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relatório do projecto minerva 1

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o projecto minerva
introduzindo as nti na educação em portugal
depgef, 1994

joão pedro da ponte

este relatório faz uma breve reconstituição dos principais aspectos da história e das problemáticas que 
atravessaram o projecto minerva, que decorreu entre 1985 e 1994, tendo como objectivo promover a 
introdução das tecnologias da informação no ensino não superior em portugal. num momento em que à 
escola se colocam desafios cada vez mais fortes, decorrentes do dinamismo da própria sociedade em 
mudança, interessa ter presente o que nos diz a experiência deste projecto, tanto no que respeita às 
potencialidades das tecnologias de informação na educação, como no que se refere às soluções 
organizativas e institucionais sucessivamente adoptadas.

sumário

introdução

1.­a actividade do projecto minerva

o surgimento do projecto
os três grandes períodos do projecto
a filosofia educacional do projecto

2.­funcionamento, políticas gerais e coordenação

coordenação
coordenação executiva
relações entre pólos
a política de aquisição de equipamento

3.­pólos

actividades gerais dos pólos
actividades específicas de diversos pólos
algumas áreas de actividade
os centros de apoio local
recursos humanos
aspectos organizativos e estilo de funcionamento
4.­escolas

integração das escolas no projecto
apetrechamento
actividades

5.­balanço de um projecto inovador

o projecto do ministério
o projecto dos pólos
o projecto das escolas
a energia e a atmosfera do projecto
resultados do projecto minerva
aspectos deixados em aberto

6.­o futuro das tecnologias de informação na educação em portugal

a integração das tecnologias de informação nas escolas
investigação e desenvolvimento
formação
propostas
conclusão
relatório do projecto minerva 3
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introdução

as   tecnologias   da   informação,   cujo   papel   é   por   demais   evidente   nos 


sectores   da   produção,   dos   serviços   e   dos   meios   de   comunicação   social,   não 
constituem um simples fenómeno passageiro. pelo contrário, vieram para ficar. a 
escola não tem possibilidade de fugir à sua influência. o grande problema é saber 
qual deverá ser a sua função e qual a melhor estratégia para a sua integração nas 
actividades educativas.
o   projecto   minerva   decorreu  entre  1985   e   1994,   tendo   como   objectivo 
promover a introdução das tecnologias da informação no ensino não superior em 
portugali. este relatório pretende fazer uma breve reconstituição dos principais 
aspectos da história e das problemáticas que atravessaram este projecto, dando 
conta da sua experiência.
numa   primeira   parte   analisam­se   as   circunstâncias   em   que   o   projecto 
surgiu,   bem   como   os   seus   principais   períodos   e   características.   de   seguida, 
referem­se os aspectos mais marcantes da sua actividade, tanto em termos gerais, 
como no que respeita aos seus diferentes níveis de actuação: coordenação, pólos, 
centros   de   apoio   local   (cal)   e   escolas.   finalmente,   faz­se   um   balanço   das 
principais   realizações   e   dos   problemas   com   que   este   projecto   se   defrontou, 
indicando o modo como foram ou não resolvidos.
importa   fazer,   ainda   que   muito   esquematicamente,   um   balanço   do 
caminho percorrido. num momento em que à escola se colocam desafios cada 
vez mais fortes, decorrentes do dinamismo da própria sociedade em mudança, 
interessa ter presente o que nos diz a experiência deste projecto, tanto no que 
respeita às potencialidades das tecnologias de informação na educação, como no 
que se refere aos problemas associados às soluções organizativas e institucionais 
sucessivamente adoptadas.
falar do projecto minerva é extremamente difícil. trata­se de um projecto 
que   contemplou   numerosas   vertentes   de   actividade,   congregou   pessoas   com 
formações   e   perspectivas   muito   diversas,   envolveu   numerosas   instituições, 
mobilizou largos milhares de professores, atingiu centenas de milhares de alunos 
e decorreu por um extenso período de nove anos. corresponde, sem dúvida, a 
uma actividade muito rica e profundamente multifacetada.
este relatório, que se situa como um contributo interno para uma avaliação 
geral deste projecto, tem por base os relatórios parciais produzidos pelos diversos 
pólosii  e   diversos   outros   documentosiii,   bem   como   a   experiência   vivida   pelo 
respectivo   autor   e   seus   colaboradoresiv.   mais   do   que   descrever,   pretende­se 
questionar. na verdade, face ao volume da actividade produzida, o relatório não 
tem nem poderia ter qualquer preocupação de ser exaustivo — procura apenas 
traduzir   por   escrito   uma   experiência   de   trabalho   e   discutir   os   principais 
problemas que lhe estão associados. esperamos que ele possa ser de interesse 
para   todos   aqueles   que   se   preocupam   com   a   problemática   da   inovação 
educacional,   em   especial   no   que   respeita   à   integração   das   tecnologias   de 
informação nos sistemas educativos.
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1.­a actividade do projecto minerva

o   projecto   minerva   foi   um   grande   projecto   de   âmbito   nacional,   que 


envolveu universidades, institutos politécnicos, e escolas de todos os níveis de 
ensino.   neste   ponto   fazemos   uma   breve   caracterização   do   contexto   social, 
político  e   tecnológico   (nacional   e  internacional)   em   que   ele   surgiu,   dos   seus 
grandes períodos e das suas principais perspectivas relativamente à introdução 
das tecnologias de informação na esfera educativa, questões que serão, todas elas, 
desenvolvidas com mais pormenor nos pontos seguintes.

o   surgimento   do   projecto.   as   tecnologias   de   informação   tornam­se 


subitamente visíveis para o grande público no início da década de oitenta, com o 
aparecimento dos computadores pessoais e a sua divulgação entre largas camadas 
da população. em todos os países desenvolvidos se começa, muito rapidamente, a 
colocar   a   questão   da   sua   integração   nos   sistemas   educativos.   alguns   destes 
países,   como   a   frança,   a   inglaterra   e   a   espanha   lançaram   mesmo   programas 
nacionais com este objectivo. assim, em meados da década existe na comunidade 
europeia   um   ambiente   muito   favorável   à   introdução   de     tecnologias   de 
informação   na   educação,   sendo   tomadas   iniciativas   diversas   para   estimular   o 
intercâmbio entre países e apoiar os decisores políticos.
em   portugal,   vive­se   também   um   momento   de   entusiasmo   com   a 
informática, que, no início dos anos 80 tinha chegado ao grande público através 
da via dos jogos e dos pequenos computadores domésticos da geração sinclair 
spectrum. o nosso país é a certa  altura, uma das nações europeias com mais 
computadores domésticos per capita.
em meados dos anos 80 surgem em portugal diversas propostas para a 
introdução das tecnologias de informação nos ensino básico e secundário. uma 
delas propõe­se criar uma estrutura específica dentro do ministério da educação v; 
outras   defendem   a   intervenção   determinante   de   instituições   ligadas   ao   sector 
privado. o próprio gabinete de estudos e planeamento do ministério da educação 
(gep) conduz na altura uma iniciativa, o projecto dc/3 cujo objectivo é estudar o 
impacto das tecnologias de informação no ensino básicovi. a escolha assumida 
pelo   ministro   da   educação,   prof.   joão   de   deus   pinheiro,   acaba   por   recair   no 
projecto   minerva,   uma   proposta   que   tinha   por   base   um   projecto­piloto 
envolvendo 14 escolas na região centrovii. trata­se de uma opção por uma via que 
dá às universidades um papel decisivo neste domínio, o que vem a constituir, em 
termos internacionais, uma profunda originalidade da experiência portuguesa.
o   momento   político   que   se   vive   em   portugal   a   partir   desta   altura   é 
marcado   pela   preparação   duma   grande   reforma   do   sistema   educativo, 
determinada   pela   respectiva   lei   de   basesviii.   a   afirmação   inicial   do   projecto 
minerva, que se propõe contribuir para a modernização e inovação deste sistema, 
beneficia claramente desse ambiente em que é necessário equacionar todas as 
alternativas que possam ser tidas em conta para o desenvolvimento da reforma.

os três grandes períodos do projecto. o projecto minerva, cujo nome 
resulta   das   iniciais   de   “meios   informáticos   no   ensino:   racionalização, 
valorização,   actualização”,   conhece   três   períodos   fundamentais,   que 
correspondem basicamente ao seu lançamento, expansão e encerramento.
o   primeiro   período,   designado   por   “fase­piloto”,   vai   de   1985   a   1988 ix. 
corresponde ao seu surgimento, sob o impulso do prof. antónio dias de figueiredo 
—   o   “pai   do   projecto”.   assume   nesta   altura   uma   organização   em   três   níveis 
principais:

— a comissão coordenadora, dirigido por aquele professor e sediada 
em coimbra;
— os pólos, sediados em instituições do ensino superior, alguns dos 
quais inicialmente desdobrados em núcleosx;
— e as escolas, por sua vez ligadas aos pólos e núcleos.

a comissão coordenadora do projecto é essencialmente constituída pelos 
representantes dos pólos e núcleos iniciais, tendo um forte cunho universitário. o 
ministério   da   educação   participa   através   do   gep,   responsável   neste   período 
também por um núcleo (que resultou da reconversão do seu projecto dc/3) e que 
é integrado no pólo de lisboa. ao gep, através do seu director, cabe igualmente a 
ligação entre a comissão coordenadora do projecto e as instâncias decisoras do 
ministério da educação (ministro, secretário de estado). no seu início baseado 
apenas em instituições universitárias, o projecto é progressivamente alargado aos 
institutos politécnicos e escolas superiores de educação, permitindo assim uma 
melhor cobertura de todo o território nacional. o anexo 2 indica os diversos pólos 
do projecto e o seu ano de entrada oficial em funcionamento, sendo de notar que 
muitos deles já antes tinham iniciado informalmente a sua actividade em ligação 
com pólos pré­existentes.
os  grandes   objectivos   do  projecto  encontram­se  indicados   no  despacho 
ministerial 206/me/85 (ver anexo 1) que o oficializa: (a) a inclusão do ensino das 
tecnologias de informação nos planos curriculares, (b) o uso das  tecnologias de 
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informação como meios auxiliares do ensino das outras disciplinas escolares, e 
(c) a formação de orientadores, formadores e professores. incluiem­se na esfera 
de actuação do projecto todos os níveis de escolaridade, do pré­escolar ao 12º 
ano, e valoriza­se a utilização curricular das tecnologias de informação em todas 
as   disciplinas   (gerais   e   vocacionais),   em   detrimento   da   criação   de   novas 
disciplinas específicas destinadas ao ensino directo da informática e das suas 
aplicações.
com   a   fase­piloto   pretende­se   genericamente   formar   as   equipas 
dinamizadoras do processo, lançar as necessárias infra­estruturas, identificar os 
“pontos estratégicos e operacionais do sistema de ensino”, “afinar conceitos e 
critérios”, e “analisar soluções” tendo em conta as experiências no terreno e os 
trabalhos em curso noutros paísesxi.
o projecto adopta desde logo uma estrutura organizativa em rede. os pólos, 
em que se constituem equipas mistas formadas por docentes do ensino superior e 
professores destacados dos outros níveis de ensino, são dotados duma grande 
autonomia na definição das suas prioridades de trabalho, estrutura organizativa e 
formas de actuação. alguns pólos estabelecem relações de colaboração entre sixii, 
visando o prosseguimento de interesses comuns ou procurando complementar os 
seus   domínios   de   competência.   muito   embora   o   impulso   inicial   do   projecto 
estivesse   claramente   do   lado   da   informática   (na   sua   vertente   de   engenharia 
informática, principalmente preocupada com a produção de software educativo), 
é desde  o início contemplada  uma grande  abertura à participação da  área  da 
educação   (essencialmente   preocupada   com   o   desenvolvimento   curricular   e   a 
formação de professores).
este   período   é   caracterizado   por   uma   multiplicação   das   iniciativas   dos 
pólos e por uma grande receptividade por parte das escolas em que se constituem 
equipas   de   professores   que   nos   2º   e   3º   ciclos   do   ensino   básico   e   no   ensino 
secundário   beneficiam   duma   transferência   de   horário   lectivoxiii  para   as 
actividades com as tecnologias de informação. o projecto parece corresponder a 
necessidades   latentes   sentidas   por   muitos   sectores.   gera­se   uma   actividade 
intensa, bem como pressões para um crescimento mais rápido, exigindo mais 
recursos humanos e financeiros. realizam­se dois encontros nacionais, o primeiro 
em braga (maio de 1987) e o segundo em aveiro (setembro de 1988).
dois   anos   depois   do   seu   lançamento,   a   coordenação   começa   a   ter 
dificuldade   em   responder   a   todas   as   questões   que   se   colocam   na   actividade 
corrente  do  projecto  e equaciona  a  passagem  a  um novo  período,  em  que  se 
estabeleça uma maior articulação com as estruturas do ministério da educação.
o segundo período, marcando o início da fase “operacional do projecto”, 
corresponde ao crescimento mais acelerado do número de escolas envolvidas, e 
estende­se   de   fins   de   1988   a   1992.   a   coordenação   passa   para   o   gep,   sendo 
assegurada pelo respectivo director, prof. luís valadares tavares.
este  período  é  marcado  pelo   grande  aumento   das   verbas   destinadas  ao 
projecto a que fica associado um significativo aumento do número de escolas 
envolvidas  (ver  quadros  do  anexo  3).  houve  uma  integração  do  projecto num 
serviço bem definido do ministério da educação, mas mesmo assim ele continua 
a   merecer   uma   atenção   reduzida   por   parte   das   direcções   regionais   e   pouco 
significante   no   que   respeita   às   direcções   gerais.   as   instituições   do   ensino 
superior,   conservando   embora   uma   larga   margem   de   autonomia   para   o 
desenvolvimento das suas actividades, passam a estar mais afastadas dos níveis 
de direcção do projecto.
neste   período   há   uma   tentativa   de   dar   uma   natureza   mais   formal   à 
organização do projecto. são solicitados aos pólos relatórios anuais com grelhas 
detalhadas   das   suas   acções   de   formação   e   uma   descrição   exaustiva   das   suas 
actividades,   contabilizando   o   número   de   professores   e   alunos   participantesxiv. 
procura­se conhecer e caracterizar o projecto, nomeadamente para justificar a sua 
continuação e o reforço das suas dotações orçamentais. os objectivos do projecto, 
muito genéricos  na  sua  fase  inicial,  começam  a  colocar­se menos  em  termos 
qualitativos, e mais em termos quantitativos, com metas de cobertura de escolas 
de todo o território nacional.
traduzindo o peso cada vez mais significativo que as actividades com a 
telemática   vêem   conhecendo   no   projecto,   a   coordenação   começa   a   utilizar   o 
termo tic (tecnologias da informação e comunicação) como identificativo da área 
do projectoxv.
neste período surgem também iniciativas alternativas da parte do gep, nem 
sempre   muito   coordenadas   com   os   pólos   do   projecto.   assim,   realizam­se 
concursos de software e de materiais para apoio à utilização das tecnologias de 
informação   que   em   grande   medida   acabam   por   ter   um   efeito   estruturador   e 
constituir um estímulo à actividade dos pólos. mas surgem igualmente outras 
linhas  de acção,  tendencialmente concorrentes  com o projecto minerva e  que 
utilizam   verbas   para   ele   previstas,   como   os   concursos   para   o   reforço   de 
equipamentos   das   escolasxvi  e   o   projecto   ivaxvii.   estas   iniciativas   fazem 
naturalmente surgir fortes dúvidas nos responsáveis dos pólos e nos professores 
participantes no projecto acerca da verdadeira estratégia para a introdução das 
tecnologias de informação no sistema educativo.
neste segundo período tenta­se transformar o minerva num programa a ser 
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desenvolvido com base em conselhos regionais integrados pelos pólos, direcções 
regionais de educação e representantes autárquicos. seria uma forma de avançar 
para a sua diluição natural no sistema. esta tentativa, no entanto, não resultou, 
entre   outras   razões   porque   não   suscitou   entusiasmo   nem   nos   pólos   nem   nas 
instâncias locais e regionais que poderiam ter assumido a partir deste momento 
uma intervenção importante neste processo, e que, de resto, poucos sinais deram 
de   ter   compreendido   como   poderiam   absorver   e   enquadrar   nesta   altura   a 
dinâmica já criada pelo projecto.
continua a haver uma grande capacidade de iniciativa por parte dos pólos 
(nomeadamente com a constituição de centros de recursos escolares) e muita 
actividade a nível das escolas. multiplicam­se as publicações, encontros e trocas 
de experiências. em articulação com a coordenação do projecto, é lançada uma 
rede de centros de apoio local, visando uma melhor assistência aos professores 
participantes   no   projecto.   no   entanto,   começam   também   a   acentuar­se 
progressivamente os sinais de inquietação relativamente ao futuro — como se 
torna aliás bem patente no decorrer do terceiro encontro nacional realizado em 
bragança, em abril de 1992xviii.
em resumo, este período em que se concretiza a expansão do projecto é 
caracterizado pela continuação de uma grande iniciativa e actividade por parte 
dos   pólos   e   das   escolas,   acompanhada   por   um   esforço   de   estruturação 
organizativa e pelo desenvolvimento de iniciativas paralelas ao próprio projecto, 
tudo isto no quadro de uma pouco conseguida tentativa de articulação com o 
ministérioxix.
a terceiro período é o do encerramento e decorre de 1992 a 1994. neste 
período, inicialmente a coordenação é ainda exercida pelo prof. luís valadares 
tavares, depois transitoriamente pela drª margarida mafalda leónidas e finalmente 
pelo novo director do recém­criado depgef, engº josé manuel prostes da fonseca.
previsto   inicialmente   para   terminar   em   1993,   o   projecto   acaba   por   ser 
prolongado por mais um ano. nos seus níveis de direcção, põe­se o problema de 
como promover a continuação do processo de introdução das   tecnologias de 
informação   no   sistema   educativo   português.   por   um   lado   sente­se   que   os 
objectivos do projecto minerva continuam a merecer uma grande pertinência e 
reconhece­se   o   valor   da   experiência   entretanto   acumulada   nos   pólos   e   nas 
escolas. por outro lado, há a percepção que o modelo não funciona da melhor 
maneira e que, embora estimule a iniciativa e a criatividade dos mais diversos 
intervenientes,   não   garante   uma   boa   gestão   de   recursos   nem   uma   resposta 
homogénea a todas as necessidades do sistema.
no   ministério   da   educação,   entra­se   numa   fase   de   séria   contenção 
orçamental. verifica­se um conflito crescente entre as necessidades decorrentes 
do funcionamento normal do projecto (nomeadamente em recursos humanos) e 
as   políticas,   cada   vez   mais   claramente   definidas,   de   reduzir   ao   máximo   o 
destacamento de professores para funções não lectivas e de limitar drasticamente 
as horas de transferência lectiva dos professores participantesxx. É igualmente 
nesta altura que se começa a fazer sentir a pressão sobre os professores do novo 
estatuto   da   carreira   docente,   ligando   a   progressão   na   carreira   à   obtenção   de 
créditos de formaçãoxxi.
neste   terceiro  período,   uma   parte   significativa   dos   recursos   financeiros 
inicialmente  previstos  para  o  projecto  minerva  é  aplicada  no  equipamento  de 
escolas secundárias com ensino tecnológico. em termos políticos, isto representa 
uma   reafirmação   da   ideia   de   que   é   preciso   investir   essencialmente   nas   áreas 
vocacionais — ideia que, embora forte no período anterior a 1985, tinha estado 
desde então secundarizada. os efeitos práticos desta orientação acabam por ficar 
seriamente   limitados   porque   o   esforço   de   equipar   as   escolas   não   foi 
acompanhado por um correspondente esforço em desenvolvimento curricular e 
em formação de professoresxxii.
por   impulso   da   direcção   do   depgef   surge   igualmente   o   projecto   forja, 
integrado   no   programa   focoxxiii,   mas   bastante   individualizado   em   termos   de 
gestão, que procura constituir uma versão melhorada do ivaxxiv. contrapondo­se à 
grande   diversidade   de   opções   em   termos   de   equipamento   e   estratégias   de 
formação   dos   diversos   pólos,   o   forja   propõe­se   equipar   as   escolas   com 
equipamentos homogéneos e de maior qualidade e garante uma formação de base 
mais completa aos professores que nele participam — privilegiando os aspectos 
acentuadamente técnicos. os sucessivos atrasos no seu   lançamento e a forma 
extremamente   apressada   e   intensiva   como   acabou   por   ser   feita   a   formação, 
limitam seriamente o seu impacto. 
o forja surge no quadro do programa foco e vem ocupar por completo o 
terreno da formaçãoxxv. os pólos, vêem­se na contingência de se adaptar ao foco 
ou   de   verem   esvaziar­se   de   público   as   suas   actividades   de   formaçãoxxvi. 
igualmente, os cal começam a ser progressivamente desactivados na medida em 
que vêem o seu terreno de actuação ser tomado pelos centros de formação das 
associações   de   escolas   constituídos   ao   abrigo   deste   programa.   diminuem 
drasticamente as actividades de formação e o apoio às escolas. ao mesmo tempo 
surge   o   problema   da   crescente   obsolescência   dos   equipamentosxxvii.   como 
resultado   destas   dificuldades,   começa   a   assistir­se   nas   escolas   a   uma 
desmotivação que se traduz num nítido recuo nas actividades desenvolvidas no 
relatório do projecto minerva 11
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âmbito do projectoxxviii.
tanto   no   forja   como   no   foco   os   recursos   humanos   são   garantidos   em 
grande escala por professores que tinham feito a sua formação em tecnologias de 
informação nas equipas do projecto minerva. mas o surgimento destas iniciativas 
tem como resultado remeter os pólos e escolas deste projecto para um lugar cada 
vez mais secundarizado. finalmente, a coordenação tomou a decisão de terminar 
o minerva, dedicando­se o ano final ao balanço e estudo de alternativas.
em resumo, o último período é marcado pela preocupação da direcção do 
projecto em definir novos rumos para o processo de introdução das tecnologias 
de informação no sistema educativo, aproveitando a herança do minerva. mas ao 
mesmo tempo a indefinição quanto ao seu futuroxxix e as sucessivas dificuldades 
no seu funcionamento geram perplexidade,  desencanto e abandono de muitos 
membros das equipas e dos professores participantes, assistindo­se, em alguns 
casos, à desagregação da capacidade de intervenção e do saber­fazer acumulado 
nos pólosxxx.

