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“É o povo na arte
É a arte no povo
E não o povo na arte
De quem faz arte com o povo.”
(Chico Science & Lúcio Maia)
SUMÁRIO
Índice de Tabelas....................................................................................... 5
Resumo...................................................................................................... 6
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1.Introdução............................................................................................... 7
2. A cultura como identidade de um povo .......................................... 8
2.1 Folkcomunicação................................................................... 8
2.2 A formação cultural de uma região.............................................. 12
2.3 O Histórico dos veículos de comunicação ......................................... 14
2.4 O Jornalismo Cultural................................................................... 15
3. A mídia regional no Alto Tietê e seus produtos................................ 16
4. Considerações Finais.............................................................................. 29
5. Anexos.................................................................................................... 30
6. Referências Bibliográficas...................................................................... 38
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1...................................................................................................... 17
Tabela 2...................................................................................................... 18
Tabela 3...................................................................................................... 19
Tabela 4...................................................................................................... 20
Tabela 5...................................................................................................... 20
Tabela 6..................................................................................................... 21
Tabela 7.................................................................................................... 22
Tabela 8.................................................................................................... 24
Tabela 9.................................................................................................... 26
Tabela 10.................................................................................................. 27
Tabela 11.................................................................................................. 28
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Resumo
1. Introdução
Este trabalho tem como tema “A representatividade da cultura popular na mídia regional
Diário do Alto Tietê e TV Diário”. Debruçamo-nos sobre a representatividade da cultura popular
em meios de comunicação da região do Alto Tietê por entendermos que a relação folclore e a
mass media encontra-se no âmago de algumas questões fundamentais para a Comunicação Social
em sua contemporaneidade. Vivenciamos um momento onde a presentificação da notícia, ou seja,
o aqui e o agora encontra-se na ordem do dia dos programas jornalísticos, sendo estes balizados
pelos números da audiência que instantaneamente são atualizados em pleno estúdio e ao vivo.
Num outro extremo, temos agentes populares que cultivam manifestações que comunicam o seu
ethos social, através das artes populares e técnicas tradicionais que sintetizam o nosso folclore.
Esta análise quantitativa e classificatória propiciará também contato com o perfil ou perfis do
jornalismo praticado na região, qual o tipo de abordagem e o aprofundamento com que se trata
este assunto. Os objetos são uma TV afiliada de uma emissora com projeção nacional e um jornal
diário impresso de um grupo tradicional em comunicação nesta região.
Esta é pesquisa hipotética-indutiva, pois parte da análise quantitativa e classificatória dos
objetos.
Os métodos mais adequados para essa pesquisa são: o exploratório, por sua flexibilidade
em agrupar vários tipos de captação de informação; o descritivo, pois determina o papel de cada
elemento dentro da pesquisa, favorecendo a análise das variáveis e o explicativo, fornecendo
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2.1 Folkcomunicação
Debruçando-se sobre três matrizes étnicas componentes ele nos conta que “[...] a
sociedade brasileira assumiu diversas formas, variantes no tempo e no espaço, como modos
sucessivos de ajustamento a distintos imperativos externos e a diferentes condições econômicas e
ecológicas regionais. No primeiro caso moeu e fundiu as matrizes originais indígena, negra e
européia em uma identidade étnica nova, pela via evolutiva da atualização e incorporação
histórica, que foi o caminho comum de formação dos povos novos das Américas” (Ribeiro 2006).
Fica claro, a partir desse processo de amálgama contínuo, fundamento da nossa sociedade,
que rege as nossas relações sócio-culturais e as transformam nesse painel onde prolifera toda
sorte de manifestações artísticas e populares. O autor nos provoca “A camada senhorial, integrada
pelo patronato de empresários e pelo patriciado de clérigos e burocratas civis e militares todos
eles urbanos, integra a sociedade total como um de seus elementos constitutivos, mas opera como
uma parcela diferenciada no plano cultural, tanto na cultura vulgar da cidade como do campo.
