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APRESENTAÇÃO 17
O PAÍS SOCIOECONÓMICO
TEMPO DE TURISMO
Terminada a II Guerra Mundial e a favor de uma considerável evolução
social e nos meios de transporte, iniciou-se um movimento de massas,
aparentemente imparável, desejosas de conhecer novos lugares e novas
gentes. Poucos locais no mundo escapam a esta apetência. Portugal possui
excelentes condições para as actividades do turismo e lazer graças à sua
grande diversidade paisagística – que possibilita a satisfação de um vasto
leque de motivações num pequeno espaço geográfico – ao clima ameno
e também à estabilidade social que, no mundo actual, é um factor cada vez
mais relevante na escolha dos destinos turísticos.
Milhares de euros
7 000 000
6 000 000
5 000 000
4 000 000
3 000 000
2 000 000
1 000 000
0
1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001* 2002* 2003*
O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Tempo de turismo
%
%
60
40 50
20 40
5 30
1 20
0 25 50 km
O turismo balnear
A procura turística em Portugal continental concentra-se como zonas balneares no Continente, Açores e Madeira, 365
em duas regiões determinantes – Algarve e Lisboa. Fora des- praias, 162 das quais distinguidas com bandeiras azuis. Um
te território, a ilha da Madeira tem no turismo o principal reflexo da importância dada a este recurso é o investimento que
suporte da sua economia, graças a uma imagem de qualidade tem sido feito ano após ano na sua qualificação e que no ime-
já consolidada, ao clima ameno ao longo do ano e à excelên- diato se traduz pela atribuição deste galardão, que demonstra
cia da sua qualidade paisagística, onde importa destacar os não só uma exigência em termos de qualidade mas também a
valores naturais. No seu conjunto, estas três áreas reúnem atenção concedida a aspectos ligados à educação ambiental.
mais de 2/3 da capacidade de alojamento nacional, com des- A aposta no turismo balnear tem vindo a modificar por
taque para a Madeira que, em 2002, registou a mais elevada completo a região do Algarve, que concentra uma grande par-
taxa de ocupação dos estabelecimentos hoteleiros a nível te da oferta e procura turística do nosso país e se mantém, até
nacional e um dos maiores valores em relação à estadia média hoje, como o principal destino estival para os portugueses e
de turistas. O seu parque hoteleiro destaca-se pela grande para os turistas estrangeiros provenientes maioritariamente
qualificação e pelo correspondente volume de receitas que é de vários países europeus. Esta situação, que foi responsável
capaz de gerar, independentemente da sazonalidade. por um forte dinamismo económico na região, teve como
A estes valores deve ainda ser acrescentada a oferta dos contrapartida problemas graves de ordenamento territorial,
parques de campismo, que concentram grande parte dos seus fruto de uma construção desenfreada, pouco planeada e que
quase 168 000 lugares disponíveis na faixa litoral, reforçando se traduziu numa grave descaracterização da paisagem, com a
a dependência do turismo balnear. evidente perda de qualidade ambiental que, actualmente,
O turismo balnear, o mais antigo e ainda o mais procurado também é responsável pelo declínio do poder de atracção
dos nossos produtos turísticos, aproveita uma extensa linha de turística que esta região começa a demonstrar, muito embora
costa onde estão registados mais de 500 locais identificados continue sendo o principal destino turístico português, e tenha
como praias. Deste universo, em 2004, foram consideradas mais de quatro dezenas de praias a hastear a bandeira azul.
O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Tempo de turismo
Capacidade
30 000
Nº de dias 15 000
10 000
6 2 000
4 1 000
2
Número
23
Média nacional: 3,2 10
1
0 25 50 km
Novos produtos
A actividade turística em Portugal estende-se para além do O golfe é um dos novos produtos que embora ainda se con-
Algarve e do fenómeno balnear, uma vez que existem regiões centre em maior número nas regiões tradicionalmente turísticas
que se destacam em segmentos específicos. – como o Algarve, Lisboa e Madeira – tem vindo a merecer
A região da Grande Lisboa é um bom exemplo, pois apro- alguma descentralização. Esta realidade permite, simulta-
veita o facto de ser a cidade capital, ganhando uma crescente neamente, tirar melhor partido das condições climáticas do
notoriedade através da organização de reuniões, congressos, território português e da existência de um parque hoteleiro
acontecimentos desportivos e outros eventos internacionais de qualificado, atraindo turistas com maior poder de compra e
relevo, como foi o caso da Lisboa Capital Europeia da Cultura com tempos de permanência mais longos. Por tudo isto, é de
em 1994, da Exposição Mundial de 1998 – Expo'98 – e de um esperar que o golfe venha a ter um papel de maior destaque no
papel de destaque durante o Campeonato Europeu de Futebol turismo nacional, não sendo de recear a sua competição com
de 2004. O património cultural e histórico da cidade e a sua outros destinos e actividades.