a filosofia educacional do projecto. como projecto visando a introdução 
das tecnologias de informação no sistema educativo, o minerva assume na maior 
parte da sua actividade as seguintes opções gerais:

—   encarar   as   tecnologias   de   informação   como   um   instrumento 


educativo   importante   para   todos   os   níveis   de   ensino,   incluindo   o 
primárioxxxi;
— não favorecer a criação duma disciplina específica para o ensino 
das  tecnologias de informaçãoxxxii;
— não privilegiar as disciplinas de natureza vocacionalxxxiii;
— não considerar a informática como uma área à parte, excepto no 
ensino   secundário,   nos   cursos   com   ela   mais   directamente 
relacionados;
— manter uma forma de funcionamento descentralizado, de tipo rede;
— encorajar uma grande ligação entre as escolas dos diversos níveis 
de ensino e os estabelecimentos de ensino superior.

no lançamento do projecto, havia a ideia de que a sua actividade se iria 
basear   na   utilização   de  software  educativo,   a   ser   produzido   pelos   pólos.   no 
entanto, a muito breve trecho, a formação de professores para a utilização de 
software  de   tipo   utilitário   (como   processamento   de   texto,   folha   de   cálculo, 
programas de desenho e de gráficos, programas de gestão de bases de dados, 
programas   de   edição   electrónica,   etc.)   torna­se   na   sua   principal   mola   de 
desenvolvimentoxxxiv. assim, embora no projecto tivessem sempre coexistido uma 
grande   variedade   de   perspectivas   relativamente   ao   papel   educacional   do 
computador,   ele   é   marcado   de   forma   decisiva   pela   ideia   da   utilização   do 
computador como ferramentaxxxv.
a ideia do computador como ferramenta nas mãos do aluno, e não como 
instrumento didáctico, conduz de forma natural à valorização de actividades de 
projecto, muitas das quais de forte cunho interdisciplinar e realizadas tanto na 
sala de aula como em espaços alternativos de aprendizagem. numa situação que 
nunca   se   caracterizou   pela   abundância   de   equipamentos   —   algumas   escolas 
preparatórias e secundárias quase não chegaram a dispor de computadoresxxxvi — 
esta perspectiva constitui uma via muito razoável para o arranque das actividades 
com as tecnologias de informação.
o computador pode estar ao serviço de diversas perspectivas pedagógicas. 
impõe­se, por isso, a necessidade de clarificar os objectivos que presidem à sua 
utilização.   como   se   refere   no   relatório   do   pólo   da   ese   de   setúbalxxxvii,   o 
computador “é entendido como um instrumento que deve:

— permitir a pesquisa e gestão da informação;
— auxiliar professores e alunos no tratamento dessa informação;
— colocar e resolver problemas e desafios;
— estimular a descoberta.”

ele   é   visto   como   uma   ferramenta   que,   em   vez   de   constituir 


necessariamente   o   centro   das   atenções,   está   disponível   para   permanente 
utilização ao lado de outros materiais de ensino.
a introdução de meios informáticos no sistema educativo é assim vista 
sobretudo   como   susceptível   de   “enriquecer   as   estratégias   pedagógicas   do 
professor   e   estimular,   em   diversos   contextos   educativos,   metodologias   mais 
incentivadoras da actividade, da participação, da colaboração, da iniciativa e da 
criatividade... [sendo um] sustentáculo de novas estratégias dentro da escola (na 
agregação de interesses dentro de grupos disciplinares, no suporte a iniciativas 
transdisciplinares e na ligação da escola com outras escolas e com a realidade 
social, económica e natural circundantes)”xxxviii.
nas   concepções   educativas   relativamente   à   utilização   do   computador 
seguidas   no   projecto   minerva   tiveram   uma   influência   decisiva   as   ideias   de 
seymour  papertxxxix.  deste  autor  destaca­se  sobretudo   a  perspectiva   dum papel 
relatório do projecto minerva 13
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activo e  autónomo do  aluno no  desenvolvimento dos seus  projectos pessoais, 
dominando o computador à imagem e semelhança dos profissionais que utilizam 
este instrumento, que encontrou forte eco nas equipas dos pólos e em muitos 
professores   participantes.   a   esta   influência   não   são   estanhos   os   factos   da 
projecção da linguagem logo estar internacionalmente no seu auge e dela ter tido 
um   papel   muito   importante   no   conjunto   das   actividades   desenvolvidas, 
nomeadamente nos primeiros anos do projecto.
uma ideia que se vem a revelar também central na actividade do projecto 
— sobretudo ao nível dos pólos de das escolas — é a da prioridade a conceder 
aos recursos humanos. as tecnologias de informação, em vez de virem substituir 
o professor, vêm valorizar a siua importância. ao professor são cometidas novas 
tarefas e novas responsabilidades e é contando com ele, apostando decididamente 
na sua formação e na sua criatividade profissional, que se poderá caminhar na via 
duma efectiva transformação do sistema educativoxl.
2.­funcionamento, políticas gerais e coordenação

embora sempre muito marcado pela sua natureza descentralizada, o projecto 
minerva conhece ao longo da sua existência diversas fórmulas de coordenação. 
neste ponto passam­se em revista de modo mais detalhado diversos aspectos do 
funcionamento e das políticas gerais do projecto procurando salientar o modo 
como estiveram ligados ao seu modo de funcionamento.

coordenação. no seu primeiro período, o projecto minerva começa por ter o 
prof.   antónio   dias   de   figueiredo   como   coordenador.   com   o   apoio   do 
departamento de engenharia electrotécnica da universidade de coimbra e de uma 
secretária,   ele   dirige   toda   a   actividade   do   projecto.   uma   comissão   executiva 
constituída pelo coordenador, pelo prof. sérgio machado dos santos, reitor da 
universidade do minho, e pelo engº ricardo charters d’azevedo, director do gep, 
serve essencialmente de orgão consultivo. periodicamente (duas a três vezes por 
ano) realizam­se reuniões com todos os pólos e núcleos para tratar de matérias 
de interesse geralxli, com destaque para a repartição de verbasxlii.
esta fórmula de coordenação permite o rápido desenvolvimento do projecto 
mas deixa, a breve trecho, o coordenador numa situação de grande dificuldade 
em responder a todas as questões de gestão corrente que crescentemente se vão 
colocando.   além   disso,   o   desenvolvimento   do   projecto   —   exigindo   sempre 
maiores   recursos   —   torna   cada   vez   mais   problemáticas   as   relações   com   o 
ministério,   cujos   responsáveis   se   vão   interrogando   sobre   a   importância   a 
conceder­lhe no quadro do política educativa globalxliii.
as dificuldades que o projecto encontra junto de certos sectores são bem 
patentes no relatório  novas tecnologias no ensino e na educaçãoxliv, produzido 
por   um   grupo   de   trabalho   nomeado   pela   comissão   da   reforma   do   sistema 
educativo. neste estudo, que tem por objectivo fornecer orientações gerais neste 
domínio   para   a   reforma   educativa   em   curso,   está   ausente   o   conceito   de 
tecnologias   de   informação.   fala­se   exclusivamente   da   informática   e   de   resto 
muito pouco — porque a maior parte do texto é dedicado às tecnologias audio e 
vídeo e à educação à distância. este trabalho apresenta uma perspectiva eclética 
para   a   introdução   do   computador   na   escola,   no   seu   conjunto   já   largamente 
ultrapassada,  que  inclui a  iniciação  aos  métodos  e  técnicas  da  informática,  o 
ensino   programado   e   a   administração   escolar.   o   computador   é   sobretudo 
valorizado   por   constituir   “um   elemento   lúdico   de   características   não 
disruptivas”xlv. neste estudo, o projecto minerva é referido apenas de passagem, 
referindo­se a necessidade de uma “avaliação rigorosa e exaustiva” a fazer noutra 
relatório do projecto minerva 15
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ocasião, de modo mais longo e aprofundadoxlvi.
estas   dificuldade   já   não   se   revelam   no   relatório   final   produzido   pela 
comissão da reformaxlvii, que contém um programa relativo às novas tecnologias 
de informação. neste, é vincada a importância da formação dos professores e do 
desenvolvimento da investigação pedagógica, propondo­se um conjunto de 11 
subprogramas,   a   serem   desenvolvidos   através   de   um   significativo   reforço   do 
projecto minerva. trata­se de uma autêntica proposta de trabalho para a segunda 
fase do projecto, muito diferente daquela que viria a ser de facto aplicada. 
no segundo período procuram resolver­se as dificuldades de integração no 
ministério trazendo a coordenação do projecto para um serviço central — o gep 
— e criando uma pequena equipa de apoio. para além do coordenador nacional, 
passa a existir o lugar de coordenador executivo, desempenhado por um curto 
período pela drª maria do carmo clímaco, e depois, até ao fim do projecto, pelo 
dr. josé tomás patrocínio. além disso, neste segundo período é constituída uma 
nova   comissão   coordenadora   nacional,   formada   por   directores­gerais   de   três 
serviços do ministério de educação (além do gabinete de estudos e planeamento 
estão   ainda   representados   o   gabinete   de   educação   tecnológica,   artística   e 
profissional e o ensino básico e secundário), pelo coordenador executivo e pelo 
prof. antónio dias de figueiredo, agora no papel de orientador científicoxlviii. esta 
estrutura revela­se inoperante, tendo feito poucas reuniões e não tendo produzido 
orientações para o desenvolvimento do projecto. o final do segundo período é 
marcado pelo ensaio de soluções organizativas alternativas, apontando para uma 
descentralização   regional,   que,   como   se   referiu   no   ponto   1,   também   não 
resultam.
neste segundo período é posta em prática a política dos concursos. para 
além dos concursos de aquisição de equipamentos e software comercial, que já 
se vinham fazendo desde o início do projecto, realizam­se no quadro do prodep 
concursos de produção de software didáctico e materiais de apoio e divulgação. 
abrem­se   também   concursos   para   o   reforço   de   equipamento   informático   das 
escolas. ao mesmo tempo ensaiam­se novas propostas como os projectos iva e 
forja que, embora promovidos pela coordenação, surgem de forma paralela ao 
minerva.  esta  política,  apanha  os  pólos  de  surpresa  e  nunca  chega  a  ser­lhes 
muito bem explicada, criando dificuldades de diálogo crescente entre estes e a 
coordenação do projecto.
no terceiro período, a coordenação continua a ser assumida pelo depgef. no 
entanto, a saída do prof. luís valadares tavares marca o fim duma postura de 
protagonismo em termos de liderança do projecto. a nova direcção do depgef, 
mais   preocupada   com   outros   problemas   e   outras   prioridades,   foi   deixando   a 
gestão   corrente   ao   cuidado   da   coordenação   executiva,   que,   pelo   seu   lado 
procurou   ir   ouvindo  os   pólos,   em   conjunto  ou   individualmente,   conforme   as 
matérias e as ocasiões.
durante   a   direcção   da   drª   margarida   mafalda   leónidas   é   finalmente 
desencadeado o processo de avaliação final do projecto minerva, recorrendo a 
uma equipa internacional. É igualmente acelerado o processo de publicação de 
software  e   materiais   de   apoio,   que   até   então   vinha   ocorrendo   com   grande 
lentidão.   a   direcção   do   engº   josé   manuel   prostes   da   fonseca   confirmou   o 
terminus do projecto para o ano lectivo de 1993/94 e a continuação do processo 
da sua avaliação, definindo­lhe os seus contornos finais.  

coordenação   executiva.   esta   estrutura   de   coordenação   é   constituída   por 


uma   pequena   equipa   que   integra,   além   do   coordenador   executivo,   um  a   dois 
elementos.   as   suas   funções   e   actividades   revestem   carácter   administrativo   e 
técnico garantindo o funcionamento do próprio projecto. muitas das actividades 
e   funções   desta   equipa   de   coordenação   têm   igualmente   alcance   pedagógico, 
procurando sobretudo o reforço de práticas que se consideram mais consentâneas 
com uma adequada utilização educativa das tecnologias de informação. 
assim, entre as actividades da coordenação executiva do projecto minerva 
há a referir:

—   o   estabelecimento   de   critérios   de   distribuição   das   verbas   de 


funcionamento   a   atribuir   anualmente   a   cada   pólo,   através   de   uma 
relação   de   proporcionalidade   directa   entre   o   número   de 
estabelecimentos de ensino e verba a atribuir;
— o apoio à criação de centros de apoio local (cal) e aos conselhos 
regionais minervaxlix;
— a recolha em suporte disquete de dados sobre as actividades de 
cada pólo (o relatório anual já referido);
— o lançamento de concursos anuais para aquisição do equipamento, 
dos pólos (hardware e software);
— o lançamento de concursos de software educacional, bem como o 
concurso   para   materiais   de   apoio   à   utilização   das   tecnologias   de 
informação na educaçãol;
— o lançamento dos projectos iva e forja;
— a colaboração na avaliação das propostas dos concursos prodep;
—   o   apoio   à   produção   de  software  e   à   divulgação   de   produtos 
relatório do projecto minerva 17
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produzidos fora do projecto minerva mas com reconhecida qualidade 
educativali; 
— a publicação de software e de bibliografia de apoio à utilização das 
tecnologias de informação em educação, bem como de um catálogo 
de divulgação do material existentelii.

para além destas actividades, a coordenação executiva, desenvolveu outras 
decorrentes da própria natureza do projecto, como o atendimento a pessoas e 
instituições   nacionais   e   internacionais   e   o   apoio   a   seminários,   encontros, 
congressos, no âmbito do projecto e fora deleliii.
no período final do projecto a coordenação executiva interveio fortemente 
no sentido de procurar trazer o forja para um espírito o mais possível próximo da 
actividade   da   maioria   dos   pólos,   que   acabaram   por   fornecer   o   suporte   de 
formação. mas a forma como o forja chegou às escolas nada tinha a ver com as 
tradições do projecto minerva, e foi com grande desconfiança e distanciamento 
que este novo projecto foi visto pela maioria dos professores até então associados 
ao trabalho com as tecnologias de informaçãoliv.
relações entre pólos. À margem da coordenação, os pólos mantêm entre 
si   relações   de   troca   de   informação,   de   experiências   e   de   colaboração   muito 
diversificadas. uma dessas formas de colaboração dá­se com a realização das 
semanas   do   logo,   encontro   onde   se   procuram   discutir   formas   de   utilização 
educativa   desta   linguagem   de   programação   e   como   fazer   formação   dos 
professores. outros encontros assumem natureza disciplinar em áreas específicas 
(como o ensino das línguas, da história e da biologia e o uso do computador no 
1º ciclo do ensino básico), ou têm a ver com o desenvolvimento de actividades 
comuns (nomeadamente no âmbito da telemática)lv, desenvolvem­se intercâmbios 
em torno da publicação de boletins informativos (como o boletim inter­pólos, 
dedicado   ao   1º   ciclo).   outras   formas   de   colaboração   ainda   dizem   respeito   à 
realização de acções de formação ou “estágios” especialmente orientados para 
membros das equipas de outros pólos.
estas colaborações desenvolvem­se espontaneamente, sendo justo realçar o 
papel do pólo do defcul, que só por si esteve na origem da criação de diversos 
núcleos em escolas superiores de educação, que mais tarde se viriam a constituir 
igualmente   como   pólos   do   projectolvi.   o   pólo   da   fct­unl   realizou   também 
inúmeras acções sobre a telemática e de divulgação de  software  educativo. no 
entanto, enquanto alguns dos pólos se envolvem mais fortemente nestas relações, 
outros praticam uma política basicamente isolacionista.
os encontros nacionais do projecto minerva servem de mostruário para as 
actividades do projecto, permitindo aos membros das equipas dos diversos pólos 
uma melhor consciência do que se estava a fazer um pouco por todo o país. há 
uma nítida progressão de encontro para encontro, sendo o primeiro ainda muito 
marcado   pela   apresentação   de   propostas   a   realizar,   e   o   último,   já   em   1992, 
dominado   sobretudo   pela   apresentação   de   experiências   concretas   vividas   no 
terreno.
o   carácter   muito   informal   das   relações   entre   os   pólos,   característico   do 
funcionamento   em   rede,   se   por   um   lado   estimula   o   desenvolvimento   de 
perspectivas diversificadas e a transferência de know­how, por outro lado não se 
revela   muito   eficaz   quando   chega   a   altura   de   concertar   políticas   comuns 
relativamente à evolução do projecto.

política   de   aquisição   de   equipamento.   dentro   das   questões   de 


funcionamento e administração merecem particular realce as políticas relativas à 
aquisição de equipamento. dentro da perspectiva de grande autonomia, os pólos 
puderam logo de início tomar as suas decisões quanto ao equipamento a utilizar. 
na   altura   do   surgimento   do   projecto   minerva   são   muito   populares   os 
computadores sinclair spectrum/timex e diversos pólos, nomeadamente na zona 
de   lisboa,   chegaram   a   fazer   deste   equipamento   uma   utilização   significativa. 
outros   pólos,   como   o   da   guarda,   usaram   igualmente   computadores   de   8   bits 
como o amstrad cpc 464lvii.
no  entanto,   o   equipamento  que   rapidamente   se   generalizou   em   todos   os 
pólos do projecto foi o computador de 16 bits (correndo o sistema ms­dos), tendo 
sido utilizadas diversas marcas, na sua maioria originárias de países da união 
europeialviii. em diversos pólos é muito utilizado um interface gráfico para este 
computador, o sistema gemlix.
os   pólos   começam   por   adquirir   equipamentos   monocromáticos   de   duas 
drives  de 5,25”, evoluindo posteriormente para os modelos policromáticos, de 
drives  de   3,5”.   no   final   do   projecto   todas   as   aquisições   respeitam   já   a 
computadores dotados de disco rígido.
alguns pólos  adquirem computadores macintosh, com um interface gráfico, 
de   simples   aprendizagem.   a   principal   razão   da   sua   reduzida   utilização   no 
projecto prende­se sobretudo com o respectivo preço.
no período final do projecto são adquiridos equipamentos de maior poder 
computacional,   com   processadores   286   e   386,   os   últimos   dos   quais   já 
vocacionados para usar o sistema windows.
as redes nunca foram muito populares no projecto minerva. na maior parte 
relatório do projecto minerva 19
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dos   pólos   nunca   houve   muito   entusiasmo   a   seu   respeito.   dado   o  software 
existente,   alguns   pólos   vêem­nos   sobretudo   como   um   meio   de   controlo   do 
trabalho dos alunoslx. uma posição diferente é assumida pelo pólo da fct­unl, que 
chega a usar redes timex e ensaia um sistema isrealita, o toam, em ambos os 
casos numa perspectiva de ensino assistido por computador. mais tarde, o pólo 
do minho adopta sistemas de rede com a fim de rentabilizar o uso de  software 
dispendioso. também numa perspectiva de rentabilização de  software, as redes 
são usadas no projecto iva e forja.
os   equipamentos   do   projecto   são   adquiridos   por   concurso   público. 
inicialmente estes concursos são feitos pelos próprios pólos. depois, passam a ser 
feitos pelo gep/depgef, sendo o caderno de encargos preparado previamente por 
uma   equipa   de   pessoas   cientifica   e   tecnicamente   qualificada   e   procurando 
corresponder às necessidades e solicitações do projecto. a mesma equipa emite 
um   parecer   técnico,   que   procura   ter   em   conta   diversos   factores,   incluindo   a 
qualidade   e   robustez   dos   equipamentos,   e   não   apenas   o   respectivo   preço.   no 
entanto cabe aos pólos a decisão sobre o material a adquirir dentro do leque dos 
equipamentos   aprovados   (normalmente   vários   dentro   de   cada   categoria).   os 
pólos podem assim comprar equipamentos diversos, desde que justifiquem a sua 
escolha.
o   último   concurso   de   aquisição   de   equipamentos   tem   lugar   em   1992. 
considerando   que   os   pólos   não   tinham   salvaguardado   da   melhor   maneira   os 
interesses   das   escolas,   neste   concurso   o   depgef   não   lhes   deixou   já   outra 
alternativa senão adquirir o material aprovado. e a partir de 1992 não se realiza 
mais   nenhum   concurso   não   se   adquirindo  portanto   mais   equipamento  para   o 
projecto. por isso, no terceiro período, os equipamentos de qualidade que chegam 
às escolas são colocados pelo forja ou para o ensino vocacional. os professores 
que   trabalham   no   projecto   minerva   vêem   os   seus   equipamentos   ficar 
progressivamente obsoletos, sentindo­se cada vez mais como os parentes pobres 
das tecnologias de informaçãolxi.
a evolução dos processos utilizados na aquisição dos equipamentos ilustra 
de   certo   modo   a   evolução   seguida   pelo   projecto.   duma   primeira   fase   de 
experimentação e de actuação muito divergente, vai­se caminhando para uma 
actuação   progressivamente   mais   centralizada,   e   chega­se   finalmente   a   uma 
situação de paragem.
3.­pólos

o grande motor do projecto minerva é sem dúvida constítuído pelos seus 
pólos, sediados em instituições do ensino superior, e compostos por docentes 
dessas instituições e por professores de diversos graus de ensino na situação de 
destacamento. a inserção dos pólos  nas instituições  de  acolhimento foi muito 
diversificada,   realizando­se   a   diversos   níveis,   desde   as   reitorias   das 
universidades, às direcções das faculdades, departamentos, institutos politécnicos 
e escolas superiores de educação.