Participando embora, de folguedos populares, por exemplo, o faziam antes como
patrocinadores do que como integrantes em comunhão funcional com as crenças populares. Na
verdade, essa camada senhorial constitui um círculo fechado de convívio eurocêntrico, que mais
cultua a moda que seus próprios valores hauridos no acesso metropolitano, onde bem ou mal se
faz herdeira da literatura, da música, das artes gráficas e plásticas, bem como outras formas
eruditas de expressão de uma cultura que, apesar de alheia passaria a ser a sua própria“. E ele
desfecha nos introduzindo ao cerne deste trabalho: “Todo esse processo se agrava, movido em
nossos dias pela prodigiosa da indústria cultural que, através do rádio, do cinema, da televisão e
de inúmeros outros meios de comunicação cultural, ameaça tornar ainda mais obsoleta a cultura
brasileira para nos impor a massa de bens culturais e respectivas condutas que dominam o mundo
inteiro. Nós que sempre fomos criativos nas artes populares e de tudo que estivesse ao alcance do
povo-massa, nos vemos hoje mais ameaçados do que nunca de perder essa criatividade em
beneficio de uma universalização de qualidade duvidosa” (Ribeiro 2006).
Despedimo-nos aqui de Darcy Ribeiro tendo ele nos suscitado a inquietantemente questão
da indústria cultural, não cita pelo menos nos trechos reproduzidos a ação direta da globalização
em auxiliá-la, mas a descreve nestes mesmos trechos impecavelmente nos induzindo a seguinte
reflexão: Seria possível uma melhor relação entre a cultura popular e os meios de comunicação
de massa difusores de bens simbólicos pífios, que representam nada mais que uma improdutiva
demanda mercadológica? Primeiramente nos diz a professora doutora Luci Bonini que a Indústria
Cultural descrita no ensaio crítico, Dialética do esclarecimento dos pesquisadores frankfurtianos
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Adorno e Horkheimer herdeiros das teorias Marxistas, infunde o individualismo e promove uma
sociedade que prioriza o ter, apoiando-se num maniqueísmo intragável difundido em horário
nobre sob a forma de modismos verbais que fraudam a essência de questões como a secular
desigualdade social brasileira. “Favela do bem” foi o exemplo citado pela nossa preceptora,
porém o adornaríamos - sem nenhum trocadilho - com o trecho da seguinte canção “eu só quero é
ser feliz, andar tranquilamente na favela em que eu nasci e poder me orgulhar ter a consciência
que o pobre tem o seu lugar.” Comentar se faz necessário e Bonini ainda alude à inversão de
valores propiciada por essa mídia; ladrões virando heróis, celebridades instantâneas que nos
fazem lembrar da seguinte frase: “só os medíocres se deixam festejar”, e a nefasta
espetacularização de fatos criminosos, este horror hoje tão comum, talvez não consiga de fato ser
superado e se nos for permitido o depósito de alguma esperança, eis o nosso rogo, porém, esse
cenário é coroado pela vileza da imposição de padrões onde não há representação efetiva dos
opositores e nem mesmo espaço para os feios, deficientes, indesejados ou minorias. O que se
apresenta é uma pasteurização estética em função de uma mídia distorcida essencialmente
proselitista, Keates apontava “a beleza é a verdade a verdade é a beleza”. Desfechando a
professora comenta que atualmente só é visto como “cultura” aquilo que é propalado pela
Indústria Cultural, alertando que certamente saberemos a verdade, dificilmente trabalharemos
com ela.
Retomemos o questionamento sugerido por Ribeiro sobre a globalização e o seu auxílio à
Indústria Cultural onde o professor e historiador Mário Sérgio de Moraes nos explica que em seu
atual estágio nunca o capitalismo fora tão capitalismo tendo a sua representação mais vivaz na
maneira diferente de acumulo do capital, pois ele não vive mais do trabalho e sim de um mercado
financeiro especulativo, este se mostra fundamentalmente internacional e desconhece a
autonomia dos paises com as suas inexpugnáveis transnacionais. E são muitas as novidades
geradas por essa sociedade do computador dentre elas a priorização da informação em detrimento
ao conhecimento, Moraes ressalta ainda que temos uma cultura de legenda, apenas voltada para a
superfície dos fatos noticiados, ficando perigosamente expostos no campo da manipulação onde
as imagens que exercem importante influencia sobre a nossa realidade, só que a imagem não é a
realidade e sim apenas a representação desta.
