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Escola Secundária de Raul Proença

Departamento de Matemática e Ciências Experimentais

Passados dois meses do início deste ano lectivo é fácil constatar a


situação de tensão, cansaço, desânimo, desmotivação, em que todos nos
encontramos.

o Ao número de horas de permanência obrigatória na escola em que, para


além do nosso serviço lectivo, na prática muitas das horas ditas "da
componente não lectiva de estabelecimento" são, de facto, de contacto
directo com os alunos, seja em substituições, seja em horas de apoios
em que praticamos um ensino individualizado, e, por isso, não menos
exigente, acresce o dar cumprimento a toda a nova legislação que,
desde o ano lectivo transacto passou a ser aplicável às nossas escolas.

o Referimo-nos em particular, ao novo Modelo de Gestão, ao Estatuto do


Aluno e ao novo Regime de Avaliação dos Docentes.

o Tudo isso tem correspondido a um número incontável de horas em que


os grupos disciplinares, os departamentos, os grupos de trabalho
constituídos para o efeito, os professores individualmente, procuram
descodificar a legislação, adaptá-la à escola, elaborar novos
documentos e regulamentos, sejam os relativos ao regime de faltas dos
alunos, às alterações ao regulamento interno e ao projecto educativo,
a elaborar grelhas e fichas para a avaliação dos professores, etc,
etc, ..

o Acresce a isto o facto de estarmos constantemente perante


esclarecimentos, informações, recomendações, que se contradizem e mais
nos confundem, mesmo quando provêm de estruturas que, supostamente
estariam em sintonia, como o Conselho Consultivo para a Avaliação dos
Professores, o Conselho de Escolas, o próprio Ministério da Educação.

o Este estado de coisas não pode continuar, pelo respeito que devemos
aos nossos alunos e em defesa da nossa dignidade enquanto
profissionais que têm de ser respeitados e não denegridos
sistematicamente pela tutela, ou mesmo pressionados ilegitimamente,
como começa a suceder a alguns dos nossos colegas dos órgãos de gestão .

o De facto, só quem desconheça por completo o funcionamento das nossas


escolas e a realidade que vivemos, delas apenas tendo a imagem que os
governantes querem fazer passar da nossa classe profissional, pode
supor que as razões do nosso descontentamento residem meramente em
querermos trabalhar pouco ou rejeitarmos ser avaliados. Nem uma coisa
nem outra são verdadeiras.

o Sempre temos sido avaliados em função dos procedimento legais em


vigor ao longo dos tempos; as mudanças, que não rejeitamos, deverão
ser num sentido formativo e não através de um processo burocrático,
excessivo para ser repetido anualmente, que transforma professores em
meros avaliadores de colegas, gerador de profundas injustiças, que
apenas pretende condicionar a nossa progressão e não contribuir
efectivamente para uma melhoria de desempenho.

Até ao momento, o nosso descontentamento perante esta situação não nos


impediu de, embora com prejuízo da nossa vida pessoal e familiar,
continuar a cumprir as nossas tarefas sem consequências para os nossos
alunos.

Somos profissionais responsáveis, exercemos uma profissão de elevado


desgaste físico e psicológico, como é reconhecido pelas organizações
internacionais e, por isso, precisamos ter condições para a desempenhar.

Queremos continuar a ser profissionais exigentes, que privilegiamos a


qualidade do ensino ministrado nas escolas públicas e desejamos um
sucesso autêntico e não apenas estatístico para os nossos alunos.

Por isso, neste momento do ano lectivo, perante a perturbação em que


estamos envolvidos, esgotando as nossas energias em procedimentos
burocráticos em lugar de as dedicarmos ao essencial - a nossa tarefa
de ensinar - , colocamos acima de tudo o interesse dos nossos alunos e
das suas famílias .

Assim, declaramos que :

- Não estamos disponíveis para despender mais tempo com o que


consideramos não ser a nossa tarefa prioritária, pelo que,
relativamente ao processo de avaliação, não iremos proceder à entrega
d os nossos objectivos individuais .

Escola Secundária de Raul Proença, 13 de Novembro de 2008

Foi subscrita por todos os professores do Departamento, com exclusão


do P. do CE que estava em Lx numa reunião c/ os Secretários de Estado
e um colega ausente por doença prolongada

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