actividades gerais dos pólos. independentemente das suas especificidades, 
todos   os   pólos,   duma   forma   geral,   desenvolvem   um   conjunto   de   actividades 
comuns. entre estas contam­se a colocação de equipamentos e de  software  nas 
escolas, a formação e apoio aos professores que querem utilizar as tecnologias de 
informação, a realização de encontros, seminários e conferências, a produção de 
materiais   e   a   elaboração   de   publicações   e,   em   geral,   actividades   de 
desenvolvimento curricular.
a colocação de equipamentos e software nas escolas obriga os pólos a uma 
actividade   de   gestão   que,   embora   não   muito   vísivel,   ocupa   uma   parte 
considerável do tempo das respectivas equipas. esta função não é executada com 
frequência   com   a   maior   das   eficiências   dada   a   natureza   muito   informal   da 
estrutura organizativa dos pólos e a sua falta de experiência administrativa. além 
disso,   nem   sempre   foram   claramente   definidos   os   critérios   e   políticas   de 
equipamento das escolas, levando a algumas situações de sub­equipamento e de 
obsolescência do hardware em utilização.
a formação aos professores torna­se uma das actividades mais importantes 
do projecto, e que só por si seria merecedora dum relatório à parte. de acordo 
com   as   suas   prioriades   de   actuação   e   filosofias   próprias,   os   pólos   criam 
dispositivos   que   permitem   a   formação   dos   membros   das   suas   equipas,   dos 
professores coordenadores do projecto nas respectivas escolas e dos professores 
utilizadores. desenvolvem ainda uma ampla actividade de sensibilização de largas 
camadas  de professores para as potencialidades  educativas das tecnologias de 
informação. as acções de formação variam significativamente na sua duração. 
para  além  das  acções  de  duração  limitada,   com objectivos  muito  específicos, 
desenvolvem­se  igualmente   programas  prolongados  que  ocupam  todo um  ano 
lectivo.   estas   acções   de   natureza   mais   prolongada   têm   normalmente   uma 
incidência curricular ou são orientadas para o exercício de funções específicas de 
coordenação   nas   tecnologias   de   informação.   atendendo   à   importância   que   a 
relatório do projecto minerva 21
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formação assumiu no projecto minerva, voltaremos a este ponto mais adiante.
para além da formação, os pólos desenvolvem um importante trabalho de 
apoio directo aos professores que querem usar as tecnologias de informação. este 
apoio   é   prestado   quer   em   reuniões   realizadas   nos   pólos   quer   através   de 
deslocações às escolas. um trabalho mais regular é normalmente realizado com 
os   professores   das   escolas   responsáveis   pela   coordenação   das   respectivas 
actividades ou com professores de áreas disciplinares específicas. as vertentes de 
formação   e   apoio   às   escolas   viriam   a   assumir   uma   importância   de   tal   modo 
significativa nas actividades dos pólos que, muito em breve, se tornou necessária 
a criação duma nova estrutura para as desenvolver — os centros de apoio local — 
cuja actividade será analisada também mais adiantelxii.
uma vertente também importante da actividade dos pólos é a produção de 
materiais. a maioria dos pólos produz numerosos manuais de apoio à utilização 
de software e livros com descrições de experiênciaslxiii. muito comum foi também 
a   realização   de   boletins   e   folhas   informativas,   alguns   dos   quais   resultado   de 
colaboraçãolxiv. duas publicações regulares sobressairam igualmente na vida do 
projecto:   a   revista  informa  do   pólo   do   ip   do   porto   e   a   revista  informática   e  
educação, do pólo do minho.
duma   forma   geral,   todos   os   pólos   participaram   no   processo   de 
desenvolvimento curricular. um traço comum à actividade da grande maioria dos 
pólos é a utilização da linguagem logo, em especial nos 1º e 2º ciclos do ensino 
básico. o entusiasmo pela sua utilização leva à criação das semanas do logo, a 
primeira das quais tem lugar em portalegre em 1987. estas semanas, pela sua 
regularidade   e   especificidade   tornam­se   num   dos   movimentos   de   base   mais 
relevantes de todo o projecto minervalxv.
É ainda de referir a grande quantidade de realizações públicas de debate e 
de divulgação de experiências levadas a cabo pelos pólos, incluindo seminários, 
conferências, encontros, jornadas, feiras de ideias, etc. estas realizações espelham 
de forma significativa o que é a actividade dos pólos do projecto, e vêm referidas 
(com os dados que nos foi possível obter) no anexo 6.

actividades   específicas   de   diversos   pólos.  para   além   da   actividade 


comum,   desenvolvida   por   todos   os   pólos,   e   já   anteriormente   referida,   há   a 
registar aspectos mais específicos da actividade de alguns deles.
diversos pólos têm um papel extremamente marcante no desenvolvimento 
do   projecto,   constituindo   uma   importante   referência   e   apoio   em   termos   de 
perspectivas de actuação e de formação para os novos pólos que entretanto foram 
surgindo em vagas sucessivas.
assim,   o   pólo   de   coimbra,   sediado   no   departamento   de   engenharia 
electrotécnica da respectiva universidade, representa a ideia original do projecto 
e   tem   atrás   de   si   a   experiência­piloto   da   zona   centro   bem   como   uma   forte 
legitimidade   derivada   da   proximidade   da   coordenação   (na   primeira   fase   do 
projecto) e dos seus intensos contactos internacionais. este pólo dedica­se muito 
especialmente ao desenvolvimento de  software  educativo, tendo constituído um 
significativo   foco   de   formação   de   nível   avançado   (pós­graduação)   em   que 
sobressaía   a   qualidade   da   formação   proporcionada   na   vertente   informática.   a 
ênfase é colocada no ensino de metodologias de desenvolvimento de software e 
linguagens de programação como o pascal e o prolog, modelo de actuação que 
tem influência em pólos como os de viseu e de aveiro. na fase final do projecto, 
decresce o ritmo de desenvolvimento de software e a sua actividade aproxima­se 
fortemente da prática comum na maioria dos póloslxvi.
o pólo do defcul (instalado no departamento de educação da faculdade de 
ciências da universidade de lisboa) assume um papel de relevo na definição da 
abordagem educacional do projectolxvii, valorizando a importância da linguagem 
logo, promovendo a perspectiva do computador como ferramenta e a utilização 
do computador pelos alunos no âmbito de projectos interdisciplinares. em termos 
organizacionais,   estimulou   o   desenvolvimento   de   centros   de   recursos   como 
solução para a integração na escola das tecnologias de informação. no domínio 
curricular   revelou   especial   iniciativa   no   que   respeita   à   matemática,   ciências 
humanas e 1º ciclo do ensino básicolxviii. um grande dinamismo na realização de 
encontros e uma forte capacidade de produção de materiais de divulgação das 
experiências realizadas projectaram a sua influência aos mais diversos pólos do 
projecto, em especial os do gep, das ese de setúbal, lisboa, portalegre, castelo 
branco e bragança.
o pólo do minho, apesar de baseado numa unidade de informática, assumiu 
desde   o   seu   início   interesse   pelas   problemáticas   especificamente   educativas, 
privilegiando a formação de recursos humanos e o desenvolvimento de projectos 
nas   escolas.   este   pólo   assumiu   um   importante   papel   de   liderança   regional   e 
destacou­se pela relevância dada às questões da ligação com a comunidadelxix. 
estabeleceu   numerosas   ligações   com   entidades   estrangeiras   e   participou   em 
encontros   internacionais.   teve   um   papel   pioneiro   na   utilização   educativa   da 
telemática, em especial a nível do 1º ciclo (projecto peneda­gerês). no domínio 
curricular   desenvolveu   actividade   em   diversas   áreas,   sendo   especialmente 
significativa a sua acção no domínio da biologialxx.
o pólo da fct­unl (faculdade de ciências e tecnologia da universidade nova 
relatório do projecto minerva 23
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de lisboa) afirma­se já durante o segundo período do projecto como um centro 
muito activo na produção de software educacional e na divulgação da utilização 
da   telemática.   estabelece   diversos   contactos   com   entidades   educativas 
estrangeiras ligadas à produção de software, permitindo o intercâmbio de pessoas 
e materiais. no domínio curricular está particularmente em evidência no ensino 
da física, química, matemática, geografia e da língua estrangeiralxxi.
o pólo do gep sempre teve uma especificidade muito particular. os seus 
boletins baitinho e megaron, são concebidos como instrumentos de formação de 
professores. este pólo desenvolve actividades particularmente significativas no 1º 
ciclo   do   ensino   básico   e   no   ensino   da   língua   materna,   tendo   ensaiado   novas 
formas   de   distribuição   de   equipamentos   dentro   das   escolas.   na   fase   final   do 
projecto,   o   pólo   do   gep   tem   uma   responsabilidade   muito   especial   na 
experimentação de software.
É importante registar que todos estes pólos fazem parte do projecto minerva 
desde a primeira hora. também da época da fundação do projecto são os pólos de 
aveiro e do porto (que mais tarde se viria a desdobrar em dois), que assumem 
igualmente   uma   dimensão   muito   significativa,   desenvolvendo   actividades   de 
grande importância em áreas específicas, como o desenvolvimento de materiais 
multi­média.
na verdade, a diversidade entre os pólos sempre foi muito considerável. para 
além da distinção entre pólos mais antigos e mais recentes, uma outra forte linha 
de fractura separa, pela sua dimensão, os pólos de grandes centros ou de zonas 
rurais. por outro lado, as linhas de influência que presidem à criação de cada 
pólo   marcam­nos   como   especialmente   virados   para   a   formação   e   o   apoio   às 
escolas,   a   produção   de  software  e   materiais,   ou   para   a   intervenção   local   e 
regional.

algumas áreas de actividade. para além das actividades já referidas, há 
que destacar algumas outras, que por uma razão ou por outra, são igualmente 
importantes no conjunto da actividade do projecto minerva:

a) uma vertente muito importante em alguns pólos, como já referido, é o 
desenvolvimento   de  software  —   particularmente   significativo   nos   pólos   das 
universidades de coimbra e fct­unl. os estilos de trabalho e os produtos realizados 
são   muito   diversos,   sendo   o   de   coimbra   marcado   pela   sofisticação   dos 
procedimentos metodológicos e o da fct­unl especialmente saliente pela grande 
criatividade e sensibilidade para as situações educativas.
outros pólos dedicam­se também a este domínio. o pólo de Évora, entre 
outros  trabalhos,   desenvolve   o  programa  prometeu,  um  gerador  de  aplicações 
gráficas   susceptível   de   utilização   em   diversas   áreas   disciplinares:   história, 
geografia,   português,   economia,   física,   etc.lxxii.   o   pólo   de   viseu   produz   dois 
programas   premiados   em   concursos   de  software  educacionallxxiii.   o   defcul   faz 
alguns   pequenos   programas   para   a  disciplina   de   matemáticalxxiv  e   a   aplicação 
logo.geometria e o pólo de viana da castelo elabora um programa para o estudo 
da óptica. os pólos de castelo branco e santarém realizam várias aplicações em 
toolbook, excel e winlogo.
o desenvovimento de aplicações multimédia é objecto de atenção muito em 
especial pelos pólos das universidade de aveiro, do porto, do minho e do ip do 
porto, sendo de destacar a realização de um programa sobre os descobrimentos e 
outro sobre o vinho do porto.
no  que  respeita  ao  desenvolvimento de  software  e  de  aplicações,  alguns 
pólos puderam aproveitar os recursos do projecto para apoiar ou estimular linhas 
de trabalho que nuns casos serviam directamente as actividades realizadas nas 
escolas, noutros casos serviam essencialmente propósitos de desenvolvimento de 
novo conhecimento ou de novas aplicações tecnológicas.

b) a telemática vem a constituir nos anos terminais do projecto minerva 
uma   das   áreas   de   actividade   mais   activas   em   diversos   pólos.   uma   actividade 
pioneira neste domínio é desenvolvida pelo pólo da universidade do minho. no 
quadro do projecto peneda­gerês, a telemática surge como um eixo fundamental 
da ligação entre as escolas do 1º ciclo do ensino básico, em situação de grande 
isolamento entre silxxv. este pólo criou uma bbslxxvi com diversos foruns temáticos, 
orientada para o 1º ciclo, permitindo a acentuação de palavras e disponível a um 
conjunto de 28 escolas de zonas urbanas e 10 escolas da zona rural do parque 
peneda­gerês. a sua ligação ao european schools project permitu­lhe interações 
com outros parceiros relativas a projectos de áreas diversas como o turismo, usos 
e costumes, intercâmbio cultural, etclxxvii.
o pólo da fct­unllxxviii desenvolve também uma importante actividade neste 
domínio. tendo começado por realizar experiências no âmbito do videotexto, vai 
angariando parceiros a nível de outros pólos, acabando por cirar a bbs minerva, 
que   chega   a   constituir   uma   comunidade   de   mais   de   120   escolaslxxix,   mais 
direccionada   para   o   2º   e   3º   ciclo   e   ensino   secundário.   constitui­se   assim   o 
projecto   100   escolas   cem,   que   integra   seis   áreas   de   actividade   nos   quais   as 
escolas   se   inseremlxxx.   a   telemática   educativa   surge   verdadeiramente   a   nível 
nacional no ano lectivo de 1991/92, tendo­se realizado umas jornadas nacionais, 
relatório do projecto minerva 25
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em janeiro de 1993, na fct­unl.
outros   pólos   dedicam­se   também   a   esta   área.   o   pólo   da   ese   de   lisboa 
começou a trabalhar desde 1989/90 com o serviço telemático sediado na fct­unl. 
no   ano   lectivo   seguinte   desenvolve   dois   projectos:   educação   sexual   e   roteiro 
turístico. a partir de 1991/92 passa a dinamizar o projecto roteiro regional da bbs 
minerva,   mantendo   igualmente   o   acompanhamento   de   projectos   das   escolas 
ligadas ao pólo da eselxxxi. participam igualmente nesta actividade os pólos do 
defcul,   das   universidades   do   algarve   e   de   Évora,   das   ese   de   castelo   branco, 
portalegre,   setúbal   e   viana   do   castelo   e   do   ip   do   porto.   pelo   número   de 
instituições e pessoas envolvidas, a telemática, afirma­se, a par do logo, como 
um   dos   mais   importantes   domínios   de   actividade   do   projecto   minerva   nas 
escolas.   a   partir   do   projecto   100   escolas   cem   constitui­se   o   educom,   grupo 
nacional de telemática educativa, que tem por principal função a coordenação da 
bbs minerva.
apesar da qualidade nem sempre amigável dos interfaces e dos problamas 
técnicos encontradoslxxxii, o balanço do trabalho realizado é positivo, estimulando 
o trabalho de projecto e a comunicação entre alunos de diversas escolas e entre 
professores e alunos”, permitindo o desenvolvimento de projectos inter­escolas, 
enriquecendo­os ao nível da obtenção de mais informação e através da troca de 
ideias entre os respectivos promotores. uma vez que podem estar incluídas no 
mesmo   projecto   escolas   de   zonas   muito   diferentes,   essa   troca   de   ideias   vem 
enriquecida pelo confronto de perspectivas e vivências muito distintaslxxxiii.

c)   a   educação   especial   é   objecto   de   atenção   prioritária   pelo   pólo   da 


faculdade de motricidade humana da universidade técnica de lisboa (fmh­utl), 
cuja actividade se centra sobre a utilização da robótica (lego­logo e tartarugas de 
solo),   teclados   de   conceitos,   e   ajudas   técnicas   procurando   corresponder   às 
necessidades   de   crianças   com   diversos   dipos   de   deficiência   mental   média   e 
ligeira, deficiência auditiva, paralisia cerebral e dificuldades de aprendizagem e, 
muito em especial, em crianças com sindroma de down. para além das escolas 
com   que   trabalha   directamente,   este   pólo   exerce   uma   importante   acção   de 
formação   e   aconselhamento   junto   de   muitas   instituições   e   entidades   com 
intervenção   neste   domínio,   tendo   iniciado   a   constituição   de   um   centro   de 
recursos   de   tecnologias   de   informação   em   educação   especial lxxxiv.   o   pólo   da 
universidade   do   porto   trabalhou   também   com   alunos   com   deficiência   motora 
proveniente de paralisia cerebral utilizando diversos tipos de ajudas técnicas e 
estudando as possiblidades de computadores quer do tipo macintosh quer ms­
doslxxxv.

d) o desenvovimento curricular em áreas específicas assume uma natureza 
muito   desigual,   sendo   mais   significativo   na   matemática,   ciências,   línguas   e 
disciplinas   de   ciências   sociaislxxxvi.   na   área   do   ensino   da   música   são   tomadas 
várias iniciativas pelo pólo do minho, acompanhadas por outros pólos, entre os 
quais o da ese de lisboa. a chegada tardia dos equipamentos e as dificuldades no 
destacamento de professores são responsáveis pela não concretização de nenhum 
projecto   digno   de   registo   nesta   árealxxxvii.   a   robótica   constitui   uma   vertente 
significativa de trabalho em diversos pólos, nomeadamente através da utilização 
do   lego­logo   e   das   tartarugas   de   sololxxxviii.   no   domínio   do   desenvolvimento 
curricular em áreas específicas é ainda de referir o trabalho com sistemas de 
aquisição de dados pelos pólos das universidades de Évora, aveiro, minho e do 
gep.

e) alguns dos pólos desenvolvem a partir do projecto minerva, ou com o seu 
apoio, programas de pós­graduação, em especial ao nível do mestrado. É o caso 
dos pólos do minho, de aveiro, de coimbra e do defcullxxxix. no âmbito destes 
programasxc  tem   lugar   o   desenvolvimento   de   alguma   investigação,   sobretudo 
centrada   sobre   as   potencialidades   deste   ou   daquele  software  utilitário   ou 
educacional,   de   acompanhamento   de   projectos   específicos   (logo,   música, 
teclados   de   conceitos,   etc.),   de   abordagens   específicas   às   tecnologias   de 
informação ou relativas às concepções e atitudes dos professores e modelos de 
formação.   o   pólo   da   faculdade   de   psicologia   e   ciências   de   educação   da 
universidade   de   lisboa   define   a   investigação   sobre   os   aspectos   cognitivos 
decorrentes da utilização da linguagem logo no 1º ciclo do ensino básico como 
um dos seus domínios essenciais de actuaçãoxci. o pólo da universidade do porto 
colaborou   com   diversas   entidades   em   investigações   que   se   estendem   da 
modelagem cognitiva, à orientação vocacionalxcii. mas, se excluirmos estes casos, 
que de resto não têm grandes repercussões nos outros pólos, o facto é que a 
investigação   educacional   não   constitui   uma   actividade   forte   no   projecto 
minervaxciii.

f) finalmente, o projecto minerva foi, nalguns casos, um importante factor 
de desenvolvimento regional, estabelecendo múltiplas ligações com as autarquias 
e as empresas. para além do pólo do minho, destacaram­se neste domínio os 
pólos de Évora, santarém, e faroxciv. os pólos conseguem deste modo importantes 
reforços para os seus recursos materiais (equipamento, bens de consumo), ao 
relatório do projecto minerva 27
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mesmo tempo que contribuem para a divulgação da informática e proporcionam 
oportunidades de formação a pessoas exteriores ao projecto.

os centros de apoio local. os cal aparecem como uma tentativa de resposta 
dos pólos ao grande crescimento quantitativo das escolas envolvidas no projecto, 
como uma solução para dar uma resposta mais próxima e mais rápida às suas 
necessidades de formação e acompanhamentoxcv. pretende­se, além disso, uma 
maior ligação ao meio, às autarquias, às diversas instituições da comunidadexcvi. 
ao mesmo tempo permitem uma melhor gestão do recursos humanos, criando 
uma dimensão estruturadora baseada numa distribuição geográficaxcvii.
dum   modo   geral,   os   cal   passam   a   realizar   a   formação   de   iniciação 
anteriormente realizada nos pólos, não esquecendo a sensibilização a aplicações 
e software variado, promovendo actividades de animação pedagógica e apoiando 
os   projectos   desenvolvidos   pelos   professores   das   escolasxcviii.   a   concepção   de 
formação que está subjacente a esta estrutura é uma formação em que o professor 
tem um papel importante na definição dos seus projectos profissionais e das suas 
necessidades. recorre ao cal para receber apoio de natureza técnica ou para se 
aconselhar   relativamente   ao   desenvolvimento   das   actividades   que   pretende 
desenvolver. neste sentido, é uma concepção bem mais avançada do que aquela 
que reduz toda a formação à frequência de cursos mais ou menos intensivos onde 
se transmite um saber cristalizado, de tipo “escolar”xcix.
em certos casos, estes centros fazem essencialmente o que já antes faziam 
os pólos (com excepção da formação mais avançada). mas para alguns pólos, os 
cal   são   embriões   de   centros   de   recursos   para   professores,   inspirando­se   em 
organismos semelhantes existentes noutros países como espanha e inglaterrac.
uma   maior   ligação   à   comunidade   era   um   dos   objectivos   destas   novas 
estruturas.   um   caso   muito   positivo   de   colaboração   com   uma   autarquia   diz 
respeito ao pólo de beja, que conseguiu que uma câmara municipal colocasse 
durante dois anos um funcionário a tempo inteiro num calci.
os cal chegam a constituir uma estrutura organizativa de grande importância 
no projecto, tendo sido formados 90 centros em todo o país. no entanto, diversas 
dificuldades limitaram o seu desenvolvimento e funcionamento:

— o período de instalação tendeu a prolongar­se em muitos casos por 
um ano ou mais;
— o número de professores destacados foi sempre insuficiente, tendo 
havido muitos cal que ficaram só com um professor, numa situação de 
grande isolamentocii,;
— a indefinição acerca do que seria o futuro destas estruturas, em 
termos institucionais.

os cal permitiram uma descentralização efectiva tanto da gestão corrente 
como,   muito   especialmente,   das   actividades   de   formaçãociii.   permitiram   em 
alguns casos racionalizar o uso de equipamento, que sendo já desadequado para 
certas   actividades,   era   ainda   perfeitamente   utilizável   para   outras.   além   disso, 
permitiram  o  acesso  a  unidades  de  maior  potência  por  um  maior  número de 
utilizadoresciv.
os   cal   acabaram   por   não   vingar.   entretanto   surgiu   o   programa   foco, 
promovendo a constituição de associações e escolas, dotado de fortes recursos 
financeiros   e   prestígio   institucional   que   ocupou   por   completo   o   terreno   da 
formação e esvaziou estes centros de qualquer sentido.

formação. as expectativas dos professores que frequentam as actividades de 
formação   proporcionadas   pelo   projecto   variam   desde   uma   curiosidade 
essencialmente centrada no computador até ao desejo expresso de integrar este 
instrumento na sua prática pedagógicacv.
 a formação dos professores ligados directamente ao projecto nas escolas e, 
mais tarde, de todos os professores interessados nas tecnologias de informação, é 
garantida pelos pólos. ao longo dos diversos períodos do projecto o estilo e o 
âmbito  da   formação   vai­se   alterando.   no   primeiro  período,   com   um  reduzido 
número de escolas, a formação é centralizada nos pólos e complementada por um 
acompanhamento sistemáticocvi, concretizado através de idas ao terreno. com o 
aumento   do   número   de   escolas,   assiste­se   a   um   incremento   substancial   do 
número de formandos e o acompanhamento torna­se mais formal. a criação dos 
cal vem responder a uma necessidade de formação cada vez mais alargada e 
descentralizada.   finalmente,   a   formação   proporcionada   pelo   projecto   minerva 
começa a  perder o seu impacto, em  grande parte  devido ao  aparecimento de 
outras iniciativas que não só recrutam no projecto a maioria dos seus formadores 
como   oferecem   aos   formandos   os   créditos   que   lhes   permitem   progredir   na 
carreira.
na sua maioria, os pólos realizam tanto uma formação genérica de base 
como uma formação mais especializada, normalmente de índole curricular (por 
área   disciplinar).   os   pólos   têm   também,   dum   modo   geral,   preocupação   em 
realizar   formação   mais   aprofundada   para   os   professores   directamente 
responsáveis pelas actividades do projecto das escolas a eles ligados, bem como 
relatório do projecto minerva 29
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dos professores destacados que integram as suas equipas.
a   formação   e   o   apoio   aos   professores   são   complementados   com   a 
organização   de   (a)  encontros   e   trocas   de   experiências,   no   1º  ciclo   do   ensino 
básico, e nos noutros níveis, de âmbito disciplinar; (b) seminários temáticos; (c) 
grupos de trabalho com professores para exploração de um tema, linguagem, ou 
programa; (d) apoio individualizado no pólo ou no cal; e (e) apoio a projectos. 
para lá da formação propriamente dita, que ocorre em grande parte nas 
instalações dos pólos e cal, o apoio prestado pela equipa do pólo traduz­se na 
elaboração de documentos que servam de suporte teórico­prático aos formandos. 
entre as publicações de apoio é de realçar o boletim periódico que gradualmente 
se  foi instalando como  uma prática usual.  constitui, em  geral, um veículo  de 
formação e de informação, um  forum  de ideias e de relatos de experiências no 
âmbito das tecnologias de informação.
a riqueza do trabalho de formação realizado pelos pólos leva à elaboração 
de um documento de síntese intitulado as novas tecnologias de informação e a  
formação de professorescvii. nele se chama a atenção para (a) a   necessidade da 
integração   dos   aspectos   técnicos   e   pedagógicos,   (b)   a   importância   de   ter   em 
conta   as   necessidades   e   interesses   de   professores   com   diferentes   percursos   e 
expectativas, e (c) a importância da implicação pessoal dos professores no seu 
processo de formação, incentivando a criação de dispositivos favorecedores da 
auto­formação.   o   trabalho   desenvolvido   na   área   da   formação   de   professores 
permite   definir   e   aperfeiçoar   o   processo   de   formação   conferindo­lhe   uma 
natureza participada pelos professores.
no plano metodológico, a formação proporcionada pelo projecto minerva 
tende a considerar essenciais as componentes de auto­formação, de co­formação 
e de hetero­formação, o que implica interacções formandos/alunos em contextos 
educativos   e   formandos/formandos   através   da   partilha   e   discussão   de 
experiências. enquanto que alguns pólos insistem sobretudo na flexibilização e 
modulação das acçõescviii, outros sublinham sobretudo a necessidade de garantir o 
seu   carácter   prolongado,   de   modo   a   proporcionar   efectivas   oportunidades   de 
mudança educativacix.
embora   todos   os   pólos,   dum   modo   geral,   se   preocupem   em   articular   a 
vertente técnica e a vertente pedagógica, a sua importância relativa varia duns 
casos para os outros. assim, nalguns pólos a atenção é claramente colocada no 
estudo das aplicações educativas enquanto noutros e dada grande saliência aos 
aspectos   mais   especificamente   informáticos.   um   caso   paradigmático   pode   ser 
ilustrado pela linguagem logo: enquanto que para alguns é sobretudo importante 
discutir   a   natureza   das   actividades   dos   alunos   e   os   seus   processos   de 
aprendizagem, outros dão especial relevo às suas características como linguagem 
de programação.
É ainda de notar que, apesar dos formadores em tecnologias de informação 
do programa foco serem maioriatriamente recrutados nas equipas do minerva, o 
sentido geral desta formação tem uma natureza muito diferente. na verdade, nesta 
formação,   acaba   por   se   seguir   um   modelo   essencialmente   “escolar”,   que   se 
contrapõe   à  que   é  realizada  nos  pólos   e  cal,   que  surge  sobretudo  como  uma 
tentativa   de   resposta   aos   professores   tendo   em   conta   as   necessidades   da   sua 
prática.

recursos   humanos.  as   equipas   dos   pólos   integram,   pois,   docentes   do 


ensino   superior.   na   maior   parte   dos   casos,   trata­se   de   um   ou   dois   docentes, 
apenas raramente surgindo grupos mais alargados. nalguns casos a coordenação 
efectiva do pólo é mesmo assegurada por um professor destacadocx. os docentes 
do ensino superior que desenvolvem a sua actividade no projecto fazem­no dum 
modo geral em acumulação com as suas tarefas correntes de ensino, investigação, 
e, em alguns casos, administração.
nesta situação, os professores destacados no projecto têm neste um papel 
absolutamente essencialcxi. são eles que realizam a parte fundamental do trabalho 
do projecto nas vertentes de formação e desenvolvimento curricular, colaborando 
por vezes no próprio desenvolvimento de  software, quer a nível de concepção, 
quer, mais raramente, a nível de execução.
a situação dos professores destacados torna­se fortemente incómoda a partir 
do momento em que nova legislação prevê a perda do lugar de professor efectivo 
no seu estabelecimento escolar de origem e a passagem à categoria de supra­
numerário, ao fim de quatro anos de destacamento. o projecto minerva não chega 
a   estabelecer   mecanismos   para   que   a   formação   recebida   e   a   actividade 
desenvolvida   nos   pólos   pudesse   valorizar   os   currículos   profissionais   destes 
professores   no   quadro   do   novo   estatuto   da   carreira   docente   do   ensino   não 
superior. mesmo assim, a experiência no rojecto permite dum modo geral a estes 
professores   um   grande   conhecimento   das   tecnologias   de   informação   e   uma 
experiência   muito   significativa   na   formação   de   professores,   tendo   sido   para 
muitos uma via decisiva para abrir novas oportunidades de natureza profissional.

aspectos organizativos e estilo de funcionamento.  os diversos pólos do 
projecto   adoptam   uma   grande   diversidade   de   filosofias   de   organização.   em 
alguns casos o seu funcionamento está claramente hierarquizado, à imagem da 
relatório do projecto minerva 31
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actividade normal das instituições em que estão sediados. noutros casos, o seu 
funcionamento é mais informal, existindo uma grande facilidade de contactos 
entre os professores destacados e os coordenadores dos pólos. por vezes, esta 
informalidade e fácil acesso estende­se mesmo aos professores das escolas mais 
empenhados nas actividades do projecto, dando lugar a um saudável e frutuoso 
estilo de relações entre investigadores e docentes dos diversos graus de ensino.
as interacções entre os pólos e as instituições de acolhimento são também 
muito diversificadas. são fáceis sobretudo quando há uma boa relação entre o 
coordenador do pólo e os orgãos directivos da instituição. nalguns casos, porém, 
conhecem momentos difíceis que não chegam, no entanto, para pôr em causa a 
actividade do projecto,
na   maior   parte   dos   casos   a   experiência   e   o  know­how  acumulado   pelas 
equipas   dos   pólos   vão   passando   para   dentro   da   instituição.   deste   modo,   as 
tecnologias de informação vão surgindo nos currículos de formação inicial de 
professores   ocupando   um   lugar   cada   vez   mais   significativo.   as   instituições 
puderam assim utilizar amplamente os recursos do projecto minerva para a sua 
actividade   normal,   desde   a   formação   inicial   de   professores   à   leccionação   de 
disciplinas de informática para alunos dos mais diversos cursos, incluindo cursos 
de mestrado, e para as suas actividades de investigação e desenvolvimentocxii.
como contraponto ao seu grande dinamismo e iniciativa, há a referir que os 
pólos   do   projecto   minerva,   na   maior   parte   dos   casos,   revelam   reduzida 
capacidade   de   alargamento,   não   se   abrindo   a   pessoas   (mesmo   do   mundo 
universitário) que entretanto foram surgindo interessadas na área das aplicações 
educativas das tecnologias de informação.
em   síntese,   os   pólos   do   projecto  minerva   constituem   uma   estrutura  que 
revela grande capacidade de iniciativa e de mobilização, tendo dado origem a 
equipas que desenvolvem uma assinalável competência em domínios específicos 
da   utilização   educacional   das   tecnologias   de   informação.   desenvolvem   uma 
actividade   marcante   em   diversos   domínios,   incluindo   o   desenvolvimento 
curricular, a formação e apoio às escolas e o desenvolvimento de software. a sua 
acção  contribui  para  o   reforço  das   instituições   de  acolhimento  em  termos   de 
equipamentos   informáticos,   estimula   a   criação   ou   reforço   da   componente   de 
tecnologias   de   informação   nos   cursos   de   formação   inicial   de   professores,   e 
contribui para afirmar as instituições de ensino superior na sua área de influência 
regional. 
4. Escolas

o   projecto   minerva   tem   como   principais   destinatários   os   professores   e 


alunos do ensino não superior. a sua actividade nas escolas procura proporcionar­
lhes   uma   vivência   prática   das   potencialidades   educativas   das   tecnologias   de 
informação, estimulando a noção de que elas são sobretudo uma ferramenta para 
o desenvolvimento de projectos e o apoio às actividades mais diversascxiii.

integração  das  escolas   no projecto.  dum  modo geral,  a  integração  das 


escolas no projecto tem por base três elementos essenciais: (a) a constituição de 
equipas de professores, (b) a organização de espaços próprios de trabalho e (c) a 
relação   com   os   respectivos   orgãos   de   gestão.   vejamos   cada   um   deles   em 
pormenor.
para entrarem no projecto, as escolas ou são directamente contactadas ou 
têm elas próprias que estabelecer contacto com um dos pólos. estes, na sua maior 
parte, procuram que o processo seja assumido por uma equipa de professores 
interessada  na   aplicação  educativa  das   tecnologias   de   informação.   em  muitos 
casos   é   mesmo   pedido   às   escolas   que   elaborem   um   projecto   preliminar   das 
actividades que se propõem desenvolver, como suporte à sua candidaturacxiv.
o problema da organização dos espaços põe­se em termos muito diferentes 
nas escolas do 1º ciclo e nas escolas dos restantes níveis de ensino. no 1º ciclo, 
cada   turma   tem   apenas   um   professor   e   é   possível,   com   alguma   imaginação, 
encontrar  estratégias  para  a  utilização  de  um  único  computador  por todos  os 
alunoscxv. nos outros níveis de ensino, fragmentados por numerosas disciplinas, 
sujeitos ao regime de aulas de 50 minutos e sem equipamento adequado (como o 
seriam, por exemplo, sistemas de projecção do tipo  data­show) torna­se muito 
mais   complicado   tirar   partido   de   um   único   computador   na   sala   de   aulacxvi.   a 
maioria dos pólos opta  assim pela organização de espaços alternativos  — os 
centros escolares minerva (cem)cxvii — dedicados ao trabalho com as tecnologias 
de informação.
É necessário garantir condições mínimas de funcionamento às equipas que 
se constituem nos estabelecimentos de ensino. e, por outro lado, é intenção do 
projecto minerva contribuir para a dinamização geral da escola. estes objectivos 
só podem ser alcançados com o apoio e empenhamento dos respectivos órgãos 
de   gestão,   que   são   chamados   a   subscrever   solidariamente   a   respectiva 
candidatura.   assim,   no   momento   da   sua   entrada   para   o   projecto,   as   escolas 
garantem: (a) instalações e condições de segurança para o material com que vão 
ser equipadas, (b) a elaboração de um projecto de utilização das tecnologias de 
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informação   nas   actividades   escolares,   e   (c)   condições   de   trabalho   para   os 
professores responsáveis pela animação do projecto dentro da escolacxviii.
nas   escolas   do   2º   e   3º   ciclos   do   ensino   básico   e   do   ensino   secundário, 
organizadas num regime de disciplinas, é concedida uma transferência de horário 
lectivo (que se veio a fixar em vinte horas por escola — em geral, cerca de 4 a 5 
horas por professor) para planear e desenvolver actividades, discutir os resultados 
das mesmas e apoiar outros colegas. estas horas correspondem a serviço prestado 
nos cemcxix. no 1º ciclo, dado o respectivo regime de monodocência, não pode 
existir essa transferência de horário lectivo. este facto determinou um acréscimo 
significativo   de   trabalho  para   os   professores   envolvidos,   uma   vez   que   toda   a 
actividade de planificação, diálogo, discussão e formação ocorre em horário pós­
lectivo. 
o  projecto   minerva   fixa   como   meta   cobrir,   até   finais   de   1993,   todas   as 
escolas do ensino secundário e do 2º e 3º ciclos e 28% das escolas do 1º ciclo do 
ensino básico. na verdade, no fim do projecto consegue­se uma cobertura de 
xx% das escolas do ensino secundário, yy% das c+c, zz% das do 2º ciclo e ww% 
das   do   1º   ciclocxx.  em   certos   distritos,   como   é   o   caso   de   beja   e   da   guarda, 
consegue­se   uma   taxa   de   cobertura   de   100%   nas   escolas   de   2º   ciclo,   c+s,   e 
secundáriascxxi.

apetrechamento.  as   escolas   são   apetrechadas   pelos   pólos   de   que 


dependem. a autonomia de funcionamento que caracterizou o projecto minerva, 
desde o seu início, permite a cada pólo ter a sua política própria nesta matéria. 
deste modo, os pólos gerem os recursos financeiros de que dispõem através da 
dotação anual que recebem do gep/depgef e de outras verbas conseguidas pela 
sua dinâmica de funcionamento, apostando numa política de menor expansão e 
melhor equipamento ou de maior expansão e pior equipamento. esta situação 
leva a que muito em breve se encontre nas escolas uma grande diversidade de 
tipos   de   máquinas   e   de   marcas,   algumas   das   quais   não   encontram   a   devida 
assistência quando as avarias começam a surgircxxii.
o  equipamento informático   que  os  pólos  instalam  nas  escolas  é  nalguns 
casos   o   ponto   de   partida   para   que   elas   decidam   investir   no   reforço   do 
equipamento,   adquirindo   computadores   mais   potentes   e   periféricos   como   o 
digitalizador   de   imagenscxxiii.   mas   este   reforço   só   se   verifica   num   número 
reduzido de escolas muito empenhadas e bem situadas, sendo conseguido graças 
(a) ao apoio das entidades administrativas, industriais ou comerciais da zona, (b) 
a   prémios   pecuniários   atribuídos   a   projectos   de   inovação   apresentados   a 
concursos promovidos pelo gep/depgef ou pelo iie, e (c) à sua própria iniciativa.
pelos   padrões   de   1994,   o   parque   informático   adquirido   pelo   projecto 
minerva   pode   considerar­se   genericamente   desactualizado.   o   número   de 
computadores   por  escola,   nos   estabelecimentos   de   2º  ciclo,   c+s   e   secundário 
varia   geralmente   entre   quatro   e   oito,   embora   em   diversos   pólos   haja   escolas 
apenas   com   um,   dois   ou   três   computadorescxxiv.   os   periféricos   e   o   tipo   de 
software  de que dispõem são também muito variáveis. em geral, encontram­se 
mais   bem   equipadas   as   escolas   secundárias   que   recebem   equipamento   por 
diversas vias e mais mal equipadas as do 1º ciclo do ensino básico. este facto 
pode atribuir­se principalmente ao abandono progressivo que este nível de ensino 
vai sofrendo, à medida que o investimento financeiro se canalisa prioritariamente 
para o ensino secundário.

actividades.  atendendo   à   natureza   muito   diferenciada   das   respectivas 


experiências, temos que falar separadamente do 1º ciclo do ensino básico e dos 
restantes níveis de ensino.
no 1º ciclo, os alunos têm um único professor e trabalham na mesma sala de 
aula ao longo de todo o dia escolar. o seu tempo é gerido com total flexibilidade. 
o computador pode ser usado como ferramenta de trabalho normal, ao lado do 
livro ou do quadro preto. a sua utilização faz­se sentir em praticamente todas as 
áreas   disciplinares,   com   destaque   para   a   língua   portuguesa,   as   expressões,   a 
matemática   e   o   estudo   do   meio   físico   e   socialcxxv.   É,   no   entanto,   no 
desenvolvimento   de   projectos   que   o   computador   desempenha   o   seu   principal 
papel,   criando   grande   motivação   nos   alunos,   em   especial   pela   qualidade   de 
apresentação final dos seus trabalhoscxxvi. muitas vezes, as actividades decorrem 
do projecto de escola e têm um carácter envolvente, procurando perspectivar a 
articulação de conhecimentos programáticos com projectos temáticos.
os professores estimulam com frequência o trabalho de colaboração entre 
pares de alunos no que respeita à utilização do computador. a transmissão do 
know­how no seio da turma e a ajuda na resolução das dificuldades dá­se muitas 
vezes de modo informal, através duma rede de interacções em que o professor 
apenas precisa de assumir um discreto papel de observador atentocxxvii. dum modo 
geral, os alunos aprendem com extrema facilidade os rudimentos necessários à 
execução   dos   programas.   não   é   raro   ver   os   papeis   de   professor   e   aluno   a 
inverterem­se quando se trata de usar o computadorcxxviii.
algumas   escolas   onde   o   computador   é   introduzido   logo   no   início   do 
projecto, as professoras já incluiam na sua prática pedagógica uma diferenciação 
dos espaços de trabalho. o computador veio constituir assim mais um centro de 
relatório do projecto minerva 35
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interesse, com um grande poder de atracção e uma grande versatilidade, dando 
origem aos mais diversos projectoscxxix. este modelo viria a ter grande divulgação, 
constituindo a forma mais comum de utilização do computador neste nível de 
ensino.
diversos póloscxxx experimentam a partir de certa altura outra alternativa de 
inserção do computador nas escolas deste nível de ensino, criando um espaço 
fora da sala de aula, de utilização comum para os alunos de várias turmas, com 
características   que   se   aproximam   de   centros   de   recursos.   o   balanço   destas 
experiências, no seu conjunto, é muito positivocxxxi.
em   resumo,   a   utilização   das   tecnologias   de   informação   no   1º   ciclo   do 
ensino básico foi um factor que desencadeou diversas mudanças, nomeadamente:

—estimulou   uma   maior   colaboração   entre   professores   da   mesma 


escola e de escolas da mesma zona;
—trouxe a muitos professores novas ideias relativamente à natureza do 
processo   de   aprendizagem,   à   organização   da   sala   de   aula,   às 
actividades   a   propor   aos   alunos,   e   até   acerca   de   si   próprios,   como 
profissionais em formação permanente;
—ajudou a melhorar a auto­estima dos professores, ao verem o seu 
trabalho reconhecido como de valor igual (e muitas vezes superior) ao 
do dos professores dos outros níveis de ensino.