Quem ventila “uma outra globalização” é outro brasileiro cônscio de seu papel social, o geógrafo
Milton Santos, ele, valendo-se, de Ortega y Gasset em la rebelion de las masas de 1937, nos diz
que sendo a base da globalização perversa a unicidade técnica -esta servindo evidentemente a
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classe dominante- ainda assim essa mesma unicidade técnica poderia servir a outros objetivos, se
posta a atender outros fundamentos sociais e políticos. Preconizando indicativos de uma nova
história, que se apresentou na reconfiguração geopolítica mundial no final do século XX, Santos
afirma algo que em primeiro contato parece-nos contraditório, a produção de uma população
diversificada, racial, cultural, filosoficamente, mesmo esta, aglomerada em áreas cada vez
menores em todos os continentes, permitiria um maior dinamismo em suas relações, graças aos
progressos da informação e a mistura de idéias; apresentar-se-ia nesse contexto a
sociodiversidade muito mais importante no nosso processo histórico que a própria biodiversidade
e o mais contundente seria a emergência de uma cultura popular apoderando-se de meios técnicos
outrora exclusivos da cultura de massa. Santos fala aqui em revanche e até em vingança para
salientar a perspectiva de tamanho feito, dessas classes tidas como subalternas em relação aos
senhores dos meios de produção cultural.
Deparamo-nos iniciados, ou melhor, iniciandos, nos estudos dos processos comunicacionais com
o universo arrebatador de Luiz Beltrão denominado por ele folkcomunicação: que trata da
mediação entre o popular (folk) e o mercado onde os bens culturais são midiatizados pelo
massivo, este massivo midiático comunicacional; que segundo a Professora Doutora Cristina
Schmidt, está inserido no atual contexto da revolução digital, que sobrepuja em importância a
industrial, pois ela traz o conhecimento como a sua principal característica. Lidamos agora com
os desafios da “Sociedade do Conhecimento”, que promove em nível global uma conectividade
sem precedentes na história, nos é reclamado então, por sua própria natureza tecnológica, que
nos tornemos indivíduos capazes de reconhecer esses novos caminhos por onde transitam a
informação; esta que oportunamente se desprende em todo esse processo, das hegemônicas
versões verticais ideologizadas ou ideologizantes para se refugia num outro ambiente muito mais
amistoso, sobretudo no que tange a interatividade promovendo - em contraposição - a
horizontalização do processo informativo, este que se dá de forma mais solidária congregando as
diversidades e diversificando aquilo que é local. Neste contexto contribui não apenas a
informática o estudo da Folkcomunicação nos ensina, que são suportes para a divulgação das
idéias e das mensagens de determinadas comunidades, a sua própria manifestação em si: a dança
dos B. Boys, a poesia rimada de improviso dos Happers e mesmo o grafite, portam informações
detalhadas de posturas e filosofias que atraem simpatia ou se chocam com aqueles que tomam
contato. Isto é a Folkmídia que lega aos populares também a comunicação com arte, favorecendo
sobejamente a compreensão e identificação do que é cultura popular em seus diversos
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desdobramentos. Seguimos com Beltrão para afirmar que ele é um verdadeiro instigador da
pesquisa dos processos comunicacionais em nosso país, modulando a sua distinta verve para nos
transmitir o quão relevante é cuidarmos do privilegio da dinâmica de tantas expressões culturais
presentes apenas em nosso quotidiano, torna-se dever enquanto comunicólogos conhecê-lo,
difundi-lo e discuti-lo.
