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X ENCONTRO DO DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL

“O ESTADO DA ARTE DAS RELAÇÕES PÚBLICAS EM PORTUGAL” : COMUNICAR A JUSTIÇA


5 Dezembro | Escola Superior de Comunicação Social | 18h00
http://rp_oestadodaarte.blogs.sapo.pt

O texto seguinte foi aprovado como conclusão do X Encontro do Departamento de


Comunicação Organizacional da Escola Superior de Comunicação Social, após uma reflexão
em conjunto entre profissionais, académicos e estudantes de Relações Públicas e
profissionais de instituições da Justiça.

Carta para uma melhor Comunicação da Justiça

As Relações Públicas são uma função essencial nas sociedades democráticas cujo contributo é
chave para garantir um equilíbrio dinâmico nas relações entre as organizações e os públicos
que com ela partilham interesses, consequências e uma esfera de atenção comum.

O método de trabalho dos Profissionais de Relações Públicas é o da compreensão dos


públicos como base para a comunicação e para o entendimento. Os profissionais de Relações
Públicas promovem essencialmente processos de diálogo e “comunicação com” ao invés de
processos unidireccionais de “comunicação para”.

Ao facilitar a participação dos públicos na tomada de decisão, a função de Relações Públicas


permite reduzir consequências indesejadas dessas decisões e acelerar a sua implementação
ao mesmo tempo que contribui para o equilíbrio de interesses e para a justiça num sentido
mais amplo.

Ajudando as organizações a promover deste modo a justiça social, a função de Relações


Públicas dá um contributo fundamental para promover a Justiça formal. Como parece ser cada
vez mais evidente no mundo de hoje, sem redução de desigualdades e sem um compromisso
com princípios de sustentabilidade global, qualquer sistema de justiça formal estará por
definição incompleto.

No campo da Justiça formal, foram consideradas nesta reflexão as instituições responsáveis


pela aplicação das Leis, pela investigação criminal e pela representação dos interesses em
causa nas disputas legais. A Comunicação da Justiça está, em todas estas instâncias,
simultaneamente baseada no dever de reserva e ancorada no direito à informação.
Nesse contexto, os signatários desta carta acreditam que a função de Relações Públicas deve
ser considerada como função que trabalha no interesse público no sentido de tornar a justiça
acessível a todos do ponto de vista dos seus direitos e não apenas dos seus deveres. Os
actores envolvidos na comunicação da justiça são antes de mais actores-chave para a
mudança social ao adoptarem como missão permitir aos cidadãos um maior acesso à
informação e à compreensibilidade de questões jurídicas.

De forma concreta, as relações públicas agem sobre a compreensão do papel dos diferentes
actores do processo da justiça e sobre as modificações necessárias para os cidadãos se
tornarem actores de comportamentos mais justos quer por se recusarem a legitimar os
julgamentos em praça pública, por agirem no estrito cumprimento e respeito pela lei ou por
advogarem em favor da mudança de leis injustas. Entre os seus objectivos concretos, as
relações públicas podem:

• Ajudar a uma melhor compreensão do contexto da comunicação da justiça, sobretudo


da envolvente legal e processual a que a justiça está sujeita.

• Ajudar as organizações a utilizar de forma criteriosa as suas funções de reserva


selectiva ou publicitação, mantendo o compromisso com o cliente/ empregador a par
do compromisso com a defesa do interesse público.

A par do cumprimento estrito da lei, o profissional de Relações Públicas deve referir-se aos
princípios dos Códigos de Ética como o Código de Lisboa ou o Código de Atenas como
princípios orientadores que consagram a verdade, a credibilidade e a confiança como valores
fundamentais.

Finalmente, os signatários desta carta referiram-se ao papel das associações do sector que,
em conjunto com as instituições de ensino, podem e devem colaborar efectivamente na
difusão destes princípios e na sua transferência para as práticas diárias.

Benfica, 5 de Dezembro de 2007

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