no entanto, não deve ser ignorado que o uso do computador no 1º ciclo, 
deparou  com   diversas   dificuldades   e  obstáculos.   em   primeiro  lugar  temos   de 
referir a enorme instabilidade nas colocações dos professores, especialmente os 
mais   jovens.   em   segundo   lugar,   surge,   naturalmente,   a   escassez   e   crescente 
desactualização dos equipamentoscxxxii.
nas escolas dos 2º e 3º ciclos do ensino básico e no ensino secundário, em 
que os alunos têm uma multiplicidade de professores, deslocando­se em geral de 
sala para sala, com o tempo escolar espartilhado em períodos de 50 minutos, os 
cem constituem a forma base de organização do projecto minerva. estes centros 
retomam a tradição dos clubes de tempos livres do 2º ciclo, constituindo espaços 
onde pequenos grupos de alunos — normalmente voluntários — num ambiente 
mais informal do que a sala de aula, desenvolvem jogos e outras actividades sob 
orientação   de   um   ou   dois   professores.   alguns   destes   centros,   sendo 
razoavelmente espaçosos e possuindo um número suficiente de equipamentos, 
servem   igualmente   de   local   de   realização   de   aulas   onde   se   faz   utilização   do 
computador.
as transferências de horário lectivo derem origem a que muitos professores 
assumissem com grande espírito de dedicação e responsabilidade as suas funções 
no projecto. acreditanto fortemente no valor educacional das actividades em que 
estavam empenhados, os professores tinham uma redução de 4 ou 5 horas mas 
despendiam muitas vezes nelas um tempo semanal muito superiorcxxxiii.
os cem não tiveram o mesmo êxito nos diversos níveis de ensino. no 2º 
ciclo, dado o nível etário dos alunos, há em alguns casos em que estes ficam 
sempre muito dependentes dos professores. já no 3º ciclo e no secundário, os 
alunos têm autonomia suficiente para não necessitarem de muito apoio e estes 
centros tendem a constituir animados espaços de trabalho. no funcionamento dos 
cem,   colaboram   muitas   vezes   alunos   mais   velhos,   proporcionando   um 
alargamento do respectivo horário de aberturacxxxiv.
o  software  mais utilizado nos cem inclui uma gama bastante variada de 
programas   de   natureza   comercial   (processadores   de   texto,   folhas   de   cálculo, 
bases   de   dados,   programas   de   desenho,   programas   de   edição   electrónica)   e 
programas educacionais específicos que entretanto vão surgindo para as diversas 
áreas   disciplinares.   muitos   pólos   fazem   propostas   de   trabalho  para   orientar   a 
actividade destes centros, mas as escolas concebem e dão igualmente corpo a 
projectos autónomos. entre as actividades realizadas sobressai a realização do 
jornal escolar, que em alguns casos atinge uma grande qualidade, tanto sob o 
ponto de vista técnico como conceptual. uma actividade também muito comum é 
o estudo do meio onde a escola se insere, com projectos sobre o ambiente, o 
património, as tradições culturais e movimentos demográficoscxxxv. outro projecto 
muito frequente é o da informatização da biblioteca. na parte final do projecto 
começaram a generalizar­se actividades no âmbito da área­escolacxxxvi.
nos cem, os alunos realizam assim projectos da sua iniciativa ou propostos 
pelos   seus   professores.   são   também   o   lugar   onde   os   alunos   realizam   as 
actividades   como   cartazes,   folhetos,   inquéritos,   textos,   gráficos   e   análise   de 
dados   recolhidos,   muitas   vezes   para   apresentar   nas   suas   aulas.   estes   espaços 
constituem em muitos casos bases do desenvolvimento duma sub­cultura escolar 
de alunos e professores que dominam as tecnologias de informação. a evolução 
dos cem chega a ser perspectivada por alguns pólos em termos de centros de 
recursos escolares: locais dentro da escola onde professores e alunos poderiam 
usar   recursos   educativos   de   diversos   tipos   (informático,   telemático,   audio­
visual),   consultar,   produzir   e   reproduzir   documentos,   obter   apoio   para   a 
realização dos seus projectos. alguns centros desta natureza começam mesmo a 
ganhar forma em diversas escolascxxxvii.
relatório do projecto minerva 37
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diversos pólos preocupam­se com a realização de experiências em sala de 
aula.  na maior parte dos casos estas experiências são feitas levando uma turma, 
ou parte duma turma, para dentro do cemcxxxviii. uma tentativa de sistematizar a 
experiência neste domínio é feita pelo pólo do defcul, com a realização, em 1989, 
do encontro sobre a utilização do computador na sala de aulacxxxix. mas, mesmo 
no   fim   do   projecto,   diversos   pólos   consideram   ter   sido   globalmente   pouco 
significativa   a   utilização   do   computador   em   sala   de   aula   nestes   níveis   de 
ensinocxl.
entre   as   maiores   dificuldades   no   funcionamento   nas   escolas   do   2º   e   3º 
ciclos e do ensino secundário sobressai a renovação todos os anos do respectivo 
corpo docente, nomeadamente nas zonas mais do interiorcxli. a concorrência da 
área   de   informática   e  de   outros   projectos,   como   por   exemplo  o   projecto  iva, 
contribui, nalguns casos, para um certo esvaziamento do cem, resultando numa 
dispersão do corpo docente e, por vezes, numa menor rentabilização dos recursos 
humanos  e materiais. outros  factores que  constituem obstáculos a uma  maior 
difusão   e   utilização   das   tecnologias   de   informação   nas   escolas   são   a 
incompatibilidade de horários entre os professores, o regime de desdobramento, 
a sobrecarga horária dos alunos, o número e tipo dos equipamentos e a falta de 
espaçocxlii.   no   início   do   projecto   as   características   do   equipamentocxliii  e   do 
software levantaram igualmente problemas a muitos professores.
nestes   níveis   de   ensino,   os   cem   constituiram   importantes   espaços   de 
dinamização   pedagógica   das   escolas.   no   entanto,   pode­se   afirmar   que   no 
domínio   da   integração   curricular   das   tecnologias   de   informação   se   ficou 
sobretudo pelas tentativas de exploração. maiores avanços estariam dependentes 
da realização de experiências mais bem planeadas e mais bem avaliadas do que 
as realizadas pela maioria das escolas integradas no projecto.
5.­balanço de um projecto inovador

a realização de um projecto visa a consecução de objectivos concretos. mas 
um projecto pode ser analisado não só pelo modo como concretiza, ou não, os 
objectivos propostos, mas também pelos processos que desencadeia, pelas novas 
questões que suscita e pelas lições que permite tirar para o desenvolvimento de 
projectos futuros. neste ponto são caracterizados os aspectos mais essenciais da 
vida   do   projecto   minerva,   com   especial   ênfase   nos   seus   traços   inovadores, 
procuram­se   sistematizar   diversos   resultados   da   sua   actividade   bem   como   os 
principais aspectos deixados em aberto.
o   projecto   caracterizou­se   pela   descentralização,   dispondo   cada   um   dos 
seus níveis duma significativa margem de autonomia. a adesão das escolas foi 
voluntária e largamente da sua iniciativa. não pode por isso ser caracterizado pela 
simples lógica de um projecto dirigido de cima para baixo, como o tendem a 
fazer   certas   análises   baseadas   na   literatura   da   inovação   educacionalcxliv.   pelo 
contrário,   ele   representa   uma   lógica   híbrida,   com   cruzamentos   de   dinâmicas 
verticais (tanto de cima para baixo como de baixo para cima) e horizontais (inter­
escolas   e   inter­pólos).   na   verdade,   retomando   uma   análise   feita   durante   o   iii 
congresso do projecto minervacxlv, podemos afirmar que houve não um mas sim 
três projectos distintos, nomeadamente o projecto do ministério da educação, o 
projecto dos pólos e o projecto das escolas.

o projecto do ministério. a este nível, tratou­se inicialmente dum projecto 
mais autorizado do que concebido pelas autoridades educativas. no meio da vaga 
modernizadora dos anos 80, o minerva constituiu uma componente relevante da 
política do sector educativo, deu um impulso à divulgação da informática junto 
duma parte significativa da população, ajudou a criar uma atmosfera favorável à 
reforma educativa, e representou um instrumento de cooperação internacional 
(em   especial   com   outros   países   europeus   e   com   alguns   países   de   expressão 
portuguesacxlvi). em última análise, foi um projecto que se enquadrou no grande 
objectivo nacional de melhorar a qualidade do sistema educativo — como se 
sabe, extremamente carente. daí o facto de não ter sido difícil encontrar pessoas 
dispostas a participar nos seus diversos níveis; daí a disponibilidade do poder 
político para lhe dar cobertura e meios financeiros e também o seu interesse em o 
controlar fortemente logo que ele assumiu um certo nível de desenvolvimento. 
como projecto de âmbito nacional, o minerva sempre teve uma actuação 
muito discreta. a sua projecção nos grandes meios de comunicação social foi 
muito   limitada;   o   planeamento,   a   discussão   de   estratégias,   e   a   coordenação 
relatório do projecto minerva 39
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efectiva   nunca   foram   os   seus   aspectos   fortes;   a   interligação   com   os   outros 
sectores do ministério da educação nunca foi plenamente conseguida. tudo isto 
teve   o   seu   lado   negativo,   mas   proporcionou   uma   importante   contrapartida 
positiva: deixou um importante espaço de liberdade aos pólos e às escolas.

o projecto dos pólos. neste segundo nível, no essencial, tratou­se de um 
projecto   de   instituições   de   ensino   superior   cujos   traços   marcantes   foram   o 
predomínio   das   lógicas   da   formação,   das   lógicas   da   investigação   e 
desenvolvimento, ou das lógicas de afirmação regional. era um projecto muito 
heterogéneo, dadas as grandes diferenças entre os vários pólos (pela natureza das 
instituições de acolhimento, pelo perfil, experiência anterior e envolvimento dos 
respectivos coordenadores). 
nestas instituições, o projecto permitiu a constituição de fortes núcleos de 
competência   em   matéria   de   tecnologias   de   informação,   com   capacidade   de 
formação   e   o   reforço   das   respectivas   infra­estruturas.   possibilitou   em   muitos 
casos o desencadeamento de actividades de investigação e de desenvolvimento 
curricular (produção de  software  e materiais de apoio), levou à formulação de 
concepções   e   estratégias   de   formação,   estimulou   o   aparecimento   de   outros 
projectos   mais   específicos   e   ajudou   ao   estabelecimento   de   interligações   e   de 
actividades  de   cooperação  das   mais  variadas.   o  seus   principais   pontos  fracos 
foram a deficiente integração, em certos casos, nas respectivas instituições e a 
dificuldade em absorver os novos elementos que foram surgindo interessados na 
problemática do uso educacional das tecnologias de informaçãocxlvii.

o projecto das escolas. neste nível, tratou­se duma realidade ainda mais 
heterogénea do que a anterior. o projecto, em cada escola, foi muito o que a 
respectiva   equipa   de   professores   coordenadores,   em   articulação   com   os 
respectivos órgãos de gestão, foi capaz de fazer com os meios e oportunidades ao 
seu alcance. 
em   muitas   escolas   o   projecto   minerva   constituiu   uma   referência 
fundamental   em   termos   de   acção   e   reflexão   pedagógica,   promovendo   a 
constituição   de   equipas   de   professores   cooperando   em   actividades   comuns. 
suscitou   o   gosto   pelo   investimento   no   espaço   profissional,   contribuiu   para   a 
dinamização geral da escola, proporcionou novas vivências e novas situações de 
aprendizagem aos alunos (em certos casos extremamente significativas), ajudou a 
criar   relações   inter­escolas   e   instituiu   mecanismos   efectivos   de   troca   de 
experiências entre professores. 
noutros   casos   ficou,   sem   dúvida,   aquém   ou   mesmo   muito   aquém   das 
expectativas, quer porque a respectiva equipa de professores não se soube abrir 
em   relação   ao   resto   da   escola   e   integrar   as   actividades   do   projecto   na   sua 
dinâmica,   quer   porque   não   foi   capaz   de   envolver   os   alunos,   quer   ainda   por 
problemas   de   ordem   logística   (falta   de   salas,   de   equipamentos,   de   outros 
recursos) ou organizativa (deficiente relação com o pólo ou com os órgãos da 
escola)cxlviii.

a energia e a atmosfera do projecto. a actividade do projecto minerva 
ficou marcada por dois aspectos relativamente pouco comuns em projectos desta 
natureza.   em   primeiro   lugar,   uma   grande  criatividade   das   suas   instâncias  
executivas,  tanto os pólos como as escolas. em projectos educativos de grande 
dimensão a criatividade normalmente é grande nas instâncias de direcção mas 
reduzida na actividade no terreno. não foi o que se passou com o minerva. esta 
criatividade, que se afirmou com grande força logo na primeira fase do projecto, 
foi, no nosso entender, fruto muito especialmente:

— da fórmula organizativa adoptada, apostando na descentralização e 
na autonomia dos pólos;
—   da   grande   diversidade   de   origens   académicas,   motivações   e 
perspectivas   dos   seus   responsáveis,   onde   se   incluiam   informáticos, 
cientistas e formadores de professores;
— do facto do ministério da educação não ter tido no início um papel 
de   relevo,   limitando­se   basicamente   a   acompanhar   a   avalizar   o 
desenvolvimento do projectocxlix;
— da forma pertinente como o projecto soube, através do seu discurso 
e das suas propostas concretas, corresponder às aspirações latentes de 
muitos sectores de professores e alunos.

em   segundo   lugar,   devemos   referir   uma  relação   extremamente   fecunda  


entre investigadores e docentes do ensino superior e professores do ensino não­
superior,   consubstanciada   pela   capacidade   de   dialogar   e   de   colaborar   na 
realização de actividades conjuntas. esta relação, que se distingue fortemente da 
tradicional relação de distância e de desconfiança entre profissionais destes dois 
níveis   de   ensino,   resultou   sobretudo   da   marca   impressa   ao   projecto   pelas 
participantes   ligados   à   formação   de   professores   que   souberam   trazer   para   o 
trabalho   com   as   tecnologias   de   informação   a   experiência   de   importantes 
movimentos educativos como a profissionalização em exercício e as actividades 
relatório do projecto minerva 41
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dos clubes do ex­ciclo preparatório. também importante foi a interacção num 
mesmo projecto de professores de diferentes disciplinas, de diferentes níveis de 
ensino (1º, 2º e 3º ciclos, secundário, ensino especial), com diferentes tipos de 
formação e experiências profissionaiscl, 
estes   dois   aspectos   proporcionaram   no   essencial   a   energia   de   que   se 
alimentou o projecto. no entanto, este não viveu sempre ao mesmo ritmo nem na 
mesma   atmosfera.   na   primeira   fase   havia   todo   um   mundo   a   descobrir,   e   o 
entusiasmo foi transbordante. tudo parecia possível. os pólos tinham iniciativa 
“para dar e vender” e as escolas eram extremamente receptivas. apesar de todas 
as ingenuidades, esta fase cumpriu muito bem o seu papel de exploração das 
tecnologias de informação e de formação de equipas nos pólos.
a partir do fim da primeira fase os problemas começaram a acumular­se. as 
questões colocadas pelo ritmo da expansão do projecto e a afectação de recursos 
revelavam sérias indecisões na política seguir. as dificuldades no diálogo entre os 
vários níveis do projecto (nomeadamente entre a coordenação e os pólos, e entre 
alguns pólos e as escolas) foram­se acentuando. o projecto cresceu em dimensão 
mas não encontrou as fórmulas organizativas adequadas ao seu desenvolvimento.
a partir desta altura o minerva deixou de ser um projecto único para passar a 
ser   um   “agregado”   de   projectos.   se   na   primeira   fase   era   normal   que   se 
experimentassem as vias mais diversas, na segunda já parece estranho que alguns 
persistam   em   adoptar   prioridades   muito   divergentes.   e,   por   outro   lado,   a 
criatividade   começou   a   ceder   terreno   à   “normalidade”.   os   pólos   procuravam 
adaptar­se às novas condições, aprendendo a jogar com as regras do jogo que 
lhes eram impostas.
  a partir de determinado momento, o gep/depgef começou a experimentar 
vias   alternativas,   numa   lógica   acentuadamente   dirigista,   nalguns   casos   com 
intervenção do mundo empresarial (concursos do prodep, projectos iva e forja). 
as  ambições  continuavam  a  ser  fortes,  mas  na  prática  o  projecto  pouco  mais 
estava   a   ser   do   que   um   meio   de   distribuir   equipamentos   e  software,   fazer 
formação e, muito secundariamente, apoiar algumas equipas de investigação.
o   ministério   da   educação   nunca   procurou   clarificar   a   sua   posição 
relativamente   a   grandes   opções   sobre   o   papel   concreto   das   tecnologias   de 
informação nos planos curriculares e na vida das escolas, que deveriam ter sido 
assumidas   a   um   nível   de   grande   responsabilidade   política.   pode­se   dizer   que 
tendo posto  o processo  em movimento, o  ministério foi tendo  cada vez  mais 
dificuldade em o compreender. por um lado, procurou ensaiar vias alternativas 
para o fazer entrar em trilhos mais familiares; por outro, resolveu aguardar, para 
ver. e deste modo, acabou por não fazer o principal, que teria sido procurar em 
tempo oportuno ouvir todos aqueles que estavam no terreno acerca das questões 
mais decisivas: que objectivos para a utilização das tecnologias de informação? 
que   modelo   para   a   sua   inserção   na   escola?   que   dinâmicas   é   necessário 
incentivar?
esta evolução corresponde naturalmente a dois momentos no espírito dos 
participantes.   num   primeiro   momento,   reinava   o   optimismo   e   a   satisfação. 
acreditava­se que este era um projecto desafiante, em que valia a pena trabalhar 
pelas suas grandes potencialidades transformadoras em relação à escola. num 
segundo momento foi­se instalando uma certa confusão que não raro deu origem 
ao desânimo e mesmo à amargura. alguns dos participantes partiram para outros 
projectos ou reconverteram os seus interesse para novos terrenos de actuação. 
outros ficaram, na sua maioria com uma posição fortemente crítica em relação ao 
funcionamento do projecto na sua fase terminal.

resultados do projecto minerva.  nos seus objectivos iniciais, o projecto 
minerva   visava   simplesmente   a   introdução   das   tecnologias   da   informação   no 
sistema de ensino não superior. trata­se duma formulação vaga e ambígua, que se 
torna um pouco mais transparente quando se nota a presença de termos como 
“racionalização”   e   “actualização”   e   a   caracterização   da   “informática   como 
disciplina   científica”   que   “proporciona   agora   soluções   metodológicas   que 
permitem abordar com rigor a solução duma grande variedade de problemas”cli. 
quando   nasceu,   o   projecto   minerva   tinha   como   principal   pressuposto   que   a 
aplicação da informática, através das suas metodologias e instrumentos próprios, 
constituiria o eixo essencial da sua actividade.
na realidade, o projecto acabou por evoluir numa direcção muito diferente, 
aceitando integrar contributos académicos muito diferenciados. não descurando a 
actuação prática imediata — pelo contrário, sempre se caracterizou por um forte 
dinamismo no terreno —, procurou igualmente interrogar­se sobre o modo como 
a   escola   poderia   mudar   com   a   introdução   destas   tecnologias.   desta   forma, 
questionou a própria escola ao nível dos seus objectivos, da sua organização, e 
dos seus métodos de trabalho. 
assim, procurando equacionar a introdução das tecnologias de informação 
no   quadro   de   objectivos   mais   amplos,   o   projecto   minerva   proporcionou   a 
afirmação   de   conceitos   educativos   importantes   como   a   noção   de   utilização 
crítica da informação, o trabalho de projecto, a colaboração interdisciplinar, a 
integração das tecnologias de informação nas disciplinas existentes e o papel dos 
centros de recursos nas organizações escolares. estes conceitos solidificaram­se 
relatório do projecto minerva 43
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através   das   abordagens   gerais,   concepções,   vivências,   práticas   e   soluções 
concretas vividas pelos diversos pólos. valerá a pena destacar entre os aspectos 
que tiveram maior repercussão, os seguintes:

—   encarar   o   computador   como   sendo   não   apenas   uma   moda 


educacional,   mas   um   amplo   fenómeno   cultural,   com   raízes   na 
sociedade moderna;
—   assumir   uma   postura   optimista   em   relação   à   tecnologia   e 
estabelecer contactos entre a cultura técnica e a cultura humanista — 
negando o valor das soluções puramente “técnicas” e ultrapassando os 
espantalhos   da   inevitável   desumanização   e   agravamento   das 
desigualdades   sociais   como   consequência   do   uso   das   novas 
tecnologias;
— assumir as tecnologias de informação num sentido transformador e 
não meramente de actualização e reforço do actual sistema;
—   operacionalizar   a   formulação   de   novos   objectivos   educacionais 
como (a) a capacidade de obter, lidar e tirar partido da informação 
existente;   (b)   a   capacidade   de   identificar,   formular,   e   construir 
soluções   para   uma   variedade   de   problemas;   (c)   a   criação   duma 
mentalidade   de   aprendizagem   permanente   (nos   alunos   e   nos 
professores);
— criar novos espaços dentro da escola, novas formas de organização 
e   desenvolver   um   estilo   de   relações   entre   alunos   e   professores   de 
aprendizagem cooperativa;
—   encontrar   soluções   concretas,   dentro   dos   condicionalismos   de 
recursos   existentes,   nomeadamente   a   proposta   da   utilização   do 
computador como ferramenta;
— propor que o computador não ficasse meramente associado a uma 
disciplina de informática ou de tecnologias da informação, mas que se 
tornasse relevante para todo o leque de disciplinas curricularesclii;
— integrar neste processo todos os níveis de ensino, não se limitando 
portanto à fase terminal do ensino secundário;
— criar oportunidades de projecto dentro das escolas, estimulando a 
constituição de equipas de professores.