2.2 A formação cultural de uma região
Defendido pelo notório historiador mogiano Isaac Grinberg (1979), como povoador
daquela que se chamou villa de Sant'anna e esta que teve a sua emancipação reconhecida no
despacho de Don Luis de Souza Governador Geral de São Paulo aos 17 de Agosto de 1611,
Gaspar Vaz que viria a ser o capitão da ditosa e - por ocasião da cerimônia de sua elevação á I de
Setembro daquele corrente ano - festiva, via junto ao pelourinho, indispensável para aquela
ocasião tanto quanto a cadeia e a capela, um importante e conseqüente passo que o auxiliaria na
consecução do mandato outorgado uma década antes por Don Francisco de Souza, pai do
despachante, que falecera pouco antes do desfecho destes relevantes acontecimentos. Por aquela
época sumira da documentação municipal paulistana uma destacada figura que chegara a
almocete e juiz, para desempenhar fundamental empreitada: abrir estrada entre São Paulo e o que
mais tarde seria Mogi das Cruzes; este intento nascido na convicção de Don Francisco das
riquezas minerais brasileirasrefratava as bandeiras de André de Leão e de Nicolau Barreto
rechaçadas violentissimamente pelos Tamoios da Paraíba, que deparados com os invasores,
segundo Grinberg (1979), fustigaram até mesmo as muralhas que protegiam os paulistas. As
motivações para o feito de Vaz e os que o acompanhavam premia pela possibilidade de serem
proprietários das terras, a crença pungente que este novo núcleo localizava-se no ambicionada
“Caminho das Minas” e a estratégica proximidade com o litoral. No decorrer de sua história esta
região desbravada por Bandeirantes tornou-se cafeeira e escravocrata amalgamando fazendeiros
donos de muitas terras, o catolicismo emblemático do colonizador português ressalte-se aqui a
presença dos da Ordem Carmelita desde Mogi ainda Vila, Grimberg(1979), o elemento africano
desnaturalizado violentamente que resistia em suas Senzalas como afirma o Professor Josemir
Campos em interessante versão para A festa do Divino em suas manifestações tradicionais: “ Por
ocasião da Festa do Divino Espírito Santo existiam duas manifestações a Cavalhada que veio de
Portugal junto com a própria festa, que era tão somente a representação das batalhas entre
Mouros e Cristão da península Ibérica e sem dúvida pertenciam a elite aqui existente de senhores
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Este trabalho analisou dois veículos de comunicação da região o Diário do Alto Tietê
(DAT) e a TV Diário.
O Diário do Alto Tietê é um jornal do grupo Mogi News, que circula diariamente (exceto
às segundas-feiras) nas 10 cidades da região do Alto Tietê. Com 66 mil leitores diários e com
tiragem de 16 mil exemplares o DAT circulou pela primeira vez no dia 7 de Março de 2006 e
reúne em suas páginas um mix de informações sobre trabalho e emprego, cultura, comércio e
indústria, segurança, transporte e habitação com o objetivo de mostrar de forma dinâmica todas
as versões que envolvem os acontecimentos mais importantes
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Valéria Siguinolfi
E a região do Alto Tietê tem todos esses requisitos principalmente na cultura nas
palavras de Valéria é possível medir a importância da cultura na consolidação da TV Diário:
“aqui na região a cultura popular é muito forte são cidades muito antigas que têm muitas coisas
tradicionais e também muitas misturas uma das maiores representações sem dúvida é a Festa do
Divino”.
esse gênero pode agregar aspectos históricos sobre determinado tema, contextualização, além de
permitir ao leitor conhecer determinado bem cultural e algumas de suas peculiaridades.
Todavia, a consolidação hegemônica da indústria cultural fez corroborar uma prática de
jornalismo cultural caracterizada pelo servilismo aos anseios mercadológicos. A imediaticidade
(delineada, mormente, pela cobertura em que o elemento basilar é a efeméride) oblitera a
diversidade intrínseca à cultura. No regime de comunicação midiática em vigor, prepondera a
homogeneização das manifestações de cultura, em detrimento da variedade.
