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Direcção Regional de
Educação do Centro
C u r s o E FA / S e c u n d á r i o – 2 0 0 8 / 0 9
Critérios de evidência:
• Identificar factores e dinâmicas de globalização.
• Descrever casos de intervenção em escala macro-social.
• (Re)conhecer instâncias supranacionais e formas de participação/intervenção.
Ficha 05 a
Quem não se recorda das manifestações contra a Cimeira de Seatle, em Novembro de 1999, na chamada
"Ronda de Negociações do Milénio" em Doha ou, mais recentemente, nas cimeiras de Génova, em Julho
de 2001?
A uma globalização exclusivamente económica, capitalista, muitos grupos e associações contrapõem antes
uma globalização dos direitos humanos; às reuniões anuais do Fórum Económico Mundial, em Davos (na
Suíça), contrapõem-se encontros do recém-criado Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (no Brasil).
Mesmo os críticos mais moderados, que reconhecem algumas vantagens na globalização para a prosperidade
económica e a criação de riqueza ou para o desenvolvimento acelerado de novas tecnologias de comunicação,
contestam a globalização económica em curso porque o caminho que está a ser percorrido está a conduzir
cada vez mais à não satisfação dos objectivos da equidade social.
A completa liberalização dos movimentos de capital, sem poder de intervenção por parte dos Estados e sem
mecanismos compensatórios que prevejam e corrijam as pressões especulativas, já provocou graves crises em
algumas regiões e países de desenvolvimento médio.
PGA
Peoples Global Action - Acção Global dos Povos contra o Livre
Comércio e a Organização Mundial do Comércio. Coordena e
comunica com activistas contra a globalização.
www.agp.org
SPGLOBAL.
ONG GLOBALIZACIÓN SOCIAL Y POLÍTICA. GLOBALIZAR LOS
DERECHOS HUMANOS - Propõe suspender a globalização económica
até que se cumpram no mundo todos os direitos humanos de forma
efectiva.
www.spglobal.org
Greenpeace International
www.greenpeace.org
Public Citizen
Organização Nacional não lucrativa de interesse público (Nova Iorque).
www.citizen.org
Corporate Watch
http://www.corpwatch.org
URFIG
Unité de Recherche, de Formation et d'lnfor-mation sur Ia Globalisation.
www.urfig.org
Le Monde Diplomatique
Jornal francês de grande renome mundial,
crítico frequente da globalização.
www.monde-diplomatique.fr
ATTAC
Asociación por una Tasa sobre Ias Transacciones especulativas para
Ayuda a los Ciudadanos.
http://www.attac.org/portugal/documentos/paris.htm
São distintos e inconciliáveis os alinhamentos, por exemplo, de um Financial Times e The Economist,
favoráveis ao comércio livre mundial, aos G7 ou G8, quando comparados com Le Monde Diplomatique, mais
favorável a uma Europa dos cidadãos e das políticas comuns e crítico para com uma Europa como zona de
livre troca, simples segmento do mercado mundial.
Dois credos distintos, antagónicos e inconciliáveis, em aberto confronto e beligerância: o credo dos capitalistas
e da globalização hegemónica, por um lado, e um credo dos defensores da cidadania, dos direitos humanos,
da antiglobalização económica.
Credo da globalização
"Creio no Capital, que governa a matéria e o espírito. Creio no Juro, seu filho legítimo, e no Crédito, o Espírito
Santo, que procede dele e é adorado conjuntamente.
Creio no Ouro e na Prata, os quais, torturados na Casa da Moeda, fundidos no crisol e
cunhados no torquel, reaparecem no mundo como Moeda legal, mas que por serem
demasiado pesados, depois de terem circulado por toda a Terra, desceram às caves do
Banco para ressuscitar em forma de Papel-
Moeda.
Creio no Rendimento a cinco por cento,
também a quatro e a três, e na Cotação
autêntica dos valores.
Creio no Grande Livro da Dívida Pública, que
põe o Capital a coberto dos perigos do
comércio, da indústria e da usura. Creio na Propriedade Privada, fruto
do trabalho de outros, e na sua duração até ao fim dos séculos.
Creio na necessidade da Miséria, provedora de assalariados e mãe do
excesso de trabalho.
Creio na eternidade do Salário, que livra o trabalhador das inquietações da propriedade.
Creio no Prolongamento da jornada de trabalho e na Redução dos salários, como também na Falsificação dos
produtos. Creio no dogma sagrado Comprar barato e vender caro, e também creio nos princípios eternos da
nossa santíssima igreja, a Economia Política oficial. Ámen."
P. La Fargue, El Derecho a Ia Pereza, Ed. Fundamentos
Anthony Giddens, director da London School of Economics and Political Science, Manuel Castells, professor
da Universidade de Califórnia-Berkeley, Ignacio Ramonet, director de Le Monde Diplomatique, são alguns dos
teóricos que têm prestado o melhor das suas reflexões aos desafios da globalização. São deles os textos que a
seguir se propõem para uma análise fundamentada da globalização.
''A globalização é a palavra-chave da transformação estrutural que está a sofrer o nosso mundo. A
sofrer é o termo adequado, reconhecendo muito embora o extraordinário desenvolvimento
tecnológico e económico que estamos a viver nas sociedades desenvolvidas,
porque o processo de mudança se apresenta para a maioria das pessoas
como alheio, incontrolável e inevitável. Daí que tenham surgido fortes
reacções defensivas e movimentos críticos contra o processo de
globalização. E uma dessas críticas refere-se
ao desenvolvimento unidimensional da
globalização à volta de interesses económicos capitalistas. Mas, na
realidade, a transformação que estamos a viver é multidimensional. E
com a globalização da tecnologia e da economia coloca-se com força
crescente a globalização da política e da cultura. A partir de cima,
mediante a conexão entre os estados e a expansão planetária dos
meios de comunicação. A partir de baixo, mediante a emergência de
vozes críticas e movimentos sociais, que reclamam o controlo social da
globalização económica, assim corno a globalização dos direitos
humanos e exigem a afirmação política do seu respeito universal. (...) Para além da globalização em
sentido estrito, assistimos também à globalização da ciência, da tecnologia e da informação; a
globalização da comunicação, tanto nos meios de comunicação de massa e multimedia, como nas
novas formas de comunicação através da Internet; e, numa dimensão mais sinistra, a globalização
do crime organizado rende a penetrar nas instituições governamentais em numerosos países, com
efeitos perversos consideráveis sobre a soberania e a legitimidade políticas."
"Nos debates que irromperam nestes anos mais recentes, o conceito de globalização tem sido
definido em termos contraditórios por diversos pensadores. Há quem renegue totalmente o conceito.
Anthony Giddens, O Mundo na Era da Globalização, Lisboa, Ed. Presença, 2001, pp. 20-21