na   prática,   os   referenciais   teóricos   dominantes   do   projecto   minerva 


passaram   a   situar­se   mais   no   terreno   da   educação   do   que   no   terreno   da 
informática, com especial incidência nas questões da formação de professores e 
do desenvolvimento curricular.
dos   seus   objectivos   iniciais,   o   projecto   desvinculou­se   parcialmente   do 
primeiro, relativo ao ensino das tecnologias de informação, que não foi assumido 
como   importante.   o   segundo   e   o   terceiro   objectivos,   relativos   ao   uso   das 
tecnologias  de  informação  como  meios  auxiliares  de  ensino  e  à  formação  de 
professores, estiveram presentes ao longo de toda a sua actividade. embora se 
tenham   dado   passos   muito   significativos,   nem   um   nem   outro   foram 
completamente atingidos. num caso porque no momento da elaboração dos novos 
currículos   não   houve   orientação   das   instâncias   superiores   do   ministério   da 
educação   para   que   as   equipas   responsáveis   incorporassem   de   forma   mais 
significativa as tecnologias de informação; no outro, pela sobreposição de outro 
programa nacional, o foco, com uma filosofia e forma de actuação prática muito 
distinta.
a   disciplina   de   introdução   às   tecnologias   de   informação   que   faz   parte 
actualmente   dos   planos   de   estudo   do   ensino   secundário,   como   disciplina   de 
opção, absorveu muitos dos professores que trabalharam no minerva nas escolas. 
está essencialmente vocacionada para a aprendizagem de uma grande variedade 
de programas utilitários, numa lógica de encarar o computador como ferramenta 
ao serviço dos mais diversos projectos. pode­se dizer que nesta disciplina, que se 
tem revelado muito popular entre os alunos, ficou algo da herança do projecto.
em termos globais, o projecto minerva representou fundamentalmente um 
arranque   do   processo   de   transformação   da   escola   tendo   em   conta   a   nova 
realidade cultural que são as tecnologias de informação. apesar do seu carácter 
aparentemente   caótico   permitiu   o   desenvolvimento   de   múltiplas   dinâmicas, 
suscitou   novas   ideias,   estimulou   iniciativas,   proporcionou   o   aparecimento   e 
crescimento de numerosas equipas. a nível mais específico, entre os resultados 
mais essenciais da sua actividade será de referir que o projecto:

— permitiu a divulgação das tecnologias de informação nas escolas, 
apresentando uma visão desmistificada e acessível, como ferramentas 
de trabalho;
— estimulou a criação de equipas de professores e a afirmação duma 
cultura de projectos nas escolas;
— proporcionou o crescimento profissional dos professores que com 
ele   mais   estreitamente   colaboraram   (professores   destacados   e 
coordenadores de escolas);
—  encorajou  o   desenvolvimento   de   práticas   de   projecto   dentro  das 
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escolas, contribuindo fortemente para o estabelecimento duma nova 
cultura   pedagógica,   baseda   numa   relação   professor/aluno   mais 
próxima e colaborativacliii;
— contribuiu para que os cursos de formação inicial de professores 
passassem   a   ter   uma   significativa   componente   de   tecnologias   de 
informação;
— estabeleceu novas relações entre instituições de ensino superior e 
escolas e entre escolas de diferentes pontos do país;
—   estimulou   a   cooperação   internacional   com   diversos   países 
europeus, africanos e da américa do sul, bem como a participação de 
portugal na european pool of educational software.

o   projecto   deu   origem   a   diversas   associações   de   cunho   disciplinar, 


interessadas na utilização educativa das tecnologias de informaçãocliv. por outro 
lado estimulou a criação de grupos de trabalho e a promoção de outras iniciativas 
dentro de organizações profissionais de professores já existentesclv.
uma crítica feita ao projecto minerva é que estaria ao serviço duma política 
dum “novo vocacionalismo”, tendo por objectivo a actualização da mão­de­obra 
portuguesa para servir os interesses da actual fase do capitalismoclvi. outra é que 
se   tratava   duma   actividade   pura   e   simplesmente   inserida   “na   esfera   do 
consumo”clvii. trata­se de opiniões difíceis de sustentarclviii. o minerva sempre se 
assumiu   como   um   projecto   crítico   e   multifacetado   mas   com   um   cunho 
essencialmente educativo, norteado por preocupações de índole formativa. tendo 
múltiplas lógicas e níveis de actuação, ele não se enquadra numa política única e 
bem definida, mas corresponde às perspectivas, interesses e projectos políticos, 
educativos e profissionais dos seus diversos intervenientes. 

aspectos   deixados   em   aberto   pelo   projecto.   tão   errado   como   ignorar 


completamente a experiência e os resultados do projecto minerva seria fazer uma 
leitura demasiado triunfalista das suas realizações. muito ficou por conseguir. 
podemos referir nomeadamente: 

— não se atingiu a estabilização de um modelo para os centros de 
informática nas escolas, tipificando­se a sua actividade, especificando­
se   os   recursos   necessários   e   o   pessoal   de   apoio   e   as   condições 
necessárias para o seu funcionamento;
— a produção nacional e divulgação de  software  e de materiais de 
apoio, apesar de fortemente estimulada, continua a ser insuficiente (e 
corre   o   risco   de   diminuir   seriamente   com   o   desaparecimento   do 
projecto);
—   para   a   maioria   das   disciplinas,   não   se   chegaram   a   desenvolver 
modelos concretos de utilização das tecnologias de informação na sala 
de aula; aliás, as actividades de desenvolvimento curricular tendem a 
ter uma reduzida fundamentação e uma metodologia incipiente, sendo 
necessários novos padrões de qualidade e modos de avaliação;
— no  que  respeita  à formação  inicial professores, a  integração  das 
tecnologias   de   informação   é   ainda   insuficiente   em   algumas 
instituições;  por  outro  lado,   a  formação  contínua   mais   formalizada, 
teve   um   péssimo   começo   com   o   foco   e   o   forja,   valorizando­se 
sobretudo os aspectos técnicos e as abordagens escolarizadas;
— a assimilação da experiência do projecto (atrás referida nas suas 
principais   abordagens,   concepções   e   práticas)   nas   estruturas   de 
coordenação pedagógica do ministério da educação (departamentos de 
ensino,   estruturas   regionais,   instituto   de   inovação   educacional)   não 
chegou   a   ter   lugar,   dificultando   a   integração   das   tecnologias   de 
informação nos currículos das diferentes disciplinas;
— os centros de apoio local não chegaram a vingar, sendo necessário 
reinventar novas fórmulas de apoio aos professores.

em muitas escolas o projecto teve dificuldade em integrar­se na dinâmica 
colectiva e em abrir­se dum modo geral aos professores. em certos casos foi um 
projecto fechado sobre si próprio, para um número reduzido de “eleitos”; noutros 
deu   origem   a   controvérsias   entre   o   respectivo   corpo   docenteclix.   mas   não   há 
dúvida   de   que   as   escolas   ficaram   sem   possibilidade   de   acção   a   partir   do 
momento em que se verificou uma redução drástica nas transferências lectivas 
dos professores, levando ao colapso das respectivas equipas.
o projecto teve muito sucesso na integração das tecnologias de informação 
no 1º ciclo do ensino básico e no aproveitamento dos espaços extra­aula para o 
desenvolvimento de actividades interdisciplinares nos outros níveis de ensino. 
mas,   na   maioria   das   disciplinas   não   desenvolveu   experiências   em   número 
suficiente que permitissem a teorização de estratégias e modelos viáveis para a 
utilização das tecnologias de informação na sala de aula clx. o projecto ficou assim 
apenas   a   meio   caminho   no   seu   objectivo   de   introduzir   as   tecnologias   de 
informação nas escolasclxi. 
o   debate   de   ideias   não   foi   um   ponto   muito   forte   do   projecto.   não 
relatório do projecto minerva 47
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encontrando grandes obstáculos externos e contando com uma opinião pública 
geralmente favorável, o minerva não se destacou pela intervenção nos meios de 
comunicação social. também não foi muito intensa a discussão internaclxii, não se 
estimulando como seria desejável a evolução das ideias.
o projecto também não teve êxito em envolver de forma efectiva uma parte 
mais significativa de investigadores da área da educação. absorvidos nas tarefas 
de   gestão   e   formação,   muitos   dos   docentes   do   ensino   superior   que   nele 
participaram tiveram pouco tempo para se dedicar à investigação e à reflexão. 
deste modo, apesar de se situar fortemente no terreno da educação, o projecto 
acabou por passar de algum modo ao lado do pensamento e da investigação em 
ciências da educação.
as   perspectivas   desenvolvidas   pelo   projecto   minerva   não   se   enraizaram 
claramente   no   património   pedagógico   português.   daí   o   entusiasmo   com   que 
ainda   actualmente   é   acolhido  software  de   baixíssima   qualidade,   à   venda   no 
mercado, não só por muitos professores como até da parte de organismos do 
ministério da educação como o instituto de inovação educacionalclxiii.
quais   as   razões   destas   insuficiências?   em   primeiro   lugar,   terá   havido 
limitações na sua concepção. o projecto minerva padeceu de gigantismo. deveria 
ter sido concebido como um projecto de menor duração e ambições. o seu papel 
histórico só podia ter sido o que foi — um projecto de divulgação, de sementeira, 
de lançamento de perspectivas. para se ir mais longe seria preciso outro tipo de 
projectos, com objectivos mais definidos e com menos ambições de cobertura 
territorial   —   projectos   de   desenvolvimento   de  software,   projectos   de 
intervenção/formação dirigidos para certas escolas, projectos de desenvolvimento 
curricular em certas áreas, e tudo isso assente numa sólida base de investigação 
educacionalclxiv.
em segundo lugar, por limitações da sua estrutura e do tipo de coordenação. 
se a informática não estava em condições de orientar sózinha um projecto desta 
natureza, a educação também não conseguiu encontrar as melhores soluções para 
o seu desenvolvimento e muito menos o conseguiram os decisores políticos que 
acabaram   por   “normalizar”   o   projecto.   o   minerva   teve   uma   boa   forma   de 
começar, mas não soube evoluir a tempo e horas nos seus objectivos e no seu 
modo de funcionamento. o modelo esgotou­se ao fim de pouco tempo e não 
houve capacidade de o alterar adequadamenteclxv.
em terceiro lugar, nunca são postos em prática os necessários mecanismos 
de avaliação do projecto, previstos de resto desde o seu inícioclxvi. trata­se duma 
lacuna incompreensível num projecto desta dimensão. o projecto, aliás, nunca 
dispôs de documentos orientadores que explicitassem preto no branco quais os 
seus objectivos e políticas. sempre se descurou a vertente de reflexão sistemática 
sobre o desenvolvimento das actividades, cabendo apenas a alguns dos pólos a 
realização de iniciativas esporádicas nesse sentidoclxvii. 
em   quarto   lugar,   o   projecto   esteve   sempre   marginalisado   em   relação   à 
política do ministério. as opções fundamentais não foram tomadas quando teria 
sido necessário. o projecto nunca foi devidamente integrado, o que explica as 
dificuldades de articulação no que respeita aos novos planos curriculares então 
elaborados no quadro da reforma. o que explica, igualmente, que, na sua maioria, 
os   subprogramas   enunciados   na  proposta   geral   de   reformaclxviii  não   tenham 
chegado a ser postos em prática, adoptando­se, em seu lugar, uma política muito 
diferente.
ao avaliarmos as realizações e as questões deixadas em aberto pelo projecto 
minerva precisamos de ter em conta a sua natureza e especificidade. de facto, 
este teve um alcance nacional (sendo o seu quadro de referência o conjunto de 
todas as escolas do país), mas não se pôde apoiar na experiência anterior de 
projectos semelhantes. além disso, nunca contou com um apoio significativo por 
parte   da   estrutura   do   ministério   da   educação   (a   não   ser   no   que   respeita   aos 
aspectos   administrativos),   vivendo   essencialmente   do   entusiasmo   e   do 
investimento   dos   professores,   muito   em   especial   dos   professores   destacados. 
finalmente, incidiu sobre uma área recheada de questões de ordem técnica, em 
que é mais do que avassaladora a tentação do tecnicismo.
em resumo, o projecto minerva criou uma dinâmica fabulosa mas foi vítima 
do seu gigantismo. provocou em muitas escolas de todos os níveis de ensino um 
verdadeiro choque cultural, estimulou o aparecimento de novas perspectivas de 
trabalho   e   proporcionou   um   importante   espaço   de   formação,   mas   teria 
beneficiado de mais discussão interna e externa, de uma melhor estrutura, que 
definisse linhas de trabalho e responsabilizasse os pólos. e, finalmente, teria tido 
mais impacto no sistema educativo se o ministério da educação, ao mais alto 
nível, estivesse atento à sua evolução, necessidades, e implicações práticas.
relatório do projecto minerva 49
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6.­o futuro das tecnologias de informação na educação em portugal

o   projecto   minerva   levou   à   criação   em   portugal   de   uma   rica   base   de 


experiência na utilização educativa das tecnologias de informação. este potencial 
será   desaproveitado   se   não   se   souberem   definir   com   clareza   os   objectivos 
essenciais e criar as condições organizativas adequadas, tanto para prosseguir a 
integração destas tecnologias na escola como para promover o aprofundamento 
dos trabalhos de investigação, desenvolvimento e formação de professores. neste 
último pontoclxix procuraremos sistematizar os principais aspectos que devem ser 
tidos em conta na formulação duma política educativa neste sector e indicar de 
que forma eles podem ser articulados numa perspectiva de acção.

a integração das tecnologias de informação na escola. a integração das 
tecnologias de informação na escola assenta necessariamente na caracterização 
de um modelo, na definição dos recursos necessários e na clarificação do papel 
dos diversos intervenientes. 
a)  modelo.   hoje   em   dia,   já   não   é  matéria   de   muita   controvérsia   que   as 
tecnologias   de   informação   devem   estar   integradas   nas   restantes   disciplinas, 
podendo constituir na fase terminal do ensino secundário uma área de estudo 
específica, de natureza optativaclxx. no entanto, na maioria dos novos programas 
produzidos para a reforma curricular estas tecnologias não aparecem. porquê? até 
quando se irá manter essa situação? 
mas   o   modelo   não   se   reduz   às   opções   organizativas.   tem   de   clarificar 
igualmente as suas opções pedagógicas. por exemplo, pretende­se ou não que 
estas   tecnologias   inspirem   espaços   de   interdisciplinaridade,   contrariando   a 
tendência para a total especialização dos saberes? será ou não a altura própria de 
pôr   em   causa   a   concepção   do   saber   escolarizado,   cristalizado   e   inerte?   a 
autoridade intelectual deve continuar no professor ou derivar cada vez mais da 
argumentação e da evidência obtida?
opções pedagógicas inovadoras pressupõem a intensificação do papel do 
trabalho independente, do trabalho de grupo, da realização de projectos que se 
prolongam   no   tempo.   implicam   uma   escola   transformada   nos   seus   espaços, 
ritmos   e   formas   de   trabalho.   implicam   uma   escola   rica   em   recursos, 
nomeadamente os tecnológicos e os humanos. qual é afinal a função dos centros 
de recursos?  eles constituem ou não a solução organizativa fundamental  para 
enquadrar este processo? 
as   distintas   origens   sociais   dos   alunos,   as   suas   expectativas   e   as 
representações  estabelecidas  contêm   mecanismos   auto­reprodutivos  que  levam 
ao reforço das desigualdades, mesmo numa escola pedagogicamente enriquecida. 
não   é   motivo   para   reduzir   a   escola   ao   mais   completo   ascetismo   das   mesas, 
cadeiras e quadro preto. o que se exige é uma especial atenção a este problema, 
tomando­se   medidas   positivas   que   combatam   os   factores   discriminatórios   e 
ajudem a construir novas representações culturais das tecnologias de informação 
e do seu papel social. 
b) recursos. as tecnologias de informação, para não serem uma caricatura, 
necessitam da criação de infra­estruturas adequadas. aquilo que se fez até aqui no 
projecto minerva foi muito seriamente condicionado pela escassez dos recursos 
disponíveis. É preciso dispor de sistemas eficientes de actualização e manutenção 
dos equipamentos. evidentemente não se pode deixar de contar com as limitações 
da economia portuguesa, mas é preciso ter a noção de que só um investimento 
continuado   poderá   permitir   criar   e   manter   funcional   uma   infraestrutura 
funcional. 
sendo um domínio de intervenção de natureza curricular, as tecnologias de 
informação   precisam   de   professores   que   assumam   a   responsabilidade   da   sua 
dinamização dentro da escola. daí a necessidade imperiosa de transferências de 
horário lectivoclxxi. sendo um domínio novo, mal estabelecido, é uma frente de 
trabalho que exige um envolvimento colectivo. daí a necessidade que cada escola 
tenha uma equipa dedicada a esta questão. sem uma tal equipa e sem horas de 
transferência lectiva as tecnologias de informação ficarão sujeitas a regredir para 
o   simples   papel   retórico   de   tema   de   referência,   de   importância   virtualmente 
secundária na vida da escolaclxxii. 
c)   intervenientes.  os   intervenientes   fundamentais   neste   processo   serão 
naturalmente   as   escolas   e   os   centros   de   formação.   as   instituições   do   ensino 
superior poderão igualmente intervir, ajudando a desenvolver, operacionalizar e 
avaliar os diversos modelos e políticas.

investigação e desenvolvimento. a investigação e o desenvolvimento são o 
garante   da   contínua   renovação   e   actualização   das   ideias,   das   práticas   e   dos 
processos, proporcionando um olhar crítico em relação à escola e um ímpeto 
fundamental de inovaçãoclxxiii. 
a) domínios. continua a ser fundamental trabalhar na  investigação de raiz  
educativa. esta não conseguirá certamente resolver todos os grandes problemas 
que   se   colocam,   mas   possibilitará   uma   reflexão   permanente   e   um   melhor 
conhecimento das questões específicas do processo de ensino­aprendizagem. É 
importante que se acentue o debate tanto entre os que se interessam directamente 
relatório do projecto minerva 51
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por   esta   matéria   como   entre   os   críticos   e   os   incondicionais   da   tecnologia.   o 
desenvolvimento curricular, que se encontra ainda a um nível muito incipiente, 
deve   ser   claramente   estimulado.   o  desenvolvimento   tecnológico  deve   poder 
beneficiar   da   necessária   abertura   em   relação   ao   desenvolvimento   de   novos 
produtos   (como   os  multimedia)   e   à   realização   de   novas   experiências,   sendo 
necessário   analisá­las   com   rigor   e   sem   deslumbramentos   acríticos   pela   alta 
tecnologia. em particular, progressos significativos são de esperar se se conseguir 
uma   forte   interacção   entre   estes   três   domíniosclxxiv.   na   realidade,   deve   ser 
estimulado   o   desenvolvivento   de   projectos   envolvendo   colaborações 
interdisciplinares, incluindo tanto a informática e a engenharia como a psicologia 
e as próprias ciências da educação. 
b)   apoios   e   programas.   É   altura   de   promover   de   forma   decidida   a 
colaboração   interdisciplinar   na   própria   investigação.   É   desejável   o 
desenvolvimento   duma   autêntica   comunidade   científica   em   torno   do   uso 
educacional das tecnologias da informação na educação. devem estimular­se os 
projectos de dimensão apreciável e a possibilidade de se estenderem por períodos 
de tempo significativos. criadas as condições de funcionamento, será de exigir a 
prestação de contas, sem instaurar regimes de facilidade. dada a novidade desta 
temática,   e   perante   a   inexistência   duma   tradição   estabelecida,   os   professores 
participam necessariamente na criação dos novos saberes pedagógicos relativos 
às   tecnologias   de   informação,   sendo   por   isso   indispensável   valorizar 
explicitamente o seu contributo na investigaçãoclxxv. 
c) intervenientes. neste processo terão naturalmente que desempenhar um 
papel   relevante   as   instituições   de   ensino   superior   e   eventualmente   outras 
entidades de investigação e desenvolvimento. mas a valorização das formas de 
investigação cooperativa pressupõe uma igualmente importante participação das 
escolas   e   centros   de   formação.   À   administração   caberá   o   estabelecimento   e 
gestão de programas neste domínio.

formação. a formação continuará sempre a ser um aspecto fundamental na 
introdução das tecnologias de informação na escola. para além das preocupações 
de   ordem   técnica,   ela   tem   de   se   constituir   como   um   verdadeiro   processo   de 
crescimento   que   ajude   à   criação   nos   professores   duma   nova   mentalidade 
profissional. 
a)   domínios   de   formação.   por   um   lado,   a  formação   de   base  (inicial   e 
contínua) terá que permitir a todos os professores, na medida dos seus interesses 
e capacidades, tornarem­se utilizadores correntes das tecnologias de informação 
na sua prática pedagógica; por outro lado, a formação avançada (sobre a forma 
de cursos de especialização, mestrados e doutoramentos) permitirá a formação de 
quadros para os sectores estratégicos deste processo, seja ao nível da investigação 
e do desenvolvimento, seja no próprio funcionamento do sistema (ao nível da 
administração, dos centros de formação e das escolas). 
a   instituição   escolar   está   colocada   perante   a   necessidade   de   profundas 
mudanças.   retomando   as   teses   de   papertclxxvi,   mais   do   que   organizativas   ou 
tecnológicas,   estas   mudanças   são   sobretudo   culturais.   a   cultura   docente   é 
essencialmente individualista e defensivaclxxvii. para os professores, é difícil pôr 
em causa o seu trabalho, mesmo que num contexto de análise construtiva. uma 
renovação da escola através duma dinâmica de projectos inovadores exige uma 
mais efectiva capacidade de trabalhar em grupo, de abertura à crítica e sentido de 
auto­avaliação. É toda a problemática do perfil profissional que está em questão. 
b)   intervenientes.   neste   processo   terão   de   intervir   naturalmente   as 
instituições  de ensino superior,  especialmente  as  mais  vocacionadas  para este 
domínio de intervenção, os centros de formação e as escolas. novamente será 
necessário que a administração estabeleça, em diálogo com todos estes parceiros, 
um programa de funcionamento adequado.