Outro ponto relevante correlacionado a essa modalidade jornalística é a definição do que é
cultura e de que maneira o profissional abordará a questão: ele interpretará ou explicará a obra?
Caso a primeira opção seja a implementada, há o risco da deturpação do conteúdo, pois juízos de
valor poderão corromper o significado genuíno do bem cultural.
É patente a sucumbência das pautas ao fenômeno da “ibopização”, por conseguinte, é
comum jornalistas defrontarem-se com um antagonismo oriundo da mercantilização de cultura,
isto é, a cultura de massa: devem-se priorizar os valores culturais ou de mercado? Parece que o
jornalismo cultural está contaminado por uma visão reducionista e espúria, a qual não reputa a
identidade e a legitimidade de um bem cultural, simplificando-o a um mero produto comercial.
região. Por conseguinte, a cobertura sobre cultura neste mês foi mais expressiva, ainda que com
poucas matérias sobre o evento no DAT, como se pode verificar nas tabelas a seguir.
Por ser ano do centenário da imigração japonesa, nota-se na tabela a presença do Nikkey News
(um suplemento do jornal Diário do Alto Tietê sobre a cultura nipônica). Essa mais uma
evidência da presença do conceito efeméride e da superficialidade na abordagem do tema, em
decorrência do fenômeno da presentificação, o que, por sua vez, acarreta na formação de
telespectadores e leitores acríticos. “Se o Povo não tem formação cultural satisfatória, não terá
consciência crítica para combater e descartar o que lhe apresentam[....]” (Bonini 2008).
Na segunda quinzena do mês de maio, nota-se uma queda abrupta na quantidade de
matérias sobre cultura, com a presença de apenas uma reportagem com tais características, como
fica visível na tabela seguinte.
Esta tendência de queda permanece nas duas próximas tabelas, com o jornal apenas
divulgando festas e shows e mais uma vez através do suplemento Nikkey News, divulgando a
cultura nipônica.
O Jornal, porém, faz apenas a divulgação de eventos como a expo100 (em
comemoração ao centenário da imigração Japonesa no Brasil), sem pormenorizar os elementos
que constituem a cultura do Japão, privando seus leitores de um conhecimento mais aprofundado
sobre o tema.
Esta tabela mostra a patente diminuição das coberturas culturais conforme ocorre o
distanciamento das efemérides, o que corrobora a preponderância da mentalidade sazonal do
DAT.
Tabela 5- 1ª quinzena de julho-DAT
Data Matéria Página Espaço
1/7/2008 n/c n/c n/c
2/7/2008 n/c n/c n/c
3/7/2008 n/c n/c n/c
4/7/2008 Demonios da Garoa 5 126 cm²
inauguram centro
cultural
5/7/2008 n/c n/c n/c
6/7/2008 n/c n/c n/c
8/7/2008 n/c n/c n/c
9/7/2008 Imigração Japonesa 4 1950 cm²
10/7/2008 Dia da pizza 6 997,5cm²
11/7/2008 n/c n/c n/c
12/7/2008 Presidente do Bunkyo 7 885,5 cm²
espera 25 mim pessoas
na festa da cerejeira
13/7/2008 n/c n/c n/c
15/7/2008 n/c n/c n/c
Esta tabela demonstra o mais uma vez o vonceito efemérides presente no jornal já que as
matérias são sempre em alusão a algum dia de comemoração ou então para divulgação de algum
evento sem se aprofundar na questão cultural
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Na 2ª quinzena não houve acorrencia de matérias logo a respectiva tabela não se encontra
presente
Nesta primeira tabela da TV no mês de maio nota-se a grande presença da festa do divino espírito
santo uma festa muito tradicional na região porém as matérias não se aprofundam muito no
contexto cultural da festa.