situação geográfica privilegiada também têm contribuído para O termalismo é outro produto turístico que também come-
que um número crescente de navios de cruzeiro faça escala no ça a ganhar um maior destaque no panorama português. Até
Porto de Lisboa. há relativamente pouco tempo, e não obstante os estabeleci-
A procura de novos produtos turísticos – como o golfe, o mentos hoteleiros de qualidade que lhe estavam afectos, o
turismo de natureza ou o rural – impõe-se como uma das prin- termalismo era associado a doenças e a estratos etários mais
cipais medidas para diminuir a excessiva dependência do turismo elevados. Na sequência de novos hábitos de consumo e do
balnear e para permitir taxas de ocupação em estabelecimentos avanço da medicina, esta opção terapêutica começou a perder
hoteleiros mais constantes. À excepção da Madeira, Algarve, importância, o que se reflectiu na perda de clientes, de recei-
Grande Lisboa e Açores, os valores das taxas de ocupação dos alo- tas e na consequente degradação dos equipamentos.
jamentos turísticos no restante território nacional podem ser con- Esta fase parece ter sido ultrapassada, assistindo-se actual-
siderados fracos, na medida em que se situam abaixo dos 40%. mente a um novo vigor no desenvolvimento do termalismo
O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Tempo de turismo
O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Tempo de turismo
Praias com Bandeira Azul, 2004 Concelhos com estabelecimentos termais, 2002
Capacidade de alojamento
884
600
400
200
100
Segredo estatístico
Número de estabelecimentos
95
25
1
N
0 25 50 km
O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Tempo de turismo
N
Um sector estratégico de futuro 0 25 50 km
O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Tempo de turismo
O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Tempo de turismo
Entrada de turistas em Portugal, 1967/2000 Evolução dos principais países Principais origens dos turistas
de origem de turistas, 1984/2002 entrados em Portugal, 2002
mais de 11 milhões em 2002. Estes números são o reflexo de privilegia o lazer e as viagens, transformando os espaços em
um processo que ainda mantém a sua principal aposta no espectáculos para consumo turístico, torna-se cada vez mais
turismo balnear mas que começa já a dar passos significativos evidente a necessidade de Portugal se abrir a novos mercados
noutros produtos turísticos que urge desenvolver, na medida e de apostar mais fortemente na promoção de produtos de
em que as quebras sentidas neste sector nos últimos anos excepção. Entretanto, também é urgente trabalhar melhor no
também se devem ao surgimento de novos destinos interna- campo da formação profissional para se atingirem melhores
cionais mais competitivos. padrões de qualidade.
O facto do turismo balnear permanecer como o principal O facto do sector turístico se encontrar sujeito a uma cons-
produto turístico em Portugal, e a sua incapacidade para esca- tante e crescente competitividade, torna-o o alvo da necessida-
par à condicionante sazonal, representa uma importante fragi- de de investimentos constantes de forma a permitir a inovação
lidade deste sector, que conduz simultaneamente à excessiva e a atracção evitando o declínio. A possibilidade ganha por
concentração regional do fenómeno, como demonstra o Algar- Portugal de organizar eventos de grande visibilidade como foi
ve. Entretanto, outra fragilidade importa apontar ao sector o caso da Expo'98 e do Euro2004, representou uma excelente
turístico português: a excessiva concentração da sua procura oportunidade de promoção turística de um país que, cada vez
turística num número reduzido de mercados. Portugal é um mais, procura a notoriedade através da dinamização e da con-
destino turístico procurado essencialmente por europeus (em solidação do sector turístico. Entretanto, também importará
2002, mais de 80% dos turistas estrangeiros eram oriundos de ter em conta que esta notoriedade depende bastante do espa-
5 países europeus), sendo metade provenientes de Espanha. ço, não só em termos de qualidades turísticas mas também de
Perante o reconhecimento do turismo como um dos mais equilíbrio e respeito pelo ambiente e pelas necessárias regras
importantes recursos económicos nacionais, num tempo que de construção e utilização.