propostas. as tecnologias de informação são um domínio que continua em 
rápida   mutação.   manter­se   actualizado   implica   um   mínimo   de   capacidade 
financeira   (para   renovar   equipamentos,   para   aquisição   de   bibliografia,   para 
contactos frequentes com instituições estrangeiras). É muito grande o fosso entre 
o que está disponível no mercado português (sobretudo em termos de  software 
educacional e de materiais educativos) e o que se faz e publica noutros países. 
seria   por   isso   desatroso   limitar   as   possibilidades   das   nossas   equipas   de 
investigação e desenvolvimento aos condicionalismos do nosso mercado. além 
disso, o trabalho criativo com as tecnologias de informação pressupõe uma gama 
de conhecimentos razoavelmente alargada e contributos disciplinares vários. daí 
a importância de equipas com um mínimo de dimensão.
há vários futuros possíveis para as tecnologias de informação aplicadas à 
educação   em   portugal.   do   primeiro   pelotãoclxxviii,   estamos   completamente 
arredados  e  assim  continuaremos  por muitos  anos.  podemos  ter  um  papel   de 
algum   relevo   (no   segundo   pelotão)   se   formos   capazes   de   criar   dois   ou   três 
centros   de   excelência,   com   alguma   dimensão.   ou   então   podemos   seguir 
tranquilamente na cauda do terceiro pelotão, a tentar copiar aquilo que os outros 
já fizeram...
para   a   continuação   do   processo   de   introdução   das   tecnologias   de 
relatório do projecto minerva 53
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informação no sistema educativo propomos as seguintes medidas:

a) a criação de dois centros de investigação e desenvolvimento 
nesta área, um mais vocacionado para as questões do desenvolvimento 
de raíz tecnológica e outro para a investigação de cunho educacional. 
estes   centros,   que   poderão   ser   criados   a   partir   de   estruturas   já 
existentes nas universidades, deverão contar com um corpo mínimo de 
investigadores   a   tempo  inteiro  e   aproveitar  em   parte   os   professores 
formados no projecto minerva;
b) a criação, dentro da estrutura do ministério da educação de um 
gabinete   de   trabalhoclxxix  com   competência   técnico­pedagógica   em 
tecnologias   de   informação,   congregando   a   herança   do   projecto 
minerva   e   capaz   de   fundamentar,   com   o   apoio   de   colaborações 
exteriores,   o   desenvolvimento   duma   política   no   sector   e   a   sua 
avaliação periódica;
c)   a   criação   de   programas   de   estímulo   ao   desenvolvimento   e 
inovação permitindo dum modo geral a continuação da intervenção 
das instituições do ensino superior na formação, no desenvolvimento 
curricular, no desenvolvimento de índole mais tecnológica;
d)   e   finalmente,   tendo   por   base   todos   os   pontos   anteriores,   a 
urgente   definição   de   uma   política   com   implicação   nos   planos 
curriculares, no funcionamento das escolas, no seu apetrechamento e 
nas políticas de formação.