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A segunda quinzena do mês de Maio a virada cultural ganha destaque com participações de
Mateus Sartori divulgando o evento
A matéria sobre o hiip-hop do dia 13/6/2008 destaca-se por ser a única vez em que realmente
foram citados elementos verdadeiramente da cultura popular mesmo o foco da matéria tenha sido
outro
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A segunda quinzena de Junho é marcada ainda pelo contexto do centenário de imigração japonesa
Na matéria do dia 25/6/2008 temos uma mostra de como acontece a miscigenação da cultura
brasileira que foi citada por Darcy Ribeiro quando é mostrada os gatos da sorte japoneses ícones
da cultura oriental junto com a padroeira do Brasil Nossa Senhora Aparecida típica da nossa
cultura popular e como a mídia se apropriou dessa miscigenação
Na primeira quinzena nota-se uma queda brusca nas matérias sobre cultura que ficam restritas
apenas as agendas culturais de cada dia
4. Considerações finais
veículos analisados, tanto o impresso quanto o televisivo, que ao cobrirem festividades religiosas
-comuns em toda região- priorizam a divulgação do evento em si e a sua importância
mercadológica, e não o aprofundamento dos elementos culturais populares que os compõem.
Fora desta sazonalidade a cobertura das expressões artísticas populares surgem apenas em datas
específicas ou em fóruns ligados a alguma municipalidade.Notamos também o desconhecimento
por parte do veículos do que realmente é considerada cultura popular o que leva o seus
consumidores a não ter a informação correta evitando assim a formação de um censo critico mais
apurado
5. Anexos
A arte popular vem das tradições folclóricas do interior e do litoral brasileiro. Ela se caracteriza
como popular, mais pelos costumes, tradições, mitos e lendas que nascem, com raízes ingênuas e
caipiras do cotidiano e do imaginário popular.
Vem sempre ornada de formas e expressões simples em sua leitura estética devido à formação
primitivamente ingênua de seus criadores autodidatas. Em nível nacional podemos citar alguns
exemplos como, os bonecos gigantes do carnaval de rua de Olinda, as carrancas dos artesões das
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margens do Rio São Francisco, as peças em barro de Mestre Vitalino. Podemos classificar nessa
categoria popular, as cantigas improvisadas dos repentistas do nordeste, a literatura de cordel, as
xilogravuras com traços ingênuos, as pinturas primitivistas de caráter bem ingênuos; além das
danças e festas religiosas de características folclóricas, como as festas juninas (de São João), a
Festa do Divino, as Congadas e Marujadas, os Folguedos de Moçambique e o tradicional Bumba-
meu-boi.
Temos também as danças e artes marciais como; a capoeira, a Timbalada, o frevo, a ciranda, o
maracatu, o xaxado, etc.
Aqui no sul e sudeste temos a música caipira tradicional de raízes em São Paulo e Paraná e Minas
Gerais especialmente, as do Vale do Jequitinhonha.
Alguns grupos de música considerados de cultura popular do nordeste são: Banda de Pífanos de
Caruaru, Banda de Pau e de Corda, Quinteto Violado, Quinteto A*, além dos cantadores*, Téo
Azevedo, Xangai, Elomar, Vital Faria que fazem um trabalho nativista com raízes e instrumentos
renascentistas e medievais. Isso tudo e enquadra nos padrões convencionais das chamadas arte
popular. São, apenas alguns casos citados entre os mais conhecidos do Brasil.
Nos seus mais diversos elementos lingüísticos de tradição primitivamente ingênuos, a arte
popular se incorpora no mundo gestual embrionário de formação da identidade cultural de cada
povo ao redor do mundo, seja ele de aspecto tribal nativo, ou seja ele de formação “civilizada”
como nação politicamente estruturada. É dessa cultura popular que se formou desde os
primórdios à história da civilização.
