a educação profissional que adapta o homem para um cargo ou
função. Ainda com relação ao treinamento, a promoção do ensino, a conscientização e
indiretamente, a Educação Ambiental aplicada, a Agenda 21, em seu capítulo 36.12 (Brasil,
2003), diz textualmente:
para os trabalhadores.
O conteúdo programático do treinamento aborda a localização e sensibilidade da área
da Bacia de Campos, que é um tema relevante dentro do programa, tendo em vista as
condições bastante peculiares dos ecossistemas da Bacia de Campos, dentre as quais se
destacam a grande diversidade de habitat e a alta produtividade primária de suas águas que
dispõem de grande quantidade de nutrientes no meio, favorecendo, provavelmente, a
ocorrência de:
• importantes recursos pesqueiros;
• grande número de comunidades pesqueiras;
• deslocamento para a região de aves migrantes;
• rotas de animais que possuem mecanismos de orientação migratória, tais como, os
cetáceos e os quelônios.
Embora os conceitos de educação ambiental tenham mais de vinte anos, ainda se têm
dificuldades em caracterizar o papel da Educação Ambiental, com base nos princípios básicos
do seu papel que é transformar, conscientizar, emancipar e exercer a cidadania em educação e
para o ambientalismo.
Segundo Loureiro (2004, pág. 20) existe uma dificuldade principalmente quanto a
compreensão de como a Educação Ambiental se insere na reprodução da sociedade
contemporânea ou na produção de novos patamares societários ao se partir do pressuposto que
cabe a educação “plantar sementes” que naturalmente farão com que todos mudem e,
conseqüentemente, a sociedade. Para Loureiro é preciso definir as premissas que
fundamentam uma tendência crítica que enfatiza a Educação Ambiental como uma visão
paradigmática diferenciada da e na educação. Dentro desta premissa podemos entender os
diferentes “modelos” que hoje são encontrados em projetos, programas e treinamentos.
Neste contexto é importante destacar o papel dos educadores ambientais, destacando
sua responsabilidade social sem que ele seja apenas um produtor e transmissor de informações
e conhecimentos de valores “ecologicamente corretos”.
A forma de transmitir a Educação Ambiental e seus objetivos é outro fator que precisa
ser entendido, para não tornarmos a Educação Ambiental uma disciplina sem idéias. A
Educação Ambiental se realiza não só para transmitir informações e conscientização das
pessoas, ela está voltada para ser realizada com o outro. Como diz Loureiro: A Educação
Ambiental promove a conscientização e esta se dá na relação entre o “eu” e o “outro”, pela
prática social reflexiva e fundamentada teoricamente.
A promoção deste conhecimento na educação ambiental passa pelo enfrentamento das
incertezas na qual o século XXI está inserido. Na visão de Morin (2004, pág.76) a educação
deveria incluir o ensino das incertezas que surgiram nas ciências físicas, nas ciências da
evolução biológica e nas ciências históricas. Para o autor é preciso aprender a complexidade
da crise planetária que marca o século, mostrando que todos os seres humanos, confrontados
de agora em diante aos mesmos problemas de vida e de morte, partilham um destino comum.
“É necessário aprender a estar aqui no planeta”. Isso significa aprender a viver. Focaliza os
meios instrumentais1 que, se não forem contextualizados e relacionados às esferas culturais,
1
Instrumentalismo: Doutrina de John Dewey, filósofo e educador americano (1859 – 1952), que constitui uma
variedade do pragmatismo, e cujo traço característico é a admissão de que toda teoria é um instrumento para a
ação e para a transformação da experiência.
III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006
política, econômica, se tornam insuficientes sob o ponto de vista de uma educação que gere
caminhos emancipatórios.
Dentro do contexto hoje globalizado as críticas ao modelo educacional atualmente
usado deve diferir do que se propõe a Educação Ambiental que não tem como problema
central o como fazer ou o fazer por fazer e sim contextualizar o agir.
2
Dinamizadores: pessoas que ocupam cargos em atividades relacionadas a SMS (Segurança, Meio Ambiente e
Saúde), comunicação, treinamento e ou outras atividades, e que tenham familiaridade com a função de
operacionalizar as atividades propostas pelo projeto.
3
Facilitadores: pessoas da embarcação identificadas como líderes para atuar no treinamento.
III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006
A nova proposta de treinamento contempla uma carga horária para os tripulantes das
embarcações de 08 horas anuais. Esta carga horária pode ser distribuída durante o ano de
exercício do treinamento. O treinamento será orientado pelo dinamizador que após o curso de
III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006
O projeto de Educação Ambiental deve procurar incluir temas geradores que servem
como eixos articuladores entre as temáticas e disciplinas, e devem ser definidos pela
capacidade coletiva e convicção de que todos podem aprender em comunhão, de que todos
sabem algo que é válido e de que cabe ao sujeito individual construir o conhecimento e
ressignificar o que aprendeu segundo Loureiro (2004).
Fica evidente que os temas devam refletir os problemas que fazem parte da atividade
fim, sem afastamento da realidade ambiental do momento, ou seja, do específico para o global
e que permita também a reformulação dos valores e comportamentos dos envolvidos no
projeto. Com esta visão não se pode esquecer que os envolvidos devem reconhecer os
problemas existentes para então buscarem, também, a solução para os problemas existentes
em suas atividades, soluções estas que passam por ações que devem se traduzir em escolhas e
atitudes. Outro desafio que deve envolver a Educação Ambiental é a ética, a construção de
uma nova ética, que tenha responsabilidade para com o “outro”. “O posicionamento ético é o
que visa ao bem comum (Loureiro, 2004)”.
Os educadores têm o papel fundamental a partir do momento em que conhecem a
dimensão da crise ambiental que estão inseridos possam apontar aos envolvidos à construção
de alternativas teóricas e práticas, pois, segundo Mainier (1996), é importante formar a
cidadania ambiental, que deve lutar pela realização dos direitos ambientais com base na ação
política organizada, de tal forma, que o homem comum possa entender e participar dessa
ação, pois o mundo foi feito para ele.
4. CONCLUSÕES
• a proposta apresentada permitirá que seja referência para outros projetos que
devem ser implantados e, por sua vez melhorados, com o objetivo de atender aos
pressupostos da lei;
• o projeto permite também uma adequação do sistema de gestão da empresa para o
licenciamento ambiental, que uma vez implantado será acompanhado dentro do
sistema de gestão.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MAINIER, F.B, Contaminações industriais no meio ambiente: uma visão crítica, Anais: 2º
Seminário Fluminense de Engenharia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, setembro,
1996, vol III, p.180-185
MOLLE JR, Luiz. Regulamentação da indústria do petróleo: estudo de caso sobre a criação
da resolução CONAMA 293 – Um modelo a ser adotado. 2004. Dissertação (Mestrado em
Gestão Ambiental), Departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal
Fluminense, 2004.
MORIN, Edgar Os Sete Saberes necessários a Educação do Futuro. 9ª Edição São Paulo: Ed.
Cortez, 2004.