conclusão. a inserção das tecnologias de informação no sistema educativo 
na  maioria  dos  países   tende  a  passar  por três  grandes  fases:  experimentação, 
desenvolvimento e integraçãoclxxx. tal parece ser igualmente o nosso percurso em 
portugal. percorremos as duas primeiras mas deparámos com dificuldades em 
avançar para a terceira. a cooperação entre a investigação, o ensino superior e as 
escolas é uma conquista fundamentalclxxxi. trata­se no entanto duma relação que é 
tão difícil de manter como de criar. 
são   quatro   as   palavras­chave   da   fase   que   se   avizinha:  integração,  
desenvolvimento, investigação, e formação. a integração é necessária nos planos 
curriculares, na vida das escolas, na formação de professores. o desenvolvimento 
de mais e melhores produtos é necessário ao nível do software, dos materiais, das 
propostas curriculares. a investigação, nas suas vertentes teórica e empírica, é 
imprescindível para fundamentar e marcar as linhas de progressão. a formação, 
entendida no seu sentido amplo de desenvolvimento profissional, é a estratégia 
essencial de envolvimento e crescimento dos seus participantes. 
os computadores começaram por ser vistos duma forma dual: ou para o 
ensino da informática ou para serem usados  como tecnologia.  podemos fazer 
uma síntese dos dois aspectos: trata­se do estabelecimento de novos objectivos e 
do desenvolvimento de novas capacidades, o que se faz através duma variedade 
de   novos   recursos   tecnológicos.   os   computadores   são   máquinas.   mas   as 
tecnologias de informação, mais do que isso, são uma perspectiva cultural. elas 
constituem   uma   importante   ferramenta   intelectual   que   permite   estender   as 
capacidades de pensamento e de acção dos seres humanos nos mais diversos 
domínios. mas o que é importante não é a ferramenta — é o que se pode fazer 
com elaclxxxii. o seu principal interesse está nas novas formas de criatividade que 
permite desenvolver. ao longo destes nove últimos anos, pela acção e reflexão 
que têm suscitado, as tecnologias de informação têm sido em portugal um factor 
muito significativo de transformação da escola. É uma experiência, cujo balanço 
geral é sem dúvida positivo, a reclamar uma adequada continuação.
i  a criação oficial do projecto minerva data de 31 de outubro de 1985, tendo sido formalizada através do despacho 
206/me/85, subscrito pelo então ministro prof. joão de deus pinheiro (ver anexo 1). na prática, o projecto já tinha 
começado a desenvolver a sua actividade desde julho desse mesmo ano.
ii estes relatórios podem ser consultados no centro de documentação do depgef. o presente trabalho, no entanto, não se 
baseia exclusivamente nos relatórios dos pólos, na medida em que estes têm estrutura e profundidade muito variáveis 
(alguns deles são mesmo omissos em relação a certos pontos), e traduzem apenas o seu ponto de vista sobre o projecto 
— tornando­se, por exemplo, difícil de perceber, em muitos casos, que actividades foram de facto desenvolvidas a nível 
das escolas.
iii entro os quais os despachos que balizaram o desenvolvimento do projecto, publicações emanadas do ministério da 
educação sobre as tecnologias de informação e o depoimento do prof. luís valadares tavares (ver anexo 5).
iv joão pedro da ponte foi coordenador do pólo do departamento de educação da faculdade de ciências da universidade 
de lisboa desde o início do projecto até julho de 1991; josé tomás patrocínio integrou o pólo do gep durante a primeira 
fase do projecto, tendo desde 1989 passado a desempenhar o cargo de coordenador executivo; maria alzira cabral 
pertenceu ao pólo do gep desde o seu início até à sua extinção em 1992, pertencendo desde então à coordenação 
executiva.
v  trata­se duma proposta elaborada no gabinete do secretário de estado adjunto do ministro da educação. ver j. silva 
carmona, proposta para a introdução das novas tecnologias no sistema educativo, lisboa, gep, abril de 1985.
vi este projecto, com um carácter de investigação­acção, abrange especificamente ao 1º e 2º ciclos do ensino básico. 
produziu dois relatórios de actividades, um relativo a 1985/86 e outro a 1986/87, em que se descrevem o âmbito, 
objectivos, metodologia e resultados da experiência.
vii resultado de um protocolo entre a universidade de coimbra e a secretaria de estado das telecomunicações.
viii lei 46/86 de 14 de outubro.
ix  a   explicitação   pormenorizada   dos   objectivos   da   fase   piloto,   bem  como   de   fase   operacional  que  se   lhe   seguiu, 
encontra­se no relatório do pólo do minho do projecto minerva, p. 3­5.
x  neste   relatório   pouco   se   utilizará   muito   o   termo   “núcleo”   porque   se   tratou   duma   estrutura   que   apenas   existiu 
transitoriamente durante a primeira fase do projecto. na prática, todos os núcleos começaram a funcionar como pólos. a 
criação dos núcleos marca uma certa hesitação quanto à estrutura organizativa do projecto, que em breve seria superada 
com a criação de um sistema de rede não hierarquizada, coordenada pelo gep. 
xi ver o relatório do pólo da universidade do minho, p. 3.
xii com relevo para os da zona sul do país.
xiii entre os professores, estas transferências lectivas são conhecidos por “reduções de horário”. tecnicamente, não se 
trata de  reduções mas de passagem  de tempos  lectivos  para tempos  dedicados a outras actividades no âmbito do 
projecto.
xiv a forma como estes relatórios foram impostos aos pólos e a sua deficiente concepção levam ao surgimento duma 
vaga   generalizada   de   protestos   em   relação   ao   que   é   sentido   como   a   burocratização   do   projecto.   na   verdade,   era 
indispensável um sistema de recolha de dados que permitisse à coordenação um conhecimento global do projecto. mas 
o sistema de relatórios adoptado revelou­se incapaz de cumprir esse objectivo e a forma como foi imposto — sem 
qualquer diálogo ou discussão prévia — não poderia deixar de ser mal aceite pelos pólos.
xv a expressão tic é adoptada por um grande número de pólos. no entanto, nos seus relatórios, alguns pólos continuam a 
falar apenas em termos de tecnologias de informação (ti) novas tecnologias de informação (nti) ou simplesmente novas 
tecnologias (nt). outros, tão depressa falam em termos de ti como de nt ou de tic. a inclusão da área da comunicação no 
projecto minerva nunca se traduziu por um trabalho de discussão aprofundado sobre a respectiva problemática. dado 
não existir uma distinção conceptualmente muito importante na forma como os diversos pólos usam os diversos termos, 
neste relatório será normalmente usado o termo “tecnologias de informação”, que melhor corresponde às intenções 
originais do projecto.
xvi  de seu nome oficial “dinamização das actividades das escolas dos ensinos básico e secundário utilizando meios 
informáticos”.
xvii este projecto, destinado a alunos do 12º ano de escolaridade que quisessem frequentar uma disciplina optativa de 
informática,   decorre   nos   anos   lectivos   de   1989/90,   1990/91   e   1991/92,   cobrindo   28   escolas.   forma   cerca   de   300 
professores   que   trabalharam   com   cerca   de   6000   alunos.   o   conteúdo   essencial   desta   disciplina   inclui   os   sistemas 
operativos ms­dos e unix, processamento de texto, edição electrónica, folhas de cálculo, bases de dados, redes de 
computadores e correio electrónico.
xviii a questão do futuro do projecto vem ao de cima como preocupação central de todos os participantes no debate que 
se seguiu à intervenção do coordenador nacional do projecto, prof. luís valadares tavares.
xix para uma visão das intenções que presidiram ao segundo período do projecto, poderá ser consultado o depoimento  
sobre o projecto minerva escrito pelo prof. luís valadares tavares.
xx esta situação afectou não apenas o projecto minerva, mas outros projectos como o programa interministerial para a 
promoção do sucesso educativo (pipse) e os serviços centrais do próprio ministério.
xxi o decreto­lei 409/89 de 18 de novembro estabelece o regime de progressão na carreira na dependência da frequência 
de módulos de formação (artº 9º) e o decreto­lei 139­a/90  de 28 de abril aprova o novo estatuto da carreira docente dos 
ensinos   básico   e   secundário.   esta   legislação   demora,   no   entanto,   algum   tempo   até   ser   regulamentada   e   entrar 
completamente em vigor.
xxii esta orientação, valorizando a vertente vocacional e centrando­se na distrinuição de equipamentos, representa uma 
forma de pensar a introdução das tecnologias de informação segundo as concepções vigentes no período pré­1985. 
trata­se obviamente de um profundo retrocesso.
xxiii programa de formação contínua de professores, subsidiado pelo fundo social europeu.
xxiv o forja instala uma rede de 15 computadores em 44 escolas e realiza a respectiva formação de professores.
xxv a pressão para que os professores optem pela formação fornecida pelo foco decorre da necessidade de contabilizar 
créditos imposta pelo estututo da carreira docente, como se refere no relatório do pólo da universidade do porto. 
xxvi os professores começam a ter necessidade de créditos e procuram acções de formação que os possam proporcionar. 
assim, diversos pólos realizaram acções do formação já no quadro do foco — ver, por exemplo, os relatórios dos pólos 
da ese de lisboa, p. 15, da fmh­utl, p. 21 e das universidades do algarve, p. 9, do minho, p. 13 e do porto, p. 40.
xxvii ver, por exemplo, os relatórios dos pólos das ese de beja, p. 16­17, de castelo branco, p. 20­21, de santarém, p. 3 e 
de setúbal, p. 14.
xxviii ver, por exemplo, os relatórios dos pólos ese de beja, p. 16­17, da ese de castelo branco, p. 19 e da universidades 
do algarve, p. 5 e 12 e de coimbra, p. 2.
xxix a indefinição quanto ao futuro do projecto é fortemente sentida pelos pólos, como se pode verificar, por exemplo, 
nos relatórios das ese de beja, p. 16 e de bragança, p. 25 e da universidade de coimbra, p. 8.
xxx para uma visão dos problemas que, a nível político, afectaram esta fase do projecto, consultar o depoimento sobre o  
projecto minerva do prof. luís valadares tavares.
xxxi distinguindo­se neste ponto de muitos outros projectos estrangeiros em que se privilegiou, por exemplo, o ensino 
secundário.
xxxii  no entanto, uma decisão em contrário foi a certa altura tomada pelo ministério de educação com a criação da 
disciplina   de   introdução   às   tecnologias   de   informação   em   algumas   áreas   do   novo   modelo   curricular   do   ensino 
secundário.
xxxiii a não ser de forma implícita e não assumida, e apenas no período final do projecto.
xxxiv como se verifica pela análise dos relatórios dos pólos — ver por exemplo o relatório do pólo da ese de setúbal, p. 
2.
xxxv a ideia da utilização do computador como ferramenta aparece nos relatórios dum número significativo de pólos do 
projecto. ver, por exemplo, os relatórios dos pólos das universidades do algarve, p. 3, da beira interior, p. 8, de coimbra, 
p. 4, de Évora, p. 28, e de trás os montes e alto douro, p. 10, do ip da guarda, p. 16, e das ese de santarém, p. 2, setúbal, 
p. 2, 4­5, 21 e 23 e viseu, p. 10. esta ideia vem igualmente consagrada na proposta global de reforma da comissão de 
reforma do sistema educativo, lisboa, gep, julho de 1988, p. 173.
xxxvi como adiante se verá em mais pormenor, ao referir a actividade das escolas.
xxxvii p. 5.
xxxviii comissão de reforma do sistema educativo, proposta geral de reforma, p. 173.
xxxix em especial, as desenvolvidas no seu livro mindstorms: children, computers, and powerful ideas, new york, basic 
books.
xl ver os relatórios dos pólos das universidades de aveiro, p. 3 e do minho, p. 9 e da ese de setúbal, p. 1. ver igualmente 
a proposta global de reforma da comissão de reforma do sistema educativo, p. 170.
xli  nos  termos  do despacho  206/me/85,  a comissão coordenadora era constituída  pela comissão  executiva e  pelos 
responsáveis dos pólos. mas apenas uma vez os responsáveis dos pólos se reuniram com os dois restantes membros 
desta pomissão.
xlii o problema da repartição de verbas não chegou a ser completamente resolvido, tendo sido frustrados os esforços do 
prof. antónio dias de figueiredo para encontrar um algoritmo de cálculo que merecesse a aprovação geral dos pólos.
xliii É significativa a ausência de responsáveis do ministério da educação em todos os encontros nacionais do projecto, 
bem   como   no   edite   87,   um   seminário   internacional   sobre   tecnologias   da   informação   na   educação   para   decisores 
políticos dos diversos países da união europeia, cuja organização coube ao pólo de coimbra.
xliv edição do gep, junho de 1988.
xlv novas tecnologias no ensino e na educação, p. 65.
xlvi idem, p. 66.
xlvii proposta global de reforma, gep, julho 1988.
xlviii ver despacho 52/sere/88.
xlix enquanto que os primeiros vieram a conhecer um grande dinamismo, os segundos mal chegaram a ter existência.
l  realizaram­se, até junho de 1994, cinco concursos de  software  que premiaram sessenta títulos e dois concursos de 
materiais de apoio que premiaram oito títulos. os trabalhos apresentados foram avaliados por júris constituídos ad hoc e 
que integravam especialistas de diferentes áreas disciplinares.
li  foram   feitos   protocolos   com   várias   entidades,   entre   elas   o   grupo   de   trabalho   para   as   comemorações   dos 
descobrimentos portugueses do ministério da educação e a sociedade portuguesa de física. neste âmbito foi também 
licenciada a adaptação para ambiente português e utilização do winlogo, versão da linguagem logo e de thinksheet 
(folha de ideias), organizador de ideias e programa de suporte à escrita; por intermédio do pólo da fct­unl foi apoiado o 
projecto epes (european pool of educational software).
lii  foram publicados, até finais de junho  de 1994, cinquenta e quatro peças de  software  e treze livros de apoio à 
utilização educativa das tecnologias da informação.
liii  nomeadamente o apoio a realizações como a semana do logo, organizada cooperativamente por vários pólos, e 
iniciativas levadas a efeito por organizações como a associação portuguesa de informática na área da educação, a 
fundação para a divulgação das novas tecnologias de informação, a associação de professores de matemática (profmat), 
a associação de professores de biologia e de geologia, a associação de professores de história, entre muitas outras.
liv em nenhum dos relatórios dos pólos existe qualquer referência positiva tanto a este projecto como ao seu antecessor 
iva.
lv alguma desta actividade vem referida nos relatórios dos pólos do defcul, p. 69­71 e da ese de setúbal, p. 18.
lvi  o pólo do defcul deu origem directamente aos pólos das ese de portalegre, lisboa, setúbal, castelo branco e da 
faculdade de psicologia e ciências de educação da universidade de lisboa. apoiou igualmente em diversas fases da sua 
existência os pólos do gep, da universidade do algarve, das ese de bragança e santarém e do ip da guarda.
lvii ver relatório do pólo do ip da guarda, p. 3.
lviii em especial amstrad, icl, philips, olivetti, schneider, unisys.
lix divulgado inicialmente pelo pólo do minho, e rapidamente acompanhado por diversos outros pólos. este sistema era 
conhecido pelo “macintosh dos pobres”.
lx tal é claramente a posição do pólo do defcul.
lxi relatório do pólo da ese de beja, p. 16
lxii o pólo do ese de setúbal distingue quatro fases no apoio e acompanhamento das escolas:
—1988/89,   formação   centralizada   (poucas   escolas,   recursos   suficientes,   “acompanhamento   sistemático   e   quase 
familiar”);
—1989/90,   formação   descentralizada   (criação   dos   cal   e   introdução   duma   vertente   de   utilização   autónoma   dos 
equipamentos e dos espaços por parte dos professores);
—1990/91 e 1991/92, decréscimo do apoio em geral (o que causou grande frustração e impôs novas formas de 
organização);
—1992/93, redução da equipa do pólo e dos professores das escolas ligados ao projecto.
outros pólos indiciam uma evolução semelhante.
lxiii pela variedade e qualidade dos materiais produzidos são de destacar os pólos do gep, ip porto, ese de setúbal, ese 
de lisboa, ese de faro, defcul e fct­unl. 
lxiv como o boletim inter­pólos, já referido, dedicado ao ensino primário, e o forum minerva, da iniciativa do pólo da 
fct­unl.
lxv  momentos marcantes no que se refere ao trabalho com a linguagem logo são ainda a tradução do winlogo e a 
publicação dos livros  guia  de exploração do logowriter  (almada, gávea recursos educativos, 1990), por margarida 
junqueira e sérgio  valente, professores associados ao pólo da fct­unl,  a aventura da tartaruga minúscula  (editota, 
data,???), por cristina ponte e maria alzira cabral, do pólo do gep, e azulejos (editota, data, ???), por fernanda capucho 
salgueiro, professora ligada ao pólo do gep.
lxvi ver o relatório do pólo de coimbra, p. 6­8.
lxvii como de resto é reconhecido por muitos outros pólos — ver, por exemplo, o relatório do pólo da ese de setúbal, p. 
1.
lxviii  uma   descrição   pormenorizada   das   actividades   e   filosofia   de   actuação   deste   pólo   encontra­se   no   respectivo 
relatório.
lxix por exemplo, este pólo fez formação para funcionários de numerosas autarquias e mobilizou autarquias e empresas 
de grande e pequena dimensão para apoiar os concursos do prodep.
lxx para uma descrição pormenorizada das suas actividades e áreas de actuação, ver o relatório do pólo do minho do 
projecto minerva.
lxxi infelizmente, não foi possível consultar o relatório do pólo da fct­unl do projecto minerva.
lxxii ver relatório do pólo de Évora do projecto minerva, p. 31­33.
lxxiii puzzle, jornalist e um programa para apoiar os directores de turma.
lxxiv o mais famoso dos quais é sem dúvida o trinca­espinhas, em torno do conceito de divisor.
lxxv para este pólo, “a utilização do correio electrónico veio permitir alargar a âmbito dos projectos educativos inter­
escolas e criar condições a uma comunidade educativa mais alargada” (ver relatório, p. 34).
lxxvi bulletin board system, uma das formas mais comuns de proporcionar o contacto entre numerosas utilizadores dum 
serviço telemático.
lxxvii relatório do pólo da universidade do minho, p. 36­37.
lxxviii infelizmente, como já se referiu, não foi possível consultar o relatório deste pólo. as afirmações aqui produzidas 
decorrem, por consequência, do que foi possível ler nos relatórios dos restantes pólos.
lxxix nas quais se incluem muitas escolas ligadas a outros pólos — 24 por exemplo pertencem ao pólo da universidade 
do minho.
lxxx informações recolhidas nos relatórios do pólo da ese de lisboa, p. 17 e do pólo da universidade do minho, p. 35­37. 
segundo este último relatório, a bbs minerva não permite ainda a acentuação de palavras.
lxxxi relatório do pólo da ese de lisboa, p. 17.
lxxxii  segundo  se  lê  no relatório  do  pólo  da  ese  de  lisboa:  “de  um  modo  geral  os   problemas técnicos  — linhas 
telefónicas   deficientes,  modems  de   qualidade   soferível   e   computadores   avariados   —   surgidos   com   demasiada 
frequência, dificultaram um trabalho que poderia ter sido mais constante” (p. 18)
lxxxiii relatório do pólo da ese de lisboa, p. 16.
lxxxiv dados do relatório de síntese das actividades desenvolvidas pelo pólo da fmh­utl (1987­1993).
lxxxv ver o relatório do pólo da universidade do porto, p. 4.
lxxxvi uma apreciação mais pormenorizada poderá ser feita consultando as publicações editadas pelos diversos pólos. 
infelizmente, os seus relatórios não contêm muitas informações acerca dos trabalhos realizados neste domínio.
lxxxvii ver o relatório do pólo do minho, p. 29­31 e da ese de lisboa, p. 21­24.
lxxxviii nomeadamente pelos pólos do defcul, fct­unl,fmh­utl, faculdade de psicologia e ciências de educação de lisboa 
e ese lisboa e de viana.
lxxxix ver os relatórios dos pólos da universidade de aveiro, p. 41­42, de coimbra, p. 7­8.
xc  e também de alguns diplomas de estudos superiores especializados (dese), como o dese em novas tecnologias de 
informação levado a efeito pelo ip da guarda (ver o relatório do respectivo pólo, p. 18­19).
xci ver o relatório do pólo da fpce­ul.
xcii ver o relatório do pólo da universidade do porto, p. 10.
xciii alguns dos pólos não referem nos seus relatórios actividades no domínio da investigação. outros, como o de viseu 
(p. 23­24) enumeram como investigação actividades de desenvolvimento de  software. outros ainda, como o pólo da 
universidade da beira interior, refere explicitamente que este domínio não chega a constituir uma das suas preocupações 
(ver relatório, p. 7).
xciv por exemplo, o pólo de Évora colaborou por um longo período na elaboração do boletim da câmara municipal, bem 
como do boletim do grupo de história e filosofia da ciência, desenvolveu iniciativas conjuntas com o museu de Évora e 
proporcionou oportunidades de formação a funcionários e alunos de diversas instituições, como a escola profissional 
bento de jesus caraça, a unesul—associação universidade­empresa do sul, a biblioteca pública e a direcção regional da 
educação do alentejo (ver o respectivo relatório).
xcv a ideia da criação dos cal surgiu no pólo do minho em 1989, sendo apadrinhada pela então coordenadora executiva 
do projecto, drª maria do carmo clímaco e, rapidamente, posta em prática por diversos pólos.
xcvi relatório do pólo da ese de setúbal.
xcvii nalguns casos os cal chegam a intervir no que respeita à própria “formação dos alunos”, que acabaram por ser os 
seus “utentes privilegiados”, como se refere no relatório do pólo da ese de beja, p. 9.
xcviii relatório do pólo da ese de setúbal.
xcix como a que viria a proliferar posteriormente no quadro do programa foco, em todos os domínios, e em particular 
no que respeita às tecnologias de informação.
c ver o relatório do pólo do defcul, p. 21.
ci relatório do pólo da ese de beja, p. 14.
cii alguns cal chegaram mesmo a funcionar sem professores destacados, em condições muito precárias, como se pode 
ler no relatório da ese de beja. deve­se ter presente que dois professores destacados já seria muito pouco para garantir 
um mínimo de trabalho de equipa.
ciii relatório do pólo da ese de setúbal.
civ ver relatório do pólo da universidade do porto.
cv relatório do pólo da ese de ese beja, p. 3.
cvi “quase familiar” é a experessão empregue no relatório da ese de setúbal (p. 24).
cvii  este documento é elaborado em abril de 1990 por uma comissão constituída por representantes de vários pólos, 
sendo a sua importância explicitamente reconhecida nos relatórios dos pólos das ese de lisboa, p. 42 e setubal, p. 22 e 
da universidade de aveiro, p. 5.
cviii por exemplo, aveiro, p. 5
cix ese de lisboa, p. 45.
cx um caso paradigmático é o pólo do ip do porto, que se viria a afirmar como um dos mais dinâmicos do projecto.
cxi sentimento que, de resto, é bem patente nos relatórios dos diversos pólos. ver, por exemplo, o relatório dos pólos da 
ese de setúbal, p. 1 e da universidade de Évora, p. 8. 
cxii  em alguns casos, a introdução das tecnologias de informação nos programas de formação inicial depende muito 
fortemente da acção dos professores destacados no projecto minerva — é o que se passa, por exemplo, na ese de beja 
(ver relatório do respectivo pólo, p. 11) e na universidade de Évora (idem, p. 36). noutros casos, estende­se mesmo a 
outros cursos — como refere o pólo da ese de bragança (relatório, p. 22­23) — que assugura a leccionação da disciplina 
de   introdução   aos   computadores   e   linguagens   de   programação   para   alunos   dos   cursos   de   informática   e   gestão   e 
contabilidade   e   administração   de   outras   escolas   do   respectivo   instituto   politécnico.   a   colaboração   do   pólo   da 
universidade de aveiro nos mestrados de supervisão, ensino da física e química e de tecnologia educativa inclui áreas 
como computadores no ensino, informática no ensino e ensino inteligente assistido por computador.
cxiii as diferentes políticas dos pólos, bem como o diferente tempo de duração da ligação das escolas ao projecto (que 
vai de um mínimo de três a um máximo de nove anos) faz com que este ponto tenha que ser lido tendo em mente 
sobretudo as escolas com um tempo substancial de ligação ao projecto.
cxiv  por vezes, o interesse é principalmente de um único professor. a maioria dos pólos, no entanto, exige que a 
candidatura seja assumida por uma equipa de professores, e para as escolas com 2º e 3º ciclo ou ensino secundário, 
estabelece que essa equipa deve ser formada por professores efectivos de diversos grupos disciplinares. considera­se que 
o cruzamento de diferentes sensibilidades e saberes pode favorecer o desenvolvimento de projectos interdisciplinares. a 
prioridade dada aos professores efectivos procura assegurar alguma estabilidade às equipas — mas nem sempre pode 
ser respeitada, muito especialmente nas zonas do interior do país. muito em especial, procura­se não vincular o projecto 
a único professor ou grupo disciplinar mas fazer sentir que ele é igualmente importante para todas as áreas, favorecendo 
a sua plena integração na escola.
por outro lado, alguns pólos estabelecem o diálogo inicial com vista à integração da escola apenas com os 
respectivos orgãos de gestão. o inconveniente desta política é que, já depois de integradas no projecto, estas escolas 
sentem   grandes   dificuldades   em   encontar   professores   verdadeiramente   interessados,   motivados   e   disponíveis   para 
desenvolver as actividades respectivas (ver o relatório da ese de santarém, p. 9).
É curioso verificar as variações na terminologia adoptada para descrever os professores que constituem estas 
equipas. a maioria dos pólos refere­se­lhes como professores participantes. para alguns pólos, os professores ligados ao 
projecto minerva assumiam uma responsabilidade de gestão do respectivo cem e de formação e apoio aos restantes 
colegas, sendo designados por professores­coordenadores, como no caso dos pólos do defcul (ver o respectivo relatório, 
p. 7 e 11) e das universidades de coimbra (idem, p. 1) e Évora (idem, p. 7). noutros casos eram vistos sobretudo como 
aplicadores das propostas emanadas dos pólos, tendo a designação de professores­cooperantes (ver, por exemplo, os 
relatórios dos pólos da universidade do alagrve, p. 2 e da ese de beja, p. 2).
cxv ver, por exemplo, o relatório do pólo do ip do porto, p. 4.
cxvias experiências bem sucedidas que são realizadas nestas condições pressupõem a existência de espaços alternativos 
dentro da escola em que os alunos desenvolvem um grande à vontade no trabalho com os computadores. É claro que 
estas experiências exigem também uma profunda reconceptualização da dinâmica da aula — ver paulo abrantes,  o  
trabalho   de   projecto   e   a   relação   dos   alunos   com   a   matemática:   a   experiência   do   projecto   mat789  (tese   de 
doutoramento), lisboa, defcul, 1994.
cxvii  a designação deste espaço varia de pólo para pólo: núcleos de informática, centros escolares de informática, 
centros   escolares   minerva,   centros   de   recursos,   centros   de   recursos   informáticos.   neste   relatório   será   adoptada   a 
designação centro escolar minerva (cem), usada a partir de certa altura pela maioria dos pólos.
cxviii  apesar destas condições poderem parecer algo desencorajadoras, o facto é que há pólos que mantêm sempre 
longas lista de espera de escolas que querem entrar para o projecto. não o podendo fazer num determinado ano (porque 
as verbas atribuídas ao pólo não o permitem), ficam na situação de “observadoras” na expectativa de entrar no ano 
seguinte.
cxix  alguns pólos consideram que o tempo atribuído aos professores se destina igualmente à sua formação. outros 
consideravam que a formação é uma actividade normal de todos os professores, incluídos ou não no projecto minerva, e 
que   por   isso   esse   tempo   se   destina   essencialmente   ao   desenvolvimento   de   actividades   com   os   alunos   ou   de 
sensibilização e apoio a outros professores. pode­se questionar se a decisão de contabilizar os tempos de formação (e 
principalmente de auto­formação) nos tempos de redução lectiva não terá contribuído em muitos casos para que os 
professores não tenham assumido como seria de esperar uma postura de abertura e de serviço em relação à restante 
população escolar dos seus estabelecimentos de ensino.
esta transferência de horário lectivo vem a ser reduzida para 5 horas por escola já no terceiro período do 
projecto, tornando muito precário o funcionamento de muitos cem.
cxxa evolução desse processo de expansão pode ser observado no anexo 3, gráfico sobre o número de escolas: a curva 
ascendente corresponde ao segundo período do projecto, a sua estagnação ao terceiro período.
cxxi ver os relatórios dos respectivos pólos.
cxxii ver, por exemplo, o relatório do pólo do ip da guarda, p. 10­11.
cxxiii um caso de grande dinamismo na obtenção de equipamento vem referido no relatório do pólo da ese de santarém, 
p. 5.
cxxiv  ver, por exemplo, os relatórios de pólos tão diferentes como os das universidades da beira interior, p. 3­4, de 
Évora, p. 13, da universidade do minho, p. 15, das ese de castelo branco, p. 20­21, de santarém, p. 1, e de setúbal, p. 32. 
alguns   pólos   disponibizam   equipamento   adicional   para   as   escolas   para   a   realização   de   um   projecto   concreto, 
equipamento que muitas vezes regressa ao pólo após a conclusão do projecto — ver, por exemplo, o relatório do pólo da 
universidade do minho, p. 15.
cxxv ver relatórios dos pólos dos ip da guarda, p. 15­16 e do porto, p. 4.
cxxvi relatório do pólo do ip da guarda, p.15.
cxxvii ver joão filipe matos, a natureza do ambiente de aprendizagem criado com a utilização da linguagem logo no  
ensino primário e as suas implicações na construção do conceito de variável (trabalho apresentado para provas apcc), 
lisboa, defcul, 1987.
cxxviii relatório do pólo do ip da guarda, p. 16.
cxxix idem.
cxxx nomeadamente pelos pólos do gep e do defcul.
cxxxi ver cecília bento, centros de recursos educativos (tese de mestrado), lisboa, defcul, 1991.
cxxxii relatório do pólo do ip da guarda, p. 17
cxxxiii  o   relatório   do   pólo   da   ese   de   beja,   p.   13,   por   exemplo,   fala   mesmo   do   “espírito   missionário”   de   muitos 
professores que colaboram no projecto.
cxxxiv relatório do pólo da ese de beja, p. 8.
cxxxv ver os relatórios dos pólos do projecto.
cxxxvi relatório do pólo do ip do porto, p. 4.
cxxxvii ver relatório do pólo do defcul, p. 43­46.
cxxxviii ver relatório da ese de bragança, p. 23.
cxxxix as actas deste encontro dão certamente um bom panorama dos trabalhos feitos nesta área até este momento.
cxl segndo o pólo de aveiro, as disciplinas com maior número de utilizações foram a matemática (13), a biologia (10), a 
história e física e química (8) e o francês (ver o respectivo relatório, p. 21; ver também o relatório do pólo da ese de 
beja, p. 9).
cxli ver, por exemplo, os relatórios dos pólos das ese de beja, p. 3 e de bragança, p. 3, e das universidades de Évora, p. 5 
e do minho, p. 12.
cxlii ver os relatórios dos pólos.
cxliii principalmente os computadores timex.
cxliv  veja­se, por exemplo, carlos afonso,  a utilização  dos  centros  escolares minerva pelos professores de inglês:  
problemas e perspectivas (tese de mestrado na universidade nova de lisboa), 1992.
cxlv conferência plenária de j. p. ponte, intitulada as novas tecnologias numa escola em mudança.
cxlvi nomeadamente, cabo verde e angola.
cxlvii contrariando, de resto, uma indicação explícita do ponto 8 do despacho ministerial que criou o projecto. 
cxlviii no que respeita à actividade desenvolvida, podemos falar de dois minervas: o da aplicação das “metodologias da 
informática”, que se viria a concretizar através do desenvolvimento de  software  educacional e o do “movimento de 
professores”, baseado numa visão de renovação das práticas educativas através do trabalho de projecto, valorizando o 
uso do computador como ferramenta. com muito menor expressão, podemos falar ainda do minerva da “investigação 
educacional” e do minerva “administrativo”, dos concursos e da cooperação internacional.
cxlix este facto constitui um importante factor de êxito da primeira fase do projecto mas acabou por representar mais 
tarde um sério handicap. não favorecendo a sua integração na política educativa, acabou por conduzir a uma imerecida 
e indesejável marginalização do projecto, que se viria a revelar plenamente aquando da elaboração dos novos programas 
das diversas disciplinas escolares.
cl ver o relatório do pólo da universidade de Évora (p. 1­3), que utiliza o termo “mestiçagem” para designar a grande 
interacção verificada entre os docentes origiários de diversos graus de ensino.
cli ver despacho 206/me/85.
clii ideia subscrita por muitos dos pólos do projecto, mas que viria a ser contrariada a nível de ensino secundário pela 
emergência da disciplina de iniciação às tecnologias de informação nos novos planos de estudo da reforma.
cliii ver relatório do pólo da ese de bragança, p. 24.
cliv  podemos   referir   a   associação   portuguesa   de   computadores   e   línguas,   associação   portuguesa   de   história   e 
informática e a associação de telemática educativa.
clv como as associações de professores de biologia e geologia, de geografia e de matemática e a sociedade portuguesa 
de física.
clvi  ver a. d. stoleroff e s. stoer, “educação, trabalho e estado: questões preliminares sobre a introdução das novas 
tecnologias em portugal”,  informa, nº 1, p. 15­23, 1989; e também s. stoer, a. d. stoleroff e j. a. correia, “o novo 
vocacionalismo   na  política  educativa em  portugal e  a  reconstituição  da  lógica  da  acumulação”,  revista  crítica  de  
ciências sociais, nº 29, p. 11­53, 1990.
clvii  j. a. correia, “escola, novas tecnologias e mercado de trabalho em portugal”, aprender, nº 11, p. 45­52, 1990, p. 46. 
clviii a não ser argumentando que sendo portugal um país de sistema capitalista, tudo o que nele se fizer é sempre para 
servir os interesses desse sistema — o que tanto se aplica ao projecto minerva como a todos os projectos já existentes, 
como o pipse, vida, eco, da educação ambiental, etc. e ainda a todos os outros que possam vir a existir! trata­se, 
essencialmente dum argumento cómodo para caucionar uma posição de ausência de intervenção no terreno da prática.
clix  este tipo de problemas são referidos  no  depoimento sobre o projecto minerva  do prof. luís valadares tavares. 
situações de dificuldade de integração na escola são naturais num projecto desta natureza. o problema é não saber como 
lidar com estas. a maior parte dos pólos, no entanto, não se lhes refere nos seus relatórios. uma significativa excepção, 
porém, é fornecida pelo relatório do pólo da ese de lisboa, p. 35 e 42.
clx a nossa apreciação é que isto foi de facto uma grave limitação do projecto. no entanto, todos aqueles que queriam à 
viva força trabalhar este aspecto, embora sensíveis ao problema, não eram de todo sensíveis às reais dificuldades que a 
respectiva concretização impunha aos professores.
clxi  o   relatório   do   pólo   da   universidade   de   aveiro   aponta   nesta   direcção,   quando   diz   que,   perante   os   resultados 
alcançados, “a introdução das tic nas escolas foi problemática” (p. 27). no mesmo sentido se pronuncia o pólo de 
coimbra, ao indicar que a utilização das tic em contextos educativos ficou “bastante aquém do que seria desejável” (p. 
5).
clxii  os congressos nacionais assumiram mais o tom de mostra das realizações de cada pólo do que de verdadeiro 
debate. nesse aspecto foram bem mais sucedidos os encontros sectoriais, como a semana do logo. e não pode deixar­se 
de apontar como muita estranha a reduzida produção de documentos, quer oficiais, quer de trabalho, produzidos e 
dados a conhecer pelas instâncias de coordenação do projecto, em qualquer dos seus períodos.
clxiii  o iie divulgou junto de centenas de escolas 15 títulos adquiridos  a uma empresa do sector, sobre temas de 
matemática e ciências, destinados sobretudo ao 1º e 2º ciclos do ensino básico. trata­se de programas que constituem 
um péssimo exemplo da utilização educativa do computador.
clxiv a necesidade da investigação educacional é já reconhecida claramente na proposta global de reforma da comissão 
da reforma do sistema educativo, p. 170.
clxv  insuficiências   decorrentes   da   reduzida   coordenação   e   comunicação   entre   pólos   são   apontadas   em   diversos 
relatórios, como os da ese de lisboa, p. 42 e da universidade do minho, p. 44.
clxvi ver despacho 206/me/85.
clxvii  por   exemplo,   o   pólo   do   minho   preocupou­se   em   realizar   diversos   pequenos   estudos   de   avaliação   das   suas 
actividades com a colaboração de avaliadores externos (relatório do pólo do minho do projecto minerva, p. 43­46). duas 
teses de mestrado, de ana cristina esgalhado (pólo do defcul) e de carlos afonso (pólo da ese de portalegre) estudaram 
igualmente a actividade do projecto no terreno.
clxviii p. 175­177.
clxix  que em muitos aspectos retoma as propostas apresentadas por j. p. ponte no iii encontro nacional do projecto 
minerva, bragança, 1992.
clxx  um   modelo   particularmente   interessante   é   o   usado   na   inglaterra   e   país   de   gales,   em   que   as   tecnologias   de 
informação   são   consideradas   um   tema   trans­curricular,   que   se   divide   em   cinco   grandes   áreas   (comunicação, 
manuseamento de dados, modelação, medição e controlo e avaliação do impacto da tecnologia da informação), com 
objectivos   específicos   em   quatro   estádios   fundamentais   (ver     w.   burke,   “information   technology   in   the   5   to   16 
curriculum: a cross curricular theme”. in a. mcdougal & c. dowling (eds.),  computers in education, north holland: 
elsevier, 1990).
clxxi  tal com as têm os membros dos conselhos directivos, responsáveis de instalações e delegados de grupo das 
diversas disciplinas. no futuro poderá haver necessidade de ter na escola um especialista em tecnologia educativa, para 
desempenhar funções de aconselhamento e organização nesta matéria. mas na fase actual, em que interessa valorizar 
sobretudo os aspectos pedagógicos e a ligação curricular, é preferível deixar esta função a professores que continuam a 
desempenhar o seu cargo, em acumulação com esta responsabilidade adicional.
clxxii a ainda superficial apropriação das tecnologias de informação por parte das escolas e a necessidade imperiosa de 
um “apoio eficaz” às escolas como condição para a sua real utilização é indicada por diversos pólos. ver, por exemplo, 
os relatórios do ip do porto, p. 5 e da ese de setúbal, p. 28.
clxxiii a necessidade de manter uma significativa actividade de investigação é assinalada em diversos relatórios — ver, 
por exemplo, o relatório do pólo da universidade do algarve, p. 14.
clxxiv etc, making sense of the future, cambridge, educational technology center, 1988.
clxxv  a importância de assegurar o desenvolvimento  de investigação em estreita ligação com os  intervenientes no 
terreno é apontada por exemplo, no relatório do pólo do ip do porto, p. 5 
clxxvi  s. papert, “computer criticism versus technocentric thinking”,  educational researcher, vol. 16, nº 1, p. 22­30, 
1987.
clxxvii  s.  feiman­nemser e r. floden, “the cultures of teaching”. in m. c. wittrock (ed.),  handbook of research on  
teaching, new york, macmillan, 1986.
clxxviii formado por países como os eua, frança, holanda, reino unido,...
clxxix  o lugar mais indicado será possivelmente o instituto de inovação educacional.
clxxx g. l. baron, “computers in education: the shape of things to come”, bulletin du bureau international d’Éducation, 
nº 250, p. 7­28, 1989.
clxxxi  p.  duguet,  “l’informatique  à   l’École:  quel  rôle  pour  l’université?”  l’observateur  de   ocde,  nº  173,  p.  23­25, 
1991/92.
clxxxii  g. brownell, “beyond tomorrow: schools, computers and the next century”,  journal of computers in teacher  
education, vol. 6, nº 4, p. 4­8, 1990.

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