Folclore de Mogi das cruzes - Isaac Grinberg - (1983)
Publicado no início da década de 1980 este livro com 146 paginas, cuida das manifestações de
cultura popular em Mogi das Cruzes, o autor nos introduz ao assunto definindo o termo folclore
atribuindo-o ao arqueólogo inglês William John Thoms. Este nascido ao principiar o século 17
interessou-se desde muito moço pelo estudo das tradições populares inglesas e editou por pouco
mais de vinte anos entre 1849-1872 a revista “Notas e Perguntas” destinada à discussão e difusão
do tema, logo depois e em outra revista, Thoms sugeriu a adoção do termo Folclore enquanto
pedia para aquela apoio para a realização de levantamento de dados sobre usos, tradições, lendas
e baladas regionais de todo o seu país. Entretanto oficializou-se a palavra em 1878 quando criada
a Sociedade de Folclore em Londres, importante salientarmos que tinha por objetivo a
conservação e a publicação das tradições populares, baladas lendárias, provérbios locais, ditos
vulgares, superstições e antigos costumes e as demais matéria concernentes. Grinberg ainda nesta
fase recorre à Rossini Tavares de Lima que alega “ o Folclore estuda a cultura como
manifestação do sentir, pensar, agir e reagir do homem de uma sociedade” e nos explica que
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enquanto “ a cultura erudita procede do ensinamento direto ministrado através das organizações
intelectuais, universidades, escolas, igrejas, imprensa, cinema”, a cultura espontânea é aprendida
de maneira informal na vivência do homem com o seu semelhante do nascimento à morte”. O
autor deixa claro ainda o caráter ilimitado do Folclore afirmando que este não se limita,
sobretudo nesta cidade, as Congadas ou Moçambiques as quais imediatamente nos remetemos ao
tratarmos deste assunto e descreve como tal a linguagem falada ou gestual própria de
determinadas comunidades, exemplifica as locuções consagradas pelo uso ou frases feitas, assim
como as inscrições nos para-choques, apelidos, adivinhas, travalínguas e réplicas explicando
didaticamente cada uma delas; acrescenta-se neste universo as brincadeira de criança
devidamente enumeradas e descritas assim como as cantorias que as animavam e ordenavam. O
historiador lembra-se dos tempos de outrora quando ele próprio se divertia nas tranqüilas ruas de
uma Mogi saudosa, e mesmo quando homem feito testemunhou essas mesmas brincadeiras numa
cidade que começava inexoravelmente a se emancipar, guardando porém, espaço para os
pequenos comungarem a sua infância, desde após a janta e jantava-se cedo, por volta das 18
horas até pouco antes das 22 horas quando incontinentes os pais ordenavam que se recolhessem.
Ele aventa ainda por ocasião da época em que escreve 1983, a implacável invasão de jogos
eletrônicos afastando as brincadeiras da ordem do dia infantil, eu que coincidentemente tinha 11
anos me recordo que estes jogos tinham ainda um caráter coletivo, pois num quarteirão ou dois
somente uma criança tinha tal brinquedo o que agregava a todos que por ali se conheciam,
sobremodo, não demorava muito a novidade esmaecer e voltávamos a ciranda de roda, estilingue,
cabra-cega ou taco, vale o registro, em ruas sem asfalto e nem com excessivo movimento. Cabe
continuar este diálogo com o autor citando o ambiente definitivamente opressivo dos tempos
atuais e a excessiva individualidade dos agora pré-adolescentes com seus celulares que embutem
toda sorte de funcionalidade. Voltando ao conteúdo do livro que está disposto em capítulos
verificamos a sua objetividade em textos organizados de maneira a nos iniciar na compreensão e
identificação dos elementos que compõem o folclore, estes sempre em franco desenvolvimento.
Ressalto o capítulo 10 Pesquisa Folclórica onde há dicas para se obter os melhores resultados
nesse intento, desde o método a ser utilizado até a postura para melhor coleta das informações.
Os capítulos se debruçam ainda sobre as lendas de Mogi das Cruzes como as da Escada, das
Cruzes, de Santo Ângelo, a do escravo Sebastião, da Biquinha entre outras. Superstições e
Crendices é um capítulo complementar assim como os que versam sobre a medicina e a culinária
folclórica e aquele que define claramente Congada, Moçambique e Marujada o desfecho do livro
faz o mesmo com a indispensável Festa do Divino e apresenta por fim os festeiros e capitães de
mastro desde 1919 até o ano de sua publicação.
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temas anteriormente repisados pelo preconceito como a própria história do nosso país, a proposta
do O povo brasileiro revigora o desejo em repensarmos o que chamamos civilização.
Emtrevista: Sidnéia dos Santos Queiros
Capitã do Batalhão de Congada Nossa Senhora Aparecida
“ O batalhão representa uma dança africana e o nosso foi funda em 11 de novenbro de 2004. Tem
4 anos que estaos com a congada. E a congada em minha vida vem de geração em geração,
primeiro minha avó depois minha mãe e eu desde criança. N acongada tem vários instrumentos,
caixa de guia, ciaxa dse centro, tarol eos bastões. Tem também o rei-congo as rainhas e as
princesas. A letra já vem de origem, mas tem composição nova eu mesma fiz uma que é um
dobrado”:
Eu pisei no mar devagarinho
Eu pisei no mar devagarinho
Eu vi marinheiro remando sozinho
Eu vi marinheiro remando sozinho
“ E tem uma tradicional que o salve Rainha”:
Salve rainha mãe de misericórdia
Salve rainha mãe de misericórdia
Maria mãe de Deus rogai por nós
Maria mãe de Deus rogai por nós
moçambique, marujada, vieram da Angola, assim como o jongo e o candombé todos mexem com
espiritualidade. E eu quero cantar uma cantiga que meu pai cantava para o avô dele”:
Santa Efigênia tá contente nessa bandeira
Santa Efigênia tá contente nessa bandeira
Oi, viva o Passarinho já foi dono dessa bandeira
Oi, viva o Passarinho já foi dono dessa Bandeira
-“ Hoje eu canto assim em memória do meu pai”:
Santa Efigênia tá contente nessa bandeira
Santa Efigênia tá contente nessa bandeira
Oi, viva o Zé Baiano já foi dono dessa bandeira
Oi, viva o Zé Baiano já foi dono dessa Bandeira
-” Eu participo do Moçambique desde 1987 quando me convidaram para dançar, lembro que da
primeira vez eu não fui, porque fiquei meio acanhado, com vergonha. Mas o pessoal insistiu e
minha mãe ligou essa dança com uma promessa que ela tinha feito e não foi cumprida, dai'o
mesmo mestre me chamou então eu fui. E é uma dança religiosa que me fez muito bem, todos os
pedidos que eu fiz foram atendidos, por isso eu sou muito agradecido a esse mestre que me
chamou para o Moçambique e também ao falecido mestre orlando já falecido que tocava o grupo
dele na mesma capela que a nossa da Santa Cruz do Botujuru. E nós continuamos nessa mesma
luta participando da festa do Divino, é bom porque os grupos folclóricos cantam invocando o
nome de Deus e se vocês quiserem eu canto um ramo para vocês”:
A dança do Moçambique é do tempo do cativeiro
A dança do Moçambique é do tempo do cativeiro
É a religião católica do folclore brasileiro
É a religião católica do folclore brasileiro
-” E eu gostaria de deixar um pedido para os mais jovens, para eles procurarem os mestres de
dança folclórica porque além de ser uma dança é uma cultura, não é para ter vergonha tem que
participar mesmo, pois é muito bom! Hoje a gente vai para as festas como a do Divino e os
mestres ficam preocupados se vai fazer feio pelo número reduzido de participantes, mas eu digo
derrepente vem uma luz divina que diz: “Se com 20 a gente faz bonito, se for com 4 a gente faz
bonito do mesmo jeito!”
6. Referências bibliográficas
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BASSOS, Eliane Fátima Corsi. Jornalismo cultural: campo de produção e prática profissional
.Disponível:http://www.cultura.gov.br/programas_e_acoes/cultura_e_pensamento/acervo/textos/i
ndex.php?p=31516&more=1. Acesso dia: 28 Set 2008;
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